Entrevista a Henrique Pina

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shortcutz Henrique Pina é um jovem cineasta que começa a dar cartas e que tem no currículo algumas curtas-metragens. Uma delas é O Mundo Cai aos Bocados (e ainda assim as pessoas apaixonam-se), que venceu o prémio de Melhor Filme na categoria de Ficção Nacional no Porto7 - Festival Internacional de Curtas-metragens do Porto. A Metropolis conversou com o realizador sobre sua carreira e o seu encantamento pelo Cinema.

entrevista Tatiana Henriques

Como surgiu a sua paixão pelo Cinema? Desde muito novo que adoro uma boa história, quer seja num livro ou num filme. Comecei cedo a ler os policiais da Agatha Christie e isso inspirava-me para criar as minhas próprias narrativas. Quando tinha 13 anos ofereceram-me a minha primeira câmara de filmar e, desde esse dia, passou a ser uma presença constante na minha vida. A necessidade de contar histórias através desse meio veio sempre a crescer e isso levou-me a seguir esta área e a atirar-me para Londres, para tirar o curso de Cinema. Quais são as suas inspirações cinematográficas? Sei que ainda não defini completamente a minha identidade como realizador, o que vai moldando as minhas 148 metropolis Setembro 2014

Henrique Pina influências com o tempo e com a prática. Inicialmente, sentia uma forte inspiração nos filmes do Tim Burton, pelos universos bizarros e únicos dos seus filmes. Hoje já não me identifico tanto com esse estilo, porque me vejo mais a seguir uma linha realista. Filmes como Uma História Simples (David Lynch), Colisão (Paul Haggis), ou a série Sete Palmos de Terra, com personagens e narrativas cativantes, são, neste momento, a minha maior inspiração. A sua mais recente curta-metragem, O Mundo Cai aos Bocados (e ainda assim

as pessoas apaixonam-se), venceu o prémio de Melhor Filme na categoria de Ficção Nacional no Porto7 - Festival Internacional de Curtas-metragens do Porto. De que trata a obra e como foi receber esta premiação? Esta foi uma curta escrita pelo Francisco Baptista e que produzimos em conjunto, o que já tinha acontecido antes com o Tejo (2011) e Transeunte (2011). O filme tem como protagonistas o Albano Jerónimo e a Joana Sonaldo, que interpretam duas personagens que se querem distanciar do mundo do crime organizado


minado o filme num período mais curto, mas aí estaríamos provavelmente a comprometer a qualidade e os objectivos que tínhamos em mente. Como vê o cinema português actualmente?

ao qual pertencem. O resto do elenco é completado pelo José Wallenstein, António Victorino d’Almeida, David Almeida e Miguel Borges, que são actores fantásticos e que queríamos especificamente para os papéis que interpretam, mas por trás das câmaras também houve uma equipa incrível com quem foi um luxo trabalhar. Este prémio é um reconhecimento pelo esforço de um conjunto de profissionais que foram extremamente dedicados e um incentivo para continuarmos a fazer aquilo que gostamos. Que principais desafios enfrentou na realização desta obra?

Eu e o Francisco tínhamos ideias claramente definidas para este filme. Uma dessas ideias era o grupo de pessoas com quem queríamos trabalhar, desde a nossa chefe de guarda-roupa aos actores. O maior desafio de todos foi, sem dúvida, organizar o período de filmagens de forma a ser compatível com a disponibilidade de toda a gente. Devido a isso, o tempo de produção estendeu-se ao longo de um ano e meio, começando em 2011 e terminando em 2013. Foi preciso acreditarmos bastante neste projecto, manter a equipa do nosso lado e nunca perder o norte. Poderíamos ter ter-

O Cinema em Portugal tem uma enorme qualidade e isso reflecte-se nas distinções que os nossos realizadores recebem lá fora. No entanto, penso que há um longo caminho a percorrer no sentido de aproximar o público português daquilo que produzimos cá dentro e isso tem que partir dos próprios produtores e realizadores. Não havendo uma separação tão grande entre a produção nacional e o consumidor é uma forma de trazer mais público às salas e, assim, o cinema tem mais facilidades em proliferar. Essa separação tem vindo a diminuir - não acredito que esteja iminente um ponto de viragem, mas acredito que será uma mudança progressiva que já começou e que continuará ao longo dos próximos anos. Quais são os seus próximos projectos? Estou agora a desenvolver o conceito para uma série de televisão de comédia. Além disso, tenho a minha primeira longa-metragem em fase embrionária e gostava muito de estar a lançá-la no espaço de dois anos. Setembro 2014 metropolis 149


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