festivais “E se a música pudesse ser vista?” A resposta a esta pergunta pode ser encontrada no MUVI Lisboa – Festival Internacional de Música no Cinema, que teve este ano a sua primeira edição. De 3 a 7 de Setembro, no Cinema São Jorge, a música e o cinema uniu-se num certame inovador em Portugal. A METROPOLIS conversou com Filipa Marta, uma das responsáveis pelo MUVI, que nos contou todos os pormenores. entrevista Tatiana Henriques
muvi lisboa
Em que consiste o MUVI? O MUVI Lisboa – Festival Internacional de Música no Cinema, como o próprio nome indica, é um festival de cinema sobre música que vai ocupar o Cinema São Jorge durante cinco dias, onde serão exibidos filmes biográficos, documentários e vídeos musicais, quer em competição (Odisseias Musicais, Sonetos Cantados e Canções Com Gente Dentro) ou em não-competição (Acordes Históricos). Paralelamente, teremos também Sessões Especiais com vídeos de canais de entretenimento como o Canal 180, Videoteca da Bodyspace Fuel TV Portugal, entre outros; uma Premiere Musical dos Tochapestana; exibição de curtas-metragens de Festivais de Música; Showcases, onde os artistas trazem 142 metropolis Setembro 2014
os seus vídeos musicais, dão um mini-concerto e conversam com o público como Noiserv, First Breath After Coma, NBC e PZ, e DJ set’s carregados de boa música. Como surgiu esta ideia? A ideia surgiu com o Filipe Mateus Pedro, membro da FWD Coop Crl, uma cooperativa cultural responsável pela organização do MUVI Lisboa, que a trouxe para ser cozi-
nhada no seio da FWD Coop. Basicamente, somos seis pessoas movidas pela cultura e pela música e sentimos que um festival dentro destes moldes fazia falta a Portugal. “Lá fora” já se faz e lançámos a pergunta para o ar: “e porque não fazê-lo por cá?”. Arriscámos em envolver a EGEAC e em Maio deste ano recebemos a luz verde para avançar. Sem muito tempo, arregaçámos literalmente as mangas e
importante mas, neste caso, ficou para segundo plano porque o vídeo musical tinha que ser mesmo bom. Assim, alguns vídeos musicais de artistas podem ter sido excluídos, talvez até de artistas mais conhecidos a nível nacional e internacional do que os que serão apresentados no MUVI Lisboa. Foi procurado apoio financeiro para o Festival através de crowdfunding. Como correu este processo e porquê recorrer a este tipo de apoios?
cá estamos, muito contentes com o resultado. Quais foram os destaques para esta 1.ª edição? Orgulhosamente podemos dizer que cerca de 90% dos filmes são estreias em Portugal. Para quem gosta de hip-hop e electrónica, o «Our Vinyl Weighs a Ton (This Is Stones Throw Records)» e o «Leave The World Behind» são duas longas-metragens a não perder, uma conta com Kanye West, A-Trak, Snoop Dog e a outra com os DJs Swedish House Mafia. Se são amantes dos The Beatles então não podem deixar escapar o «Good Ol’ Freda», sobre a secretária que esteve ao seu serviço durante 11 anos. O «The Winding Stream» com Johnny Cash e as irmãs Carter, é um
documentário que mostra as raízes do folk e do country. «Que Caramba Es La Vida» é um delicioso documentário sobre as mulheres “mariachi”, mundo muito masculino no México. «Deep City», para quem gosta do funk e do soul, história da label de Los Angeles ou «No Room For Rockstars», que mostra a cruel vida de jovens que querem ser do rock, jovens na estrada em busca do sucesso. Quais foram os critérios para a escolha dos vídeos musicais seleccionados? Os vídeos musicais foram escolhidos de acordo com a técnica de gravação, captação de som, montagem, argumento, fotografia, etc. A música, sem dúvida, que teve um papel
Este tipo de apoios tem vindo a impulsionar muitas actividades culturais e cada vez são mais bem vistos pelo público em geral. A premissa é seres tu mesmo a apoiar algo que gostas e acreditas, sendo que no estrangeiro já muitos projectos ganham vida assim. No nosso caso acabou por ser o nosso único apoio financeiro e, por isso, só podemos agradecer aos envolvidos. Nós batemos às portas das marcas mas o tempo não esteve do nosso lado. Por isso avançámos por nós e estamos na expectativa para os cinco dias que aí vêm. O programa foi bem suado e o melhor que conseguimos fazer com as ferramentas que tivemos, agora é esperar para ver. A outra forma de apoio é virem receber estes pedaços de cultura musical ao Cinema São Jorge de 3 a 7 de Setembro e contarmos convosco. Podemos?
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De que forma é que pensa que a música pode influenciar a concepção geral de um filme? Pessoalmente acho que nos faz relacionar tudo de um filme e daí ser crucial enquanto banda sonora porque rapidamente identificamos momentos, personagens, sentimentos, etc. Neste caso, o festival roda à volta do conceito “e se a música pudesse ser vista?” e, por isso, trouxemos a palco filmes biográficos sobre músicos que influenciaram gerações, documentários sobre o papel da música em termos culturais, histórias verídicas e vídeos musicais que servem de promoção à própria música.
sabe de olhos fechados a banda sonora para o filme «Amélie» [«O Fabuloso Destino de Amélie», 2001] feita pelo Yann Tiersen ou do filme «Into the Wild» [«O Lado Selvagem», 2007] com as composições de Eddie Vedder dos Pearl Jam. E agora coloco eu a questão, e se houvesse um documentário biográfico sobre o próprio Yann Tiersen que nos mostrasse intrinsecamente como foi a sua carreira, os seus altos e baixos, segredos e coisas inéditas, ou do próprio Eddie Vedder? Eu, como fã de música e alguém que quer saber mais sobre estas pessoas extraordinárias, compraria sem dúvida o bilhete. Por isso, temos o MUVI Lisboa e esta é apenas a primeira edição.
Poderia dar-nos alguns exemplos de bandas sonoras que, para si, são inesquecíveis? Hum, acho que toda a gente Setembro 2014 metropolis 145