Entrevista a Pedro Saavedra (Revista Gerador)

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em foco

A revista Gerador é diferente de tudo o que pode encontrar nas bancas. Numa ode à cultura portuguesa, são muitos os temas retratados, contando com reportagens, artigos de opinião e outro tipo de textos. A METROPOLIS falou com Pedro Saavedra, editor da nova publicação, sobre o que é a Gerador.

tatiana henriques

O que é a revista Gerador? É uma revista trimestral sobre e para a cultura portuguesa, que pode ser encontrada por todo o país, nas principais tabacarias, papelarias e, até, em lojas de museus. A revista funciona como um almanaque coleccionável e é um híbrido entre artigos de opinião, reportagens, agenda e obras inéditas de autores portugueses. Como surgiu a ideia para criar esta revista? Surgiu da vontade de promover os autores da nossa cultura, através de um racional de identidade que demon166 metropolis OUTUBRO 2014

strasse o que está a acontecer. Nós somos uma associação cultural e queremos encontrar formas de mostrar o que se faz por esse país fora. Nisso, para nós, um oleiro, um músico, uma modista ou um performer experimental são todos autores de cultura. A revista surge da ideia de, em vez de ter um público-alvo, ter um tema alvo: a cultura feita em Portugal e para os portugueses, de todas as idades e localidades. Ao folhearmos a revista, notamos a grande importância dedicada ao design. É também por essa edição que em cada edição será convi-

dado um designer diferente para desenhar toda a revista? Porquê esta escolha? Sim. Queremos que a revista, ela própria, seja uma obra autoral. A revista não é só um objecto onde se reúnem obras artísticas, mas também uma obra para acarinhar e guardar. Se fosse uma peça de teatro teria um encenador diferente a cada número, como é uma revista, tem um designer diferente. Todas as formas de produzir autores são bem-vindas, na revista fomos apenas coerentes com isso. A primeira edição foi lançada em Julho. Como


tem sido o feedback do público em relação à revista? Demasiado bom, diria, não estávamos à espera de sermos tão bem recebidos, em tão pouco tempo. O que recebemos ao amor que lá colocámos tem sido amor de volta. Agora sentimos a responsabilidade que se sente após um one night stand que correu bem. Será que o segundo date será uma confirmação? Será que podemos

ambicionar uma relação mais duradoura? Veremos. O primeiro número foi sobre declarações de amor. Sobre o que será a próxima edição? Sobre os números dois. Achamos que os números um estão sobrevalorizados e que temos de aprender a valorizar o esforço. Não é por uma equipa ficar duas vezes em segundo lugar que deve deixar de ser a nossa equipa. Vamos ter uma reportagem espectacular sobre a estrada

nacional 2, uma bd inédita sobre as medalhas de prata e até dois monstros do teatro português, Eugénia Vasques e Filipe La Féria, a conversarem sobre o que aí vem. Tudo como elogio aos vários números dois, porque ser segundo não é ser o primeiro dos últimos! A Gerador é publicada em papel, mas qual será a sua ligação com o online? Neste momento, a ligação aos nossos fãs e leitores na

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nossa página Facebook tem sido ideal. Até temos conteúdos publicados na dois que vieram de provocações online e vice-versa. Quem quiser acompanhar tudo o que está a acontecer é só aparecer por lá e mostrar que tem grandes ideias, nós prometemos ser fofinhos nas respostas (ou não, logo se vê). Sobre a segunda intenção da pergunta, respondo assim: O papel tem possibilidades que o online não tem, e estamos mesmo muito felizes por receber postais destacados da revista e escritos à mão, um mail não seria igual ;-) Qual será o espaço que a revista irá dedicar ao Cinema Português? Desde a um e até à 9.999 ire168 metropolis OUTUBRO 2014

mos ter sempre artigos sobre cinema português, feito em Portugal, ou sobre Portugal. Temos um grupo de colaboradores bem atentos ao que se está a passar e bem sintonizados com o tom gerador, porque em Castro Laboreiro ninguém é obrigado a conhecer de cor os nomes do cinema nacional. O que tem a Gerador de único, que o leitor não encontrará em nenhum outro sítio? O plano e a acção de juntar autores desconhecidos a autores reconhecidos em todas as áreas que nos identificam a nós e ao nosso território do resto do universo. A integração de marcas portuguesas em dinâmicas culturais

propostas pela revista. Um design lindo e um tom de quem não se deve levar a sério também ajudam. Mas isso é como perguntar a um pai o que acha de um filho, ou será mãe?


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