Entrevista a Sonat Duyar

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entrevista

Sonat Duyar Pouco se sabe sobre a história da curta-metragem «Presa», mas é certo que conseguiu encantar Diogo Morgado (o actor português que recentemente alcançou a fama em Hollywood), a ponto de aceitar participar pro bono na nova produção da New Light Pictures. A METROPOLIS conversou com Sonat Duyar, argumentista e realizador desta curta-metragem, que nos falou um pouco mais sobre a obra. TATIANA HENRIQUES Como surgiu a ideia para esta curta-metragem? Foi parcialmente inspirada numa história que um amigo próximo me contou, já há muitos anos, sobre uma vivência de um tio dele. A história marcou-me tanto que nunca mais me esqueci dela. Recentemente, em reunião com o meu sócio [Patrício Faísca], decidimos que estava na altura 110 metropolis Agosto 2014

de fazermos uma nova curtametragem. Tínhamos alguns projectos na gaveta, mas eram todos demasiado complexos para se conseguir avançar rapidamente com eles, por isso, se queríamos fazer algo rapidamente, precisávamos de um conceito mais simples. Lembrei-me então desta história, que tinha um conceito muito forte, e alterando alguns pormenores e acrescentando-lhe alguns ingredientes, transformei-a num guião. Passados 2 meses, estávamos a filmá-lo.

De que se trata a «Presa»? A razão para ainda não ter dado muitas luzes sobre o tema do filme é porque grande parte da força deste guião vem da forma como a história está contada. A história em si já é forte, mas a maneira como nos é revelada é realmente o que a torna mais interessante. De facto, o espectador não vai perceber o que se está a passar até ao final, altura em que tudo vai encaixar e fazer sentido. Posto isto, posso adiantar


que o filme retrata uma realidade que existe na nossa sociedade, ainda que, para a maior parte de nós, aconteça longe da vista. Embora este não seja o primeiro filme a retratar esta realidade, fá-lo de um ângulo bastante diferente do usual. Como foi trabalhar com Diogo Morgado? É verdade que o actor aceitou participar pro bono na obra? O Diogo aceitou participar pro bono por ter gostado muito do guião e por acreditar, com base no nosso trabalho passado, que eu e a minha equipa o conseguiríamos transformar numa excelente curta. Foi, sem dúvida, um gesto muito generoso da parte dele, e uma forma de apoiar o cinema independente e a jovem equipa da New Light Pictures, que embora já tenha feito muita coisa, incluindo a muito mediática curta «Comando» [2010], continua a ter dificuldade em fazer o seu trabalho chegar às massas, por trabalhar sempre com orçamentos muito reduzidos e sem qualquer orçamento para marketing e promoção. Para além de ser uma pessoa extremamente acessível e super simpática, o Diogo foi, sem dúvida, um excelente actor. Mas, mais importante do que tudo o resto, foi o contributo que trouxe à minha visão do argumento. Tendo sido eu a escrever e a realizar, fez-me bem ter alguém exterior que não teve qualquer problema em questionar todas as minhas ideias, forçar-me a defendê-las, e sugerir modificações quando as minhas respostas não foram satisfatórias. Tudo isto em prol do melhor filme possível. É excelente trabalhar com pessoas que têm a sua lealdade alinhada, acima de tudo, com os melhores

interesses do projecto. Quando é que se prevê que o filme esteja pronto? Pretende-se que a obra concorra a festivais nacionais e internacionais? O filme deverá estar pronto ainda este ano e concorrerá a um grande número de festivais nacionais e internacionais. Para além disso, vamos certamente organizar uma ante-estreia no Algarve, porque queremos que a equipa e a comunidade que nos apoiou tenha a oportunidade de vê-lo em primeira mão. Quais são os seus próximos projectos? Estamos a pensar filmar uma nova curta-metragem ainda em Novembro deste ano, que se chamará «O Beco», mas isso ainda dependerá de alguns factores que não estão confirmados, como a disponibilidade dos actores, a existência de financiamento, e a carga de trabalho comercial que a nossa produtora, a New Light Pictures, tenha na altura. Em 2015, gostava muito de avançar com a minha primeira longa-metragem, da qual já tenho um rascunho escrito que entusiasmou toda a gente a quem o mostrei. Ainda este ano, vamos lançar a curta «Payload», que nos foi encomendada pelo actor inglês Theo Handen e que conta também com a participação dos actores portugueses Diogo Amaral e Vera Kolodzig. «Payload» foi filmado no final de 2013 em grande parte no hotel Conrad Algarve e é um filme muito ao género dos filmes do James Bond. Neste momento temos ainda a curta-metragem «Lost Haven», realizada pelo meu sócio Patrício Faísca, a fazer o circuito de festivais de cinema.

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