Especial - Maléfica

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!"#$%&"'" %$"'(#$")%&*+(,-%$ Os contos de fadas têm dois lados imutáveis: o Bem e o Mal. Mas será mesmo assim? “Maléfica”, o novo filme da Disney protagonizado pela magnetizante Angelina Jolie, mostra, justamente, a origem do lado negro da vilã da Bela Adormecida. Antes de conhecer a escuridão, era a bondade que reinava na sua alma, mas algo fê-la mudar por completo. Neste especial revelamos a génese de “Maléfica” e o que faz deste filme tão diferente das habituais histórias Disney.

Tatiana Henriques

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aléfica (Angelina Jolie) é uma jovem inocente e de coração puro que tem uma vida idílica e pacífica numa floresta tranquila do reino. Todavia, um dia, o local é invadido por um exército, o que a leva a fazer de tudo para proteger as suas terras, acabando por sofrer uma traição

que alterará para sempre a sua forma de ver a vida. Ela jura vingança e conjura uma maldição contra a filha recém-nascida do rei invasor, a Princesa Aurora (interpretada por Elle Fanning). A menina vai crescendo e logo Maléfica percebe que Aurora até pode ser a solução inesperada para a paz no seu reino, bem como para a sua própria felicidade.

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obert Stromberg tem com “Maléfica” a sua estreia na realização, após ter vencido dois Óscares como director artístico por “Avatar” (2009) e “Alice no País das Maravilhas” (2010). E Angelina Jolie disse que “ter um realizador que vem do mundo da direcção artística a ajudou bastante a entrar neste mundo fantástico”. Sobre a protagonista, Stromberg é categórico: “Angelina Jolie é perfeita para o papel. É o casamento mais perfeito de actriz e personagem desde há algum tempo”. No filme que mostra o que fez a personagem escolher“o lado negro”, o cineasta revelou que “não queríamos reinventar a personagem”, mas “tentar criar outras camadas que não se pensava que existiam. Existem dois lados da história. Este filme mostra o outro lado. E uma vez tornando-se obscuro, é mais difícil ver outra vez a luz”, concluiu. Por seu lado, a actriz norte-americana diz que se trata de uma “reinvenção” do clássico, que revela muito mais do que a história do filme de animação. De qualquer forma, Jolie realça

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que “respeitámos o clássico. Tentámos trazer o que as pessoas gostam da história, mas também quisemos trazer um mundo que nunca foi visto antes. É uma história muito bonita e penso que bem diferente do que as pessoas esperam. O filme é belo, mas também tem algo de “sexy” e extremo porque a história conta o ponto de vista da vilã”. Assim sendo, o seu desafio não era perceber como é que se pode ter divertimento com um vilão, mas sobre “o que transforma as pessoas em seres maus, desprezíveis, agressivos e cruéis”. O objectivo passou, assim, por dissecar os motivos que a levaram a ser da forma como foi retratada na história da Disney, num argumento de Linda Woolverton, que a actriz considera que “leva a uma compreensão muito profunda”, no qual teve momentos em que se emocionou ao lê-lo, “o que foi verdadeiramente surpreendente”. Mas este trata-se de um filme da Disney, tendo sempre uma ambiência especial. Neste sentido, Angelina Jolie revelou que, “enquanto pais, é também maravilhoso


saber que podemos levar os filhos a um filme da Disney e sabemos que vai ser bom para eles, sabemos que não dirá nada de ofensivo, que terá bom coração, que será belíssimo… É uma coisa muito reconfortante. É como estar em casa, como estar em família, existem desde a nossa infância e agora podemos dar essa magia aos nossos filhos”. Não obstante, a actriz realça que “esperamos fazer um filme que tenha temas que sejam suficientemente sofisticados para os adultos, mas que as crianças assistam, que possam aprender e abraçar algo sobre ser um lutador, ser abusado, sobre o que é proteger – porque esse é outro lado dela. É sobre a luta que as pessoas têm com a sua própria humanidade, o que isso destrói e que nos pode fazer como que morrer por dentro”. Como curiosidades de “Maléfica”, uma das músicas da banda sonora é uma “cover” da música de “A Bela Adormecida” (1959) chamada “Once Upon a Dream”. A intérprete do tema é Lana Del Rey, escolhida pela própria Jolie, que também é produtora do filme. Além disso, para dar às fadas uma sensação adequada de leveza e agilidade, as três actrizes que as interpretam (Juno Temple, Lesley Manville e Imelda Staunton) passaram três semanas a treinar com os artistas do Cirque du Soleil, numa experiência que Manville considerou “simplesmente fantástica”.

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ngelina Jolie regressa ao grande ecrã após alguns anos de ausência – o seu último filme havia sido “O Turista” (2010), no qual dividiu as atenções com Johnny Depp. Na sua primeira produção na Disney, interpreta uma vilã, aliás, uma das carismáticas dos contos de fadas: Maléfica, a responsável por ter colocado a Princesa Aurora num longo sono. Na convenção da Disney, em Agosto do ano passado, a actriz confessou que a personagem era a sua preferida aquando da sua infância: “Tinha pavor dela, mas sentia-me muitíssimo atraída por ela. E queria saber mais sobre ela, como era, quem era…” A actriz considera que Maléfica tem “uma elegância e uma graciosidade. No entanto, era tão cruel, era maravilhosa e deliciosamente cruel”. Além disso, “Maléfica sempre foi tão elegante, sempre estava no controlo e foi difícil interpretá-la. Ela é maior do que eu” e “muito calma”, conta a actriz, que revelou ter adorado interpretar a personagem, mas teve uma particular dificuldade para encontrar a voz certa, pelo que precisou de trabalhar cuidadosamente este aspecto: “Ela é muito segura de si mesma, mas eu não conseguia encontrar a sua voz, por isso continuei a tentar diferentes tipos de vozes britânicas, tornando a minha mais sombria e assustadora”.

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ara criar o visual de Maléfica foram necessários vários testes até chegar ao impactante resultado final, pelas mãos do lendário artista Rick Baker. Angelina Jolie usou próteses nas bochechas, unhas que parecem garras, chifres e excêntricas lentes de contacto (desenhadas pela própria). “Foi divertido, porque batia nas coisas com os chifres [que] eram um pouco pesados, tinha que levar uns mais leves para a equitação, porque se caímos com algo tão pesado amarrado à cabeça podemos partir o pescoço. Havia chifres mais suaves para as lutas”, esclarece. A responsável pelo guardaroupa, Anna B. Sheppard, revelou, que na cena do baptismo, “Maléfica parece exactamente como todos esperam que ela seja. Esta é a Maléfica da versão animada, mas mais bela”. Não obstante, um dos objectivos da equipa de caracterização era criar uma figura ‘sexy’ e que não se parecesse com uma criatura, pelo que a pele esverdeada da personagem no filme de animação não foi adoptada na obra. De qualquer forma, Angelina Jolie insistiu com a equipa de caracterização para que se mantivesse o visual assustador que a personagem tinha no filme de animação. Já completamente caracterizada, Angelina Jolie fica com um visual completamente diferente e contou uma história inusitada sobre o assunto na convenção da Disney: “Quando as pessoas com filhos pequenos visitavam o décor, e eu pensava “sou uma personagem da Disney” e ia ter com as crianças, dizia-lhes “Olá!”, elas gritavam e fugiam apavoradas… Uma miúda chegou a dizer: ‘Mamã, por favor, diz à bruxa má para parar de falar comigo’”.

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aléfica conta com uma participação muito especial: Vivienne Jolie-Pitt, filha de Angelina Jolie e Brad Pitt. A actriz já confessou que o casal não pretende que os filhos sigam a carreira de representação e que a participação de Vivienne acabou por ser uma necessidade, tendo, assim, uma estreia no Cinema ainda mais precoce do que a da mãe, que fez o primeiro filme, “Aventura em Las Vegas” (1982), aos 7 anos. A menina, que tinha 4 aquando das gravações, interpreta a Princesa Aurora em criança, e era a única que não tinha medo da caracterização de Jolie. Todas as outras crianças tinham medo dos chifres, garras e olhos estranhos. Aliás, este era o aspecto que mais as assustava, segundo a actriz, além dos dentes pontiagudos. Pax e Zahara, também filhos do casal, participaram como figurantes. Sobre isso, a actriz diz que “tinha que passar por eles e ser má, mas é claro que queria parar e piscar-lhes o olho”.

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lle Fanning ĂŠ uma jovem actriz norte-americana de 16 anos (e irmĂŁ mais nova de Dakota Fanning), que participou em “O Estranho Caso de Benjamin Buttonâ€? (2008) e “Super 8â€? (2011), entre outras produçþes. Agora tem a oportunidade de ser uma princesa da Disney, o que acha “fantĂĄsticoâ€?: “Sempre que via o filme de animação original, nĂŁo me sentia super assustada com a MalĂŠfica, mas ficava sempre algo intrigada com elaâ€?. Em relação a Angelina Jolie, sĂŁo muitos os elogios: “ela ĂŠ tĂŁo intensaâ€? e â€œĂŠ incrĂ­vel, tĂŁo elegante, simplesmente fantĂĄsticaâ€?. A reciprocidade ĂŠ visĂ­vel: Elle â€œĂŠ mĂĄgica, nĂŁo conseguimos tirar os olhos dela no ecrĂŁâ€?, “ela ĂŠ cheia de amor, felicidade, crença e doçura e, quando eu tinha a idade dela, era o completo opostoâ€?. “EntĂŁo, ĂŠ uma espĂŠcie de combinação perfeita. É algo interessante no filme, a luta para lidar com esta luz e amor que ela ĂŠ, porque a Aurora ĂŠ tĂŁo forte na sua luz, que ĂŠ uma coisa difĂ­cil de combater. Adoro-aâ€?, concluiu.

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história da Princesa Aurora é uma das mais conhecidas no que toca a contos de fadas e já foi retratada algumas vezes no Cinema e na Televisão. Vejamos alguns exemplos:

A história da Bela Adormecida ganhou relevo aquando do seu retrato cinematográfico em 1959, num filme de animação realizado por Clyde Geronimi. O argumento foi adaptado a partir do conto “La Belle au bois dormant”, escrito pelo francês Charles Perrault, que se inspirou no conto “Little Briar Rose”, dos irmãos Grimm. “A Bela Adormecida” foi o último filme da Disney pintado à mão, demorando vários anos para o processo estar concluído. A obra teve também direito a

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uma nomeação para um Óscar, na categoria de Melhor Banda Sonora.

• “La Belle Endormie” é um filme francês de 2010

realizado por Catherine Breillat, no qual uma jovem princesa se torna no alvo de disputa de bruxas que tentam encontrar o antídoto adequado para uma sentença de morte imposta por uma perversa irmã.

• Aurora foi interpretada por Sarah Bolger na série

televisiva “Era Uma Vez”, tendo aparecido na segunda temporada. A personagem é encontrada num palácio deserto, com indumentárias que têm traços do Médio Oriente.


• Em “Beleza Oculta” (2011), assinado por Julia Leigh

e protagonizado por Emily Browning, a história não é bem um conto de fadas… O enredo é sobre uma jovem universitária que entra em contacto com uma estranha agência que a contrata para um trabalho chamado “beleza adormecida”, no qual ela adormece e os homens fazem o que quiserem com ela. Contudo, no dia seguinte, ela acorda e é como se nada tivesse acontecido.

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