O futuro ao alc do sonho tomorrowland - terra do amanhĂŁ
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A Disney aposta todas as suas fichas em «Tomorrowland: Terra do Amanhã», um filme de grande escala, efeitos especiais de cortar a respiração e uma narrativa totalmente original. A obra conta no elenco com alguns atores já renomados, como George Clooney ou Hugh Laurie, e outros (quase) desconhecidos, tal como
Britt Robertson e Raffey Cassidy, todos ao comando do oscarizado realizador Brad Bird. Fique a conhecer neste especial o mundo de Tomorrowland, numa viagem cinematográfica que promete muitas aventuras tridimensionais. tatiana henriques julho 2015 metropolis 97
A história Casey (Britt Robertson) é uma adolescente otimista, brilhante e muito curiosa, sobretudo quando se trata de Ciência. O seu caminho vai cruzar-se com o de Frank (George Clooney), um inventor amargurado que outrora foi também ele um profundo otimista e sonhador. Quando tinha 11 anos, Frank levou uma invenção de sua autoria à World’s Fair de 1964, mas foi impedido de progredir por Nix (Hugh Laurie), que o impeliu a regressar só quando tivesse invenções que efetivamente funcionassem. Agora juntos, Casey e Frank embarcam numa missão para tentar descobrir os segredos de Tomorrowland, um misterioso e utópico lugar. Pelo meio, tentarão mudar o futuro do mundo e, quem sabe, eles próprios.
A génese de «Tomorrowland: Terra do Amanhã» Corria o ano de 1955 quando o visionário e sonhador Walt Disney criou Tomorrowland, uma secção da Disneyland, numa época em que a América afigurava um futuro otimista. Todavia, ao longo dos anos, esta visão foi-se alterando e tornando-se bem menos luminosa, notando-se
sobretudo a partir da década de 1970. Foi justamente esta mudança que inspirou o argumentista e produtor Damon Lindedof, que “queria muito recriar o otimismo que existia anteriormente”. génese deste filme começa com uma descoberta acidental num armário na Disney Studios. O achado é uma caixa mistério que contém vários tipos de modelos e plantas, fotografias e cartas relacionadas com o início da secção Tomorrowland e com a Feira Mundial de 1964. Lindelof conta como esta descoberta o fascinou: “Comecei a imaginar que no conteúdo da caixa havia um guia para uma história secreta que ninguém sabia. Mas se assim for, como seria essa história? E a resposta mais óbvia foi realmente haver um lugar chamado Tomorrowland, que
BRITT ROBERTSON INTERPRETA CASEY NEWTON NO NOVO FILME DA DISNEY “TOMORROWLAND: TERRA DO AMANHÔ Q: O que a entusiasmou no guião? A:Quando ouvi falar deste projeto pela primeira vez, o guião estava trancado a sete chaves; ninguém o tinha lido. Mais ou menos uns seis meses depois de fazer parte do processo de audição, estava finalmente apta para ler o guião, o que foi bom, pois tinha feito audições em cenas completamente fora do contexto. Não fazia a mínima ideia do significado e do âmbito da história. Quando li o guião, fiquei chocada com o fato de ser tão diferente de qualquer outro que já tinha lido, por não ser baseado num livro”, diz 98 metropolis julho 2015
Brit. “Descobriram uma forma única de contar a história na qual as pessoas têm uma ligação, mas nem percebem bem de onde vem e a história liga as pessoas a Tomorrowland de uma forma muito bonita. Tem de tudo. Existem amizades e drama familiar e tudo isso encaixa na perfeição. Não se vêem materiais exclusivos muitas vezes, logo é muito bom fazer parte deste super projeto. Q: Quem é que interpreta? A:Casey é uma rapariga muito
inteligente, tecnológica, que obteve muito do seu conhecimento através da experiência do seu pai na NASA. Trabalhou para a NASA durante toda a sua vida e o espaço tornouse também na sua paixão. É isso que os une. Casey sempre desejou fazer parte da NASA, mas agora não parece ser um lugar para si pois todo o sistema NASA está a tornar-se obsoleto. Mas nunca desiste. Está destinada a grandes feitos e a mudar o mundo. Quer que o mundo seja um lugar cheio de esperança e inspiração.
Q: Quando é que Casey conhece Tomorrowland? A: Casey vai parar por pouco tempo à cadeia por invasão. Quando é libertada sob fiança, recebe os seus pertences e descobre algo que não é dela. Um pin da Feira Mundial de 1964, que tem um ‘T’. Não tem a certeza do que é ou de onde veio, mas quando o agarra é aparentemente transportada para outro mundo. Q: O que é que ela vê? A: Casey tem um vislumbre julho 2015 metropolis 99
não era um parque temático, mas que existia algures no mundo real”. Não obstante, há que clarificar algo: apesar de o nome do filme ser Tomorrowland, a narrativa não tem por base essa mesma secção da Disneyland, mas há várias referências e elementos que aludem ao parque temático. “Não fomos inspirados pelo parque mas pela ideia de parque. Walt Disney criou Tomorrowland como a única parte do parque que está continuamente desatualizada, porque o futuro está sempre a mudar. Mas em vez de ver isso como um fardo, ele viu como uma coisa entusiasmante e divertida”, explica o realizador Brad Bird. As filmagens passaram por
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vários locais no mundo, como: Canadá, Bahamas, Paris e Valência. E, como não poderia deixar de ser, houve ainda direito a um pequeno passeio na atração “It’s a small world”, no Parque Disneyland, em Anaheim, Califórnia.
visão. Ela vê uma coisa, mas não sabe se é real ou não e vai atrás de alguém que pode ajudá-la”.
Tomorrowland é um lugar muito especial e único. Para Damon Lindelof, trata-se de “uma secreta sociedade de génios numa bela e reluzente metrópole”. George Clooney acrescenta que é “um lugar no qual as ideias sobre a ciência e a exploração podem desenvolver-se para tornar o mundo melhor”. Ainda na opinião de Lindelof, este é “um filme de descoberta, tal como «Encontros Imediatos do 3º Grau» (1977)”: “Ao segurar o alfinete, a Casey tem uma
O otimismo e o seu poder inerente é um dos temas mais abordados ao longo do filme, tendo sido, aliás, algo que muito cativou o protagonista: “Adorei o quanto a história é otimista. Adorei a ideia de que o filme olha para o mundo e diz ‘O futuro não é o que vês quando ligas a televisão e quando ficas deprimido e angustiado com isso’. As coisas não precisam de acabar assim”, salientou George Clooney. O ator também contou, em entrevista, o quanto tam-
Palavra de ordem: otimismo
(cont. Q&A) bém é otimista: “Cresci durante o período da Guerra Fria e, embora pensássemos sempre que o mundo iria acabar num holocausto nuclear, todos eram bastante esperançosos. Cresci numa época em que a voz e o poder de um indivíduo realmente parecia que importava. Obviamente que tínhamos os motins que são reminiscentes das coisas que assistimos agora, mas também tínhamos o Movimento dos Direitos Civis, o Vietname, os movimentos pelos direitos das mulheres e tudo aquilo que fazia com que sentisses que realmente fazia parte da mudança. Portanto, nunca senti um grande desapontamento em relação à humanidade. Sempre senti que acabaria por correr tudo bem e continuo a sentir o mesmo”. “O que adorei neste filme foi o facto de relembrar que os jovens não começam as suas vidas a serem cínicos, zangados ou fanáticos. Alguém te ensina isso. Olho agora para o mundo e penso ‘Bem, vejo bons sinais dos mais jovens’ e sinto que realmente o mundo será melhor”, acrescentou. Ainda sobre a temática do futuro, Brad Bird revela o que pensa sobre o assunto: “É largamente aceite que o futuro será terrível. Mais algumas centenas de anos e talvez tudo acabará. E, se mostrares, de alguma forma, um futuro otimista, as pessoas vão olhar para ti como se fosses ingénuo e estúpido. A nossa questão era: ‘O que aconteceu com aquele futuro? Por que mudou? Porque é que as pessoas aceitam este vil futuro?”
de Tomorrowland. Vai parar a um campo de trigo e quando se vira existe uma cidade futurista no fundo. Quando larga o pin volta a estar na esquadra da polícia, mas sempre que lhe toca acontece a mesma coisa. Acaba por ir para Tomorrowland e descobre as novas tecnologias que lá existem. Consegue ver tudo; pode tocar-lhes, mas é quase como se não estivesse lá, porque assim que larga o pin tudo desaparece. Casey fica surpreendida com toda a experiência e não sabe o que fazer com a mesma até ao fim do filme.”
atores também e por isso vêse estes atores a experienciarem coisas únicas e reais. Q: Quem é Athena? A: Athena, interpretada por Raffey Cassidy, é uma menina que tem a missão de manter Casey segura a fim de a levar para Tomorrowland. Precisa que Casey chegue a Tomorrowland e também precisa de arranjar outro parceiro pelo caminho com o objetivo de salvar o mundo, o que é uma grande ambição.
Q: Como foi filmar nos campos de trigo?
Q: Athena leva Casey a ver o quê e como é que chega à casa?
A: A minha primeira semana de filmagens foi nos campos de trigo. A produção plantou muitos hectares de trigo nas terras dos habitantes. Deixaram-nos usar as suas terras e pagámos-lhes para terem o trigo a crescer para nós. Tínhamos de ter a certeza de que não iam estragar trigo nenhum, porque queríamos que tivesse um aspeto preenchido e bonito durante o máximo de tempo possível, e por isso fizemos pequenos trilhos nos campos. Estar envolta nisto foi tão bonito e tão diferente de qualquer outra experiência que já tenha tido. Filmar ali nem precisou de representação, porque estava deslumbrada com aqueles campos de trigo. Foi uma experiência muito boa. Esta produção foi muito inteligente ao criar experiências para o público, mas não só para o público, para os
A: O propósito inicial de Athena é levar Casey até Frank, o outro inventor que conheceu anos antes em Tomorrowland. O seu objetivo é apresentar Casey a Frank, irem os três para Tomorrowland e salvarem o mundo. Mas é um pouco mais difícil do que se esperava, porque Frank foi expulso de Tomorrowland por ter inventado algo que não devia e por isso não pode lá voltar. Atualmente é um bocado paranóico, com a mania da segurança e não tem ninguém na sua vida. Tornou-se mal-humorado e cansado, mas continua engraçado. Casey tem de convencê-lo a levá-la até Tomorrowland para que possam salvar o mundo. Nesta parte da história, Casey não sabe o porquê de ir até Tomorrowland. Sabe apenas que tem de ir. Tem de convencer Frank de que precisa dele e que têm
O poder do sonho e de como julho 2015 metropolis 101
este pode mudar o futuro é também primordial na obra, como conta Damon Lindelof: “As principais personagens do filme são sonhadoras. Cada um deles manifesta uma diferente versão disso mesmo. Alguns são etéreos, outros pragmáticos e outros desembarcam no outro lado da parábola, que é ‘isto é o que te faz sonhar’. Penso que olhamos para os diferentes lados disso o tempo todo. E se Walt Disney tivesse vivido mais 20 anos? Teria sido ele capaz de manter o seu otimismo apesar de todas as evidências do contrário? Essa questão moveu muito do nosso pensamento neste filme”. “É mais fácil fazer a distopia do que a utopia porque tudo o que tens de fazer é destruir o que temos. ‘Isto é como Nova Iorque parece depois de uma invasão de zombies ou após aquilo que os robôs tiraram…’. É muito mais difícil dizer ‘E se juntássemos as melhores e mais inteligentes pessoas e construíssemos uma incrível cidade do futuro, como esta seria?’. Agora que já a vi e experienciei, parece-me muito real e possível para mim, e, mais uma vez, aspiracional”, conclui Lindelof.
George Clooney George Clooney é um homem que dispensa apresentações: ator renomado – venceu o Óscar de Melhor Ator por «Syriana» (2005) –, realizador com já algumas obras relevantes, tal como «Boa Noite, e Boa Sorte» (2005) e «Nos Idos de Março» (2011), e um defensor acérrimo de causas humanitárias. Em «Tomorrowland: Terra do Amanhã», Clooney interpreta Frank Walker, um inventor desiludido com a vida, que o ator descreve como sendo “mal-humorado, desencantado, mas que em tempos foi um jovem sonhador e um cientista esperto. O jovem Frank vai para um lugar que acha ser o melhor do universo e acredita que o mundo vai ser muito melhor por causa dele. Descobre falsidades e torna-se, provavelmente, na pessoa mais cínica que alguém poderia ser. Isola-se na fazenda da família e planeia passar o resto da sua vida lá, mas é forçado a lidar com o seu passado por causa de algumas situações que acontecem no filme”. Clooney é categórico quanto àquilo de que mais gostou ao interpretar esta personagem: “Foi muito divertido gritar com as crianças”, já que “não podes fazer 102 metropolis julho 2015
isso na vida real, porque é errado, mas nos filmes é divertido!”, brinca o ator. George Clooney foi sempre a primeira opção para ser o protagonista do filme, como refere Lindelof: “Desde muito cedo que descrevemos Frank como George Clooney e sempre que falávamos de atores para interpretar Frank o pensamento era: quem é como o George? Fizemos figas e demos o nosso melhor a criálo, dando a Frank um humor complicado e uma qualidade heroica, tudo o que achamos que o George encarna. E depois enviámos isso para o universo”. “Colocar-me num filme
de verão é um pensamento muito ousado”, confessa George Clooney, ajuntando ainda o seguinte: “Em primeiro lugar, penso que é algo muito arrojado para a Disney ter a vontade de fazer um filme que não é uma sequela e não é uma adaptação de um livro de banda-desenhada, investindo verdadeiramente num filme de verão com estes moldes”.
O ator contou ainda outro momento importante quando aceitou entrar neste projeto: “Quando o Brad e o Damon vieram a minha casa mostrarme o guião, trouxeram uma caixa de arquivo com uma
planta. E mostraram-me que, por baixo dessa planta de Tomorrowland, havia uma outra planta de Tomorrowland para ser construída por baixo dessa, que não chegou a acontecer e que provavelmente seria Epcot [um parque temático da Walt Disney World Resort, nos EUA]. Mas foi isso que os inspirou para escreverem o filme, no início”.
Sobre a obra, Clooney considera que “tudo foi maior do que qualquer coisa que havia feito antes. O Brad é um homem que sabe exatamente o que quer”. “Tudo o que vês hoje em dia é apocalíptico e este filme é uma coisa di-
vertida de se fazer. Os filmes geralmente refletem os sentimentos de um país ou do mundo. Sempre que ligas a televisão é um pouco difícil para a tua alma e este filme foi um jeito de contar uma história onde se diz que não é inevitável. Existem versões melhores, mas precisas de estar envolvido e precisas de participar. E eu gostei disso. Foi uma pequena mensagem num grande filme de entretenimento”, concluiu.
Britt Robertson Britt Robertson pode parecer uma novata mas, na verdade, está longe disso. A jovem atriz
(cont. Q&A) de ir para lá, mas é impossível conseguir chegar a casa dele. A casa é isolada, mas lá consegue chegar à sua maneira. Mas isso também não é bom, porque agora que está dentro da casa, existem alguns bandidos à solta que estão à procura dela e de Frank. Q: O que é que Athena vê em Casey e Frank? A: Um dos temas recorrentes ao longo do filme é que as pessoas que vão ser capazes de criar esperança para as próximas gerações, são as que não desistem, independentemente das circunstâncias ou do que as outras pessoas no mundo digam que pode ou não pode ser feito. Essas pessoas são as que não desistem e que lutam por aquilo em que acreditam. Esse é o
tipo de pessoa que Casey é e que Frank também é no seu íntimo, mesmo que tente negar. São pessoas que querem o melhor para o mundo, que querem ver inovação, esperança e é isso o que Athena vê neles. Q: Fale-nos da fuga da banheira. A: Saímos da quinta de Frank vivos mas de uma forma muito original. Casey e Frank saltaram para dentro da banheira e saíram a voar da casa aterrando num lago, o que foi divertido de filmar. Depois tivemos de sair dali rapidamente. Nadámos para fora do lago e corremos pela floresta onde havia uma mota, mas que para nós não funcionava. Essa sequência foi divertida de filmar, mas tivemos de a filmar rápido
pois Claudio Miranda, o nosso diretor de fotografia, queria fazê-la com uma determinada luz. Assim, filmámos entre as 5:15 e as 5:45, só com duas ou três tentativas. Há sempre qualquer coisa que corre mal nesses momentos em que só se tem uma oportunidade. Q: Como é que se sente em relação à “família” que vocês os três criaram? A: Frank, Casey e Athena são muito diferentes, logo não é fácil. Todos têm um objetivo comum e atributos similares, mas trabalham de forma diferente. Casey nunca desiste e consegue ser um pouco irritante. Por causa disso mexe com os nervos de Frank, por ser muito insistente em chegar a Tomorrowland. Athena é como se fosse a mãe, por julho 2015 metropolis 103
de 25 anos começou a representar quando tinha 10 anos, estreando-se na série «Sheena». Entretanto, viria a protagonizar duas séries: «Life Unexpected» e «Círculo Secreto». Já no cinema, foi a protagonista de «Uma Vida ao Teu Lado», na mais recente adaptação de uma história de Nicholas Sparks. «Tomorrowland: Terra do Amanhã» promete ser o filme que poderá lançá-la finalmente para a ribalta. A própria sabe disso, tendo confessado que, quando conseguiu o papel, “foi a melhor sensação” que já teve na vida.
Neste filme, Robertson interpreta Casey, uma adolescente otimista e incansavelmente curiosa. Nas palavras da atriz, trata-se de “uma rapariga muito inteligente que sempre quis ser astronauta. É a sua paixão e aquilo que a unia ao pai. Casey tem apetência para fazer algo grande e mudar o mundo; quer que o mundo seja um lugar cheio de esperança e inspiração, mas não sabe como o fazer”. Antes do lançamento do filme, a atriz não deixava de esconder uma miscelânea de emoções, como contou em entrevista: “Em alguns momentos sinto muita ansiedade em relação a isso”, mas, por outro lado, “há outra parte em mim que diz ‘Tens de aproveitar o momento’. Porque, quando for lançado, quando as pessoas o virem, pode ser
(cont. Q&A) ser do género ‘Ok, crianças, parem de lutar’. Está a tentar manter-nos juntos, Frank está a tentar calar-me e eu a fazê-lo falar, logo é muito divertida a dinâmica entre os três. Q: O que acha de George Clooney?
ceber a sua perspetiva sobre a vida. Gosto de ver como desenha certos aspetos da sua própria vida ou do seu próprio humor e traz isso para a personagem, mas é muito diferente de Frank. Isto é um elogio, porque Frank é um irritadiço. Q: E Raffey?
A: George Clooney, Frank, é uma pessoa muito divertida. Só o tinha visto nos filmes, não sabia como era em pessoa e é tão diferente de tudo o que tinha pensado. Foi muito divertido observá-lo, interagir com ele regularmente e per104 metropolis julho 2015
A: Raffey é como uma pequena luz e é tão perfeita para o papel, porque tem uma personalidade enorme. Tem formas incríveis de manter tudo firme e simples, mas tem muito mais do que isso. É possível ver o
amor que tem dentro dela e os seus olhos mostram-no. Tem uma boa alma. É espetacular e acerta em vários alvos neste filme. Trabalhou imenso nas suas acrobacias, consegue fazer saltos mortais, consegue fazer a roda e consegue chutar armas para fora das mãos das pessoas. É uma jovem trabalhadora e faz com que todos nós o sejamos também. Q: Como é a relação no set? A: Desde o início que foi muito boa entre todos os elementos da equipa. Tenho irmãos e irmãs mais novos, logo é
o maior constrangimento da minha vida ou a coisa mais louca que já aconteceu”.
muito fácil para mim dar-me com estas crianças, mas com Raffey foi muito mais do que isso. Adorei trabalhar com ela e ouvir a sua perspetiva sobre a vida. As suas coisas favoritas são tofu e maquilhagem protésica; adora colocar a sua maquilhagem protésica nas pessoas. Demos alcunhas uns aos outros, criados a partir das coisas que mais gostamos na vida. Tenho dois cães chamados Buddy e Clyde, então apelidou-me de Cluddy. Gosta de tofu, então chamei-lhe de Raffu.
Sobre a escolha da Robertson para o papel principal, o produtor Jeffrey Chernov referiu o seguinte: “Nunca me tinha deparado com uma jovem atriz com tanto entusiasmo e dedicação. É um soldado. Teve que saltar para dentro de água gelada, ser posta num fio, ser puxada, esticada, arrastada, teve de mergulhar e ficou ensopada, mas, ainda assim, parecia que não era o suficiente para Britt”. O processo de escolha da protagonista durou oito meses e a atriz teve ainda de lidar com o desenvolvimento muito secreto do filme, como a própria conta: “Não pude ler o argumento completo até mesmo ao final do processo de audição. E, quando consegui o papel, não me enviaram o argumento até eu chegar a Vancouver. É um filme muito porreiro e inovador e penso que simplesmente eles queriam mantê-lo resguardado”.
Oriunda de uma família de “grandes fãs da série «Serviço de Urgência»” (que catapultou George Clooney para a fama mundial), Brit Robertson revela como foi trabalhar com o ator: “Ele não era assim tão intimidante… Tivemos muitos momentos divertidos juntos e algumas conversas sobre ser atores televisivos”. Além de Clooney, a atriz também contracena no filme com Tim McGraw, o que fez com
que Robertson ficasse “muito entusiasmada e nervosa”. “Quando soube que o Tim McGraw tinha sido escolhido para interpretar o meu pai, foi muito entusiasmante para mim”, conta a atriz, que explica a razão da exaltação: “Sou uma grande fã de música country. Cresci no Sul e adoro a sua música”.
Quando o tema da conversa é o realizador Brad Bird, a atriz não tem dúvidas: “Ele é realmente um grande realizador e diferente de qualquer pessoa com quem já tenha trabalhado. Ele vem da animação, por isso, a sua visão da história é distinta de todos os que já conheci. É incrível estar na sua presença diariamente, ouvir o que ele tem a dizer e colaborar com ele. É mesmo porreiro”. Hugh Laurie O ator britânico Hugh Laurie ficou conhecido a nível mundial pela interpretação do icónico médico Gregory House na série «Dr. House». Em «Tomorrowland: Terra do Amanhã», o ator interpreta David Nix, um génio da ciência pouco escrupuloso, o total oposto de Frank Walker. É o próprio Laurie que clarifica estas diferenças: “A ideia de Frank era criar coisas divertidas, para tornar a vida das pessoas melhor, porque traziam prazer, alegria e expressavam esperança. Nix só está interessado na plataforma mais utilitária da investigação, a vida para ele é uma investigação científica interminável, julho 2015 metropolis 105
porque acredita que o homem foi colocado na Terra para acumular e desenvolver o conhecimento”. À semelhança de outros atores do filme, também Laurie confessa o seu entusiasmo pela obra da qual faz parte, recordando o fato de ter ficado “completamente impressionado com a primeira conversa que tive com o Brad e o Damon sobre o derrotismo mórbido que se apoderou do mundo. Há benefícios na vida moderna, mas parece que não trazem um sentimento de satisfação, triunfo ou realização. Eles apresentam esta extraordinária visão de um futuro que ocorre de forma contrária a todas as ideias comuns sobre a forma como o mundo vai e eu estava completamente de acordo”.
Raffey Cassidy «Tomorrowland: Terra do Amanhã» não será a estreia cinematográfica da muito jovem Raffey Cassidy, que já participou em «Sombras da Escuridão» (2012) e «A Branca de Neve e o Caçador» (2012). Neste novo filme futurista da Disney, Cassidy interpreta Athena, uma personagem essencial, já que, sem ela, a aventura nem começaria. É Athena quem dá um alfinete a Casey que faz com que ela procure por Tomorrowland. “Athena estava à procura de um recruta e está mesmo à espera que Casey seja a pessoa certa para escolher, porque aquele alfinete era o último de Athena. Casey tem coragem, determinação e esperança e é isso de que Tomorrowland precisa”, conta Cassidy. A jovem atriz disse ainda que Athena “é uma boa personagem, que vai ajudar os outros. Mas ela não gosta muito de parar e pensar no sentimento das pessoas”. Damon Lindelof também referiu em entrevista que a personagem “é otimista e sabe karaté”. E, sem dúvida, as suas perícias de luta serão de imensa maisvalia no filme. O produtor executivo John Walker exaltou a importância de Cassidy na interpretação desta personagem: “Raffey é a prova de que as pessoas podem fazer a diferença. O cinismo e o sarcasmo estão na moda; honestidade, 106 metropolis julho 2015
otimismo e amor estão um pouco fora de moda. Por isso, foi bom ver esta jovem que fornece esse positivismo. Quando se vê a gravação da audição de Raffey, no final de cada cena levantamos sempre o polegar para cima. É uma inspiração de criança. É a personificação do filme”.
Brad Bird Capacidade de sonhar, um dos elementos basilares nesta obra, é algo que decerto nunca faltou ao realizador norte-americano Brad Bird. Tendo sido animador da Disney, os filmes de animação marcaram a sua carreira. Ora, foi justamente graças a «The Incredibles – Os Super-Heróis» (2004) e «Ratatui» (2007) que venceu dois Óscares, na categoria de Melhor Filme de Animação. Uma das suas imagens de marca são os momentos divertidos que incute às suas obras – e que também não faltará em «Tomorrowland: Terra do Amanhã». Damon Lindelof falou sobre isso mesmo numa entrevista: “Penso que, quando vês os filmes do Brad, a diversão tem um grande papel. Claro que todas têm lugar em mundos que se levam muito a sério, como no «O Gigante de Ferro» (1999), «The Incredibles – Os Super-Heróis» ou «Ratatui». Os filmes têm grandes momentos divertidos e, portanto, a ideia de que de repente podes subverter algo muito sério com uma explosão de comédia ou uma personagem que tem uma visão um pouco mais leve sobre um acontecimento muito sombrio. Penso que isso é algo que definitivamente estávamos à procura”.
Brad Bird foi sondado como a primeira escolha
para realizar o muito esperado «Star Wars: Episode VII - The Force Awakens». Todavia, o cineasta acabou por optar por dirigir «Tomorrowland: Terra do Amanhã». A razão? Brad Bird explica: “Adoro a «Guerra das Estrelas» e teria sido fantástico estabelecer a forma como a próxima trilogia seria. Mas, numa primeira fase, eles queriam o filme seis meses antes. Precisaria que eles adiassem um ano, o que não fariam. Foi algo muito difícil de largar”, confessa. Entretanto, J.J. Abrams, mais conhecido por «Star Trek» (2009), «Super 8» (2011) e «Além da Escuridão: Star Trek» (2013), ficou com o cobiçado lugar.
“Tomorrowland: Terra do Amanhã» tem ainda outra mais-valia: ser completamente original. “Um filme original com um orçamento de mais de 100 milhões de dólares? É algo verdadeiramente invulgar”, assinalou Brad Bird. “Diria que o filme é inspirado pelo estado de espírito da Disney”, acrescentou.
Passado parcialmente num mundo futurista, o aspeto visual da obra teria de ter um especial cuidado: “O meu futurismo tem sempre uma pequena aresta retro. Mas descobri versões de outras pessoas do futuro muito interessantes, como Hugh Ferriss,
o designer dos anos 1920 que imaginou cidades enormes, ou Raymond Loewy, na década de 1930. E se todos esses futuros fossem reunidos? E se houvesse uma cidade feita do futuro de todos?”, instiga Brad Bird. Assim, a estética do filme acaba por resultar num variado conjunto de influências, bem patente ao longo da obra. Ainda sobre o filme, Brad Bird espera que o público o veja como uma espécie de inspiração: “Espero que o público se divirta, mas, com sorte, também fizemos algo que os vai deixar a falar e a pensar sobre isso mais tarde... talvez até os faça imaginar um futuro diferente”.
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