Festa do cinema francês

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Vive la France! 14ª festa do cinema francês

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uando o filme Jeune et Jolie passou em Cannes, no passado mês de Maio, a descoberta de mais um sofisticado bailado narrativo encenado por François Ozon foi acompanhada de uma certeza cristalina: através do magnetismo da sua protagonista, Marine Vacth [foto], Ozon revelava ao mundo uma futura estrela do cinema francês. Jeune et Jolie é, precisamente, uma das anteestreias a apresentar na 14ª edição da Festa do Cinema Francês, abrangendo, de 10 de Outubro a 10 de Novembro, um total de 120 projecções de 46 filmes, repartidas por sete cidades (Lisboa, Almada, Coimbra, Beja, Faro, Guimarães e Porto). Agnès Jaoui, de quem poderemos ver o recentíssimo Au Bout du Conte/E Viveram Felizes para Sempre...?, será a madrinha de um evento que inclui também, por exemplo, uma retrospectiva dedicada a Claude Lanzmann, retratista exemplar das memórias do Holocausto, e uma apresentação, em cópia restaurada, do clássico Hiroshima Meu Amor, de Alain Resnais. Quer isto dizer que podemos reconhecer uma tendência reforçada, em anos anteriores, por esta iniciativa do Institut Français em Portugal e, de um modo geral, confirmada pelos principais agentes do mercado português: não só o cinema francês pode ter um lugar importante nesse mercado, como a pluralidade criativa do seu presente e a riqueza do seu património são dados incontornáveis da actualidade. Pela primeira vez, a Metropolis assume as responsabilidades de revista oficial da Festa do Cinema Francês – é uma honra cinéfila e também o pretexto para o vasto dossier que se segue. Bienvenus au cinéma français! João Lopes


Jeune & Jolie


competição

CAMILLE REDOUBLE de Noémie Levovsky

Filme de Abertura

Noémie Lvovsky propõe com Camille Redouble uma viagem nostálgica, romântica e bem-humorada. Camille (Noémie Lvovsky) e Eric (Samir Guesmi) conheceram-se aos 16 anos, tendo uma filha ainda na adolescência. Só que, após 25 anos de casamento, Eric pede o divórcio a Camille. Mas, na passagem de ano, acontece algo mágico: Camille regressa à época em que tinha 16 anos, reencontrando a família, amigos e, claro, Eric. A realizadora é também a protagonista de Camille Redouble, uma comédia inventiva e emocional, que deixa uma pergunta para reflectir: se pudéssemos começar tudo de novo, o que faríamos de diferente? T.H.


JEUNE ET JOLIE de François Ozon Confirmando-se como um criador que sabe combinar ousadia e ironia, François Ozon filma o despertar sexual de uma adolescente de dezassete anos, numa trajectória que acaba por envolver a prática da prostituição. Nas suas calculadas ambivalências dramáticas, este é um conto moral sobre a construção de uma identidade e, mais do que isso, os enigmas do desejo e do prazer. Apresentado na competição de Cannes, o filme revela, no papel principal, Marine Vacth, por certo uma estrela futura do cinema francês. J. L.

O ÚLTIMO DOS INJUSTOS de Claude Lanzmann Na sua obra monumental sobre o Holocausto, Shoah (1985), Claude Lanzmann não utilizou na montagem final uma entrevista com Benjamin Murmelstein, dirigente judeu no campo de concentração de Theresienstadt. Neste filme de admirável contundência e metódica emoção, recupera essa entrevista, recontextualizando-a com uma amostragem didáctica dos lugares que nela são referidos. É mais um exemplo admirável de uma filmografia empenhada em não deixar cair no esquecimento a Solução Final dos nazis contra o povo judeu. J. L.


E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE...? de Agnès Jaoui

L´ECUME DES JOURS de Michel Gondry Surreal e cheio de encantamento poético, L’écume des jours é a história e paixão entre Colin (Romain Duris) e Chloé (Audrey Tautou), que tem uma estranha doença: uma flor de lótus que cresce no seu pulmão direito. Para poder ajudar a mulher a realizar o caríssimo tratamento, Colin acaba por ir à falência, ameaçando a harmonia do seu grupo de amigos, interpretados por Omar Sy, Gad Elmaleh e Aïssa Maïga. Baseado na obra de Boris Vian e realizado por Michel Gondry (O Despertar da Mente, 2004), L’écume des jours é profundamente onírico, delicado e ousado, deixando um gosto algo amargo e melancólico.

T.H.

A comédia E Viveram Felizes Para Sempre…? traz-nos a história de Laura (Agathe Bonitzer), uma jovem de 24 anos, que continua a acreditar no príncipe encantado. Ela pensa que este seja Sandro (Arthur Dupont) após conhecê-lo numa festa, da forma exacta como ela sempre sonhou. Entretanto, conhece Maxime (Benjamin Biolay), fazendo com que pense que talvez seja este o seu amado. Afinal, será que há príncipes melhores que outros? A nova obra de Agnés Jaoui (O Gosto dos Outros, 2000; Olhem Para Mim, 2004), que assina o argumento em parceria com Jean-Pierre Bacri, traduz-se numa narrativa poética, delicada, mas também algo mágica.

T.H.


GRAND CENTRAL de Rebecca Zlotowski Um amor proibido e contaminações radioactivas pode revelar-se uma combinação inusitada e explosiva. Em Grand Central, Gary (Tahar Rahim) é um jovem solitário e ambicioso, contratado para trabalhar numa central nuclear, onde encontra tudo o que sempre quis: dinheiro e família. Mas também conhece Karole (Léa Seydoux), a noiva de Toni (Denis Ménochet), com quem vive uma ardente paixão. Só que as radiações e os riscos desse amor vão criando, todos os dias, uma ameaça crescente. Grand Central fez parte da secção Un Certain Regard da última edição do Festival de Cannes e é o segundo filme de Rebecca Zlotoski, após Belle Épine (2010).

T.H.


DE BICICLETA COM MOLIÈRE de Philippe Guay

Le

Esta comédia mordaz de Phillipe Le Guay mostra uma disputa de egos à volta do papel principal da peça “Le Misanthrope”, de Molière. Serge Tanneur (Fabrice Luchini) é um actor reconhecido que abandona a carreira, refugiando-se na Ilha de Ré. Passam-se três anos até que Gauthier Valence (Lambert Wilson), uma estrela da televisão, procure Serge e lhe proponha o desafio de interpretar uma das personagens mais exigentes do teatro, Alceste. Só que Serge não aceita assim tão facilmente o papel, sobretudo porque volta a encontrar o amor com uma misteriosa italiana (Maya Sansa). Estes dois homens de diferentes mundos terão agora de encontrar um consenso entre si.

T.H.


THÉRÈSE DESQUEYROUX de Claude Miller Thérèse (Audrey Tautou) é uma jovem mulher encantadora que se casa com Bernard Desqueyroux (Gilles Lellouche), numa união que faz com as que as suas terras se tornem numa grande propriedade. Contudo, Thérèse é uma mulher determinada, de opiniões fortes, que acaba por sentir-se sufocada pelo tédio daquela vida provinciana e a pouca capacidade intelectual do marido. Em plena década de 1920, a jovem fará de tudo para conseguir ser independente, desafiando a sociedade vigente. Esta é a 2.ª adaptação cinematográfica do romance de François Mauriac (a primeira aconteceu em 1962) e foi apresentada no Festival de Cannes em 2012, pouco tempo após a morte do realizador, Claude Miller.

T.H.

DU VENT DAS MES MOLLETS de Carine Tardieu Rachel (Juliette Gombert) tem apenas 9 anos e vive sob a protecção excessiva dos seus pais, interpretados por Denis Podalydès e Agnès Jaoui. Tudo muda quando conhece a irreverente criança Valérie (Anna Lemarchand). A partir daí, Rachel sente-se livre para fazer todas as asneiras que não tinha feito até então. A amizade das duas acaba por criar vários momentos inesperados, mas também divertidos. A comédia Du vent das mês mollets é a segunda longa-metragem de Carine Tardieu e já foi apresentada em mais de 17 festivais internacionais de cinema.

T.H.


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Revisitando as memórias de Hiroshima Redescobrir os clássicos em cópias restauradas tornou-se uma via importante de reconquista da memória cinematográfica – este ano, regressa “Hiroshima Meu Amor”, de Alain Resnais.

uando se fala da eclosão da Nova Vaga francesa, pensamos necessariamente na peculiar conjuntura de finais da década de 50, com as suas personalidades fundamentais a combinar a intervenção crítica com os primeiros trabalhos de realização, nomeadamente na curta-metragem. A excepção que confirmava a regra era Alain Resnais, já que o seu nome se consolidara, desde finais dos anos 40, através de um labor invulgar na área do documentário (Guernica, Nuit et Brouillard, Toute la Mémoire du Monde, etc.). A possibilidade de revermos, agora, a cópia

metropolis


Emmanuelle Riva, Eiji Okada

restaurada da sua primeira longa-metragem – Hiroshima Meu Amor (1959) – representa, por isso, um fascinante reencontro. Desde logo, porque estamos perante um dos três títulos do mesmo ano que, tradicionalmente, são vistos como “bandeiras” da própria Nova Vaga (sendo os outros O Acossado/À Bout de Souffle e Os 400 Golpes, respectivamente de Jean-Luc Godard e François Truffaut); depois, porque, sendo Resnais um autor que se veio a definir como um notável experimentador dos limites da memória e do conhecimento, então Hiroshima Meu Amor pode ser definido como a matriz fundadora do seu fascinante metropolis

universo criativo. Fundamental na dinâmica desse universo é a noção de que qualquer desejo ou movimento de memória convive sempre com a possibilidade da sua própria anulação. Assim, revisitando as memórias da destruição de Hiroshima pela bomba atómica, o par central do filme – Emmanuelle Riva/Eiji Okada – vive um drama doloroso que se repete e, num certo sentido, amplia através da sua continuada reformulação: como inventariar os dados que ajudam a definir a violência inimaginável da bomba e, mais do que isso, como testemunhar os sinais da sua trágica herança? Não por acaso, este é também um filme sobre a dificuldade de transformar a experiência individual em qualquer “coisa” (imagens, palavras, narrativas) que possa diversificar e enriquecer o leque das relações humanas. A frase que assombra o filme é mesmo: “Tu não viste nada em Hiroshima...” E escusado será lembrar que a sua perene energia emocional é inseparável do argumento escrito por Marguerite Duras. A passagem do filme de Resnais na Festa do Cinema Francês acaba por ter um complemento exemplar em O Último Ano em Marienbad (1961), a sua segunda longametragem, escrita por Alain Robbe-Grillet e incluída na secção “Cinema e Literatura”. Além do mais, tal como no caso Lola (1961), de Jacques Demy, apresentado na edição de 2012, a cópia restaurada de Hiroshima Meu Amor reflecte também a fundamental preocupação de devolver às novas gerações de espectadores os filmes que ajudaram a definir as principais linhas de força da modernidade no cinema. Isto sem esquecermos que, mais de meio século depois, em Amor (2012), de Michael Haneke, Emmanuelle Riva voltou a surgir no coração dessa modernidade. J. L.


Um mapa Cinéfilo de Paris Para redescobrir a Cidade Luz através dos filmes: da Nova Vaga até ao tempo presente, de François Truffaut a Agnès Jaoui, sete títulos que falam de uma cinefilia muito especial.

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scusado será dizer que há todo um imaginário da cidade de Paris que passa, e muito, pelo produção cinematográfica francesa. Podemos mesmo considerar que tal imaginário é, em grande parte, de natureza cinéfila, combinando os registos mais diversos, do puro drama à comédia mais delirante. Assinalando os quinze anos do pacto de amizade Paris/Lisboa, a Festa do Cinema Francês propõe um conjunto de filmes repartidos por sete décadas. Os mais recentes – o colectivo Paris Je T’aime (2003) e Au Bout du Conte (2013), de Agnès Jaoui – conterão as marcas mais ligadas às nossas sensibilidades presentes. Em todo o caso, tem um valor especial o facto de o primeiro

metropolis


Rendez-Vous

Paris Visto Por....

Os 400 Golpes título da selecção ser Os 400 Golpes (1959), de François Truffaut, tradicionalmente citado como um dos momentos emblemáticos de afirmação da Nova Vaga. Através do primeiro capítulo da história de Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud), Truffaut não se limitava a discutir as representações tradicionais da infância e da descoberta da adolescência; ao mesmo tempo, Os 400 Golpes envolvia toda uma visão inovadora da cidade, reflectindo o gosto por novos tmodelos narrativos de que a Nova Vaga foi o fundamental palco criativo. Daí também a importância da passagem de Paris Visto Por... (1965), obra colectiva (Godard, Rohmer, Chabrol, etc.) que reflecte a diversidade interior do movimento, além de ser um título quase metropolis

Paris Je T´aime invisível nas últimas décadas. Petit à Petit (1973), de Jean Rouch, traz-nos a energia singular de um criador “marginal” da Nova Vaga que, em muitos aspectos, antecipou as formas de coabitação entre “ficção” e “documentário” que marcam muitas experiências dos nossos dias. Enfim, estão ainda representados dois dos mais notáveis herdeiros das convulsões da Nova Vaga: André Téchiné e Léos Carax, respectivamente com Rendez-Vous (1985) e Les Amants du Pont-Neuf (1991). Em ambos os casos, celebrando o talento invulgar de uma actriz, nascida em Paris e indissociável dos cenários parisienses: Juliette Binoche. J. L.


Claude Lanzmann

As palavras de Claude Lanzmann Autor de “Shoah”, filme fundamental sobre as memórias do Holocausto, Claude Lanzmann é um dos convidados da Festa do Cinema Francês – a Cinemateca apresenta uma retrospectiva da sua obra.

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uando se consideram as abordagens do Holocausto pelo cinema, o título Shoah (1985), de Claude Lanzmann, surge como uma referência absolutamente incontornável. E não só pela duração invulgar (perto de dez horas). De facto, Lanzmann apostou em seguir uma via que, em tudo e por tudo, contraria as soluções correntes, nomeadamente de natureza televisiva, para tratar as memórias dos campos de concentração construídos pelos nazis para exterminar o povo judeu. Assim, em vez de uma colecção de imagens de arquivo “explicadas” por uma voz off, Lanzmann constrói o seu filme a partir de depoimentos daqueles que, directa ou indirectamente, conheceram o horror da chamada Solução Final; como contraponto, são mostrados alguns dos lugares onde os

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Shoah

Shoah factos se passaram, registados no presente do filme (a rodagem decorreu entre 1974 e 1981). Trata-se, afinal, não de “mostrar”, ficando pela fragilidade das imagens, mas sobretudo de dizer, celebrando a intensidade das palavras. Shoah é, afinal, o centro emblemático de uma existência toda ela marcada pela Segunda Guerra Mundial. Lanzmann nasceu em 1925, em Bois-Colombes, no departamento de Hauts-de-Seine, a norte de Paris. Aos 18 anos, ligou-se à Resistência, primeiro em Clermont-Ferrand, depois na região de Auvergne. Na sua formação humana e política, o convívio com JeanPaul Sartre e Simone de Beauvoir foi fundamental; seria ele, aliás, a suceder a Beauvoir, em 1986, na direcção da revista Les Temps Modernes.

Desde Pourquoi Israel (1973), o seu cinema explora o mesmo método obsessivo e didáctico: reconstruir a teia da história a partir de entrevistas que evocam factos colectivos e memórias individuais, cruzando a inventariação dos acontecimentos com a reflexão filosófica sobre os mecanismos de poder. Lanzmann estará em Lisboa para apresentar o seu filme mais recente, O Último dos Injustos (2013), e também para acompanhar a retrospectiva da sua obra programada pela Cinemateca, com a colaboração da Midas Filmes – é uma oportunidade muito especial para escutar um dos mais admiráveis cineastas cuja obra se constrói sob o signo da intransigência da memória. J. L.

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A recente evolução das técnicas fotográficas mudou a sua maneira de pensar e organizar o seu trabalho?

Caroline Champetier EM ENTREVISTA Caroline Champetier, é uma das convidadas deste ano da Festa do Cinema Francês, a realizadora e directora de fotografia de alguns dos maiores vultos do cinema francês do século XX (Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, Philippe Garrel) apresenta em Lisboa «Berthe Morisot» e efectua uma Mastercalss no Instituto Franco-Português.

Não no que diz respeito ao pensar, o meu acompanhamento aos realizadores permanece o mesmo desde o momento em que eles me falam do argumento e que nós começamos a sonhar o filme juntos. Noutro aspecto sim, as câmaras digitais de grande amplitude modificam a organização do plateau, há écrans por todo o lado, a imagem, o enquadramento e a iluminação, já não são um segredo do director de fotografia e da sua equipa, a imagem é apresentada a todos ainda antes de estar finalizada, é preciso saber resistir a este falso sentido do imediato. No que diz respeito á iluminação as mudanças sãoconsideráveis, os dispositivos

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Berthe Morisot

Há também o cenário natural que modifica o trabalho da luz, que se torna menos variada, mais naturalista e por vezes dá mesmo primazia ao enquadramento, o que é frequente em certas produções contemporâneas.

Caroline Champetier (ao centro)

de iluminação devem ser utilizados de modo muito diferente, a sensibilidade e duração das câmaras pedem-nos uma grande sensibilidade, por vezes é preciso retirar luz em vez de adicionar. Existe no cinema francês uma herança fotográfica da Nouvelle Vague? Claro, nem que seja nesse novo técnico que é o operador chefe, não gosto muito desse termo. Antes havia um director de fotografia e um responsável pelos enquadramentos, a nouvelle vague acaba com isso e é a mesma pessoa que assume os dois postos o que é uma responsabilidade bastante considerável e faz com que o operador chefe seja o colaborador primcipal do realizador no plateau.

Quais as relações que procurou entre a luz e as cores do seu filme e as luzes e cores da pintura de Berthe Morisot ou de Édoaurd Manet? Pascaline Suty, que foi a responsável pelos figurinos, e eu partimos da paleta das personagens, a de Berthe era mais sombria, é sabido que ela se vestia frequentemente de preto, a partir daí as outras personagens, os cenários foram pensados em redor dela Estudei bastante a pintura dessa época, não apenas Manet que é um génio, mas também pintores mais decorativos como Stevens ou Fantin Latour, eles dão-nos bastantes infornações sobre as posturas, as cores, os detalhes. Eu realçei bastante o lado visual e uma vez que isso me ajudava o movimento das personagens vinha naturalmente. Fiz bastante uso de travellings e de zooms, foi eu quem fez os enquadramentos, é a minha forma de criar uma relação directa com os actores.

metropolis

J.L.


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