Prémio LUX 2014

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prémios

tatiana henriques

Prémio O Prémio de Cinema Lux foi instituído em 2007 e é um prémio de cinema atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu. São dois os seus principais propósitos: incrementar o debate público relacionado com a União Europeia (UE) e as suas políticas e, ainda, apoiar a circulação de (co) produções europeias na UE. Pretende-se, assim, que haja uma maior distribuição de filmes na Europa, ao mesmo tempo que se discutem questões de âmbito europeu.

Lisboa acolhe os LUX FIL Prémio de Cinema do Par

a favor dos seus filmes favoritos, através do site www. luxprize.eu ou na página São escolhidos três filmes de Facebook do Prémio de finalistas, que são legendados Cinema Lux. Desta votação, nas 24 línguas oficiais, facilresulta uma "Menção Honrosa itando, assim, a distribuição do Público", que é anunciada nos diferentes Estados-Mem- durante o Festival de Cinema bros. de Karlovy Vary. Além disso, um dos votantes é aleatoriaParalelamente, o Prémio de mente escolhido para assistir Cinema Lux é parceiro de ao Festival. Este anúncio várias iniciativas que ocorrem encerra, de uma forma simnos festivais de cinema profis- bólica, a edição anterior do sional europeu, nomeadaente Prémio, dando início à seem Berlim, Cannes, Karlovy guinte, com o anúncio dos 10 Vary, Veneza, Sevilha. filmes da Selecção Oficial. O público é também chamado a dar a sua opinião e votar 162 metropolis OUTUBRO 2014

O vencedor do Prémio de Cinema Lux no ano passado

foi Ciclo Interrompido (de Felix van Groeningen), que também esteve nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Desde que o Prémio se realiza, Portugal teve dois filmes nomeados: «Tabu», de Miguel Gomes, e «Belle Toujours», de Manoel de Oliveira. Calendário Tudo começa em Março, em Bruxelas, onde 20 especialistas de cinema pertencentes ao Júri encontram-se e analisam mais de 60 filmes europeus. Em Julho, são anunciados os 10 filmes da Selecção


LM DAYS rlamento Europeu Oficial, em Karlovy Vary. Já em Setembro, são revelados os três filmes finalistas, em Veneza, começando a sua digressão pelos 28 Estados-Membros, nos denominados "Lux Film Days". A revelação do vencedor acontece a 17 de Dezembro, em Estrasburgo. São os 751 eurodeputados que escolhem o premiado e é o Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, que entrega o galardão. Candidaturas As candidaturas podem ser espontâneas, indicadas por

deputados ou por membros do júri. Para ser elegível, o filme deve mostrar a diversidade das tradições e culturas europeias, revelando perspectivas sobre a construção europeia e o processo de integração europeia. Em suma, a obra deve contribuir para uma maior visibilidade dos valores europeus. O filme tem de ser de ficção, documentário ou de animação e ter uma duração mínima de 60 minutos.

Júri O júri é composto por pessoas provenientes do cinema, como produtores, directores de festivais, críticos de cinema ou distribuidores. A Comissão Europeia, o Fundo Eurimages do Conselho da Europa e a direcção das Jornadas de Autor de Veneza são observadores. Além disso, um representante do filme vencedor na edição anterior é membro ex officio do júri. Selecção Este ano, fazem parte da Selecção Oficial os seguintes OUTUBRO 2014 metropolis 163


raparigas

Ida filmes: «White God» (Hungria, Alemanha e Suécia), «Beautiful Youth» (Espanha e França), «Estações da Cruz» (Alemanha e França), «As Maravilhas» (Itália, Suíça e Alemanha), «Macondo» (Áustria), «Force Majeure» (Suécia, Dinamarca, França e Noruega) e «Xenia» (Grécia, França e Bélgica). A lista fica completa com os 3 filmes finalistas: «Raparigas» (França), «Ida» (Polónia e 164 metropolis OUTUBRO 2014

Dinamarca) e «O Inimigo da Classe» (Eslovénia Os Finalistas Raparigas, de Céline Sciamma O filme conta a história de Marieme (Karidja Touré), de 16 anos, que vive sufocada pelo seu contexto familiar, o baixo aproveitamento esco-

lar e o controlo opressor dos rapazes no seu bairro. A sua vida muda quando conhece três raparigas de espírito livre, que vão mudar a sua forma de pensar e viver. Marieme tenta integrar-se nesse novo mundo para poder encontrar a sua própria liberdade e, para tal, muda de nome e de estilo e deixa a escola. A realizadora refere que o filme fala sobre "o despertar do


O inimigo da classe desejo, a força da feminidade e a necessidade de fugir a um destino pré-determinado". «Ida», de Pawel Pawlikowski Este filme de época passa-se na Polónia comunista, em 1962. Anna (Agata Trzebuchowska) cresceu num convento e pouco sabe sobre as suas origens ou do mundo exterior. Está prestes a celebrar os votos religiosos, mas antes é convidada a contactar uma tia, que desconhecia. Wanda (Agata Kulesza) é uma antiga juíza com uma personalidade forte e resoluta, ocupando-se agora apenas de casos menores. As duas deambulam por vários lugares que irão acabar por revelar a história de Anna, em caminhos que não escapam à história da Polónia, da Europa e da II Guerra Mundial. A jovem acaba por descobrir que afinal não se chama Anna, mas Ida e que não é católica romana, mas judia. Será que valerá a pena continuar a vasculhar o passado? O realizador da obra diz que se trata "de um

filme que está mais próximo da poesia do que da narrativa. Pretendia, acima de tudo, distanciar-me do estilo narrativo típico do cinema polaco. Era necessário tornar bem claro que esta história é narrada por uma personagem exterior, sendo assim filtrada pelas suas recordações e emoções pessoais, por sons e imagens da minha juventude". «O Inimigo da Classe», de Rok Bicek Chega um novo professor de alemão e tudo muda. São muitas as diferenças em relação ao docente anterior. Robert Zupan (Igor Samobor) ensina de forma fria e severa, não conseguindo agradar à turma. A relação torna-se extremamente tensa até que, inesperadamente, uma das alunas morre. E assim começa uma montanha-russa de emoções para todos os envolvidos. "A rebelião dos estudantes contra o sistema de ensino, simbolizado pelo professor exigente, constitui

um reflexo da insatisfação geral numa sociedade que aproveita qualquer razão, justificada ou não, para se revoltar contra as normas sociais estabelecidas. O paradoxo é que foram estas mesmas normas que conduziram à situação em que a sociedade se encontra hoje em dia. Ao mesmo tempo, de cada vez que se verifica um surto de violência nas cidades europeias, condenamos quem protesta. Temos o direito de o fazer? Talvez sejamos nós a protestar amanhã", insta Bicek. As Sessões «O Inimigo da Classe»: 14 de Novembro, às 19h, na Cinemateca Portuguesa. «Ida»: 20 Novembro, no Cinema City de Leiria e 28 de Novembro, no Cinema City Alvalade. Ambos às 21h30. «Raparigas»: 5 Dezembro, às 19h, na Cinemateca Portuguesa. OUTUBRO 2014 metropolis 165


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