Mapeamento Colaborativo

Page 1


MAPA INVERTIDO questiona os mapas tradicionais - que ressaltam e valorizam os países do norte - o que não passa de uma convenção sem razões científicas.


ESTA PUBLICAÇÃO faz parte de um trabalho final do curso de Design da FAU USP. Busca esclarecer e reforçar o uso do mapeameno como recurso colaborativo no universo da cibercultura - com as novas tecnologias - e da contracultura - com a resistência. Resistência contra a mídia

AO INVERTER NARRATIVAS Quem se conecta é transformado em emissor e deixa o papel de apenas receptor no processo da comunicação. Contra a propriedade intelectual

AO COMPARTILHAR Num conflito direto com a privatização e elitização do conhecimento e da cultura, promove a cópia e o sistema livre de produção.

ajuda a construir este universo, seja mapeando os melhores restaurantes de um bairro, os grafites da cidade ou os buracos dos asfaltos.


TRADICIONALMENTE

MAS ATUALMENTE

é uma tecnologia usada pelas elites econômicas e militares com o objetivo de manutenção do poder, pois dominar territórios é um pilar fundamental de controle da sociedade.

tem sido apropriada pela sociedade como ferramenta de resgate de seus territórios.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE? O MAPA ALTERA NOSSA PERSPECTIVA

ao representar o espaço numa escala acessível aos nossos olhos

REPRESENTA O INVISÍVEL

pois mapeia não apenas o espaço objetivo, mas também o subjetivo

TEM O POTENCIAL DE INTERPRETAÇÃO E AÇÃO

com ele, conseguimos ler o espaço, podendo então agir sobre ele

REPRESENTA A REALIDADE E A CONSTRÓI

ao interpretar e agir, podemos desenvolver novas narrativas que constróem a memória local

EMPODERA

pois, ao somar todos estes e mais fatores, é uma ferramenta que facilita a apropriação do nosso território e história

DESTA FORMA, O MAPA É UM MEIO, E NÃO UM FIM

um meio para analisar, reconhecer, intervir e dominar nosso território


CONTEXTO DA MUDANÇA TRADICIONALMENTE

MAS ATUALMENTE

SOCIEDADE DE CONTROLE

CIBERCULTURA

a disciplina e controle aplicados à nossa vida pública e privada nos mantém ordenados em função da produção capitalista e do Estado, o rebanho obediente

relação entre as novas tecnologias, a cultura e a sociedade

POLÍCIA na partilha da cidade, a polícia mantém o controle ordenado nos espaços que, por direito, são de todos: “vai circulando!”

ARQUITETURA DEFENSIVA na manutenção da partilha, a arquitetura defensiva constrói uma cidade que impede a permanência nos espaços a fim de higienizá-los

CULTURA DO MEDO ao disseminar o medo, o isolamento se fortalece, os espaços públicos se esvaziam e tornam-se apenas um lugar de passagem

PRIVADO o individual, o lucro e a propriedade ganham força sobre o bem comum

CONTRACOMUNICAÇÃO essa cultura e estrutura da internet produz novos emissores de mensagem, combatendo o monopólio e hegemonia das narrativas

COMUM neste cenário, o coletivo, a cooperação e o compartilhamento são fortalecidos

CULTURA HACKER retomada de poder numa estrutura horizontal e colaborativa

REDES E RUAS simbiose entre o ativismo nas redes com a intervenção nas ruas, uma fortalece a outra

POLÍTICA transformação do espaço de passagem num espaço de permanência e visibilidade do sujeito ao retomar a cidade


O contexto da mudança trata resumidamente de conceitos que ilustram uma dicotomia. De um lado temos uma lógica voltada ao capital de desqualificar o espaço público e privilegiar o lucro. Lucro do mercado imobiliário, da indústria automobilística... Nesta lógica, nossos fluxos são naturalizados e programados para nos isolarmos em espaços privados.

A POLÍCIA

diz que não há nada para se ver numa rua, não há nada a fazer além de se retirar. Afirma que o espaço de circulação é nada além de um espaço de circulação.

A POLÍTICA

em contraste, consiste em transformar esse espaço de passagem num espaço de visibilidade do sujeito: as pessoas, os trabalhadores, os cidadãos. Consiste em reconfigurar o espaço, do que há para ser feito nele, o que há para ser visto ou mostrado. É a disputa pelo sensível.

RANCIÈRE

Da casa, para o carro, até o escritório, todos cercados e vigiados. Deixamos de conviver e as ruas são meros espaços de passagem, não-lugares. Do outro lado temos a cultura da colaboração e do coletivo que ganha força com as dinâmicas da internet, pilares que sustentam a busca pelo comum, pelo iivre acesso à cultura e conhecimento, pelo sistema livre de produção... caminhos que invertem a mercantilização da vida. Quando esta cultura atinge o espaço público promove um movimento de coletivos que, com diferentes estratégias, reivindica o direito por uma cidade mais humana. É uma luta contra a manutenção de privilégios a fim de tornar o espaço público e o direito à cidade uma realidade para todos.

O TERRITÓRIO

é o espaço socialmente construído.

MILTON SANTOS


CIDADE PARA O CAPITAL

PERMANÊNCIA

MEDO E CONTROLE ORGANIZAÇÃO

HIGIENIZAÇÃO REDES ALUGA

CIDADE PARA PESSOAS

ALUGA

GENTRIFICAÇÃO

É neste contexto que a atividade de mapeamento tornou-se uma das ferramentas de organização para tornar possível a reconquista do espaço público, a partir do momento que o mapa possui potenciais que empoderam.

O MAPA É ABERTO,

é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social. Pode-se desenhá-lo numa parede, concebê-lo como obra de arte, construí-lo como uma ação política ou como uma meditação.

DELEUZE E GUATTARI


Mapas podem ter incontáveis abordagens, pode ser objetivo ou subjetivo, geográfico ou histórico, político ou cultural. Mas, entre todas as abordagens, o mapa é um processo e um discurso além de apenas representar. O processo de mapeamento irá determinar o discurso de cada mapa, dando voz e visibilidade ao representado. Há diversos mapeamentos que ilutram bem o cenário da troca entre as redes e as ruas num processo aberto e colaborativo. A seguir temos alguns exemplos de projetos desenvolvidos:

CARTOGRAFIA AFETIVA O coletivo WikiPraça atua no Largo do Arouche do centro de São Paulo e promove um mapeamento do subjetivo ao interpretar o espaço do largo, o que e quem o compõe em toda sua diversidade. Esse processo documenta a valoriza a memória local além de detalhar seus fluxos e dinâmicas.

WWW.WIKIPRACA.ORG/SP/ NOVA-CARTOGRAFIA/

CIDADES COMESTÍVEIS A rede é aberta e colaborativa, você se inscreve e participa do mapeamento de compartilhamento de recursos, conhecimentos e trabalho para cultivo de hortas urbanas. O projeto incentiva e facilita o processo de criação e manutenção de hortas.

WWW.CIDADESCOMESTIVEIS.ORG


SP CULTURA Plataforma livre, gratuita e colaborativa de mapeamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo sobre o cenário cultural paulistano. Você se cadastra e pode agir como agente cultural participando do mapeamento. Essa curadoria aberta e horizontal promove maior visibilidade à agenda cultural.

WWW.SPCULTURA.PREFEITURA.SP.GOV.BR

CULTURA DE FAVELAS

COLAB.RE

Mapeamento colaborativo do cenário cultural das favelas cariocas.

Rede colaborativa que conecta a população com a gestão da cidade. Você reporta problemas urbanos e dá sugestões para melhoria dos espaços.

É um projeto que age contra a hegemonia narrativa, gera visibilidade, espaço e reconhecimento da cultura das favelas.

WWW.GUIACULTURALDEFAVELAS.ORG.BR

Torna-se um canal que empodera o cidadão e otimiza a comunicação eliminando a burocracia.

WWW.COLAB.RE


foram ocupados, os coletivos que atuam nestes espaços, e também mapear a nós mesmo.

Cidade Vaga é um outro projeto de colaborativo que pretende mapear os espaços vagos pela cidade e estimular sua transformação. Mas, o que são espaços vagos? É muito comum que nossos percursos do dia a dia sejam recheados dos tais espaços de passagem, aquela área de espaço que tem tanto potencial, mas está vago, indeterminado.

VAZIO,

portanto, como ausência, mas também como promessa, como encontro, como espaço do possível, expectativa.

Criamos assim uma rede que exercita a reflexão sobre os espaços da nossa cidade e como eles devem ser ocupados, afinal, a cidade deve servir à quem? A rede busca promover visibilidade às oportunidades de mudança e incentivar a nos unir e agir.

COMO FUNCIONA? O mapa da Cidade Vaga tem, então, três camadas: Espaços Vagos, Espaços Ocupados e Nós Mesmos, os colaboradores.

Ao mapear os Espaços Vagos da cidade, geramos visibilidade às suas faltas e potenciais.

SOLÀ-MORALES O vazio de pessoas ou de infra estrutura, de sentidos para ser ocupado. Então, apesar de vazio, um espaço vago pode ainda ser transformado na busca por uma cidade para pessoas. Além dos espaços vagos, o projeto pretende mapear os espaços que

Ao mapear os Espaços Ocupados e os coletivos inspiramos possibilidades e participação nos projetos.

Ao mapear a Nós Mesmos incentivamos a mobilização ao identificar vizinhos que também buscam uma cidade melhor.


VISIBILIDADE INSPIRAÇÃO MOBILIZAÇÃO COLABORAÇÃO CIDADANIA

ACESSE O MAPA ATRAVÉS DO SITE WWW.CIDADEVAGA.COM E COMECE A PARTICIPAR DESSA REDE!


Se você tem outro projeto em mente, não é difícil gerar o seu próprio mapa! O Google Maps é uma plataforma de uso intuitivo e apropriado para customizar um.

GOOGLE MAPS Primeiro, crie uma conta no Google. Se você já possui uma, basta entrar em www.googlemaps.com, clicar no menu, depois em my maps e create. Pronto! Agora você pode mapear os pontos ou áreas e rotas do mapa e distribuí-los em diferentes camadas para organizá-las por temas. Para permitir que mais pessoas participem e colaborem com o mapeamento, basta alterar o mapa de private para public.

CRIAR MAPA PASSO 1

CRIAR MAPA PASSO 2

CRIAR MAPA PASSO 3


MARCAR PONTO

NOMEIE, DESCREVA E ADICIONE MÍDIAS

CRIAR ÁREAS OU ROTAS

NOMEIE, DESCREVA E ADICIONE MÍDIAS

CRIAR CAMADA


MAPA PÚBLICO PASSO 1

MAPA PÚBLICO PASSO 2

MAPA PÚBLICO PASSO 3 E 4

Seguindo estes passos você gerou o seu mapa colaborativo, qualquer pessoa que acessar o link poderá marcar novos pontos e gerar novas camadas. Um mapa infinitamente editavel. Copie o link, e espalhe sua ideia por aí!

LINK ESPALHE SEU MAPA!


Material de apoio para o projeto Cidade Vaga Desenvolvido por Tatiana Karpischek como parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Design da FAU USP orientado por Jorge Bassani

Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual CC BY-NC-SA Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam a você o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.