Revista Península Nº22

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Ano II - Nº 22 - abril de 2011

Revista

este exemplar é seu

Mães e filhos

EDIÇÃO DIGITAL | www.peninsulanet.com.br

O maior amor do mundo ASSAPE em ação É trabalho, é compromisso

Campanha Mundial Tudo Azul




editorial | Ex pediente

Presidente Carlos Felipe Andrade de Carvalho Diretor-Geral Joelcio Candido Gerente de Relacionamento Claudia Capitulino www.peninsulanet.com.br revistapeninsula@peninsulanet.com.br (21) 3325-0342 Revista Península é uma publicação

Diretor-Executivo Paulo Roberto Mesquita Diretora Administrativa Rebeca Maia Comercial Victor Bakker | victor@utilcd.com.br (21) 7898-7623 Editora Responsável Tereza Dalmacio | terezadalmacio@utilcd.com.br Editora Assistente Debora Rolim | debora@utilcd.com.br

Incondicional

N

ão está amarrado a nada. Não depende disso ou daquilo. É espontâneo, doce, eterno e visceral. A maternidade é dom divino, e talvez por isso este amor seja tão especial.

Ser responsável pelo crescimento, educação, cuidado de um ser tão indefeso é apaixonante. Cada etapa, da amamentação à formatura, é impressa na vida dessa mulher para sempre. E nada mais justo do que comemorar a vida, no amor de mãe. Um dia no ano – muito comercial, é verdade, mas uma oportunidade de dizer para quem vibra incondicionalmente por você: “eu te amo”. Não há presente no mundo que substitua carinho, colo, amor.

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Para fechar, fique com um ditado judaico, que resume muito bem isso: “Deus não pode estar em todos os lugares, e por isso fez as mães.”

Colaboradores Ingred Lindbeck Kika Menezes Fotografia Bruno Leão Roberto Sousa Revisão Tatiana Lopes Estagiárias Camila Alves Riane Tovar Projeto Gráfico, Diagramação e Direção de Arte Tati Piqué Rua Jornalista Ricardo Marinho, 360, sala 243 Barra da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ contato@utilcd.com.br utilcomunicacao.blogspot.com (21) 3471-6799



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Sumário 08 É de Casa 11 Meio Ambiente 14 Cantinho do Morador 18 Porta-Retrato 20 Dengue 26 Península Saneada 27 Dia Mundial do Autismo 32 Alerta aos Pais 35 ASSAPE em Ação 40 Páscoa Península

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ENTRE V ISTA | M ARINA HU NTER

É de Casa

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qui, você vai sempre encontrar uma cara conhecida, pode ser o seu vizinho, alguém que tenha um trabalho relevante, que se destaque em sua atividade e que resida na Península. E quem aparece no É de Casa da 22ª edição é a anglo-portuguesa Marina Hunter, que escolheu o Brasil para viver e a arte como um passatempo, que está rendendo frutos. Revista Península: Qual foi o motivo para vocês se mudarem para o Brasil? Marina Hunter: Morávamos em Portugal, em Lisboa, e na época da Revolução Portuguesa, decidimos mudar para o Brasil, já que o meu marido era anglo-brasileiro. Estou aqui desde 76, já são 35 anos no país.

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Revista Península: Então vocês vieram para o Brasil fugindo da revolução?

Marina Hunter: Nada. Foi uma revolução pacata, meu marido pegou o trem e foi para o centro ver o que estava acontecendo. Na época, fiquei preocupada. Mas ele disse que não havia nada, foi uma revolução muito pacata. Simplesmente uma troca de governo, do estilo Salazar para outro, que está em vigor. Segundo os meus irmãos que moram em Portugal, a economia do país não está muito bem, a vida está difícil. Na época


Revista Península: Pretende voltar a morar em Portugal? Marina Hunter: Não sei, é difícil, meus filhos insistem que sim, porque cada um mora em um lugar. Uma filha está na Filadélfia; outra, nas Ilhas Cayman. Outro, neste momento, está fazendo a Rota 66. Em Portugal, tenho dois irmãos e uma irmã que moram na Ilha da Madeira, mas todo mundo trabalha, cada um tem a sua vida. E ainda tenho uma irmã que mora em Nova Iorque e é decoradora de interiores. Ela está sempre viajando, nunca sei onde ela está (risos). Somos cinco irmãos espalhados pelo mundo. No entanto, adoro morar aqui, onde já estou estabelecida há bastante tempo, tenho minha vida, vários amigos, e ainda tenho os meus “filhos” – Suzy e Johnny.

Revista Península: E no Rio de Janeiro, do que mais gosta? Marina Hunter: Adoro passear na orla, mas não vou mais à praia porque é muito cheia. Antigamente, quando morávamos no Leblon, fazíamos muito piquenique no Recreio. Éramos os únicos na praia, não havia ninguém, agora nem se vê areia. Também adoro ir ao teatro, mas é um programa que infelizmente faço pouco, sinto falta. Há uma programação bem legal no Municipal a que quero assistir.

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do Salazar, era um país muito rico. Depois disso, acabou tudo. Mas ainda tenho muitas saudades de Portugal.

Revista Península: Qual foi a maior a dificuldade que enfrentou no Brasil? Marina Hunter: Era uma mulher muito independente, fazia e mandava fazer tudo, não precisava pedir licença para meu marido. E aqui Revista Península: E vocês sempre moraram no Rio de Janeiro? “É um povo fantástico, tive que enfrentar isso. Por exemplo, o eletricista somente fazia o serviço quanMarina Hunter: Sim. O Michael trabalhaque segue em frente, do ligava para meu marido, que autorizava como auditor na Souza Cruz. Eu parei e isso você não va o conserto. Estava habituado a cuidar de trabalhar depois que me casei e vim encontra em todos os de mim. Até que um dia esbravejei, fapara cá. Mas antes disso, eu havia trabalugares.” lei que não iria ligar para o meu marido lhado por 20 anos como secretária partiporque ele estava trabalhando, mandei cular. Muitas vezes saía de Lisboa e ficafazer o serviço, e eles me obedeceram. va três meses em Londres trabalhando por lá, para respirar um pouco, mas sempre voltava para Portugal, Outra dificuldade foi dirigir no Rio de Janeiro. O Michael dizia que eu deveria olhar para o Cristo, onde minha família mora. para saber se estava na direção certa. Como eu podia olhar para o Cristo, com duas crianças aos Revista Península: Do que mais gosta no Brasil? Marina Hunter: Não conheço muitos lugares aqui no Brasil. A úni- berros no banco de trás? Prestar atenção nas ca viagem que nós fizemos foi para o nordeste, em Recife, onde entradas era impossível. E também a comunicaparte da família do meu marido mora. Mas sinceramente o que ção, sobretudo com minha empregada, era bem mais gosto no país é do povo. O mundo pode cair aos pedaços, difícil. Eu usava termos de Portugal, e ela não que está todo mundo sorrindo. Pode ter lágrimas nos olhos, mas entendia nada. sempre com sorriso no rosto. É um povo fantástico, que segue em frente, e isso você não encontra em todos os lugares. O português Revista Península: E quando começou a pintar? está sempre chorando, com um semblante triste. Já o inglês não Marina Hunter: Foi ainda criança, com 6 anos sorri, é sério. Encontro essa característica do brasileiro na Filadél- de idade. Nessa época, tinha um professor. Mas fia, cujo povo também é bem animado. É uma cidade antiquíssi- também foi influência da família, porque meu pai e minha irmã mais velha pintavam por hobby. ma, cheia de história, e que adoro visitar.

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A arte é um passatempo muito prazeroso, faço quadros em aquarela, guache. Além disso, faço tapeçaria, bordo e adoro cozinhar. Revista Península: Algum artista te inspira? Marina Hunter: Não. Faço o que gosto. Estou em uma fase com borboletas, então tem borboletas espelhadas por todo canto (risos). Também gosto de pintar pássaros, me inspiro nos que pousam aqui na minha janela. Já houve uma fase também em que fiz quadros com as folhas secas que colhia pelo condomínio. Enfim, são momentos. Revista Península: Por que veio para a Península? Marina Hunter: Moramos na Lagoa durante 10 anos, depois nos mudamos para uma casa em Jacarepaguá, onde ficamos por 16 anos. Quando meu marido ficou doente, compramos este apartamento ainda na planta. Obviamente, ele já sabia que não tinha muito tempo de vida, e para eu não ficar sozinha, nos mudamos para cá, onde estou há cinco anos e meio.

“Já houve uma fase também em que fiz quadros com as folhas secas que colhia pelo condomínio. Enfim, são momentos.”

Revista Península: Do que mais gosta na Península? Marina Hunter: Gosto da paz, dos meus passeios na trilha com a Suzy e o Johnny. É um lugar calmo, bem tranquilo, onde eles podem correr à vontade.


MEIO AM B IENTE | FALTA D ’ ÁGUA Representando a ASSAPE, estiveram presentes o diretor geral, Joelcio Candido, a Conselheira Comunitária do Green Garden e Coordenadora da Comissão do Meio Ambiente, Marília Cavalcanti, e Alexandre Amaro, da Carvalho Hosken.

Cada um fazendo a sua parte... é possível

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igante pela própria natureza, o Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta: são 12% do total mundial. Apesar desse número, segundo o relatório apresentado em março deste ano pela Agência Nacional de Águas (ANA), em 2015 poderá haver escassez de água na maioria dos municípios brasileiros e também no Distrito Federal. Incluem-se nessa realidade as grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre, que representam 71% da população urbana do país – isto é, cerca de 125 milhões de pessoas. As causas são inúmeras: má gestão dos recursos hídricos, desperdício e ausência de saneamento básico. Mas pequenas ações e mudanças de hábitos podem alterar o curso desse prognóstico, como fechar a torneira ao se ensaboar durante o banho, consumir produtos de forma consciente – já que a água é utilizada durante o processo de fabricação –, não jogar lixo na rua, lagoas, rios e praias. E claro, sem esquecer as autoridades públicas, que também têm uma grande cota de contribuição através de políticas públicas de saneamento e regulação do uso do solo. E com essa preocupação de preservar as lagoas e rios do Rio de Janeiro do impacto das ações do homem, sobretudo na região da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, a ONG Lagoa

Viva realizou, no final de março, o 11o seminário em comemoração ao Dia Mundial da Água. O tema foi “Políticas de prevenção e adaptação para o enfrentamento de eventos climáticos e gestão de recursos hídricos na sub-bacia hidrográfica da Barra da Tijuca/Jacarepaguá”. O seminário foi divido em quatro painéis, em que palestraram representantes de diversas áreas envolvidas com a questão do meio ambiente. No início do evento, representantes da comunidade, de empresas e das autoridades locais envolvidas com a iniciativa sustentável receberam o protocolo do PACTO DE RESGATE AMBIENTAL, que trata de ações para a revitalização e conservação do sistema lacustre da região da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Em nome da ASSAPE, estiveram presentes o diretor geral, Joelcio Candido, a Conselheira Comunitária do Green Garden e Coordenadora da Comissão do Meio Ambiente, Marília Cavalcanti, e Alexandre Amaro, da Carvalho Hosken, que também foram contemplados com o documento.

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MEIO AM B IENTE | FALTA D ’ ÁGUA

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urante o seminário, foram expostos projetos, propostas e soluções, alguns já em execução – como o Centro de Operações do Rio de Janeiro e o sistema de alerta e alarme comunitário, que monitora as encostas e avisa sobre riscos de deslizamentos em dias de chuvas fortes, apresentado pelo engenheiro Luiz Otavio, diretor da GeoRio.

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Mas a preocupação não foi somente com as encostas. O ecólogo Mário Moscatelli chamou atenção também para o sistema de drenagem da região da Baixada de Jacarepaguá, que está asfixiado por macrófitas aquáticas, decorrentes do despejo de esgoto in natura e lixo nas lagoas. Mário Moscatelli iniciou sua palestra com a seguinte afirmação:

“Deus sempre perdoa, o homem algumas vezes, mas a natureza nunca. São seis milhões de metros cúbicos de degradação. Dizem os místicos que em 2012 o mundo irá acabar. Isso não sei, mas tenho a certeza de que, em 2016, o meio ambiente do Rio de Janeiro acabará se não nos conscientizarmos de que deve haver um resgate do sistema lacustre da Baixada de Jacarepaguá, da Baía de Guanabara e da Baía de Sepetiba, resultado de décadas de descaso. Acostume-se a viver na lama, no lixo e no esgoto, se a sociedade não se mobilizar e exigir da atual administração e das futuras uma solução.”


MEIO AM B IENTE | FALTA D ’ ÁGUA “Nós tentamos, a luta não é fácil, o sonho tem que ser coletivo, porque ninguém faz nada sozinho. Acho isso fundamental”, disse Donato Velloso.

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egundo o ambientalista, as principais causas da degradação são a ausência de ordenação do uso do solo, a ineficiente política de habitação e transporte, a discrepância entre a velocidade na ocupação urbana e a elaboração de uma infraestrutura básica de coleta de resíduo e saneamento. O que pode acarretar no assoreamento do sistema lacustre, na proliferação de cianobactérias e gigogas, deposição de resíduos sólidos, depreciação ambiental e econômica da região. Para este quadro se reverter, Mário Moscatelli propõe que haja políticas de saneamento, a instalação de Unidades de Tratamento de Risco (UTRs) e a dragagem, realizada através de geobags (bolsões que acondicionam dejetos). Essa ideia também foi apresentada pelo subsecretário de Estado de Projetos e Intervenções Especiais (SEA RJ), Antonio da Hora. O subsecretário relatou que estão sendo realizados diversos estudos para solucionar os problemas da Bacia de Jacarepaguá, e um destes projetos é a utilização de geobags, formando uma ilha artificial, que poderá ser reurbanizada. O processo funciona basicamente assim: o lodo é retirado da água,

inserido em uma máquina, que vai separar a areia (que está limpa) do material contaminado (argila e silte). A areia pode ser reutilizada para outros fins. O material contaminado é colocado dentro dos geobags, que drenam a água e compactam os sedimentos. A água, já limpa, volta para o local de onde foi retirada. Uma dessas ilhas seria instalada na Lagoa da Tijuca, em uma área assoreada, localizada em frente à Península. De acordo com Antonio da Hora, essa medida melhoraria a circulação da água e também atenuaria o odor naquela região. Mais do que apresentar soluções, o seminário também mostra o trabalho: “Nós tentamos, a luta não é fácil, o sonho tem que ser coletivo, porque ninguém faz nada sozinho. Acho isso fundamental”, disse Donato Velloso.

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E ntre vi sta | O lg arina Vei g a

Cantinho do Morador

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ste espaço também é seu. Aqui, você poderá publicar sua crônica ou poesia, contar algo relevante que fez, enfim, dividir com o seu vizinho um pouco da sua vida. Nesta edição, você vai conhecer a história de uma mulher, mãe, avó, artista: Olgarina Veiga é símbolo, é guerreira. A moradora da Península tem três filhos e mora no Style com um deles, o Miguel. É artista plástica premiada e nos conta um pouco da sua relação com seus filhos e de sua arte. Revista Península: Todos esses troféus na estante são seus? Olgarina Veiga: Sim, ganhei nas exposições de que participei pela Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais (ABD), e também na Academia Militar das Agulhas de Negras (AMAN), em Resende. E pela minha participação nas exposições da ABD, fui condecorada como Comendadora Grande Oficial – Grã-Cruz. Ademais, expus no Forte de Copacabana e em Portugal, onde doei um quadro para o museu do país, e ainda participei de exposições na Argentina e em Las Vegas.

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Revista Península: Quando começou a pintar? Olgarina Veiga: Meu filho caçula adorava as minhas pinturas em

tecido. Um dia, ele me instigou a comprar pincéis, telas e tintas. Como na época era modista e estilista, achei que eram muitas atividades para realizar. Então disse a ele que não queria; no entanto, ele insistiu, mas de uma forma tão carinhosa que cedi. Comprei o material e me matriculei em um curso. Porque meus filhos são tudo para mim. No curso, fiquei sabendo que era autodidata, só não conhecia a técnica de mistura de tintas, e acabei me apaixonando. Já pinto há 15 anos, e há pouco tempo fiz um curso de desenho fotográfico, com o professor


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Geraldo Aguiar, que também adorei. Revista Península: Que técnica utiliza? Olgarina Veiga: A minha técnica é óleo sobre tela, e meu estilo é o acadêmico. Revista Península: E o que seria estilo acadêmico? Olgarina Veiga: O estilo acadêmico retrata fielmente o que você está vendo, já os outros estilos não, pode-se camuflar. Acredito que gosto de retratar a realidade porque sou muito sincera e franca, falo o que sinto. Foi por isso que escolhi o estilo acadêmico. Revista Península: Que tema gosta de retratar? Olgarina Veiga: Adoro pintar flores, amo flores. Inclusive, estou fazendo uma tela com um tema da revista da Península, em cuja capa havia uns lírios, mas ainda não terminei. Revista Península: Tem algum artista em que você se inspira? Olgarina Veiga: Tenho admiração pelo trabalho do Oswaldo Teixeira. Gosto do estilo dele, mas não procuro ver as obras de outros artis-

tas. Porque se a arte estiver feia, fui eu que fiz; se estiver bonita, foi fruto do meu trabalho. E é claro, também gosto do estilo do meu professor. Revista Península: Além de expor, você também vende os seus quadros? Olgarina Veiga: Nunca me preocupei em vender, já doei vários dos meus quadros. Sou uma pessoa que não tem muita ambição. Na verdade, o que gostaria mesmo de fazer seria um leilão, e a renda poderia ser revertida para uma instituição de caridade. Ficaria mais feliz assim. Isso não quer dizer que sou rica. Revista Península: É impressionante a maneira como você fala sobre seus filhos. Olgarina Veiga: Quem me dera que todas as mães tivessem a felicidade de ter os filhos que tenho. Lutei muito para formar meus filhos. Quando fiquei viúva, meu caçula tinha 1 ano;

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o do meio, 3 anos; e o mais velho tinha 5. Trabalhei muito, costurava, era modista e estilista. Meu marido trabalhava na Justiça, então as minhas clientes eram as altas funcionárias do trabalho dele. Eu costurava e desenhava os vestidos para elas. A Casa Alberto e a Casa Sufi, na época, também me indicavam clientes, e com isso consegui formar meus três filhos. Quando o último se graduou na faculdade, disse que não precisava mais costurar, então desliguei a máquina. Eles sempre me deram prazer na vida, sei que fui uma mãe durona na forma de criálos, mas mesmo assim, meu filho caçula, Moacyr, me disse uma vez o seguinte: “Se tu não fosses a mãe que tu és, nós não seríamos os homens que somos”. E isso é gratificante. Revista Península: E qual a profissão dos seus filhos? Olgarina Veiga: O Moacyr é matemático, funcionário da Eletrobrás, mas depois ele fez faculdade de teatro, cinema e televisão. Ele é roteirista e também ator das peças que escreve. Até agora foram 4 peças, todas de comédia. A primeira foi “Condomínio quase perfeito”, depois “Até que as sogras nos separem”, “Quem vai ficar com a velha”, e a última foi “Pais criados, trabalhos dobrados!”. O Miguel é empresário, e o Ariberto é funcionário da CBF há muito tempo. Tenho muito orgulho deles.



por ta- r e tr ato | Mate r nid ad e

elas e suas crias Dia das Mães. o d ta s e F a d e Particip

08/05 às 9h

.e Manhã de sol.. ávia Fl lá vai mamãe eta cl ci passear de bi , com a filhota Francine.

A gente ri no m, sorriso dele. Assi a or ad Márcia, mor ita do Smart, aprove do ia a companh . pequeno Rafael

com a peuta, sempre ra te io fis , ia íc Patr gar no Mas antes de pe agenda cheia. omentos m s se spensa es di o nã e, nt te ba a filhota, Júlia. especiais com

Jandyse e Luisa, de num momento e. ad id ic pl m cu total Mãe, filha e . grandes amigas

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por ta- r e tr ato | Mate r nid ad e

rício Eh, calor! Mau se diverte no chuveiro. Mas a faz uma pequen a pr a, rr pausa na fa to fo sair bem na com a mamãe, Mariléia.

, Esse colo é meu é o esse sorris ãe meu... É a mam ha fil a Adriana, e Mariana, num de doce momento carinho.

“O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece a lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho.” Agatha Christie

rme A linda Juliana do jo como um an ãe enquanto a mam do a or Lúcia, morad a Excellence, faz su al. in at caminhada m

e Juliana se divert ica, ôn M , com a mãe do o no parquinh uita Lagoon Park. M ição, os sp alegria e di sempre.

M

aio vem aí, e com ele o Dia das Mães. Mas Dia das Mães é hoje, amanhã e depois. É rir, brincar, correr e saber que se tem ao lado a melhor pessoa do mundo: minha mãe.

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SERVIÇ O | TODOS CONTRA A DENG U E

Dengue: o que você precisa saber

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Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro disponibilizou diversas informações sobre a dengue. Vamos conhecer o que é mito e quais os erros sobre a doença.

A DENGUE NÃO TEM TRATAMENTO – MENTIRA! Esta é uma afirmação muitas vezes repetida (inclusive em publicações internacionais) e que muita gente pensa realmente que é verdade. Embora não exista antiviral capaz de reduzir a presença do vírus no sangue ou bloquear os mecanismos fisiopatológicos que conduzem ao choque e às hemorragias, isso não significa que a doença não possa ser combatida. A falta do antiviral pode ser compensada pela aplicação de um conjunto de conhecimentos que classificam o paciente de acordo com seus sintomas e a fase da doença, permitindo assim reconhecer precocemente os sinais de alerta, iniciando a tempo o tratamento adequado.

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PACIENTES COM DENGUE TIPO CLÁSSICO NÃO TÊM COMPLICAÇÕES – MENTIRA! Não é apenas a dengue do tipo hemorrágico que pode causar complicações aos pacientes. À dengue clássica também podem se juntar

(até mesmo com certa frequência) alterações das funções hepáticas, miocardite e outras cardiopatias, assim como problemas neurológicos, resultados do comprometimento do sistema nervoso central. Durante uma epidemia qualquer um com suspeita da doença, deve buscar orientação médica e ficar em observação durante o período febril até, pelo menos, 48 horas depois. NÃO HÁ NECESSIDADE DE VIGIAR OS SINAIS DA DENGUE APÓS O PERÍODO FEBRIL – MENTIRA! É um erro pensar que as complicações da dengue surgem durante o pico da febre. Na verdade, o período crítico coincide com a baixa da febre, quando pode ser constatada a hemoconcentração, com o surgimento dos derrames cavitários resultantes do extravasamento plasmático, com graves consequências clínicas. Posteriormente podem aparecer hipotensão arterial, baixo débito cardíaco, taquicardia, pulso fino e rápido, cianose periférica e choque. Isso pode ser


A PREVENÇÃO CONTRA A DENGUE DEVE SER FEITA APENAS: - Na erradicação de focos do mosquito - No tratamento aos pacientes com a dengue do tipo clássico MENTIRA! O trabalho de combate à dengue é muito mais extenso e pede a participação de toda a sociedade. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta que, durante as epidemias, o trabalho dos postos de saúde informando os pacientes e seus familiares sobre hidratação oral, medicamentos proibidos e, principalmente, sobre como identificar os sinais de alerta indicativos do agravamento da doença é de grande importância para conter os surtos. O trabalho dos médicos em postos de saúde permite também identificar precocemente casos que poderiam evoluir para formas mais graves da doença. O diagnóstico e o tratamento precoces podem salvar vidas. PARA EVITAR A MORTE POR DENGUE, É NECESSÁRIA A TRANSFUSÃO DE SANGUE EM ABUNDÂNCIA – MENTIRA! Se os sintomas da doença forem tratados precocemente e de

maneira adequada, serão poucos os casos de hemorragia da dengue que necessitarão de transfusão de concentrado de hemácias ou sangue total. Como o vírus da dengue produz anticorpos contra as plaquetas, a transfusão, em teoria, é inútil, já que as plaquetas transfundidas serão destruídas. Entretanto, quando há menos de 50.000 plaquetas/m3 de sangue e presença de sangramento, a transfusão de concentrado de plaquetas está indicada. PARA EVITAR A MORTE POR DENGUE SÃO NECESSÁRIOS RECURSOS MÉDICOS AVANÇADOS – MENTIRA! Na maior parte dos casos, o acesso a recursos médicos avançados é dispensável. O que é preciso mesmo é um serviço de saúde organizado e atuante, pessoas preparadas, condições mínimas de hidratação oral e venosa, comunicação eficiente etc. Somente nas formas mais graves, poderão ser necessários exames de tomografia computadorizada, ultrassonografia, técnicas de isolamento viral e outras tecnologias que, talvez atualmente, devam ser consideradas mais como recursos de rotina do que como recursos avançados.

SERVIÇ O | TODOS CONTRA A DENG U E

evitado se o doente ficar em observação clínica, especialmente no período após a queda da febre.


Sintomas

SERVIÇ O | TODOS CONTRA A DENG U E

DENGUE CLÁSSICA Febre alta com início súbito; forte dor de cabeça; dor atrás dos olhos, que piora com o movimento deles; perda do paladar e apetite; manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, principalmente no tórax e membros superiores; náuseas e vômitos; tonturas; extremo cansaço; moleza e dor no corpo; muitas dores nos ossos e articulações. DENGUE HEMORRÁGICA Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. A diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta: Dores abdominais fortes e contínuas; vômitos persistentes; pele pálida, fria e úmida; sangramento pelo nariz, boca e gengivas; manchas vermelhas na pele; sonolência, agitação e confusão mental; sede excessiva e boca seca; pulso rápido e fraco; dificuldade respiratória; perda de consciência. Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas.

Em caso de suspeita de dengue, sempre procurar, o mais rápido possível, o posto de saúde mais próximo. TRATAMENTO Ao ser observado o primeiro sintoma da dengue, deve-se buscar orientação médica no posto de saúde mais próximo. Só depois de consultar um médico, alguns cuidados devem ser tomados, como: manter-se em repouso; beber muito líquido (inclusive soro caseiro); usar somente medicamentos prescritos pelo médico, para aliviar as dores e a febre. A reidratação oral é uma medida importante e deve ser realizada durante todo o período de duração da doença e, principalmente, da febre. O tratamento da dengue é de suporte, ou seja, alívio dos sintomas, reposição de líquidos perdidos e manutenção da atividade sanguínea. Fonte: Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro http://www.riocontradengue.com.br



En tre vi sta | Cla ud ino do E spír ito S anto

Península saneada

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m entrevista a nossa Revista, o Gerente Regional Sul da Cedae, Claudino do Espírito Santo, explicou a importância e os benefícios da elevatória recém-inaugurada para o complexo lagunar e para a Península. O benefícios são muitos, entre eles, economia para os moradores e o meio ambiente mais saudável.

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Revista Península: Qual era a importância das Estações de Tratamento de Esgoto para o sistema lagunar? Claudino do Espírito Santo: Antes do emissário submarino e desse macrossistema que está em operação, todas as unidades habitacionais da região da Baixada de Jacarepaguá, da Barra da Tijuca e Recreio eram obrigadas a ter uma Unidade de Tratamento, Estações de Tratamento ou Estações Compactas, como era o caso da Península. Até mesmo em móveis menores, o tratamento era feito por fossa e filtro. As Unidades de Tratamento deveriam ser bem operadas e atender a legislação vigente, na qual o INEA (Instituto Estadual do Ambiente) regulamenta e estabelece os parâmetros para que esse esgoto, depois de tratado, possa ser lançado em um corpo hídrico qualquer. Após a inauguração, a Elevatória da Península irá receber todo o esgoto do condomínio e das construções no entorno. As ETEs não serão mais necessárias. Por essa razão, já

poderão ser desligadas. Revista Península: As ETEs eram eficazes no tratamento do esgoto? Claudino do Espírito Santo: Há Estações de Tratamento razoavelmente eficazes, e outras nem tanto. Quem fiscaliza a eficiência, analisando a qualidade do efluente que é lançado no corpo hídrico, e fornece a licença de operação dessas ETEs e a sua renovação é o INEA. Teoricamente, essas estações deveriam operar de acordo com a legislação e lançar um esgoto não poluente nas lagoas. Mas na prática, são poucas as que operam com eficiência. Dessa forma, é gerada uma alta carga de poluição ao sistema lagunar,



En tre vi sta | Cla ud ino do E spír ito S anto

ao lançarem esgoto mal tratado.

esgoto sai dos condomínios in natura direto para a malha coletora, e segue para uma bomba Revista Península: E quais são os benefícios para os condomínios que está localizada dentro da Península, antes e o meio ambiente com o sistema de esgotamento da Cedae? de chegar à elevatória. O esgoto trabalha por Claudino do Espírito Santo: Diminui-se o gasto do condomínio, já gravidade, não é como água, que trabalha sob que há um custo para operar a ETE, despesas de energia, manu- pressão. Então, para que o esgoto de todos os tenção e operação. Normalmente, os condomínios contratam uma prédios cheguem até a elevatória que fica em empresa para realizar esses serviços frente à Leroy Merlin, é preciso que na estação de tratamento. E para o seja bombeado. Se não houvesse Diminui-se o gasto do meio ambiente, o esgoto lançado é essa bomba intermediária, seria precondomínio, já que há mais bem tratado. ciso fazer um declive muito profundo, um custo para operar pois a distância é grande. E quanto a ETE, despesas de Revista Península: As ETEs da Pemaior é a extensão, maior será a proenergia, manutenção e nínsula serão desligadas aos poufundidade do declive, o custo ficaria cos, ou já podem ser desligadas muito alto. Com essa bomba, elevaoperação. Normalmente, imediatamente? se o nível do esgoto, que segue para os condomínios contratam Claudino do Espírito Santo: Todos a elevatória recém-inaugurada. Esta uma empresa para realizar os condomínios podem desligar ao lança o esgoto em um determinado esses serviços na estação de poço, sob pressão, através de um mesmo tempo. As instalações irão ter tratamento. outra funcionalidade, e caberá a cada tubo que chamamos de recalque, o condomínio adequá-las de forma a esgoto é empurrado até a Estação de atender aos moradores da melhor Tratamento da Cedae, onde é realizamaneira. Por exemplo, podem ser utilizadas para a captação de do o tratamento primário. Depois, esse esgoto água de chuva, ou no tratamento e reuso da água. segue para o emissário terrestre, que fica no Bosque da Barra. Por último, vai para o emissáRevista Península: Como fica o sistema de esgotamento da Penín- rio submarino, transforma-se em matéria orgâsula até o emissário submarino, ao desligar as ETEs? nica – isto é, comida para peixe – e é lançado ao Claudino do Espírito Santo: Sem as estações de tratamento, o mar, a 5 km da costa.


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Tudo azul

A

ONU – Organização das Nações Unidas – criou em 2008 o Dia Mundial do Autismo. A síndrome atinge mais de 70 milhões no mundo. No país, segundo a APAE, são quase dois milhões de brasileiros. Este ano, o Brasil teve diversos monumentos iluminados de azul, em homenagem à data, comemorada no dia 2 de abril, dentre eles o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; a Ponte Estaiada, em São Paulo; a torre da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. Em Portugal, monumentos e prédios, como a Torre dos Clérigos e a estátua do Cristo Rei em frente a Lisboa, também foram iluminados de azul. A campanha também se estendeu por países como Estados Unidos, Austrália, México, Espanha, Inglaterra, entre outros. Um movimento sensível, esclarecedor e que ganha força em todas as camadas da sociedade. Aqui na Península, fomos conversar com Denise Aragão, moradora do Bernini, que é formada em comunicação social e professora de inglês, mãe de João Pedro e Jorge. Ela se tornou uma “especialista” em autismo, após receber o diagnóstico sobre o João Pedro. Cansada da falta de informação sobre a o transtorno, foi à luta e resolveu se mobilizar.

Revista Península: Em que essa mobilização do dia 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ajuda para a compreensão da síndrome? Denise Aragão: A ONU instituiu essa data em 2008. É o quarto ano da campanha, e o primeiro em que conseguimos uma grande mobilização, não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil. Conseguimos chamar a atenção da mídia e das autoridades públicas. No dia 2, o Cristo e diversos outros monumentos no Brasil e no mundo foram iluminados com a cor azul. Falamos que conseguimos deixar o mundo um pouquinho mais azul. A Suderj aderiu à campanha, algumas crianças entraram com os times do Flamengo, Botafogo e Vasco em seus respectivos jogos. Ainda promovemos uma caminhada na orla do Leblon, da qual participaram cerca de 300 pessoas. Também tivemos a colaboração e o apoio da ASSAPE, que espalhou informativos e banners pelo condomínio. O movimento cresceu mais do que esperávamos. Queríamos alertar sobre a importância da necessidade do diagnóstico precoce, pois é uma síndrome que caminha silenciosamente ao não trazer nenhuma marca e traço. A ideia é levar informação sobre o transtorno e instruir sobre os sintomas que podem aparecer. Porque normalmente são informações distorcidas que geram generalizações. Por exemplo, já vi a mídia divulgando que o autista é aquele ser que vive no mundo próprio, quando se sabe que quem vive mundo próprio é o portador de esquizofrenia. O autista vive neste mundo, só que ele tem um jeito peculiar de ver, de perceber, de compreender, de sentir. Até porque muitos têm uma hipersensibilidade sensorial exacerbada, isto é, os sentidos de olfato, tato, visão, paladar e audição são muito sensíveis e, além disso, têm dificuldade de comunicação e de compreender metáforas. Revista Península: E vocês fizeram reivindicações para as autoridades públicas? Denise Aragão: Estabelecemos uma série de prioridades que vamos encaminhar ao senador Cristovam Buarque, que são: a inclusão na

escola – mesmo sendo garantida por lei, na prática esbarramos com muitas dificuldades; tratamento multidisciplinar através do Sistema Único de Saúde (SUS); a criação de lares para indivíduos autistas, que, embora tenham recebido tratamento, não adquiriram um grau de independência suficiente para morarem sozinhos. Outra reivindicação importante é a exigência da qualificação dos pediatras para diagnosticar possíveis sintomas, pois em 70% dos casos de autismo, é possível verificar algum sintoma entre o nascimento e o primeiro ano de idade.

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São crianças que não querem ficar no colo, preferem ficar deitadas no berço, sozinhas. São crianças que muitas vezes não choram, não dão trabalho, não requisitam atenção nem por fome ou outra necessidade. Muitos pais de primeira viagem confundem e acreditam que o filho é tranquilo, o que na verdade pode ser um indicativo. Os outros 30%, caso do meu filho, se desenvolvem a partir dos 24 meses de idade. Então, reivindicamos a implantação de políticas públicas específicas para os portadores da síndrome. Para se ter uma ideia, há no Brasil mais crianças autistas do que o somatório de crianças portadoras de AIDS, diabetes e todos os tipos de câncer infantil. São dois milhões de autistas no Brasil; no mundo, 70 milhões. É uma estatística não oficial. Por não existir parâmetro aqui no Brasil, seguimos o norteamericano – registrado pelo CDC (sigla em inglês para Centro de Controle e Prevenção de Doenças) –, que é de 1 para cada 110 crianças. Revista Península: A partir de que momento você percebeu que o comportamento do seu filho havia mudado? Denise Aragão: Observei que o chamava, e ele não respondia. A primeira atitude que eu tomei – e que a maioria dos pais que conheço também tomou – foi procurar um otorrino. Ele fez o exame de audiometria, e foi tudo normal. Então percebi que, embora eu o chamasse pelo nome e ele não respondesse, se caísse um copo muito distante, ele procurava de onde vinha o som. Então ele ouvia. Junto com isso veio o isolamento social, era uma criança que brincava e interagia, depois queria ficar sozinha, ia para o quarto, fechava a porta. Interagia às vezes somente com o irmão, e as brincadeiras se tornavam repetitivas. Muitas crianças têm fixação por rodinhas, ficam girando. Eles não brincam com a função adequada do objeto, usam para outra brincadeira que supostamente apresente maior interesse. Percebi também que meu filho tinha horror à quebra de rotina, então pensei que poderia ser TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo. Observei que ao trocar um porta-retrato ou um arranjo de lugar, ele ficava incomodado demais. Além disso, a comunicação dele estagnou, e não havia mais contato ocular. Era como se não estivesse te vendo, não estivesse te percebendo, é um olhar vazio. Ou seja, foi um conjunto de sintomas que alterou o comportamento dele.

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Revista Península: Que dificuldade enfrentou no diagnóstico do seu filho, João Pedro? Denise Aragão: O autismo é uma desordem neurobiológica, então existem alguns fatores que contribuem para dificultar o diagnóstico. O primeiro é que não há um traço físico ou marca, nem um exame complementar que possa detectar o autismo, atualmente. O diagnóstico é feito com base no comportamento da criança, na observação clínica e no relato que a mãe leva ao consultório. Nos Estados Unidos, é realizado um teste, que queremos trazer para o Brasil, chamado NOME. Ele é realizado por volta de 5-7 meses de vida. O bebe é posto sentado sem que a mãe esboce nenhuma reação gestual, ela chama a criança, para que ela vire em direção à mãe. Com esse teste, foi possível detectar que, das crianças que não responderam, grande parte desenvolveu algum tipo de espectro do autismo. Porém, isso não quer dizer que toda criança que não olha ao ser chamada seja autista. É mais um indicativo, pois o teste não é 100% eficaz. Além disso, uma boa parte dos pediatras não está preparada para reconhecer os sinais da síndrome, principalmente quando são muitos sutis, como é o caso do meu filho. Ele tem um grau de autismo bastante leve. A partir do momento em que desconfiei, comecei a pesquisar sobre o assunto. Levei o João Pedro há 7 especialistas, que não perceberam

nada diferente nele. Só que eu percebi que ele já tinha mudado, via fotos e me incomodava: eram duas crianças completamente diferentes. E em dezembro, tive o resultado, quase um ano depois que iniciei essa busca. E, infelizmente, esta minha história não é exceção. Ele começou o tratamento com a Doutora Carla Gikovate, que é um referência no assunto e com quem já estou há 4 anos. Revista Península: E como foi para você quando recebeu o diagnóstico de que seu filho era autista? Denise Aragão: Como já estava sofrendo ao longo de todo o ano de 2006 e já buscava desesperadamente uma resposta, me sentia como andando em círculos, quando o médico disse que o meu filho tinha 80% de chance de ter algum grau dentro do espectro autista. Revelei para ele que era a reposta a que tinha ido buscar. É claro que eu seria a última pessoa do mundo que gostaria de escutar esse diagnóstico para meu filho. Mas para mim foi um alívio, pois agora tinha o aval de um profissional. Minha busca havia chegado ao fim, e era o começo de outra busca: o tratamento, um caminho que sabia que seria longo. Qualquer pai ou mãe, assim que ouve um diagnóstico, tem o seu momento de luto. É necessário passar por esse momento. Mas quando falo “luto”, não é o luto pela morte de um filho. O que morre nesse momento são suas expectativas em relação aos seus sonhos para seu filho. Mas com essa criança, vêm novas expectativas, um mundo totalmente novo, que vamos aprender a conhecer e amar. Existe vida depois do diagnóstico de autismo, então é necessário que a pessoa viva o luto, mas passe do luto para a luta, porque a aceitação da família é fundamental. Se pudesse deixar uma mensagem, seria a filosofia dos três “As” que eu inventei. O primeiro seria a Aceitação, depois Assumir a criança perante as pessoas, assumir que ela tem uma condição diferenciada, não a tornando inferior a ninguém. E o último “A” é o Amar incondicionalmente o seu filho. Amar antes de tudo e acima de tudo. Evitando os “Se”, se ele pudesse fazer isso; se ele pudesse falar; se ele pudesse... O “Se” não existe, é uma condicional do passado que prende a um sentimento ruim. Não importa o que ele não possa fazer, ainda, meu filho já desenvolveu várias atividades. É preciso olhar para o indivíduo com autismo muito além do que ele não pode fazer. Tem que olhar com olhos do que ele pode fazer e focar na capacidade dele. Revista Península: Que tratamentos o João Pedro realiza? Denise Aragão: O João Pedro faz tratamento com uma fonoaudióloga, exercícios psicomotriaciais – importantes para a linguagem corporal –, terapia cognitiva comportamental individual e em grupo, além de ter uma psicopedagoga, para reforço escolar. É uma equipe multidisciplinar.


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outora Carla Gikovate é a médica do João Pedro. Neurologista formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), possui mestrado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC) e especialização em Educação Especial Inclusiva. Ela fala sobre diagnóstico, cuidados e sintomas do autismo.

Revista Península: Não há um exame específico para se diagnosticar uma criança com autismo. Como os pais podem identificar se o seu filho é portador da síndrome, e que outros exames podem ser solicitados para ajudar no diagnóstico precoce? Dra. Carla Gikovate: O diagnóstico de autismo é clínico. Os pais devem procurar o pediatra da criança e dividir as suas preocupações ou procurar um médico especializado em desenvolvimento para verificar melhor o real peso das dificuldades observadas no seu filho. Quanto a exames complementares, nenhum define o diagnóstico de autismo. Os exames servem somente para tentar encontrar possíveis causas para o quadro de autismo, porém vale a pena dizer que essas causas são encontradas somente em uma minoria das crianças (menos de 30%) com os exames disponíveis atualmente. É importante também ressaltar que, embora muitas crianças com

autismo pareçam não escutar, é preciso ter certeza de que essa criança não escuta bem. Dessa forma, é recomendada a realização de exames como o BERA ou a audiometria. Revista Península: No que consiste o autismo? Quais os sintomas mais frequentes do portador da síndrome? Dra. Carla Gikovate: Autismo atualmente é visto como uma desordem neurobiológica caracterizada por uma tríade de prejuízos nas áreas de interação social, comunicação e padrões repetitivos de comportamentos e interesses. Tais comportamentos podem variar quanto ao grau

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de acometimento, caracterizando um spectrum de severidade (espectro autístico). Os sintomas mais frequentes são atraso para começar a falar ou dificuldade para manter diálogo e para narrar fatos do dia a dia, como fazem outras crianças de sua idade. Dificuldade para se socializar com outras crianças de sua idade, comportamento metódico, apego a detalhes da rotina e “paixão” por determinados assuntos ou objetos (ex. ventiladores, dinossauros, motores de carros, cenas de filmes etc.). Além disso, a maioria das crianças apresenta também desconforto sensorial com barulhos (fogos de artifício, furadeira ou estouro de balão de festas) e pavor em situações como cortar cabelo ou unhas. Revista Península: Qual a causa para ocorrência do autismo? Há predisposição para a síndrome? Dra. Carla Gikovate: A medicina ainda não dispõe de uma boa explicação para a ocorrência do autismo, mas estamos caminhando neste sentido. Sabemos que existem alterações genéticas (várias) associadas aos quadros de autismo, assim como uma variedade de doenças como alterações no cerebelo, doenças como esclerose tuberosa ou rubéola congênita. O que ainda não sabemos é: como essas diferentes causas levam ao quadro de autismo? Não sabemos se existe um mecanismo comum para todas ou se existem subgrupos de causas correlacionadas com subtipos de autismo. É importante reforçar que, no momento, não encontramos alterações nos exames na maior parte das crianças. Portanto, ainda faltam muitos esclarecimentos. Revista Península: Há graduação na intensidade dos sintomas?

Dra. Carla Gikovate: Com certeza. Temos portadores de autismo que nunca virão a desenvolver fala (em torno de 25%) e outros com ótima habilidade cognitiva e com nível superior. Assim, pode-se notar como as intensidades dos sintomas variam. Revista Península: Qual o tratamento recomendado? Dra. Carla Gikovate: Procurar profissionais treinados e com experiência na área de autismo. Existem fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos especializados em autismo. Para cada caso, monta-se a equipe ideal. Mais é fundamental deixar fique claro que boa vontade é importante, mas não suficiente. É necessário que o profissional tenha conhecimento para trabalhar com autismo Revista Península: Por que a síndrome atinge mais meninos do que meninas? Dra. Carla Gikovate: Esse fato se deve possivelmente a alterações genéticas, já que os meninos só têm um cromossomo X, ao passo que as meninas possuem dois. Caso exista uma doença relacionada ao cromossomo X (como ocorre no autismo, pelo menos em parte dos autistas), o fato de as meninas terem dois X as protegeria da doença (é como se um dos X contrabalançasse a alteração do outro), o que não poderia ocorrer nos meninos.



Es c ola | S aú de das c r ian ça s

Seu filho não carrega muito peso?

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odos os anos ouvimos e vemos na mídia especialistas alertando para o peso das mochilas que as crianças e jovens carregam para a escola. A pauta é batida, mas o problema parece que é eterno.

socorro do hospital têm lesões causadas pelo uso inadequado da mochila. Esse número não se restringe apenas a lesões na coluna, também representa 19 tipos de lesões no ombro.

E é sempre a mesma orientação: o ideal é que a mochila tenha apenas 10% do peso corporal da criança e duas alças para evitar a sobrecarga num dos ombros.

Não é apavorante? Portanto, atenção dobrada. Se seu filho anda reclamando de alguma dor, leve-o a um especialista e veja também se tudo que está dentro da mochila é realmente importante para o seu dia a dia.

Uma pesquisa americana feita no Cincinnati Children’s Hospital analisou que 23% das crianças com entrada no pronto-


Escolha bem a mochila • As mochilas devem ter duas tiras para distribuir o peso da melhor forma. • As tiras devem ser preferencialmente acolchoadas e ajustadas de forma que a mochila fique rente ao corpo. • A largura da mochila não pode ser maior que o dorso da criança e não deve ter ultrapassar a cintura dela. • Prefira as mochilas com poucos bolsos, assim a criança não terá muitos compartimentos, o que é sempre atrativo para carregar objetos desnecessários e pesados.

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Dicas importantes:



ASSAPE E M AÇ ÃO

ASSAPE em Ação

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trabalho da Associação Amigos da Península está espalhado pelos quatro cantos da Península. A equipe de manutenção pinta, prega, constrói, faz, refaz, reforma, remodela, deixa tudo melhor e mais bonito para você e sua família. Cada serviço, minuciosamente planejado e administrado com transparência e a participação de muitos moradores. Nesta Edição, vamos mostrar as áreas de recreação.

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ASSAPE EM AÇ ÃO

“No setor de manutenção, foi contratado um profissional experiente na área, que já imprime mudanças significativas na rotina da ASSAPE. O serviço é padronizado, registrado, e os dados armazenados. Tudo começa com uma requisição. Para cada serviço, é aberto um documento, em que há o detalhamento de todo o processo. Desde a minha chegada, já foram realizados 326 serviços de manutenção. A equipe é formada pela chefia do setor, 1 eletricista, 1 pedreiro, 1 bombeiro e 4 ajudantes. Equipe enxuta e produtiva. Assim, quebramos paradigmas e mostramos que, com organização e padrão, é possível fazer mais e melhor. Com todo este monitoramento do trabalho e com os resultados, saberemos se este número é suficiente para toda demanda, mas até o momento funciona, e bem. Fica mais um registro: todas as atas de reuniões das comissões estão disponíveis no site da Península. Livro aberto para cada morador da Península. A transparência é a nossa linha condutora aqui na ASSAPE. Há também o registro fotográfico – antes e depois – de cada serviço realizado.” Trecho da entrevista do Sr. Joelcio Candido, diretor geral da ASSAPE, na Edição 14. O que foi planejado está sendo executado. O texto acima demonstra o comprometimento da Administração da ASSAPE com cada família da Península. O que foi dito é feito. Vamos ver as mudanças nas áreas de recreação. Os equipamentos de recreação e ginástica do Green Park, Lagoon Park, Park Gauguin e Trilha passam por reformas – um total de 149.

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Brinquedo Aquarius

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EQUIPAMENTOS REFORMADOS


ASSAPE EM AÇ ÃO Equipamento de ginástica

1.663 m de ciclovias

Além dos equipamentos de ginástica e dos brinquedos das crianças, as ciclovias do Green Park e do Lagoon Park também estão sendo totalmente reformadas. Reafirmando o que foi dito pelo diretor geral da ASSAPE, Joelcio Candido: todas as informações sobre as obras realizadas na Península estão disponíveis no site www.peninsulanet.com.br.

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E nsaio E sporti vo | Futeb ol

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Que emocionante, ĂŠ uma partida de futebol


E nsaio E sporti vo | Futeb ol

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o Brasil, que menino não sonha em ser um grande craque do futebol? A paixão é nacional e lota as escolinhas. Sonhar é bom, mas jogar bola com os amigos é melhor ainda. Assim, essa turma de pequenos atletas ouve atentamente as explicações do professor e mostra raça em campo. Corre, pula, sua a camisa e marca gol.

“Bola na trave não altera o placar Bola na área sem ninguém pra cabecear Bola na rede pra fazer um gol Quem não sonhou ser um jogador de futebol?” Skank

“O meio campo é lugar dos craques Que vão levando o time todo pro ataque. O centroavante, o mais importante. Que emocionante, é uma partida de futebol!” Skank

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PÁS C OA | PEN Í NS ULA

Chuva de chocolate

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Páscoa tem um sabor especial, e a chuva foi só um tempero a mais, para os moradores que foram prestigiar o evento no último dia 24.

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Debaixo da tenda do circo não faltou animação, a molecada pintou, se divertiu com a dança das cadeiras, e até os adultos entraram na brincadeira de adivinhar qual era música. Foi a festa da família... e, é claro, do chocolate, com a distribuição de

ovos de Páscoa, e também da solidariedade. É que a ASSAPE, mais uma vez, trabalhou com responsabilidade social e doará ovos de chocolates para uma instituição de caridade. A Associação Amigos da Península e você, morador, é a soma que se multiplica em boas ações.



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3471-6799




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