Estudo de Caso: Edifício Japurá

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Conjunto Residencial JapurĂĄ

Material elaborado por: Ariel Kegler, LetĂ­cia Albarello, Mariana Aguiar, Michelli Wodzicki e Taynara Christmann


Conjunto Residencial Japurá Contexto histórico, localização e informações técnicas

No período entre 1930 e 1945, a habitação social no Brasil foi considerada condição básica para a reprodução da força de trabalho, visando a industrialização do país. A partir disso, houve a criação de vários institutos, dentre eles o IAPI que ajudou a empregar projetos com os princípios da “l’unité d’habitation”, criado por Le Corbusier. Seguindo os princípios do projeto citado acima, foi que o edifício Japurá foi projetado em 1945, pelo arquiteto Eduardo Kneese de Melo, com ajuda de Roberto Burle Marx, que ficou responsável pelo paisagismo, e teve sua obra finalizada em 1952. Este encontra-se em um terreno irregular, no vale do córrego bexiga, região desvalorizada ao sul de São Paulo. o mesmo teve a intenção de atender os industriários que trabalhavam na região central, facilitando o trajeto residência-trabalho. Foi construído no local onde havia o maior conjunto de cortiços de São Paulo, sua promoção estava relacionada também com a renovação do centro da cidade, lhe conferindo caráter higienizador e de controle social.

Funcionalidade e dinâmica da edificação

Implantação

O terreno no qual o edifício foi implantado possui dimensões reduzidas, com isso, o arquiteto projetou-o de forma linear, acompanhando o mesmo. Segue princípios modernista, com pilotis, janelas horizontais, terraço jardim, forma pura e também no conceito de habitação mínima, buscando melhor aproveitamento do solo com economia e racionalidade.


Conjunto Residencial Japurá Funcionalidade e dinâmica da edificação No pavimento térreo, na face alinhada com a Rua Japurá, há algumas salas que abrigam comércio e serviços, com intuito de suprir as necessidades aos moradores do prédio como; mercearia, farmácia, restaurante, etc. As 310 unidades habitacionais criadas possuem duas tipologias, uma com dois dormitórios (288 unidades), duplex, com área social no primeiro andar e íntima no segundo, e uma kitnet (22 unidades), destinadas a pequenas famílias e trabalhadores solteiros (as).

Planta baixa 1° pavimento

Os apartamentos duplex se distribuem ao longo de um corredor central, que acompanha a leve curvatura do edifício, exceto na face sul que é ocupado por um único apartamento. A cada 2 apartamentos existem poços de iluminação e ventilação, com intuito de deixar os ambientes com maior salubridade, já que os mesmos são bem pequenos impossibilitando aberturas voltadas para o exterior em todos os cômodos.

Planta baixa 2° pavimento


Conjunto Residencial Japurá Funcionalidade e dinâmica da edificação

Corte das kitnet e salas comerciais e fachada do edifício ao fundo

Kitnet

Pavimento íntimo Pavimento social

Foram usados concreto, alumínio, vidro e painéis de madeira. A estrutura é composta pelo sistema pilar/viga, com pilares e pilotis que acompanham a implantação do edifícios. A vedação é totalmente independente da estrutura com as paredes acompanhando a disposição dos pilares. Na fachada, os pilares são destacados com pastilhas cerâmicas de cor clara, as demais superfícies da fachada são revestidas também de pastilhas cerâmicas, porém de cor acinzentada. Isso tudo somado às aberturas horizontais formam uma composição de cheios e vazios que gera regularidade e simetria.


Conjunto Residencial JapurĂĄ Lugares primitivos Onde ocorrem as atividades fundamentais da vida.

Planta baixa duplex andares Ă­mpares

Planta baixa duplex andares pares

Planta baixa kitnet


Conjunto Residencial Japurá Arquitetura como identificação do lugar e arte de emoldurar e estruturar Entendendo a importância das construções na hora de conformar um espaço, podemos observar a imponência do edifício em questão, primeiramente em relação a sua volumetria. Sua forma linear e levemente curvada, marca a inserção do edifício no centro da cidade, uma vez que era a maior construção do entorno na época da sua construção, tanto em altura quanto em extensão. Além disso a fachada com as salas comerciais criava uma relação com a rua e o jardins criados geravam um ambiente agradável de convivência. Nesse momento, o edifício era um marco visual e potencial ponto de referência. Atualmente, com o estado de conservação ruim e vários outros edifícios da mesmo altura ou até maiores, o residencial Japurá não possui mais as mesmas relações do que aquelas da época da sua construção, entretanto, seu formato diferenciado e paisagismo marcante, ainda configuram uma identidade marcante para o local de sua implantação. Na visão do pedestre não morador, o edifício não se destaca ou chama atenção, já que está implantado no miolo da quadra e outros edifícios ou vegetação bloqueiam a visão.


Conjunto Residencial Japurá Aproveitamento de coisas existentes e elementos com mais de uma função

O terreno ocupado para a construção já era utilizado para habitação popular, onde se localizava o maior conjunto de cortiços de São Paulo, fora isto, as construções anteriores neste terreno foram totalmente destruídas segundo a intenção de "higienização". A utilização dos apartamentos duplex atendem duas demandas importantes: a separação da área social e íntima da habitação, dando mais privacidade à família, considerando a pequena área dos apartamentos; e principalmente o barateamento dos gastos devido à minimização das áreas de circulação geradas a partir dos duplex. A cada dois pavimentos a área de circulação é diminuída pela metade, assim como a parada dos elevadores. A redução de 50 cm nos pés-direito a cada dois pavimentos (já que o código de obras definia o pé direito mínimo para salas de estar de 2,5m e para dormitórios de 3m) gerou diversas vantagens, sendo as principais delas o aumento de 2 andares dentro do gabarito determinado pelo código de obras, a economia de mais de 12 mil m³ de construção (comparado a um edifício que fosse projetado com 2 andares a mais e 3 m de pé direito com corredor em todos os pavimentos). O edifício foi implantado afastado da via principalmente porque o código de obras limitava a altura dos edifícios construídos no alinhamento da rua a uma vez e meia a largura da via. A rua Japurá tem apenas 13m, portanto a altura máxima do edifício seria apenas de 19,5 m (6 pavimentos). Esse afastamento na implantação gerou o aproveitamento das áreas livres para áreas sociais e salas de comércio e serviços, dando melhor qualidade de vida dos moradores.

Imagem quete do edifício, mda maostrando o afastamento da via.

Cortiços antes da construção do edifício Japurá.


Conjunto Residencial Japurá Elementos básicos ●

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O edifício Japurá encontra-se no antigo vale do córrego Bexiga, que era uma das regiões mais acidentadas do entorno do centro histórico da cidade, O terreno do edifício possui 6910 m², e 28.248,81 de área construída, sua taxa de ocupação é de 58%. Tendo sido construído abaixo do nível das ruas que o contornam, o acesso ao Edifício se dá por meio passarelas que remetem as passagens que interligavam os diversos edifícios dos cortiços antes existentes no local. Para oeste, entre os blocos, foi projetado um espaço mais livre com jardins, equipamentos coletivos, e também uma área de recreação infantil. A cobertura, projetada pelo paisagista Roberto Burle Marx, abrange um terraço jardim e possui um traçado orgânico Anos após a finalização da construção, foi construído o Edifício Visão na esquina da Rua Japurá com o Viaduto Jacareí, bloqueando o olhar de grande parte da edificação projetada por Eduardo. Somado com o fato de estar inserido num lote considerado pequeno para a região central de São Paulo, o edifício acabou ficando, oculto na paisagem urbana

Edifício Japurá

Praça Kobayashi

Entre blocos

Edifício Visão


Conjunto Residencial Japurá Elementos modificadores Uso O uso do edifício é predominantemente residencial, com algumas salas comerciais no térreo, as quais foram pensadas considerando a proximidade dessa fachada com a rua. Seu uso predominantemente residencial veio da necessidade de proporcionar um lugar adequado de moradia para as pessoas que trabalhavam próximo ao centro da cidade, entendendo que habitar não significa apenas ter um lugar para dormir, mas sim ser próximo ao trabalho, escolas, ter acesso à saúde e educação.

Escala A edificação possui 18 pavimentos, com 245 unidades habitacionais, com sete tipologias diferentes.

Propriedades e textura dos materiais A estrutura foi construída com pilares e vigas de concreto e seu fechamento foi feito completamente independente da estrutura. Os materiais mais utilizados em todo o edifício foram concreto, alumínio, vidro e painéis de madeira. Embora os materiais tenham sido utilizados com um viés econômico, em alguns momentos eles também foram utilizados pensando-se na estética, e harmonização dos volumes. O desenho dos pilares complementa o desenho da fachada principal, os quais foram destacados com pastilhas cerâmicas de cor clara e o restante da fachada com pastilhas cerâmicas de cor acinzentada. A composição dos materiais com a estrutura e as aberturas criou uma fachada simétrica com cheios e vazios.

Luz e movimento do ar Para solucionar a ventilação dos corredores e dos banheiros, foi criado um poço. As aberturas proporcionam uma iluminação adequada para os apartamentos, contudo, devido ao polígono do terreno, sua orientação não proporciona as melhores condições de incidência solar


Conjunto Residencial Japurá Transição, hierarquia e coração O jardim presente em sua fachada principal pode-se considerar como um ponto de transição, da rua para edificação. O corredor central dos andares configura uma espécie de coração da edificação, já que ele atravessa todo o edifício e conecta os apartamentos. Hierarquicamente a edificação não possui planos em destaque, com exceção de sua cobertura que se sobressai da edificação com suas curvas. O corredor central é ponto hierárquico nas plantas.


Conjunto Residencial Japurá Geometria ideal e do ser

Espaço, Estrutura e Estratificação

A geometria da edificação trata-se de uma forma pura, um bloco retangular extenso e estreito sob pilotis com uma leve curvatura afim de acompanhar o relevo. Possui altura considerável mas por não estar ao nível dos olhos do pedestre não é tão perceptível. De fato o que causa mais impacto na edificação é sua extensão. As janelas na horizontal criam um malha de cheios e vazios, tornando a fachada simétrica e regular

O edifício possui 14 andares. Nos pavimentos concentram-se apartamentos duplex, ao todo são 282. A estrutura é composta por pilares e vigas com paralelas de pilares que acompanham a implantação; O fechamento é independente da estrutura; O mesmo acontece com o bloco secundário.


Conjunto Residencial Japurรก REFERร NCIAS Imagens retiradas dos sites:

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.031/724 https://www.arquivo.arq.br/edificio-japura https://pt.slideshare.net/williandesa35/eduardo-kneese-de-melo-edificio-japur https://chc.fau.usp.br/japura.html https://www.google.com.br/maps/ https://www.arquivo.arq.br/edificio-japura https://chc.fau.usp.br/japura.html https://pt.slideshare.net/williandesa35/eduardo-kneese-de-melo-edificio-japur https://www.vivareal.com.br/imovel/apartamento-2-quartos-bela-vista-centro-sao-paulo-com-garagem-74m2-venda-RS460000-id-1985475502/?__vt=rp mcmv:a


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