Estudo de caso
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Estudo de caso: tratamento da Coleção Fernando Duarte
A incorporação da Coleção Fernando Duarte ao acervo
a partir daí, foi sequencial. Após um momento de Estudos
da Cinemateca Brasileira coincidiu com o desenvolvimento,
preliminares e planejamento, foi definida uma linha de ação,
pela instituição, do Projeto de Preservação e Difusão do
que consistiu em seis outras etapas: Ações de conservação
Acervo Fotográfico da Cinemateca Brasileira. Patrocinado pela
preventiva; Catalogação primária; Digitalização; Sistematização
Petrobras, o projeto vinha se desenrolando desde setembro de
dos metadados; Processamento digital; e Banco de imagens.
2008 e já tinha alguns de seus parâmetros técnicos definidos.
A convivência com Fernando Duarte e sua participação na
O conjunto documental encontrou, por um lado, esse momento
identificação dos materiais e das imagens fotográficas – em
institucionalmente propício, mas, por outro, exigiu as atenções
lotes ou individualmente – foram decisivas para o sucesso da
e cuidados específicos que requer toda coleção pessoal, pois
experiência, sem as quais a contextualização e o entendimento
formada ao longo de 50 anos traz muitas marcas, citações e
dos objetos não teriam a mesma riqueza.
remetências. Informações de grande valor, que não deveriam ser
Este Estudo de caso, redigido conjuntamente pelas equipes
ignoradas ou perdidas.
que participaram do processo, resume as decisões e ações
A organização da coleção começou por um esforço de
tomadas ao longo de quase dois anos de trabalho. Esperamos
compreensão de sua lógica de guarda original. O trabalho,
contribuir e dialogar com os colegas brasileiros e estrangeiros que se dedicam à gestão de acervos, em maior ou menor grau, de forma profissional ou amadora.
Caixa de isopor com os materiais que chegaram à Cinemateca contendo o primeiro lote da coleção
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Diversidade de materiais – cópias-contato, recortes de jornais, negativos e cópias
Estudos preliminares e planejamento Os materiais chegaram à Cinemateca em três lotes sucessivos, entre dezembro de 2009 e novembro de 2010, o que trouxe desafios adicionais ao trabalho, pois apenas depois de 11 meses obteve-se realmente uma visão de conjunto, tanto dos materiais, quanto das especificidades do seu tratamento. Vale lembrar, entretanto, que situações como essas são comuns na lida com a organização de acervos, território marcado por fragmentações e
Situação dos materiais recebidos
lacunas de todo tipo.
No geral, os materiais fotográficos encontravam-se
A primeira etapa do trabalho foi a avaliação dos materiais,
acondicionados em embalagens e porta-negativos
seguida de identificações iniciais. Além de uma classificação
confeccionados em papel manteiga, comuns até o início
tipológica, foi necessária uma classificação dos diferentes
de 1990, que pelo seu pH ácido estavam muito amarelados,
estágios de conservação dos suportes. Foram identificados
podendo prejudicar as fotografias. Inscrições a caneta e uso de
negativos (em cores e em preto e branco) em 120 e 35mm
fitas adesivas também eram muito frequentes, contribuindo
(materiais flexíveis, com suporte em acetato de celulose);
para o processo de degradação dos suportes. As ampliações
diapositivos coloridos em 120 e 35mm (materiais flexíveis, com
fotográficas em papel e as cópias-contato estavam agrupadas
suporte em acetato de celulose); ampliações (em cores e em
sem entrefolhamento ou mesmo soltas, e continham inúmeros
preto e branco) em papéis de fibra e resinados, em formatos
vestígios de manuseio, riscos, marcas de dobras e vincos. A documentação não-fotográfica apresentava também
diversos que variam de 12 x 18cm a 18 x 24cm; cópias-contato de
marcas de dobras, rasgos e de ataques de insetos, e estava
negativos; recortes de jornais e revistas; cadernos de anotação.
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misturada a negativos e papéis fotográficos. As caixas vieram de
pincéis com cerdas macias e sopradores para remover partículas
Brasília, onde Fernando Duarte vive. Apesar do seu clima seco, a
e poeiras de cada peça; máscaras e luvas de algodão ou látex para
cidade sofre variações de umidade muito significativas ao longo
o manuseio. Todo esse trabalho foi realizado em área limpa e sem
do ano, que prejudicam a preservação da coleção.
o uso de abrasivos. Produtos químicos como álcool isopropílico
Paulatinamente, todas as peças da coleção foram retiradas
e solventes clorados foram usados nos casos em que havia muita
dos invólucros antigos, higienizadas, identificadas e catalogadas
sujeira e resíduos aderidos à superfície das imagens e dos suportes.
para serem acondicionadas em embalagens de qualidade
Quando feita a transferência dos materiais, as informações textuais
arquivística condizente com cada formato. Durante o processo
presentes nas embalagens antigas foram transcritas para as
de tratamento das fotografias, foram utilizados aspiradores,
embalagens novas, sempre com o uso de grafite.
Negativos guardados em papel manteiga e envelopes de papéis ácidos com os materiais do filme Vestibular 70
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Ações de conservação preventiva Primeiramente, foi feito um registro fotográfico de todas as
Cinemateca Brasileira, para receber tratamento adequado:
peças pertencentes ao conjunto, tal como elas chegaram à
higienização, pequenos reparos, acondicionamento, descrição,
instituição, a fim de preservar suas características originais de
digitalização e armazenamento.
acumulação, que podem trazer informações importantes para
No caso dos elementos fotográficos, só foi possível programar
pesquisas futuras.
as etapas de trabalho após o processo de identificações e
Em seguida, tendo em vista a natureza múltipla dos suportes
classificações iniciais – que havia orientado a separação dos
(imagens fotográficas de vários tipos, documentos em papéis
materiais em subconjuntos, definindo tratamentos de conservação
variados etc.), foi preciso desmembrar alguns conjuntos originais,
e catalogação para negativos, positivos, suportes fílmicos ou
porque cada material exige métodos e cuidados específicos,
em papel –, e a identificação dos problemas de duplicidade de
desde a sua higienização, acondicionamento, recuperação
materiais – como mais de uma ampliação de um mesmo negativo
e digitalização. O armazenamento em espaço de guarda
–, frequentes em qualquer coleção. Nesses casos, um mesmo
climatizado com mobiliário adequado e monitoramento diário
número catalográfico deve ser atribuído às ampliações. Na Coleção
também exigiu esforços de coordenação e colaboração entre os
Fernando Duarte, também foram encontradas ampliações em papel
setores.
e cópias-contato sem os negativos que lhes deram origem. Por sua
Com a separação, a documentação não-fotográfica foi
unicidade, as cópias receberam o status de matriz – uma praxe da
encaminhada ao Centro de Documentação e Pesquisa da
conservação fotográfica.
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Sistemas de embalagem A embalagem adequada é um dos componentes de um conjunto maior de ações fundamentais para garantir a longevidade de qualquer material que se queira proteger. Na construção de sistemas de embalagem e acondicionamento dos materiais, o uso de diversas camadas de proteção oferece maior rigidez física e maior barreira contra os poluentes e as variações climáticas. O controle da temperatura e da umidade do ar que circula pelas áreas de guarda é também essencial para esse fim, assim como sua filtragem. Neste caso, a ideia foi ter, no mínimo: um invólucro
Anotação a lápis em papel neutro do número catalográfico no próprio envelope em cruz de negativo 6x6
primário – que fica em contato direto com o material; e um invólucro secundário – sobreproteção que envolve o material e o invólucro primário. Uma preocupação central foi garantir, além
ser compostos de produtos inertes, que não se decomponham
disso, em área de guarda climatizada, um bom mobiliário de
facilmente, não liberem subprodutos nocivos e não reajam com
acomodação, pois a forma como serão guardados os materiais,
os materiais protegidos. Para os invólucros deste projeto foram
espacialmente, também deve ser levada em conta para evitar sua
adotados papéis neutros – com leve reserva alcalina e livres
compressão.
de lignina – e polietileno de alta densidade (PEAD), materiais
Os materiais utilizados para produzir tais embalagens devem
estáveis, que satisfazem as exigências acima. Os desenhos
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Higienização de negativo 6x6 com pincel macio
Negativo embalado e numerado
Caixa com diversos negativos embalados
singulares dos invólucros foram desenvolvidos pela instituição
neutro de baixa gramatura (68g/m2). As caixas, também de papel
visando atender às demandas da preservação. Assim, para
neutro, mas de gramatura alta (300g/m2), foram confeccionadas
cada tipo de material da coleção foi projetado um invólucro
artesanalmente por equipes da própria Cinemateca, sem o
adequado, confeccionado manual ou industrialmente.
uso de adesivos. O segundo subgrupo dos materiais fílmicos,
No arranjo de acondicionamento definido para a coleção,
formado por tiras de película 35mm (negativos ou diapositivos),
os materiais fílmicos com suporte de acetato de celulose foram
foi acondicionado em porta-negativos de polietileno de alta
divididos em dois subgrupos. Os de formatos maiores, negativos
densidade – invólucros primários –, colocados por sua vez em
ou diapositivos cortados individualmente, foram acondicionados
pastas suspensas confeccionadas em papel com leve reserva
em envelopes “cruz” – invólucros primários – guardados, por sua
alcalina (300g/m2) – invólucros secundários cujas hastes também
vez, em caixas de papel neutro – invólucros secundários. Esses
são de PEAD.
envelopes “cruz” foram produzidos industrialmente, com papel
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Limpeza e guarda de cópias em envelopes de polietileno e pastas suspensas de papel com reserva alcalina
Limpeza e guarda de cópias em envelopes de polietileno com entrefolheamento e pastas suspensas
Limpeza e guarda de tiras de filme 35mm em portanegativos de polietileno e pastas suspensas
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Catalogação primária
A imagem recebe um número de tombo que é anotado em seu verso com lápis e transcrito na ficha catalográfica. As fotografias são higienizadas e armazenadas em sequência nas pastas suspensas
A catalogação teve início com a atribuição de um número sequencial
O trabalho de catalogação primária incorporou os objetos
de tombo para cada peça anteriormente higienizada e reacomodada.
da coleção ao acervo da Cinemateca Brasileira e preparou o
Esses números – que serão seus identificadores no acervo da institui-
terreno para as etapas posteriores do trabalho, especialmente
ção – foram anotados a lápis nos versos das ampliações em papel. Para
a digitalização e a nomeação dos arquivos digitais. O processo
os negativos e diapositivos, os números foram anotados nas novas
sequencial de digitalização deve obedecer à numeração e à
embalagens que passaram a abrigá-los.
nomenclatura estabelecidas pela catalogação primária, sob pena de
A partir desses números de tombo, as peças foram listadas em um índice geral, que nomeia e inventaria todos os itens da coleção, um a um. Além disso, por meio desses mesmos números, cada peça foi associada a uma ficha catalográfica individual, para a qual foram transcritas todas as informações textuais que traziam consigo (em si mesmas ou nos invólucros descartados), assim como uma descrição resumida de suas características físicas e aspectos mais importantes, facilitando a identificação do material: negativo, positivo, filme, ampliação em papel, colorido ou preto e branco, tamanho, estado técnico etc. A ficha catalográfica e a pasta suspensa seguem para a digitalização. Esta ficha será usada como referência para a renomeação dos arquivos e inserção dos metadados
perderem-se os nexos entre as peças e seus “duplos” digitais – o que traria prejuízos para a confiabilidade das imagens digitalizadas.
Digitalização A digitalização consiste em transformar um objeto físico tangível em uma informação, um sinal digital – um arquivo composto por dígitos de código binário. Do ponto de vista da circulação e da sua difusão, estes arquivos possuem inúmeras vantagens sobre a sua versão analógica tangível, pois podem ser distribuídos via e-mail e Internet, impressos, visualizados e duplicados sem perdas. Os objetos que geraram estas versões digitais – diapositivos, fotografias, cartazetes e negativos, por exemplo – são únicos, com muito menos versatilidade. Neste sentido, gerar as versões digitais permite levar adiante as ações de difusão e distribuição mencionadas acima com maior agilidade e segurança. É importante lembrar, porém, que a simples existência dessas reproduções, e sua disponibilização, não são garantia de que serão estudadas, utilizadas ou mesmo vistas.
Digitalização de negativo preto e branco com retroiluminação por flash
A digitalização de uma coleção deve fazer parte de um projeto maior de conservação. Se os objetos físicos estiverem desorganizados, mal cuidados e desprovidos de entendimento catalográfico a seu respeito, os arquivos digitais refletirão esse mesmo estado de desinformação. A digitalização é o ápice de um projeto que contempla trabalhos anteriores de conservação e a criação de áreas climatizadas para a guarda destes objetos. Apenas a conservação garante novos e futuros acessos a esses objetos.
Digitalização de fotografia iluminada com duas cabeças de flash e filtros polarizadores
A questão das resoluções
custosas, consomem mais tempo de produção, mais recursos,
Na captura digital existem diversos níveis de resolução possíveis
geram imagens que são bem maiores em bytes e exigem mais
de serem adotados. Assim, podemos fazer uma distinção entre
espaço para o seu processamento, sua guarda, sua manutenção
uma “digitalização para preservação”, com altas resoluções, e
e sua preservação. Tudo isso deve ser levado em conta em um
uma “digitalização para difusão”, com resoluções inferiores.
planejamento.
Na digitalização para preservação procuramos criar arquivos
Neste projeto optou-se por uma captura com resolução
digitais com qualidade igual à dos objetos digitalizados – uma
intermediária, atendendo parcialmente às ações de preservação
reprodução com um mínimo de perdas. Agindo assim, geramos
e integralmente às ações de difusão. Os objetos da coleção
as chamadas matrizes digitais, isto é, fac-similares que poderão
– conforme exposto anteriormente – foram higienizados,
eventualmente servir como substitutos dos objetos originais
reembalados e estabilizados em área climatizada, o que irá
e que poderão, se desejado, ser convertidos a resoluções mais
favorecer sua conservação a longo prazo e tornará possível
baixas. Na digitalização para difusão são criados arquivos
futuras capturas e digitalizações em sistemas atualizados, de
cuja resolução têm qualidade de imagem igual ou menor à
resolução ainda maior, ou sistemas mais avançados e acessíveis
dos objetos digitalizados. Capturas em resoluções maiores
do que os hoje conhecidos.
permitem a geração de imagens para preservação e difusão,
Feita a escolha pela resolução média-alta, optamos por uma
mas em resoluções menores só se podem gerar imagens para
câmera digital com sensor de captura de 21 milhões de pixels,
difusão. Por outro lado, as resoluções mais altas são mais
que permite visualizações e ampliações das imagens com
166
excelente resolução, em 300 ppi (pixels per inch, isto é, pixels por
é adicionar ou remover pixels de uma imagem, utilizando um
polegada), em dimensões de até 30 x 40cm, aproximadamente,
software específico. Por meio de interpolações, imagens podem
sem interpolações. A uma resolução de 300 ppi, os pixels se tornam
ter sua resolução aumentada, mas sem a mesma qualidade de
tão pequenos que não podem ser percebidos a olho nu. Interpolar
uma imagem realmente captada em resoluções maiores.
Método de digitalização para filmes
Produtividade aproximada
Resolução do arquivo digital
Formato máximo para impressão a 300 ppi
Tamanho em megabytes do arquivo
Canon EOS 50D
70/hora (120mm)
15 megapixels 4752 x 3168 pixels
40 x 26cm (26x26 para imagem quadrada)
17,28 MB (arquivo RAW) 43,1 MB (TIFF, RGB, 8 bits por canal)
Canon EOS 5D Mark II
70/hora (120mm)
21 megapixels 5616 x 3744 pixels
48 x 32cm (32x32 para imagem quadrada)
21,41 MB (arquivo RAW) 60,1 MB (TIFF, RGB, 8 bits por canal)
Escâner de filme Nikon 9000
10/hora (120mm, RGB, 8 bits)
76 x 76cm 8965 x 8965 pixels
230 MB (RGB) (TIFF, 8 bits por canal)
Escâner de mesa EPSON 4990 com acessório para filme
15/hora (120mm, RGB, 8 bits)
80 x 80cm 9450 x 9450 pixels
255 MB (TIFF, 8 bits por canal)
Tabela mostrando métodos diferentes de digitalização comparados com a produtividade, resolução, formato máximo de impressão com tamanho do arquivo em bytes. Este estudo auxilia nas decisões sobre qual método é mais eficiente para os objetivos desejados de cada projeto
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Detalhe de imagem a 100% da digitalização de um negativo de Cabra marcado para morrer. Comparação da captura com escâner de filmes Nikon 9000 (à esquerda) e com câmera digital de 21 megapixels, Canon 5D Mark II (à direita). A resolução do escâner de filmes é levemente melhor, mas o tempo de captura e tamanho do arquivo são maiores
Esse cálculo é bastante simples. Um sensor de 21 milhões de
assumir que, com um sensor de 21 megapixels, podemos
pixels, ou 21 megapixels, produz imagens de até 5.616 x 3.744
efetivamente produzir visualizações de, pelo menos,
pixels (5.616 x 3.766 = 21.026.304 = 21 milhões aproximadamente).
30 x 40cm, sem qualquer interpolação. Esse padrão foi adotado
Suponhamos uma imagem digital produzida com esse número
para a Coleção Fernando Duarte, pois atende plenamente
máximo de pixels. Se, a partir de uma imagem assim, quisermos
às demandas normais de uso de reproduções com as quais
uma visualização (ou impressão) com a resolução de 300 ppi,
a Cinemateca tem lidado comumente: a possibilidade de
teremos uma imagem com 18,7 x 12,5 polegadas ou 47,5 x 31,8cm.
chegarmos a 30 x 40cm satisfaz as necessidades usuais de
É claro que, em função dos formatos, das proporções e dos
publicações, livros, folhetos, revistas e consultas via Internet.
cortes das imagens digitalizadas, sempre haverá perdas de
Para a digitalização, foram montados dois sistemas,
área do sensor. Considerando-se essas perdas médias, é seguro
comumente usados para reproduções fotográficas. Um deles,
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Detalhe da foto de divulgação de Ganga Zumba. A imagem da esquerda é resultado da digitalização em escâner de mesa; a da direita foi digitalizada com uma câmera de 21 milhões de pixels
para transparências – materiais negativos e diapositivos – com
imagens de qualidade compatível com as demandas do acervo.
uma mesa de reprodução com iluminação e uma cabeça de flash.
Quanto à produtividade do trabalho, o ganho foi enorme. Em
O outro, para ampliações fotográficas e outros materiais em
média, em um dia de trabalho, foi possível capturar mais de
papel, com iluminação por reflexão com duas cabeças de flash e
500 imagens. Usando-se um escâner para filmes ou de mesa,
filtros polarizadores.
esse número cairia em 90%. Os escâners, além disso, reproduzem
A digitalização dos materiais fílmicos e das ampliações
artefatos encontrados na superfície dos originais (como riscos,
poderia ter sido feita com um escâner para filmes ou de mesa.
fungos e grãos de poeira) em quantidade e intensidade muito
A escolha pela câmera foi baseada na qualidade dos resultados
maior do que o fazem as câmeras.
pretendidos e na produtividade do trabalho. Com resolução de até 21 milhões de pixels, ela produz (conforme o exposto)
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O formato RAW
pode fornecer aos fabricantes de software a “chave” para abrir e
Uma câmera fotográfica digital pode ser programada para
compreender os arquivos RAW gerados com suas câmeras. Isso
gerar arquivos de imagem em formato bruto, isto é, sem
significa que eles só poderão ser acessados e compreendidos
processamento. É o formato chamado RAW (do inglês raw, cru,
pelos gerenciadores e usuários enquanto a Canon der suporte aos
bruto). O sensor de uma câmera digital é composto de pequenos
fabricantes de software. O risco de que isso deixe de acontecer
fotodiodos capazes de capturar informações luminosas e
existe e representa um quadro temerário para a preservação
transformá-las em sinais elétricos. Esses sinais passam por um
destas imagens.
conversor A/D (Analógico-Digital) que processa os impulsos
Diante desta questão, a Adobe criou, em 2004, um formato de
recebidos, transformando-os por sua vez em informações
arquivo aberto, livre de royalties, licenciado gratuitamente para
binárias ou digitais. No caso de arquivos RAW, essa conversão
qualquer desenvolvedor e compatível com o TIFF/EP (Tag Image
analógico-digital não é efetuada, já que ele armazena a
File Format/Eletronic Photography Format) ISO 12243-2,
informação dos sinais elétricos brutos recebidos por cada pixel,
considerado atualmente o formato mais adequado para a
permitindo novas interpretações dos sinais recebidos a cada
preservação digital de imagens. A ideia partiu da necessidade
novo processamento que se queira fazer. Um arquivo RAW, além
de criar um software capaz de converter os RAW em um formato
de estar mais próximo do original capturado, possibilita maior
que conservasse todas as suas características. Esse formato é
flexibilidade no tratamento e nos ajustes das imagens obtidas.
conhecido como DNG (Digital Negative Format). A fidelidade de
Em que pesem as vantagens acima tratadas, o formato
um DNG aos seus originais pode ser medida, por exemplo, pelo seu
RAW é patenteado e específico para cada fabricante e para
comportamento em relação a uma imagem em preto e branco com
cada modelo de câmera. O da câmera Canon 5D Mark II, usada
desvios de cor: um arquivo DNG registra as tonalidades e cores de um
neste projeto, é de propriedade da empresa Canon, a única que
negativo antigo, em preto e branco, com seus diferentes desvios de cor.
170
Cumpre observar ainda que, embora o uso de câmeras
Sistematização dos metadados
fotográficas digitais para a captura de imagens apresente as
Os arquivos gerados pela câmera, no processo de
vantagens expostas em comparação com o uso de escâners, o
digitalização ou captura, são nomeados de forma numérica
processo com câmeras – conhecido como camera scanning –
e sequencial pelo software da própria câmera. Essa
apresenta um ponto fraco importante. O suporte fílmico dos
nomenclatura, “_MG_4157.CR2”, por exemplo, tem pouca
negativos coloridos possui coloração alaranjada devido à
ou nenhuma serventia para um acervo. O processo de
adição de corantes para o controle da reprodução das cores. No
sistematização dos metadados das imagens digitalizadas
processamento da imagem digital, após a digitalização e antes
começa, portanto, com a renomeação das imagens obtidas.
da geração de uma imagem em positivo, esta coloração pode ser
Quando, ao fim de um dia de trabalho, é feita a
neutralizada, mas resulta muitas vezes em positivos com
transferência das imagens de um cartão de armazenamento
coloração distorcida, que requerem muitos ajustes finos posteriores.
de dados (extraído da câmera digital) para um computador,
Também acontece, por vezes, de o próprio negativo original estar
tem início a renomeação, sempre em sincronia com as
descorado, dificultando os ajustes posteriores dos positivos. Em
fichas catalográficas produzidas e preenchidas durante
casos assim, os resultados obtidos através do escaneamento
a catalogação primária. Essas imagens são associadas a
convencional (com escâner para filmes ou de mesa) são muito
fichas digitais, com campos a serem preenchidos com os
superiores em termos de cor. Durante o projeto, não encontramos
metadados (dados sobre dados), assim chamados por serem
soluções alternativas, mas devemos considerar que estamos em
informações indexadoras a respeito de um arquivo obtido
um campo dinâmico, e que essas soluções podem surgir a qualquer
digitalmente. Muitos desses campos de metadados devem
momento, com pesquisas contínuas.
ser preenchidos com informações constantes das próprias fichas catalográficas.
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Tela mostrando o processo de renomeação dos arquivos digitais de _MG_8739.tif para uma sequência numérica de F_1107_XXX.tif. A letra F no acervo de fotografias da Cinemateca Brasileira representa coleções particulares, personalidades e eventos ligados ao audiovisual nacional e internacional. O número 1107 representa a pasta que contém estas fotografias em papel. A sequência XXX representa o número identificador individual para cada imagem
Os sistemas informatizados atuais não compreendem a
leitura. Essas informações descrevem as imagens em detalhes,
imagem como conteúdo indexável, mas apenas como um
dando significado e precisão a cada uma delas: qual o conteúdo
conjunto de pixels com informações de cor e luz. Por isso, é
de um determinado arquivo; quando foi produzido; em que
preciso nomear as imagens produzidas e dar aos sistemas de
circunstâncias? Os metadados também conservam informações
armazenamento de informações e buscas os meios necessários
sobre o ato da captura: qual o modelo da câmera usada naquela
para que possam indexar os arquivos com o detalhamento
digitalização; quais os recursos utilizados; quando foi feita?
necessário. As fichas digitais de todas as imagens digitalizadas
Mesmo o local onde a digitalização aconteceu pode ser gravado
possuem um cabeçalho onde se encontram informações a
automaticamente como metadado, quando a câmera empregada
seu respeito, escritas em xml – um formato aberto e de fácil
possui sensores de GPS (Global Positioning System).
172
A renomeação e inserção dos metadados desta fotografia de O padre e a moça são baseadas na ficha catalográfica
Outros campos, como os utilizados pelo IPTC (International Press
base de dados e dos sistemas de busca criados. Os números
Telecommunications Council) são preenchidos a partir da ficha
de tombo inicialmente atribuídos aos objetos também devem
catalográfica.
ser respeitados. Através dos metadados é possível não apenas
A organização dessas fichas digitais de metadados e seu
levantar informações sobre um arquivo como também
preenchimento com informações de qualidade vinculam as
localizá-lo, saber a que coleção pertence e mapear seu histórico.
imagens digitalizadas a todo um sistema de informações que
A interligação entre bases de dados, sistemas de busca e
começa, a partir daí, a tomar corpo. Este momento é crucial
metadados permite pesquisas complexas que recuperam
para o processo. Os conteúdos dos campos das fichas digitais
conjuntos de arquivos e levam o pesquisador a arquivos que
devem ser sincronizados com os conteúdos dos campos da
tenham parentescos.
173
O uso do filtro Shadows/Highlights do Photoshop na imagem da direita permite melhorar os detalhes das altas luzes
Processamento digital Após sua renomeação e a inserção dos metadados em suas fichas, as imagens digitalizadas no formato RAW foram convertidas para DNG e guardadas como negativos digitais. Esses negativos digitais (que, como vimos, podem ser considerados como novas matrizes) deram origem a arquivos TIFF de alta resolução, que passaram por correções de cortes, densidade, contraste e cor, tendo em vista as características dos originais, e serão utilizados para a geração de subcópias em resoluções menores, para visualizações pela Internet, por exemplo.
sem provocar distorções. No ajuste de níveis (levels), todos os
Os padrões dos ajustes efetuados no processamento foram
cuidados foram tomados para evitar a compressão dos pretos
amplamente discutidos pelas equipes envolvidas no trabalho.
e brancos. O uso do filtro de baixas e altas luzes (shadows/
Todos os cortes foram feitos preservando a borda das imagens,
highlights) permitiu melhorar a distribuição dos tons. Ajustes sutis na correção das curvas (curves) de contraste
garantindo sua integridade. Os ajustes foram conservadores
melhoraram a densidade, os contrastes e a coloração de
e visaram à melhoria sutil das imagens, sem interpretações e
174
Neste exemplo, vemos um ajuste da função de níveis (Levels) no Photoshop. Outros tratamentos podem ser feitos, mas passam a ser interpretativos
algumas imagens, sobretudo as obtidas a partir de originais esmaecidos e descorados. Nenhum trabalho de retoque foi efetuado. Os riscos e defeitos originalmente presentes nos materiais aparecem nos arquivos finais, propositadamente. Se comparado à captura em película fotográfica, o processo de digitalização (com escâners ou câmeras digitais) tende a suavizar levemente as imagens. Para corrigir esse efeito, foi realizada outra etapa importante do processamento, o aumento de nitidez (sharpening). O sharpening efetuado neste projeto foi somente de entrada (no processamento inicial da imagem) e bastante conservador. Por mais leve que tenha sido, serviu para enfatizar certos detalhes eventualmente suavizados na digitalização. Ajustes finais devem ser feitos, caso a caso, pensando especificamente no uso de cada cópia a ser gerada.
175
No texto datilografado em uma fotografia de cena de Ganga Zumba, podemos ver a melhoria na resolução da imagem superior após aplicação do filtro Smart Sharpen do Photoshop
As decisões de método e as decisões sobre a geração e o armazenamento dos arquivos vieram de amplas discussões, de estudos comparativos e da criação de mapeamentos particulares para determinar as linhas gerais do processo de captura, dos
Com a evolução dos sensores de captura, existem hoje imagens
processamentos (inicial e final) e da guarda das imagens. Fontes
de tons contínuos de 8 bits por canal. Como são 3 canais, as
de interessantes e complexas polêmicas foram a quantidade
imagens têm 24 bits. É possível capturar imagens com até 16
de bits dos TIFF a serem gerados, 8 ou 16 bits por canal, e como
bits por canal, com muito mais informações de tonalidades,
guardar os arquivos TIFF vindos da digitalização de negativos
em um total de 48 bits, mas isto implica em uma imagem com
preto e branco. Uma imagem digital é composta por três
o dobro do tamanho em bytes, que requer mais espaço para
canais distintos: vermelho, verde e azul (RGB – red, green, blue).
armazenamento.
Cada canal é responsável por captar uma faixa do espectro
Neste projeto, optou-se por imagens com 8 bits por canal,
eletromagnético visível. As primeiras imagens digitais possuíam
devido à sua maior compatibilidade – por enquanto – com os
somente 1 bit, ou unidade de informação por pixel – o 1 podendo
sistemas gráficos e de reprodução (livros, revistas, Internet etc.).
ser 0 preto ou branco. Imagens de 1 bit são de alto contraste.
Futuramente, se e quando necessário, os DNG poderão gerar
176
A imagem da esquerda tem 1 bit. Bit é a abreviação de binary digit (dígito binário), menor unidade de informação em um computador. Um bit tem um único valor binário: 0 ou 1. Neste caso, ele representa os níveis de preto ou branco. A quantidade de níveis de cinza é função do número de bits da imagem. Assim, uma imagem de 2 bits possui 4 níveis de cinza (22) e uma de 3 bits, 8 níveis de cinza (23). Em 8 bits há 256 níveis de cinza (28) e assim por diante. Apesar de 16 bits terem 65.536 tonalidades ou níveis de cinza (216), o tamanho de arquivo em bytes dobra, e o ganho não é relevante na maioria dos processos em que a imagem é utilizada hoje
novos TIFF, com 16 bits por canal. Os TIFF relativos a materiais em preto e branco ficaram, em média, com um terço do tamanho dos coloridos, por serem compostos por apenas um canal de informação (de cinzas) – e não pelos três canais de informação normalmente presentes no sistema RGB. De qualquer modo, em qualquer dos casos, as informações de cor, completas, estão consolidadas nas matrizes DNG. As decisões sobre os TIFF foram tomadas levando-se em conta a redução do espaço de
utilizou processos automatizados para realizar as conversões de
armazenamento e a preservação desses dados digitais, a longo
formato e para preparar os arquivos para a sua visualização na
prazo, com a segurança oferecida pelos DNG.
Internet, com a marca d’água da Cinemateca Brasileira
Além dos ajustes manuais, o trabalho de processamento
(o logotipo da instituição).
177
DNG, 16 bits, RGB
TIFF, 16 bits, RGB
TIFF, 16 bits, Grayscale
Estas imagens exemplificam o processamento para negativos preto e branco. A primeira mostra o negativo original digitalizado em DNG, RGB de 16 bits. Convertido para gerar um positivo em TIFF, RGB de 16 bits, ele adquire desvios de tonalidade. Em seguida, o positivo é convertido para TIFF grayscale de 16 bits e, finalmente, após os ajustes de pretos e brancos e recorte da imagem, são salvos em TIFF grayscale de 8 bits. A imagem JPEG com marca d’água é gerada a partir da conversão da anterior
TIFF, 8 bits, Grayscale
JPEG com marca d'água
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Banco de imagens
mercado. São pacotes de software prontos para uso, que podem ser personalizados. Existem também empresas que desenvolvem
Uma das metas centrais desse projeto é disponibilizar na Internet
sistemas exclusivos, específicos para as necessidades de um
as imagens digitalizadas. Tal objetivo faz parte de um conjunto
cliente. A Cinemateca procurou uma alternativa, e optou por
de ações que vêm sendo levadas adiante pela Cinemateca
um sistema aberto, construído com software livre, que pudesse
Brasileira com a finalidade de ampliar a difusão e o acesso ao
ser desenvolvido pela própria equipe do Banco de Conteúdos
seu acervo. Uma das maiores iniciativas institucionais, nesse
Culturais. A decisão deveu-se ao acúmulo de conhecimento
sentido, é a criação do BCC – Banco de Conteúdos Culturais
que isto produziria, e para não atrelar o projeto institucional a
(www.bcc.org.br), já parcialmente implantado e acessível. O BCC
sistemas comerciais de terceiros (com seus custos e atualizações
deverá disponibilizar de forma integrada os diversos conteúdos
incontroláveis). Esta opção nos garante independência,
digitalizados que compõem esse acervo (filmes, roteiros, cartazes,
e nos permite contar e contribuir com a comunidade de
fotografias), em diferentes linguagens e formas (áudios, vídeos,
desenvolvedores de software livre, que vem crescendo e
textos, imagens diversas).
encontrando soluções bastante interessantes para questões
No planejamento do banco de imagens de Fernando
como essa.
Duarte, o objetivo foi encontrar um sistema que pudesse
Para que o sistema do BCC, desenvolvido em Druppal,
receber os arquivos de imagem e absorver todos os metadados
“entendesse” as imagens e absorvesse os metadados, foi
catalográficos contidos em cada um deles. Assim, ao realizar
necessária uma comparação cruzada entre os campos contidos
pesquisas, as buscas textuais poderiam se beneficiar dessa
nos arquivos digitais e os campos padrão do Banco. Criou-se um
catalogação e das informações processadas ao longo do trabalho.
script para a copiagem dos metadados para campos correlatos
Existem muitos sistemas comerciais desse tipo disponíveis no
do BCC.
179
Preservação dos arquivos digitais
e preservar informações ajuda a compreender o motivo de
Quando uma instituição executa um projeto de digitalização
os custos da preservação de informações serem muito mais
de uma coleção, de parte ou de todo o seu acervo, está, de certo
elevados. Assim, se a digitalização se apresenta como objetivo
modo, duplicando materiais, que passarão a existir também
institucional, é fundamental que se façam projeções criteriosas
sob formas digitais, e passa a ter dois acervos para cuidar. No
dos recursos humanos e dos materiais necessários para garantir
acervo analógico, são guardados documentos em geral, que
a preservação dessas informações digitais a médio e longo prazo. Preservação e longevidade fazem pensar em algo que perdure
não requerem quaisquer equipamentos para serem acessados. Guardar esses objetos e preservar sua estrutura físico-química
por mais de 100 anos. Hoje, sabemos que não existem soluções
preserva também a informação contida neles. No âmbito digital,
definitivas para a preservação digital capazes de garantir essa
entretanto, guardar objetos não garante a preservação da
longevidade, e que a única forma de enfrentar a questão é
informação. Os objetos, diversos – discos rígidos, DVDs, fitas
estarmos sempre alerta às modificações de hardware e software
magnéticas de dados etc. –, são os suportes, os repositórios da
que devem continuar a ocorrer no futuro próximo. Só assim,
informação, mas necessitam de sistemas de software e hardware
assumindo que todas as mídias utilizadas hoje poderão falhar ou
para que ela possa ser lida e apreciada. Daqui a algumas décadas,
serão superadas, poderemos planejar nossas ações de migração.
será certamente muito difícil, senão impossível, ler os DVDs ou
A transferência das informações para novas mídias deve ser
acessar os discos rígidos magnéticos que usamos hoje. Podemos
feita antes que os sistemas antigos falhem. As imagens digitais
guardar tais objetos, mas preservar seus conteúdos exige a sua
reunidas neste projeto, por exemplo, estão em formatos de
migração constante para mídias sempre atualizadas.
arquivo TIFF, RAW, DNG e JPEG, compostos por pixels quadrados. É bem provável que, em breve, a ideia de pixel, no seu formato
Entender essa diferença fundamental entre preservar objetos
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Imagem do filme O padre e a moça no site do Banco de Conteúdos Culturais exibindo os dados catalográficos
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quadrado, se torne obsoleta. Nas décadas por vir, tudo o que foi criado, processado e arquivado nos sistemas atuais deverá ser submetido a sucessivas migrações, seja de hardware, seja de software. Neste projeto, ao longo das etapas de trabalho, vários arquivos de segurança das imagens digitalizadas foram gerados. Esses arquivos foram guardados de três modos distintos. Uma cópia on-line está guardada, para acesso instantâneo, num sistema de 8 discos rígidos, com 2 terabytes cada, conectados em RAID (Redundant Array of Independent Disks). Em um sistema RAID – conjunto aleatório de discos independentes –, os dados são gravados e replicados em todos os discos do conjunto, mas o sistema operacional os vê como um único disco. Nesse sistema, no caso de falhas, um disco pode ser imediatamente substituído por outro sem perda de dados. Outra cópia do conjunto foi guardada em discos rígidos externos near-line acessíveis de maneira rápida, mas não imediata.
Dispositivos de armazenamento de dados digitais. On-line: Sistema Drobo com discos rígidos em RAID com 16 terabytes de armazenamento; Near-line: exemplo de alguns dos discos rígidos externos de 2 terabytes usados no projeto; Off-line: gravador de fitas de dados LTO4 – Linear Tape Open para fazer o backup de todos os dados
Uma última cópia foi guardada off-line, em local separado das outras duas. As cópias on-line e near-line são guardadas em discos rígidos magnéticos e a cópia off-line em fita de dados LTO4 (Linear Tape-Open, versão 4). Empregadas há algumas décadas no armazenamento de dados bancários, as fitas de dados têm apresentado solidez. O projeto de digitalização da Coleção Fernando Duarte segue assim a recomendação “3-2-1” para um repositório digital seguro: 3 mídias para armazenamento de cópias idênticas dos mesmos materiais; em 2 suportes diferentes; com 1 cópia mantida distante das outras duas. Os discos rígidos e fitas magnéticas hoje utilizados para armazenamento têm vida útil limitada, e os dados neles contidos precisam ser monitorados constantemente para garantir sua integridade.
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