Abrigo para Crianรงas e Adolescentes. Caldas Novas
ABRIGO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. CALDAS NOVAS
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Fundação Armando Alvares Penteado Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Roberta Oliveira Assy Orientador: Paulo Bruna
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ABRIGO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. CALDAS NOVAS
2018 07
ÍNDICE
13 INTRODUÇÃO 15 MUDANÇA AO LONGO DO TEMPO 19 REALIDADE NO BRASIL 21 O DIREITO À CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA 23 ÓRFÃOS DE PAIS VIVOS 25 CONTEXTUALIZAÇÃO 35 A CIDADE 37 O LOCAL 41 O PROGRAMA
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ÍNDICE 43 MAIS LAR, MENOS INSTITUIÇÃO 45 VISANDO O FUTURO 47 OLHAR ARQUITETÔNICO 52 PROJETO - IMAGENS 63 PROJETO - PLANTAS 79 PROJETO - CORTES 85 PROJETO - ELEVAÇÕES 88 PROJETO - AQUARELAS 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS 97 BIBLIOGRAFIA
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AGRADECIMENTOS Dedico esse trabalho e agradeço a minha família, em especial aos meus pais, José Roberto e Maria Clara por toda paciência, dedicação, por estarem sempre ao meu lado em todas as minhas escolhas e principalmente por todo apoio durantes esses anos. Aos professores que contribuíram para minha formação, especialmente ao mestre Munir Buarraj. Ao meu orientador Paulo Bruna, que possibilitou e encorajou não só a minha vontade de fazer um abrigo para crianças e adolescentes, mas também à sempre continuar e nunca desistir. Aos amigos que ganhei desde o inicio da faculdade e que levarei por longos anos comigo, Angela, Paula, Pamela e Ana, que sempre me incentivaram e me ajudaram durante o curso.
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“ A arquitetura é muito mais que arte. E é muito mais que a construção de edifícios.” - Francis Kéree
INTRODUÇÃO
A
Abrigos – ou orfanatos, educandários e casas-lares – são instituições responsáveis por zelar pela integridade física e emocional de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos desatendidos ou violados, seja por uma situação de abandono social ou pelo risco pessoal a que foram expostos pela negligência de seus responsáveis. Em sentido estrito, abrigo é uma medida de proteção especial prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente e definida como “provisória e excepcional” (ECA, art. 101, parágrafo único). A Casa de Acolhimento de Caldas Novas, é um abrigo residencial para aqueles que em casos extremos necessitam permanecer afastados de suas famílias até que as condições adequadas de convivência se restabeleçam. Os abrigados devem encontrar nas instituições de abrigo um espaço de cuidado e proteção, desse modo o que interessa é compreender as expectativas pertinentes ao bem-estar e conforto das crianças e dos adolescentes que devem ser satisfeitas dentro do abrigo. Segundo o artigo 227 da Constituição Brasileira: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” No entanto, apesar de a Carta Magna prever esse tratamento para as crianças e adolescentes, apenas 1.157 municípios de 5.565 existentes no país possuem abrigos para crianças e adolescentes em situação de risco. Além de esse número ser baixo, ele se mostra discrepante entre as regiões, na região Sul há 2,4 abrigos para cada 100.000 habitantes; na região nordeste essa proporção é de apenas 3,5; já na região centro-oeste, objeto de estudo desse trabalho, essa proporção é de apenas 1,3.
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Sem dúvida, o planejamento do programa do abrigo está retido à compreensão de como satisfazer as necessidades básicas de habitação e desenvolvimentos dos abrigados, além de entender a evolução da criança em todas as suas fases, respeitando que cada idade precisa de uma atividade e compreenção diferente. Concluindo cabe ao arquiteto, assemelhar e não violentar os hábitos necessários das crianças e dos adolescentes, incluindo assim funções da habitação normal de uma família no abrigo. Respeitando todos que ali habitam.
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MUDANÇA AO LONGO DO TEMPO
HISTÓRICO
Historicamente, no Brasil, a atenção às crianças e adolescentes, está circunscrita a um ideário de proteção que teve como consequência a construção de um modelo de assistência baseado na institucionalização e medicalização, gerando uma concepção não integradora da população infanto-juvenil. Vivemos tempos em que a lógica normativa- jurídica estabelecia como atenção e cuidado a oferta de instituições fechadas sob tutela de entidades filantrópicas. A concepção higienista e saneadora da sociedade atuaram sobre os focos da doença e da desordem, portanto, sobre o universo da pobreza, moralizando-o. Garantir a paz e a saúde do corpo social era compreendido pelo Estado e a criança era um dos principais instrumentos de intervenção na família. Assim, à criança pobre, cujo seio familiar era visto como ignorante, mas não imoral, reservava-se o cuidado médico e o respaldo higienista. À criança que perdia sua inocência, logo, considerada pervertida e criminosa – a justiça (RIZZINI, 2008). Em julho de 1990 foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, o que levou à mudança da história da institucionalização no Brasil. O que ocorria antes dessa data era uma rotina cheia de regras rígidas e uniformes, sem o estudo e entendimento de cada criança e adolescente em sua particularidade. Esses locais eram chamados de orfanatos, educandários, internatos e reformatórios, nesses locais se encontravam além das crianças orfãs e abandonadas pela família, as nascidas em situação de pobreza ou aquelas nas quais a família tinha dificuldade na criação. Os funcionários desses locais eram considerados monitores ou pajens e tinham como função a fiscalização e cumprimento da rotina dos abrigados e seus cuidados básicos, porém eram autorizados a controlar e punir os devios que ocorriam. Esse tipo de ação aocntecia com frequência nos orfanatos, que eram considerados um ambiente onde as crianças deveriam ser educadas. A internação dessas crianças e adoslescentes ocorria como uma punição, que funcionava
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nos moldes de asilos, com isso foi criado uma cultua da institucionalização. As crianças que ali viviam não eram bem vistas na sociedade e eram tachadas como perigosas ou coitadinhas, não circulando com frequência na comunidade e deveriam ser “reformadas” através de uma rotina e educação rígida. Essas instituições se encontravam em locais afastados da comunidade e eram classificadas como um trabalho social e de caridade. Antes da criação do Estatuto da criança e do adolescente a legislação existente era o Código de Menores, que nada mais era que a punição dos menores vistos como delinquentes e /ou abandonados e não garantia nenhum de seus direitos. Além disso, existia uma cultura que famílias pobres não tinham condições de criar seus filhos, devendo então entregá-los aos cuidados do Estado. Com isso, crianças e adolescentes que o único problema era a não capacidade dos pais de criá-las estavam no mesmo ambiente de crianças e adolescentes que haviam cometido pequenos delitos. Com isso diferentes histórias eram acolhidas nestas intituições e todas as crianças ali presentes acabavam sendo vistas como um problema, o que levava a pouca circulação das mesmas na sociedade, e justificava a necessidade de serem “reformadas” e receberem educação rígida e uma rotina dura. Após a criação do ECA houve uma grande mudança do olhar sobre a infância e adolêscencia, não só na situação de vulnerabilidade, mas pautando um olhar no cuidado e na garantia dos direitos dos mesmos. As crianças passaram então a ter um cuidado especial para o desenvolvimento de cada fase, devendo participar e estar presente nas famílias e na comunidade, com seus direitos respeitados, à saúde, à alimentação e à educação.
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Fonte : Livro A institucionalização de crianças no Brasil. (Irene Rizzini e Irma Rizzini)
Fonte : Livro A institucionalização de crianças no Brasil. (Irene Rizzini e Irma Rizzini)
Asilo de Menores Abandonados (Rio de Janeiro, 1907.) Fonte : Arquivo de Assistência à infância, IPAI, 1907.
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REALIDADE NO BRASIL No Brasil existem diferentes tipos de instituições que abrigam crianças e adolescentes. A maioria dos casos recorrentes nessas instituições são crianças que a família não tem condições de mantê-las, sendo o principal motivo a falta de recursos financeiros, estas são consideradas famílias em estado de miséria. As crianças em situação de pobreza são retiradas de seus pais por intervenção do Juiz de Menores depois de passarem pela Assistência Social. Muitas vezes os próprios pais procuram vagas para seus filhos alegando a extrema pobreza e apesar disso continuam com um forte elo afetivo. Isso justifica o grande número de crianças com vínculo famliar nos abrigos. Existem também as crianças e adolescentes em situação de risco, que são aquelas referentes a casos de violência, crises familiares ou catástrofes. Essas crianças encontram-se impossibilitadas de voltarem para seus lares, permanecendo temporariamente nos abrigos. Além disso, existem os órfãos ou em situação de abandono familiar. Nesse caso não existe nenhum vínculo com suas famílias de origem, onde nenhum parente pode se responsabilizar por seus cuidados. Estes casos foram os principais percussores da criação dos orfanatos, que foram extintos com a criação do ECA, Estatudo da Criança e do Adolescente. Independente da origem destas crianças e dos adolescentes, todas apresentam um traço em comum: a descontinuidade de vínculos e trajetórias, que foram causadas por muitas mudanças e constantes rompimentos de seus elos afetivos. Com isso elas necessitam de uma grande demanda de atenção e cuidados que poucas vezes são correspondidos. Nos relatos de psicológos e assistentes sociais, o que mais surge nas falas dessas crianças é a sua urgência em ser ouvidas e terem suas necessidades atendidas. De acordo com ECA, (Art.23, caput), a carência de recursos materiais não constitui um motivo para a perda ou suspensão do poder familiar. Porém de acordo com o Levantamento
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Fonte: IPEA/DISCO (2003). Levantamento Nacional de Abrigos para Criança e Adolescente da Rede SAC
Nacional há um expressivo número de crianças e adolescentes relacionados à pobreza nos abrigos. A Constituição Brasileira de 1988 expressou o fim da estigmatização formal pobreza-delinquência, e pôde-se pensar em uma nova legislação: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que rompe com a doutrina da situação irregular e estabelece a proteção integral na concepção da criança e adolescente como sujeitos de direitos. !
O ECA inaugurou um novo olhar e tratamento às questões da infância e da juventude ao regulamentar a aplicação das medidas sócio-educativas e de proteção, levando ao estabelecimento de políticas de atendimento variadas. O abrigo como uma das medidas de proteção especial prevista no Art. 101 do Estatuto, tem o intuito de romper com a figura das instituições asilares para crianças e adolescentes. O abrigo é previsto nos casos de omissão, abuso ou extremada impossibilidade da família em cuidar de seus filhos, como uma medida provisória e excepcional, não implicando na privação de liberdade.
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O DIREITO À CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA Capítulo II : Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. (Estatuto da criança e do adolescente, ECA, artigo 15 e 16.)
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Com a criação do Estatuto da Criança e do adolescente, houve um redirecionamento da cultura secular de institucionalização de crianças pobres no Brasil. Essa mudança representa a garantia do direito da criança e do adoslescente à convivência familiar e comunitária. É a partir dessa mudança que se estabelece a Doutrina de Proteção Especial, estabelecendo que todas as crianças e adolescentes, sem distinção, agora tem direitos e devem ser encarados como prioridade absoluta não só do estado, mas também da comunidade. Ao contrário da lógica estabelecida anteriormente na cultura do país, agora como previsto no artigo 19 do ECA, deve-se haver uma preservação dos vínculos familiares e comunitários. O Levantamento do Ipea/Conanda (2004) mostra que apenas 6,6% dos abrigos pesquisados utilizavam de todos os serviços disponíveis na comunidade, o que revela o pouco estímulo à convivência comunitária. Ou seja, muitas das crianças e dos adolescentes ali abrigados não participam da educação infantil ou fundamental oferecida nas escolas, além de assistência médica e odontológica, atividades culturais, esportivas e de lazer.
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O programa do Abrigo foi pensado a partir do incentivo à convivência das crianças e dos adolescentes não só com a família de origem, mas principalmente com a comunidade. Isto ocorre com a localização do projeto, a proximidade não só com as escolas, mas também do ginásio, hospital, postinho de saúde e centro da cidade, o que facilita a frequência das crianças e dos adolescentes.
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ÓRFÃOS DE PAIS VIVOS Art. 5 “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”, (Estatuto da Criança e do Adolescente.)
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Com a criação do ECA houve uma responsabilidade maior do Estado em assegurar as crianças e os adolescentes, tomando frente de qualquer ação que viole os direitos dos mesmos. O ECA estabelece no seu artigo 18, “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.” No entanto tais violações ocorrem no seio familiar, na relação que os própios pais, responsáveis ou outros membros da família estabelecem com a criança e o adolescente. Hoje de acordo com o Levantamento Nacional de Abrigos para Criancas e Adolescentes (IPEA/DISOC - 2003), 80,9% dos abrigados tem família, sendo que 58,2% ainda tem vínculo e 22,7% não tem vínculo nenhum com os familiares. Com isso é dever do abrigo relacionar a criança e o adolescente de uma forma saudável e uma supervisão calma e compassiva com os familiares. Por isso a situação do Brasil em relação à possibilidade de adoção é tão dramática, apenas 10,7% (Dado IPEA -2003) das crianças e dos adolescentes abrigados estavam judicialmente em condições de serem encaminhados para adoção. Além disso, apenas 54% dos abrigados tinham processo judicial, o que acarreta que a outra metade não tinha o reconhecimento judiciário, já que muitas crianças foram mandadas para os abrigos pela família (11,1%), pela polícia (5,5%), e outras instituições que, juducialmente, não teriam tal prerrogativa. É de extrema importância pensar em como manter a vivência familia e comunitária quando o afastamento é inevitável.
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Ao analisar então os princípios do ECA relacionados com os aspectos familiares, entende-se a necessidade de se incentivar a convivência das crianças e dos adolescentes com suas famílias de origem, realizando não só visitas dos mesmos aos seus lares como visitas livres dos familiares ao abrigo. Além disso, é de extrema importância a priorização à manutenção ou reconstituição de grupos de irmãos em diferentes idades e a recepção tanto de meninas quanto de meninos. Com isso se mantém os vínculos que são tão importantes para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.
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CONTEXTUALIZAÇÃO
A
A essência do abrigo foi sendo assimilada na arquitetura depois de um longo estudo de duas instituições em especial, O Orfanato Municipal de Amsterdã projetado pelo arquiteto Aldo Van Eyck em 1960 e o Centro de Bem-estar para crianças e adolescentes em Paris projetado pelos arquitetos Marjan Hessamfar e Joe Verons Arquitetos Associados em 2013. A visão do programa totalmente traduzido no projeto arquitetônico fez com que houvesse um grande entedimento do que realmente era necessário para transformar um lugar carregado de tantas dores em um local com sentimento de pertencimento. Isso se deu com a necessidade de passar através da arquitetura tranquilidade para as crianças e adolescentes e fazer com quem elas finalmente se sintam seguras e acolhidas.
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Orfanato Municipal de Amsterdã Aldo Van Eyck O projeto do orfanato do arquiteto Aldo van Eyck foi rapidamente reconhecido em todo o mundo por conseguir transmitir um conceito exemplar de construir uma casa para 125 crianças de todas as idades.Conseguiu articular uma síntese revolucionária, considerando o indivíduo e o grupo, o espaço interior e o espaço exterior, com pequenas e grandes áreas. Van Eyck readaptou um conceito previamente desenvolvido pelo arquiteto L.B.Alberti do século XV, onde o mesmo mantinha uma analogia entre a casa e a cidade. “… O edifício foi concebido como um conjunto de locais intermediários claramente definidos, o que não implica uma transição contínua ou um adiamento interminável sobre o lugar ea ocasião. Por outro lado, implica uma ruptura com o conceito contemporâneo de continuidade espacial e a tendência para apagar todas conjunta entre espaços, ou seja, entre exterior e interior, incluindo um espaço e outro. Em contraste, tentou articular a transição através de pontos intermédios definidos que induzem a consciência simultânea do que se entende em cada lado … ”(Aldo van Eyck) Para Aldo o orfanato é tanto um lar para as crianças quanto um plano de uma pequena cidade. Ele criou um nó urbano descentralizado com muitos pontos de interação dentro do plano. Van Eyck estava interessado em um desenvolvimento não-hierárquico das cidades, e aplicou isso no Orfanato de Amsterdã onde ele criou um prédio com muitas condições intermediárias para derrubar a hierarquia dos espaços. Dentro do orfanato, as unidades de programa são dispostas ortogonalmente, dois caminhos diagonais são conformados pelo grid ortogonal para que cada unidade tenha diferentes fachadas. No grid, a presença de espaços preenchidos é igual a de espaços vazios. Sem um ponto central no plano, o arquiteto buscava uma conexão fluída entre os espaços, sem qualquer diferenciação de importância.
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Fotografia: CCA Mellon Lectures
1960 | Amsterdã, Holanda
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Centro de bem-estar para crianças e adolescentes Marjan Hessamfar & Joe Verons O "Maison d'Accueil de l'enfance Eleanor Roosevelt" é um centro residencial de emergência para crianças e adolescentes administrado pelo departamento local de bem-estar infantil (Aide Sociale à l'Enfance- ASE) em Paris. Ele fornece abrigo de emergência para crianças e adolescentes sob tutela legal. O principal objetivo do centro é fornecer apoio prático, educacional e psicológico à elas. O centro de emergência é tanto um abrigo como um lar de atendimento onde os jovens possam se sentir acolhidos e protegidos. O programa apresenta uma complexidade real de organização. Cada andar tem uma função, uma unidade. Era assim necessário dominar todas as restrições relacionadas a uma superposição de funções e diferentes regulamentações em um envelope único e homogêneo. Além disso, cada andar tem uma área recreativa ao ar livre. Assim, o berçário em T + 4, tem uma área de jogo protegida e intimada por árvores em vasos em toda a sua periferia. A fachada do edifício é de estrutura de madeira e revestimento de metal, enquanto sua estrutura é de concreto. Esta configuração estrutural permitiu uma certa flexibilidade do envelope construído necessário para a superposição de várias entidades funcionais. Além de todo o universo arquitetônico criado pelos arquitetos, também foi dado a eles a missão da criação de todos os movéis, que foram feitos personalizados e com bastante cuidado. A sinalização também foi feita por eles, juntamente com a gerência da casa, que com sua experiência das necessidades ali presente, fizeram um trabalho de cenografia onde cada ambiente foi pensado como uma entidade, e com isso trazem um toque sensivél e poético.
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Fotografia: Vincent Fillon
2013 | Paris, França
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A CIDADE
Caldas Novas
Localizada na Região Sul do Estado de Goiás, a cidade de Caldas Novas é um dos principais destinos turísticos do país, além de ter o título de maior estância hidrotermal do mundo. Um dos dados que demonstram a força deste título é o fluxo de turistas. Atualmente a cidade recebe aproximadamente 1,5 milhões por ano de turistas, tanto brasileiros como estrangeiros. Está localizada a 300 km de Brasília e à 165 km de Goiânia, com uma população estimada de 84.900 habitantes pelo IBGE. Caldas Novas está localizada Planalto Central brasileiro, tendo um relevo bastante variado, com planaltos, chapadas, vales e depressões. A vegetação predominante é o cerrado, sendo sua principal árvore o Ipê, é caracterizada por grandes arbustos e árvores esparsas, de galhos retorcidos e raízes profundas. A cidade possui uma Serra, chamada Serra de Caldas, onde a vegetação encontrada é mata Atlântica.
Fotos: José Marques
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Fotos: Roberta Assy
O LOCAL
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O bairro escolhido para a implantação do projeto foi o Vila São José, caracterizado por casas térreas de arquitetura simples e modesta. Vila São José é um bairro residencial, com a Escola Estadual Nivo das Neves, com ensino fundamental e médio e uma municipal Escola Mater Izabel, com ensino fundamental. O terreno escolhido se encontra a um quarteirão da principal Avenida da cidade, Avenida Coronel Bento de Godoy, e em frente a então Escola Estadual Nivo das Neves. Av. Coronel Bento de Godoy
Terreno Projeto
Escola Estadual Nivo das Neves
Escola Municipal Mater Izabel
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O PROGRAMA
E
Em sua essência, o abrigo deve promover um ambiente acolhedor, tendo como objetivo fornecer apoio prático, educacional e psicológico aos abrigados. A partir da análise das necessidades físicas e emocionais dos abrigados, foi elaborado um programa com as áreas necessárias e um agrupamento de espaços, criando assim um ambiente acolhedor e seguro. A presença da natureza e respiros verdes, junto da não limitação entre área interna ou externa, representa a intenção de reforçar as conexões e continuidades entre os programas abertos. Mesmo assim, preserva a intimidade e a seguranca das crianças e dos adolescentes, pois os dormitórios são restritos e visitantes não podem acessar. Como consequência desse raciocínio foi criado um programa completo, acolhedor e seguro. Abrigo para crianças e adolescentes: - Secretaria - Coordenação - Supervisão - Financeiro - Sala de reunião - Pedagogia - Psicologia - Enfermaria - Assistência Social - Sala de refororço escolar - Sala Familiar - Sala de TV -Banheiros
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- Depósitos - Nutrição - Cozinha Indústrial - Refeitório - Oficinas - Dormitórios Masculinos - Dormitórios Femininos - Berçário - Lactário - Fraldário - Quartos de Estudos - Dormitórios Supervisores - Quadra Poliesportiva - Pátios Externos
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MAIS LAR, MENOS INSTITUIÇÃO
Memorial
“CASA. [D..o lat. casa] S.f. 1. Edifício de um ou poucos andares, destinado, geralmente, a habitação; 2. morada, vivenda, moradia, residência, habitação. 3. Lar; família (...)” (HOLLANDA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário da língua portuguesa. P. 362) Em sua essência, o abrigo é um complicado programa de arquitetura, responsável por sentimentos únicos dos acolhidos e das pessoas que trabalham com os mesmo. Deve-se promover um ambiente acolhedor e com sentimento de pertencimento, tendo como objetivo fornecer apoio prático, educacional e psicológico aos abrigados. Onde se resolvido, atende suas condicionantes, permitindo um bom funcionamento e um fluxo ideal. Além disso, os arredores físicos refletem um enfoque acolhedor orientado na própia arquitetura que apoia ativamente o trabalhos diário dos responsáveis pelas crianças e adolescentes que lutam com problemas de saúde mental e social. O principal desafio trabalhado na construção do programa era como fazer com que as criancas e os adolescentes ali abrigados se sentissem em casa, pois por mais que esse seja um programa de passagem, muitos desses abrigados ficam no abrigo por anos. Então, por que não transformá-lo em um ambiente agradável e acolhedor? As típicas funções institucionais como administração, coordenação, assistência social, pedagogia, enfermaria, estão separadas dos andares de dormitórios, onde cada quarto recebe no máximo três crianças ou adolescentes, que são separados por idades. Além disso, cada quarto tem seu própio banheiro, onde o abrigado tem seu tempo e privacidade para utilizá-lo sozinho. Além disso, os ambientes que são divididos por todos, inclusive pessoas de fora, estão em um prédio anexo, com ligações prédio principal. Esses ambientes foram projetados para
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transmitir um sentimento familiar a esss crianças e adolescentes, que na sua maioria tem um lar, mas não podem estar presentes nele. O abrigo então se torna um Lar de atendimento onde os jovens se sintam acolhidos, protegidos e cuidados. Dessa forma o abrigo deveria ser ao mesmo tempo casa e cidade, compacto e completo, único e diversificado, claro e complexo, estático e dinâmico, contemporâneo e tradiciolnal, enraizado tanto nas necessidades da instituição como nas necessidades emocionais de um LAR. “O indivíduo encontre e estabeleça sua identidade de maneira tão sólida que, com o tempo, e a seu próprio modo, ele ou ela adquira a capacidade de tornar-se menbro da sociedade um menbro ativo e criativo, sem perder sua espontaneidade pessoal nem desfazer-se daquiele sentido de liberdade que, na boa saúde, vem de dentro do próprio indivíduo (Winnicott, 2005a, página 40.)”
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VISANDO O FUTURO
OFICINAS
Ao estudar os programas de abrigos da Europa sentiu-se a necessidade de oferecer atividades que ajudassem na criação de um futuro para essas crianças e adolescentes. Essa preocupação se deu ao ver o grande número de adolescentes que ficavam abrigados até os 18 anos. Desse modo, além das atividades normais e recreativas disponivéis no programa do abrigo, foram criadas 4 oficinas, sendo elas de madeira,informática, culinária e corte e custura. O principal intuito ao criar essas diferentes atividades era a capacitação do adolescentes para a busca de trabalho. A profissionalização de indivíduos da sociedade é de extrema importância, é dever da família, estado e comunidade assegurar o direito ao estudo dos mesmos. Dessa forma, eles estariam contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da comunidade. Mesmo oferecendo atividades internas, o programa do abrigo foi pensado principlamente com a inserção total das crianças e dos adolescentes na comunidade, com isso, os mesmos também participarão de atividades externas, cursos profissionalizantes e possivéis estágios oferecidos não só pelo governo mas também por empresas locais. É necessário manter uma saúde mental dos abrigados, incentivando os mesmos a buscarem um estudo e trabalho. O papel do Abrigo não é diminuir eles como cidadãos e sim ajudá-los a se tornarem pessoas de bem e capazes de terem a vida com que sonham.
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“A falta de colocação no mercado de trabalho, que afeta considerável parte da população brasileira, não é somente um problema social e econômico de nosso país, mas também um problema de cunho psicossocial, pois o fato de não se ter ou conseguir se empregar é para o sujeito, geralmente, uma condição que está impregnada de angústia. Afinal, como Dejours (1997) postula, o trabalho significa para o ser humano uma forma de afirmar a própria identidade.” (revista de conhecimento -FEEVALE)
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OLHAR ARQUITETÔNICO
PARTIDO
“Procuro sempre dar o maior número de possibilidades de utilização desse espaço. Ou seja, uma casa onde sejam exploradas ao máximo as relações entre o corpo humano e o campo onde se movimenta, puro pensamento conceptual. Como um “espaço-caverna”, onde as pessoas se apropriam e usam o espaço de forma criativa. Elas decidem como sentar, dormir, viver. Uma espécie de sistema em aberto, em oposição ao “espaço-ninho” elaborado para uma função es- pecífica. Não feito para uma função mas uma paisagem ou terreno funcional na sua globalidade - este é um dos pressupostos da minha arquitetura. Penso que não devemos tentar controlar o ambiente mas sim encontrar uma boa forma de viver com certas inconveniências e contingências, tirar proveito e apreciar estes fatores naturais. Isto significa, voltando ao meu raciocínio, criar não o “espaço-ninho” mas o “espaço–caverna”. Para mim, o ninho é um espaço criado artificialmente pelo homem e controlado pela máquina, no entanto, podemos usufruir e encontrar o nosso espaço confortável na caverna primitiva – temos de a usar de forma positiva explorando ao máximo as potencialidades já contidas neste espaço, nunca destruindo esse terreno original apenas para desenhar a casa perfeita. É aqui que reside a “sustentabilidade”, neste pensamento básico. A recorrência ao “verde” por si mesmo não é eficaz. Os arquitetos têm de ser capazes de criar uma situação intermédia, parte natural parte artificial. Na minha arquitetura, permito sempre que a natureza faça parte de todos os projetos. Neste caso, o verde não é o objetivo final, mas sim estabelecer uma boa relação entre interior e exterior, entre arquitetura e natureza. É este o ponto essencial.” Sou Fugimoto. Como a realidade brasileira não é um Abrigo de passagem e sim de permanência continuada, o mesmo pode assumir o papel de família no desenvolvimento das relações humanas. O contrário também é verdadeiro, o Abrigo pode ser o vilão ao privar e excluir o abrigado da convivência familiar. Desse modo, é de extrema importância repensar a maneira como o universo
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institucional superar as cicatrizes de depósito e brevidade, permitindo que o ambiente seja repleto de estímulos, acolhedor e afetivo. Com isso, deve-se elaborar ambientes que permitam a construção da identidade de cada abrigado e a apropriação espacial como um lar, possibilitando a (re)construção dos conceitos e emoções nascidas das experiências vividas no cotidiano anterior ao abrigo. Essa é uma das formas de suprir as necessidades do desenvolvimento humano e minimizar o problema psicológico.
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O ABRIGO
"Arquitetura não é apenas sobre a construção. É um meio de melhorar a qualidade de vida das pessoas." - Diébédo Francis Kéré Após o estudo do tema, através de artigos, livros, visitas e inúmeras conversas com assistente sociais , psicólogos e com uma advogada especialista em adoção e responsável pela reelaboração do ECA 2017 (Dr. Júlia Collet), ficou claro a complexidade do público envolvido no projeto e a necessidade de superar as dificuldades que os mesmo já haviam enfrentado e ainda enfrentavam. Com isso, começaram a surgir perguntas pertinentes e que ajudariam na discussão acerca dos ambientes físicos dos abrigos de permanência, como, “Quais os aspectos do ambiente físico que podem interferir no comportamento espacial por parte das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e medida de abrigamento, e como essas se moldam ou o modificam?” e “Como as decisões projetuais podem ser tomadas para melhorar as condições ambientais nos abrigos de permanência continuada, visando garantir e permitir uma relação harmônica humano ambiental?” Depois de meditar e estudar bastante sobre todo universo do abrigo e dos abrigados, o trabalho chegou à uma forma, onde foi expresso através da arquitetura todo o cuidado e necessidades que as crianças e os adolescentes precisariam. Dessa forma, foi feito um prédio principal com todas as atividades administrativas, necessidades psico-emocionais, dormitórios masculinos e femininos e berçário. Além disso, o gerenciamento do espaço foi pensado com bastante cuidado, o prédio principal foi projetado em pavimentos para diferenciar o que estava aberto ao público e o que não estava. Então, todo o primeiro pavimento e segundo foi destinado aos dormitórios, tanto masculino quanto femino e ao berçario, pois é um lugar restrito e de acesso somente dos abrigados e funcioná-
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Além disso, foi criado um prédio anexo ao principal que é interligado através de uma pequena marquize, onde foi instalada toda a área de oficinas, sendo elas, de madeira, corte e custura, culinária e informática, e a cozinha indústrial com o refeitório para 100 pessoas. O prédio anexo possui também um roof top, onde os abrigados e funcionários podem realizar diversos tipo de atividades. Para atividades físicas foram projetados um quadra poliesportiva juntamente com uma pequena quadra de basquete. Para as crianças menores, foi projetado um play ground próximo ao prédio principal para facilitar o cuidado dos mesmos. Foram criados também pátios externos com uma vegetação típica do cerrado, Ipês amarelos e arbustos. Para uma boa ventilação e iluminação natural, foi feito um grande vazio no centro do prédio principal, que interliga os corredores que recebem todo o fluxo das duas ciruculações verticais, que se encontram paralelas. Além disso, todos dormitórios, que recebem no máximo três crianças e adolescentes e têm seu próprio banheiro para que os abrigados tenham privacidade, têm uma grande janela para uma ótima ventilação e entrada de luz natural. O berçario recebe até dez bebês e conta com apoio de um quarto para supervisor apenas dessa faixa etária e com um lactário e fraldário. Todos os pavimentos superiores têm um quarto para o supervisor da noite e um quarto de estudos, onde as crianças e adolescentes podem fazer suas tarefas e trabalhos da escola. Além disso, o primeiro e segundo pavimento contam com uma grande sacada que possui vasos e bancos, tornando o ambiente agradável e descontraído.
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LAJE IMPERMEABILIZADA
LAJE IMPERMEABILIZADA
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40 960
Circulação Área: 297,30m² +766
40
460
4780
15
381
14
396 Financeiro Área: 17,55m² +766
775
15
775
15
15
Sala Familiar Área: 36,79m² +766
Coordenação Área: 36,58m² +766
Sala familiar Área: 36,34m² +766
775
783 Sala de reunião Área: 37,66m² +766
40
750
184
80
302
80
144
40
750
738
40
763
40
40 40
420
40
Despensa grande Área: 32,57m² +766
148 84 22
80 1540
DML Área: 11,02m² +766
Lixo Ref Área: 10,86m² +766
Prepara Área: 121,13m² +766
750
40
Area suja Área: 297,30m² +766
Lixo Área:17,37m² +766
Acougue Área: 28,43m² +766
40
40 56
93 750
40
40
40
40
Despensa Pequena Área: 10,92m² +766
20
80
Supervisão Área: 18,72m² +766
15
153
380 Banheiro Masc. Área: 17,76m² +766
Banheiro Fem. Área: 17,76m² +766
420
Banheiro Área: 8,68m² +766
208
40 8 104 12 15
420
388
Refeitorio Área: 335,66m² +766
Sala da nutricionista Área: 10,86m² +766
85 22
16
19 20
18
13
11
12
17
14
80 265 80
Deposito Área: 9,60m² +766
4011 101 13
40
118
99 17 5
4
3
2
7
6
8
10 9
1
485
720
16
17
11
12
14
15
18
19 20
13
DML Área: 7,05m² +766
Vestiário Área: 13,49m² +766
970
21 420
5
1
8
7
6
4
3
Escada Área: 11,52m² +766 DML Área: 7,05m² +766
Deposito Área: 9,60m² +766
2
Escada Área: 11,52m² +766
10 9
15
3
2250
99
40
24 40
Banheiro Masc. Área: 17,82m² +766
29 40
Banheiro Fem. Área: 17,82m² +766
510
Assistencia Social Área: 17,66m² +766
Assistencia Social Área: 17,66m² +766
420
Sala de espera Área: 36,68m² +766
40
Sala de Reforço Área: 36,68m² +766
420
Pedagogo Área: 17,79m² +766
Psicologo Área: 17,79m² +766
485
40 420
420
Enfermaria Área: 36,37m² +766
Refeitorio Área: 335,66m² +766
1210
250
420
40
751
144
80
80
161
302
39
80
281
144
84
40
960
750
10
40
305
763
107 10
40
79
737
194
40
194
750
130
40
40
750
40
40
460
490
204
127
40
40
320
320
Oficina de Madeira Área: 297,30m² +766
985
320
320
320
20
40
320
320
Oficina de Corte e costura Área: 148,20m² +766
+766
320
320
983
Oficina de Computação Área: 148,20m²
960
320
15
320
40
983
Circulação Área: 292,40m² +766
959
40
320
988 15
40
320
320
Oficina de Metal Área: 149,15m² +766
Oficina de Culinaria Área: 149,30m² +766
960
17 20 19 18
320
15
40
628
40
40
40
364
137
210
352
209
188
40
1024
219
80
138
40
10860
PLANTA BAIXA TERREO
1
ESCALA 1:500
65
66
1 2 3 4 5 6 7 9 8
514
10 11 13 12 15 14 16
628
40
625
208
628
40
320 960 40 40
960
320 40
15 970 10
960
40 960
Circulação Área: 297,30m² +766
40
460
4780
Banheiro Área: 8,68m² +766
Banheiro Masc. Área: 17,76m² +766
381
14
396 Financeiro Área: 17,55m² +766
775
15
775
15
15
783
40
750
184
80
302
80
144
40
750
738
40
763
40
40 40
148 84 22
80 1540
DML Área: 11,02m² +766
Lixo Ref Área: 10,86m² +766
Prepara Área: 121,13m² +766
750
40
Area suja Área: 297,30m² +766
Lixo Área:17,37m² +766
Acougue Área: 28,43m² +766
40
40 56
93 750
40
40
40
40
Despensa grande Área: 32,57m² +766
20
Sala de reunião Área: 37,66m² +766
Sala Familiar Área: 36,79m² +766
Coordenação Área: 36,58m² +766
Sala familiar Área: 36,34m² +766
775
80
Supervisão Área: 18,72m² +766
15
Despensa Pequena Área: 10,92m² +766
Sala da nutricionista Área: 10,86m² +766
85 22
15
153
380
208
40 8 104 12 15
420
388 Banheiro Fem. Área: 17,76m² +766
420
420
40 80 265 80
Deposito Área: 9,60m² +766
4011 101 13
40
118
99 17 16
18
19 20
12
13
17
14
15 5
2
4
3
7
6
8
1
10 9
485
720
16
17
11
12
14
15
18
19 20
13
DML Área: 7,05m² +766
Vestiário Área: 13,49m² +766
970
21 420
5
10 9
1
8
7
6
4
Escada Área: 11,52m² +766 DML Área: 7,05m² +766
Deposito Área: 9,60m² +766
3
Escada Área: 11,52m² +766
2
11
3
2250
99
40
24 40
Banheiro Masc. Área: 17,82m² +766
29 40
Banheiro Fem. Área: 17,82m² +766
Refeitorio Área: 335,66m² +766
510
Assistencia Social Área: 17,66m² +766
Assistencia Social Área: 17,66m² +766
420
Sala de espera Área: 36,68m² +766
40
Sala de Reforço Área: 36,68m² +766
420
Pedagogo Área: 17,79m² +766
Psicologo Área: 17,79m² +766
485
40 420
420
Enfermaria Área: 36,37m² +766
Refeitorio Área: 335,66m² +766
1210
250
420
40
751
144
80
80
161
302
39
80
281
144
84
40
960
750
10
40
305
763
107 10
40
79
737
194
40
194
750
130
40
40
750
40
40
460
490
204
127
40
40
320
320
Oficina de Madeira Área: 297,30m² +766
985
320
320
320
20
40
320
320
983
320
Oficina de Corte e costura Área: 148,20m² +766
+766
960
320
15
40 320
Oficina de Computação Área: 148,20m²
320
Cozinha e refeitório
959
40
320
988 15
Circulação Área: 292,40m² +766
983
Circulação vertical Área público
1000
320
15
320 320 40
320
Administrativo
Oficina de Metal Área: 149,15m² +766
Oficina de Culinaria Área: 149,30m² +766
960
17 20 19 18
Oficinas
204
40
628
40
40
40
364
137
210
352
209
188
40
1024
219
80
138
40
10860
PLANTA BAIXA TERREO
1
ESCALA 1:500
67
68
Cozinha Indústrial e Refeitório esc: 1:200
1 2 3 4 5 6 7 9 8
514
10 11 13 12 15 14 16
204
628
40
625
208
628
40
320
1000
320 960 40 40 320 320 40
970
960
40
15
960
10
Circulação Área: 297,30m² +766
40
460
4780
380
15
Banheiro Masc. Área: 17,76m² +766
381
14
396 Financeiro Área: 17,55m² +766
15
775
15
775
15
775
15
Sala Familiar Área: 36,79m² +766
Coordenação Área: 36,58m² +766
Sala familiar Área: 36,34m² +766
783
184
80
302
80
144
40
750
738
40
763
40
750
80
40 420 40 510 751
265 40
148
Prepara Área: 121,13m² +766
Area suja Área: 297,30m² +766
Lixo Área:17,37m² +766
Acougue Área: 28,43m² +766
40 56
40
40
750
+766
84 22
80 1540
Lixo Ref Área: 10,86m² +766
93 40
Despensa grande Área: 32,57m² +766
Sala da nutricionista Área: 10,86m²
20
Sala de reunião Área: 37,66m² +766
80
Supervisão Área: 18,72m² +766
DML Área: 11,02m² +766
153
15
420
388
208
40 8 104 12
4011 101 13 750
Despensa Pequena Área: 10,92m² +766
85 22
2
6
5
4
3
1
485
Banheiro Área: 8,68m² +766
970
Banheiro Fem. Área: 17,76m² +766
420
Vestiário Área: 13,49m² +766
80
17 18
19 20
16
11
12
13
17
7
14
8
15
10 9
3
Deposito Área: 9,60m² +766
40
40
40
Refeitorio Área: 335,66m² +766
420 118
40
420 24 40 99
29 40 99
40 2250
720
11
14
16
17
18
19 20
40
12
Escada Área: 11,52m² +766 DML Área: 7,05m² +766
DML Área: 7,05m² +766
21 420
15
13
4
8
3
7
2
6 5
1
10 9
Escada Área: 11,52m² +766
Deposito Área: 9,60m² +766
Refeitorio Área: 335,66m² +766
1210
250
420
40
80
144
161
80
Banheiro Masc. Área: 17,82m² +766
39
302
281
80
Banheiro Fem. Área: 17,82m² +766
84
144
130
40
Assistencia Social Área: 17,66m² +766
960
750
Assistencia Social Área: 17,66m² +766
40
40
10
763
Sala de espera Área: 36,68m² +766
305
40
107 10
737
Sala de Reforço Área: 36,68m² +766
79
40
Pedagogo Área: 17,79m² +766
194
750
Psicologo Área: 17,79m² +766
485
40 420
420
Enfermaria Área: 36,37m² +766
194
40
40
750
40
40
460
490
204
127
40
40
320
960
320
20
Oficina de Madeira Área: 297,30m² +766
985
320
320
40
320
320
Oficina de Corte e costura Área: 148,20m² +766
+766
320
320
983
Oficina de Computação Área: 148,20m²
960
320
15
320
40
983
Circulação Área: 292,40m² +766
959
40
320
988 15
40
320
320
Oficina de Metal Área: 149,15m² +766
Oficina de Culinaria Área: 149,30m² +766
960
17 20 19 18
320
15
40
628
40
40
40
364
137
210
352
209
188
40
1024
219
80
138
40
10860
PLANTA BAIXA TERREO ESCALA 1:500
1
69
70
6274
100
80
107
40
463
100
460 80
140
80
155
375
40
463
100
Banho Área: 5,73m² +769 Sala de reforço Área: 36,48m² +769
80
108
40
470
100
80
100
40
Banho Área: 6,58m² +769
RECEPÇÃO Área: 19,50m² +769
QUARTO Área: 12,21m² +769
Banho Área: 6,58m² +769 Dormitório FEM. Área: 28,60m² +769
Dormitório FEM. Área: 28,60m² +769
40 485
3 2
1
DML Área: 7,05m² +769
14
4
140
19 20
17 18
12
11
11
Escada Área: 11,52m² +766 12
Elevador
13
Elevador
10 9
Circulação Área: 335,25m² +769
Área: 335,25m² +769
8 7
Deposito Área: 9,60m² +769
Elevador Circulação
6 5
Elevador DML Área: 7,05m² +769
19 20
6 5
Circulação
4
Escada Área: 11,52m² +766 10 9
Circulação Área: 335,25m² +769
15 16
2244
Circulação Área: 335,25m² +769
17 18
14
Deposito Área: 9,60m² +769
QUARTO FEM. Área: 25,25m² +769
750
40
3 2
LACTARIO Área: 25,25m² +769
750
424
Banho
FRALDARIO Área: 25,25m² +769
40
Dormitório FEM. Área: 28,60m² +769
Dormitório FEM. Área: 28,60m² +769
15 16
342
13
80
7
306
8
80
40
148
108
Banho Área: 6,58m² +769
Banho Área: 6,58m² +769
40
80
40
463
420
960
40
Deposito Área: 9,60m² +769
Circulação Circulação Área: 335,25m² +769
Circulação Área: 335,25m² +769
420
Dormitório FEM. Área: 25,25m² +769
DormitórioFEM. Área: 28,60m² +769
Banho Área: 6,58m² +769
DormitórioFEM. Área: 28,24m² +769
Banho Área: 6,58m² +769
Dormitório FEM. Área: 28,24m² +769
Banho Área: 6,58m² +769
Dormitório FEM. Área: 28,24m² +769
Banho Área: 6,58m² +769
Dormitório Fem. Área: 28,24m² +769
Dormitório FEM. Área: 28,24m² +769
Banho Área: 6,58m² +769
Banho
Banho
40
Banho Área: 6,58m² +769
Dormitório FEM. Área: 24,74m² +769
40
420
40
40
125
Área: 335,25m² +769
40
100
80
108
383
140
80
710
PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO
463 790
40
100
80
108
463 790
0
140
80
108
463 790
40
100
80
108
462 790
0
140
80
108
463 790
40
100
80
108
462 790
40
100
80
108
462
40
830
2
108
ESCALA 1:200
71
72
73
74
460
459
460
6274 40
750
40
1
485
255
16
19 20
15
17
18 2
3
DML Área: 7,05m² +772
Elevador
14
4
12
11
13
11
6 5
10 9
15 16
+772
Circulação Área: 335,25m² +772
Elevador
+772
8
Circulação Área: 335,25m² +772
7
DML Área: 7,05m² +772
Escada Área: 11,52m²
Elevador
Elevador
6 5
8
+772 4
7
40
19 20
10 9
750
Circulação Área: 335,25m²
18
460
40
17
Deposito Área: 9,60m²
Deposito Área: 9,60m² +772
Circulação Área: 335,25m² +772
Dormitório Masc. Área: 28,60m² +772
Dormitório Masc. Área: 24,74m² +772
Dormitório Masc. Área: 28,24m² +772
Dormitório Masc. Área: 28,24m² +772
Dormitório Masc. Área: 28,24m² +772
Dormitório Masc. Área: 28,24m² +772
Banho Área: 6,58m²
Banho Área: 6,58m²
Banho Área: 6,58m²
Banho Área: 6,58m²
Banho Área: 6,58m²
Banho Área: 6,58m²
+772
+772
+772
+772
+772
+772
+772
Banho Área: 6,58m² +772 40
Banho Área: 6,58m²
Dormitório Masc. Área: 28,24m² +772
420
420
Dormitório Masc. Área: 25,25m² +772
40
40
40
125
290
750
3
Escada Área: 11,52m² +772
Circulação Área: 335,25m² +772
40
2
QUARTO Masc. Área: 15,85m² +772
750
Circulação Área: 335,25m² +772
1
12
+772 13
+772
Sala de reforço Área: 35,85m² +772
14
Deposito Área: 9,60m²
165
40
Banho Área: 5,73m²
1750
750
40
40
140
750
15
40
424
200
80
15
194
125
763
10
40
40
100
80
108
383
140 1500
80
108
462
40
100
80
108
462 790
40
100
80
108
462
40
100
790
80
108
463 790
40
100
80
108
462 790
40
100
80
570 790
40
100
80
108
462
40
830
6280
3
PLANTA BAIXA 2º PAVIMENTO ESCALA 1:125
75
76
77
78
CANALETA
PLACAS PRÉMOLDADAS
MANTA IMPERMEABILIZANTE
10 43 300
BANHO
DORMITORIO
772
772
BANHO 772
DORMITORIO 772
BANHO 772
DORMITORIO 772
BANHO
DORMITORIO
772
772
BANHO
DORMITORIO
772
772
BANHO
DORMITORIO
772
772
BANHO
DORMITORIO
772
772
769
DORMITORIO 769
BANHO 769
DORMITORIO
BANHO
769
769
DORMITORIO 769
AREA DE CIRCULAÇAO
RUA
766
765
1
CIRCULAÇAO 766
CIRCULAÇAO 766
BANHO 766
BANHO 766
Supervisão 766
Financeiro 766
sala familiar 766
Coordenação 766
Sala familiar 766
Reunião 766
BANHO 769
LIXO REF. 766
DORMITORIO 766
10 60
BANHO
ACOUGUE 766
PREPARO 766
LIXO 766
370
769
300
DORMITORIO
10
769
215
BANHO
80 5
769
10
DORMITORIO
215
769
80 5
BANHO
295
769
17
DORMITORIO
769
1010 50
DORMITORIO
300
217
10
772
217
10 300
769
15
DORMITORIO
10 80 3
10 80 3
BANHO
772
300
BANHO
10 80 3
300
217
1043
LAJE
LIXO 766
RUA 765
CORTE AA ESCALA 1:400
79
80
PLACA DE CONCRETO PRÉ-MOLDADAS
CANALETA
PLACAS PRÉMOLDADAS
MANTA IMPERMEABILIZANTE
766
765
2
Circulação 766
OFICINA DE COMP. 766
OFICINA DE MADEIRA 766
BANHO. 766
REFEITORIO 766
VESTIARIO 766
BANHO. 766
DML 766
LIXO REF. 766
354
300
25 60
1044 766
215
217
OFICINA CULINÁRIA
80 3
QUADRA
RUA
300
353
1043
LAJE
RUA 765
CORTE BB ESCALA 1:400
81
82
Circ. 769
Deposito 769
10
769
RUA 765
3
AREA DE CIRCULAÇAO 766
17
300
17 16 15 14 13 12 11 10
Sala de reunião 766
CIRC. 766
Deposito 766
9 8 7 6 5 4 3 2 1
9 8 7 6 5 4 3 2 1
325
Circ.
772
Circ. 769
Dormitorio 769
Banho 769
43
Dormitorio
769
9 8 7 6 5 4 3 2 1
310
Banho
17 17 17 17 17 17 17 17
210
17 16 15 14 13 12 11 10
1043
772
300
Deposito
90 10
772
10
Circ.
772
300
Dormitorio
17 17 17 17 17 17 17 17 21 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 21 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 11
385
15435 300
17 16 15 14 13 12 11 10
Circulação 766
Banho 766
Circulação 766
area livre 766
RUA 765
CORTE CC ESCALA 1:400
83
84
1
2
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:125
ELEVAÇÃO LATERAL DIREITA ESCALA 1:125
85
86
3
ELEVAÇÃO DOS FUNDOS ESCALA 1:125
4
ELEVAÇÃO LATERAL ESQUERDA ESCALA 1:125
87
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS A integração dos conhecimentos absorvidos na formação do trabalho final de graduação juntamente com as informações bibliográficas registradas tiveram como objetivo a elaboração de um projeto que atendesse aos usuários do Abrigo para Crianças e Adolescentes de Caldas Novas. Para que fosse atingido o objetivo e que não se limitasse à teoria, procurou-se, unificar os conhecimentos adquiridos e transformá-los em matéria. Buscou-se também, junto ao orientador Paulo Bruna solucionar de forma concreta, o que seria o programa e a melhor forma para o projeto, baseada na própria necessidade das crianças e dos adolescentes. Pode-se chegar, assim, a algumas conclusões: existem diversas possibilidades de se entender o universo dos abrigos, sejam eles de passagem ou de permanência, e assim gerar expectativas diferentes sobre o mesmo assunto; o projeto se apresenta como uma solução parcial dos problemas vivídos por essas crianças e adolescente e ameniza e torna o dia a dia dos mesmo um pouco mais agradavél, com inúmeras possibilidades de um futuro melhor. É preciso estudar todos os campos relacionados as crianças e adolescentes: físicos, comportamentais e emocionais, para que assim se chegue a uma conclusão parcial do que possa ser uma manifestação do abrigo ideal. Reunir os registros do passado, o que foi experimentado e não desconsiderar nada já vivido pois, é uma fonte de conhecimento e experiências, sejam elas boas ou ruins. Deve-se apenas somar as boas ideias e assim tornar o ambiente ideal para as crianças e adolescentes.
95
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BIBLIOGRAFIA RIZZINI, Irene e Irma. A institucionalização de crianças no Brasil. São Paulo, Editora Loyola VAN EYCK, Aldo. Orphanage Amsterdã. Disponível : https://www.archdaily.com.br/br/01-108938/classicos-da-arquitetura-amsterdam-orphanage-slash-aldo-van-eyck. KERE, Francis. Radically Simple. Editora Hatje Cantz. FULLER, Paulo Henrique Aranda. 2018, Editora Revista dos Tribunais. CALDAS NOVAS, Goiás. Disponível em: http://www.imb.go.gov.br/pub/rank/2007/CaldasNovas.pdf. Prefeitura da Cidade de Caldas Novas. Disponivél em: http://www.caldasnovasgo.com.br/caldas-novas/fauna-e-flora_17/. ECA, 25 anos. Unicef. 2015. Disponivél em: https://www.unicef.org/brazil/pt/ECA25anosUNICEF.pdf. Estrutura e Composiçãoo dos Abrigos para Crianças e Adolescentes em Porto Alegre (Vinculados ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e participantes da rede própria, conveniada e conveniada não governamental). Porto Alegre, 2015. Disponivél em:https://www.ufrgs.br/naci/Documentos/Relatorio_Naci_CMDCA_abrigos_Porto_Alegre.pdf HESSAMFAR e VERONS, Marjan e Joe. Centro de Bem-estar para crianças e adolescentes. Paris, 2014. Disponivél em: https://www.archdaily.com.br/br/733949/centro-de-bem-estar-para-criancas-e-adolescentes-em-paris-slash-marjan-hessamfar-and-joe-verons-architectes-as socies
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ASSIS, Simone Gonçalves. Levantamento Nacional das Crianças e Adolescentes em serviço de acolhimento. São Paulo, 2013. Editora HUCITEC. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Criança e Adolescentes à Convivência Familia e Comunitária. 2006. SAVI, Aline. Abrigo ou Lar? Um olhar arquitetônico sobre os abrigos de permanência continuada para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Florianópolis, 2008. Conversa com a Advogada especializa em adoções Dr. Júlia Collet, São Paulo. Visita Lar Batista, Caldas Novas, Goiás. Visita PAC, Projeto Amigo das Crianças, São Paulo.
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