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Vamos balaiar
Vamos Balaio é um cesto grande, usado para guardar e carregar vários objetos. Com a volta gradual dos eventos, o Balaio Feira teve sua 10ª edição após 2 anos de pandemia da Covid-19 Balaiar! por: Letícia Franco
FOTO: @OBALAIOFEIRA
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Pela primeira vez depois da pandemia, visitantes e feirantes puderam ficar mais próximos.
Roupas, acessórios, artesanato, comida, as edições da Feira Criativa ‘O Balaio’ são sempre marcadas pela pluralidade de produtos e expositores, e não poderia ser diferente na 10ª edição, que aconteceu nos dias 7 e 8 de maio deste ano. Depois de 4 anos de Balaio, com 2 anos de pandemia no meio, é seguro dizer que a feira hoje se estabeleceu no cenário cultural de Dourados. A primeira edição aconteceu em 2018 a partir da ideia de três amigos artistas independentes que não tinham muitas oportunidades de vender o seu trabalho na cidade. Fernanda Sabô, Gabriela Miura e Raique Moura organizaram a primeira edição da Balaio e convidaram outros artistas para participarem. No início, a feira era no estacionamento do Parque dos Ipês, muito menor comparada com a última edição, mas já chamou a atenção e cresceu a cada edição. A produtora cultural Thays Nogueira integrou o time um pouco depois, e participou das edições mais recentes. A Secretaria Municipal de Cultura (SEMC) reconhece a importância da feira para a cidade. A servidora Andiara Pacco Coquemala acredita que o Balaio pode ser consolidado como uma das maiores feiras de arte e artesanato de Mato Grosso do Sul. A prefeitura sempre apoiou o evento, e está aberta para ajudar a realizar projetos que promovam a cultura local. Em 2022, o sucesso da feira é tão grande que a última edição aconteceu no ‘Jorjão’, Complexo Esportivo Jorge Antônio Salomão, espaço cedido pela prefeitura, com a presença de mais de 200 expositores dos setores de artesanato, botânica, roupas e brechós, artes visuais, alimentação e bebidas, higiene e cosméticos, sebos e serviços. Gabriela Miura, junto dos outros organizadores,
sempre sonhou que a feira tomasse essa proporção. “Desde o começo a gente sempre teve vontade de fazer uma coisa grande, uma coisa especial, a gente fala que é um passinho de cada vez, então a cada edição a gente vai melhorando, vai conseguindo realizar um sonho”, conta. A escolha dos expositores é feita cerca de um mês antes da próxima edição, e quem tem interesse pode se inscrever por um formulário online disponibilizado na página do Instagram da feira: @obalaiofeira. No entanto, por ser uma feira criativa e para produtores independentes, há regras que devem ser seguidas. A primeira é que os produtos vendidos devem ser feitos à mão, com exceção dos brechós, estes devem ter curadoria e não podem ser de desapego. A segunda regra é a originalidade, os projetos devem inspirar ideias novas e, como terceira regra, também precisam ter qualidade. Por último, é importante manter a comunicação com possíveis clientes, o que significa que as redes sociais devem estar sempre atualizadas. Ainda, é cobrada uma taxa de valor acessível para ajudar nos custos da limpeza, energia e atração musical. Assim que passa o prazo de cadastro, os organizadores se reúnem e selecionam os expositores a partir dos nichos e objetivos da feira. Depois da 10ª edição, já é possível dizer que ‘O Balaio’ tem criado tendências em Dourados. Segundo Gabriela muitas pessoas com vontade de produzir estão se sentindo mais incentivadas a começarem seus projetos. “Eu acho que teve muita gente que começou a produzir coisas para poder participar do Balaio, vejo que hoje em dia tem muito mais gente conseguindo vender arte, por exemplo, que na época que eu comecei éramos só eu e o Raíque que vendiam ilustração”, observa. A feira se tornou local para os produtores independentes de Dourados atraírem novos clientes e ampliarem os contatos. Márcia e Sara Selzler são mãe e filha, e sócio-proprietárias da ‘Olimpo Acessórios’, a primeira loja de Mato Grosso do Sul a fazer acessórios em cerâmica plástica. Foi a terceira vez que elas participaram. “O balaio serve muito pra mostrar o que a gente faz e mostrar coisas diferentes, porque aqui tem muitos expositores e cada um tá trazendo uma coisa diferente do outro, tem como mostrar a sua identidade, e isso é muito importante, ao mesmo tempo a gente cria laços também com outros expositores”, conta Sara.
FOTO: LETÍCIA FRANCO
Parte dos brincos da Olimpio Acessórios estava em promoção na feira.
Os acessórios vendidos pela BEGÊ são parte comprados de fornecedores e parte feitos artesanalmente.
FOTO: LETÍCIA FRANCO
FOTO: LETÍCIA FRANCO
Para achar a arara do brechó Como Se Llama, era só procurar pelo desenho de uma lhama.
Gabriela Beneli é dona da ‘BEGÊ Shop’, uma loja de bijuterias folheadas e banhadas. Ela começou o seu próprio negócio durante a pandemia, quando estava desempregada e sem saber o que fazer. O negócio prosperou, mas por conta da pandemia, Gabriela Beneli teve dificuldade para conhecer suas clientes. “Como a minha loja é só online, elas acabam não me conhecendo pessoalmente, então é uma experiência bem legal as clientes poderem experimentar as peças, e também de conhecer novos clientes”. Outro nicho que teve muito impulso foi o dos brechós com curadoria. Gabriela Miura percebeu que as pessoas estão perdendo o preconceito com roupas usadas, comumente taxadas como ruins ou velhas e decidiu abrir espaço para eles na feira. Tatiane Espindola é dona do brechó online ‘Como Se Llama’, e ela montou a sua loja depois de perceber a facilidade de garimpar peças que outras pessoas gostam. O estilo das peças vendidas pela Tatiane são alternativas e ela não escolhe nenhuma peça por gênero, seus clientes já procuram a sua loja querendo exatamente uma peça de brechó. Esta foi a quinta vez que ela participou do Balaio, e conta que foi o que a ajudou a conseguir pelo menos metade de seus clientes. “A maior parte das pessoas que eu conheci, tanto de brechó, quanto de cliente, eu conheci pessoalmente mesmo foi no Balaio”. Ana Clara da Costa, dona do brechó ‘Basic 4 You’, vende peças mais básicas. No início era desapego pessoal, até que começou a garimpar em brechós maiores e vender as peças no Instagram. O brechó só conseguiu ser selecionado para expor quando a feira passou a acontecer no ‘Jorjão’, comportando mais expositores. A partir da primeira participação Ana Clara já percebeu progresso nas vendas. “A visibilidade é muito grande, quem vê o movimento resolve parar, já que no Instagram é mais da pessoa buscar você, ou achar por acaso. Mas aqui, pela pessoa estar andando, ela para, olha e compra, por isso o Balaio é incrível”. Mesmo com toda a diversidade de produtos e expositores, Gabriela Miura acredita que ainda há muito a ser explorado no cenário da arte e moda de Dourados e na própria feira, como marcas de roupas autorais - de slow fashion - e jóias em prata feitas à mão. Com o fomento do comércio local na ‘O Balaio’, outras opções se abrem para Dourados explorar novos cenários.