VALORES PRÓPRIOS NOV/DEZ 2013
PROMOVEMOS UM ENSINO SUPERIOR DE QUALIDADE NAS VERTENTES DE GRADUAÇÃO, PÓS-GRADUAÇÃO E FORMAÇÃO AO LONGO DA VIDA, E ALAVANCAMOS ATIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO (ID&I), ESSENCIAIS PARA O PROGRESSO DO CONHECIMENTO.
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ENSINO, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO ENGENHARIA, ARQUITETURA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Editorial
A importância do terceiro pilar da missão do Técnico A estratégia do Técnico assenta em três pilares bem conhecidos: a excelência no ensino, a qualidade da investigação desenvolvida e a eficácia na transferência de tecnologia. Tradicionalmente, os processos de avaliação interna e externa, quantitativos e qualitativos, têm-se focado mais nos dois primeiros pilares, que são aqueles que mais diretamente são visíveis para os diferentes observadores. Por essa razão, o ensino e a investigação são as componentes da actividade do IST que estão permanentemente presentes no dia a dia dos seus professores, investigadores e alunos. No entanto, com a globalização da economia mundial, e o díficil enquadramento macroeconómico dos países desenvolvidos, é cada vez mais importante que todos os agentes envolvidos percebam, de forma clara, que a existência de mecanismos eficazes de transferência de tecnologia e de criação de valor para a economia é fundamental para o futuro do Técnico e do país. O investimento, feito ao longo das últimas décadas, em ciência e tecnologia, permitiu concretizar avanços muito significativos na capacitação do tecido científico, que começa agora, pela primeira vez, a ser competitivo a nível internacional. Urge agora demonstrar que o desenvolvimento científico permite também obter resultados concretos que resultem no desenvolvimento de novos produtos e serviços com significativo valor acrescentado para o país. É importante que todos percebamos que o desenvolvimento científico, medido em termos de publicações internacionais e de formação avançada, apesar de importante, não é um fim em si mesmo mas um meio para a criação de uma sociedade avançada e competitiva. Se a demonstração de que a ciência é útil para a sociedade e para a economia não for feita de forma clara e indiscutível, será inevitável assistir a uma redução dos recursos colocados à disposição do sistema de ensino superior e de investigação científica, que terá consequências drásticas na competitividade do país. O Técnico tem dado passos largos no desenvolvimento de uma estratégia para a transferência de tecnologia, baseada na clarificação das políticas de propriedade intelectual, na formação e integração dos alunos em atividades de empreendedorismo, na dinamização e criação de fundos de capital de risco e, de uma forma geral, na criação de condições que permitam aos alunos, professores e investigadores adquirirem os conhecimentos necessários para se envolverem eficazmente em actividades de transferência de tecnologia. Quer estas actividades sejam feitas em novas empresas, de cariz tecnológico, criadas no IST, quer através de empresas estabelecidas que assim reinventam os seus produtos e serviços, é importante que toda a comunidade IST se reveja nesta estratégia, e dedique tempo e esforço a esta componente da missão do Técnico. Só assim a escola poderá cumprir, de forma cabal, a missão definida para o IST pelo nosso fundador, de “fornecer ao país engenheiros que possuam não só o saber, mas também as qualidades necessárias para que, prosperando na vida profissional, contribuam ao mesmo tempo para o nosso progresso económico”. Estas palavras são agora tão atuais como na altura em que foram publicadas, há mais de 90 anos.
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Arlindo Oliveira Presidente do Técnico
Instantâneos 2013
Tecnologia
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Evento
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Competição
Projecto FST consegue terceiro lugar em Barcelona
Prémio IBM entregue a investigadora do Técnico
Nova residência homenageia “grande homem da Ciência”
O Projecto FST Novabase, em que um grupo de alunos do Técnico tem como objetivo construir um carro de competição de fórmula universitária, a Formula Student, conquistou na última prova deste verão, em Espanha, “o melhor resultado de sempre da equipa na categoria de Design”. João Pedro, team leader do projeto, explica que se tratou de “um dos dias mais felizes da história da equipa”, depois de terem conseguido arrecadar a terceira posição na categoria de Design, a “prova rainha” da competição, que se disputou no circuito da Catalunha, em Barcelona. Apesar do problema que impediu o carro elétrico, o F05, de competir nas provas dinâmicas dos torneios em que a equipa participou em Espanha, Hungria e Alemanha, a equipa acabou por alcançar um bom 6.º lugar nas provas estáticas, e terminou a classificação geral na 15.ª posição. Com o regresso às aulas, os estudantes vão agora debruçar-se na construção de um novo carro de competição, que deverá estar pronto a rolar para as provas de 2015, depois de dois anos de aperfeiçoamento. !
Pinar Oguz Ekim, investigadora do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) do IST, foi a grande vencedora do Prémio Científico IBM 2012. A cerimónia oficial de entrega do diploma contou com a presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato. Depois de, na semana anterior, ter defendido a sua tese de doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, no IST, Pinar Oguz Ekim recebeu no Salão Nobre o prémio no valor de 15 mil euros, que reconheceu precisamente esse trabalho de doutoramento, “Algoritmos robustos de localização em redes de sensores com aplicações a seguimento de alvos”. A investigadora, de nacionalidade turca, foi orientada pelos professores Paulo Oliveira e João Pedro Gomes, que considerou a experiência “fantástica”. “Ela é uma pessoa muito inteligente, dotada [...] mas depois há todas as outras qualidades pessoais que a tornam uma pessoa especial”, disse o docente do IST, que lembrou que o sucesso do seu trabalho teve muito que ver com a área abordada: “A temática da localização tem um grande potencial de aplicação”. Isso mesmo referiu Pinar, que,
Foi inaugurada, durante o verão, a nova residência do Técnico, Residência Prof. Ramôa Ribeiro, localizada no campus do Taguspark, em Oeiras. “Esta inauguração marca um momento especial para o Técnico, para o Taguspark e para o concelho de Oeiras”, afirmou o professor Arlindo Oliveira, presidente da Escola, na cerimónia que antecedeu a inauguração. Além disso, lembrou que ao apelidar a residência com o nome do professor Ramôa Ribeiro, se homenageia “um grande homem da Ciência”. O reitor da Universidade de Lisboa, professor António Cruz Serra, frisou que a residência é “um sonho de muitos anos”, reforçando a ideia de que é necessário “ter residências para acolher os (...) estudantes e aqueles que nos visitam”. Nuno Crato, ministro da Educação e Ciência, também esteve presente no evento, e disse estar “muito feliz” por fazer parte do momento em que o “projeto foi completado”. “Esta residência é importante para os estudantes que aqui estudam e assim podem ficar muito mais perto”, declarou. !
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numa sucinta apresentação do seu trabalho, falou sobre as potencialidades na área da medicina, monitorização ambiental e forças armadas, entre outras. “A localização é, hoje, uma necessidade quase permanente da nossa vida diária.” A IBM decidiu atribuir o prémio “pelas contribuições inovadoras propostas para a solução robusta do problema da localização simultânea dos nós de uma rede de sensores, cujas posições não são conhecidas a priori ou são conhecidas com erro, e a localização de um alvo móvel que se movimenta nesta rede usando medidas de distância entre os nós da rede e o alvo móvel. Este objetivo, atingido com muito pouco conhecimento a priori da configuração geométrica a estimar, tem inúmeras aplicações em redes de sensores sem fios”. Carlos Salema, presidente do júri, revelou que “a este nível, é muito difícil definir ‘melhor’”, mas que se consegue sempre “escolher um trabalho muito bom” e que o júri decidiu por consenso eleger o trabalho da estudante do IST. “Os vencedores do prémio IBM são pessoas especiais, em qualidade, em competência e em capacidade de se afirmarem no mundo da ciência e tecnologia, e a Pinar também o é.” !
Instantâneos 2013
Ensino
Estágios
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Prémio
70 alunos estagiam ao abrigo de programa do NEB
Novos alunos escolhem o Técnico pelo “prestígio”
Estudantes vencem prémio para melhor jogo
A segunda edição do PEN - Programa de Estágios do Núcleo de Engenharia Biológica (NEB), que decorreu durante o período de férias escolares, permitiu a cerca de 70 estudantes do curso ter uma experiência profissional em empresas e laboratórios de diversas áreas. Para Emanuel Lopes, responsável pelo programa, trata-se de “dismistificar a ideia de que é impossível ter experiência profissional, que é pedida depois, durante o curso”. “Há muitas empresas à espera, e disponíveis, para acolher estagiários em várias áreas”, diz o estudante, que também participou num destes estágios. “Estive no ITQB e adorei a experiência, que acabou por se prolongar.” Neste segundo ano do programa, abriram 79 vagas em diversas áreas e ficaram “umas cinco” por preencher. “Estes estágios servem para ganhar experiência, para experimentar uma área e saber se gostamos ou não e também para criar uma rede de contactos”, refere Sara Mesquita, presidente do NEB. Os estágios são dirigidos aos alunos que vão entrar no segundo ciclo de estudos (4.º e 5.º anos), têm uma duração variável entre um e três meses e podem ser remunerados. !
Setembro é o mês de novos começos para muitos milhares de alunos que ingressam nas Universidades por todo o país. No Técnico, ao longo de cinco dias, e divididos por cursos, os 1391 colocados na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior deram os primeiros passos naquela que é a sua nova escola. Ana, de 18 anos, tem um ar entusiasmado, apesar de parecer sozinha. Entrou no curso que queria, na universidade que queria: Engenharia Biomédica, no IST. “Não conheço ninguém no meu curso, mas alguns amigos meus vêm para outros cursos, por isso acho que vai ser fácil.” O Técnico foi a primeira escolha “pelo prestígio” e por ter “grandes saídas profissionais”, em que a jovem de Sintra ainda não pensou bem. O curso, pelo contrário, foi decidido no último ano: “No décimo segundo, tive Química e Biologia na escola. Adorei e foi aí que decidi que queria Biomédica”. Apesar de ter chegado bem cedo, na segunda-feira (primeiro dia para os alunos de Biomédica, Aeroespacial e Física), o dia será preenchido com as formalidades do costume, apresentações dos cursos e dos vários projetos existentes no IST - incluindo o Mentorado e Tutorado - e uma visita ao novo departamento.
Ivo Capelo, Pedro Engana, Rui Dias e Pedro Lousada são quatro estudantes de Engenharia Informática e de Computadores no Técnico, mas aspiram a muito mais: juntos criaram um jogo, o Bipolar, que – esperam – marcará o início de uma carreira como game developers. Para já, as coisas têm corrido bem: em setembro, o Bipolar recebeu o prémio de Best Demo na conferência científica Videojogos 2013, que decorreu em Coimbra e onde participaram outros grupos de alunos do IST. Para estes jovens, foi mais uma forma de “entrar em competição”. “Adoramos competições internacionais e participámos em várias Game Jam’s”, explica Ivo. O evento em Coimbra serviu também como “rampa de lançamento” para dar a conhecer o jogo – que se baseia num robô com dois ímans, um em cada braço (daí o Bipolar) – e começar a fazer crescer a empresa que criaram, Squared Muffin. “Nos próximo tempos vamos desenvolver o conteúdo para podermos lançar uma demo pública”, explica Pedro Engana, lembrando que em Coimbra apresentaram “apenas uma demo muito simples”. Agora, faltam os níveis, a história e “limpar o código” para o tornar acessível a todos. !
Junto ao átrio do pavilhão central encontramos Pedro Carrasqueira, inscrito em Engenharia Física e Tecnológica. “A minha primeira opção era Aeroespacial, mas não consegui”, explica, algo desanimado. Apesar de tudo, quis manter-se no IST “pelo reconhecimento” da escola: “Ainda não sei o que esperar do curso, porque estava com esperança de ficar na primeira opção [Engenharia Aeroespacial foi o curso com a nota mínima de seriação mais elevada no IST]. Mas acho que vai correr bem.” Igualmente confiantes parecem estar os recém-chegados a Engenharia Civil, que apesar da má conjuntura - que causou uma descida abrupta no número de colocados a nível nacional - acreditam que os próximos cinco anos “vão ser bons”. O professor Luís Guerreiro, coordenador do curso, lembra na sessão de apresentação que há “boas notícias”: “Os engenheiros civis formados no Técnico são muitíssimo bem recebidos, tanto a nível nacional como internacional, e atuam em áreas muito variadas, por isso vocês têm tudo para se sair bem.” Afinal, “a engenharia é uma profissão cujo objetivo é resolver problemas”, explica, reforçando a ideia de que os alunos do IST terão boas oportunidades no futuro. “Se estão aqui, é porque são dos melhores a nível nacional”. !
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Instantâneos 2013
Física
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Voluntariado
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Inovação
Aluno do Técnico vence Prémio Inovação Valorpneu
IPFN em novo projeto no maior reator nuclear do mundo
GASTagus vence prémio de 25 mil euros
André Guilherme Cachaço, estudante de Engenharia Química no Técnico, foi o vencedor do Prémio Inovação Valorpneu, com o projeto “Formulação de compósitos de borracha reciclada e espuma de poliuretano”. É a terceira vez consecutiva que o prémio, que tem como objetivo promover soluções inovadoras para a gestão e destino sustentável dos pneus usados, é atribuído a um aluno do Técnico, depois de em 2011 e 2012 ter sido entregue a projetos na área da Engenharia Civil. André Guilherme Cachaço afirmou, no dia da entrega do prémio, que este foi um prémio “muito recompensador mas também merecido, (...) fruto de um afincado trabalho desenvolvido ao longo de seis meses”. No projeto foram desenvolvidos dois produtos: tabuleiros flutuantes que suportam plantas capazes de tratar águas paradas em lagos, lagoas ou bacias, e bóias de espuma para absorção de compressões e amortecimento de choques entre os navios e os cais. A investigação teve o acompanhamento da Professora Doutora Diná Afonso e do Doutor Moisés Pinto. !
O consórcio constituído pelo Instituto Superior Técnico, através do seu Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) e pela Universidade Técnica da Dinamarca (DTU) ganhou um contrato de investigação no valor de 2 milhões de euros, para o desenvolvimento de um diagnóstico de microondas no ITER. O projeto consiste no desenvolvimento de um diagnóstico de microondas, baseado na técnica de Espalhamento de Thomson Colectivo, para determinação da temperatura de um plasma de fusão nuclear no ITER, o maior reator nuclear do mundo. A proposta, cuja participação portuguesa é liderada pelos investigadores Bruno Soares Gonçalves e Paulo Varela, envolve técnicas de medida e tecnologia desenvolvida por investigadores e engenheiros do IPFN. O contrato tem a duração de 4 anos e um orçamento global de sete milhões de euros - desses, dois milhões correspondem à participação nacional. Este é oitavo contrato obtido pelo IPFN, que desde o final de 2009 é responsável pelo desenvolvimento de um diagnóstico de microondas para controlo de posição (8.5 M€), pelo desenvolvimento do sistema de protótipo do sistema de controlo rápido para este dispositivo experimental (1.5 M€), desenvolvimento de sistemas de manipulação remota
O GASTagus, Grupo de Ação Social do Tagus, um núcleo criado por estudantes do Técnico e que pretende “alertar e incentivar a juventude para a descoberta e promoção da dignidade humana através da realização de atividades de voluntariado em Portugal e África”, venceu o Prémio Voluntariado Jovem Montepio. Ao prémio, no valor de 25 mil euros, candidataram-se 38 projetos, e o GASTagus foi o grande vencedor. Elza Chambel, presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, afirmou que a escolha foi difícil: “Considerámos, por unanimidade, que o GASTagus tem um trabalho feito de continuidade, um rigor muito grande e todos os conceitos de voluntariado muito bem integrados”. Para Nuno Amarante, presidente do grupo de ação social, a vitória foi “uma honra” e um “voto de confiança”, que carrega também grande responsabilidade. “Esta é uma iniciativa extraordinária que permite combater o ceticismo que existe e mostrar a força da juventude portuguesa”, afirmou. !
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(0.5 M€) e participa no consórcio selecionando fornecimento de serviços de engenharia à Agência Doméstica Europeia para o ITER (0.5 M€). A medição da temperatura do plasma é essencial para o funcionamento das máquinas de fusão, uma vez que as reacções de fusão nuclear ocorrem a temperaturas superiores às da superfície do sol. As competências do IPFN no desenvolvimento de diagnósticos de microondas, utilizados nessa medição, são amplamente reconhecidas. Os contratos com o ITER e F4E (Fusion For Energy) são o culminar de uma estratégia vertical de I&D no desenvolvimento de diagnósticos de microondas e sistemas de controlo e aquisição de dados, iniciada nos anos 90 com o único dispositivo português de investigação em fusão nuclear, o tokamak ISTTOK. Este trabalho incluiu o desenvolvimento de diagnósticos de microondas para os principais dispositivos de Fusão europeus (Alemanha, Reino Unido, Espanha, República Checa) e Brasil, desenvolvimento de ferramentas de processamento de dados, simulações numéricas e algoritmos de controlo em tempo-real. Destaca-se a importante contribuição do grupo de diagnósticos de microondas para o dispositivo europeu de fusão nuclear, JET (Joint European Torus). !
FUNDO SOLIDÁRIO AAA DOS ANTIGOS PARA OS ATUAIS ALUNOS
PASSOU UM SÉCULO DESDE A NOSSA FUNDAÇÃO EM 1911. MUITA COISA MUDOU, MAS A CULTURA DO TÉCNICO MANTÉM-SE: HÁ 100 ANOS QUE ATRAÍMOS OS MAIS TALENTOSOS. POR ELES, POR NÓS E PELO FUTURO DO PAÍS, NENHUM ALUNO DEVERIA SER OBRIGADO A DESISTIR POR DIFICULDADES FINANCEIRAS.
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O DINHEIRO NÃO PODE SER OBSTÁCULO AO TALENTO. NIB 0033 0000 45429902859 05
ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS AAA.IST.UTL.PT
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Destaque Francisco Lufinha
Kitesurf. Percorrer a costa de lés a lés para bater o recorde mundial Apaixonado pelos desportos náuticos em geral, Francisco Lufinha estreou-se no kitesurf em 2002, sozinho. Onze anos depois, tornou-se o recordista mundial de distância na modalidade. Texto Sarah Saint-Maxent
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Francisco Lufinha é um nome que pode soar familiar aos mais atentos à atualidade desportiva: afinal de contas, é, desde setembro, o recordista mundial de distância em kitesurf, depois de ter percorrido cerca de 300 milhas náuticas em cima da prancha. A viagem ao longo da costa portuguesa, entre Gaia e Lagos, durou 29 horas. Além disso, é um antigo aluno do Técnico Lisboa, onde voltou em outubro para “matar saudades” – da Escola, do Departamento de Engenharia e Gestão e de uma docente em particular, a professora Ana Póvoa. Ao passar as portas do departamento, Francisco Lufinha é imediatamente “rodeado” por elogios rasgados. Todos os professores e funcionários das redondezas se aproximam, e aqueles que não conhecem “o herói” são apresentados no momento. O sorriso de Ana Póvoa, que não se esquece de referir que Lufinha é agora “recordista do mundo”, é contagiante e dá o mote a uma longa conversa com o kitesurfer, que é “um daqueles alunos que não se esquecem”. Francisco Lufinha fez licenciatura e mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, no campus do Taguspark, depois de uma breve passagem por Engenharia Informática, onde entrou em 2002, “precisamente o ano”
DIOGO HENRIQUES / TÉCNICO
em que se estreou no kitesurf. “Bateu certinho com a entrada no Técnico”, refere o kitesurfer, que aprendeu a manobrar a prancha e o papagaio (kite) em quatro horas, e sozinho. O mestrado foi terminado enquanto treinava na Indonésia: “Um dia o Francisco veio ter comigo e disse-me ‘Professora, tenho uma coisa para lhe dizer mais vai ficar chateada comigo… Vou ter que sair, vou para o estrangeiro’”, explica Ana Póvoa. Foi assim que do outro lado do mundo, abusando da Internet, deu os “toques finais” na tese. “Já não faço campeonatos de Freestyle, mas na altura precisava de treinar e a única altura disponível era a época dos exames [ou, no caso, nos últimos meses antes de entrega da tese]. Fazia tudo certinho, com os testes, durante o ano, e depois do semestre tinha quase três meses de férias para me dedicar ao kite”, diz Lufinha. “Se tens disciplina, a faculdade é o tempo em que podes aproveitar mais, o desporto e tudo.” O kitesurf não surgiu por acaso: desde “bebé, com o pai” que pratica Vela e os desportos náuticos são realmente a sua praia. “Não jogo é futebol, e isso torna-se um problema quando estou com os amigos”, brinca. Já a tentativa (bem-sucedida) de
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Número de horas passadas em cima da prancha para bater o recorde mundial bater o recorde do mundo – fixado em 199 milhas, em 2010 – nasceu meio a brincar. “Estava a precisar de ação, de atividade”, diz aos professores que o rodeiam. “Já tinha feito várias vezes a costa portuguesa de barco à vela, e pensei que ‘isto’ de kite também devia dar.” Sabe que são “maluqueiras”, mas tudo é preparado e pensado ao pormenor: “Estas façanhas são estratégias, têm muita visibilidade, até internacional – recebi muitos telefonemas de atletas estrangeiros a dar-
-me os parabéns.” Para o futuro, tem pensadas “outras proezas” e a organização de eventos internacionais. “Esta foi só mais uma façanha dele, eu sei que ele é capaz de fazer o que quiser”, interrompe Ana Póvoa, que acrescenta: “Outra coisa que ele dizia sempre é ‘mais tarde, quero dedicar-me a isto’”. E esse é, segundo ‘Lufada’, o plano: “É neste contexto, de eventos internacionais, que pode jogar o meu mestrado [em Engenharia e Gestão Industrial aplicada ao Turismo]. Isto foi uma estratégia de lançamento, foi para dar a conhecer a rota.” Mas nada disto se faz sem esforço. Ou sem “muita força de vontade”, como refere a professora. “O pior momento foi junto do Cabo Espichel, quando estava a duas milhas de bater o recorde mundial, e ficámos sem vento; quase deitámos tudo a perder”, lembra Lufinha. Foram quatro horas a boiar, sem poder abandonar a prancha, sob pena de não cumprir a missão. “O meu fisioterapeuta disse-me que a pior coisa que podia fazer era dormir, mas depois de tantas horas no mar já não dava, acabei por dormitar”, conta. Quando voltou a soprar uma brisa, “foi um alívio”. O maior problema foi aguentar as dores, e alimentar o corpo. “Antes de
chegar a Sagres, já não me aguentava. Ia sentado, em pé, dobrado, nem sei. Depois, a água acabou, a comida acabou… Não ajudou.” Apesar disso, foi uma aventura inesquecível. A motivação da equipa de mar, que acompanhou de barco o percurso de Lufinha, “foi crucial” para chegar ao fim. “A certa altura, eu só conseguia pensar em ‘visualizar’ – deve ter sido uma coisa que apanhei dos filmes, porque nem é uma expressão minha – para chegar ao fim.” Até porque parar antes de Lagos, mesmo depois de já ter batido o recorde mundial, estava fora de questão. “Toda a minha equipa, e toda à gente, estava à espera em Lagos. A última etapa foi mais complicada, por causa da direção do vento, mas parar antes do fim estava fora de questão” diz, antes de acrescentar que “ainda bem” que não lhe disseram tudo o que se passou pelo caminho. Um exemplo? Uma visita de um tubarão frade. “Quando chegámos, disseram-me que até um tubarão passou por nós. Um tubarão frade, que só come ‘verde’, mas mesmo assim…” Ainda com um pé dormente do esforço, garante que “voltava a fazer o mesmo”. Mas, “desta vez, com mais preparação”. !
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Entrevista António Mello
“Sabíamos que se evitássemos os erros podíamos discutir o pódio” António Mello é aluno do Técnico e velejador. Durante o verão, participou na Youth America’s Cup e acabou por conquistar o terceiro lugar naquela que é a prova júnior da “Liga dos Campeões” da modalidade. Texto Sarah Saint-Maxent
António Mello fala-nos dessa experiência em São Francisco, onde também participou um antigo aluno do Técnico, Manuel Arriaga e Cunha. Foram para São Francisco no início de Agosto. Correu tudo bem logo de início? Chegámos no dia 3 ou 4, e depois disso tivemos que montar os barcos, que estavam todos desmontados, e os treinos dentro de água começaram no dia 10 de agosto. Não correu tudo bem no início… Não estávamos habituados aos barcos, e os outros treinaram mais tempo do que nós, estavam mais fortes. Porque vocês aqui não têm o barco – AC45 – em que competiram… Exatamente. Nenhuma equipa tem esse barco para treinar, antes de chegar a São Francisco. Mas ao longo do tempo, conseguimos ir acompanhando e quando chegou o campeo-
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nato estávamos a um nível tão elevado como eles. Nessa altura, o que estavam à espera de conseguir? Vimos que as equipas estavam todas muito equilibradas, muito niveladas. Todas as equipas tinham o mesmo número de horas para treinar, a partir de dia 10 de agosto. Sabíamos que estávamos a andar bem, mas… E não havia nenhum objetivo definido em termos de lugar? Não. Sei lá, queríamos ficar na primeira metade, nos cinco primeiros. Mas como não tínhamos feito regatas todos juntos, era difícil de perceber o nível de cada um, e comparar com o nosso. Puderam ver isso nas primeiras regatas. Sentiram que entraram bem na competição?
Fizemos uns erros no primeiro dia: sabíamos que em termos de velocidade estávamos bem, e se conseguíssemos evitar aqueles erros… O grupo estava tão semelhante que, com o mínimo erro, se passava facilmente de primeiro para último. E naqueles barcos os erros pagam-se caros. Se conseguíssemos evitá-los, tínhamos possibilidade de discutir uma presença no pódio. Ao longo da competição foram sentindo que estavam a melhorar? Sim, sim. Na terceira regata tivemos um pico, logo na seguinte fizemos um erro estúpido e descemos muitas posições, foi uma estupidez, mas sim. Sabíamos que estávamos com uma boa velocidade e que era só uma questão de minimizar os erros. Chegaram à 11.ª regata [de 12] e conseguiram o segundo lugar.
O que sentiram antes de supostamente partirem para a última corrida? O dia estava a correr-nos bem, estávamos entusiasmados para fazer mais uma regata, e o vento estava a subir. Naqueles barcos, quanto mais vento está, mais divertido é. Torna tudo mais perigoso. Mas percebo a decisão da organização [anularam a 12.ª e última regata devido às condições do vento]. Então? A regata valia o dobro, e entre o 2.º e o 5.º lugares, estavam todos muito próximos. A tabela podia mexer muito e as pessoas iam arriscar tudo naquela regata. Quase de certeza que ia haver ‘asneira’. E o que sentiram quando foi anulada, e perceberam que tinham ficado em terceiro?
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Nem soube bem explicar na altura. Ficámos muito contentes, claro. Alcançámos um dos nossos maiores objetivos… Foi bom, foi ótimo. E voltar a casa, como foi? Acho que demorou um bocadinho até percebermos bem o que tínhamos feito lá, e o que tinha acontecido. Quando chegámos havia entrevistas, os amigos todos a dar parabéns, aquela primeira semana passou toda muito rápido. Mas agora, depois de pensarmos um bocado nisso, vimos que fizemos um esforço enorme durante um ano, um ano e meio, e que compensou depois no resultado final. Ao longo desse ano e meio, notaram diferenças na própria equipa? Já éramos amigos, mas nunca tínhamos estado todos no mesmo barco e não estávamos habituados a estar tanto tempo juntos no mar. A equipa
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Posição alcançada pela equipa na America’s Cup (juniores) saiu, sem dúvida, reforçada depois da competição. Há perspetivas de futuro? Estávamos à espera do resultado final da America’s Cup (AC), portan-
to agora estamos à espera para ver. Quem vence a AC tem prioridade na escolha, se quiser, sobre as equipas juniores… E, portanto, podem ser escolhidos? Podemos. Mas não sei se é amanhã, ou se daqui a três semanas, ou alguma vez. Ainda não se sabe em que termos vai ser discutida a próxima AC, em que tipo de barcos, se esta World Series vai continuar… Mas se continuar, é provável que sejam escolhidas algumas equipas juniores para incorporar a equipa. E vocês alimentam essa esperança? Não é uma coisa que está fora de questão. É uma possibilidade. O que é que isso significaria? Se fosse para participar na World Series, que consiste em vários campeonatos feitos em diversos sítios do
mundo, isso implicaria termos que andar sempre de um lado para outro, com a organização, a fazer regatas. Se fosse para participar na próxima AC, daqui a quatro anos, e se continuasse a ser nos EUA, isso implicava mudarmo-nos para lá e treinarmos com a equipa principal onde eles estiverem. António Mello é aluno do 3.º ano de Engenharia Naval no Técnico. Estreou-se na vela em Cascais, e começou a competir na classe Optimist em 1997. Conta com um título de campeão nacional universitário, conquistado em 2012, e com um terceiro lugar no campeonato do mundo universitário (La Rochelle, 2010), além de ter sido, com o irmão João Mello, vice-campeão nacional da categoria 420. Foi também campeão nacional em SB20, em 2012, com outros membros da equipa da ROFF/Cascais Sailing Team, que representa atualmente. !
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Momento
Piscina do Técnico, instalada no Pavilhão da Associação dos Estudantes, pouco tempo depois da inauguração em 1936.
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Fotografia Mário Novais
Entrevista Magda Carrilho
“Escolhi o Técnico por ser a melhor faculdade de engenharia” O II Torneio de Golfe do Técnico, um evento solidário aberto a toda a comunidade IST, que pretende apoiar os estudantes mais carenciados, através de um Fundo de Emergência Social, contou com o apoio de Magda Carrilho, ex-campeã nacional absoluta. Texto Sarah Saint-Maxent
Para esta estudante de Engenharia Biomédica, “é uma honra” pertencer à comissão organizadora de um projeto desta envergadura – no ano passado, a primeira edição permitiu angariar cerca de €10.000,00 e, ao mesmo tempo, reunir alunos, ex-alunos e docentes num momento de descontraída confraternização. Qual a importância do Torneio de Golfe do Técnico e o que sente por estar associada a ele? Sinto-me lisonjeada por pertencer à comissão organizadora deste projeto tão nobre. O objetivo da organização deste Torneio de Golfe do Técnico é tentar que os alunos não deixem de estudar por questões de ordem financeira. Queremos que os fundos angariados com este torneio possam ajudar os estudantes, depois de no ano passado termos conseguido apoiar uma dezena de alunos com dificuldades económicas. Esta é também uma forma de promover a modalidade… Sim, apesar de termos alguns dos melhores campos de golfe da Europa e do Mundo, é muito importante aumentar o número de praticantes e desmistificar a ideia, ou o preconceito, de que é só para os mais velhos ou ricos. É um desporto para todos e para todas as idades. O golfe é uma paixão? Comecei muito pequena, aos seis
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Mil euros foi o valor angariado no I Torneio de Golfe do Técnico anos, e o golfe tem um papel fundamental na minha vida. Já não me imagino sem jogar. Acho que me preparou mais cedo para lidar com as dificuldades e ajuda-me tanto na disciplina como na metodologia para o dia-a-dia. Foi sempre uma coisa para ser levada muito a sério, ou isso aconteceu naturalmente? Quando comecei, no Golf e Country Quinta do Peru, não pensei logo em levar o golfe a sério, mas à medida que o tempo foi passando achei que tinha capacidades para chegar longe… e gostava do que fazia. Foi aí que comecei a participar em competições mais a sério e logo aos nove
anos representei a seleção nacional no match Portugal vs. Espanha. Como foi a primeira grande vitória? Todos os títulos são boas lembranças, mas quando fui campeã nacional de sub-18 fiquei muito emocionada com a vitória. Era o culminar de um percurso e sabia que a partir dali os campeonatos nacionais de jovens estavam acabados, começava outro ciclo. Mas a vitória no Campeonato Nacional Absoluto em 2011 também me marcou, era um objectivo que tinha há algum tempo… E projetos para o futuro, há? Quero continuar no golfe. Gostava de, depois de acabar o meu curso, tirar uns anos para treinar e tentar ser profissional. Foi um sonho que foi adiado quando entrei neste curso, visto que é muito exigente e não me sobra tanto tempo como desejaria para treinar. A exigência é uma marca do Técnico. Já o sabia antes de entrar e escolheu-o mesmo assim… Escolhi o Técnico por ser a melhor faculdade de engenharia em Lisboa e das melhores em Portugal. E Engenharia Biomédica? Sempre gostei da área de medicina e engenharia, e acho que a Engenharia Biomédica tem um papel importantíssimo a desempenhar no desenvolvimento e suporte da medicina atual e futura.
DIOGO HENRIQUES / TÉCNICO
O Técnico tem cumprido as expectativas? O Técnico é conhecido por ser uma faculdade exigente, e considero que prepara muito bem os seus alunos para o mercado de trabalho. É verdade que, por vezes sinto que tenho muito trabalho e pouco tempo para o concretizar – tendo em conta que tenho o golfe que me ocupa grande parte do tempo livre – mas ao longo destes anos a estudar no Técnico acho que as competências que adquiri me prepararam para os desafios a enfrentar no meu futuro profissional. Que competências são essas? A disciplina, a metodologia de trabalho e o trabalho em equipa, sem sombra de dúvidas. E o futuro profissional, já está decidido? Ainda não tenho nada bem definido na minha cabeça, porque com este curso há muitas áreas que posso seguir. Gostava de ter uma oportunidade no estrangeiro e depois, mais tarde, voltar a Portugal. Fazer investigação na área cancerígena também é uma das possíveis opções. Outra opção é constituir uma empresa, se possível em conjunto com alguns colegas de curso, para a implementação de novas técnicas ou soluções avançadas na medicina. Está neste momento em Barcelona [Escola Universitària d’Enginyeria Tècnica Industrial de Barcelona] ao abrigo do programa Erasmus. Como está a correr? Estou a adorar, embora me obrigue a parar o golfe durante estes meses. A exigência é muito parecida com a do Técnico, por isso não estranhei muito, mas a escolha da escola foi um tiro no escuro. Como é estar sem jogar durante esta temporada? A opção de ir no primeiro semestre para Barcelona teve precisamente em conta o calendário anual de provas de golfe, já que o número de torneios diminui com o aproximar do fim do ano. Enquanto estiver em Barcelona vai ser difícil jogar tanto como queria, mas terei um plano de treinos para chegar em boa forma ao Internacional de Portugal, que se realiza no final de janeiro de 2014. Magda Carrilho tem 21 anos, e é atualmente campeã nacional de clubes e pares, bem como vice-campeã absoluta da modalidade. Conta, no seu currículo, com o título de campeã nacional absoluta, em 2011, e com vários campeonatos nacionais de jovens, entre 2004 e 2006. Atualmente, representa o Golf e Country Club Quinta do Peru, em Azeitão. !
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Memória Clube de Rugby do Técnico
Equipa de rugby do Técnico comemora cinco décadas de existência Alguns dirigentes do CRT falam da fundação do clube, que começou no ‘pelado’ do campus da Alameda Texto Sarah Saint-Maxent
Memória Clube de Rugby do Técnico
1963 2 Ano da criação da primeira equipa
Em 1963, há precisamente 50 anos, quatro jogadores de rugby e estudantes do Técnico – Alfredo Santos, José Luís Steiger, José Metelo e Pedro Sousa Ribeiro – juntaram esforços para criar aquele que viria a ser um dos mais emblemáticos clubes de rugby da nossa história: o Clube de Rugby do Técnico (CRT). Inicialmente sob a alçada da Associação dos Estudantes do IST, a equipa de rugby do Técnico estreou-se na 2.ª Divisão do campeonato nacional de seniores na época de 1963/64. Ao mesmo tempo, formou-se uma equipa de Juniores, de que fez parte António Branco: “Logo no primeiro ano fomos campeões… éramos só dez”, lembra. A maior parte nunca tinha experimentado a modalidade. “Passei do futebol para o rugby e nunca mais toquei numa bola redonda”, brinca Rui Neves, atual presidente do CRT. “Começámos a jogar incentivados por alunos do Técnico que jogavam no CDUL [Clube Desportivo Universitário de Lisboa], nos campeonatos universitários… mas nenhum veio para o Técnico jogar, havia uma certa rivalidade entre os clubes”: a história é contada por Pedro Sousa Ribeiro, um dos fundadores que conseguimos juntar numa mesa redonda. Rui Neves, António Branco, Raúl Martins, Pedro Lucas e o professor Alberto Cabral Ferro, todos atuais ou antigos dirigentes do clube, acompanham-no.
Número de títulos de campeão nacional sénior
350 13 Atletas a atuar nos diversos escalões
Equipas de diferentes níveis a participar em competição
CRT
Equipa do Clube de Rugby do Técnico em janeiro de 1967 À segunda-feira treinavam no campus da Alameda (em vez de no habitual Estádio Universitário), onde na altura havia um campo ‘pelado’: “Foi assim que apareceram uns quantos. Nós começámos a mostrar-nos aos estudantes do Técnico e eles começaram a aparecer”, continua Pedro Sousa Ribeiro. Além disso, era também o dia de serem conhecidos os resultados do fim-de-semana. “Havia o costume de se escrever os resultados no quadro, à segunda-feira, antes de o professor chegar... era um momento importante.”
Na altura, o rugby era uma modalidade “quase exclusivamente” universitária: “90% dos praticantes era alunos das Universidades”, arrisca Sousa Ribeiro. Por isso mesmo, a regra que vingou até 1971, em que todos os atletas do CRT eram necessariamente alunos (ou ex-alunos) do Técnico, era banal. E, segundo Alberto Ferro “dava um certo espírito engenheiro à equipa, que se perdeu um bocado”. Com a abertura dos escalões de formação, no entanto, foi necessário abrir o clube a não-alunos. “Não podíamos dizer a um
miúdo que entrasse noutra faculdade, e estava connosco desde sempre, que tinha que ir embora”, continua o profesor. A ligação à Escola, essa, continua forte e há “muitos seniores e sub21 que jogam no clube e são, simultaneamente, alunos do Técnico”. Em 1975, tornou-se necessário garantir uma estrutura independente da AEIST para gerir todas as equipas, o que levou à criação do Clube de Rugby do Técnico como o conhecemos atualmente – ainda assim, é a Associação dos Estudantes que continua a representar formalmente, junto da Federação Portuguesa de Rugby, as equipas de seniores, sub21 e sub18. Por isso mesmo, a relação entre as duas estruturas mantém-se estreita: “Além de apoiarmos a Associação dos Estudantes no que podemos, temos vários atletas das equipas universitárias a treinar nas equipas do Clube”, explica Rui Neves. Hoje, numa altura em que o CRT comemora os seus 50 anos de existência, assinalados com um jantar no próximo dia 11 de dezembro, no Casino Estoril, a história do clube fala por si, e é celebrada. Os novos equipamentos, por exemplo, com as cores do Técnico e de estilo vintage, são uma celebração destas últimas cinco décadas de sucesso. Ao todo, o CRT arrecadou já 31 títulos, de entre os quais se destacam dois campeonatos nacionais, quatro Taças de Portugal, uma Supertaça de Portugal e um campeonato Ibérico de Juniores. !
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Alunos AEIST
Conciliar o desporto com as aulas mais difíceis A exigência dos estudos não impede o Técnico de se afirmar como uma das potências do desporto universitário
Texto Sarah Saint-Maxent
Alunos AEIST
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Número de equipas federadas da AEIST
O maior motor do desporto universitário no Técnico é, sem dúvida, a Associação dos Estudantes (AEIST), que incentiva e promove a prática de várias modalidades coletivas e individuais. Às tradicionais equipas de basquetebol, andebol ou voleibol, juntam-se outras, como o hóquei em patins ou o ténis de mesa, que têm tido grande sucesso. Exemplo disso mesmo foi a participação desta nos Campeonatos Europeus Universitários de Ténis de Mesa, realizados em Zonguldak, na Turquia, durante o Verão. Tomás Law, Jaime Brito, Bernardo Law e Lu Renxiang garantiram a presença nos Europeus da modalidade depois dos dois últimos terem conquistado o primeiro lugar do Campeonato Nacional Universitário por equipas. Na Turquia, ficaram na 11.ª posição nesta prova, o que na opinião de Carlos Almeida “é um ótimo desempenho” para a equipa. “Para quem vê de fora, pode parecer que ficámos aquém, em termos desportivos, mas as outras Universidades têm atletas profissionais a competir. Eles estiveram muito bem”, considera o responsável da AEIST que acompanhou os atletas em prova. “Foi o consumar de toda a época, pelo que fizeram durante as três competições regionais e as três competições nacionais que tiveram, e onde que conquistaram o direito de estar no Europeu.” Neste novo ano, a equipa mantém-se e, por isso mesmo, as expectativas são altas, mas sem entrar em desva-
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Posição alcançada pelo Corfebol nos nacionais universitários do ano passado
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Número de equipas presentes nos campeonatos
S.PYTEL / SHUTTERSTOCK
O basquetebol é uma das modalidades oferecidas pela Associação dos Estudantes do Técnico rios: “A equipa da AE é muito sólida, muito forte. Vamos ver o que podem fazer”, arrisca Carlos Almeida. Os bons resultados nesta modalidade, como noutras, devem-se às boas condições facultadas pela AEIST, que tenta apoiar os estudantes em “tudo” o que pode: equipamentos, inscrições ou espaço para treinar no pavilhão, por exemplo. Apesar disso, nem sempre as situações são as melhores – e não é isso que impede os representantes do Técnico de conseguir grandes feitos no desporto. A equipa de hóquei em patins, que nos últimos campeonatos nacionais
universitários (CNU) alcançou o terceiro lugar da competição masculina “apesar de não poder treinar”. As especificidades do treino em patins, aliadas às condições do pavilhão da AEIST, impedem os atletas de treinar durante todo o ano. “Temos duas horas por semana para treinar sem patins, para nos conhecermos”, explica João Silva, que no ano passado conduziu a equipa aos CNU, enquanto completava o último ano do mestrado em Engenharia Informática. “Todos os treinos que fizemos foram em pavilhões cedidos, na Amadora e no Estoril, e chegámos aos
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Posição alcançada pela equipa de ténis de mesa nos Europeus
nacionais praticamente sem termos jogado juntos”, diz o hoquista. Além disso, a falta de equipas na região de Lisboa significa que durante o resto do ano não há competição universitária para os rapazes do Técnico. “Mesmo assim, pela primeira vez tive que deixar pessoas de fora da convocatória”, diz João, com um sorriso. A forma dos jogadores é mantida “lá fora”, onde quase todos são federados: “O problema não é a falta de treino – quase todos os jogadores treinam nos clubes – mas sim não treinarmos juntos. Há pessoas que jogam em Lisboa, Ourém, Coimbra… É difícil”. Apesar disso, os bons resultados da equipa – que em 2011/12 ficou em 4.º lugar – e a divulgação feita pela AEIST têm contribuído para um aumento do interesse por parte dos alunos, que não é sentido só no hóquei. Mesmo no Técnico, onde a exigência é reconhecida, a conciliação dos estudos com a prática desportiva começa a ser “cada vez mais fácil”. A proliferação de campeonatos universitários, tanto em modalidades coletivas como individuais, tem incentivado a prática do desporto, que hoje se assume como uma das grandes áreas de intervenção das Associações de Estudantes de todo o país. O IST, onde a tradição desportiva remonta ao início do século XX, mantém-se como uma das grandes potências desportivas universitárias nacionais, com bons resultados, ano após ano, em várias modalidades.!
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Ideias Alumni
O papel dos antigos alunos na nova Universidade de Lisboa “A ligação da Universidade aos seus alumni tem todas as condições para se tornar uma aposta de sucesso”
Texto Prof. Eduardo Pereira
Ideias Alumni
DR
O professor António Cruz Serra, na tomada de posse como reitor da nova Universidade de Lisboa Quem se formou no Técnico ao longo dos seus mais de 100 anos de História, sabe que frequentou uma das mais prestigiadas escolas a nível nacional e com crescente projeção internacional nas últimas décadas. A cultura de escola do Técnico baseia-se numa grande exigência de qualidade, ao nível dos mais elevados padrões internacionais. Mas o sucesso do IST deve-se, acima de tudo, aos seus antigos alunos que, através de percursos profissionais de sucesso, contribuíram para engrandecer e prestigiar a Escola que os formou. Neste ano de 2013, o Técnico iniciou uma nova etapa da sua história, protagonizada pela fusão da Universidade Técnica de Lisboa com a Universidade de Lisboa. Desta fusão resultou a nova Universidade de Lisboa (ULisboa), a qual, com os seus cerca de 50.000 alunos, reúne as principais escolas do país em todas as áreas do conhecimento.
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Mil estudantes é o número de alunos da ULisboa Da Engenharia ao Direito, da Medicina à Agronomia, da Economia às Humanidades, das Artes ao Desporto, a Universidade de Lisboa, com todas as suas Escolas, tornou-se, com esta junção de sinergias, mais forte e mais dinâmica, estando hoje mais prepa-
rada para responder aos desafios que temos de enfrentar, num mundo cada vez mais competitivo. A integração do Técnico na ULisboa não significa a perda da sua especial identidade, mas sim a oportunidade de, beneficiando de um novo enquadramento pluridisciplinar, poder contribuir para um encontro de saberes cada vez mais importante no contexto em que atualmente se produz a cultura, o conhecimento e os avanços tecnológicos. O Técnico e a ULisboa, neste momento particularmente marcante das suas histórias, desejam manter e reforçar os laços que os ligam aos seus antigos alunos. O seu papel é essencial para que, onde quer que estejam, os alumni contribuam para a formação das novas gerações, através designadamente da oferta de estágios ou oportunidades de emprego para os novos graduados, da transmissão das suas experiências
e vivências em iniciativas organizadas pelos núcleos estudantis ou da oferta de visitas de estudo ou seminários que enriquecem a formação dos atuais alunos. Simultaneamente, o Técnico e a ULisboa abrem as suas portas para que os seus alumni possam dispor de um diversificado leque de ações de formação e aperfeiçoamento académico, bem como beneficiar da atividade dos seus professores e investigadores no aconselhamento e desenvolvimento tecnológico, de grande valia para o aumento da capacidade inovadora das suas empresas. A ligação da Universidade aos seus alumni tem todas as condições para se tornar uma aposta de sucesso. Assim, contamos com todos os nossos antigos alunos para podermos ensinar e investigar mais e melhor, e para trabalharmos para o desenvolvimento do nosso país de forma mais empenhada e eficaz. !
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International KIC Innoenergy
TĂŠcnico joins a new Venture: the KIC Innoenergy We are paving the way to a new generation of professionals, products and services to change the energy landscape in Europe and worldwide Text Prof. JosĂŠ Santos-Victor, VP International Affairs
International KIC Innoenergy
WDG PHOTO / SHUTTERSTOCK
The KIC-innoenergy is a Societas Europaea with 31 partners (universities, research centres, companies and business schools) The European Institute of Innovation and Technology (EIT) was founded in 2008 to foster Europe´s competitiveness and growth by tackling in a integrated manner all the aspects of the knowledge triangle: education, research and innovation. In 2009, the EIT launched a call to create three KICs – Knowledge and Innovation Communities - in the areas of energy, ICT and climate change. IST is a partner of the winning proposals in the area of energy (the KIC-Innoenergy) and the only Portuguese full partner in the KICs. The KIC-innoenergy is a Societas Europaea with 31 partners (universities, research centres, companies and business schools) amongst the key European stakeholders in the energy sector. The KIC-Innoenergy has the ambition to educate the future leaders and game changers in the energy sector by offering a number of international MSc and PhD programmes, blending technological aspects with management and innovation, and by exposing the students to a challenging multicultural, multinational, innova-
150
million euros was the budget for 2013 tion-friendly environment. The KIC-Innoenergy innovation projects aim to define new products and services in the area of sustainable energy with an impact worldwide. Finally, a business development pipeline (the Innovation Highway) was established to nurture new ideas and give birth to new ventures, through coaching, networking with experienced entrepreneurs, business angels and VC companies.
IST is involved in four MSc programmes (SELECT, RENE, CLEAN COAL and ENTECH) and coordinates the PhD track in sustainable energy systems. EDP is an Associate Partner and plays an active role in the Iberian node. Both IST and EDP are involved in innovation projects, in the areas of ocean energy, smart grids and power systems, materials and energy storage. The Portugal Office of the KIC-Innoenergy is hosted by IST. By 2013, after only four years of operation, the KIC-Innoenergy will run an budget of more than 150M€, “produce” more than 150 new graduates and reach a number of 15 successful ventures that have already found their first customers or raised venture capital. Through its participation in the KIC-Innoenergy, the leading engine for Innovation and Entrepreneurship in sustainable energy, IST is paving the way to a new generation of professionals, products and services to change the energy landscape in Europe and worldwide. !
“The KIC program is an education challenge that can place my career on a solid fundaments of knowledge, connections and world-wide experience. I decided to go to Portugal because I wanted to taste living at the very end of Europe continent. IST has a strong reputation in engineering (…) professors give a lot of freedom to students and thus spur them to be responsible and independent. Furthermore, they are very kind, competitive and willing to explain everything clearly.” Maciej Zyrkowski Poland, Clean Coal M.Sc “IST is very International. I meet students of so many different nationalities every single day! The facilities are great, I thoroughly enjoy the campus atmosphere and the lectures are quite good. I’m learning to be better - technologically, managerially and entrepreneurially. IST prepares you to “work on your own” which is very important when you step out to build a career. And Lisboa is Exotic.” Divya Balakrishnan India, ENTECH MSc
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Factos e Números
1911
104
Ano de fundação do Instituto Superior Técnico
Milhões de euros de orçamento anual
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Percentagem de receitas próprias
FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Arlindo Limede de Oliveira, Luís Caldas de Oliveira, Palmira Ferreira da Silva Editores: André Pires, Sarah Saint-Maxent Direção de Arte Tiago Machado Designers: Patrícia Guerreiro, Telma Baptista, Tiago Machado
10.894 51 Número total de estudantes nos vários cursos e ciclos oferecidos
Percentagem de alunos empregados antes de concluir o curso
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Docentes e investigadores
Editora: Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1 1049-001 Lisboa Tel: (+351) 218 417 000 Fax: (+351) 218 499 242 Impressão: Socingraf Rua de Campolide 133 1º D 1070-029 Lisboa Periodicidade: Bimestral Tiragem: 3000 Assinaturas: gcrp@tecnico.ulisboa.pt Website: valoresproprios.ist.utl.pt
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Centros e Institutos de Investigação
1.292
Laboratórios Associados Doutorados de Investigação
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TECNICO.ULISBOA.PT
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CENTRO DE CONGRESSOS TÉCNICO LISBOA
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VALORES PRÓPRIOS NOV/DEZ 2013