VP VALORES PRÓPRIOS REVISTA DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MAGAZINE NOVEMBRO/DEZEMBRO NOVEMBER/DECEMBER 2014
Editorial
Uma Escola para o Mundo / A School for the World PT O Técnico foi fundado em 1911 com “o intuito de fornecer ao País engenheiros que possuíssem não só o saber, mas também as qualidades necessárias para que, prosperando na vida profissional, contribuíssem ao mesmo tempo para o progresso económico”, e rapidamente se tornou a escola de engenharia de referência em Portugal. À primeira vista, e apesar das mudanças dramáticas dos últimos cem anos, esta missão parece, no essencial, praticamente inalterada. Apesar disso, houve profundas alterações. A ênfase inicial estava centrada no aperfeiçoamento da nossa sociedade (nacional). Hoje, o Técnico é um ecossistema vibrante, amplamente aberto ao mundo, que acolhe um número crescente de estudantes e investigadores de cerca de 80 nacionalidades diferentes e desenvolve parcerias globais com instituições de topo, com mestrados e doutoramentos lecionados em inglês que capacitam os estudantes com as características técnicas e de liderança que a indústria e as empresas de todo o mundo procuram, e que figura entre as escolas de engenharia de topo na Europa. Uma transformação gigantesca. Este número da Valores Próprios é mais uma prova dessa mudança extraordinária. Para começar, este é o primeiro número totalmente bilingue, e é dedicado ao tema da internacionalização. Ao longo destas páginas, publicamos testemunhos inspiradores de estudantes internacionais que escolheram o Técnico para prosseguir os seus estudos e de alunos do Técnico que estão neste momento a estudar em universidades por todo o globo. Damos voz a antigos alunos e professores com carreiras excecionais nos Estados Unidos ou em Macau, enquanto mantiveram colaborações com o IST. Apresentamos os destaques das nossas parcerias internacionais estratégicas com o MIT, CMU e EPFL e detalhamos as colaborações de longa data com os PALOP. Edições anteriores já abordaram parcerias com a China e o envolvimento na rede EIT KIC-InnoEnergy, que demonstram ainda mais a perspetiva global do Técnico. Várias redes académicas tornaram-se instrumentos estruturantes na Estratégia Global de Internacionalização do IST. O CLUSTER é a nossa plataforma-chave para a Europa, e fomentou a nossa colaboração de alto nível com a China e as atividades da KIC InnoEnergy. O envolvimento na rede TIME aumentou a nossa capacidade de participar em programas de Duplo Grau. A rede Magalhães foi fundamental para desenvolver colaborações com a América Latina e o CEASER é, por excelência, o fórum para discutir as políticas das universidades técnicas na Europa. Finalmente, a participação atual em quase duas dezenas de programas Erasmus Mundus expôs o Técnico à elite destes programas internacionais. A Escola para o Século XXI abriu as portas… a uma Escola para o Mundo.
EN IST was founded in 1911 with the mission of “providing the country with Engineers with know-how and the necessary skills to succeed in their professional lives, while simultaneously contributing to the economic development of Portugal” and soon became the flagship engineering school in Portugal. At first sight, and in spite of the massive changes witnessed in these last 100 years, this mission seems, to a large extent, unchanged. There were, however, profound changes. The initial emphasis was centered on the betterment of our (national) society. Today, Técnico is a vibrant ecosystem, widely open to the world, hosting a fast-growing number of international students and researchers from nearly 80 nationalities, featuring global partnerships with premium institutions, with English-taught MSc and PhD programmes, nurturing graduates with the technical and leadership skills who are sought after by industries and corporations from all over the world, and ranked amongst the top engineering schools in Europe. A gargantuan transformation! This issue of Valores Próprios is yet another evidence of this prodigious change. To start with, it is the first purely bilingual issue and it is dedicated to the theme of internationalization. Through these pages we illustrate inspiring testimonials from international students who have chosen IST to follow their studies and from IST students who are currently studying in different universities all over the globe. We give voice to IST alumni and professors who have pursued outstanding careers in the USA or in Macao, while fostering collaborations with IST. We showcase the highlights of our key international partnerships with MIT, CMU and EPFL and detail the long standing collaborations with the Portuguese-speaking African countries, that are on the way to gain a new momentum. Previous issues have already covered the partnership with China and the involvement in the EIT KIC-Innoenergy, that further demonstrate Técnico’s strong international outlook. Several academic networks have become strategic instruments to develop the IST Global Internationalization Strategy. The CLUSTER network is our key European platform and seeded the high-level collaboration with China and the activities of the KIC Innoenergy. The involvement in the TIME network has leveraged our capacity to engage in Double Degree programs. The Magalhães network has been fundamental to develop collaborations with Latin America and CESAER is the forum par excellence to discuss policy issues concerning technical universities in Europe. Finally, the current involvement in nearly 20 Erasmus Mundus Programmes has exposed IST to the first line of these elite international programmess. The School of the XXI Century gave birth to a global gateway… a leading School for the World!
José Santos-Victor Vice-presidente para os Assuntos Internacionais / IST VP International Affairs
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Instantâneos/Snapshots 2014
Evento/Event
Cerimónia/Ceremony
Ministro da Educação na abertura da Física 2014 / Minister of Education at the opening of Física 2014 PT A cerimónia de abertura da 19.ª Conferência Nacional de Física, Física 2014, juntou, no dia 2 de setembro no Centro de Congressos do Instituto Superior Técnico, o ministro da Educação e Ciência, professor Nuno Crato, o reitor da Universidade de Lisboa, professor António Cruz Serra, e o presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira. A professora Teresa Peña, presidente da Sociedade Portuguesa de Física, e os professores José de Sande Lemos, Carlos Portela e Pedro Abreu completaram a mesa que presidiu à cerimónia. No discurso que encerrou a sessão, Nuno Crato não deixou de agradecer à Sociedade Portuguesa de Física, organizadora do evento, “por existir”, lembrando que desempenha um papel fundamental na divulgação de ciência em Portugal. “O país conta com a Sociedade Portuguesa de Física para muitas áreas, uma delas a de divulgação de ciência, e somos um país que tem uma qualidade de divulgação científica reconhecida em todo o mundo.” !
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EN The opening ceremony of the 19th National Conference on Physics, Física 2014, brought together on September 2nd at the Congress Center of Instituto Superior Técnico the Minister of Education and Science, Professor Nuno Crato, the Rector of the University of Lisbon, professor António Cruz Serra, and the president of Técnico, professor Arlindo Oliveira. Professor Teresa Peña, president of the Portuguese Physics Society, and professors José de Sande Lemos, Carlos Portela and Pedro Abreu also participated in the opening ceremony. On the closing speech, Nuno Crato did not forget to thank the Portuguese Physics Society, the event organizer, “for existing”, remembering that it plays a key role in the promotion of science in Portugal. “The country relies on the Portuguese Physics Society in many areas, one of them being the promotion of science, and we are a country that has a quality of scientific dissemination recognized worldwide.” !
PT Quinze de setembro foi o primeiro dia no Técnico para centenas de novos alunos que, como não podia deixar de ser, tiveram direito a uma sessão de boas-vindas. Pedro Sereno, presidente da Associação dos Estudantes do IST (AEIST) foi o primeiro a tomar a palavra: “Parabéns por terem chegado até aqui. Este vai ser um dia que vão relembrar para o resto da vida, mas agora é que o desafio começa”. “Um conselho que gostaria de ter recebido quando entrei é que não há um caminho certo para o nosso percurso aqui”, disse, perante um Salão Nobre repleto. “Hoje, uma licenciatura ou mestrado não significam nada, têm que completar o vosso caminho com outras competências”. Paulo Quental, vice-presidente aluno do Conselho Pedagógico, também fez questão de dar as boas-vindas aos novos alunos, explicando o funcionamento da escola e lembrando a importância da opinião dos estudantes. “É muito importante que participem ativamente nos momentos em que são chamados a intervir na vida da escola”, lembrou. A presidente do Conselho Pedagógico, professora Raquel Aires-Barros, falou depois: “Vão começar uma nova vida numa escola de excelência, reconhecida internacionalmente. Bem-vindos”. !
EN September fifteen was the first day at Técnico for hundreds of new students, and a welcome session was organized for them. Pedro Sereno, President of the Students’ Union at IST (AEIST) was the first to speak: “Congratulations for coming this far. This will be a day you will remember for the rest of your life, but the challenge starts now”. “One piece of advice that I would have liked to have received when I first came here is that there is no right way for our journey once we are in here”, he said, before a crowded Salão Nobre. “Today, a bachelor or master degree does not mean anything, you must complete your journey with other skills”. Paulo Quental, student vice president of the Pedagogical Board, also made sure to give a warm welcome to new students, explaining how the school works and remembering the importance of the students’ opinion. “It’s very important to be active and participate in school life,” he recalled. The president of the Pedagogical Board, Professor Raquel Aires-Barros, then spoke: “You are going to start a new life in a school of excellence, internationally recognized. Welcome”. !
JOSÉ SANTOS / TÉCNICO
JOSÉ SANTOS / TÉCNICO
“Agora é que o desafio começa” / “The challenge starts now”
Instantâneos/Snapshots 2014
Empreendedorismo/Entrepreneurship
Tecnologia/Technology
Talkdesk angaria 2.5 milhões em investimento / Talkdesk raises 2.5 million in funding PT A Talkdesk, uma startup criada por antigos alunos do Técnico que permite criar um call center em cinco minutos, anunciou ter angariado 3.15 milhões de dólares (aproximadamente 2.5 milhões de euros) na última ronda de ronda de investimento realizada nos Estados Unidos, realizada no mês de setembro. A startup, criada em 2011 por Cristina Fonseca e Tiago Paiva, alumni do curso de Engenharia de Telecomunicações e Informática, conta com clientes como a Chevrolet, Sidecar ou Dropbox, mas apesar da clientela de peso, tem produtos disponíveis para todos os negócios, incluindo micro e pequenas empresas. Este ano, a Talkdesk, que opera na incubadora do Taguspark, espera ter receitas na ordem dos 3 milhões de euros e, para isso, já aumentou o número de colaboradores da empresa, que passou de seis para 25. !
EN Talkdesk, a startup created by former Técnico students, which allows the creation of a call center in five minutes, announced having raised 3.15 million dollars (approximately 2.5 million euros) in the latest funding round closed in closed in September in the United States. The startup, founded in 2011 by Cristina Fonseca and Tiago Paiva, alumni of the Telecommunications and Informatics Engineering course, has clients such as Chevrolet, Sidecar or Dropbox, but despite such heavyweight clients, Talkdesk has products available to all businesses, including micro and small enterprises. This year, Talkdesk, which operates at Taguspark incubator, expects revenues close to 3 million euros and, to achieve that, it has increased the number of employees in the company, which has grown from six to 25. !
PT Uma equipa de investigadores do Técnico está envolvida num projeto de 8.5 milhões de euros, apelidado MORPH (Marine Robotic System of Self-Organising, Logically Linked Physical Nodes), que pretende revolucionar o mapeamento de ambientes marinhos 3D, através de novos robôs submarinos. O projeto, que no mês de setembro testou os robôs no Centro IMAR da Universidade dos Açores, foi lançado em 2012, parcialmente financiado pela Comissão Europeia, e tem como principal objetivo o desenvolvimento de um sistema robótico com sensores distribuídos por diversos veículos, permitindo um mapeamento complexo em missões subaquáticas. A grande inovação do projeto é a operação concertada de uma série de veículos de baixo custo, capazes de funcionar em conjunto, que criam um “super veículo” capaz de aceder a áreas inóspitas em cenários submarinos extremos, na presença de luz reduzida e obstáculos pouco visíveis. O sistema poderá apresentar soluções para áreas como a monitorização ambiental, exploração de recursos marinhos, estudos arqueológicos, proteção de portos, monitorização de estruturas marinhas industriais e deteção de minas, por exemplo. !
EN A team of researchers from Técnico is involved in a 8.5 million euro project, named MORPH (Marine Robotic System of Self-Organising, Logically Linked Physical Nodes), which aims to revolutionize the 3D mapping of marine environments through new underwater robots. The project, that in September tested the robots at the IMAR Centre of the University of the Azores, was started in 2012, partially funded by the European Commission, and has as its main purpose the development of a robotic system with distributed sensors for various vehicles, allowing complex mapping in underwater missions. The great innovation of the project is the concerted operation of a number of low cost vehicles, able to work together, creating a “super vehicle” that can access inhospitable areas in extreme underwater scenarios with low lights and low visibility obstacles. The system can provide solutions for areas such as environmental monitoring, exploitation of marine resources, archaeological studies, protection of ports, industrial monitoring of marine structures and detection of mines. !
ISR / TÉCNICO
TALKDESK
Investigadores do Técnico criam robôs submarinos / Técnico’s Researchers create underwater robots
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Instantâneos/Snapshots 2014
Empreendedorismo/Entrepreneurship
Competição/Competition
Projetos de alunos distinguidos na Lisbon Mini Maker Faire / Student projects distinguished at the Lisbon Mini Maker Faire PT A primeira edição da Lisbon Mini Maker Faire, realizada em setembro no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, terminou com a distinção de três projetos de alunos do Técnico: BITalino, Balua e BikeYourHeart. O evento, relacionado com a Maker Faire, dá oportunidade à comunidade de «makers» ou «fazedores» para mostrar as suas invenções e a sua criatividade, ao mesmo tempo que permite entreter, informar e estreitar os laços da comunidade. O BITalino é “uma espécie de kit faça você mesmo, que disponibiliza sensores fisiológicos” com aplicações em áreas muito diversificadas, e foi criado pelo aluno de doutoramento Hugo Silva. Balua é o nome de um projeto de alunos e investigadores do Técnico que estudam balões de grande altitude. Os balões podem ter aplicações na deteção e prevenção de incêndios, vigilância da costa marítima, estudos ambientais ou fotografia aérea profissional. Finalmente, BikeYourHeart é um projeto ligado à prática de exercício físico que, baseado no BITalino, faz a monitorização de sinais fisiológicos através de sensores colocados diretamente no guiador da bicicleta que se utiliza. !
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EN The first edition of the Lisbon Mini Maker Faire, held in September at the Pavilhão do Conhecimento in Lisbon, closed with the distinction of three projects from students of Técnico: BITalino, Balua and BikeYourHeart. The event, related to the Maker Faire, provides the opportunity for the «makers» or «doers» community to showcase their inventions and their creativity, whilst it also entertains, informs and strengthens community ties. BITalino is “a kind of do it yourself kit that provides physiological sensors” with applications in many different areas and was created by PhD student Hugo Silva. Balua is the name of a students and researchers’ project from Técnico who study high altitude balloons. The balloons can be used in fire detection and prevention, coastal surveillance, environmental studies or professional aerial photography. Finally, BikeYourHeart is a project linked to the practice of physical exercise, based on BITalino, that monitors physiologic signals through sensors placed directly on the handlebar of the bike. !
PT O projeto de previsão meteorológica do Departamento de Engenharia Mecânica do Técnico venceu o prémio Abertura da ESOP - Associação de Empresas de Software Open Source Portuguesas. O prémio foi criado pela associação para distinguir projetos e entidades que se destacam na promoção da utilização de software open source ou na implementação de projetos nesta área. O projeto do Técnico tem sido desenvolvido desde 1999 e tem como objetivo disponibilizar previsões meteorológicas de alta resolução. O investigador Jorge Palma recebeu o prémio em nome do departamento, dedicando-o ao professor Delgado Domingos, criador do projeto, que desde muito cedo incentivou a utilização de tecnologias open source no IST. Além deste projeto, estavam nomeados para os prémios as Universidades de Évora e do Porto. !
EN The weather forecasting project of Técnico’s Mechanical Engineering Department won ESOP’s Opening Award - Association of Open Source Software Portuguese Companies. The award was created by the Association to distinguish projects and organizations who excel in promoting the use of open source software or in implementing projects in this area. Técnico’s project has been under development since 1999 and aims to provide high-resolution weather forecasts. Researcher Jorge Palma received the award on behalf of the department, dedicating it to Professor Delgado Domingos, creator of the project, who encouraged the use of open source technologies at IST from the begining. Besides this project, the Universities of Évora and Oporto were also nominated for the awards. !
HARVEPINO / SHUTTERSTOCK
BITALINO
Previsão Numérica do Tempo do Técnico vence prémio / Técnico’s Numerical Weather Prediction wins award
Instantâneos/Snapshots 2014
Carreira/Career
Alumni
“O Técnico tem que vos ajudar a fazer uma escolha informada” / “Técnico has to help you make an informed choice” PT Decorreram, no final de setembro, as IST Career Sessions, cujo objetivo é ajudar os alunos a preparar o futuro profissional, permitindo que façam “uma escolha informada”. O professor Luís Caldas de Oliveira, vice-presidente para o Empreendedorismo e Ligações Empresariais, foi o responsável pelas sessões, que inaugurou explicando que “temos que acompanhar a mudança rápida do mundo profissional está a viver”. “Mesmo com meios reduzidos, o Técnico tem que vos ajudar a fazer uma escolha informada em relação ao vosso futuro”, explicou o professor, antes de abordar uma série de questões sobre o assunto: a importância de identificar as áreas e empresas pretendidas, as pessoas que poderão ajudar, definir objetivos ou garantir soft-skills que façam a diferença na altura da contratação foram alguns dos pontos discutidos. As sessões são um de vários eventos organizados ou apoiados pelo Núcleo de Parcerias Empresariais, onde se incluem outras sessões que ajudam os alunos a preparar o seu futuro: IST Career Weeks, IST Career Workshops e IST Career Scholarships. “A minha missão aqui é fazer com que vocês pensem no vosso futuro. Isso devia ser uma preocupação permanente”, resumiu o professor Luís Caldas de Oliveira. !
EN The last edition of IST Career Sessions took place in late September. The goal is to help students prepare their professional future, enabling them to make “an informed choice”. Professor Luis Caldas de Oliveira, vice president for Entrepreneurship and Business Connections, was in charge of the sessions, which he inaugurated explaining that “we have to keep up with the rapid change that the professional world is going through.” “Even with limited resources, Técnico has to help you make an informed choice regarding your future,” said the professor, before addressing a series of questions on the subject: the importance of identifying the desired areas and companies, the people who can help, setting goals or guaranteeing soft-skills that make a difference at the moment of recruitment were some of the points discussed. The sessions are one of several events organized or supported by the Corporate Partnerships Office, which includes other sessions that help students prepare for their future: IST Career Weeks, IST Career Workshops and IST Career Scholarships. “My mission here is to make you think about your future. This should be an ongoing concern”, summarized professor Luís Caldas de Oliveira. !
PT O professor Pedro Domingos foi o vencedor do Prémio Inovação 2014 da ACM SIGKDD, Association for Computing Machinery’s Special Interest Group on Knowledge Discovery and Data Mining. O prémio atribuído visa distinguir o trabalho realizado pelo professor nas áreas de integração de informação, marketing viral, análise de dados e mineração de dados em redes sociais. Outras áreas em que o trabalho de Pedro Domingos foi distinguido são a deteção de fraude, filtragem de spam ou ainda contraterrorismo. Pedro Domingos completou o seu Doutoramento em 1997, na Universidade da Califórnia, em Ciências da Computação e Informação, depois de concluir licenciatura e mestrado no Técnico, e é atualmente professor de Engenharia de Ciências da Computação na Universidade de Washington. !
EN Professor Pedro Domingos was the winner of the Innovation Award 2014 by ACM SIGKDD, Association for Computing Machinery’s Special Interest Group on Knowledge Discovery and Data Mining. The prize awarded aims to distinguish the professors’s work in the areas of information integration, viral marketing, data analysis and data mining in social networks. Other areas in which Pedro Domingos’ work was distinguished are fraud detection, spam filtering and counterterrorism. Pedro Domingos completed his PhD in 1997 at the University of California, in Computer Science and Information, after completing his bachelor and master degrees at Técnico and is currently a professor of Computer Science Engineering at the University of Washington. !
MMACRM.WORDPRESS.COM
JOSÉ SANTOS / TÉCNICO
Ex-aluno do Técnico vence prémio internacional / Técnico’s alumnus wins international award
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Entrevista/Interview Rui Martins
“Um certo espírito de aventura levou-me a aceitar o desafio” / “A certain spirit of adventure led me to accept the challenge” Rui Martins é docente do Técnico e, desde 1992, da Universidade de Macau, onde ocupa agora o lugar de vice-reitor / Rui Martins is a professor at Técnico and, since 1992, at University of Macau, where he is currently the vice-rector for research Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel
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PT Licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica pelo Técnico em 1980. Por que decidiu seguir essa área? Desde miúdo que a eletricidade e as comunicações me fascinavam, pelo que escolhi de forma natural o Técnico, era a escola de engenharia mais prestigiada do país. Manteve depois o seu percurso académico ligado à Escola… Entrei no Técnico em 1975 e concluí o curso em 1980, numa fase difícil da vida do país. Não havia muito trabalho e todos pensávamos acabar o curso e ir para a tropa ou para o desemprego. Nessa altura, no entanto, iniciou-se a grande revolução da eletrónica: apareceram os microprocessadores e o nosso era o primeiro em que eram estudados. Em 1980 apareceu um anúncio para recrutar engenheiros e alunos finalistas com conhecimentos de eletrónica. Fui um dos selecionados, e trabalhei em tempo parcial nos últimos 6 meses da licenciatura. Mas acabou por não se manter no mundo empresarial. Seria natural a continuação após a conclusão do curso, mas o Técnico começou a recrutar jovens docentes. Candidatei-me e fui admitido como
JORNAL PONTO FINAL
Assistente Estagiário na secção de Eletrónica do DEEC. Seguiu-se o mestrado e, depois, o doutoramento. Concluí o primeiro mestrado do DEEC em 1985. A etapa natural a seguir seria o doutoramento, mas estive indeciso entre fazê-lo no Técnico ou fora do país. O meu orientador, o professor José Epifânio da Franca convenceu-me: o importante são as publicações e a competição internacional, e isso pode fazer-se em qualquer lado. No ano em que concluiu o doutoramento, 1992, passou a ser docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau (UM). Como surgiu essa oportunidade? Em abril surgiu um anúncio de recrutamento de professores para a UM. Eu nem sabia que existia aí uma Universidade e respondi ao anúncio por curiosidade. Posteriormente fui contactado e hesitei, mas um certo espírito de aventura, o imaginário do mundo da Língua Portuguesa (que tinha desde que vivi em África), o facto de ter acabado o doutoramento há pouco tempo e o desafio que seria começar de novo num outro local levaram-me a aceitar o desafio. R
1985
Ano de conclusão do mestrado / Year of the MSc graduation
EN You graduated in Electrical Engineering from Técnico in 1980. Why did you decide to follow this path? Since I was a kid I was fascinated by electronics and communications, so I naturally chose Técnico as it was the most prestigious engineering school in the country. And you pursued your academic path here… I entered Técnico in 1975 and finished my degree in 1980, at a difficult time in the country’s history. There weren´t many opportunities and everyone thought about finishing their studies and either joining the army or ending up unemployed. At the time, however, the great electronics revolution began: the microprocessors appeared and our program was the first in which they were studied. In 1980 there was an ad recruiting engineers and senior students with knowledge of electronics. I was one of those selected, and worked part time during the last six months of my studies right before graduation. But as it turned out, you did not remain in the business world. It would have been natural to continue there after completing my degree, but Técnico started recruiting young
teachers. I applied and was hired as Teaching Assistant in the Electronics section of the DEEC. This was followed by a Master’s and then a PhD. I finished the first Master’s degree in electrical engineering in 1985. The next natural step would have been to pursue a PhD, but I couldn’t decide whether to do it at Técnico or abroad. My supervisor, Professor José Epifânio da Franca convinced me to stay: publications and international competition are the most important factors, and this can be done anywhere. After completing the PhD, in 1992, you became a professor at the Faculty of Science and Technology, University of Macau (UM). How did the opportunity arise? In April there was an ad recruiting professors for UM. I wasn’t even aware that there was a university there and replied to the ad out of curiosity. Later I was contacted and I hesitated, but a certain spirit of adventure, the appeal of the Portuguese-speaking world (which I shared after living in Africa), the fact that I had recently completed my PhD, and the challenge of starting R
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Entrevista/Interview Rui Martins
Mas ficou. Tentei dar o benefício da dúvida ao local. Decidi analisar o programa de licenciatura em Engenharia Eletrotécnica, a Faculdade e a própria Universidade, e escrevi o que considero hoje um dos meus melhores relatórios, “First Impressions, First Proposals”. A sua implementação deu origem ao lançamento de toda a pós-graduação na Universidade. Para além deste relatório, que me permitiu conhecer melhor o ambiente em que estava inserido, também a qualidade dos alunos com que me cruzei levaram-me a ficar e a aceitar o desafio de começar tudo do zero. A partir daí começou a ocupar lugares de topo dentro da UM: diretor da Faculdade e, desde 1997, vice-reitor da Universidade… Tudo o resto apareceu por acréscimo, a partir da apresentação do relatório e da tentativa de o colocar em prática. Neste momento sou vice-reitor, com o pelouro da Investigação, mas nunca abandonei o ensino e a investigação. Em agosto de 2013, aquando da sua reeleição, disse que seriam “cinco anos de trabalho muito complicados”. Que desafios enfrenta a Universidade? Na altura, a afirmação estava essencialmente relacionada com uma mudança radical da UM para um novo campus, de dimensão vinte vezes superior ao anterior. Teríamos que colocar a funcionar uma “Univercidade”, como costumo dizer, que engloba 80 edifícios e um quilómetro quadrado de extensão. Nos próximos quatro anos teremos de continuar a nossa caminhada para construir uma Universidade de topo a nível mundial. O novo campus constitui apenas o hardware dessa universidade, enquanto o software, constituído pelo seu corpo docente, terá de continuar a ser construído e melhorado ao longo do tempo. E estão no bom caminho. Tivemos uma bela surpresa a 1 de outubro, na última edição do Times Higher Education World-Universities Ranking, onde a Universidade de Macau aparece pela primeira vez
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SEAN PAVONE / SHUTTERSTOCK
R PT Como foi a primeira impressão? A chegada a Macau foi um choque, e não só cultural. A Universidade, muito jovem, estava principalmente dedicada ao ensino, com programas muito recentes, em particular na área de Engenharia. A investigação científica era praticamente inexistente… pensei regressar de imediato a Portugal.
na posição 287, entre as 300 melhores universidades mundiais. Mas isso vem aumentar ainda mais o grau de exigência que será necessário manter para que a UM possa evoluir nesta área muito competitiva do ensino superior. Mesmo depois de 22 anos, faz questão de manter uma forte relação com o Técnico. Como? Os meus alunos passaram temporadas nos laboratórios de investigação do Técnico e há uma colaboração na área da Robótica. No meu caso específico, todas as publicações dos trabalhos que coordeno continuam a incluir a minha afiliação ao Técnico e à Universidade de Lisboa, e considero importante manter no futuro esta ligação. Atualmente, com os meios tecnológicos que estão à nossa disposição as grandes distâncias físicas são apenas aparentes, pois tudo circula à velocidade da luz. !
R EN over again in another place led me to accept the challenge.
What was your first impression? The arrival in Macau was a shock, and not just a cultural one. The University was very young, mainly dedicated to teaching, and its programmes were new, particularly in the area of Engineering. Scientific research was virtually non-existent... I immediately thought about returning to Portugal. But you stayed. I decided to take the challenge. I started to analyze the Electrical Engineering degree program, the Faculty and the University itself, and I wrote what I consider today one of my best reports, “First Impressions, First Proposals”. Its implementation was the seed to launch all post-graduation programs at the University. In addition to this report, which allowed me
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Posição da UM no ranking em 2014 / UM ranking position in 2014
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Anos como vice-reitor na UM / Years as vicerector of the UM
to better understand the environment in which I was inserted, the quality of the students that I encountered led me to stay and accept the challenge of starting from scratch. You then began occupying top management positions at UM: Dean of the Faculty and, since 1997, vicerector of the University... Everything else came as an extension of the presentation of the report and the attempt to implement it. At this moment I am the vice-rector responsible for Research, but I never stopped teaching and doing research. In August 2013, on the occasion of your re-election, you said that it would be “five years of very hard work”. What challenges does the University face? At the time the statement was primarily related to a radical change to a new UM campus, which was twenty times larger than the previous one. We would have to create a functioning “Univercity”, as I normally say, that includes 80 buildings and an area of a square kilometer. Over the next four years we have to keep working towards building a world-renowned, top university. The new campus is just the hardware of that university, while its software, the faculty, will continue to be built and improved over time. And you’re on the right track. We had a nice surprise on October 1st, in the last edition of the Times Higher Education World Universities Ranking, in which the University of Macau appeared for the first time at position 287, amongst the top 300 universities in the world. But that increases even further the level of demand which will be needed so that UM can evolve in this very competitive field of higher education. Even after 22 years, you are keen on maintaining a strong relationship with “Técnico”. How? My students have spent periods of time in the research laboratories of Técnico and there is collaboration in the field of robotics. In my specific case, all the published papers that I coordinate continue to include my affiliation with Técnico and the University of Lisbon, and I consider important to maintain this connection in the future. Nowadays, with the technological means at our disposal, large physical distances are only a deceptive appearance, because everything runs at the speed of light. !
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Petróleos, Naval ou Gestão Industrial: o que procuram os alunos internacionais? / Oil, Naval, or Industrial Management: what are international students looking for? Os mestrados no Técnico viram-se, cada vez mais, para os alunos internacionais. Fomos perceber como / Técnico’s Master’s degree programmes are attracting an increasing number of international students. We met with program coordinators to learn more about their efforts Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel
Estudantes/Students MSc
estudantes de países nórdicos, Itália, Espanha, Venezuela e Argentina. “Mas temos alunos de todo o mundo.” Para fazer face ao crescente interesse, foi criado um contingente especial de candidaturas: além das 30 vagas disponíveis anualmente para alunos que não tenham completado a licenciatura em EGI no Técnico (de entrada imediata no mestrado), existem dez vagas adicionais para alunos extra-europeus. Os resultados estão à vista, e o Técnico assume-se, cada vez mais, como uma escola de topo a nível internacional. Outros efeitos? “Da relação entre alunos portugueses e estrangeiros têm resultado alguns namoros”, lembra a professora Ana Póvoa. !
EN “In order for a Master’s programme to be successful (...) two basic characteristics are required: the ability to attract talented foreign students and to offer a degree that provides graduates with secure employment opportunities outside Portugal.” This statement comes from Professor Amílcar Soares, the coordinator of the Master’s programme in Petroleum Engineering at Técnico, and reflects IST’s increasing focus on the international standing of its programmes. In fact, much has been done over the last several years to enhance Técnico’s international position either by implementing mobility programmes that allow foreign students to study for a semester or longer at Técnico and by increasing the admission of international degree-seeking students that complete their programmes in the same way that Portuguese students do. Amongst the Master’s programmes, the areas of Petroleum Engineering, Engineering
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Percentagem de alunos internacionais em Gestão de Energia / Percentage of international Energy Management students
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Vagas para alunos extra-europeus em EGI / Vacancies for nonEuropean Students in IEM
DABARTI CGI / SHUTTERSTOCK
PT “Para um mestrado ter sucesso (…) necessita de duas características básicas: capacidade de atrair bons alunos estrangeiros e ter um diploma que é um bom seguro para a empregabilidade fora de Portugal.” A frase do professor Amílcar Soares, coordenador do Mestrado em Engenharia de Petróleos (MEP) no Técnico, espelha a importância cada vez maior que é dada à internacionalização dos cursos no IST. O primeiro fator tem crescido muito nos últimos anos, quer através de programas de mobilidade temporários, que permitem a alunos estrangeiros fazer um ou vários semestres no Técnico, quer através do aumento de inscrições de alunos internacionais como internos – que cumprem todo o programa do curso da mesma forma que os alunos portugueses. A nível do mestrado, as áreas da Engenharia dos Petróleos, Engenharia e Arquitetura Naval, Engenharia e Gestão de Energia e Engenharia e Gestão Industrial são das que mais alunos internacionais têm, dentro do Técnico. Nalguns casos, como em Engenharia e Gestão de Energia, o número de matrículas de alunos internacionais é muito alto, à partida (no último ano, só neste mestrado, 15 dos 27 alunos inscritos eram estrangeiros); noutros, como em Engenharia e Gestão Industrial (EGI), são os alunos em mobilidade que aumentam o contingente estrangeiro para valores muito acima do normal no Técnico. “Este é um curso que dá para tudo, em que todas as aulas do segundo ciclo [como em toda a Escola] são dadas em Inglês, e que é muito procurado internacionalmente”, explica a professora Ana Póvoa, coordenadora do mestrado em EGI. “Aqui não há problemas de mercado, todos os alunos têm emprego – em Portugal e lá fora – e, talvez por isso, somos muito procurados.” No caso da Engenharia dos Petróleos, segundo Amílcar Soares, há algumas características fundamentais que fazem com que o Técnico seja “a escola portuguesa mais bem preparada para poder competir internacionalmente na formação e investigação”: a ligação ao Centro de Modelização de Reservatórios Petrolíferos (um centro de excelência a nível mundial), a internacionalização da atividade dos docentes e investigadores, que se traduziu na criação de uma rede de escolas parceiras onde os alunos podem estagiar e uma estreita ligação à indústria. Apesar de estar apenas no terceiro ano de funcionamento (foi criado em 2012), o MEP tem sido um exemplo a nível do interesse de alunos internacionais. E que alunos são esses que procuram o Técnico? No que diz respeito a EGI, Ana Póvoa explica que são os
and Naval Architecture, Engineering and Energy Management, and Industrial Engineering and Management are those that have the highest share of international students within Técnico. In some cases, as in Engineering and Energy Management, enrollment of degree-seeking foreign students is already very high (last year, in this Master’s degree programme alone, 15 of the 27 enrolled students were foreigners); in others, as in Industrial Engineering and Management (IEM), there is a record number of international students, participating in mobility programmes. “This is a field of study with a broad scope, in which all classes at MSc level [as it is common practice in Técnico] are taught in English, and that is is largely appreciated, internationally,” explains Professor Ana Póvoa, coordinator of the Master’s degree programme in IEM. “There are no problems with the job market here, all students have jobs - in Portugal and abroad - and that is why this has become a highly sought-after programme”. In the case of Petroleum Engineering, according to Professor Amílcar Soares, there are some key features that make Técnico “the Portuguese school that is best prepared to compete internationally in education and research”: its affiliation with the Center for Modelling Petroleum Reservoirs (a world class center), the international outlook of its teaching and research activities which has led to the creation of a network of partner schools where students can do internships, in a really close connection with the industry. Despite its short history (the programme is only in its third year of operation having been created in 2012), MEP has been a very good example in terms of attracting international students. And who are these students interested in Técnico? Regarding IEM, Ana Póvoa explains that many of them come either from the Nordic countries, Italy, Spain, Venezuela, or Argentina. “But we have students from all over the world,” she adds. To keep pace with the growing interest, a special contingent of applications was created: besides the 30 places available annually to students who have not completed the degree in IEM at Técnico (and that have immediate entry into the Master’s programme), there are ten additional vacancies for non-European students. The results are clear, and Técnico is increasingly viewed as a top international school. Other effects? “The interactions between Portuguese and foreign students has led to some romantic relationships,” recalls Professor Ana Póvoa. !
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Momento/Moment
Receção aos novos alunos no Campus Alameda / New students’ reception at the Alameda Campus
2014.09.12
Fotografia/Photography Débora Rodrigues
Destaque/Highlight Mobility
Começar no Técnico, conquistar o mundo / Técnico students conquer the world Milhares de estudantes, todos os anos, partem à descoberta de novos lugares. Um pouco por todo o mundo, podemos encontrar alguns cujos primeiros passos foram dados no Técnico / Every year, thousands of students choose to study abroad and discover new destinations. We can find their inspiring testimonials from the different corners of the world Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel
PT Querem experimentar outras culturas, viver desafios pessoais e académicos, e conhecer novas pessoas. É isso que faz com que, a cada semestre, centenas de alunos do Técnico decidam mudar-se de armas e bagagens para outra cidade, outro país, outro continente. Ao abrigo de programas como o Erasmus+, TIME ou KIC-Innoenergy, ou aproveitando acordos com outras Universidades, os futuros engenheiros ocupam lugares nas escolas um pouco por todo o mundo. “A primeira impressão foi de estranheza, e é exatamente essa estranheza de um mundo completamente diferente que é tão entusiasmante.” As palavras são de Joana Neto que, aos 24 anos, decidiu rumar a Xangai para seis meses de estudo. Quando procurou informar-se sobre os intercâmbios possíveis para si, enquanto aluna de Engenharia Mecânica, sabia apenas que não queria ficar na Europa. Depois, percebeu que tinha como opções Hong Kong, Xangai, Harbin e outros “destinos exóticos”. “Nem pensei duas vezes e candidatei-me logo.” Acabou por seguir viagem para a China, onde se deparou com essa estranheza que impressiona. Lá, do outro lado do mundo, “imperam as diferenças sobre as semelhanças” em relação ao que conhece aqui. A qualidade do ar, o custo de vida, a dimensão – “o campus onde me encontro a estudar é tão grande que qualquer deslocação sem bicicleta é extrema-
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“Penso que seis meses ou um ano não é tempo suficiente para verdadeiramente se abraçar um novo país” “I think six months or one year are not enough time to truly embrace a new country”
mente morosa” – ou a comida são realidades totalmente díspares das que Joana conheceu toda a vida. A maior diferença, no entanto, é a possibilidade “de estar em contacto com pessoas de todo o mundo”, que dificilmente encontraria em Lisboa. Frederico Nunes, 22 anos, aluno de Engenharia Civil, pensou seguir os mesmos passos de Joana: “Tentei contactar com tempo as universidades chinesas, mas a verdade é que as respostas tardavam…”. Não fazer um programa de intercâmbio, diz, “não era opção” e também ele quis fugir à Europa. Decidiu mudar de rumo e voltou-se para a Universidade Federal de Santa Catarina, no Brasil, onde ficará até dezembro. “A universidade cumpria os meus requisitos: era um país não tradicional, com ensino de qualidade, beleza natural fascinante, seguro e com pessoas hospitaleiras”, explica. A língua ser a mesma até podia ser um bónus, mas, diz Frederico, “não é tão fácil como pode parecer… não somos entendidos se falarmos o tradicional português de Portugal”. Noutras paragens, mais próximas, também o português não serve de muito. Guilherme Freches, futuro engenheiro biomédico, considerou as suas opções e quis fugir a um país de “línguas latinas”, que não eram desafio suficiente. Através do programa TIME, seguiu caminho para a Rússia, onde ficará durante dois anos a fim de obter um Grau Duplo de mestrado. “Penso que seis meses ou um ano R
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EN They want to discover other cultures, experience personal and academic challenges, and meet new people. That’s what makes hundreds of Técnico students decide to pack up and leave for another city, another country, or another continent every semester. By applying for programmes such as Erasmus+, TIME or KIC-Innoenergy, or by taking advantage of agreements with other universities, future engineers occupy places in schools all over the world. “My first impression was of strangeness, and it is this strangeness of a completely different world that is so exciting.” These words are from 24-year-old Joana Neto who decided to head to Shanghai for six months of study. When she searched for information about exchange programs available for students of Mechanical Engineering, she only knew that she didn’t want to stay in Europe. Then she realized that she had Hong Kong, Shanghai, Harbin and other “exotic destinations” as options. “I didn’t think twice and applied immediately.” Eventually she made the trip to China, where she faced this astounding strangeness. There, on the other side of the world, “differences prevail over similarities” compared to the life that she knew in her home country. The air quality, the cost of living, the dimensions - “the campus where I am studying is so big that any movement without a bike is extremely time-consuming” - or the food are totally different from anything Joana experienced throughout her life. The biggest difference, however, was the possibility “of being in contact with people from all over the world”, that she would hardly find in Lisbon. Frederico Nunes, 22, student of Civil Engineering, decided to take the same steps as Joana: “I tried to contact Chinese universities, but the truth is that the responses weren’t arriving...”. Not doing an exchange programme, he says, “was not an option” and he also wanted to escape from Europe. He decided to change course and turned to the Federal University of Santa Catarina in Brazil, where he will stay until December. “The university met my requirements: it was a non-traditional country with a high-quality education and fascinating natural beauty, and was also safe and had friendly people,” he explains. The fact that his own language was spoken in the country could be a plus but, Frederico says, “it is not as easy as it may seem... we are not understood if we speak the traditional Portuguese of Portugal”. Elsewhere, much closer to home, Portuguese also doesn’t have much use. Guilherme Freches, future biomedical engineer, considered his R
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R PT não é tempo suficiente para verdadeiramente se abraçar um novo país, uma nova língua e uma nova cultura”, afirma o estudante de 22 anos. Já antes de se mudar para a Universidade Técnica Estatal de Moscovo começou com aulas de russo – teve uma bolsa de estudo para estudar no Instituto de Línguas na cidade durante um mês, fornecida pelo estado russo – mas, garante, o que aprendeu é “claramente insuficiente para conseguir acompanhar as aulas”. Ainda assim, espera que a situação melhore: “Um dos meus objetivos é conseguir ler o «Guerra e Paz» na sua língua original”, diz. Também há quem escolha destinos mais tradicionais – e com objetivos diferentes. Pedro Sousa, Francisco Capucha e João Almeida são exemplos desses: o primeiro está em Barcelona, Espanha, os outros em Delft, na Holanda, e os três falam dos programas de intercâmbio como uma “experiência de vida” que não quiseram perder. Para Francisco Capucha, a decisão de rumar à Holanda foi fácil: “De férias, passei uma semana em Amsterdão e foi amor à primeira vista”, afirma, referindo ainda a facilidade de falar inglês e o custo de vida menos elevado que, por exemplo, nos países nórdicos. Já João Almeida consultou professores antes de tomar uma decisão. “No final, o prestígio internacional da Delft University of Tecnology, o clima moderado e a cultura da cidade foram os pontos fundamentais”. Ao chegar, impressionou-o a diferença visível no orçamento da universidade, comparado com o do Técnico: “É notório nas coisas mais simples, como os espaços verdes ou os panfletos que são distribuídos, mas também nas estruturas imponentes “. Depois, notou outras diferenças importantes. “A importância dada às atividades extracurriculares – é possível fazer um minor do mestrado com uma das dream teams (equipas como a Formula Student) – permite aos alunos adquirir outras competências que são muito úteis no futuro.” Pedro Sousa, por seu lado, observa com grande agrado as oportunidades profissionais que a estadia na Universidade Técnica da Catalunha pode abrir, no futuro. “Quis mudar de ambiente e experimentar, pela primeira
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Destaque/Highlight Mobility
“A importância dada às atividades extracurriculares (…) permite aos alunos adquirir outras competências que são muito úteis no futuro.” “The importance given to extracurricular activities (…) allows students to acquire other skills that will be very useful in the future”
vez, viver no estrangeiro”, explica, nos últimos dias em Barcelona, onde esteve durante um ano, a terminar o mestrado e escrever a tese. “Escolhi esta escola devido à sua reputação na área em que pretendo seguir carreira profissional [Gestão de Tráfego Aéreo], o que seria um complemento à formação que tive no Técnico.” Nos últimos meses, teve aulas e contactou com o mundo da investigação, teve oportunidade de conhecer pessoas de todo o mundo e deparou-se com um enorme nível de entreajuda e hospitalidade. Uma certeza ficou, antes de vir a Lisboa defender a dissertação final de mestrado: “No futuro, vou para onde conseguir arranjar emprego, mas não gostava de voltar a Portugal”. !
R EN options and wanted to run away from a country of “Latin languages” that were not enough of a challenge. With the help of the TIME program, he made his way to Russia, where he will remain for two years to get a Master’s Double Degree. “I think six months or one year are not enough time to truly embrace a new country, a new language and a new culture”, says the 22-year-old student. Even before moving to Moscow State Technical University, he began taking Russian classes – he had obtained a scholarship provided by the Russian state to study for a month at the Institute of Languages in the city – but he assures us that what he learned was “clearly insufficient to keep up with the classes”. Still, he expects the situation to improve: “One of my goals is to be able to read ‘War and Peace’ in its original language”, he says. There are also students who choose more traditional destinations - and with different goals. Pedro Sousa, Francisco Capucha and João Almeida are examples of such a choice: the first one is studying in Barcelona, Spain and the other two in the city
of Delft in the Netherlands; all three talk about the exchange programs as a “life experience” which they didn’t want to miss. For Francisco Capucha, the decision to move to the Netherlands was easy: “When I was on vacation, I spent a week in Amsterdam and it was love at first sight,” he says, referring also to the ease of speaking English and the lower cost of living compared to, for example, the Nordic countries. João Almeida consulted teachers before making a decision. “In the end, the international prestige of the Delft University of Technology, the moderate climate and the city’s culture were the key points.” Upon arriving, he was impressed by the visible difference between the budget available at Delft University of Technology’s and Técnico: “It is noticeable in the simplest things such as green spaces or flyers that are distributed, but also in the impressive infrastructures”. Then he noticed other significant differences. “The importance given to extracurricular activities – it is possible to do a Master’s degree minor with one of the dream teams (such as Formula Student) – allows students to acquire other skills that will be very useful in the future”. Pedro Sousa, for his part, notes with great satisfaction the professional opportunities that the stay at the Technical University of Catalonia may open up to him in the future. “I wanted to change my environment and experience, for the first time, living abroad”, he explains, during his last days in Barcelona, where he spent one year finishing his Master’s degree and writing his thesis. “I chose this school because of its reputation in the field in which I intend to pursue a professional career [Air Traffic Management]; it would be a supplement to the technical training I have received in Técnico.” In recent months, as Pedro was taking classes, staying in touch with the world of research, and enjoying the opportunity of meeting people from all over the world, he was treated with considerable helpfulness and hospitality. Before returning to Lisbon to defend his final Master’s dissertation, he is holding fast to his conviction: “In the future, I will stay wherever I can get a job, but wouldn’t like to return to Portugal.” !
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Cooperação/Cooperation MIT / CMU / EPFL
Estudar no Técnico e lá fora / Studying at Técnico and abroad Entre as várias parcerias internacionais que a escola desenvolveu, três destacam-se pela importância e sucesso / Among the many international partnerships the school has developed, three stand out due to their importance and success Texto Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel
PT Cada vez mais virado para o exterior, o Técnico tem vindo a participar num número crescente de redes internacionais e a desenvolver numerosas parcerias com instituições de topo a nível mundial. Dessas, três são de destacar, pela importância que assumem para alunos, docentes e investigadores, e pelo sucesso que têm tido: o MIT Portugal Program, com o americano Massachusetts Institute of Technology (MIT); o Carnegie Mellon Portugal Program, com a Carnegie Mellon University (CMU), também ela sediada nos EUA; e o IST-EPFL Joint Doctoral Initiative, com a École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça. Todos eles surgiram, na última década, da vontade conjunta de escolas e governos para estreitar laços na área do Ensino Superior de ciência e engenharia. Hoje, são reconhecidos como alguns dos programas mais prestigiados no âmbito da colaboração entre universidades, permitindo o intercâmbio de alunos e docentes e a orientação conjunta de teses e de investigações entre o Técnico e outra instituição. Exclusiva ao Técnico e à EPFL, a IST-EPFL Joint Doctoral Initiative aposta na atribuição de graus conjuntos a alunos das duas escolas, o que representa “um desafio”, segundo o professor José Santos-Victor, diretor do programa. “Esta oferta exige um conhecimento mútuo bastante profundo das instituições envolvidas”, que não é fácil de alcançar. Apesar disso, o esforço é recompensado: “A EPFL é uma das melhores escolas de engenharia do mundo, tem uma dimensão semelhante ao Técnico e tem tido um trajeto notável na última década, processo que é inspirador para o IST”, explica o docente. O programa, que permite que investigadores portugueses e suíços definam temas de investigação e co-orientem estudantes nessas áreas, tem contribuído para um crescente “conhecimento institucional do IST por parte da EPFL e internacionalmente”. Os numerosos prémios e criação de empresas de elevado potencial por parte dos alunos do programa têm acrescentado “prestígio” a esta parceria. O MIT Portugal Program (MPP) e o Programa Carnegie Mellon Portugal, pelo contrário, são parcerias internacionais que envolvem um grande número de parceiros: universidades portuguesas, parceiros industriais e centros de investigação. Em ambos os programas, onde o Técnico se assume como parceiro fundamental, o corpo docente e de investigação tem
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Cooperação/Cooperation MIT / CMU / EPFL
Centro Ray e Maria Stata no campus do MIT / Ray and Maria Stata Center on the MIT campus também a oportunidade de participar em programas de intercâmbio. “Ao longo dos anos, os estudantes de doutoramento do Técnico têm vindo a estudar no MIT, e são totalmente integrados nesse sistema académico”, explica o professor Paulo Ferrão, diretor do MPP. “Além disso, o corpo docente também tem estado profundamente envolvido no programa de intercâmbios da faculdade, (…) através de projetos colaborativos de investigação e da oportunidade de participar em aulas e atividades no MIT.” No CMU Portugal, têm a mesma oportunidade, e aos alunos é conferido um grau duplo de ambas as universidades: Técnico e Carnegie Mellon, onde “completam um programa de estudo e investigação rigoroso”, refere o professor José Fonseca Moura, diretor do programa e ex-aluno e docente do Técnico. “Isto proporciona um fluxo contínuo de investigadores de alta qualidade no sistema universitário português: o objetivo é colocar Portugal na vanguarda da inovação nas áreas de tecnologias de informação e comunicação.” !
EN Increasingly outward-facing, Técnico has been participating in a growing number of international networks and developing numerous partnerships with top institutions worldwide. We highlight three flagship partnerships, that represent seeds of change and played a transforming role for students, faculty and researchers: the MIT Portugal Program in collaboration with the Massachusetts Institute of Technology, USA; the CMU Portugal Program, with the Carnegie Mellon University, also based in the USA; and the ISTEPFL Joint Doctoral Initiative, with the École Polytechnique Fédérale de Lausanne of Switzerland. These academic partnerships were all born, in the last decade, out of the joint initiative of the governmental and education sector to strengthen ties between Portuguese and foreign higher education institutions specialized in science and engineering. Today, they are recognized as premium academic partnerships – in addition to student and faculty exchange programs between the universities, they offer students the opportunity to have their thesis and research jointly supervised by professors both from Técnico and the partner institution.
Exclusive to the Técnico and the EPFL, the IST-EPFL Joint Doctoral Initiative is committed to granting students a joint degree that is validated by both universities, an undertaking that represents “a challenge”, according to Professor José Santos-Victor, the program’s director. “This offer requires a fairly deep mutual understanding of the institutions involved,” not easy to achieve. Nevertheless, the efforts to establish a fruitful collaboration have been rewarded: “The EPFL is one of the best engineering schools in the world, is similar in size to Técnico and has made a remarkable journey over the last decade, a process that is inspiring to IST,” explains the professor. The program, which allows Portuguese and Swiss researchers to define research topics of mutual interest and to co-advise students in these areas, has contributed to a growing “institutional awareness of IST within the EPFL but also internationally”. The numerous awards and creation of high-potential companies by the students in the program have added “prestige” to this partnership. The MIT Portugal Program (MPP) and the Carnegie Mellon Portugal Program, by contrast, are international partnerships that involve a large number of partners: Portuguese universities, industrial partners and research centers. Técnico functions as a key partner in both programs that also offer faculty and researchers the opportunity to participate in exchange programs. “Over the years, Técnico’s PhD students have been studying at MIT, and are fully integrated in that academic system,” explains Professor Paulo Ferrão, MPP’s director. “In addition, the teaching staff has also been deeply involved in the college’s exchange program, (...) through collaborative research projects and the opportunity to participate in classes and activities at MIT.” At the CMU Portugal they can enjoy the same opportunities, and the students are awarded a double degree from both universities: Técnico and Carnegie Mellon, where “they complete a program of study and rigorous research,” said CMU Professor José Fonseca Moura, the program’s director and a former student and professor at IST. “This provides a continuous flow of high quality researchers into the Portuguese university system: the goal is to place Portugal at the forefront of innovation in the fields of information and communication technologies,” he added. !
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Cooperação/Cooperation PALOP
O Técnico lá fora - PALOP / Técnico out there - PALOP Pedro Lourtie é um dos docentes que mais envolvido esteve em todo o processo de cooperação internacional do Técnico. Fomos falar com ele / Professor Pedro Lourtie was deeply involved in the whole process of Técnico’s international cooperation. We went to talk to him Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel
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PT A resposta está na ponta da língua do professor Pedro Lourtie: 1989, é esse o ano em que a cooperação do Técnico com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), tanto quanto sabe, dá os primeiros passos, em Angola. “A Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto estava com dificuldades em acabar um curso de informática e pediu ajuda ao Técnico… a partir daí, começámos a colaborar regularmente. Apoiámos alguns cursos, de formas variadas, e houve até casos em que os alunos – por serem poucos – vieram até aqui fazer algumas disciplinas.” “Passei a ir muitas vezes a Angola, e o Técnico acabou por estabelecer vários protocolos: um deles, criado em 1995 com a Total, previa que os bolseiros da petrolífera estudassem aqui, onde tinham mais facilidade com a língua, em vez de o fazerem no Instituto dos Petróleos em França”, explica o docente que se tornou, a partir desse momento, uma das vozes mais importantes na relação entre Portugal e os PALOP a nível de Educação e Ciência. Aliás, em 1991, quando foi Cabo Verde a pedir a colaboração do governo português na criação de cursos de engenharia do país, as aten-
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ções voltaram-se novamente para o professor Pedro Lourtie, que desde aí não deixou de tratar o arquipélago africano como uma segunda casa. “Em tudo o que fiz, sempre tive o apoio do Técnico, pelo que a escola acaba por estar muito envolvida neste processo”, explica. E fez muito: ajudou a criar a Universidade Pública de Cabo Verde – a título de exemplo, em 2000, eram 700 os alunos a frequentar o Ensino Superior no país, hoje são 14.000 –, participou na criação de dois mestrados no Mindelo e ainda no desenvolvimento da Lei do Ensino Superior. “Há, em Cabo Verde, um grande esforço para desenvolver a formação nas áreas da engenharia, saúde, biologia… por isso temos oportunidades para fazer muitas coisas nestas áreas, que são precisamente aquelas em que o Técnico atua”, lembra o antigo Diretor Geral do Ensino Superior em Portugal. Mas há que observar as diferenças de país para país. “Em Angola tem havido um esforço grande, ainda que inconstante, no sentido de desenvolver a investigação e a inovação, mas em Moçambique, por exemplo, a investigação é totalmente insipiente.” Tendo essas diferenças em conta, Pedro Lourtie considera que o R
1991
Ano da primeira cooperação com Cabo Verde / Year of the first cooperation with Cape Verde
EN The answer is on the tip of the tongue for Professor Pedro Lourtie: 1989 was the year, as far as he knows, when Técnico began its cooperation with PALOP coutries (African Countries with Portuguese as the Official Language); the first step in that direction was its relationship with Angola. “Agostinho Neto University’s Faculty of Engineering was struggling to finish the design of a computer science course and requested assistance from Técnico... from then on, we started collaborating regularly. We supported some courses, in various ways, and there were even cases in which the students – because there were only a few – came here to take some classes.” “I started to travel often to Angola, and Técnico eventually established various protocols: one of these, agreed upon in 1995 with Total, provided that the oil company’s grant recipients would come to study here, where they were more at ease with the language, instead of doing their studies at the Oil Institute in France”, explains the professor who, from that moment on, became one of the most important actors in the relationship between Portugal and the PALOP countries in the areas of science and education.
Before that, back in 1991, Cape Verde also came forward and asked the Portuguese government assistance in creating engineering courses. Again, it was Professor Pedro Lourtie who was in charge of that project, and since then he continued to treat the African archipelago as a second home. “In everything I did, I always had the support of Técnico, which is why the school ended up being very involved in this process,” he explains. And he did a lot. First, he helped creating the Public University of Cape Verde – in 2000, for example, there were only 700 students attending higher education in the country; today, there are 14,000. But that’s not all – he also contributed to the creation of two Master’s degree programs at Mindelo, as well as to the development of the Higher Education Bill. “In Cape Verde, there is a major effort to develop training in the areas of engineering, health, and biology... so we have opportunities to achieve many accomplishments in these areas, which are precisely those in which Técnico works,” recalls the former General Director of Higher Education in Portugal. But one should take note of the differences from country to country. “In Angola there has R
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Cooperação/Cooperation PALOP
R PT Instituto Superior Técnico tem muito a ganhar tendo uma abordagem mais agressiva para com estes países, garantido que teriam “um papel no desenvolvimento do país e das instituições” em que trabalhassem. “O objetivo de tudo isto, e por isso é que eu faço questão de associar o Técnico ao meu trabalho – o Técnico é a minha casa, já lá vão 42 anos – é garantir o reconhecimento da instituição lá fora. É «fazer escola» junto dos outros países, porque quanto mais o Técnico se conseguir afirmar, maior o orgulho de cada um dos seus alunos. Trata-se de um retorno a longo prazo, que vale muito a pena.” !
“O objetivo de tudo isto, e por isso é que eu faço questão de associar o Técnico ao meu trabalho (…) é garantir o reconhecimento da instituição lá fora. É «fazer escola» junto dos outros países”
Testemunhos Telma Andrade Silva, Universidade de Cabo Verde “Sou também docente na Uni-CV há mais de cinco anos e estudo no Técnico desde setembro de 2011, onde me encontro a terminar o doutoramento em Matemática. Escolhi o IST por ser uma das melhores instituições de Ensino Superior em Portugal, e onde o programa de doutoramento é completo. Aliás, o Técnico tem aceitado, em várias áreas, docentes da Universidade de Cabo Verde para realizarem os seus doutoramentos. As duas instituições, que mantêm boas relações, têm beneficiado muito do acordo de cooperação entre Portugal e Cabo Verde.” Jone Heitor, Doutorado no IST em Eng.ª Mecânica, Professor na Universidade Agostinho Neto, Angola “O Técnico continua a ser uma referência em Angola, e a relação entre o IST e a Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto são boas: neste momento existe um Acordo Geral de Cooperação e estamos a fortalecer os vínculos já estabelecidos. A nível pessoal, a minha experiência no Técnico foi bastante boa: além dos contactos científicos e pedagógicos, a escola abriu-me a porta e fez muito por mim. Estou-lhe muito grato.”
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R EN been a great effort, though fick-
“The goal of all this, and that’s why I always highlight the fact that my work represents Técnico (…) is to ensure the international recognition of the institution. It sets a standard and a good practice within other countries”
le, to develop research and innovation, but in Mozambique, for example, research is totally incipient.” Taking these differences into account, Pedro Lourtie considers that Técnico has much to gain by taking a more aggressive approach towards these countries, since that would enable them to secure “a role in the development of the country and the institutions” in which they are involved. “The goal of all this, and that’s why I always highlight the fact that my work represents Técnico – this is my home, and it has been so for 42 years - is to ensure the international recognition of the institution. It sets a standard and a good practice within other countries. It is to “set a benchmark” within other countries, because the more Técnico can assert itself, the greater the pride of each of its students. It is a long-term investment that is very worthwhile. “ !
Testimonials Telma Andrade Silva, University of Cape Verde “I have been teaching at Uni-CV for over five years and have studied at Técnico since September 2011, where I am completing my PhD in Mathematics. I chose this School because it is one of the finest institutions of higher education in Portugal, and one where the PhD program is complete. Presently, Técnico has accepted, in many areas, teachers from the University of Cape Verde to do their doctorates. Both institutions maintain good relations and have benefited greatly from the cooperation agreement between Portugal and Cape Verde.” Jone Heitor, PhD in Mechanical Engineering, IST Professor at Agostinho Neto University, Angola “Técnico continues to be a reference in Angola, and the relationship between the School and the Faculty of Engineering of the Agostinho Neto University is good: at the moment there is a General Cooperation Agreement, and we are strengthening the ties that have already been established between our institutions. On a personal level, my experience at Técnico was very good: in addition to the scientific and educational contacts, the school opened doors and did a lot for me. I am very grateful to it.”
FUNDO SOLIDÁRIO AAA DOS ANTIGOS PARA OS ATUAIS ALUNOS
PASSOU UM SÉCULO DESDE A NOSSA FUNDAÇÃO EM 1911. MUITA COISA MUDOU, MAS A CULTURA DO TÉCNICO MANTÉM-SE: HÁ 100 ANOS QUE ATRAÍMOS OS MAIS TALENTOSOS. POR ELES, POR NÓS E PELO FUTURO DO PAÍS, NENHUM ALUNO DEVERIA SER OBRIGADO A DESISTIR POR DIFICULDADES FINANCEIRAS.
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Editora / Publisher: Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1 1049-001 Lisboa Tel: (+351) 218 417 000 Fax: (+351) 218 499 242 Impressão / Printing: Gráfica Maiadouro, S.A. Rua Padre Luís Campos N.º 586 e 686 Vermoim 4471-909 Maia Tel. 229 439 710 Fax. 229 439 718 Edição / Edition Número 6 Novembro/Dezembro 2014 November/December 2014 Periodicidade / Periodicity: Bimestral Tiragem / Circulation: 10.000 exemplares
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CENTRO DE CONGRESSOS TÉCNICO LISBOA
NOVEMBRO/DEZEMBRO NOVEMBER/DECEMBER 2014
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