Valores Próprios 2015-008

Page 1

VP VALORES PRÓPRIOS REVISTA DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MAGAZINE MARÇO/ABRIL MARCH/APRIL 2015


ESCOLHA A MELHOR PARCERIA E FAÇA O NEGÓCIO DA SUA VIDA Quando se trata de investir em si, antes de fechar negócio, pense no menor risco e no maior retorno possível. Escolha o The Lisbon MBA, o programa que resulta da união das duas melhores escolas de negócio portuguesas - a Católica-Lisbon e a Nova SBE. E impulsione a sua carreira com a garantia do único MBA em Portugal distinguido no Top 100 Global MBA Ranking e no European Business School Ranking do Financial Times.

FINANCIAL TIMES EUROPEAN BUSINESS SCHOOL RANKING 2014

FINANCIAL TIMES GLOBAL MBA RANKING 2015

50th BEST EXECUTIVE MBA IN EUROPE

2nd IN “INTERNATIONAL COURSE EXPERIENCE” 13th BEST MBA PROGRAM IN EUROPE 36th BEST MBA PROGRAM IN THE WORLD 3rd IN “VALUE FOR MONEY”

Para mais informações, por favor visite www.thelisbonmba.com ou contacte admissions@thelisbonmba.com


Editorial

Estreitar os laços entre o Técnico e a sociedade / Strengthening the ties between IST and society PT Desde a sua fundação, o Técnico foi, por opção do seu fundador, uma escola com uma forte ligação à sociedade. Durante mais de um século, os graduados da nossa escola contribuíram para o desenvolvimento da indústria portuguesa e desempenharam papéis de grande relevância no desenvolvimento e gestão de companhias e instituições. Com o tempo, o Técnico também se posicionou como uma escola de referência conhecida no mundo pelas contribuições científicas dos seus professores e investigadores. Em algumas áreas, este foco adicional em contribuir para o avanço do estado da arte da Ciência fez com que a nossa escola ficasse mais isolada da sociedade e até levou a que fosse vista por alguns como demasiado isolada do mundo real. Várias razões contribuíram para tal, incluindo a inexistência de um número significativo de indústrias de alta tecnologia no país e a crescente pressão para o desenvolvimento da investigação avançada, em detrimento do trabalho aplicado, potencialmente passível de uso imediato pela nossa indústria. Acredito que é altura de reverter esta tendência e reforçar o envolvimento entre o Técnico e o tecido industrial português. Com o advento da moeda comum na Europa, e a crise que se seguiu, que se desenvolveu maioritariamente devido à falta de competitividade na economia Portuguesa, tornou-se claro que todas as instituições em Portugal, e especialmente as universidades, têm de desempenhar um papel significativo na transformação da economia nacional, de forma a torná-la mais competitiva. Assim sendo, é de crucial importância que toda a comunidade científica faça esforços ainda maiores para criar laços com a sociedade e a indústria. O reforço destes laços traz vantagens para ambos os lados. Por um lado, as empresas beneficiam da possibilidade de desenvolver, com o Técnico, novas tecnologias, produtos e serviços que estariam, de outra forma, fora do seu alcance, ou que levariam mais tempo a desenvolver. Por outro lado, a nossa escola beneficia através dos importantes desafios técnicos e práticos trazidos pelas empresas que, neste mundo interligado e interdisciplinar, representam excelentes oportunidades para fazer significativas contribuições científicas. Adicionalmente, estes fortes laços entre a escola e a sociedade têm o potencial para contribuir para o desenvolvimento da nossa escola, para criar melhores condições de trabalho nos nossos campi e para providenciar ainda melhores oportunidades para o mais importante resultado do nosso trabalho, os nossos graduados. Um dos pilares da estratégia do IST para os próximos cinco anos é aumentar a frequência e intensidade dos nossos contactos com companhias portuguesas e europeias, incluir profissionais em diversas das atividades que têm lugar nos nossos campi e aumentar o número e dimensão dos projetos de I&D desenvolvidos em cooperação com a indústria. Peço a toda a comunidade IST que contribua para este objetivo que é central no desenvolvimento da nossa escola da economia portuguesa.

EN From its very beginnings Técnico was, by design, a school with strong connections with society. For more than a century, graduates from our school have contributed to develop Portuguese industry, and have played many significant roles in the development and management of companies and institutions. With time, IST also positioned itself as a school of reference known around the world for the scientific contributions of its professors and researchers. In some areas, this added focus on making state of the art scientific contributions made our school become more isolated from society, and even to be viewed by some as too isolated from the real world. A number of reasons contributed to this, including the lack of a significant number of high-tech industries in the country and the always increasing pressure to develop advanced research, in detriment of more applied work that would, possibly, be more immediately amenable to use by our industry. I believe it is time to reverse this trend. With the advent of the common currency in Europe, and the ensuing crisis that developed mainly from the lack of competitiveness of the Portuguese economy, it became clear that all institutions in Portugal, and specially the universities, have to play a significant role in making the national economy more competitive. Therefore, it is of crucial importance that all the scientific community makes even stronger efforts to create ties with society and industry. These stronger ties bring advantages to both sides. On one hand, companies will benefit from the possibility of developing, with IST, new technologies, products and services that would be, otherwise, out of reach, or slower to appear. On the other hand, our school will benefit from receiving practical and important technical challenges that, in this interconnected and interdisciplinary world, represent in excellent opportunities to make significant scientific contributions. Additionally, these stronger ties between IST and society have the potential to contribute to the development of our school, to create better work conditions in our campi and to provide even better opportunities to the more important result of our work, our highly skilled graduates. One of the mainstays of the strategy of IST for the next five years is to increase the frequency and strength of our contacts with Portuguese and European companies, to bring active professionals to a number of different activities that take place in our campi and to increase the number and the dimension of R&D projects developed in cooperation with industry. I ask all the IST community to contribute to this goal that is central to the development of our school and the improvement of the Portuguese economy.

Arlindo Oliveira Presidente do IST / President of IST

3


Instantâneos/Snapshots 2015

Alunos/Students

Ensino/Education

JOSÉ SANTOS / TÉCNICO

Primeira edição do MOOC. LAB no Técnico é um sucesso / First edition of MOOC.LAB at Técnico is a success

Laboratórios Abertos mostram o Técnico aos mais novos / Open Labs program introduces Técnico to the next generation EN During the month of February, took place the Open Labs from the Department of Chemical Engineering (DEQ) and the Department of Bioengineering (DBE). The goal of these labs is to raise awareness about the different degrees, areas and infrastructures that can be found at Técnico. The fields of chemical engineering, materials science, biological engineering and biomedical engineering were presented by lecturers from each of the departments, who pointed out that one of Técnico’s advantages is the similarity that exists between the degree requirements in the first years. “Your choices won’t have to be something for life, you may rethink your options, and after spending some time in one field, you can shift”, said Amélia Lemos from DEQ. After attending presentations and short lectures, the young students went to visit some of Técnico’s existing laboratories, using a unique opportunity to “get their hands dirty”. !

EN February 12th, the Taguspark campus hosted, the first edition of the MOOC.LAB, dedicated to the theme “MOOC: The Challenges of Design and Production” and attended by dozens of people interested in the subject. The participants were able to “reflect on the challenges of the design and production of educational materials in MOOC formats”, explained professor Ana Moura Santos, one of the organizers. The event included lectures about what is happening in the area, panel discussions and even a hands-on session designing and producing MOOC content. José Vítor Pedroso, head of Direção-Geral da Educação, attended the opening ceremony and noted that the “Ministry of Education has been following the global evolution of MOOCs.” “This is not only a largescale distance learning movement, but also a movement about open resources and open education.” Técnico’s president Arlindo Oliveira closed the session by explaining that the purpose of the school is not to “create, in a short time, MOOC content for thousands of students”, but rather to “facilitate access to learning materials” for Técnico’s students. “We think we can improve the quality of the education we provide.” !

SARAH SAINT-MAXENT / TÉCNICO

PT Decorreram, durante o mês de fevereiro, os Laboratórios Abertos do Departamento de Engenharia Química (DEQ) e do Departamento de Bioengenharia (DBE), cujo objetivo é dar a conhecer os diferentes cursos, áreas e infraestruturas que podem encontrar no Técnico. Os cursos de Engenharia Química, Engenharia de Materiais, Engenharia Biológica e Engenharia Biomédica foram apresentados por docentes dos departamentos, que lembraram que uma das vantagens do Técnico é a semelhança entre os vários cursos, nos primeiros anos. “As vossas escolhas não têm que ser para a vida, vocês podem reformular as opções e, depois de algum tempo num curso, mudar”, explicou Amélia Lemos, do DEQ. Depois de apresentações e pequenas palestras, os estudantes foram conhecer alguns laboratórios existentes no Técnico, tendo a oportunidade de “pôr as mãos na massa”. !

PT O campus do Taguspark recebeu, no dia 12 de fevereiro, a primeira edição do MOOC.LAB, dedicado ao tema “MOOC: os desafios da Conceção e da Produção”, que contou com a presença de dezenas de interessados no tema. Os participantes puderam “refletir sobre o desafio da conceção e da produção de conteúdos educativos em formatos MOOC”, explicou a professora Ana Moura Santos, uma das organizadoras, com palestras sobre o que está a ser feito na área, painéis de discussão e até um momento mais prático de conceção e produção de MOOCs. José Vítor Pedroso, Diretor-Geral da Educação, esteve presente na cerimónia de abertura, e lembrou que o “Ministério da Educação tem vindo a acompanhar a evolução mundial dos MOOC”. “Este é não só um movimento de formação à distância maciça, mas também um movimento de recursos e de educação aberta.” O presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, encerrou a sessão, explicando que o objetivo da escola não é “fazer, num curto espaço de tempo, conteúdos MOOC para milhares de alunos”, mas antes “facilitar o acesso a materiais de ensino” aos estudantes do Técnico. “Pensamos que pode melhorar a qualidade de ensino que prestamos.” !

4


Instantâneos/Snapshots 2015

Evento/Event

Alunos/Students

Tomada de posse do novo vicepresidente para as Relações Internacionais / The new vice president for international relations takes office PT Decorreu, no dia 5 de janeiro, a cerimónia de tomada de posse do novo vice-presidente do Técnico para as Relações Internacionais, professor Luís Miguel Silveira. Na cerimónia, que decorreu na Sala de Reuniões do Pavilhão Central, esteve presente também o vice-presidente demissionário, professor José Santos-Victor, que irá assumir a coordenação do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR). Na mesma ocasião, tomaram também posse os presidentes de departamento da escola nomeados para o mandato 2015-16: Professor Joaquim Sampaio Cabral, Departamento de Bioengenharia; Professor Fernando Nunes da Silva, Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos; Dr. Manuel Almeida, Departamento de Engenharia e Ciências Nucleares; Professora Isabel Trancoso, Departamento de Engenharia Eletrónica e de Computadores; Professor Carlos Bana e Costa, Departamento de Engenharia e Gestão; Professor José Tribolet, Departamento de Engenharia Informática; e Professor Francisco Lemos, Departamento de Engenharia Química. !

EN The inauguration ceremony for Técnico’s new vice president for international relations, professor Luís Miguel Silveira, was held on January 5th. The ceremony, which took place in main building conference room, was marked as well by the presence of the outgoing vice president, professor José Santos-Victor, who will be assuming the leadership of the Institute of Systems and Robotics (ISR). During the same event, the IST department chairpersons appointed for the period 2015-16 also took the oath of office: Professor Joaquim Sampaio Cabral, Department of Bioengineering; Professor Fernando Nunes da Silva, Department of Civil Engineering, Architecture and Georesources; Dr Manuel Almeida, Department of Engineering and Nuclear Sciences; Professor Isabel Trancoso, Department of Electrical and Computer Engineering; Professor Carlos Bana e Costa, Department of Engineering and Management; Professor José Tribolet, Department of Computer Science and Engineering; and Professor Francisco Lemos, Department of Chemical Engineering. !

PT As primeiras edições da iniciativa CoderDojo no Técnico, uma série de sessões organizadas por um grupo de alunos da Licenciatura em Engenharia Informática que pretende dar a conhecer esta área aos jovens, decorram no início do ano. “A noção que os jovens têm sobre Engenharia Informática não é a mais correta”, explica Margarida Correia, uma das organizadoras. “Como tal, decidimos que uma iniciativa destas poderia tentar clarificar a noção que os jovens têm e introduzi-los no mundo da Programação.” A iniciativa, dirigida aos jovens do 8º ao 11º ano de escolaridade, tem sessões de três horas, em que os participantes fazem exercícios de programação e atividades com robôs. Nas duas primeiras sessões, estiveram presentes mais de 50 jovens – superando largamente as expectativas. As sessões decorrem no primeiro sábado de cada mês, a partir das 15 horas, no Campus Alameda, e os jovens são orientados por alunos de Engenharia Informática. !

EN The first editions of the CoderDojo initiative at Técnico, a series of sessions organized by a group of computer science students seeking to promote this area among young people, were held earlier this year. “The idea that young people have about computer science is not really accurate”, explains Margarida Correia, one of the organizers. “As such, we decided that such an initiative could give young people a better idea of the field and introduce them to the world of programming.” The initiative, aimed at young people in grades 8 to 11, is comprised of three-hour long sessions, during which participants are involved in programming exercises and activities with robots. More than 50 youngsters were present at the first two sessions - largely exceeding expectations. The sessions take place at Alameda campus on the first Saturday of every month, starting at 3 pm, and the young participants are guided by computer science students. !

MIGUEL MIRA DA SILVA / TÉCNICO

JOSÉ SANTOS / TÉCNICO

CoderDojo no Técnico para mostrar aos jovens a Engenharia Informática / CoderDojo at Técnico introduces computer science to young people

5


Instantâneos/Snapshots 2015

NAPE

Evento/Event

Todos os dias a “inspirar” os mais novos / “Inspiring” youth on a daily basis PT Começou no início de janeiro mais uma temporada de feiras da Inspiring Future, uma associação que pretende desenvolver projetos inovadores na área da educação juvenil, em que o Técnico participa. Esta iniciativa, que leva até às escolas secundárias representantes de instituições de Ensino Superior, para que possam informar e esclarecer as dúvidas dos mais novos, é um dos grandes projetos levados a cabo pelos Guias do NAPE - Núcleo de Apoio ao Estudante, que todos os dias inspiram alunos de uma escola diferente. Quase diariamente, os Guias respondem a questões sobre notas de entrada, empregabilidade, programas de mobilidade internacional ou equivalências, distinguindo a verdade do mito, e dão a conhecer a escola: os seus cursos, os campi, as atividades complementares. Porque, no futuro, “todos tiram um curso, mas é o que fazem durante esses anos que vai fazer a diferença”, resume Nuno Pereira, do NAPE. !

6

EN In early January began yet another fair season for Inspiring Future, an association that aims to develop innovative projects in the field of youth education, which counts with the participation of Técnico. This initiative sends university representatives to secondary schools and aims to inform and to answer questions from the students in these schools. It is one of the major projects undertaken by the guides from the Student Support Unit (NAPE), who each day inspire students from a different secondary school. On a daily basis, the guides answer questions about minimal entry grades, employability, international mobility or equivalent programs, always distinguishing the truth from the myths, and making the school known: the degrees, the campuses and the complementary activities. In the future, “everyone will have their degree, but it is what you do during those years that will make all the difference”, says Nuno Pereira from NAPE. !

PT “O IST é agora uma escola de referência internacional. Concentrarmo-nos em ser a escola de referência em Portugal é assumidamente pouco”: foi com estas palavras que o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico, abriu a sessão de apresentação do novo Plano Estratégico da escola, sob o lema “A School for the World”. O novo Plano Estratégico, “fruto de um longo processo de reflexão que durou mais de um ano”, “terá certamente consequências para a Escola”, explicou o presidente, antes de afirmar que este se divide em três orientações estratégicas: ambiente de aprendizagem ao nível das melhores escolas mundiais, investigação de topo e impacto global. “’A School for the World’ define a nossa visão para a Escola (...). Este é um Plano Estratégico bastante ambicioso, o que, com as limitações de financiamento e os procedimentos burocráticos, pode parecer um contrassenso. Mas temos que nos abstrair dos problemas ou daqui a dez anos não teremos levado a Escola na direção que queremos.” !

EN “IST is now a leading international school. Focusing on being the school of reference only in Portugal is not enough.”: It was with these words that professor Arlindo Oliveira, president of Técnico, opened the presentation ceremony of the school’s new Strategic Plan, which presents the new the motto “A School for the World”. The new Strategic Plan, “the result of a one-year-long process”, “will certainly bring some positive changes to the school,” explained the president, before disclosing that the plan has three main strategic directions: world class learning environment, leading research and global impact. “’A School for the World’ defines our vision for the school (...). This is a very ambitious Strategic Plan, which, with the limitations of funding and bureaucratic procedures, may seem unreasonable. But we have to look beyond these problems or ten years from now we won’t have taken the school in the direction that we want.” !

SARAH SAINT-MAXENT / TÉCNICO

SARAH SAINT-MAXENT / TÉCNICO

Plano Estratégico: “IST é agora uma escola de referência internacional” / Strategic Plan: “IST is now a leading international school”


Instantâneos/Snapshots 2015

Alunos/Students

Evento/Event

Europe 3D traz ao Técnico alunos de toda a Europa / Europe 3D brings students from all over Europe to Técnico PT Decorreu, na primeira semana de fevereiro, o Europe 3D, um evento da ESTIEM - European Students of Industrial Engineering and Management, que tem como objetivo dar a conhecer Portugal e Lisboa aos participantes, através de três dimensões: cultura, política e economia. O evento, organizado pelo NEEGI Núcleo de Estudantes de Engenharia e Gestão Industrial, começou com uma palestra sobre a Crise Económica na Europa, dada pelo professor João Duque (docente no ISEG - Instituto Superior de Engenharia e Gestão). O presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, fez depois uma breve apresentação da escola, que acolheu o grupo de estudantes internacionais durante a semana, lembrando que “este intercâmbio de pessoas na Europa pode trazer uma solução para os nossos problemas”. “Acredito que daqui a dez ou 20 anos, quando forem vocês a mandar, teremos uma Europa totalmente diferente da que é hoje.” O docente falou ainda sobre a Engenharia e Gestão Industrial, “uma área muito interessante” que tem “pontos de contacto com muitas outras engenharias” e que dá aos seus estudantes “uma visão global”. !

EN Europe 3D, an ESTIEM - European Students of Industrial Engineering and Management event, was held in the first week of February. The objective of the event is to raise the participants’ awareness of Portugal and Lisbon by in three different dimensions: culture, politics and economy. The event, organized by NEEGI (Engineering and Management Students Group), began with a lecture regarding the economic crisis in Europe given by professor João Duque from ISEG - Instituto Superior de Engenharia e Gestão. Técnico’s president, professor Arlindo Oliveira, gave a brief presentation about the school, which hosted the group of international students during the week, commenting that “this exchange of European citizens may result in a solution to our problems.” “I believe that in ten or twenty years, when you are the ones in charge, we will have a totally different Europe than the one we have today.” The professor also spoke about engineering and industrial management, “a very interesting field” that has “contact points with many other engineering fields”, and gives its students “a global perspective”. !

PT Foi inaugurado no início de março o Laboratório de Plasmas Hipersónicos no campus Tecnológico e Nuclear do Técnico. Neste laboratório, do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), será instalado um Tubo de Choque que contou com financiamento da Agência Espacial Europeia (ESA) e servirá para testar as condições a que são sujeitos os objetos que entram na atmosfera terrestre. No evento, em que esteve presente o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e a secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, foram reveladas ao público as instalações que formam, a partir de agora, a maior estrutura do país dedicada à investigação espacial e onde se espera que seja desenvolvida tecnologia de ponta a ser utilizada em futuras missões espaciais. Mário Lino da Silva, responsável pelo laboratório, afirmou que este é o tempo de “assumir responsabilidade”, e não de se congratular. “O objetivo é dar boa ciência e boa engenharia a uma nova geração. (…) Espero que, com este laboratório, o Técnico e Portugal façam a sua parte no projeto espacial do futuro.” !

EN In early March the Hypersonic Plasma Laboratory was inaugurated at the Campus Tecnológico e Nuclear (CTN) of Técnico. This lab, which is part of the Plasma and Nuclear Fusion Institute (IPFN), will have a shock tube installed in it with financing by the European Space Agency (ESA). The shock tube will test the conditions that objects that enter the earth’s atmosphere are subjected to. During the event that was attended by the Minister of Education and Science, Nuno Crato, and the Secretary of State for Science, Leonor Parreira, the facilities that will from now on form the largest structure in the country dedicated to space research were revealed to the public. The facility will be used to develop state of the art technology for future space missions. Mário Lino da Silva, head of the laboratory, said that this is the time to “take responsibility” and not to be congratulating oneself. “The goal is to give good science and good engineering to a new generation. (...) I hope that with this lab, Técnico and Portugal will contribute their part to space projects of the future.” !

ANDRÉ PIRES / TÉCNICO

JOSÉ SANTOS / TÉCNICO

Inaugurado Laboratório de Plasmas Hipersónicos no CTN / Hypersonic Plasma Laboratory inaugurated at CTN

7


Destaque/Highlight Arco do Cego

“Estamos a melhorar aquela que é a nossa casa” / “We are improving what is our home” Apresentação do projeto decorre no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico em abril / The presentation of the project will be held in April, at Instituto Superior Técnico, in Salão Nobre Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel

8

PT “Tivemos tantos grandes arquitetos a trabalhar aqui, como Pardal Monteiro… os próximos a intervir somos nós. É uma oportunidade espetacular.” As palavras de Daniel Rego, um dos membros do Projeto Arco do Cego, espelham o entusiasmo que move a equipa na mais recente intervenção no Campus Alameda do Instituto Superior Técnico. O Projeto Arco do Cego, dirigido pelo professor João Gomes Ferreira, vice-presidente do Técnico para as Instalações e Equipamentos, e com coordenação dos professores Teresa Heitor e António Barreiros Ferreira, teve início em 2013, com a cedência do espaço da antiga gare do Arco do Cego, pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), ao Técnico. Hoje, tem objetivos perfeitamente definidos, que passam pela integração no campus, pela reabilitação e consolidação do património e ainda pela possibilidade de ser utilizado de forma autónoma. “O edifício tem um grande valor patrimonial e há uma relação com a cidade que quisemos manter (e foi, aliás, um pré-requisito da CML)”, explica o professor José Maria Lobo de Carvalho, responsável pelo estudo prévio de salvaguarda e valorização patrimonial. “Isso implica também


TÉCNICO

uma grande responsabilidade, porque não podemos começar do zero, mas torna o desafio muito mais interessante, tem necessariamente que ser feito com criatividade.” Neste momento, a equipa terminou o estudo prévio do edifício existente – que é, atualmente, uma estrutura de estacionamento público com uma única fachada – e aborda alguns problemas específicos de criar um espaço com ocupações tão distintas como as que terá o Arco do Cego. “Ao ceder o edifício, a CML colocou-nos alguns condicionamentos: a integração do posto de Sapadores Bombeiros é uma das principais, e uma enorme dor de cabeça”, lembra a professora Teresa Heitor. “É tudo menos simples fazer a integração de espaços com características muito específicas que entram em conflito com outros usos.” No novo espaço do Arco do Cego, que está a ser pensado com uma organização por volumes, coexistirão o posto de bombeiros, uma área de estudo 24 horas e uma zona de utilização multiusos, bem como um conjunto de serviços comerciais e de restauração. Essa lógica, que se traduz em módulos funcionais, “organizará as diferentes valências que existem” e “permitirá que o projeto se desenvolva sem R

2013

Ano de início do projeto / Year of begining of the project

EN “We had so many great architects working here, like Pardal Monteiro... and we will be the next ones to take on the challenge. This is a spectacular opportunity.” The words of Daniel Rego, one of the members of the Projeto Arco do Cego, mirror the enthusiasm that drives the team in the latest intervention at the Campus Alameda of the Instituto Superior Técnico. Projeto Arco do Cego, led by professor João Gomes Ferreira, Técnico’s vice president for Facilities and Equipment, and with coordination by professors Teresa Heitor and Antonio Barreiros Ferreira, began in 2013 with the transfer of the facility that was the former Arco do Cego bus station from Lisbon’s City Council (CML) to Técnico. Today, the project has clearly defined goals, which involve integration into the campus, rehabilitation and preservation of heritage, and also the possibility of being used independently. “The building has great historical value. It has a relation with the city that we wanted to keep (and this was indeed a prerequisite from Lisbon’s City Council)”, explains Professor José Maria Lobo de Carvalho, responsible for an earlier study on the protection and valorisation of the asset. “This implies great responsibility as well

because we can’t start from scratch, but it makes it a much more interesting challenge. We have to use a lot of creativity.” Recently, the team finished a preliminary study of the existing building - which is currently a public parking structure with a single façade - and addressed some of the specific problems of creating an area with such diverse functions as the ones Arco do Cego will have. “When offering the building, Lisbon’s City Council imposed a few conditions on us: the integration of the fire station is a major one, and a huge headache”, recalls professor Teresa Heitor. “It is anything but simple to integrate areas with very specific characteristics that conflict with other uses.” In Arco do Cego’s new space, which is being designed to be organized by volumes, the fire station, a 24-hour study hall and a multipurpose area as well as a group of commercial and catering services will all coexist. This approach, which translates the space into functional modules, “will organize the different needs that exist” and “allow the project to develop without interfering with the existing structure,” explains Ana Rita Gonçalves, part of the work team. Although the project keeps the R

9


Entrevista/Interview Arco do Cego

10

Espaço multiusos / Multipurpose area

TÉCNICO

com a estrutura existente”, explica Ana Rita Gonçalves, que integra a equipa de trabalho. Apesar da manutenção da fachada e da estrutura da gare, um edifício industrial do final do século XIX, os novos acabamentos primam pelas linhas contemporâneas e houve, no novo projeto, uma intenção clara de promover a interação entre o interior do edifício e o jardim. “É um campus que se abre ao jardim, um campus que se abre à cidade”, destaca José Maria Lobo de Carvalho. A ligação à cidade é, aliás, um dos pontos de partida para o projeto que se pode ver nestas páginas. “As dinâmicas da cidade fizeram alterar o acesso ao campus [na Alameda], e valorizaram aquilo que antes eram as suas traseiras”, explica Teresa Heitor. “A integração do Arco do Cego vem nesse sentido.” E a utilização deste espaço pelos utentes da cidade, através da zona multiusos ou do posto de bombeiros, reforça essa ligação. “Este não é um espaço dedicado só aos estudantes”, garante Ana Rita Gonçalves. Neste momento, a fase “mais criativa do projeto”, levada a cabo pela equipa de Projetos de Arquitetura, composta pelo professor António Barreiros Ferreira, como coordenador, Daniel Rego, Ana Rita Gonçalves, Katherine Both e Maria João Tato, já chegou ao fim. Estudam-se agora algumas soluções críticas para a utilização do espaço, como o isolamento térmico ou acústico, que representa “o maior conflito” entre as valências do novo edifício, explica Katherine Both. Para estes quatro antigos alunos do curso de Arquitetura no Técnico, participar num projeto com esta dimensão é “uma oportunidade espetacular”. “É muito aliciante, até por uma questão de afetividade, porque estamos a melhorar aquela que é a nossa casa”, afirma Maria João Tato. Além disso, lembra Daniel Rego, “tivemos tantos grandes arquitetos a trabalhar aqui, como o Pardal Monteiro… e os próximos a intervir somos nós”. “É um projeto icónico”, reforça José Maria Lobo de Carvalho. !

TÉCNICO

R PT interferir

Interior da Cobertura / Inside the roof

Chefia de Projeto / Project Management: Prof. João Gomes Ferreira

Daniel Rego Katherine Both Maria João Tato

Coordenação do Projeto / Project Coordination: Prof.ª Teresa Heitor Prof. António Barreiros Ferreira

Projeto de Acústica / Acoustics: Eng. Pedro Martins da Silva

Salvaguarda e Valorização Patrimonial / Heritage Protection: Prof. José Maria Lobo de Carvalho

Projetos de Fundações e Estruturas (recuperação e nova edificação) e Geotecnia / Structural Design: Prof. Francisco Virtuoso

Sustentabilidade do Ambiente Construído / Sustainability: Eng. Luís Malheiro da Silva

Coordenação e Projetos de Especialidades / Building Systems: Eng. Luís Malheiro da Silva

Projetos de Arquitetura, Espaço Exterior, Sinalética, Equipamento e Mobiliário / Architecture: Prof. António Barreiros Ferreira Ana Rita Gonçalves

Levantamento / Surveying: L.L. TOPO – Topografia e Projectos, Lda. S. top – João Serôdio

R EN façade

of the building, a nineteenth century industrial facility, the project contemplates a number of alternatives that are very contemporary. There was, in the new project, a clear intention to promote interaction between the building’s interior and the garden. “It is a campus that opens itself to the garden, a campus that opens itself to the city,” said Jose Maria Lobo de Carvalho. The connection to the city is, in fact, one of the starting points for the project that can be seen on these pages. “The city’s dynamics have changed the accessibility to the campus [at Alameda] and have made what was once the back of the campus more important”, said Teresa Heitor. “The integration of Arco do Cego into the campus adds to that sentiment”. The use of this space by the residents of the city, through the multipurpose area or fire station, reinforces this connection. “This is not an area dedicated exclusively to students”, assures Ana Rita Gonçalves. At this time, the “most creative stage of the project”, carried out by the Architecture Project Team composed of Professor Antonio Barreiros Ferreira, as coordinator, Daniel Rego, Ana Rita Gonçalves, Katherine Both and Maria João Tato, has finally come to an end. Currently, studies are being conducted on crucial solutions for the use of the space, such as thermal and acoustic insulation. These represent “the largest conflict” between the various needs of the new building, explains Katherine Both. For these four former students, who all studied architecture at Técnico, to participate in a project of this scale is “a spectacular opportunity.” “It’s very exciting because we have a sense of affection for the campus and because we are improving what is our home”, says Maria João Tato. Daniel Rego also reminds, “We had so many great architects working here, like Pardal Monteiro... and now we will be the next ones to take on the challenge.” “It is an iconic project”, adds José Maria Lobo de Carvalho. !


TÉCNICO LEARNING CENTER. UM ESPAÇO DE APRENDIZAGEM ATIVA E DE LIGAÇÃO ENTRE OS ESTUDANTES E A CIDADE. LEARNINGCENTER.TECNICO.ULISBOA.PT

TECNICO.ULISBOA.PT

FOTOGRAFIA © IST_Learning_Center

TÉCNICO LEARNING CENTER RECONVERSÃO DA GARE DO ARCO DO CEGO


Entrevista/Interview Carlos Moedas

“Os antigos alunos devem sentir responsabilidade pela instituição que os formou” / “Alumni should feel a responsability for the institution that trained them” “ O Técnico mantém-se a instituição portuguesa mais importante nas áreas em que desenvolve a sua atividade” / “Técnico remains Portugal’s most important player in the areas where it develops activity” Texto Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel


Entrevista/Interview Carlos Moedas

EUROPEAN COMMISSION CABINET OF COMMISSIONER MOEDAS RESEARCH, SCIENCE AND INNOVATION

PT Licenciou-se em Engenharia Civil pelo Técnico em 1993. Porquê escolher essa área? Sempre gostei de matemática, ciência e tecnologia, particularmente da possibilidade que me davam de construir e criar coisas novas. Por isso escolher engenharia civil foi um passo muito natural. Atraiu-me também o prestígio, a qualidade e o rigor do ensino do IST. Durante alguns anos, trabalhou no Suez Group, antes de fazer um MBA em Harvard e se debruçar sobre a área financeira e de gestão. Porquê esta mudança no percurso? Na altura achei interessante poder acrescentar ao meu perfil de engenharia a dimensão económica e de gestão. Considero serem duas áreas complementares e foi para mim, como para tantos outros engenheiros, uma sequência lógica no meu percurso. Por outro lado, acredito na importância de alternar entre a educação e a experiência profissional. Temos momentos na nossa vida em que estudamos, momentos em que trabalhamos e depois voltamos a estudar. De que forma a formação no Técnico contribuiu para o seu percurso? Sente que teve as bases necessárias para depois se “aventurar” em áreas diferentes? A preparação do Técnico deu-me bases muito sólidas, nomeadamente em métodos analíticos e em hábitos de trabalho. Essa preparação tem sido fundamental ao longo da minha carreira e nas diferentes áreas a que me tenho dedicado. Nos últimos anos tem ocupado variados cargos políticos e é, neste momento, Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação. Como sente que pode contribuir para o futuro europeu nesta área? A pasta da investigação, ciência e inovação é chave para o crescimento e a criação de emprego na Europa. O progresso sustentável europeu, baseado no aumento da produtividade e do bem-estar dos cidadãos, precisa de bases sólidas na investigação e da ciência que conduzem à inovação. Esta inovação pode ser a criação de um novo produto, de um novo processo ou de um novo modo de gerir. A Europa é uma potência mundial na ciência e investigação. Mas temos que ser mais eficazes a transformar esse conhecimento em novos produtos e serviços. Nos últimos meses tenho trabalhado intensamente para o Plano Juncker, que pretende aumentar o investimento europeu em setores com forte componente de I&D. O Plano é um dos pilares da estratégia de criar uma economia alicerçada no conhecimento, onde a

ciência e a inovação são essenciais. Estou otimista que esse caminho está a ser feito e uma das minhas principais missões é precisamente criar as condições favoráveis para que tal aconteça. Quando terminei o meu curso no Técnico, no início dos anos 90, a maior parte dos meus colegas não sentia a ambição de criar uma empresa. Hoje quando visito o IST tenho uma imagem completamente diferente – vejo uma nova geração de jovens, cientistas e investigadores, dinâmicos e talentosos e muito virados para a criação de empresas. Qual é a importância de “retribuir”, de alguma forma, às instituições por onde passou (como por exemplo através da Associação de Antigos Alunos, etc.)? É fundamental. Permite-nos mostrar o nosso apreço e agradecimento pela formação que recebemos e ajudar a instituição a continuar a formar novos alunos nas melhores condições possíveis. Acredito portanto que os antigos alunos devem sentir responsabilidade pela instituição que os formou. E devem refletir como podem contribuir para a tornar cada vez melhor. !

EN You graduated in Civil Engineering from Técnico in 1993. Why did you choose this area? I have always liked math, science and technology, particularly the possibility they gave me to build and create new things. So choosing civil engineering was a very natural step. I was also attracted by the prestige, quality and rigor of IST’s education. For some years you worked for the Suez Group, before doing a MBA at Harvard and focusing on finance and management. Why this change of course? At the time I thought that it was interesting to add the economic and management dimension to my engineering profile. I think they are two complementary areas, and for me, as for so many engineers, it was a logical sequence in my career. On the other hand, I believe in the importance of switching between education and professional experience. There are times in our lives in which we study, times in which we work and then times in which we study again.

How did the training at Técnico contribute to your career? Do you feel that you had the necessary foundations to “venture” into other areas? The training at Técnico gave me very solid foundations, particularly in analytical methods and work habits. This preparation has been essential throughout my career and in the different areas to which I have devoted myself. In recent years you have held various political positions and you are currently the European Commissioner for Research, Science and Innovation. How do you feel you can contribute to the future of Europe in this area? The portfolio of research, science and innovation is crucial for growth and job creation in Europe. Sustainable progress in Europe, based on the increase of productivity and the wellbeing of citizens, needs to be firmly grounded on research and science, which leads to innovation. Such innovation can be the creation of a new product, a new process or a new way of managing things. Europe is a world power in science and research. But we must be more efficient in transforming that knowledge into new products and services. In the last few months I have worked hard on the Juncker Plan, which aims to increase European investment in sectors with a strong R&D component. This plan is one of the cornerstones of the strategy of creating an economy built on knowledge, in which science and innovation are essential. I am optimistic that this path will be trod, and one of my main missions is precisely to create favourable conditions for that to happen. When I finished my degree at Técnico in the early 1990s, most of my colleagues did not feel the ambition to create a company. Today, when I visit IST, I get a completely different picture - I see a new generation of young scientists and researchers, dynamic and talented, strongly oriented towards business creation. What is the importance of somehow “giving back” to the institutions you were a part of (such as through the Alumni Association, etc.)? It is essential. It allows us to show our appreciation and gratitude for the training we received and to help the institution continue training new students in the best possible conditions. I therefore believe that the alumni should feel a responsibility for the institution that trained them. And they should reflect on how they can contribute to make it better and better. !

13


Momento/Moment

Robô humanóide NAO, usado no ISR para investigação em interação pessoa-robô e aprendizagem por imitação / NAO humanoid robot, used at ISR for research in human-robot interaction and learning by imitation

2015.03.11

Fotografia/Photography Débora Rodrigues



Entrevista/Interview Manuel Lopes da Costa

“Não basta ser bom: é preciso saber comunicá-lo” / “It is not enough to be good: we must learn how to communicate it” Para o Advisory Leader da PwC Portugal, os alunos do Técnico são dos melhores, mas faltam-lhes algumas valências / For the PwC Portugal Advisory Leader, students from Técnico are among the best, but they lack some skills Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel

PT Manuel Lopes da Costa é antigo aluno de Engenharia Civil (“número de aluno 29265”, lembra, com orgulho), curso que terminou em 1989, e líder da área de Assessoria de Gestão na PwC Portugal. Falou com a Valores Próprios sobre o seu percurso profissional, iniciado na Engil quando ainda estudava, e sobre o que falta aos alunos de hoje para vingarem no mundo empresarial. Depois da Engil, como foi o seu percurso profissional? Quando me formei, recebi um convite da Teixeira Duarte, e fui trabalhar para a área de obra - mas isso não era exatamente o que eu gostava, portanto fiquei lá duas semanas e acabei por sair para as Construções Técnicas, para um lugar como projetista. Mas a ligação à Engenharia Civil não durou muito… Gostava daquela vida, mas percebi que em Portugal a carreira de um engenheiro civil na área de projeto tinha um prazo para atingir o grau seguinte muito longo. Não era o tempo que eu estava disposto a dar. Além disso, tinha vontade de fazer outras coisas. Foi quando se virou para a área da Gestão? Na altura saiu um anúncio muito engraçado da Arthur Andersen (que

16

“A sociedade mudou muito desde que eu me formei, e também mudou muito a forma como são percebidas as nossas valências” “Society has changed a lot since I graduated, and the way our assets and skills are perceived has also changed drastically”

depois se tornou Andersen Consultig e eventualmente Accenture), para a divisão de consultoria, com um gato e um tigre que perguntava “tens fôlego para uma carreira?”. Achei aquilo engraçado, comecei com algumas entrevistas e fui recrutado ao fim de um ano para consultor. Foi nessa altura que teve várias experiências internacionais… Exatamente. Estive naquilo que é hoje a Accenture durante uma grande parte da minha vida profissional. Comecei a trabalhar no Brasil: na altura tínhamos valências muito importantes que podíamos usar para ajudar toda a área de serviços financeiros para ajudar a Accenture Brasil. Depois fui convidado para ir liderar toda a área de serviços financeiros de África. Foi nessa altura que fui viver para Joanesburgo. Uma boa experiência? Excelente. O país é fantástico - tem os seus problemas, mas é uma experiência fantástica. Dessa experiência retiro variadíssimas coisas, que já tinha retirado no Brasil, mas mais ainda ali: cheguei sozinho, para liderar uma equipa grande e espalhada por um continente inteiro, mas sobretudo com uma cultura completamente diferente. Tive que me adaptar a uma cultura totalmente nova. R


SARAH SAINT-MAXENT / TÉCNICO

EN Manuel Lopes da Costa is a former civil engineering student (“student number 29265,” as he proudly recalls) who graduated in 1989 and is now leader of the management advisory area at PwC Portugal. He spoke with Valores Próprios about his professional career, which began at Engil when he was still a student, and about what students today lack to succeed in the business world. How did your professional career develop after Engil? When I graduated I was invited by Teixeira Duarte and started working in site management. But that wasn’t exactly what I liked, so I was there for two weeks and eventually left to join the technical construction department, as a project designer. But the connections with civil engineering didn’t last long... I liked that life, but I realized that in Portugal a civil engineer in the project area would take a very long time to take his career to the next level. I didn’t want to wait that long. Furthermore, I wanted to do other things. It was at this point that you turned to management? Back then I saw a very funny Arthur Andersen (which later became Andersen Consulting and eventually Accenture) ad for the consulting department, with a cat and a tiger who asked, “Do you have enough breath for a career?” I found it funny, I started with some interviews and a year later I was recruited as a consultant. What followed were several international experiences... Exactly. I worked for what is now Accenture for a great part of my professional life. I started working in Brazil. Back then we had some very important assets that we used to help the entire financial services area, to help Accenture Brazil. Then I was invited to lead the whole financial services area in Africa. That’s when I moved to Johannesburg. A good experience? Excellent. It’s a fantastic country - it has its problems, but it was a fantastic experience. I learned many things during that time, things I had already experienced in Brazil, but there it was even more intense: I arrived alone, to lead a large team that was spread over an entire continent, but mostly with a completely different culture. I had to adapt to an entirely new culture. Was the culture shock too strong? The cultural issue is important when people move to other countries. In Johannesburg I had to take into R

17


Entrevista/Interview Manuel Lopes da Costa

DÉBORA RODRIDUES / TÉCNICO

R PT O choque cultural foi muito

grande? A questão cultural é importante quando as pessoas se deslocam para outros países. Em Joanesburgo, tinha que ter em conta fatores como a criminalidade (ninguém anda na rua depois das 17.30h) e a religião (um terço dos funcionários é muçulmano) para, por exemplo, poder marcar reuniões. Temos que ter muito cuidado com isto e não temos: nós somos desenrascados por natureza, achamos que as coisas têm que ser mais ou menos iguais em todo o lado: não são. É importante que os atuais alunos saibam isso, quando muitos deles pensam num futuro lá fora? Sim. É bom que eles percebam qual é a cultura dos países onde vão estar. A Engenharia Civil, por exemplo, tem grande futuro nos países do Médio Oriente. É bom que aprendam quais são as regras de comportamento nesses países, ou vão-se dar muito mal. Mesmo em países ocidentais há diferenças muito grandes: na Alemanha, por exemplo, não se podem portar à portuguesa. Muitos dos nossos alunos têm ido para lá e já se começaram a aperceber disso. Mas por detrás desses aspetos estão conhecimentos técnicos tão bons como os outros? Sim, são tão bons como os outros. Mas faltam aos nossos alunos algumas capacidades que são oferecidas em todas as grandes faculdades do mundo. A falta de aulas de soft skills é algo que devia ser revisto, sobretudo numa faculdade muito tecnológica como é o Técnico. É algo que deixa os alunos em pé de desigualdade com outros, de faculdades menos analíticas mas onde as soft skills são mais ensinadas e praticadas. Os antigos alunos podem ajudar aqui a mostrar o que é importante? Sim, e mostram, que eu também vejo. Mas a sociedade mudou muito desde que eu me formei, por exemplo, e também mudou muito a forma como são percebidas as nossas capacidades e as valências. Não basta ser bom: é preciso saber comunicar que se é bom. Uma forma que os alunos têm arranjado para se munir dessas capacidades é arranjarem, por eles, várias atividades complementar. O pequeno-almoço com alumni, em que participou no final do ano passado, é exemplo disso… E foi brilhante. Mas acho que não são só os alunos que têm que fazer isso, acho que deve fazer parte do currículo oferecido pelo Técnico. E também falta uma ligação maior entre o mundo académico e as empresas.

18

Essa ligação faz-se diretamente com as empresas ou passando pelos alumni? Os alumni do Técnico são poderosíssimos e infelizmente não temos sido capazes de os envolver da melhor forma… mas talvez a ligação se faça por aí. Hoje, enquanto recrutador, contacta com centenas de alunos do Técnico todos os anos. A formação técnica que é oferecida na escola ainda é uma vantagem para trabalhar em várias áreas? Sim, mas mais do que isso: considero que têm um espírito de sacrifício brutal, a capacidade de aprender novos conceitos muito rapidamente, que são pessoas capazes de ponderar e perceber onde é que aplicam os seus conhecimentos técnicos para a resolução de problemas de uma forma diferente. E têm bases matemáticas, estatísticas e probabilísticas que não se consegue ter noutros alunos. Mas também lhes falta muito do mundo da gestão. Qual seria o seu conselho para um aluno finalista? Tentem procurar experiências diferentes, que envolvam soft skills, o mundo empresarial, perceber como é que as coisas funcionam numa empresa. Têm que dominar os básicos da nossa vida económica. E, sobretudo, perceber o que querem fazer no futuro: se querem ser investigadores, professores, gestores ou engenheiros. Não há oportunidade de mudar depois? Há, e não é mau mudar. Mas se acertarmos à primeira, a coisa é mais rápida. !

R EN account

such factors as crime (no one goes out in the streets after 5.30 pm) and religion (one third of the staff is Muslim) in order to, for example, schedule meetings. We must be very careful with that, but often we aren’t: by nature we find solutions, we think that things must be more or less the same everywhere, but they are not. Is it important that students today are aware of that, given that many of them think of having a future abroad? Yes. It is important that they understand the culture of the countries they will be living in. Civil engineering, for instance, has a very bright future in Middle East countries. It is important that students learn how to behave in these countries, otherwise they will have a very hard time there. Even in Western countries there are very significant differences: in Germany, for instance, they can’t behave the Portuguese way. Many of our students have gone there and already began to realize that. But, beyond such aspects, is their technical knowledge as good as that of other students? Yes, they are as good as the others. But our students lack some skills that are taught in all major universities in the world. The absence of soft skills classes is something that should be re-examined, particularly in a highly technological university such as Técnico. It’s something that puts students at a disadvantage compared to other students from less analytical universities where soft skills are more commonly taught and practiced.

Can the alumni help here and point out what is important? Yes, and they do so, I also see that. But society has changed a lot since I graduated, for example, and the way our assets and skills are perceived has also changed drastically. It’s not enough to be good; we must learn to communicate that we are good. One strategy that students have found to acquire such skills is to engage in various complementary activities on their own accord. The breakfast with the alumni, which you attended at the end of last year, is an example of that... And it was brilliant. But I think it’s not only the students who must do that, I think that it should be part of the curriculum offered by Técnico. And we also need a stronger link between the academic world and the companies. Is that link established directly with the companies or through the alumni? The Técnico alumni are very powerful and, unfortunately, we’ve been unable to involve them in the best possible way... but maybe the link could be established through that channel. Today, as a recruiter, you are in touch with hundreds of Técnico students every year. Does the technical training offered by the school still represent an asset to work in several areas? Yes, but more than that: I believe they have a great spirit of self-sacrifice, the ability to learn new concepts very quickly, that they are people who are able to ponder and realize where to apply their expertise to solve problems in a different way. And they have mathematical, statistical and probabilistic foundations that you cannot find among other students. But they also lack a lot of management skills. What would be your advice to senior year students? Try to look for different experiences, involving soft skills, the business world, and understand how things work inside a company. They must master the basics of our economic life. And, most of all, understand what they want to do in the future: if they want to be researchers, teachers, managers or engineers. Can’t they change course later on? They can, and change is not bad. But if they get it right on the first shot, then things will go faster. !



Colaboração/Collaboration CTN

Técnico e CERN com protocolo de cooperação para as TIC / Técnico and CERN with a cooperation protocol for ICT O presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, e o diretor geral do CERN, professor Rolf Heuer, assinaram um protocolo que prevê colaborações em novas áreas / The president of IST, professor Arlindo Oliveira and the general director of CERN, professor Rolf Heuer, signed a protocol, which provides collaboration in new areas Texto Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel


PT O Instituto Superior Técnico, assinou no início de março um protocolo com o CERN – a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, onde está localizado o maior laboratório de física de partículas do mundo. Este acordo de cooperação permitirá a engenheiros e cientistas do Técnico que trabalhem nas áreas das tecnologias de informação e comunicação ocupar posições como membros associados do CERN. Poderão assim colaborar nas tecnologias que estão agora a ser desenvolvidas para as próximas experiências de altas energias, permitindo uma intensificação das relações entre as duas entidades neste campo. Ao longo dos últimos anos, vários investigadores do Técnico de outras áreas, como a Física de altas energias, a instrumentação e a computação em grid têm estado intensamente envolvidos em experiências no CERN, como a experiência CMS e a experiência ATLAS que, em 2012, permitiram garantir a evidência conclusiva do Bosão de Higgs. André David é um deles. Depois de concluir a licenciatura em Engenharia Física Tecnológica no Técnico rumou à Suíça e está, desde 2001, no CERN, onde trabalha precisamente na experiência CMS como “research physicist”. É, por isso, a pessoa indicada para falar sobre o trabalho que se faz e pode fazer na organização. “O CERN não é uma instituição que faça a Física: existe para que a Física seja feita. Põe à disposição os aceleradores, as instalações, os gabinetes e permite que alguns de nós trabalhem como físicos experimentais.” Outros – a maioria dos que se encontram a trabalhar no CERN – desempenham funções fundamentais para o desenvolvimento destas atividades científicas e do dia-a-dia na organização, como é caso de João Silva, ex-aluno de Engenharia Informática e de Computadores e hoje membro do grupo de Advanced Information Systems no CERN. “Sou diretamente responsável por um sistema (…) transversal a todas as áreas da organização, designado EDH (Eletronic Document Handling)”, explica, por email. “O EDH é parte integrante do dia-a-dia dos membros da comunidade no CERN (…). Devido aos altos níveis de rotatividade de pessoal e ao elevado número de cientistas convidados [aqueles a quem o CERN permite que “façam a Física”, como diz André David], é de capital importância a existência de uma solução eficiente e integrada para a gestão dos processos administrativos que permita aos utilizadores realizarem tarefas rotineiras de forma simples e transparente. Permitimos assim que

BRICE, MAXIMILIEN / CERN

Colaboração/Collaboration CTN

André Mendes faz parte da equipa da experiência CMS / André Mendes is a team member of the CMS experience os engenheiros e cientistas do CERN se foquem na sua atividade central, a investigação fundamental.” Foi precisamente para consolidar a cooperação nesta área das tecnologias de informação e comunicação, que inclui também o software de controlo dos aceleradores, o controlo industrial, bases de dados ou sistemas operativos, por exemplo, que o novo acordo entrou agora em vigor. Como resume João Silva, “ainda que nem todos os colaboradores do CERN estejam diretamente envolvidos nas experiências de investigação, é uma honra e um privilégio poder contribuir, de maneira direta ou indireta, para que todos nós, enquanto seres humanos, possamos compreender melhor o mundo em que vivemos”. A partir de agora, poderá ser ainda maior o número de investigadores do Técnico que escreverão a sua parte nesta história. !

EN In early March the Instituto Superior Técnico, signed an agreement with CERN - the European Organization for Nuclear Research - where the world’s biggest laboratory for particle physics is located. This cooperation agreement will enable IST engineers and scientists who work in the areas of information and communication technologies to fill positions as associate members of CERN. They may thus collaborate in the technologies that are now being developed for future experiments with high energy, strengthening the relations between the two entities in this field. Over the past few years, several IST researchers from other areas, such as high energy physics, instrumentation and grid computing, have been heavily involved in experiments at CERN, such as the CMS and the ATLAS experiments that, in 2012, obtained conclusive evidence of the Higgs boson. André David is one of them. After graduating in physics engineering from IST, he headed to Switzerland and has been at CERN since 2001

where he works precisely in the CMS experiment as a “research physicist.” He is, therefore, the best person to talk about the work that has been done and that can still be done in the organization. “CERN is not an institution that makes physics: it exists so that physics can be made. It puts at our disposal accelerators, facilities, offices and makes it possible for some of us to work as experimental physicists.” Others - most of whom are working at CERN - play key roles in the development of these scientific activities and the day-to-day of the organization, as is the case of João Silva, a former student of computer science and computer engineering, who is currently a member of the Advanced Information Systems group at CERN. “I am directly responsible for a system (...), which is transversal to all areas of the organization, called EDH (Electronic Document Handling)”, he explains by email. “The EDH is an integral part of the daily life of community members at CERN (...). Due to the high staff turnover levels and the large number of visiting scientists [those who CERN allows to “do physics”, as André David says], it is of paramount importance that there is an efficient and integrated solution for the management of administrative procedures that enable users to perform routine tasks simply and transparently. Thus, we make it possible for engineers and scientists at CERN to focus on their core business, the key research.” It was precisely to strengthen the cooperation in this area of information and communication technologies, which, for example, also includes accelerator control software, industrial control, databases or operating systems that the new agreement has come into force. As summarized by João Silva, “Although not all CERN employees are directly involved in the research experiments, it is an honour and a privilege to be able to contribute directly or indirectly, so that all of us, as human beings, can better understand the world we live in.” From now on, the number of researchers from IST that will write their part in this story may be even greater. !

21


Entrevista/Interview John Arboleda

“A perspetiva de um programa alumni eficaz é muito positiva” / “The prospects of an effective alumni programme are very positive” O especialista em relações com alumni falou sobre o desenvolvimento de estratégias em instituições de Ensino Superior / The alumni relations expert spoke about the development of strategies in Higher Education institutions Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation GCRP

PT Qual é o papel da comunidade alumni no desenvolvimento das instituições de Ensino Superior? Essa é uma questão crítica que muitas instituições de Ensino Superior estão a colocar, à medida que percebem o papel significativo que os seus graduados podem ter na concretização de objetivos estratégicos. Os alumni, por sua vez, estão também a tornar-se importantes stakeholders, devido ao seu contínuo investimento no sucesso da universidade, esperando que o valor da sua formação se mantenha muito tempo após a sua saída. O desafio das universidades é desenvolver um plano de ligação efetivo que corresponda às prioridades estratégicas da universidade e aos interesses e necessidades dos seus alumni. O que ganham os alumni em manter o contacto com a sua universidade? Se as universidades implementarem estratégias efetivas de ligação aos seus alunos e alumni, eles terão muito a ganhar, o que, por sua vez, leva a que também se sintam motivados a apoiar o desenvolvimento da universidade. O que os alumni procuram varia e altera-se ao longo do tempo, mas há uma palavra que capta o que podem obter: acesso. Para dar um exemplo, os alumni procuram constantemente acesso a uma rede de contactos que

22

“O desafio das universidades é desenvolver um plano de ligação efetivo” “The challenge for universities is to develop an effective engagement plan”

ofereça oportunidades de negócio variadas e possibilidades de expandir a sua rede profissional, talento na forma de alunos estagiários, recém-licenciados e outros alumni ou conhecimento, na forma de oportunidades de desenvolvimento profissional. Quais são as principais diferenças entre a cultura norte-americana e europeia, no que diz respeito às relações entre os alumni e a escola? Acredito que as diferenças se resumem a um único conceito, envolvimento. Nos Estados Unidos, alunos e alumni são envolvidos de forma ativa e estratégica ao longo do seu processo de transição de aluno para alumnus. A relação entre a universidade e o aluno é estabelecida logo de início, fomentada através da experiência de cada aluno e mantida após a sua graduação. Como resultado, o aluno reconhece a universidade como um recurso incalculável que acrescenta, de forma contínua, valor às suas vidas. Em contrapartida, o sentimento de pertença e orgulho em relação à sua universidade é reforçado, o que significa também que estão dispostos a assumir a responsabilidade de retribuir e apoiar a universidade de várias formas. Ao trabalhar neste percurso nas instituições de Ensino Superior e a viver na Europa desde 2004, acredito que as universidades europeias, na sua R


DR

EN What is the role of the alumni community in the development of higher education institutions? This is a critical question that many higher education institutions (HEIs) in Europe are asking themselves, as they realise the significant role that graduates can play in supporting strategic objectives. In turn, alumni are also becoming important stakeholders as they are increasingly invested in the continued success of their university, and they expect the value of their degree to continue long after they leave the campus. The challenge for universities is to develop an effective engagement plan that matches the strategic priorities of the university and the interests and needs of its alumni. What do alumni have to gain by keeping in touch with their universities? If universities are implementing effective student and alumni engagement strategies then alumni will have much to gain and, in turn, will feel motivated to support their university´s development. The value that alumni seek will vary and change over time, but one consistent word that captures what alumni have to gain is access. For example, alumni consistently want access to a valuable network that offers diverse business opportunities and possibilities to expand their professional network, talent in the form of student interns, recent graduates and fellow alumni, knowledge and insights in the form of professional development opportunities and continuing education. What are the main differences between US and European cultures, in respects to alumni-school relations? I believe the differences can be summed in one concept, engagement. In the US, students and alumni are actively and strategically engaged throughout the student to alumni engagement lifecycle. The relationship between the university and the student is established from the beginning and nurtured throughout the student experience and continued after they graduate. As a result, the student recognizes their university as an invaluable resource that continually adds value throughout their lives. In turn, a sense of belonging and pride for their university is conceived, which also means they willingly assume a responsibility to give back and support the university in a variety of ways. Working across the student to alumni lifecycle within HEIs and living in Europe since 2004, I believe that universities in Europe, for the most part, have not viewed students and R

23


Entrevista/Interview John Arboleda

TÉCNICO

R PT grande maioria, não têm visto os

seus alunos e alumni como stakeholders, e por isso não reconhecem a necessidade de se envolverem ativamente com eles – isso não faz parte do modelo típico das universidades. Contudo, isto está a começar a mudar, uma vez que as instituições de Ensino Superior por toda a Europa começam a aperceber-se do retorno do investimento ao envolver de forma efetiva estes grupos. Agora as universidades precisam de desbloquear proativamente o potencial de envolvimento de um grupo de pessoas a quem até agora não foi dada qualquer razão para se manterem ligadas à universidade. O envolvimento é acerca das relações, e independentemente da cultura e do percurso, as pessoas querem sentir que fazem parte de algo. Acredita que essas diferenças irão impossibilitar o desenvolvimento na Europa (e em Portugal) atividades significativas de recolha de fundos? Com base na minha experiência, considero que as diferenças são apenas um desafio que pode ser ultrapassado. Não se trata de copiar e colar o modelo norte-americano, porque isso não vai necessariamente funcionar. Trata-se de analisar as possibilidades e desenvolver um modelo de envolvimento apropriado que produza resultados que beneficiem todos os stakeholders. Para que isto aconteça será necessário requisitar o apoio dos líderes da universidade, ter uma estratégia de envolvimento alinhada com os objetivos institucionais e vontade por parte de alunos e alumni envolvidos em funções académicas para pensar e agir de forma diferente. Quais são os fatores-chave para manter uma relação estável e dinâmica com os alumni? Além do que já aqui discuti, gostaria de falar sobre o modelo NOYO C.A.R.E., que desenvolvi com o objetivo de ajudar as instituições a criar e fomentar uma relação estável e dinâmica. Ao fazer isto, as universidades irão estabelecer uma ligação que vai promover um programa de envolvimento mutuamente benéfico. Isto leva a que as universidades tratem (C.A.R.E.) das relações que estabeleceram com os alumni e outros stakeholders. Para isso, a consciencialização assume uma grande importância. Os antigos alunos sabem da existência do Gabinete dos Alumni? Sabem acerca dos serviços que lhes são oferecidos? As instituições estão a par das neces-

24

“Não se trata de copiar e colar o modelo norte-americano, porque isso não vai necessariamente funcionar”

“It is not about copying and pasting the american model because that will not necessarily work”

sidades dos alumni? Quem se procura envolver com os alumni e porquê? Estas são algumas das questões que devem ter resposta através de programas e iniciativas relevantes para os alumni e para as suas necessidades. Acredita que o Técnico pode melhorar significativamente a sua relação com os alumni e incluí-los na sua missão? Em discussões anteriores com colegas do Técnico, ficou claro que há uma paixão pela instituição e um compromisso para desenvolver ainda mais o seu perfil e sucesso. Este entusiasmo está no centro de qualquer modelo de envolvimento de alunos e alumni eficaz. Isto, conjuntamente com a natureza intensiva de estudo no Técnico e a ligação que se faz sentir entre os alunos, significa que a perspetiva de um programa alumni eficaz é muito positiva! !

R EN alumni

as stakeholders, and consequently not recognized the need to actively engaging these groups - it just is not typically part of a university’s relationship model. However, this is beginning to change as HEIs across Europe realize the return on investment of effectively engaging these groups. Now universities need to pro-actively unlock the potential of engaging a group of people that have not been given a reason to stay connected. In the end, engagement is about relationships, and regardless of culture and background people want to belong and feel connected.

Do you believe those differences will make it impossible to develop in Europe (and in Portugal) significant fund raising activities? Based my experience, I am happy to report that the differences are only a challenge that can be overcome. It is not about copying and pasting a US model because that will not necessarily work, instead, is about seeing the possibilities and developing the appropriate engagement model that produces outcomes that benefits all stakeholders. To make that happen will require the support of university leadership, an engagement strategy that is aligned with institutional objectives and willingness across key student and alumni facing university functions to think and act differently. What are the key factors in keeping a stable and dynamic relationship with alumni? Apart from what I have already discussed, I would like to share the NOYO C.A.R.E. Model, which I created to help institutions foster and nurture a stable and dynamic relationship. By doing so, universities will establish a connection that leads to a mutually beneficial engagement program. This will require that institutions take “C.A.R.E.” of the relationships they have with alumni and other stakeholders. In order to establish a connection, awareness becomes important. Do alumni know about the alumni office? Are they aware of alumni services offered? Are institutions aware of alumni needs? Who is engaging with alumni and why? These are just some question for which there should be answers to come up with programs and initiatives that are actually relevant to alumni and their needs. Do you believe Técnico can significantly improve the relationship with its alumni and include them in its mission? In our early discussions with colleagues at Técnico, it is clear that there is a passion for the institute, and a commitment to building on its existing profile and success. This enthusiasm is at the heart of all effective student and alumni engagement models. This, matched with the intensive nature of study at Técnico, and the connection felt by students, means that the prospects of an effective alumni programme are very positive! !



DR

In Memoriam

Direção Editorial / Editorial Direction: Arlindo Limede de Oliveira, Luís Silveira, Luís Caldas de Oliveira, Palmira Ferreira da Silva Editores / Editors: André Pires, Sarah Saint-Maxent Direção de Arte / Art Direction: Tiago Machado Designers: Patrícia Guerreiro, Telma Baptista, Tiago Machado

Professor Carlos Matos Ferreira

Assinaturas e Publicidade / Subscriptions and Advertising: Sofia Cabeleira scabeleira@tecnico.ulisboa.pt

PT O professor Carlos Matos Ferreira, presidente do Técnico de 2001 a 2009, faleceu inesperadamente no dia 27 de dezembro de 2014. O objetivo desta nota é partilhar o seu legado como académico, líder e colega. Matos Ferreira graduou-se em Engenharia Eletrotécnica no Técnico e completou o doutoramento em Física na Universidade Paris IX (1976). Recebeu a Agregação em Física no IST (1979) e foi Professor Catedrático no Departamento de Física desde 1979. Como físico, fez importantes contribuições para a Física dos Plasmas. Foi um dos fundadores da Física dos Plasmas no Técnico. Além disso, presidiu à divisão de Educação da Sociedade Europeia de Física. Como presidente do Técnico, introduziu mudanças fundamentais na escola. Trouxe para o âmbito académico a natureza internacional e global de qualquer esforço científico e académico moderno. Sob a sua liderança, o Técnico tornou-se uma instituição orientada por padrões e referências internacionais onde nos comparamos constantemente com as melhores instituições no mundo. Eu (JSV) tive o privilégio de partilhar muitos momentos, discussões e reflexões inspiradores com ele, e testemunhei uma convicção acerca da importância da colaboração internacional. Ao longo dos anos, aprendi quanto o IST beneficiou do seu envolvimento ativo em redes académicas de excelência. O Técnico tornou-se mais global que nunca, trabalhando em “coopetição” com algumas das melhores escolas de engenharia mundiais. Gostaria de citar o professor Carlo Naldi, um amigo do Politecnico di Torino, referindo-se ao professor Matos Ferreira: “Era difícil discordar das ideias do Carlos: com o seu olhar gentil e acolhedor e a sua atitude amigável, ele tornava as suas propostas óbvias e inquestionáveis”. Nunca é demais realçar quanto o professor Matos Ferreira lutou pela causa da colaboração internacional e quão profundas foram as transformações no Técnico. Gostaríamos de honrar a sua memória nutrindo e fortalecendo o espírito de um Técnico global, esforçando-nos por nos destacarmos e oferecermos ao país uma instituição de elite comprometida com os valores da educação, investigação e aperfeiçoamento da nossa sociedade.

Website: valoresproprios. tecnico.ulisboa.pt

Assim seja. José Santos-Victor, Luís Oliveira e Silva

26

EN Professor Carlos Matos Ferreira, President of IST from 2001 to 2009, passed away suddenly on December 27th 2014. This note aims to share some of his legacy as a scholar, an academic leader and a colleague. Professor Matos Ferreira graduated in Electrical Engineering from IST and received his PhD in Physics from the University of Paris IX (1976). He received the Agregação in Physics from IST (1979) and was a Full Professor in the Department of Physics since 1979. As a physicist he has made seminal contributions to the physics of plasmas. He was one of the founding fathers of plasma physics at IST. He also chaired the division of education of the European Physics Society. As the president of IST, he introduced very fundamental and far-reaching changes. He brought to the academic realm the international and global nature of any modern scientific and academic endeavor. Under his leadership, IST became an institution driven by international standards and references where we always compare ourselves with the top institutions in the world. I (JSV) had the privilege to share many inspiring moments, discussions and reflections with him and witnessed his conviction about the importance of international collaboration. Throughout the years I learned how much IST benefitted from its active involvement in premium academic networks. IST became more global than ever before, working closely in “coopetition” with some of the best engineering schools worldwide. I would like to quote Professor Carlo Naldi, a friend from Politecnico di Torino, referring to Professor Matos Ferreira: “It was difficult to disagree with Carlos’ ideas: with his gentle and warm look and his friendly attitude he would make his proposals obvious and unquestionable”. One cannot stress enough how much Professor Matos Ferreira championed the cause of international collaboration and how deep was the transformation at IST. We wish we can honor his memory by nurturing and strengthening the spirit of a global IST, striving to excel and to offer Portugal an elite institution committed to the values of education, research and the betterment of our society. So be it.

Editora / Publisher: Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1 1049-001 Lisboa Tel: (+351) 218 417 000 Fax: (+351) 218 499 242 Impressão / Printing: Jorge Fernandes, Lda Rua Q.ta Conde de Mascarenhas N9 Vale Fetal 2825-259 Charneca da Caparica Tel.: 212 548 320 Fax: 212 548 329 Edição / Edition Número 8 Março/Abril 2015 March/April 2015 Periodicidade / Periodicity: Bimestral Bimonthly Tiragem / Circulation: 10.000 exemplares


CAMPANHA DE ANGARIAÇÃO DE NOVOS SÓCIOS ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS HTTP://AAAIST.PT/MEMBROS/

Francisco de la Fuente Sánchez Presidente da AAAIST

“Junte-se aos que reconhecem o valor que o Técnico trouxe às suas vidas. A sua quota da Associação de Antigos Alunos do IST vai ajudar a reforçar a nossa ligação aos atuais alunos do Técnico. Não é apenas uma questão de gratidão, é também responsabilidade e orgulho.” “Join those who recognize the value that Tecnico brought to their lives. Your IST Alumni Association membership fee will help to reinforce our connection to current Tecnico students. It is not just a matter of gratitude, it is also responsibility and pride.”

Carlos Moedas

António Guterres

“O dia em que entrei no Técnico foi o dia em que a minha vida mudou.”

“A disciplina mental que adquiri no Técnico é a coisa mais importante que tenho.”

“The day I entered Tecnico was the day my life changed.” Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Antigo Secretário de Estado de Portugal e Membro da Associação de Antigos Alunos do IST. European Commissioner for Research, Science and Innovation, Former Under-Secretary of State of Portugal, Member of IST Alumni Association.

“The mental discipline that I acquired in Tecnico is the most important thing that I have.” Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Antigo Primeiro-Ministro de Portugal e Membro da Associação de Antigos Alunos do IST. United Nations High Commissioner for Refugees, Former Prime-Minister of Portugal and Member of IST Alumni Association.

AAAIST.PT


VALORES PRÓPRIOS REVISTA DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MAGAZINE MARÇO/ABRIL MARCH/APRIL 2015


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.