Valores Próprios 2015-009

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VP VALORES PRÓPRIOS REVISTA DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MAGAZINE MAIO/JUNHO MAY/JUNE 2015



Editorial

Rede de Parceiros do Técnico / Técnico Partner Network PT É bem conhecido que o impacto do Técnico no mundo vai muito para além da capacitação dos seus alunos e dos resultados da investigação realizada nos seus laboratórios. A colaboração entre o Técnico e a sua rede de parceiros produz benefícios mútuos que se podem agrupar em quatro dimensões: (1) na identificação e acompanhamento dos talentos, (2) na contribuição para mais e melhores talentos, (3) na aceleração dos processos de inovação e (4) no aumento do impacto na sociedade. Na primeira dimensão, as empresas parceiras do Técnico podem beneficiar de uma maior proximidade aos talentos durante o processo de formação, identificando os que dispõem das características que consideram mais relevantes para as suas atividades. Esta proximidade beneficia também o Técnico e os seus alunos que adequam as suas opções formativas de acordo com o que estas empresas procuram. No segundo aspeto, as empresas parceiras podem contribuir para o aumento tanto do número de alunos como da qualidade e eficiência nos processos de aprendizagem no Técnico. Ao promover programas de formação no Técnico para os seus colaboradores e ao contribuir para a modernização dos equipamentos laboratoriais, as empresas beneficiarão de melhores quadros técnicos e de melhores oportunidades para recrutamento no futuro. É, talvez, no domínio da inovação que há mais potencial para benefícios mútuos para o Técnico e para a sua rede parceiros. A possibilidade de realizar investigação pré-competitiva a custos mais baixos e a aceleração do processo de introdução de novas tecnologias para o mercado serão duas das vantagens mais significativas. Finalmente, na quarta dimensão, o Técnico e as suas empresas parceiras podem colaborar em programas conjuntos de responsabilidade social. Por exemplo, as empresas podem aumentar a visibilidade dos seus programas de responsabilidade social associando-se às iniciativas do Técnico de promoção da ciência, da tecnologia, da engenharia e da matemática junto dos alunos do Ensino Básico e Secundário, envolvendo também os seus colaboradores e suas famílias. O Técnico Learning Center (http://learningcenter.tecnico.ulisboa.pt) será uma oportunidade para reforçar a rede de parceiros do Técnico com uma presença ainda mais ativa e permanente. Este local, concebido para a aprendizagem colaborativa, permitirá um muito maior envolvimento das empresas que procuram manter o contacto com a próxima geração de talentos. A possibilidade de patrocinar espaços de trabalho para alunos nos 800 m2 disponíveis para esse fim ou a possibilidade de organização de eventos na área multifuncional de 1100m2 oferecem novas oportunidades para o desenvolvimento da rede de parceiros do Técnico.

EN It is well known that Técnico’s impact in the world goes well beyond the training of its students and the results of the research conducted in its laboratories. The collaboration between Técnico and its partner network produces mutual benefits that can be grouped into four dimensions: (1) talent identification and monitoring, (2) in contributing to more and better talent, (3) acceleration of innovation processes and (4) increasing the impact on society. In the first dimension, the Técnico partner companies can benefit from greater proximity to talent during the training process by identifying those with the features they find most relevant to their activities. This proximity also benefits Técnico and its students that adapt their training options according to what the partner companies seek. In the second aspect, the partner companies may contribute both to the increase in the number of Técnico’s students and the increase in the quality and efficiency of the learning processes. By promoting training programs in engineering for its employees and by contributing to the modernization of laboratory equipment, companies will benefit from best technical staff and better future opportunities for recruitment. It is on innovation, however, that there exists more potential for mutual benefits for Técnico and companies in its partner network. The possibility to carry out pre-competitive research at lower costs and to speed-up the process of bringing new technologies to market are two of the most significant advantages. Finally, in the fourth dimension, Técnico and its partner companies can cooperate on joint social responsibility programs. For example, companies can increase the visibility of their social responsibility programs by joining Técnico’s initiatives in the promotion of science, technology, engineering and mathematics among primary and secondary education students, also involving its employees and their families. The Técnico Learning Center (http://learningcenter.tecnico.ulisboa.pt) will be an opportunity to strengthen the Técnico partner network with an even more active and permanent presence. This facility, designed for collaborative learning, will allow a much greater involvement of companies that want to keep in touch with the next generation of talent. The possibility of sponsoring workspaces for students in the 800 m2 available for this purpose or the possibility of organizing events in the multifunctional area of 1100m2 offer new opportunities for the development of the Técnico partner network.

Luís Caldas de Oliveira Vice-Presidente para o Empreendedorismo e Ligações Empresariais Vice-President for Entrepreneurship, Corporate Relations and Technology Transfer

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Instantâneos/Snapshots 2015

Cerimónia/Ceremony

Competição/Competition

“Comemorámos mais um ano de vida de uma grande escola” / “We celebrated another year of life of a great school” PT A Sessão Solene do Dia do Técnico, onde se comemorou o 104.º aniversário desta instituição, decorreu no dia 22 de maio, no Salão Nobre, e foi o palco escolhido para homenagear os funcionários que, no último ano, completaram 25 anos ao serviço da escola, os professores com melhores resultados no âmbito do sistema QUC e ainda o professor Joaquim Sampaio Cabral, “Professor de Mérito do IST”. O professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico, abriu a sessão lembrando as limitações vividas no último ano, com constrangimentos orçamentais e financeiros, e também “duas despedidas muito tristes”, dos professor Carlos Matos Ferreira e José Mariano Gago. Apesar disso, destacou, “tivemos bons resultados e boas iniciativas”, como as distinções nos rankings internacionais, a seleção de todas as unidades de investigação para financiamento e a apresentação do Projeto Arco do Cego. “Agradeço a toda a escola. Aos alunos, aos funcionários, aos professores e investigadores. Comemorámos mais um ano de vida de uma grande escola, de uma escola virada para o mundo.” !

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EN The Sessão Solene of the Dia do Técnico, which commemorated the 104th anniversary of the institution, took place on May 22 in the Salão Nobre. The ceremony honoured the employees who, in the last year, completed 25 years of service to the university, the best-rated professors in the QUC system and also professor Joaquim Sampaio Cabral, “IST Distinguished Professor”. Professor Arlindo Oliveira, president of Técnico, opened the session noting the restrictions experienced in the last year including budgetary and financial constraints, and also “two very sad farewells” to professors Carlos Matos Ferreira and José Mariano Gago. Nevertheless, he said, “we had good results and good initiatives” such as the distinctions in international rankings, the selection of all research units for funding and the presentation of the Arco do Cego Project. “I thank the whole school. The students, staff, teachers and researchers. We celebrated another year of life of a great school, a school turned towards the world.” !

PT André Miranda, estudante do Instituto Superior Técnico que conseguiu o apuramento para a final mundial do concurso Red Bull Paper Wings depois da qualificação realizada no campus Alameda, alcançou o sexto lugar na competição de acrobacia em Salzburgo. O Red Bull Paper Wings é uma competição para os melhores pilotos de aviões de papel, que atuam em três categorias: distância, tempo de voo e acrobacia. Depois de 535 qualificações, os melhores 200 pilotos, de 80 países diferentes, juntaram-se no início de maio na cidade austríaca para mostrar os seus dotes. Ao site Universia, André Miranda mostrou-se contente com o resultado: “Sempre disse que vinha à Áustria lutar pelo título e foi isso que fiz. Foi uma final muito intensa e dei o meu melhor. Também me diverti muito e regresso a casa com um sorriso. Foi das melhores experiências que já vivi.” !

EN André Miranda, the Instituto Superior Técnico student who managed to secure a spot at the Red Bull Paper Wings World Final after the qualifier held at Alameda campus, achieved sixth place in the aerobatics competition in Salzburg. Red Bull Paper Wings is a competition for the best paper airplane pilots, operating in three categories: distance, airtime and aerobatics. After 535 qualifying rounds worldwide, the 200 best pilots from 80 different countries came together in early May in the Austrian city to show their skills. On the website Universia, André Miranda stated how happy he was with the result: “I always said that I’d go to Austria to fight for the title and that’s what I did. It was a very intense final and I gave it my best. I also had a great time and returned home with a smile. It was one of the best experiences I have ever had.” !

HUGO SILVA / RED BULL

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Aluno do Técnico é sexto no Red Bull Paper Wings / Técnico student is sixth at Red Bull Paper Wings


Instantâneos/Snapshots 2015

Evento/Event

Sustentabilidade/Sustainability

Exposição Enigma celebra os 70 anos do fim da II Guerra Mundial / Enigma exhibition celebrates the 70th anniversary of the end of World War II PT O Salão Nobre foi o palco escolhido para acolher a cerimónia de inauguração da Exposição “Enigma, Decifrar Vitória” que, no início de maio, ocupou o átrio do Pavilhão Central com uma homenagem à equipa de matemáticos polacos que começou por decifrar a máquina alemã de encriptação, Enigma. “É uma honra para o Técnico receber esta exposição que celebra os 70 anos do fim da II Guerra Mundial”, afirmou o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico. Bogdan Borusewicz, presidente do Senado polaco, esteve presente na sessão, onde não deixou de agradecer ao Técnico “por acolher a exposição”. “Na Polónia, a história da Enigma é bem conhecida: aqui em Portugal, é um tema novo.” A exposição “Enigma, Decifrar Vitória” foi desenvolvida pelas Autoridades da Voivodia da Grande Polónia. É dedicada à atividade dos matemáticos polacos na decifração dos códigos da Enigma e relembra a trágica história do fado de gente que contribuiu, com o seu conhecimento e habilidade, para que se salvassem milhões de vidas durante a II Guerra Mundial. !

EN Salão Nobre was the venue chosen to host the opening ceremony of the exhibition “Enigma. Decipher Victory” that, in early May, was displayed in the Pavilhão Central lobby, paying tribute to the team of Polish mathematicians who began to decipher the German cipher machine Enigma. “It is an honour for Técnico to receive this exhibition celebrating the 70th anniversary of the end of World War II”, said Professor Arlindo Oliveira, Técnico’s president. Bogdan Borusewicz, president of the Polish Senate, attended the session during which he did not forget to thank Técnico “for hosting the exhibition”. “In Poland, the history of Enigma is well known: here in Portugal, it is a new topic.” The exhibition “Enigma. Decipher Victory” was developed by the Marshal Office of the Wielkopolska Region in Poland. It is dedicated to the pursuit of Polish mathematicians in decoding the Enigma codes, and recalls the tragic story of the fate of the individuals who contributed with their knowledge and skills so millions of lives would be saved during World War II. !

PT “Este não é um projeto de investigação, mas uma promoção e divulgação da tecnologia [das bicicletas e scooters elétricas], que tem várias atividades”, explica Joana Ribeiro, investigadora do Técnico, sobre o Pro-E-Bike, um projeto europeu financiado através do programa comunitário Energia Inteligente. O objetivo, explica, é promover a utilização de bicicletas e scooters elétricas para transportar mercadorias e passageiros, sobretudo dentro de centros urbanos. “As bicicletas são muito competitivas na última milha do transporte – não estamos à espera que se faça de bicicleta elétrica tudo o que uma cadeia logística implica, mas podemos resolver vários problemas nos centros urbanos, onde há congestionamento, poluição sonora e atmosférica…” Dentro do projeto a equipa do Técnico, liderada pela professora Rosário Macário, está encarregada de desenvolver modelos de negócio utilizando essa tecnologia. O projeto teve início em abril de 2013 e terminará em 2016, estando prevista para os próximos meses a divulgação dos resultados nos vários países. !

EN “This is not a research project, but a project that organizes various activities to promote and disseminate the technology [of electric bicycles and scooters]”, explains Joana Ribeiro, researcher at Técnico, about PRO-E-BIKE, a European project funded through the Intelligent Energy program. The goal, she says, is to promote the use of electric bicycles and scooters to transport goods and passengers, especially in urban centres. “The bikes are very competitive in the last mile of transportation - we are not expecting to use the electric bike for everything a logistics chain implies, but we can solve several problems in urban centres, where there is congestion, noise and air pollution...” Within the project, the team from Técnico, coordinated by professor Rosário Macário, is in charge of developing business models using this technology. The project began in April 2013 and will end in 2016, and the dissemination of results across the various countries is planned for the coming months. !

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SARAH SAINT-MAXENT / TÉCNICO

Projeto do Técnico promove utilização da bicicleta elétrica / Técnico project promotes use of electric bicycles

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Instantâneos/Snapshots 2015

Cerimónia/Ceremony

Comunidade/Community

Dia da Graduação junta dezenas de graduados no Salão Nobre / Graduation Day joins dozens of graduates in the Salão Nobre PT O Dia da Graduação, uma cerimónia solene de entrega de diplomas aos graduados que concluíram um curso de mestrado no ano letivo 2013/14 ou um programa de doutoramento em 2014, decorreu no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico no mês de maio. “Esta é uma marca importante na vida dos graduados”, começou por dizer o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico, acrescentando que “é com grande alegria que as vossas famílias estão aqui a acompanhar-vos”. “Vão ter muitas oportunidades para recordar os momentos que aqui passaram: geralmente com saudade.” “O esforço que [as famílias] fizeram vai ser recompensado. Não se vão arrepender”, disse ainda o docente, antes de deixar um último apelo: “Gostaria que continuassem a ver o Técnico como a vossa casa, uma casa onde podem sempre voltar (...). Como alumni é vossa responsabilidade ajudar a guiar as próximas gerações”. !

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EN Graduation Day, a formal ceremony during which diplomas were given to the graduates who completed a Master’s degree in the academic year 2013/14 or a 2014 PhD program, was held at the Salão Nobre of Instituto Superior Técnico in May. “This is an important milestone in the lives of graduates”, said professor Arlindo Oliveira, the president of Técnico, adding that, “it is with great joy that your families are here to accompany you.” “You will have many opportunities to remember the moments spent here: usually with longing.” “The effort that [the families] have made will be rewarded. You will not regret it”, added the professor before making one last request: “I would like you to continue to see Técnico as your home, a home you can always come back to (...). As alumni it is your responsibility to help guide the next generation”. !

PT Durante os meses de abril e maio, a Assembleia de Escola promoveu a I Edição das Jornadas sobre Cultura Organizacional no Técnico, cujo objetivo foi “proporcionar um espaço abertos a todos os membros da comunidade IST para apresentar propostas sobre qualquer assunto que diga respeito à escola”. O professor João Cunha Serra, presidente cessante da Assembleia de Escola, aproveitou a primeira destas sessões, dedicada ao tema da autonomia e desenvolvimento, para homenagear o professor Mariano Gago, lembrando a “pessoa controversa” que era, mas considerando-o “um homem formidável”. As quatro sessões que se seguiram abordaram as temáticas da Ética e Boas Práticas, dos Estudantes, dos Funcionários Não-Docentes e Não-Investigadores e, finalmente, dos Docentes. No final, ficou a vontade geral de repetir esta experiência, com novas questões em discussão, e de manter viva esta iniciativa. !

EN During the months of April and May, the University Assembly promoted the first edition of the Organizational Culture at Técnico Conference, whose goal was “to provide an open space for all members of the IST community to submit proposals on any matter that relates to the school”. Professor João Cunha Serra, outgoing president of the University Assembly, dedicated the first session of the conference to the theme of autonomy and development to pay tribute to professor Mariano Gago, recalling the “controversial person” he was, but also considering him to be “a formidable man”. The four sessions that followed addressed the themes of ethics and good practice of students, of staff and, lastly, of professors. In the end, there was the broad desire to repeat this experience by bringing new issues into discussion, and to keep this initiative alive. !

JOSÉ SANTOS / TÉCNICO

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Cultura Organizacional discutida nas Jornadas da Assembleia de Escola / Organizational Culture discussed at the Faculty Assembly conference


Instantâneos/Snapshots 2015

Alunos/Students

Evento/Event

“Vamos trabalhar a vossa carreira” / “We will work on your career” PT O Pitch Bootcamp, um programa de dois dias da Spark Agency destinado a universitários que pretende ensinar a pensar sobre o mercado de trabalho, voltou ao Técnico no mês de maio, dando a oportunidade a 140 alunos de se valorizarem como “produto”. “Aqui vamos trabalhar a vossa carreira”, atirou Miguel Gonçalves, um dos responsáveis pelo evento, ao abrir a sessão. “Vamos receber aqui pessoas que podem ter um papel fundamental no vosso futuro”, explicou. O primeiro dia do evento, sexta-feira, foi dedicado ao conhecimento próprio dos participantes, que trabalharam nas áreas de “produto” (eles mesmos), “cliente” (as empresas), “proposta de valor” (o que podem oferecer) e “comunicação” (como fazer passar a mensagem) - tudo para se prepararem para o “grande encontro” com representantes de algumas das mais importantes empresas nacionais, no sábado. O Eng. Sérgio Modesto, membro da direção da Wurth, foi um deles. No final do evento, disse o que achou dos alunos do Técnico: “Há aqui gente muito interessante, com um conjunto de competências e interesses muito diversificado, o que é muito diferente do que se passava há 25 anos”. !

EN Pitch Bootcamp, a two-day program by Spark Agency that teaches university students to think about the labour market, returned to Técnico in May, giving the opportunity to 140 students to value themselves as a “product”. “Today we will work on your career”, declared Miguel Gonçalves, one of those responsible for the event during the opening session. “We will get people in here who can play a key role in your future”, he said. The first day of the event, Friday, was dedicated to the self-knowledge of the participants who worked in the areas of “product” (themselves), “client” (companies), “value proposition” (what they can provide) and “communication” (how to convey the message). This was all done to prepare for the “big meeting” with representatives of some of the most important national companies on Saturday. Engineer Sérgio Modesto, member of the board at Wurth, was one of those representatives. At the end of the event, he shared what he thought of the Técnico students: “There are very interesting people here with very diverse skill sets and interests. It is very different situation from what was happening 25 years ago”. !

PT O Instituto Superior Técnico recebeu, em abril, o professor Serge Haroche, prémio Nobel da Física em 2012, para uma palestra sobre “Power and Strangeness of the Quantum”, em que abordou as bases da teoria quântica e explicou um pouco das experiências que estão a ser feitas nesse campo. “A teoria da Física Quântica tem sido a mais bem-sucedida da ciência”, começou por dizer, perante um Salão Nobre totalmente cheio. “Apesar disso, houve muita contestação, porque os princípios desta teoria são muito contra-intuitivos: a Física clássica não consegue explicar os fenómenos a nível microscópico.” Depois de abordar um pouco da história da teoria quântica e dos princípios que a regem, concluiu: “A investigação, sem a qual não podemos criar novas tecnologias, precisa de dois ingredientes fundamentais: tempo e confiança [time and trust]. Infelizmente, isso é exatamente aquilo que as leis de mercado não facilitam.” !

EN In April, Instituto Superior Técnico welcomed Professor Serge Haroche, Nobel Prize for Physics for 2012, for a lecture on “Power and Strangeness of the Quantum”, during which he addressed the foundations of quantum theory and explained some of the experiments that are being made in this field. He began by saying that “the theory of quantum physics has been the most successful of science”, speaking to a completely packed Salão Nobre. “Nevertheless, there was much dispute because the principles of this theory are very counter-intuitive: classical physics cannot explain the phenomena at the microscopic level.” After discussing some of the history of quantum theory and the principles governing it, he concluded: “Research, without which we cannot create new technologies, needs two key ingredients: time and trust. Unfortunately, this is exactly what the market laws do not facilitate.” !

DR

SARAH SAINT-MAXENT / TÉCNICO

“A teoria da Física Quântica tem sido a mais bem-sucedida da ciência” / “The theory of quantum physics has been the most successful in science”

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Entrevista/Interview Diogo da Silveira

“O que ouvia é que há os engenheiros e há os do Técnico” / “I heard that there are engineers and then there are the engineers from Técnico” CEO da Portucel falou sobre a relação com o Técnico, escola onde o avô foi professor, estudaram os pais e, hoje, um dos filhos / The CEO of Portucel spoke about his relationship with Técnico, where his grandfather was a professor, his parents studied and, today, one of his children is enrolled Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel PT Estudou Automatismos (ou Engenharia Elétrica e Eletrónica) em França, onde vivia com a família, antes de tirar um MBA no INSEAD. Hoje, é CEO do grupo Portucel Soporcel, “o maior grupo industrial português”, e faz questão de manter uma ligação com aquela que considera “a instituição de maior prestígio” no ensino da Engenharia em Portugal. Sempre quis seguir Engenharia? Quando tive que escolher entre Engenharia e Gestão hesitei muito. Como tenho mãe e pai engenheiros químicos do Técnico, não foi fácil dizer que ia para Gestão. Mas acabou por não ser isso a fazer a diferença: um amigo dos meus pais, também engenheiro do Técnico, disse-me “se fores engenheiro depois podes fazer Gestão, se fizeres Gestão depois não fazes Engenharia”. Quando escolhi Engenharia já o fiz sabendo que depois queria fazer Gestão. E não foi para o Técnico porque estava em Paris? Exatamente. Tenho mãe e pai formados no Técnico, avô que foi professor no Técnico (era uma pessoa muito exigente, muito rigorosa – até há uns anos era difícil eu ir a um jantar onde houvesse engenheiros e não se falasse do meu avô). Lá em casa o

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“Até há uns anos era difícil eu ir a um jantar onde houvesse engenheiros e não se falasse do meu avô” “Until a few years ago it was hard for me to go to a dinner where there were engineers and not have someone refer to my grandfather”

que ouvia é que há os engenheiros e há os do Técnico. Fui muito trabalhado logo desde pequenino. Tanto que quando chegou a altura do meu filho mais velho, dei-lhe três opções: o Técnico, o Técnico ou o Técnico. Na altura, quando saiu da universidade, trabalhou alguns anos na área da Engenharia antes de fazer o MBA no INSEAD… Não fiz logo o MBA porque queria começar a trabalhar: primeiro não tive hipótese porque fiz o serviço militar em França, onde trabalhei como engenheiro. Depois fui trabalhar para o mundo dos semicondutores, numa empresa japonesa, numa parte já de ligação entre a Engenharia e a Gestão. Só depois de algum tempo fui para o INSEAD. E começou então uma carreira mais ligada à Gestão. Sim. Voltei à Engenharia nalguns produtos. A Engenharia ensina-nos a pensar e depois trabalhamos com alguns produtos que são mais técnicos... Mas estive focado no mundo da Gestão. Teve a primeira experiência em Portugal na McKinsey e depois de outras coisas, chegou à Portucel em 2014. Sim, fiz muitas coisas entretanto mas depois tive a sorte de ser convidado R


PORTUCEL SOPORCEL

EN He studied automations (or electrical engineering and electronics) in France, where he lived with his family, before getting an MBA at INSEAD. Currently, he is CEO of the Portucel Soporcel group, “the largest Portuguese industrial group”, and is keen on maintaining a connection with what he considers “the most prestigious institution” teaching engineering in Portugal. Did you always want to study engineering? When I had to choose between engineering and management I hesitated a lot. As my mother and father are chemical engineers from Técnico, it was not easy to tell them I was going into management. But, in the end, that wasn’t what made a difference: a friend of my parents, also an engineer from Técnico, told me, “If you are an engineer, then you can do management. If you do management, then you won’t do engineering”. When I chose engineering, I did it knowing that later I wanted to do management. And you didn’t go to Técnico because you were in Paris? Exactly. Both my mother and father graduated from Técnico, my grandfather was a professor at Técnico (he was a very demanding person, very strict - until a few years ago it was hard for me to go to a dinner where there were engineers and not have someone refer to my grandfather). At home, I always heard that there are engineers and then there are the engineers from Técnico. I was very much worked on from an early age. So much so that when it came to my eldest son, I gave him three options: Técnico, Técnico or Técnico. After you left university, you worked for a few years in the field of engineering before pursuing an MBA at INSEAD... I didn’t start the MBA right away because I wanted to start working: first I had no chance because I did my military service in France, where I worked as an engineer. Then I went to work in the world of semiconductors, for a Japanese company, in a position with a connection between engineering and management. Only after some time did I go to INSEAD. And then began a career more connected to management. Yes. I returned to engineering in some products. Engineering teaches us to think and then work with some products that are more technical... But I was focused on the world of management. R

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Entrevista/Interview Diogo da Silveira

PORTUCEL SOPORCEL

R PT para vir para a Portucel, a maior

empresa industrial do país, e é impossível recusar esta oportunidade fantástica. Mesmo enquanto esteve fora de Portugal, já conhecia o Técnico. Quando começou a ter cargos de chefia e a liderar os processos de recrutamento, a escola foi sempre uma referência? Sim. Acho que o Técnico, por conseguir atrair os melhores alunos do ensino secundário em Portugal, tem uma base de alunos fantástica. Depois, tem no conjunto uma qualidade do corpo docente que faz com que os desenvolva de forma positiva - mesmo que eu ache que tem oportunidades para melhorar. Acho que é uma instituição fantástica e tem muito boa matéria-prima. E na Portucel fazem recrutamento junto dos graduados do Técnico? A Portucel, como maior empresa industrial do país, tem obviamente que ter ex-alunos da instituição de maior prestígio na área da engenharia em Portugal, que é o Técnico. Recentemente lançámos um programa de expansão da atividade e lançámos um programa de rejuvenescimento. Isto exponencia a necessidade de recrutar jovens engenheiros, e acredito que uma percentagem significativa venha do Técnico. Introduzimos também um programa de trainees, por exemplo, que espero que tenha sucesso junto dos alunos do Técnico. Em que outros âmbitos pode focar-se a relação com o Técnico? As necessidades que temos obrigam-nos a ter uma intensidade de relação com o Técnico como não tivemos no passado, mas que espero que solidifique uma verdadeira parceria. Ainda só estamos a falar dos alunos. Depois há toda uma parceria com os professores: nós temos um instituto de investigação dedicado, por um lado, à área florestal, e por outro, à tecnologia da pasta e do papel, e obviamente temos que trabalhar com as universidades. Vamos querer reforçar a ligação ao Técnico também na componente de investigação e, por isso, com o corpo docente. O que é que a escola tem a oferecer ao mundo empresarial? E o que tem a Portucel a oferecer ao Técnico? A escola tem a oferecer o mais importante, que são os recursos humanos. É a melhor matéria-prima que existe. Depois tem outra vertente, nos próprios professores: a capacidade de investigação que existe. O desenvolvimento que queremos ter na Portucel só é possível com parcerias com as universidades. Já nós temos a oferecer um aspeto fundamental que

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“Acho que [o Técnico] é uma instituição fantástica e tem muito boa matéria-prima” “I think [Técnico is] a fantastic institution with very good raw material”

é dar a estudantes a possibilidade de terem uma carreira do tipo da que temos para oferecer numa empresa que representa um porcento do PIB Português, está presente em 127 países e conta com uma presença industrial em três continentes. Como vê a relação entre a Portucel e o Técnico daqui a dez anos? Daqui a dez anos devíamos ter como objetivo ter recrutado várias dezenas de engenheiros do Técnico; termos conduzido mais de dez projetos de investigação com a escola; haver pessoas da Portucel nos órgãos de gestão do Técnico. O Técnico é, para mim e em Portugal, a instituição de referência para o ensino da engenharia. A Portucel é o grupo industrial de referência. Têm que trabalhar juntos. !

R EN You had your first experience in

Portugal at McKinsey and then after some other things, you came to Portucel in 2014. Yes, I did many things in the meantime, but then I was fortunate to be invited to come to Portucel, the largest industrial company in the country, and it is impossible to turn down such a fantastic opportunity. Even while you were outside of Portugal, you already knew Técnico. When you started having leadership positions and leading the recruitment processes, was the school always a reference? Yes. I think Técnico, because it manages to attract the best students of secondary education in Portugal, has a fantastic student base. Then there’s the whole quality of the faculty that develop students in a positive way even if I believe that there is room for

improvement. I think it’s a fantastic institution with very good raw material. And at Portucel, do you recruit among the graduates of Técnico? Portucel, as the country’s largest industrial company, obviously has to have former students of the most prestigious institution in engineering in Portugal, which is Técnico. We recently launched a business expansion program and a renewal program. This increases exponentially the need to recruit young engineers, and I believe that a significant percentage will come from Técnico. We also introduced a trainee program, for example, which I hope will have success with Técnico students. On which other areas can the relationship with Técnico focus? Our needs compel us to have an intense relationship with Técnico, one we did not have in the past, but which will hopefully solidify as a true partnership. We’re still only talking about the students. Then there’s a partnership with the teachers: we have a research institute dedicated, on the one hand, to forestry, and secondly to the technology of pulp and paper; obviously we have to work with the universities. We also want to strengthen the link to Técnico in the research component and therefore with the teaching staff. What does the school have to offer to the business world? And what does Portucel have to offer to Técnico? The school offers the most important resources of them all, human resources. It is the best raw material there is. Then there is another aspect, in the teachers themselves: the existing ability to research. The development we want to have in Portucel is only possible with partnerships with universities. In our case, we offer a fundamental feature, which is to give students the chance to have a career in a company that represents one percent of the Portuguese GDP, is present in 127 countries and has an industrial presence on three continents. How do you see the relationship between Portucel and Técnico ten years from now? For in ten years from now we should aim to have recruited dozens of Técnico engineers; have conducted more than ten research projects with the university; have people from Portucel in the Técnico management bodies. Técnico is, for me and for Portugal, the institution of reference for the teaching of engineering. Portucel is the industrial reference group. They have to work together. !


TÉCNICO LEARNING CENTER RECONVERSÃO DA GARE DO ARCO DO CEGO

FOTOGRAFIA © IST_LEARNING_CENTER

TÉCNICO LEARNING CENTER. UM ESPAÇO DE APRENDIZAGEM ATIVA E DE LIGAÇÃO ENTRE OS ESTUDANTES E A CIDADE. LEARNINGCENTER.TECNICO.ULISBOA.PT

TECNICO.ULISBOA.PT


Entrevista/Interview António Brandão de Vasconcelos

Responsabilidade social corporativa: uma necessidade / Corporate social responsibility: a necessity António Brandão de Vasconcelos: “É importante que os nossos colaboradores vejam a everis como uma empresa de que se podem orgulhar” / António Brandão de Vasconcelos: “It is important that our employees see everis as a company that they can be proud of” Texto Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel


Entrevista/Interview António Brandão de Vasconcelos

EVERIS

PT Para António Brandão de Vasconcelos, chairman da everis Portugal, “devolver à sociedade” uma parte do que é dado às grandes companhias é uma necessidade. A everis foi fundada em Portugal em 1999. A política de responsabilidade social corporativa já era aplicada nessa altura? Sim, desde o início que temos alguma coisa. Só que na fase inicial fazíamos o que se fazia na altura: pintar paredes, arranjar jardins… E porquê ter essa preocupação desde cedo? Acho que faz parte das grandes companhias devolver à sociedade parte do que a sociedade nos deu. A sociedade não aceita que uma grande companhia não tenha um papel social. As empresas têm que ser vistas pelo mercado como entidades sérias e, além disso, é importante que os nossos colaboradores vejam a everis como uma empresa de que se podem orgulhar. Ainda continuam a pintar paredes? Pintar paredes era muito divertido mas deixava tudo sujo. Hoje temos várias coisas, como uma fundação que tem atuado na área do talento, do empreendedorismo, da inovação. Depois temos uma área da responsabilidade social em que ajudamos o terceiro setor, a economia social, a encontrar formas de gestão que permitam ter melhor grau de eficiência. É uma área em que estamos muito interessados. Além disso, fazemos projetos de consultoria: deixámos de pintar paredes, mas fazemos o que sabemos. E as colaborações com o Técnico? Essas são no âmbito da Fundação Everis. Em 2012 houve a assinatura de um protocolo de colaboração entre a everis e o Técnico. A colaboração já vinha de trás? Temos relações com o Técnico desde o início, porque 40 porcento dos nossos colaboradores vieram do Técnico. Acho que é um dos motivos do nosso êxito: gente com formação muito forte. Já colaborávamos com o Técnico antes disso, e esse protocolo tem que ver com o talento, colaborámos com o Técnico no sentido de tentar transformar algumas patentes e áreas de investigação em negócios, com serviços de consultoria. Foi um trabalho muito interessante. Esse protocolo terminou, entretanto... Esse acabou, mas a colaboração tem-se estendido para outras áreas. Na altura, olhámos para quatro patentes e analisámos o valor e a forma como

as poderíamos ajudar a ter mercado. Neste trabalho detetou-se que alguma coisa poderia ter corrido melhor se tivesse havido maior interlocução com os stakeholders ou com o mercado, numa fase mais precoce. Daí participarem na iniciativa iLLP@Técnico (Innovation Lean LaunchPad), um programa de aceleração? Sim. O objetivo é fazer com que haja contacto com o mercado mais cedo. Isto faz-se através da i-deals, uma empresa do grupo que tem como objetivo exatamente isto: fomentar a troca entre quem investiga e o mercado. Neste momento é essa a colaboração fundamental com o Técnico? O Lean LaunchPad mantém-se para o próximo ano. Tivemos uma edição 2014-15 e teremos uma edição 201516. Contamos manter estas colaborações com o Técnico. E os resultados desta parceria? Os nossos colaboradores saberem que temos uma relação com a casa onde estudaram é importante. E é importante que os alunos do Técnico referenciem a Everis como uma empresa que se preocupa e tenta ajudar. Têm outras formas de promoção da inovação e empreendedorismo? Temos um prémio internacional de empreendedorismo... Já vamos na 14.ª edição. Curiosamente, as duas últimas empresas portuguesas vencedoras foram spin-offs do Técnico: a Cell2B e a HeartGenetics. São empresas de ciências da vida, não são empresas de engenharia pura. Acho que este é um indicador muito interessante do que se está a passar no Técnico. !

EN For António Brandão de Vasconcelos, chairman of everis Portugal, it is a necessity for large companies to “give back to society” a part of what is given to them. Everis was founded in Portugal in 1999. Was the corporate social responsibility policy already being applied at that time? Yes, we have had something from the very beginning. But in the initial stage we did what was being done at the time: painting walls, taking care of gardens... Why did you have this concern from the very beginning? I think it is the responsibility of large companies to give back to society a part of what society has given us. Society does not accept that a large company does not have a social role. Companies have to be seen by the market as serious entities and, in addition, it is important that our employees see everis as a company that they can be proud of. Are you still painting walls? Painting walls was a lot of fun, but made everything dirty. Today we have several things, such as a foundation that has been active in the areas of talent, entrepreneurship and innovation. Then we have an area of social responsibility where we help the third sector, the social economy, to find ways of management that permit greater efficiency. We are very interested in this area. Additionally, we do consulting projects: we stopped painting walls, but we do what we know. And the collaborations with Técnico? They are within the scope of the everis foundation.

In 2012 everis and Técnico signed a collaboration agreement. Did the collaboration already start before that? We have had a relationship with Técnico from the outset because 40 percent of our collaborators come from Técnico. I think that’s one of the reasons for our success: people with very good training. We already collaborated with Técnico before the agreement, and this agreement has to do with talent; we collaborated with Técnico to try and transform some patents and areas of research into businesses with consulting services. It was a very interesting work. The agreement ended, meanwhile... That one is over, but the collaboration has been extended to other areas. At the time, we looked at four patents and analysed their value and how we could help them to have a market. In this work we determined that some things could have been better if there had been more dialogue with the stakeholders or the market at an earlier stage. Hence the participation in the iLLP @ Technical initiative (Innovation Lean LaunchPad), an acceleration program? Yes. The goal is to create contacts with the market earlier on. This is done through i-deals, a company of the group whose objective is exactly this: to foster the exchange between those who research and the market. Is this presently the principal collaboration with Técnico? The Lean LaunchPad will be kept next year. We had an edition in 2014-15 and we will have another edition in 201516. We count on keeping these collaborations with Técnico. And the results of this partnership? The fact that our collaborators know that we have a relationship with the institution where they studied is important. And it is important that Técnico students see everis as a company that cares and tries to help. Do you have other ways to promote innovation and entrepreneurship? We have an international award for entrepreneurship... We are already in the 14th edition. Curiously, the last two winning Portuguese companies were spin-offs from Técnico: Cell2B and the HeartGenetics. They are life sciences companies, they’re not pure engineering companies. I think this is a very interesting indicator of what is happening at Técnico. !

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Momento/Moment

Presidente do Técnico celebra Dia da Graduação tirando selfie com recémgraduados / Técnico’s president celebrates the Graduation Day taking a selfie with graduates

2015.05.23

Fotografia/Photography Débora Rodrigues



Entrevista/Interview Peter Villax

“É no interface dos conhecimentos que há faísca” / “It’s at the interface of knowledge that the spark occurs” Peter Villax falou sobre a necessidade de estreitar a relação entre a academia e o mundo empresarial / Peter Villax spoke about the need to strengthen the relationship between academia and the business world Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel

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PT Licenciou-se em Política e Economia pela Universidade de Aberdeen, trabalhou com semicondutores e foi programador. Hoje, Peter Villax é, entre outras coisas, vice-presidente para a Inovação na Hovione, uma empresa química fundada em Portugal em 1959. Já a trabalhar na Hovione, focou-se na área de dispositivos médicos de inalação e patentes. Porquê? Sou ligeiramente asmático, daí a motivação, e ainda por cima a firma vende produtos para a asma. Decidi desenvolver inalação respiratória utilizando produtos corticosteroides, e iniciei um percurso de inventor na área dos dispositivos médicos. Já lá vão 20 anos sobre a minha primeira patente, até já expirou. E o que fazem exatamente? Desenvolvemos tecnologias na área da engenharia de partículas para modificar o seu tamanho, as propriedades da superfície, o controlo das interações entre partículas… processos que asseguram a reprodutibilidade do processo de fabrico. Estamos a falar de partículas que têm um tamanho compreendido entre um e quatro mícrones: conseguimos ter uma precisão de mais ou menos 0,1


DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

mícrones… isso só se faz com engenheiros brilhantes. E além disso, com muito financiamento? Claro que é preciso financiamento, mas não é só o dinheiro. Se nós somos, hoje, o maior empregador privado de doutorados em Portugal, ao José Mariano Gago o devemos. Se temos hoje 35 doutorados aqui em Portugal, é graças às políticas do Mariano Gago, que criou uma quantidade de talento científico e tecnológico extraordinário. Até esta nova geração de cientistas aparecer na Hovione, a produção química era “boring”. Esta nova geração de cientistas que vem das brilhantes universidades portuguesas transformou a produção na Hovione numa ciência, e hoje em dia nós descrevemo-nos como uma empresa industrial de base científica. E só recrutam os portugueses? Recrutamos portugueses, de preferência, porque são melhores. Os nossos licenciados são do melhor que há no mundo. Mas é preciso que a universidade tenha uma relação mais estreita com as empresas? Há um gap cultural muito grande

R

1959

Ano da fundação da Hovione / Hovione’s foundation year

EN He graduated in politics and economics from the University of Aberdeen, worked with semiconductors and was programmer. Currently, among other things, Peter Villax is vice president for Innovation at Hovione, a chemical company founded in Portugal in 1959. While already working at Hovione, you focused on the area of medical inhalation devices and patents. Why? I am slightly asthmatic, hence the motivation, and on top of that the firm sells products for asthma. I decided to develop respiratory inhalation products using corticosteroids and thus started my path as an inventor of medical devices. It’s been 20 years since my first patent, it’s even already expired. And what do you do exactly? We develop technology in the field of particle engineering in order to modify their size, surface properties, the control of interactions between particles... processes that ensure reproducibility in the manufacturing process. We are talking about particles that have a size between one and four microns: we can have an accuracy of approximately 0.1 microns... that is only possible with brilliant engineers.

And besides that with lots of funding? Of course financing is needed, but it is not just a matter of money. If we are, currently, the largest private employer of PhDs in Portugal, we owe it to José Mariano Gago. If today we have 35 PhDs here in Portugal, it is thanks to Mariano Gago’s policies, which created an extraordinary amount of technological and scientific talent. Until this new generation of scientists appeared at Hovione, chemical production was boring. This new generation of scientists that came from the brilliant Portuguese universities transformed the production at Hovione into a science, and nowadays we describe ourselves as an industrial company based on science. And do you only recruit Portuguese individuals? We preferably recruit Portuguese individuals because they’re better. Our graduates are among the best in the world. But is it necessary to have closer relationships between universities and companies? There is a very large cultural gap between a company and a university. A company does not depend on a government budget. R

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Entrevista/Interview Peter Villax

a empresa e a universidade. Uma empresa não depende do orçamento do estado. As universidades, em geral, dependem. Nós temos uma cultura de urgência e de resultado imediato que é incompatível com a cultura académica que tem que existir numa universidade: a acumulação de conhecimento. É essa a missão da universidade, o conhecimento. E às vezes, demora muito tempo. Existem na forma de pensar e de agir dos académicos compassos de espera que não podem existir na cabeça do gestor ou do empresário. Há salários a pagar no fim do mês.

DR

R PT entre

Então como podem colaborar? É conhecermos, coexistirmos, convivermos e colaborarmos. Falando em colaborações: ao longo dos anos, têm existido na Hovione alguns estágios para alunos do Técnico… Sim. Temos com o professor Herold, do Técnico, uma colaboração de décadas em que acolhemos estudantes propostos pelo Instituto Superior Técnico. Só na área da Química? Nós fomos cem porcento Química Orgânica durante várias décadas, agora deixámos de ser e é muito mais divertido. O nosso último recrutamento foi de um doutorado em aeronáutica. Passámos a ter muitas disciplinas porque é no interface dos conhecimentos e das disciplinas que há faísca e nós temos que estar sempre a provocar faíscas intelectuais. E para isso ir buscar os melhores graduados das várias escolas, como o Técnico? O Técnico é uma escola que dá uma preparação técnica que é talvez a mais forte do País. É conhecido por isso. O desafio é um entendimento do mercado e aí voltamos àquele gap cultural de que lhe estava a falar: um académico tem dificuldade em entender o mercado. E ao contrário? Eu também tenho dificuldade em perceber, por vezes, a forma como pensa um universitário. É normal, eu vivo na empresa. Por isso é que nos temos que nos aproximar para nos entendermos melhor: nós temos o problema e eles têm a chave do problema. Nós, na Hovione, ensinamos a inovação como uma disciplina, e a primeira lição desse curso é: comece por caracterizar o problema. Se não tem problema, não há inovação possível.

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Como é que vê o futuro das colaborações com o Técnico e outras universidades? Temos que estar mais próximos da universidade porque aquele sentimento de urgência que temos, temos que o passar para a universidade. A universidade tem que acelerar um bocadinho. Não deve transformar-se num agente económico a não ser no mercado da educação, as empresas é que são aos players do mercado, mas é importante que nós, empresas, sejamos mais sensíveis aos problemas da universidade e que a universidade seja mais sensível aos problemas da empresa. Um politólogo dividiu a investigação em quatro áreas, segundo dois vetores, o do conhecimento e o da aplicabilidade dos resultados (ver figura). Onde é que nós nos devemos situar? Na área do conhecimento fundamental com aplicabilidade para a sociedade. ! Prof. Bernardo Herold Professor Catedrático Jubilado do Técnico Sempre incentivei, desde há muitos anos, as permutas internacionais de estágios em empresas. Acho que o caminho, hoje, é incentivar as parcerias com empresas e fábricas, nacional e internacionalmente. Deve haver um movimento nos dois sentidos, das empresas para as universidades e das universidades para as empresas. A Hovione é exemplo disso mesmo.

R EN Universities,

in general, are dependent. We have a culture of urgency and immediate results that is incompatible with the academic culture that must exist in a university: the accumulation of knowledge. That is the mission of the university, knowledge. And sometimes, it takes a long time. There are standstill moments in the academic form of thinking and acting that cannot exist in the head of a manager or businessman. There are wages to be paid at the end of the month. So how can they collaborate? We must know each other, coexist, get along and collaborate. Speaking of collaborations: over the years, there have been internships for students from Técnico at Hovione... Yes. We have, with Professor Herold from Técnico, a decades-long collaboration where we welcome students proposed by Instituto Superior Técnico. Only in chemistry? We were one hundred percent organic chemistry for several decades. Now we have changed that and it is much more fun. Our last recruit was a doctorate in aeronautics. We began to have many disciplines because it is at the interface of knowledge and disciplines that a spark occurs, and we have to always be causing intellectual sparks.

And for that picking the best graduates from various schools, such as Técnico? Técnico is a school that gives a technical preparation which is perhaps the strongest in the country. It is well-known for that. The challenge is to have an understanding of the market and that is where we go back to that cultural gap that I was talking about: an academic finds it difficult to understand the market. And the opposite? I also sometimes have trouble understanding the way a university student thinks. It’s normal, I live and breathe the company. That’s why we have to get closer to get a better understanding: we have the problem and they have the key to the problem. We, at Hovione, teach innovation as a discipline, and the first lesson of thatcourse is: start by characterizing the problem. If there is no problem, there is no possible innovation. How do you see the future of collaborations with Técnico and other universities? We have to be closer to the university because that sense of urgency that we have, we have to pass it on to the university. The university has to speed up a little. Universities should not become economic agents except in the education market. Companies are the ones that are the market players. But it is important that we, as businesses, be more sensitive to the problems of the university and that the university is more sensitive to business problems. A political scientist divided research into four areas, according to two vectors; that of knowledge and of applicability of the results (see figure). Where should we place ourselves? In the area of fundamental knowledge with applicability to society. !

Prof. Bernardo Herold Jubilee Professor I have always encouraged, for many years now, international on-site training exchanges. I think the path today is to encourage partnerships with companies and factories, nationally and internationally. There must be a move in both directions, from companies to universities and from universities to businesses. Hovione is an example of this.


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Parcerias/Parternships MCG

“Seria muito interessante para a MCG incubar algumas potenciais empresas que surgissem no Técnico” / “It would be very interesting for MCG to incubate some potential companies that might arise at Técnico” Falámos com o diretor-geral da MCG, José Graça Medeiros, e com o professor Paulo Martins para perceber o que torna a relação entre a empresa e o Técnico diferente das outras / We spoke to the managing director of MCG, José Graça Medeiros, and to professor Paulo Martins to understand what makes the relationship between the company and Técnico different from others Texto Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel


PT “Não podemos criticar e não fazer algo de diferente.” As palavras do engenheiro José Graça Medeiros explicam o mote para a colaboração de sucesso entre a MCG mind for metal e o Técnico. Antigo aluno da escola, o diretor-geral da companhia considera que havia um enorme desfasamento entre as empresas e as universidades. “Eu criticava isso nas aulas”, diz, pelo que quando assumiu a gestão da empresa, fez questão de mudar o panorama. “Houve uma altura em que não percebemos quais eram os caminhos de entrada para o Técnico, mas de repente surgiu o professor Paulo Martins, que nos abriu completamente as portas.” Hoje, esta é uma das parcerias mais bem-sucedidas na área da tecnologia mecânica – a MCG é especializada na indústria de componentes metálicos e tem uma “perspetiva internacional”, explica José Graça Medeiros, como poucas em Portugal. A empresa oferece aos alunos a possibilidade de fazerem estágios na empresa, colaborarem em projetos e teses de mestrado conjuntas, organiza o MCG day @ IST – onde dá a conhecer a empresa – e premeia, anualmente, a melhor tese de tecnologia mecânica elaborada no Técnico. Dá ainda apoio ao Núcleo de Oficinas e disponibiliza matérias-primas “num fornecimento que representa muito dinheiro”, explica o professor Paulo Martins. Mas o mais importante talvez seja a colaboração com o Grupo de Tecnologia Mecânica que, ao longo dos últimos anos, tem desenvolvido variados projetos com a empresa. “Uma boa parte da nossa atividade tem a ver com o desenvolvimento de novos processos de fabrico e a otimização de processos de fabrico existentes, ou com a utilização destes processos para a criação de novos materiais”, refere o docente do Técnico. “Nós desenvolvemos técnicas e tecnologias, e temos todo o interesse em fazer a transferência de tecnologia para as empresas.” Empresas como a MCG, que aproveitam todas as oportunidades possíveis para aumentar a competitividade do seu produto. “Na indústria dos componentes automóveis a competição é muito grande, e qualquer desenvolvimento tecnológico que permita cortar um cêntimo no fabrico de uma peça tem um retorno enorme.” Essa não é, no entanto, a única razão para estabelecer uma parceria destas com o Técnico, uma escola que, para José Graça Medeiros, continua a ser “uma referência” na formação da Engenharia. “Se calhar daqui a dez anos, quando um futuro engenheiro estiver na sua empresa e precisar de um produto que tenha a

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Parcerias/Parternships MCG

Carlos Saraiva, José Graça Medeiros e Sofia Lino nas instalações da MCG / Carlos Saraiva, José Graça Medeiros e Sofia Lino at MCG ver com a nossa área, vai lembrar-se que a MCG existe. Queremos ter uma rede bem estruturada e um relacionamento próximo com os futuros ex-alunos do Técnico, para que haja uma imagem positiva da nossa parte.” “É uma questão de visibilidade junto dos alunos” a todos os níveis, do recrutamento ao apoio a projetos e na criação de uma rede de negócios, explica. E o que tem a MCG a oferecer ao Técnico? “Acho que podemos criar um valor adicional ao antever potenciais aplicações da investigação. Temos mais conhecimento do mercado e podemos ajudar no fit estratégico daquele projeto de I&D”, afirma o empresário, antes de acrescentar: “Além disso, por estarmos perto da equipa do professor Paulo Martins, podemos dar aos alunos uma ligação à indústria, uma visão do que se faz nesta área”. E, claro, fazem recrutamento junto dos graduados do Técnico. “Já os conhecemos, é uma relação natural.” Para o futuro, José Graça Medeiros tem grandes planos: “Isto é altamente disruptivo, mas seria muito interessante para a MCG incubar algumas potenciais empresas que surgissem de ideias e projetos desenvolvidos no Técnico. Estamos muito focados em novos produtos e novas ideias, e se existissem alunos com essa visão de mercado, mas que precisassem de equipamentos fabris, estaríamos disponíveis para ajudar. Gostaríamos de ser parte integrante de uma perspetiva de startups industriais que o Técnico pense vir a ter no futuro”. “Acho que podemos criar aqui um polo interessante de incubação para esse tipo de projetos”, resume. !

EN “We can’t criticize and not do something different.” The words of engineer José Medeiros Graça explain the motto of the successful collaboration between MCG mind for metal and Técnico. A former student of the school, the company’s managing director always felt that there was an enormous gap between industry and academia. “I criticized that in class”, he says, so when he took over the company’s management, he was keen to change the situation. “There was a time when we didn’t understand what the gateways to Técnico were, but suddenly Professor Paulo Martins appeared, fully opening the doors for us.” Today, this is one of the most successful partnerships in the mechanical technology area - MCG specializes in the metal components industry and has an “international perspective” as few others do in Portugal, explains José Graça Medeiros. The company offers students the opportunity to do internships within the company and collaborate on projects and joint master’s theses, it organizes the MCG day @ IST - which showcases the company - and rewards, annually, the best mechanical technology thesis produced at Técnico. Furthermore it supports the Núcleo de Oficinas (Workshop Centre) and provides raw materials “in quantities that represent a lot of money”, explains professor Paulo Martins. But most important may be the collaboration with the Mechanical Technology Group that in the past few years has developed various projects with the company.

“Much of our activity has to do with the development of new manufacturing processes and the optimization of existing manufacturing processes, or with the use of these processes to create new materials”, says the Técnico professor. “We develop techniques and technologies, we are keen on transferring technology to businesses.” Businesses such as MCG, which take advantage of every possible opportunity to increase the competitiveness of their product. “In the automotive components industry there is a lot of competition, and any technological development that can save a penny in the manufacturing of a part has a huge return.” This is not, however, the only reason to establish a partnership like this with Técnico, a university that, for José Graça Medeiros, remains “a reference” in engineering education. “Maybe ten years from now, when a future engineer is working at a company and needs a product that has to do with our area, they will remember that MCG exists. We want to have a well-structured network and a close relationship with the future alumni of the university, so there is a positive image of us.” “It’s a matter of visibility among students” at all levels, from recruitment and support for projects to the creation of a business network, he explains. And what can MCG offer Técnico? “I think we can create additional value by foreseeing potential applications for research. We have more knowledge of the market and we can assist in the strategic fit of R&D projects”, says the entrepreneur, before adding: “In addition, by being in close connection with professor Paulo Martins’ team, we can provide students with a connection to the industry, a vision of what is being done in this area.” And, of course, they recruit graduates from Técnico. “We already know them, it’s a natural evolution of our relationship.” As for the future, José Graça Medeiros has big plans: “This is highly disruptive, but it would be very interesting for MCG to incubate some potential companies that might arise from ideas and projects developed at Técnico. We are very focused on new products and new ideas, and if there were students with this kind of vision of the market, but in need of manufacturing equipment, we would be available to help. We would like to be a part of a perspective of industrial startups, which Técnico might think of having in the future.” “I think we can create an interesting incubation centre for such projects here”, he summarizes. !

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Parcerias/Partnerships Embraer

“O Técnico é, hoje, uma escola como nunca vi em 25 anos” / “Técnico, today, is a school as I have never seen in 25 years” O diretor de relações externas da Embraer, João Taborda, é antigo aluno do Técnico e faz questão de manter com a escola uma relação de proximidade / The director of external relations of Embraer, João Taborda, is a former student of Técnico and makes a point of keeping a close relationship with the school Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel PT Fez a licenciatura em Engenharia Mecânica e o mestrado em Gestão de Tecnologia e Políticas de Engenharia no Técnico. Hoje, o engenheiro João Taborda é diretor de relações externas na Embraer, uma das maiores construtoras de aeronaves no mundo. “Fiz trabalho de engenharia durante oito meses, mas desde cedo comecei a perceber que gostava era de ir para as empresas, criar ligações entre as empresas e as universidades”, explica. “Comecei desde cedo uma atividade mais virada para fora, de gestor ou promotor da tecnologia, para tentar ver o que se faz nas universidades que possa ajudar as empresas.” “Na Embraer começámos a ter alguma relação com o Técnico por via dos projetos de I&D, e depois acabámos por formalizar um protocolo com a escola”, assume, lembrando que as prioridades têm que ser atividades que conjuguem “o papel, as motivações e a função” das duas instituições. “A função do Técnico é preparar as pessoas, e isso é uma coisa que o Técnico faz como muito poucas universidades. Além disso, há um grande interesse em desenvolver atividades nos seus grupos de investigação que se aproximem da realidade de indústria. A nós interessa-nos ter pessoas preparadas que já conhecem

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“A função do Técnico é preparar as pessoas, e isso é uma coisa que o Técnico faz como muito poucas universidades” “The role of Técnico is to prepare people, and this is something that Técnico does in a way that very few universities do”

a empresa.” Além disso, a Embraer fomenta também as colaborações ao nível de I&D, e de políticas públicas, através de vários projetos conjuntos e candidaturas a programas comunitários. Para o professor Manuel Freitas, docente do departamento de Engenharia Mecânica que está, há alguns alunos, ligado a esta colaboração, a relação entre o Técnico e a Embraer é natural: “A Embraer é o maior construtor mundial depois da Boeing e da Airbus, e o Técnico tem o melhor curso de Engenharia Mecânica e o melhor, e praticamente único, curso de Engenharia Aeroespacial do país. As mais-valias para ambos os lados são imensas”. Desde que a empresa venceu a privatização da OGMA, em 2005, e instalou duas fábricas em Évora, “ganhou alguma visibilidade” em Portugal, explica João Taborda. Hoje, essas unidades fabris no Alentejo são consideradas “centros de excelência” dentro da Embraer: “Concentramos tecnologia única dentro do grupo em Évora, e portanto temos que manter uma geração de conhecimento local, onde o Técnico é absolutamente incontornável”, afirma. Não são só, no entanto, as parcerias em projetos de I&D e o recrutamento de graduados do Técnico que a Embraer oferece à comunidade R


EMBRAER

EN He has a bachelor’s degree in mechanical engineering and a master’s degree in technology management and engineering policies from Técnico. Today, engineer João Taborda is the director of external relations at Embraer, one of the largest builders of aircraft in the world. “I did engineering work for eight months, but early on I began to realize that what I liked to do was to go to companies, creating links between companies and universities”, he explains. “Early on, I started doing more outward-looking activities, like manager or technology promoter, to try to see what is done in universities that can help companies.” “At Embraer we started to have a relationship with Técnico by way of R&D projects, and then we ended up formalizing an agreement with the school”, he says, noting that the priorities have to be set on activities that combine “the role, motivation and function” of the two institutions. “The role of Técnico is to prepare people, and this is something that Técnico does in a way that very few universities do. In addition, there is great interest in developing activities in their research groups that resemble the reality in the industry. We are interested in having prepared people who already know our company.” Furthermore, the company fosters collaborations at the R&D and public policy level through various joint projects and applications for European Community programs. For professor Manuel Freitas who teaches in the mechanical engineering department, which for a few years now has been a part of this collaboration, the relationship between Técnico and Embraer is natural: “Embraer is the world’s largest aircraft manufacturer after Boeing and Airbus. Instituto Superior Técnico offers the best mechanical engineering degree, and the best, and virtually only, aerospace engineering degree in the country. The benefits for both sides are immense.” Since the company won the privatization of OGMA in 2005 and set up two factories in Évora, it “gained some visibility” in Portugal, explains João Taborda. Today these plants in the Alentejo are considered “centres of excellence” within Embraer: “We bring unique technology together at the group in Évora, and so we have to maintain a generation of local knowledge, in which Técnico is absolutely essential”, he says. It’s not only, however, the partnerships in R&D projects and graduate recruitment that Embraer offers to the university community. As João Taborda says, “Embraer’s doors are R

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EMBRAER

Parcerias/Partnerships Embraer

R PT escolar. Como diz João Taborda, “

as portas da Embraer estão abertas para que os alunos visitem, circulem e tenham muito contacto com a empresa para que sintam o que pode ser a sua vida profissional futura”. Isso quer dizer, por exemplo, que a Embraer pode oferecer estágios a alunos do Técnico, ou ainda que colabora em teses de mestrado. “As teses de mestrado têm uma grande vantagem”, já que, considera o engenheiro, “ajudam a criar especialistas”. “Quando faz uma tese de mestrado, o aluno já mergulhou num tema e deu passos suficientes para ser especialista, e isso interessa-nos bastante.” “Uma tese de mestrado sobre uma tecnologia que nós, à partida, possamos identificar como de interesse para nós posiciona muito bem a pessoa para começar a ser um especialista e, naturalmente, para vir a trabalhar connosco nessa tecnologia”, afirma. Já os estágios “são considerados caso a caso”, explica João Taborda. “Nós gostamos muito que a pessoa que faz um estágio fique connosco. O conselho que daria a alguém que quer fazer um estágio na Embraer é que apareça com vontade não só de o fazer, mas de tentar ficar.”

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Quanto a recrutamento, João Taborda assume que “a força que o nome do Técnico tem hoje” ajuda na altura de escolher novas pessoas. “Há boas referências, quem vem do Técnico corresponde e acrescenta valor à empresa, e quando as coisas correm bem não há grande razão para mudar”, acrescenta, lembrando, no entanto, que “não é uma escolha, acontece naturalmente”. Para o futuro, o diretor de relações externas da multinacional afirma que os maiores objetivos passam por continuar a colaborar em projetos de I&D, sobretudo agora num momento em que a Embraer está a instalar um “centro de engenharia” em Évora, uma opinião partilhada pelo professor Manuel Freitas, que considera que “a existência de mais projetos de investigação seria o ideal”. João Taborda confirma que “à medida que o centro crescer, vamos querer desenvolver cada vez mais projetos e o Técnico vai naturalmente surgir”, e acrescenta que continuarão a contar com o Técnico “para as necessidades de recrutamento”. “O Técnico é, hoje, uma escola estruturada como eu nunca vi em 25 anos, a querer aproximar-se das empresas, a querer ajudar na ligação com o mundo empresarial e a cumprir cada vez melhor o seu papel de preparar os alunos. Toda a gente ganha com isso, sobretudo os alunos que são quem mais conta aqui.” !

open for students to visit, look around and have lots of contact with the company to feel what future employment may be like.” This means, for example, that Embraer may offer internships to Técnico students or collaborate on master’s theses. “Master’s theses have a big advantage,” João Taborda says, “since they help create experts.” “When a student writes a master’s thesis, the student has delved into a theme and taken sufficient steps to be an expert, and that interests us a lot.” “A master’s thesis on a technology that we, in principle, can identify as relevant, can place the person on the path to begin to be an expert and, of course, to come to work with us on that technology”, he says. As for internships, they “are considered on a case by case basis”, explains João Taborda. “We love to have the person completing an internship stay with us. The advice I would give to someone who wishes to do an internship at Embraer is to show not only that they want to do the internship, but that they are trying to stay on as a permanent employee.” As for recruitment, João Taborda considers that “the importance that the name Técnico has today helps at the time of choosing new people.” There are good references, those coming from Técnico meet expectations and add value to the company, and when things work well there is little reason for change”, he adds, noting, however, that “it is not a choice, it comes naturally.” For the future, the director of external relations of this multinational states that the larger goals include ongoing collaboration on R&D projects, especially now, at a time when Embraer is going to install an “engineering centre” in Évora. This is a view shared by professor Manuel Freitas, who believes that “the existence of more research projects would be ideal.” João Taborda confirms that “as the centre grows, we’ll want to develop more projects and Técnico will emerge naturally”, and adds that they’ll continue to rely on Técnico “for their recruitment needs”. “Técnico is now a school structured as I have never seen in 25 years, wanting to approach the companies, wanting to help in its connection with the business world and to fulfil ever better its role of preparing students. Everyone wins with this, especially the students who are the ones that count the most here.” !

R EN

“Uma tese de mestrado sobre uma tecnologia que nós, à partida, possamos identificar como de interesse para nós posiciona muito bem a pessoa para começar a ser um especialista e, naturalmente, para vir a trabalhar connosco nessa tecnologia”

“A master’s thesis on a technology that we, in principle, can identify as relevant, can place the person on the path to begin to be an expert and, of course, to come to work with us on that technology”


PLANEIA UM EVENTO EM LISBOA? DENTRO DO CAMPUS DA ALAMEDA, O CENTRO DE CONGRESSOS DO TÉCNICO OFERECE UM AUDITÓRIO COM 300 LUGARES, DEVIDAMENTE EQUIPADO COM A MAIS MODERNA TECNOLOGIA DE SOM E IMAGEM, PARA ALÉM DE QUATRO SALAS COM CAPACIDADE VARIÁVEL, DE 20 ATÉ 80 PESSOAS. CENTROCONGRESSOS.TECNICO.ULISBOA.PT

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FOTOGRAFIA © YINYANG / ISTOCKPHOTO

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BENJAMIN RENOUT / OECD

In Memoriam

Direção Editorial / Editorial Direction: Arlindo Limede de Oliveira, Luís Silveira, Luís Caldas de Oliveira, Palmira Ferreira da Silva Editores / Editors: André Pires, Sarah Saint-Maxent Direção de Arte / Art Direction: Tiago Machado

Professor José Mariano Gago PT Lembrar José Mariano Gago exige pensar Portugal 25 anos após o seu Manifesto para a Ciência de 1990. Exige compreender o que nos ensinou sobre a sua visão para Portugal. Que a Ciência é apostar nas pessoas, na sua formação exigente e motivada. Nos últimos 25 anos a produção científica reconhecida internacionalmente multiplicou por 35 (em termos do numero de publicações registadas internacionalmente) e o investimento em investigação cresceu 5 vezes mais que o produto da nossa riqueza. O número de investigadores multiplicou por 17, atingindo os níveis médios da OCDE, com cerca de nove investigadores por mil habitantes, com quase tantas mulheres como homens na Ciência e com a formação dos cientistas portugueses a fazer-se de forma cada vez mais internacionalizada. O sistema de ensino moderniza-se, com a fração de doutorados no corpo docente das universidades públicas a ultrapassar 70% em 2012. Cerca de um em cada três cidadãos com 20 anos frequenta o Ensino Superior. Mas pensar Portugal após José Mariano Gago requer a humildade necessária para compreender a complexidade crescente dos processos de mudança. Exige um esforço para a criação e difusão de novos conhecimentos e, sobretudo, aceder a bases de conhecimento crescentemente distribuídas no espaço e no tempo. Ou seja, requer um processo complexo de aprendizagem, promovendo a compreensão pública da Ciência e a rutura com o isolamento social da prática científica, e não apenas um inventário de matérias ou de prioridades. Foi também para isso que José Mariano Gago criou a Ciência Viva e promoveu a cultura científica em Portugal, por acreditar de que fazer Ciência em Portugal faz parte da ambição que os portugueses têm para os seus filhos. Lembrar José Mariano Gago requer, portanto, aprender mais e saber mais. Requer, certamente, a especialização que o conhecimento nos exige e que José Mariano Gago nos ajudou a compreender. A única solução é investirmos mais na formação avançada dos nossos jovens e continuar a internacionalizar as nossas atividades, cooperando com os melhores e aceitando sempre as suas críticas, estimulando a confiança das pessoas nas instituições científicas, através do apoio contínuo a instituições autónomas, credíveis e robustas. E, nesse contexto, José Mariano Gago defendeu que as instituições de Ensino Superior ganhassem mais responsabilidade e autonomia, adotando o modelo das fundações universitárias. Como disse José Mariano Gago, investir na Ciência é investir no futuro de Portugal. Manuel Heitor

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EN Remembering José Mariano Gago requires thinking of Portugal 25 years after his Manifesto for Science of 1990. It requires understanding what it taught us about his vision for Portugal. That science is to invest in people and their strict and motivated training. Over the past 25 years internationally recognized scientific production multiplied by a factor of 35 (in terms of the number of international publications) and investment in research increased 5 times more than the product of our wealth. The number of researchers multiplied by 17, reaching OCDE average levels, with about 9 researchers per thousand inhabitants, with almost as many women as men in science, and with the training of Portuguese scientists done in an increasingly internationalized way. The education system has been modernized, with the number of doctorates in the faculty of public universities exceeding 70% in 2012. About 1 in 3 of all 20-year-olds attends a higher education institute. But thinking of Portugal after José Mariano Gago requires the humbleness of understanding the growing complexity of the processes of change. It requires that one puts effort into the creation and dissemination of new knowledge and, above all, is able to access the knowledge foundations spread throughout space and time. Which means, it requires a complex process of learning, promoting the public understanding of science and making scientific practice less socially isolated, not just creating an inventory of materials or priorities. It was for these reasons that José Mariano Gago created Ciência Viva (Living Science) and promoted scientific culture in Portugal, believing that practicing science in Portugal is part of the ambition that the Portuguese have for their children. Remembering José Mariano Gago requires, therefore, learning more and knowing more. Certainly, it requires the expertise that knowledge demands of us and that José Mariano Gago helped us understand. The only solution is to invest more in the advanced training of our youth and to keep internationalizing our activities, working with the best and always accepting their criticism, and stimulating the trust of people in scientific institutions through the continued support of autonomous, credible and strong institutions. In this context, José Mariano Gago strongly believed that higher education institutes would gain more responsibility and autonomy by adopting the model of the university foundation. Like José Mariano Gago said, investing in science is investing in the future of Portugal.

Designers: Patrícia Guerreiro, Telma Baptista, Tiago Machado Assinaturas e Publicidade / Subscriptions and Advertising: Sofia Cabeleira scabeleira@tecnico.ulisboa.pt Website: valoresproprios. tecnico.ulisboa.pt Editora / Publisher: Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1 1049-001 Lisboa Tel: (+351) 218 417 000 Fax: (+351) 218 499 242 Impressão / Printing: Jorge Fernandes, Lda Rua Q.ta Conde de Mascarenhas N9 Vale Fetal 2825-259 Charneca da Caparica Tel.: 212 548 320 Fax: 212 548 329 Edição / Edition Número 9 Maio/Junho 2015 May/June 2015 Periodicidade / Periodicity: Bimestral/ Bimonthly Tiragem / Circulation: 10.000


ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS HTTP://AAAIST.PT/MEMBROS/

Francisco de la Fuente Sánchez Presidente da AAAIST

“Junte-se aos que reconhecem o valor que o Técnico trouxe às suas vidas. A sua quota da Associação de Antigos Alunos do IST vai ajudar a reforçar a nossa ligação aos atuais alunos do Técnico. Não é apenas uma questão de gratidão, é também responsabilidade e orgulho.” “Join those who recognize the value that Tecnico brought to their lives. Your IST Alumni Association membership fee will help to reinforce our connection to current Tecnico students. It is not just a matter of gratitude, it is also responsibility and pride.”

Carlos Moedas

António Guterres

“O dia em que entrei no Técnico foi o dia em que a minha vida mudou.”

“A disciplina mental que adquiri no Técnico é a coisa mais importante que tenho.”

“The day I entered Tecnico was the day my life changed.” Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Antigo Secretário de Estado de Portugal e Membro da Associação de Antigos Alunos do IST. European Commissioner for Research, Science and Innovation, Former Under-Secretary of State of Portugal, Member of IST Alumni Association.

“The mental discipline that I acquired in Tecnico is the most important thing that I have.” Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Antigo Primeiro-Ministro de Portugal e Membro da Associação de Antigos Alunos do IST. United Nations High Commissioner for Refugees, Former Prime-Minister of Portugal and Member of IST Alumni Association.

AAAIST.PT


MAIO/JUNHO MAY/JUNE 2015

DRAGON IMAGES / SHUTTERSTOCK

VALORES PRÓPRIOS REVISTA DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MAGAZINE


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