Valores Próprios 2016-012

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VALORES PRÓPRIOS

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JANEIRO/FEVEREIRO JANUARY/FEBRUARY 2016

Um ecossistema empreendedor An entrepreneurial ecosystem ALUMNI

BOWMAN & NEWMAN

TERESA VAZÃO

Ex-alunos do Técnico à conquista do Espaço Técnico’s former students out to conquer Space

A NASA ocupa o Salão Nobre NASA takes Salão Nobre

15.º aniversário do campus Taguspark Taguspark celebrates 15th anniversary

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SHUTTERSTOCK / SUNS07BUTTERFLY

Editorial

Vítor Cardoso Investigador do CENTRA CENTRA Researcher

“Man is an artifact designed for space travel. He is not designed to remain in his present biologic state any more than a tadpole is designed to remain a tadpole.” -William Burroughs, Author PT Há cerca de 10 mil anos atrás, éramos cerca de 4 milhões e não sabíamos escrever. Há 500 anos atrás, queimámos na fogueira um de nós por ter sugerido que o nosso planeta orbitava o Sol. Há 50 anos, pousámos na Lua e em 2014 num cometa. Hoje somos 6 biliões de seres humanos, com ambição, conhecimento e curiosidade suficiente para querermos em explorar o que sobra do Universo. Que fonte de energia é que podemos usar para sair do sistema solar? Qual a velocidade máxima a que nos podemos mover fora da Terra? Conseguiremos suportar a radiação de raios cósmicos durante períodos prolongados? Existe forma de sabermos se uma outra civilização se desloca lá fora mais livremente do que nós? Existem atalhos no espaço-tempo que permitam essas deslocações? O Universo é mais ou menos igual em toda a parte? Não sabemos a resposta a nada disto. A Terra está velha e cansada (ou usada), e talvez seja essa a razão para pensarmos em sair. Ou talvez queiramos sair daqui porque o espaço é uma oportunidade. É uma segunda oportunidade para todos nós, para recomeçar e deixar cair velhos erros. Uma oportunidade para saltar de planeta em planeta, como o Principezinho, e de ficarmos cada vez mais em uníssono com o Universo. Ou simplesmente porque sair é uma outra forma de conhecer. Quem sabe o que vamos estar a fazer em 2116?

EN About ten thousand years ago we were approximately four million people and did not know how to write. Five hundred years ago, we burned one of us at the stake for suggesting that our planet orbited the sun. Fifty years ago, we landed on the moon and in 2014 on a comet. Today we are six billion human beings, with ambition, knowledge and enough curiosity to want to explore what’s left of the universe. What source of energy can we use to exit the solar system? What is the maximum speed at which we can move beyond Earth? Will we be able to withstand the radiation of cosmic rays for prolonged periods? Is there a way to know if there is another civilization wandering out there more freely than we do? Are there shortcuts in space-time that allow such movements? Is the universe more or less the same everywhere? We do not know the answers to any of these questions. Earth is old and tired (or used), and maybe that’s a reason to think about leaving. Or maybe we want to get out of here because space is an opportunity. It’s a second chance for all of us to start over and leave old mistakes behind. An opportunity to jump from planet to planet, as the Little Prince, and to become more and more one with the universe. Or simply because leaving is another way of knowing. Who knows what we’ll be doing in 2116?

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Instantâneos/Snapshots 2016

Alumni

Alunos/Students

“ Podemos fazer a diferença na vida de muito mais pessoas”/ “ We can make a difference in the lives of many more people” PT O Salão Nobre do Instituto Superior Técnico recebeu em dezembro o encontro anual da Associação de Antigos Alunos do IST (AAAIST), tendo contado com a presença do engenheiro Eduardo Marçal Grilo, alumnus e antigo docente da escola. O engenheiro Francisco Sanchez, presidente da AAAIST, deixou algumas palavras aos presentes, lembrando as atividades desenvolvidas em parceria com o Técnico ao longo do ano, destacando o Fundo Solidário AAA: dos Antigos para os Atuais Alunos. Nos últimos três anos já foram ajudados através do fundo 14 estudantes do Técnico e, pela primeira vez, dois deles estiveram presentes no encontro para agradecer a ajuda recebida. “Queria apenas agradecer a oportunidade que me deram, sem a qual não poderia ter completado o meu curso, ao contribuírem para este fundo - que, como podem ver, está a dar resultado”, afirmou Henrique Mata, que terminou no ano transato o mestrado em Engenharia Mecânica. Luís Martins, do mesmo curso, também recebeu apoio por parte do fundo, e garantiu que “teria sido muito mais complicado concluir o curso” sem ele. “Continuem a contribuir, porque podemos fazer a diferença na vida de muito mais pessoas.” !

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EN In December the Alumni Association of IST (AAAIST) hosted their annual meeting at the Salão Nobre of the Instituto Superior Técnico with the presence of Eduardo Marçal Grilo, a former student and teacher at the school. Francisco Sanchez, president of the AAAIST, spoke to those present, recalling the activities developed in partnership with Técnico throughout the year and highlighting the AAA Solidarity Fund: From Former to Current Students. For the last three years, 14 Técnico students have been helped through the fund and, for the first time, two of them attended the meeting to acknowledge the support they received. “I just wanted to acknowledge the opportunity you gave me, without which I wouldn’t have managed to graduate; your contributions to this fund - as you can see - are bearing fruit”, said Henrique Mata, who completed his Master’s in mechanical engineering last year. Luís Martins, also a mechanical engineering graduate, also received support from the fund and assured that “it would have been much more complicated to complete the degree” without it. “Keep contributing because we can make a difference in the lives of many more people.” !

PT A equipa do Técnico que participa na competição universitária de automóveis Formula Student, “a fórmula um dos estudantes”, Projecto FST Novabase, apresentou esta quarta-feira o mais recente protótipo, o FST 06e, o sexto carro construído pela equipa. A sessão, repartida entre uma apresentação e uma demonstração do carro (o terceiro elétrico do Projecto FST), contou com a presença do professor Rogério Colaço, vice-presidente do Instituto Superior Técnico, e de vários representantes dos patrocinadores do projeto, fundamentais para a sua concretização. O FST 06e pesa cerca de 280 quilogramas, têm dois motores síncronos elétricos AC e foi quase totalmente construído em fibra de carbono e alumínio, sempre respeitando as apertadas normas da competição internacional. No próximo ano, o carro, que vai dos zero aos 100 km/h em 2.8 segundos, deverá competir na Alemanha e no Reino Unido, em provas estáticas e dinâmicas que testam o desempenho, a técnica de construção e a gestão de recursos. Em 2015, a equipa competiu em Itália, Hungria e Espanha, tendo-se destacado nas provas italianas, onde arrecadou um sétimo lugar no overall entre 20 carros. !

EN Project FST Novabase, the Técnico team participating in the university competition Formula Student, “the students’ Formula One”, presented its latest prototype this Wednesday, the FST 06e, which is the sixth car built by the team. The event, which included a presentation as well as a demonstration of the car (the third electric car of the FST Project), was attended by professor Rogério Colaço, vice president of Instituto Superior Técnico, and several representatives of the project’s sponsors who are fundamental for its conclusion. The FST 06e weighs about 280 kilograms, has two electric synchronous AC engines and was almost entirely built out of carbon fibre and aluminium, always respecting the international competition’s tight rules. Next year the car, which reaches 100 km/h in 2.8 seconds, will compete in Germany and in the United Kingdom, in static and dynamic challenges that test its performance, construction technique and resource management. In 2015, the team competed in Italy, Hungary and Spain, having stood out in the Italian competition in which they earned the seventh place out of 20 cars. !

JOSÉ SANTOS / TÉCNICO

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Projecto FST apresenta mais recente protótipo / FST project presents its latest prototype


Instantâneos/Snapshots 2016

Energia/Energy

Prémio/Prize

Certificação energética do campus Alameda / Energy Certificate of Alameda Campus PT Depois de dois anos de trabalho por parte da equipa do Projeto Campus Sustentável, desenvolvido no âmbito da Iniciativa em Energia do IST, os edifícios do campus Alameda foram certificados energeticamente. Esta certificação exigiu a realização de auditorias detalhadas, a modelação computacional dos consumos energéticos dos edifícios e a análise das medidas de racionalização dos consumos que estão a ser postas em prática. Além disso, a certificação energética significa que o campus cumpre integralmente as obrigatoriedades legais em matéria de eficiência energética, e também que fará a apresentação pública de um programa efetivo para a melhoria da eficiência energética, cuja eventual adoção permitirá subir na classe energética e implementar duas instalações de energias renováveis com escala significativa para concretizar uma redução expressiva da compra de energia ao exterior. De forma regular, vão manter-se as auditorias energéticas, que servirão igualmente para confirmar o cumprimento de todas as obrigações legais em matéria de eficiência energética e conduzirão o Técnico no compromisso de otimização da utilização de recursos energéticos no campus, impondo uma redução progressiva da emissão de gases com efeito de estufa. !

EN After two years of work by the team of Project Sustainable Campus, which was developed within the IST Energy Initiative, the Alameda Campus buildings received their energy certifications. This certification required the carrying out of detailed audits, the computational modelling of energy consumption in the buildings and an analysis of consumption rationalization efforts that are now being applied. In addition, energy certification means that the campus fully complies with legal obligations on energy efficiency, and also that it will publicly present an effective program for improving energy efficiency, whose possible adoption will allow for an improvement in its energy classification. In addition the program will allow for the implementation of two renewable energy facilities of a significant scale in order to achieve a substantial reduction of energy purchased abroad. On a regular basis, energy audits will be performed, which will serve to confirm the compliance to all legal obligations relating to energy efficiency. Furthermore the audits will assist Técnico in the commitment to the optimized use of energy resources on campus, imposing a progressive reduction of the emission of greenhouse gases. !

PT André Arroja Neves, antigo aluno de Matemática Aplicada e Computação no Instituto Superior Técnico, foi distinguido com o Oswald Veble Prize da American Mathematical Society juntamente com Fernando Codá Marques, pelo seu trabalho no âmbito dos problemas variacionais na geometria diferencial, incluindo a prova da conjetura de Willmore, um problema em aberto desde os anos 60, e resolvido pelos investigadores em 2012. O Oswald Veblen Prize, criado em 1961, é um dos maiores prémios internacionais no campo da topologia e geometria, e reconhece investigação de relevo feita nos últimos seis anos. É atribuído a cada três anos em memória do professor Oswald Veblen, que fez investigação notável nessas áreas: André Arroja Neves receberá o prémio relativo a 2016. O alumnus do Técnico é professor na Imperial College of London, onde integra o Department of Pure Mathematics. Depois de concluir os estudos na escola passou por Stanford, nos Estados Unidos, onde completou o seu doutoramento em Matemática, e foi professor em Princeton até 2009, quando se mudou para Londres. Em novembro, André Arroja Neves já tinha sido distinguido com o prémio New Horizons in Mathematics. !

EN André Arroja Neves, former student of applied mathematics and computer science at Instituto Superior Técnico, was awarded the Oswald Veblen Prize from the American Mathematical Society, along with Fernando Codá Marques, for their work within the field of variational problems in differential geometry, including proof of the Willmore conjecture, an open problem since the 1960s, which the researchers solved in 2012. The Oswald Veblen Prize, established in 1961, is one of the biggest international prizes in the field of topology and geometry, and recognizes outstanding research carried out over the last six years. It is awarded every three years in memory of professor Oswald Veblen who did remarkable research in these areas. André Arroja Neves will be given the 2016 award. The alumnus is a professor at the Dep. of Pure Mathematics of Imperial College of London, where he is part of the Department of Pure Mathematics. After completing his studies at Técnico he attended Stanford University in the US, where he completed his doctorate in mathematics. He was then a professor at Princeton University, USA, until 2009 when he moved to London. In November, André Arroja Neves had already been awarded with the New Horizons in Mathematics Prize. !

DR

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Alumnus distinguido com Oswald Veblen Prize / Alumnus awarded the Oswald Veblen Prize”

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Instantâneos/Snapshots 2016

Empreendedorismo/Entrepreneurship

Prémio/Prize

“ Vamos mudar o país com a ajuda do vosso trabalho” / “ We will change the country with the help of your work” PT O 7.º Encontro da Comunidade IST SPIN-OFF decorreu em novembro, no Instituto Superior Técnico, e contou com a presença de três novos membros: Action Modulers, uma empresa de consultoria de segurança focada em serviços IT, modelação numérica e planeamento de segurança; Seedrs, uma empresa de serviços financeiros que opera a plataforma líder na Europa em serviços de equity crowdfunding; e Magnomics SA, focada no desenvolvimento e comercialização de dispositivos analíticos para as Ciências da Vida. “Há sete anos que comemoramos a Semana Global do Empreendedorismo com este encontro”, explicou o professor Luís Caldas de Oliveira, vice-presidente para o Empreendedorismo e as Ligações Empresariais, no início da sessão. “Queremos que os alunos tomem contacto com o espírito empreendedor de alumni, docentes e investigadores... e também que as empresas da comunidade se conheçam e tenham contacto umas com as outras.” “Criámos, com a comunidade, uma dinâmica muito positiva, que nos deixa muito satisfeitos. Vamos mudar o país, pela positiva, com a ajuda do vosso trabalho”, resumiu o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico. !

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EN The seventh meeting of the IST SPIN-OFF Community took place in November at Instituto Superior Técnico and was attended by three new members: Action Modulers, a security consulting company focused on IT services, numerical modelling and security planning; Seedrs, a financial services company that operates Europe’s leading platform in equity crowdfunding services; and Magnomics SA, a company focused on the development and commercialization of analytical devices for life sciences. “For seven years we have celebrated Global Entrepreneurship Week with this meeting”, said professor Luis Caldas de Oliveira, IST vice president for Entrepreneurship and Business Networks, at the beginning of the session. “We want students to come into contact with the entrepreneurial spirit of alumni, teachers and researchers... and also for companies in the community to meet and get to know each other.” “We have created, together with the community, a very positive momentum, which makes us very happy. We will change the country, positively, with the help of your work”, summed up professor Arlindo Oliveira, president of IST. !

PT Smart Solar Water (SSW) é o nome do projeto criado por Diana Neves, finalista do programa de doutoramento conjunto do MIT Portugal, Técnico e Faculdade de Ciências, e Rui Maia, antigo aluno de Engenharia Informática e de Computadores, que alcançou o segundo lugar nos prémios EDP Inovação 2015. O projecto nasceu para responder a uma necessidade de maior eficiência no controlo do apoio dos sistemas solares térmicos, alicerçado em investigação científica e expertise de desenvolvimento de produtos tecnológicos. O produto de lançamento da Smart Solar Water é a SolPlug, um controlador inteligente e integrado na rede de Internet-of Things (IoT), que permite gerir mais eficientemente o apoio elétrico e assim introduzir poupanças nas faturas da eletricidade. Os prémios EDP Inovação foram criadas pelo grupo EDP para apoiar e promover o desenvolvimento sustentável e empreendedorismo, premiando novos projetos empresariais focados em inovação tecnológica ou em inovação de modelo de negócio na área das tecnologias limpas do setor da energia. !

EN Smart Solar Water (SSW) is the name of the project created by Diana Neves, a graduate of the joint PhD program of MIT Portugal, Técnico and the Faculdade de Ciências, and Rui Maia, a former student of computer engineering and computer sciences, which achieved second place in the EDP Innovation Awards 2015. The project was born to answer a need for greater efficiency in controlling the support systems of solar thermal systems based on scientific research and expertise in technological product development. Smart Solar Water’s launching product is the SolPlug, a smart controller that is integrated into the Internet of Things (IoT) network, which allows a more efficient management of the electrical grid, which translates into savings in the electricity bill. The EDP Innovation Awards were created by the EDP group to support and promote sustainable development and entrepreneurship, rewarding new business projects focused on technological or business model innovation in the area of clean technologies for the energy sector. !

ANTLIO / SHUTTERSTOCK

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Projeto de Alumni alcança 2.º lugar nos prémios EDP Inovação / Alumni project achieves second place in the EDP Innovation Awards


Instantâneos/Snapshots 2016

Cooperação/Cooperation

Alumni

Assinado protocolo entre Técnico e Thales Group / Protocol signed between Técnico and Thales Group PT Foi assinado, em dezembro, um protocolo de cooperação entre o Técnico e a Thales, num evento que contou com a presença do presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, do diretor de tecnologia do Thales Group, Dr. Marko Erman, e do presidente da Thales Portugal, engenheiro João Araújo. Depois de uma breve apresentação do Técnico, onde o presidente relembrou que “uma parceria com o Técnico também significa indiretamente uma parceria com todas as universidades que são nossas parceiras” através das várias redes que a escola integra, o Dr. Marko Erman aproveitou a oportunidade para falar do trabalho do grupo, que opera nas áreas dos Transportes, Defesa, Segurança, Aeronáutica e Espaço. “O nosso foco está nas atividades de Investigação e Desenvolvimento [I&D]. (...) Temos atividades espalhadas pelos cinco continentes e sabemos que muito do conhecimento está fora empresa, e não dentro, e por isso faz parte do nosso ADN estabelecer parcerias com várias instituições”, garantiu, antes de se assumir “ansioso pelo que o futuro” reserva a ambas as entidades. Este protocolo vem reforçar esta parceria, estimulando a pesquisa, inovação e desenvolvimento de produtos através de colaborações entre as várias equipas de investigação. !

EN A cooperation protocol between Técnico and the Thales Group was signed in December, at an event attended by Técnico’s president, professor Arlindo Oliveira, Thales Group’s technology director, Dr. Marko Erman, and Thales Portugal’s president, engineer João Araújo. After a brief presentation about Técnico during which the president recalled that “a partnership with Técnico also means, indirectly, a partnership with all the universities that are our partners” through the various networks that the school integrates, Dr. Marko Erman took this opportunity to talk about the group’s work in the areas of transport, defence, security, aeronautics and space. “Our focus is on research and development activities (R&D). (...) We have activities throughout the five continents and we know that much of the knowledge is not inside the company, but outside, and that is why a part of our DNA establishes partnerships with various institutions”, he said, before admitting that he was “looking forward to what the future has” in store for both entities. This protocol strengthens this partnership, stimulating research, innovation and product development through the collaboration between the various research teams. !

PT DIORAMA é o nome do projeto criado por antigos alunos do Técnico que pretende revolucionar a forma como se organizam, gerem, editam e imprimem objetos em três dimensões, através de uma plataforma colaborativa que permite partilhar fotografias e modelos, mas também interagir socialmente. A empresa responsável pelo DIORAMA é a inEvo.pt, criada em 2004 e especializada em desenvolvimento de software; neste momento, a empresa está sediada no Centro de Incubação e Desenvolvimento da LISPOLIS. O DIORAMA foi o resultado final do projeto CluTCh, apoiado pelo QREN e desenvolvido em colaboração com o INESC-ID. Os utilizadores da plataforma podem interagir através do Facebook, fazer o upload de modelos para o marketplace, encomendar diretamente através do site i.materialise, modificar o desenho através da ferramenta incorporada e ainda fazer o upload de fotografias do resultado final impresso – tudo sem sair do DIORAMA. !

EN DIORAMA is the name of the project created by former students from the Instituto Superior Técnico that aims to revolutionize the way threedimensional objects are organized, managed, edited and printed, through a collaborative platform that allows sharing photos and models, and also social interaction. The company in charge of DIORAMA is inEvo.pt, established in 2004 and specialized in software development; at the moment, the company is based at the Incubation and Development Center of LISPOLIS. DIORAMA was the result of the CluTCh project, supported by QREN and developed in collaboration with INESC-ID. Platform users can interact through Facebook, upload models to the marketplace, order directly through the i.materialise site, modify the design through the built-in tool and even upload photographs of the final printed result – all without leaving DIORAMA. !

DIORAMA

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Alumni revolucionam impressão 3D / Alumni revolutionize 3D printing

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Alumni

“Alumni do Técnico à conquista do Espaço / Técnico’s alumni out to conquer space Há vários antigos alunos a fazer magia no setor espacial, por todo o mundo / There are several alumni throughout the world creating magic in the space industry Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel

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PT Estabelecer comunicações entre satélites e com a Terra. Explorar a superfície de Marte. Lançar satélites do Havai. Criar modelos numéricos que simulam a reentrada dos veículos espaciais da NASA na atmosfera. Construir sistemas de navegação que operam no Espaço. Tudo isto é possível e está a ser feito por antigos alunos de licenciatura, mestrado ou diplomas de estudos avançados no Técnico. “Sempre quis ser astronauta – desde os 16 anos. Além disso, era um apaixonado pelo espaço.” O caso de Ivo Vieira, fundador e CEO da LusoSpace, uma empresa privada fundada em 2002 com o objetivo de realizar uma ligação entre a pesquisa e o desenvolvimento de aplicações espaciais, e antigo aluno de Engenharia Física Tecnológica, é paradigmático de quase todos estes antigos alunos. A mesma opinião tem Bruno Lopez: “Esta é uma área pela qual é muito fácil apaixonarmo-nos”. O francês passou os últimos quatro anos a realizar um pós-doutoramento no Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) com o professor Mário Lino da Silva. Agora, está a trabalhar na Universidade do Ilinóis, nos Estados Unidos, ao abrigo de um contrato com a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) para desenvolver modelos


BALUA PROJECT / TÉCNICO

que simulam a reentrada de veículos espaciais na atmosfera terrestre. Isto tudo, aplicado a missões a Marte, “o grande objetivo da NASA neste momento”, afirma. Atualmente, a maioria dos projetos ligados à exploração espacial ainda é feita no âmbito de protocolos com a NASA ou com a ESA – Agência Espacial Europeia, mas isso pode mudar. “Nos últimos anos temos vindo a assistir a uma transformação do setor [espacial], que passa pela democratização do acesso ao Espaço com o surgimento de novos players”, afirma Pedro Rodrigues, Business Developer da TEKEVER e ex-aluno de Engenharia Aeroespacial e Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Cada vez mais, as pequenas e médias empresas dão cartas nesta área. Mas há espaço para grandes empresas, como a Airbus Defense and Space, por exemplo, onde está Nuno Rodolfo Silva. O engenheiro aeroespacial era, até há bem pouco tempo, coordenador da missão ExoMars, cujo objetivo é procurar sinais de vida em Marte através de um veículo de controlo remoto. Recentemente, passou a responsável do departamento de Flight Dynamics and Attitude and Orbital Control Systems/Guidance Navigation and Control (AOCS/GNC) R

“Queremos sobretudo transferir conhecimento entre os vários alunos que participam no projeto” “What we really want is to transfer knowledge between the several students participating in the project”

EN Establishing communication between satellites and with Earth. Exploring the surface of Mars. Launching satellites from Hawaii. Creating numerical models that simulate the re-entry of NASA’s spacecrafts into the atmosphere. Building navigation systems that operate in space. All this is possible and it’s being accomplished by Técnico’s former undergraduate, Master’s and advanced diploma students. “I always wanted to be an astronaut - since I was 16. Besides, I was passionate about space.” The story of Ivo Vieira, founder and CEO of LusoSpace, a private company founded in 2002 to establish a connection between research and the development of space applications, and a former engineering physics student, is paradigmatic of almost all these alumni. Bruno Lopez has the same opinion: “This is an area you can easily fall in love with”. The Frenchman spent the last four years completing a postdoctoral degree at the Institute for Plasma Research and Nuclear Fusion (IPFN) with professor Mário Lino da Silva. He is now working at the University of Illinois, USA, under a contract with the National Aeronautics and Space Administration (NASA) to develop models that can simulate

the re-entry of spacecrafts into the Earth’s atmosphere. All this is applied to missions to Mars, “NASA’s main goal right now”, he says. Currently, most projects concerning space exploration are still conducted under protocols with either NASA or ESA (European Space Agency), but this could change. “In the past few years we have been witnessing a transformation in the [space] sector, which involves the democratization of space access through the emergence of new players”, says Pedro Rodrigues, business developer at TEKEVER and former student of aerospace engineering, and electrical and computer engineering. Small and medium-sized companies are increasingly relevant in this area. But there is room for large companies such as Airbus Defence and Space, for instance, where Nuno Rodolfo Silva works. Until recently, this aerospace engineer was the coordinator of the ExoMars mission, whose goal is to search for signs of life on Mars through a remote control vehicle. Recently, he was put in charge of the Flight Dynamics and Attitude and Orbital Control Systems/Guidance Navigation and Control department (AOCS/GNC) in the same company. “Exploring Mars is one of R

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Alumni

mesma empresa. “A exploração a Marte é um dos mecanismos para aumentar o conhecimento, e conhecimento é o que nos permite evoluir, adaptar e ser cada vez melhores”, afirma, questionado sobre a importância desta missão. Essa é, aliás, uma razão apontada por quase todos os entrevistados, mas alguns acrescentam-lhe outras. Para Miguel Nunes, assistente de investigação na Universidade do Havai, “o retorno” que este tipo de investimento traz tem grande relevância. “O investimento que se faz nestas tecnologias tem um enorme retorno na economia destes países. Há, hoje, tecnologias muito importantes para a sociedade que resultaram da exploração espacial dos anos sessenta”, lembra. O antigo aluno de Engenharia Aeroespacial no Técnico acabou no Havai “de surpresa”, sem saber muito bem o que o esperava, a convite de um antigo professor. Chegou em 2009 para terminar o mestrado e ficou para o doutoramento. “O projeto aqui é criar uma nova base de lançamento no Havai. Quando cheguei não havia nada, tínhamos que criar um lançador e toda a infraestrutura para poder desenvolver um satélite”, explica. O primeiro lançamento foi em novembro e, infelizmente, não correu bem. “O que normalmente acontece nestes projetos é que os primeiros lançamentos falham sempre. Nós queríamos fugir à regra mas não deu”, brinca. Futuro? Ir ao Espaço Enviar mais veículos para o Espaço é o objetivo de quase todos os entrevistados, direta ou indiretamente. Para Bruno Lopez, a instalação do Laboratório de Plasmas Hipersónicos (projeto ESTHER) no Técnico vai ser fundamental para isso, e garantirá uma cada vez maior cooperação entre a escola e a NASA. “Quando o Tubo de Choque estiver operacional haverá muita interação entre o IPFN e a NASA Ames, num âmbito mais experimental. Com o meu trabalho lá, espero garantir a colaboração num plano mais teórico”, garante. Para Ivo Vieira, a prioridade é “ter mais produtos portugueses a voar no Espaço”. Já Nuno Rodolfo Silva espera conseguir estar envolvido em mais veículos: “Já foram cinco ATV [Automated Transfer Vehicle], mas apenas um desenvolvimento”. Pedro Rodrigues é mais ambicioso: “Vejo a TEKEVER como uma das maiores referências nacionais e, num curto espaço de tempo, a competir em pé de igualdade com grandes empresas europeias”, afirma. “Eu espero fazer parte desse percurso e poder contribuir de alguma forma para que a TEKEVER e Portugal tenham o seu lugar no mapa da indústria espacial. Também quero ir ao Espaço, mas isso é outra história…”

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HAWAII SPACE FLIGHT LABORATORY / UNIVERSITY OF HAWAII

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“Espero poder contribuir de alguma forma para que a TEKEVER e Portugal tenham o seu lugar no mapa da indústria espacial. Também quero ir ao Espaço, mas isso é outra história…”

Para os alunos também há opções Uma coisa é certa: para muitos, a paixão pelo Espaço nasce em criança. Para os alunos que ainda não terminaram o curso também é possível estar ligado a esta área. Diogo Henriques é líder do projeto Balua – um projeto de investigação e desenvolvimento que ambiciona criar um novo tipo de plataforma de altitude, e que recorre a balões atmosféricos. “O projeto tem potencial de investigação, mas esse não é nosso objetivo principal. Queremos sobretudo transferir conhecimento entre os vários alunos que participam no projeto”, explica. “O objetivo é que os novos alunos consigam ver as coisas a acontecer, construam a eletrónica, testem tudo… e consigam chegar ao espaço.” !

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“I hope to be able to contribute in some way to help TEKEVER and Portugal find their place on the space industry map. I also want to go to space, but that’s a different story...”

mechanisms we can use to increase knowledge, and knowledge is what makes us evolve, adapt and improve further and further”, he says when asked about the importance of this mission. This reason is, in fact, mentioned by almost all interviewees, but some would like to add other motives. According to Miguel Nunes, research assistant at the University of Hawaii, USA, the return on this kind of investment is highly relevant. The investment made in these technologies offers a huge return to the economy of these countries. “There are very important technologies for society today resulting from space exploration in the 1960s”, he reminds us. This former Técnico aerospace engineering student ended up in Hawaii “by surprise”, not knowing exactly what to expect after being invited by a former teacher. He landed there in 2009 to conclude a Master’s degree and stayed on for his PhD. “The pro-

ject here is to create a new launch site in Hawaii. When I came here there was nothing, we had to create a launcher and the whole infrastructure to build a satellite”, Nunes explains. The first launch was in November, and unfortunately it didn’t go well. “What usually happens with these projects is that the first launches always fail. We wanted to break the pattern, but it didn’t work out”, he jokes. The future? Going to space Sending more vehicles into space is the goal of almost all interviewees, directly or indirectly. For Bruno Lopez, setting up the Hypersonic Plasmas Laboratory (ESTHER project) at Técnico is a crucial step towards that goal, and it will ensure a growing cooperation between NASA and Técnico. “Once the shock tube is operational there will be a lot of interaction between IPFN and NASA Ames, within a more experimental context. With my work there, I hope to provide collaboration on a more theoretical level”, says Lopez. For Ivo Vieira, the priority is “having more Portuguese products flying in space”. Nuno Rodolfo Silva, on the other hand, hopes to be involved in more vehicles: “There have been as many as five ATVs [automated transfer vehicle], but we only developed one.” Pedro Rodrigues is more ambitious: “I see TEKEVER as one of the major references in Portugal, and in a short time I think it will compete on an equal footing with large European companies”, he says. “I hope to be a part of this journey, and to be able to contribute in some way to help TEKEVER and Portugal find their place on the space industry map. I also want to go to space, but that’s a different story...” There are also options for students One thing is for sure: for many, the passion for space has been there since they were kids. Undergraduate students can also become involved in this area. Diogo Henriques leads the Balua project - a research and development project whose ambition is to create a new type of altitude platform, one which uses weather balloons. “The project has research potential, but that is not our main goal. What we really want is to transfer knowledge between the several students participating in the project”, he explains. “Our goal is that new students can get to see things happening, build electronics, test everything... and eventually reach space.” !


TÉCNICO LEARNING CENTER RECONVERSÃO DA GARE DO ARCO DO CEGO

FOTOGRAFIA © IST_LEARNING_CENTER

TÉCNICO LEARNING CENTER. UM ESPAÇO DE APRENDIZAGEM ATIVA E DE LIGAÇÃO ENTRE OS ESTUDANTES E A CIDADE. LEARNINGCENTER.TECNICO.ULISBOA.PT

TECNICO.ULISBOA.PT


Investigação e Desenvolvimento/Research and Development ESTHER

O futuro das missões espaciais europeias passa pelo CTN / The future of European space missions goes through the CTN O mais recente campus do Técnico foi o local escolhido para montar o Laboratório de Plasmas Hipersónicos, que estuda a reentrada de naves espaciais na atmosfera / The newest campus of Instituto Superior Técnico was chosen to establish the Hypersonic Plasmas Laboratory, which studies the re-entry of spacecrafts into the atmosphere Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel


Investigação e Desenvolvimento/Research and Development ESTHER

fazer diferente, não só no desenho do Tubo de Choque mas também no laboratório”, diz o docente. A ESA é o principal financiador deste laboratório que, ainda assim, “não pode funcionar sem outros parceiros”: “Este projeto mexe com várias vertentes tecnológicas e ninguém tem competência para tudo. Trabalhamos com várias empresas do ramo aeroespacial e também com universidades de toda a Europa”, refere Mário Lino da Silva. Em última análise, todos querem o mesmo: possibilitar a existência de missões espaciais europeias. “Uma missão espacial de exploração planetária não pode ser desenvolvida sem um Tubo de Choque – este laboratório vem substituir o anterior, já desativado, que estava em Marselha.” Do grupo que trabalha a tempo inteiro no projeto fazem parte alguns estudantes de mestrado e doutoramento (através do programa APPLAuSE). “Os alunos têm a ideia de que o Espaço é uma coisa inalcançável, que só se pode fazer nos grandes países, mas não é verdade. Hoje, cada vez mais, a ciência faz-se em rede. Criam-se pequenos centros de competência em áreas muito específicas e um país pequeno consegue ter um grande impacto.” O Laboratório de Plasmas Hipersónicos implicou um investimento total de três milhões de euros, com uma contribuição de quase meio milhão da parte do Técnico e do IPFN. “Uma vez disseram-me: as coisas simples já foram todas feitas, porque pessoas inteligentes já há desde sempre. Agora falta fazer o complicado, e o complicado é caro e demora a fazer – essa é a Ciência dos nossos dias”, resume Mário Lino da Silva. !

EN Inaugurated in March last year, it began carrying out tests in July and the final installation of its masterpiece, the shock tube, is expected to begin in summer 2016. The Hypersonic Plasmas Laboratory ESTHER, located at the Campus Tecnológico e Nuclear of Instituto Superior Técnico, is the country’s largest in the area of space research and will, within a few months, have the biggest shock tube in Europe - “the key to ensuring access to space”, explains professor Mário Lino da Silva, in charge of the project. Passionate about space since childhood, the professor and researcher at the Institute for Plasma Research and Nuclear Fusion (IPFN) started with aerospace engineering before obtaining his PhD in Physics. Now he will lead one of the most important facilities of European space research, built at the request of the European Space Agency (ESA) to test vehicle entry conditions into planetary atmospheres. “This is a critical problem because, for example, in 2003, a spacecraft disintegrated returning to Earth because it had a faulty thermal protection”, says professor Mário Lino da Silva. “We have already been designing and modelling in this area, now we have an experimental component and that’s great”, says the professor. “This is the only facility of its kind in Europe - it will give support to all the space exploration missions. This is a unique opportunity for us because we will welcome researchers from all over Europe. We will create a competence centre that has a truly international dimension.” The shock tube ESTHER is composed of two main parts: a high pressure

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

PT Foi inaugurado em março do ano passado, começou a receber testes em julho e prevê-se que a instalação final da sua obra-prima, o Tubo de Choque ESTHER, se inicie no verão de 2016. O Laboratório de Plasmas Hipersónicos, no campus Tecnológico e Nuclear do Técnico, é o maior do país na área da investigação espacial e terá, dentro de alguns meses, o maior Tubo de Choque da Europa – “fundamental para garantir o acesso ao espaço”, explica o professor Mário Lino da Silva, responsável pelo projeto. Apaixonado pelo Espaço desde pequeno, o docente e investigador no Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN) começou pela Engenharia Aeroespacial, antes de se doutorar em Física. Agora, vai liderar uma das mais importantes instalações de investigação espacial europeia, construída a pedido da Agência Espacial Europeia (ESA) para, testar as condições de entrada de veículos em atmosferas planetárias. “Este é um problema crítico porque, por exemplo em 2003, uma nave espacial desintegrou-se ao regressar à Terra porque tinha uma protecção térmica danificada”, garante. “Nós já fazíamos desenho e modelação nesta área, agora temos uma componente experimental e isso é ótimo”, afirma o docente. “Esta é a única instalação deste tipo na Europa – vai dar apoio a todas as missões de exploração espacial. Isto é uma oportunidade única para nós porque vamos receber investigadores de toda a Europa. Vamos criar um centro de competências que tem uma dimensão verdadeiramente internacional.” O Tubo de Choque ESTHER é composto por duas partes fundamentais: uma câmara de alta pressão, onde ocorrerá a combustão de uma mistura de hidrogénio, oxigénio e hélio a muito altas pressões e temperaturas, e um tubo de baixa pressão onde se injetam os gases que simulam a atmosfera (na maioria das vezes, terrestre, mas pode simular-se a atmosfera de qualquer planeta). Quando a membrana que separa os dois é rompida, os gases da câmara escoam-se a grande velocidade (até 14 quilómetros por segundo) no tubo, ao longo do qual há câmaras e instrumentos de diagnóstico que analisam a “bola de fogo” que se cria, tal como se fosse provocada por uma nave espacial ou um meteorito que entra na Terra. O projeto começou a ser desenhado em 2010 e, apesar de ter sofrido alguns atrasos (“começou menos ambicioso, mas entretanto a ESA pediu-nos para desenvolvermos um equipamento maior”, explica Mário Lino da Silva), espera-se que a montagem final da instalação comece este verão. Para já, estão a testar um protótipo da câmara de alta pressão, “para percebermos o que é preciso melhorar ou

chamber, where the combustion of a mixture of hydrogen, oxygen and helium occurs, at very high pressure and temperature; and a low pressure tube in which the gases, which simulate the atmosphere, are injected (most often terrestrial atmosphere, but it can also be used to simulate the atmosphere of any planet). When the membrane separating the two is torn, the gases that come from the chambers enter the tube at a very high speed (up to 14 kilometres per second), along which there are cameras and diagnostic tools that analyse the “fireball”, which is created as if it were caused by a spacecraft or a meteorite entering the Earth’s atmosphere. The project came into being in 2010 and, despite suffering some delays (“It started out as less ambitious, but ESA has asked us to develop a bigger equipment”, explains Mário Lino da Silva), the final assembly of the installation is expected to start this summer. For now, they are testing a prototype of the high-pressure chamber “to understand what we need to improve or do differently, not only in the design of the shock tube, but also in the laboratory”, says the professor. ESA is the main financier for this laboratory that nonetheless “cannot function without the other partners”: “This project deals with various technological aspects and no one has skills for everything. We work with several companies in the aerospace industry as well as with universities from all over Europe”, says Mário Lino da Silva. Ultimately, everyone wants the same thing: to make European space missions possible. “A planetary exploration space mission cannot be developed without a shock tube - this lab replaces the previous one, already decommissioned, which was in Marseilles.” Some Master’s and PhD students are part of the group that works fulltime on the project (through the APPLAuSE program). “Students get the idea that space is an unattainable thing that you can only work on it in large countries, but it is not true. Nowadays, science is, increasingly, made in a network. Small competence centres in very specific areas are created and a small country can have a big impact.” The Hypersonic Plasmas Laboratory entailed an investment of three million euros, and almost half a million were a contribution of Instituto Superior Técnico and IPFN. “Once I was told: the simple things have all been done because there have always been smart people. Now we have to do the complicated work, and it is expensive and takes a lot of time to do - that is the science of our days”, summarizes Mário Lino da Silva. !

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Fotorreportagem/Photoreport

15.º aniversário do campus Taguspark/ Taguspark Campus celebrates 15th anniversary A vice-presidente do Técnico para o Taguspark fala sobre o campus e os objetivos para os próximos anos / Técnico’s vice-president for Taguspark talks about the campus and the objectives for the coming year Fotografia/Photography Débora Rodrigues Texto/Text Prof. Teresa Vazão

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PT O campus do Taguspark resultou do sonho de recriar o ambiente tecnológico e inovador de Sillicon Valley em Portugal, criando um pólo do Técnico no maior parque de C&T nacional. Para além da necessidade de expansão das atividades do IST, a criação, mais uma vez, de um modelo de Escola inovador, centrado na ligação da investigação e do ensino ao tecido empresarial e no desenvolvimento do empreendedorismo de base tecnológica, foi determinante na escolha desta nova localização. Com infra-estruturas que situam o Técnico ao nível das melhores escolas internacionais, o Taguspark é uma comunidade viva, com uma população de cerca de 1800 alunos das áreas das TIC e da Gestão. O sucesso de algumas das mais promissoras startups, fundadas por alumni, revela o poder transformador desta visão. O campus é reconhecido pelo ambiente acolhedor, que oferece uma experiencia única, extremamente valiosa para o desenvolvimento daquilo que se pretende de um Engenheiro do século XXI. E foi neste ambiente que o IST assinalou o mais recente marco da sua história - o 15º aniversário do campus do Taguspark -, comemorado no passado dia 6 de novembro, com uma festa singela que contou com um bolo de aniversário. !


Fotorreportagem/Photoreport

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Número de licenciaturas lecionadas no campus / Number of BSc degrees taught on campus

EN The Taguspark campus arose from the dream of recreating Silicon Valley’s technological and innovative environment in Portugal, creating a Técnico branch in the largest C&T park in the country. In addition to the need of expanding Técnico’s activities, the creation, once again, of an innovative school model - focused on the connection between research, teaching and the corporate universe - was decisive in choosing this new location. With an infrastructure that places Técnico among the best international schools, the Taguspark campus is a lively community with a population of about 1800 students in the ICT and management areas. The success of some of the most promising start-up companies, founded by alumni, proves the transformative power of this vision. The campus is known for its welcoming environment, which offers unique and extremely valuable experiences for the development of the skills required of a 21st century engineer. It was in this environment that IST celebrated the latest milestone in its history - the 15th anniversary of the Taguspark campus - commemorated on the 6th of November with a simple celebration that included a birthday cake. !

2001

Ano da inauguração do campus / Year of the campus’ opening

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Alunos/Students

Estudar o Espaço no Técnico é possível / It is possible to study space at Técnico Entender os buracos negros do Universo ou construir um nanosatélite é possível, e pode ser uma solução para quem quer fazer um mestrado na área do Espaço / Understanding black holes in the universe or building a nano-satellite is possible, and can be a solution for those who want a Master’s degree with a focus on space studies Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel

PT O CENTRA e os Buracos Negros Para o professor Vítor Cardoso, docente e investigador do Centro Multidisciplinar de Astrofísica e Gravitação (CENTRA) do Técnico, e também professor na Universidade do Mississippi, o estudo da Teoria da Relatividade de Einstein começou como um “desafio”. “Decidi a sério dedicar a minha carreira a isto quando um colega me disse que nunca faria Relatividade porque era muito difícil, e que o que se poderia descobrir já estava descoberto… nada como um desafio!”, explica. A Ciência agradece – nos últimos cinco anos, o docente recebeu duas bolsas do European Research Council (ERC) no valor de 2,5 milhões de euros que tem utilizado para se dedicar à Física Teórica, nomeadamente à compreensão dos buracos negros, da matéria escura e das ondas gravitacionais. Vítor Cardoso é também o líder do GRIT – o grupo que, dentro do CENTRA, estuda a dinâmica dos buracos negros e as teorias gravitacionais que vão para além da Teoria de Einstein – onde podemos encontrar estudantes de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento, mas também professores e investigadores. O que os une é simples: a vontade de investigar fenómenos que, para a maioria das pessoas, são totalmente estranhos e inatingíveis.

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“Perceber o nosso Universo e o o que nos rodeia é também uma questão de cidadania” “Understanding our universe and our surroundings is also a matter of citizenship”

“Neste momento”, explica Vítor Cardoso, “meio mundo da Física está a utilizar aparelhos ultrassofisticados para ver as ondas gravitacionais”. Entre esses está o supercomputador Baltasar Sete Sóis, que o grupo utiliza para resolver as equações de Einstein e cujo nome foi inspirado na personagem de José Saramago em Memorial do Convento. “O Baltasar Sete Sóis é um personagem interessante, pois ajuda o padre Bartolomeu Lourenço a construir o seu sonho”, disse ao jornal Público. “Gostámos desta ideia, de o Baltasar ajudar a construir um sonho (…).Posso dizer que, ao fim de cinco anos, o Baltasar já construiu muitos sonhos!” De acordo com o físico, a falta de aplicações práticas “imediatas” não é um problema nesta linha de investigação. “A humanidade distinguiu-se de outras espécies pela curiosidade, mesmo quando não tem efeitos imediatamente práticos. Quem é que não gosta de saber que Júpiter tem anéis, ou que a Lua tem um lado sempre escuro? Acontece, surpreendentemente, que a resposta a estas perguntas tem contribuído para um bem-estar intelectual e físico. A grande maioria dos problemas acaba por nos trazer mais conforto no dia-a-dia… Mas além disso tudo, perceber o nosso Universo e o que nos R


DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

EN CENTRA and Black Holes For professor and researcher Vítor Cardoso from the Multidisciplinary Centre for Astrophysics and Gravitation (CENTRA) of Técnico, who is also a professor at the University of Mississippi, USA, the study of Einstein’s theory of relativity began as a “challenge”. “I decided to seriously dedicate my career to this when a colleague told me he would never study relativity because it was too difficult, and everything that could be known was already known... Nothing like a challenge!”, he explains. Science is grateful - in the last five years, the professor received two grants from the European Research Council (ERC) of 2.5 million euros, funding that is being employed in the study of theoretical physics, including the understanding of black holes, dark matter and gravitational waves. Vítor Cardoso is also the leader of the GRIT - the group that, within CENTRA, studies the dynamics of black holes and gravitational theories that go beyond Einstein’s theory - where we can find Master’s, doctoral and post-doctoral students, but also professors and researchers. What unites them is simple: the desire to research phenomena that are totally alien and unattainable for most people. “Right now”, says Vítor Cardoso, “half the world of physics is using highly sophisticated devices to see gravitational waves”. Among these is the supercomputer Baltasar Sete Sóis, used by the group to solve Einstein’s equations and whose name was inspired by a character in José Saramago’s novel “Baltasar and Blimunda”. “Baltasar Sete Sóis is an interesting character because he helps the priest Bartolomeu Lourenço to build his dream”, he told the newspaper Público. “We liked this idea of Baltasar helping to build a dream (...). I can say that, after five years, Baltasar has already built many dreams!” According to the physics professor, a lack of “immediate” practical applications is not a problem in this line of research. “Curiosity has distinguished humanity from other species, even when you don’t have immediate practical effects. Who doesn’t like to know that Jupiter has rings, or that one side of the moon is always in the dark? Surprisingly, the answer to these questions has contributed to intellectual and physical well-being. The vast majority of the problems eventually bring us more comfort in daily life... But besides all that, understanding our universe and our surroundings is also a matter of citizenship, it helps us to make more informed decisions.” The ultimate goal of the work done by the group is “to understand”, says Vítor Cardoso, who believes that R

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Alunos/Students

VCHAL / SHUTTERSTOCK

R PT rodeia é também uma questão de

cidadania, ajuda-nos a tomar decisões mais informadas.” O objetivo final do trabalho feito pelo grupo é “compreender”, assegura Vítor Cardoso, que considera que “ser cientista é um privilégio”. “Quando se conseguem respostas, o cientista tem acesso a algo intemporal e secreto. Ficamos a saber algo que mais ninguém, até esse momento, sabe.” Além disso, está convencido que esta área terá uma enorme importância no futuro, onde “se avizinham tempos excitantes”. Um dos maiores prazeres que tem? “Ter novos alunos, muito mais inteligentes que eu, a ensinar-me e a levar esta área em novas direções!” ISTnanosat em órbita Outra opção para quem quer estar ligado ao espaço através de algum projeto é o ISTnanosat, o primeiro nanosatélite criado por estudantes, professores e radioamadores do Técnico e da Associação Portuguesa de Amadores de Rádio para a Investigação, Educação e Desenvolvimento (AMRAD). O projecto conta ainda com o apoio de empresas do sector aeronáutico e aeroespacial como é o caso do CEiiA, da Edisoft e da D-Orbit. O satélite, baseado no modelo CubeSat, está a ser desenvolvido por vários estudantes de licenciatura e mestrado de várias áreas no campus do Taguspark, onde foi criada uma “ground station”, um centro de rastreio de satélites – muitos deles aproveitam aquilo que começou por ser uma atividade extracurricular para fazer a sua tese. Para já, o projeto tem três missões (mas o número poderá aumentar ou alterar-se a sua natureza, explica o professor Rui Rocha, um dos responsáveis): participar no projeto HUMSAT, da Universidade de Vigo, que pretende fazer a monitorização de áreas remotas ou de difícil acesso na Terra; estudar os efeitos da radiação e variação térmica em ambiente espacial no processamento de sinais em nanotecnologias; e, finalmente, estudar aquilo a que se chama “Anomalia do voo rasante” (flyby anomaly), a mudança de velocidade inesperada que um corpo observa quando passa pela Terra. “A ideia deste projeto é aplicar o conhecimento dos alunos de forma concreta. É um projeto muito desafiante, porque não é a mesma coisa fazer eletrónica para funcionar na Terra ou para funcionar no espaço: os desafios e as preocupações são muito diferentes”, garante o docente que, juntamente com o professor Moisés Piedade, foi um dos principais impulsionadores do projeto. Em última análise, afirma, “o que queremos é que este se transforme num projeto-bandeira dos alunos do Técnico, como hoje é o Projeto Formula Student”.

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Os buracos negros são uma das áreas em que o CENTRA trabalha / Black holes are one of the work fields of CENTRA

“A grande mais-valia em termos que aprendizagem que o ISTnanosat traz é ser um projeto real, que obriga os alunos a terem um contacto mais direto com o que os espera no mundo real”

Hoje, os alunos que trabalham no ISTnanosat estudam áreas como a energia, as comunicações ou o controlo de atitude, o “centro” do pequeno cubo que esperam pôr em órbita dentro de dois ou três anos, provavelmente “à boleia” de um lançamento da Agência Espacial Europeia. No futuro, no entanto, esperam ter mais alunos de outros cursos, como a Engenharia Aeroespacial, a trabalhar na estrutura do satélite, por exemplo. “Temos espaço para toda a gente, mesmo para quem não está a fazer uma tese nesta área. A grande mais-valia em termos que aprendizagem que o ISTnanosat traz é ser um projeto real, que obriga os alunos a terem um contacto mais direto com o que os espera no mundo real”, resume Rui Rocha. !

R EN “being a scientist is a privilege”.

“The great added value, in terms of learning, brought by the ISTnanosat, is that it is a real project requiring students to have direct contact with the real world that awaits them”

“When answers are found, the scientist has access to something that is timeless and secret. We learn something that no one, until then, had known.” Furthermore, he is convinced that this area will have a huge importance in the future, “exciting times are coming.” One of his greatest pleasures? “Having new students, a lot smarter than me, to teach me and lead this area of study in new directions!”

ISTnanosat in orbit Another option for those who want to be connected to space through a project is ISTnanosat, the first nano-satellite created by students, professors at Técnico and the Portuguese Association of Radio Amateurs for Research, Education and Development (AMRAD). The project also has the support of aviation and aerospace companies such as CEIIA, Edisoft and D-Orbit. The satellite, based on the CubeSat model, is being developed by several Bachelor’s and Master’s students at the Taguspark Campus, where a “ground station” was established - a satellite tracking centre - and many of them turn what began as an extracurricular activity into their thesis. At the moment, the project has three missions (but the number could increase or the project can change its nature, said professor Rui Rocha, one among those responsible for it): participate in the HUMSAT project of the University of Vigo, Spain, that aims to monitor remote or inaccessible areas on Earth; study the effects of radiation and thermal variation in space environments on the signal processing in nanotechnologies; and finally to study what we call the “Flyby Anomaly”, the unexpected change in speed that a body suffers as it passes by Earth. “The goal of this project is to make students apply their knowledge concretely. It is a very challenging project because making electronics that work on Earth and making electronics that work in space is not the same thing: the challenges and concerns are very different”, guarantees the professor who, along with professor Moisés Piedade, was a major project booster. Ultimately, he says, “what we want is that it becomes a flagship project of Técnico students, as the Formula Student Project is today”. Today, students working in ISTnanosat study areas such as energy, communications or attitude control, the “centre” of the small cube that they hope to put into orbit in two or three years, probably by “hitchhiking” an ESA (European Space Agency) launch. In the future, however, they hope to have more students from other programs such as Aerospace Engineering, working on the satellite structure. “We have room for everyone, even for those not doing a thesis in this area. The great added value, in terms of learning, brought by the ISTnanosat, is that it is a real project requiring students to have direct contact with the real world that awaits them”, says Rui Rocha. !


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Eventos/Events NASA

A NASA no Técnico / NASA comes to Técnico O Técnico recebeu, nos últimos meses de 2015, a visita de Dava Newman e Alice Bowman, duas “craques” da Agência Espacial Norte-Americana / In the last months of 2015, Técnico was visited by Dava Newman and Alice Bowman, two “superstars” of the North American Space Agency Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel


PT “Nenhum evento enche o Salão Nobre como palestras sobre Espaço.” As palavras são do presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, na abertura de uma das sessões dedicadas ao tema que tiveram lugar na escola nos últimos meses de 2015. Dava Newman, vice administradora da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), e Alice Bowman, Mission Operations Manager (MOM) da New Horizons – a missão espacial que “redescobriu” Plutão e permitiu que a NASA afirmasse que o planeta-anão tem água e um céu azulado – foram as protagonistas das duas palestras, em que o espaço faltou para a quantidade de interessados em ouvir falar sobre Marte, Plutão ou missões espaciais. Têm várias coisas em comum, mas aquilo que as une verdadeiramente é o trabalho na NASA e o amor pela exploração espacial. A New Horizons é “o bebé” de Alice Bowman, a primeira mulher no comando operacional de uma missão da NASA; Dava Newman trabalhou durante bastante tempo na interação da engenharia biomédica com a aeronáutica, e é uma das principais promotoras do desenvolvimento de fatos para atividade espacial. Para a vice administradora da NASA, esse é um aspeto fundamental numa futura exploração a Marte – onde a Agência Espacial Norte-Americana está a apostar. Para lá chegar, há toda uma série de desafios que têm que ser ultrapassados e o maior é garantir a total independência face à Terra, dada a distância que separa os planetas. “Eventualmente, eu acredito nisso, vamos ser uma espécie interplanetária e vamos viver em Marte.” Para chegar a isso, o trabalho da NASA não é suficiente: “A exploração espacial é um esforço global que depende de uma rede de instituições ligadas ao espaço”, explicou Newman durante a sua palestra. “Queremos que todas as sejam missões bem-sucedidas (…). A NASA não pode explorar todas as tecnologias e opções ao mesmo tempo, e por isso devemos trabalhar em conjunto.” Isso não impede, no entanto, que a agência tenha ao mesmo tempo várias apostas. É certo que o próximo grande objetivo é “ter pessoas em Marte” para “procurar indícios de vida”, mas ao mesmo tempo a missão New Horizons passou os últimos dez anos em rota para chegar a Plutão e, depois de ter feito a maior aproximação ao planeta-anão em julho do ano passado, continua a explorar os limites que conhecemos do sistema solar. Em outubro, na sua visita ao Técnico, Alice Bowman explicava que uma

DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO LISBOA

Eventos/Events NASA

missão tão longa como esta tem as suas particularidades. “Quando fizemos o lançamento, Plutão era um planeta com três luas; depois disso foi despromovido a planeta-anão e descobriu-se que faz parte de uma terceira parte do sistema solar. As pessoas perguntaram-me se íamos abortar a missão, e a minha resposta sempre foi «claro que não!»”. No final das palestras, as duas cientistas, convidadas através do programa American Corner – uma parceria entre o Técnico e a Embaixada dos Estados Unidos em Portugal que pretende promover a divulgação da diplomacia, cultura e informação técnico-científica – fizeram questão de deixar alguns conselhos aos alunos presentes. “Não liguem a quem vos chama loucos e sigam a vossa paixão. Pensem no impossível e tornem-no possível”, afirmou Dava Newman; já Alice Bowman escolheu um tom mais sério para se dirigir aos estudantes: “Encorajo-vos a continuarem os vossos estudos; podem ser difíceis e desafiantes, mas vão valer a pena”. !

EN “No event fills out the Main Hall as lectures on space.” These were the words of Técnico’s president, Prof. Arlindo Oliveira, when opening one of the sessions devoted to this topic which took place at the school in the last months of 2015. Dava Newman, Deputy Administrator of the National Aeronautics and Space Administration (NASA), and Alice Bowman, Mission Operations Manager (MOM) of New Horizons - the space mission that “rediscovered” Pluto, allowing NASA to claim that the dwarf planet has water and a blueish sky - were the protagonists of the two lectures, where there was not enough room for all the people interested in hearing about Mars, Pluto or space missions. They have several things in common, but what truly binds them is their work at NASA and their love for space exploration. New Horizons is the “offspring” of Alice Bowman, the first woman commanding a NASA mission; Dava Newman worked for a long time on the interaction of bio-

medical engineering with aeronautics, and is one of the main developers of suits for space activities. For NASA’s deputy administrator, this is a crucial aspect for the future exploration of Mars - where the US Space Agency is now investing. To get there, there are a number of challenges that must be overcome and the biggest one is to ensure full independence from Earth, given the distance between the planets. “Eventually, I believe so, we’ll be an interplanetary species and we’ll live on Mars.” To achieve this, NASA’s work is not enough: “Space exploration is a global effort that depends on a network of space-related institutions”, Newman said in his lecture. “We want all missions to be successful (...). NASA can’t explore all the technologies and options at the same time, so we must work together.” This, however, does not prevent the agency from placing several simultaneous bets. To be sure, the next major goal is “having people on Mars” to “look for signs of life”, but at the same time the New Horizons mission spent the last ten years en route to reach Pluto and, after making the nearest approach to the dwarf planet in July last year, it continues exploring the boundaries of the solar system as we know them. In October, on her visit to Técnico, Alice Bowman explained that a long mission like this one has its own peculiarities. “Before the launch, Pluto was a planet with three moons; after that, it was demoted to a dwarf planet and we found out that it is part of a third component of the solar system. People have asked me if we were going to abort the mission, and my answer has always been ‘of course not!’” To conclude the lectures, the two scientists, invited by the American Corner program - a partnership between Técnico and the US Embassy in Portugal, aiming to promote diplomacy, culture, and technical and scientific information - made sure to leave some advice to the students in the audience. “Don’t mind if someone calls you crazy, and just follow your passion. Make the impossible possible”, said Dava Newman; Alice Bowman, on the other hand, addressed students in a more serious tone. “I encourage you to continue your studies; it might be difficult and challenging, but it will be worth it.” !

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Destaque/Highlight

Espaço – um dos ramos da Engenharia Aeroespacial / Space - a branch of aerospace engineering Espaço, Aviónica e Aeronaves são os três ramos do curso que, neste momento, tem a mais alta média de entrada no Técnico / Space, avionics and aircrafts are the three branches that make up the degree that currently demands the highest admission grade at Técnico Texto/Text Sarah Saint-Maxent Tradução/Translation Unbabel

PT “Não há uma maneira única de escrever o percurso de um engenheiro que trabalhe em Espaço.” As palavras do professor Fernando Lau, um dos coordenadores do Mestrado em Engenharia Aeroespacial (MEAer), dão uma ideia do que implica trabalhar nesta área. “Alguém que trabalhe em Espaço pode construir satélites, tratar da parte mais eletrónica, da propulsão, da estrutura… Pode ser imensa coisa.” É isso que torna, por um lado, apetecível este ramo da Engenharia Aeroespacial, que o professor Paulo Gil, responsável pelas cadeiras de Dinâmica Espacial, Planeamento de Missões Espaciais e Satélites, considera uma “verdadeira disciplina de síntese”. “Esta é uma área mais recente que as outras, e foi beber junto delas [Aviónica e Aeronaves]. O que se pretendeu fazer foi introduzir algumas cadeiras específicas, mas ao mesmo tempo ir buscar um pouco à parte de estruturas e eletrónica.” Dessa forma, um engenheiro “de Espaço” consegue mexer-se em vários meios. “Um engenheiro acaba por ter sucesso se sabe falar várias linguagens e se consegue servir de ponte entre elas. Isso é ainda mais verdade em Espaço”, garante Fernando Lau. Nos últimos anos, o interesse pela Engenharia Aeroespacial – que em

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“Um engenheiro acaba por ter sucesso se sabe falar várias linguagens e se consegue servir de ponte entre elas”

“An engineer will eventually succeed if he can speak several languages and bridge the gap between them”

setembro foi o terceiro curso com a média de entrada mais alta (18.5 valores) – tem crescido bastante. Para isso também contribuiu, afirma o professor Luís Braga Campos, igualmente coordenador de MEAer, a crescente participação de Portugal na Agência Espacial Europeia (ESA). “Há bastante progresso no setor espacial em Portugal. Há alguns anos a atividade era muito diminuta, mas isso mudou. Têm sido criadas algumas pequenas empresas, que têm tecnologia própria, exportam quase 100% do que produzem e têm feito desenvolvimentos muito interessantes”, explica. Apesar disso, a maioria dos alunos desta área acaba a trabalhar lá fora. “Muitos alunos de Espaço acabam por ir trabalhar lá para fora, mas é porque querem e têm ambição de ir trabalhar nos grandes centros de produção, desenvolvimento e design”, diz Fernando Lau, acrescentado que essa vontade “é estimulada pela coordenação do curso e pelo próprio Técnico”. A mesma opinião tem Paulo Gil, que garante que “o alvo principal” para a maioria dos alunos é a ESA. “Infelizmente, à NASA [Agência Espacial Norte-Americana] é mais difícil de chegar.” E mesmo que os engenheiros aeroespaciais – incluindo os de Espaço – sejam procurados em muitas in- R


DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO

Fotografia do túnel de vento antes da instalação da câmara anecóica / Wind tunnel picture before the installation of anechoic chamber

EN “There is no one way to write the path of an engineer working on space.” The words of professor Fernando Lau, one of the coordinators of the Master’s degree in aerospace engineering (MEAer), might give an idea of the implications of working in this area. “Someone working on space may build satellites, handle the electronics part, propulsion, structure... It can be a lot of things.” In part, that’s what makes this branch of aerospace engineering so desirable, which professor Paulo Gil, in charge of the space dynamics, space mission planning and satellites subjects, considers a “true synthesis discipline”. “This area is younger than the others, and it was born through them [avionics and aircrafts]. The intention was to add some specific subjects, but simultaneously draw something from the structures and electronics part.” This way, a “space” engineer can move through several areas. “An engineer will eventually succeed if he can speak several languages and bridge the gap between them. This is especially true for space”, assures Fernando Lau. In the past few years, interest in aerospace engineering - which in September was the degree with the third highest admission average (18.5 points) - has been increasing significantly. Portugal’s growing participation in the European Space Agency (ESA) has also contributed to this, according to professor Luís Braga Campos, also a MEAer coordinator. “There is significant progress in the space sector in Portugal. A few years ago the activity was very small, but that has changed. A few small companies have been created, and they have their own technology, export nearly 100% of what they produce, and have had very interesting developments”, he explains. Nevertheless, most students in this area end up working abroad. “A lot of space students end up working abroad, but that’s because they have the ambition to work for the major production, development and design centres”, says Fernando Lau, adding that this determination “is stimulated by the degree’s management and by the School itself.” Paulo Gil is of the same opinion, revealing that for most students “the main target” is the ESA. “Unfortunately, NASA [National Aeronautics and Space Administration] is a more difficult goal.” And even if there is high demand for aerospace engineers - including space engineers - in many sectors, such as the automobile industry, “there are several alumni working in the space sector throughout Europe”, says Gil. “I think that their going abroad is a problem for the country, and an advantage for students. R

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PAULO GIL / TÉCNICO

Comunidade/Community IST SPIN-OFF

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“Acho que o facto de irem lá para fora é um problema para o país e uma vantagem para os alunos. Mas claro que há muito mais oportunidades lá fora”

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Simulação de um voo rasante (flyby) por um planeta / Simulation of a planetary flyby

R PT dústrias, como a automóvel, “há

vários antigos alunos a trabalhar no setor espacial por essa Europa fora”, diz o docente. “Acho que o facto de irem lá para fora é um problema para o país e uma vantagem para os alunos. Mas claro que há muito mais oportunidades lá fora – os países, nesta área, não funcionam sozinhos e as pessoas têm tendência a aproximar-se do centro.” E o centro, neste caso, passa pela Alemanha, Holanda, França e Suíça. Apesar das boas perspetivas que aguardam os engenheiros desta área – que tem empregabilidade total –, o caminho não é necessariamente fácil. “Este é um curso que tem muito bons alunos, e essas pessoas têm procura quase independentemente do curso que tirarem. Mas este é um curso a sério – não é preciso ser um génio, mas não é a brincar que se faz”, avisa Luís Braga Campos. Ainda assim, para muitos, é precisamente o “desafio” que o curso representa que o torna tão atrativo. O Mestrado em Engenharia Aeroespacial é um curso interdepartamental de Engenharia Mecânica e Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, o que o torna um dos mais interdisciplinares do Técnico. “A maneira como estamos organizados aproveita muito bem os recursos docentes do Técnico. Os alunos estão

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expostos a todos os ramos da Engenharia Mecânica e a todos os da Eletrotecnia, e isso também contribui para a sua formação.” Atualmente, segundo a coordenação, existem formados em Engenharia Aeroespacial no Técnico a trabalhar nas maiores empresas e instituições aeronáuticas nacionais (OGMA, TAP, Força Aérea Portuguesa, NAV – Navegação Aérea de Portugal, INAC – Instituto Nacional de Avião Civil) e europeias (Airbus, Aerospatiale, British Aerospace, DaimlerChrysler, Rolls-Royce, Snecma, Astrium, CERN, ESA, Eurocontrol). E apesar de “haver essa ideia em Portual”, lembra Luís Braga Campos, “o setor Espaço não é separado da Aeronáutica – a maior parte das empresas que trabalham Espaço trabalham em Aeronáutica”. Nestas empresas, muitos trabalham como engenheiros de conceção. “Os engenheiros que saem do Técnico estão preparados para conceber novos equipamentos, novos produtos e novos conceitos. Muitos dos nossos alunos vão para gabinetes de projeto, e aí faz-se alguma investigação aplicada. O que um engenheiro aeroespacial quer realmente é ver as coisas a serem feitas”, resume Fernando Lau. !

“I think that their going abroad is a problem for the country, and an advantage for students. But of course there are many more opportunities outside Portugal”

of course there are many more opportunities outside Portugal - in this field, countries don’t work alone and people tend to come close to the centre. “And the centre, in this case, is Germany, Holland, France and Switzerland.” Despite the bright prospects for engineers in this field - which offers full employment -the road isn’t necessarily easy. “This is a program with very good students, and there is high demand for such people almost regardless of the degree they take. But this is a serious program - you don’t have to be a genius, but you won’t make it without some serious work”, Luis Braga Campos warns. Nevertheless, to many students, it is precisely the “challenging” nature of the degree that makes it so attractive. The aerospace engineering Master’s degree is an interdepartmental course comprising mechanical engineering and electrical and computer engineering, making it one of Técnico’s most interdisciplinary courses. “The way we are organized uses Técnico’s teaching resources very efficiently. Students are exposed to all branches of mechanical engineering and electrical engineering, and this too contributes to their education.” Currently, according to the coordinators, some of Técnico’s aerospace engineering graduates are working with the most important aeronautical companies and national institutions (OGMA, TAP, Portuguese Air Force, NAV - Navegação Aérea de Portugal, INAC - Instituto Nacional de Avião Civil), as well as many other European organizations (Airbus, Aerospatiale, British Aerospace, DaimlerChrysler, Rolls-Royce, Snecma, Astrium, CERN, ESA, Eurocontrol). And although “there is this misconception in Portugal”, Luis Braga Campos recalls, “the space sector is not separated from aeronautics most of the companies working on space also work with aeronautics”. In such companies, many people work as design engineers. “Engineers coming out of Técnico are prepared to design new equipment, new products and new concepts. Many of our students go to project offices, and there they’re involved in some applied research. What an aerospace engineer really wants is to get things done”, Fernando Lau summarizes. !


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“A função do Técnico é preparar as pessoas, e fá-lo como muito poucas escolas.”

“O Técnico foi o meu pilar. Saem daqui verdadeiros engenheiros e não tenho dúvidas de que é a melhor escola em Portugal.”

“Técnico’s role is to prepare its students, and it’s doing it as very few schools.” Diretor de Relações Externas da Embraer e Membro da Associação de Antigos Alunos do IST. Embraer’s External Relations Director and Member of IST Alumni Association.

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