VALORES PRÓPRIOS
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RESPONSABILIDADE SOCIAL/ SOCIAL RESPONSABILITY
Ações que fazem a diferença Actions that make a difference
ENTREVISTA/INTERVIEW
SERVE THE CITY
Rui Maia - direção da Xpand IT Rui Maia - Management Board Xpand IT
Jantares com abrigo Shelter dinners
Direção Editorial / Editorial Direction: Arlindo Limede de Oliveira, Luís Caldas de Oliveira, Luís Miguel Silveira, Palmira Ferreira da Silva Editores / Editors: André Pires, Marta Pedro Direção de Arte / Art Direction: Tiago Machado Designers: Patrícia Guerreiro, Telma Baptista, Tiago Lopes Distribuição e Publicidade / Distribution and Advertising: GCRP gcrp@tecnico.ulisboa.pt Editora / Publisher: Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1 1049-001 Lisboa Tel: (+351) 218 417 000 Fax: (+351) 218 499 242 Impressão / Printing: Jorge Fernandes, Lda Rua Q.ta Conde de Mascarenhas N9 Vale Fetal 2825-259 Charneca da Caparica Tel.: 212 548 320 Fax: 212 548 329 Edição / Edition: 24 Periodicidade / Periodicity: Bimestral/ Bimonthly Tiragem / Circulation: 5.000
DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
VALORES PRÓPRIOS
EDITORIAL/EDITORIAL
LUÍS CALDAS DE OLIVEIRA VICE-PRESIDENTE/VICE-PRESIDENT
o Técnico possa oferecer bolsas de apoio social. Estas bolsas têm um valor anual de 3000 euros, em certos casos acrescidos do custo da residência de estudantes, a que se podem candidatar alunos com um rendimento familiar per capita abaixo de um valor pré-estabelecido. Para situações de emergência, contamos com o Fundo Solidário dos Antigos para os Atuais Alunos promovido pela Associação de Alumni (aaaist.pt). Este fundo pode dar um apoio de cerca de 1000 euros para situações de emergência social identificadas pelo Técnico. Se quiser ajudar poderá fazê-lo com um contributo para o Fundo Solidário (IBAN PT50 0033 0000 45429902859 05) ou patrocinando um programa de bolsas de apoio social específico. Em qualquer dos casos, fico à sua disposição através do endereço: lco@tecnico.ulisboa.pt.
EN This issue of your VP magazine is dedicated to social responsibility where we try to show you the two roles that Técnico holds: that of helping and of receiving help. In the role of helping, the Técnico community seeks to respond to the needs of the society around us. Through internal projects or in collaboration with external ones, a large number of our students, employees, professors, and researchers voluntarily engage in a wide range of social responsibility activities. In this issue, we highlight some examples such as the DarISTo project, the Serve the City Association, the Grace Academy and the Just a Change Association, which recently won a university volunteer award.
Similarly to society, Técnico also needs help. The strong investment in the promotion of the School has resulted not only in a general increase in the minimum GPA of the academic programs, but also in an increasing percentage of displaced students coming from all social strata. This result overlaps with an increase in the cost of living in the city of Lisbon, with the limited number of controlled-cost residences and the legal restrictions of social services to support cases that are not of extremely low income. Students’ economic difficulties affect their performance and may lead to dropping out of school. Fortunately, society has responded favorably to Técnico’s challenge. Foundations, companies, alumni, and individuals have made donations so that allow Técnico to offer social support scholarships. These scholarships correspond to an annual value of 3000 euros, in certain cases adding the cost of the student residence, to which students can apply if they have a per capita family income below a pre-established value. For emergency situations, we count on the Alumni for Current Students Solidarity Fund promoted by the Alumni Association (aaaist.pt). This fund can provide support of around 1000 euros for social emergency situations identified by Técnico. If you want to help you can do so with a contribution to the Solidarity Fund (IBAN PT50 0033 0000 45429902859 05) or by sponsoring a specific social support scholarship program. In any case, I am at your disposal through the address: lco@tecnico. ulisboa.pt.
VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
PT Esta edição da sua revista VP é dedicada à responsabilidade social onde procuramos mostrar-lhe os dois papéis que o Técnico assume: o de ajudar e o de receber ajuda. No papel de ajudar, a comunidade do Técnico procura dar resposta às necessidades da sociedade que nos rodeia. Em projetos internos ou colaborando em projetos externos, um grande número dos nossos alunos, funcionários, docentes e investigadores envolve-se de forma voluntária numa vasta gama de atividades de responsabilidade social. Nesta edição destacamos alguns exemplos como o projeto DarISTo, a Associação Serve the City, a Academia Grace e a Associação Just a Change, vencedora recente de um prémio de voluntariado universitário. Tal como a sociedade, também o Técnico precisa de ajuda. O forte investimento na promoção da Escola tem resultado não apenas na subida generalizada das notas mínimas de entrada nos cursos, mas também num crescente aumento da percentagem de alunos deslocados vindos de todos os estratos sociais. Este resultado coincide com um aumento do custo de vida na cidade de Lisboa, com o limitado número de residências de custo controlado e com as restrições legais dos serviços de ação social em dar apoio a casos que não sejam de rendimentos extremamente baixos. As dificuldades económicas dos alunos afetam o seu desempenho e podem conduzir à desistência dos estudos. Felizmente, a sociedade tem respondido favoravelmente ao desafio do Técnico. Fundações, empresas, antigos alunos e pessoas individuais têm feito donativos para que
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Como posso ajudar? How Can I Help?
DESTAQUES/HIGHLIGHTS 2018
PRÉMIO/PRIZE
DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
Investigadora do Técnico conquista prémio Científico IBM 2018 IST researcher wins 2018 IBM Scientific Award
INVESTIGAÇÃO/RESEARCH P—4
Dois docentes do Técnico integram a lista de cientistas mais influentes do mundo Two IST teachers on the list of the world’s most influential scientists
VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
PT Este ano, não temos apenas um, mas dois docentes a integrar a conceituada lista de investigadores mais citados a nível mundial da Clarivate Analytics. Ao professor Mário Figueiredo, que tem vindo a ser “presença assídua” nos últimos cinco anos, junta-se, na edição de 2018, o professor José Bioucas-Dias, que já havia integrado a mesma no ano de 2015 e que volta agora a repetir o feito. “A produção científica do Técnico tem vindo a aumentar em quantidade e qualidade, e a inclusão de investigadores na lista dos HCRs (Highly Cited Researchers) é também um resultado desta tendência”, frisa o professor José Bioucas-Dias. O professor Mário Figueiredo concorda, mas não esquece os que não constam da lista: “há muita outra investigação realizada no Técnico que é de altíssima qualidade e impacto, em alguns casos em posições de liderança a nível mundial, mas que, pelas particularidades estatísticas subjacentes ao critério de seleção para HCR, não integram esta lista”.
EN This year, we have not one but two IST teachers on Clarivate Analytics’ prestigious list of the most cited researchers worldwide. Professor Mário Figueiredo, who has been on the list over the last five years, is now joined in the 2018 edition by Professor José Bioucas-Dias, who had made it to the list in 2015. “Técnico’s scientific production has been increasing in quantity and quality, and the inclusion of IST researchers on the HCR (Highly Cited Researchers) list reflects this trend,” Professor José Bioucas-Dias says. Professor Mário Figueiredo agrees, but does not forget those who did not make it to the list: “There is a lot of high-quality, impacting research being done at Técnico, in some cases in leading global positions, but due to the statistical peculiarities underlying the HCR selection criteria, they are not included on this list.”
PT O Prémio Científico IBM distinguiu mais uma vez um trabalho de investigação do Técnico. Na edição de 2018 deste galardão, a contemplada foi Marija Vranic, investigadora de pós-doutoramento do Grupo de Lasers e Plasmas do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Técnico. Na sua tese de doutoramento, Marija Vranic usou os computadores mais potentes no mundo para estudar o que acontece quando lasers com intensidades extremas interagem com a matéria. Com lasers muito intensos, qualquer matéria fica ionizada e torna-se um plasma que sofre acelerações tão extremas, que os efeitos da eletrodinâmica quântica passam a ser importantes para a dinâmica do sistema. A investigadora acabou por desenvolver os algoritmos que tornam estas simulações possíveis, quer no caso clássico, quer no caso quântico, abrindo o caminho para otimizar estes cenários extremos para a aceleração de eletrões ou a emissão de raios-x e raios gama. EN The IBM Scientific Award was once again granted to a research project hosted at Técnico. Marija Vranic, a postdoctoral researcher at Group of Lasers and Plasmas ( GOLP) from Institute for Plasmas and Nuclear Fusion( IPFN), was the recipient of the 2018 award. In her doctoral thesis, Marija Vranic used the world’s most powerful computers to study what happens when high-intensity lasers interact with matter. With high-intensity lasers, all matter is ionised and becomes a plasma that undergoes such extreme accelerations that the effects of quantum electrodynamics become important for the dynamics of the system. The researcher developed the algorithms that make such simulations possible, both in classical and quantum contexts, thus paving the way to optimising these extreme scenarios for electron acceleration or x-ray and gamma-ray emissions.
A Everis juntou-se à rede de parceiros do Técnico Everis joins Técnico’s partner network
Campus do Taguspark atinge a maioridade Taguspark Campus reaches majority
EN During the ceremony that formalised the partnership, Everis CEO Miguel Teixeira extolled the importance of the relationship between Técnico and his company. “Our consulting firm will complete 20 years in 2019, and our relationship with Técnico is exactly as old, which is very revealing,” he pointed out later. “Looking back, it’s hard to imagine Everis without this partnership,” the CEO said, adding that becoming part of the IST partner network is “a sign of mutual trust”. The IST President’s speech also praised what the two organisations have done together so far, but focused on the many things this formal partnership will allow them to accomplish. “This integration into our partner network will take this collaboration further, leading to greater commitment and generosity on both sides,” he said.
PT Os dezoito anos volvidos desde a criação do campus do Taguspark e o muito trabalho pelo meio são mais do que motivos para celebrar — e foi isso que se fez no passado dia 6 de novembro. O presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, não faltou obviamente à celebração, e, no seu discurso, fez questão de frisar “o grande orgulho que o Instituto Superior Técnico tem em ter este campus”. Não querendo roubar muito tempo à celebração, o presidente do Técnico foi breve, mas assertivo nas suas palavras, assinalando que estes têm sido anos de “evolução e imposição” do campus, “quer pela qualidade dos cursos que leciona, e dos alunos que atrai, mas também pela dedicação dos professores e funcionários que aqui têm dado o seu melhor”. E porque em dia de festa o futuro torna-se um assunto inevitável, o professor Arlindo Oliveira afirmou que este será feito de continuidade e desenvolvimento. O brinde ao futuro selou da melhor maneira o início desta maioridade.
DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
PT Na cerimónia que oficializou a parceria, Miguel Teixeira, CEO da consultora, deixou bem patente a importância desta ligação entre o Técnico e a sua empresa. “A nossa consultora faz, em 2019, 20 anos e a relação com o Técnico tem exatamente o mesmo número de anos, e isso revela imensa coisa”, realçou posteriormente. “Olhando para o nosso passado, é difícil imaginar a Everis sem esta parceria”, destacou o CEO, definindo a integração na rede de parceiros como “um sinal de confiança mútua”. O discurso do presidente do Técnico seguiu o mesmo sentido de valorização do que já foi feito conjuntamente até agora, mas foi sobretudo pautado pelo enaltecimento de tudo o que esta parceria permitirá fazer. “A integração na nossa rede de parceiros leva esta colaboração mais longe, conduzindo a um maior empenho e generosidade de ambas as partes”, assinalou.
EN Eighteen years since the creation of the Taguspark campus, and a lot of work done in all those years — more than enough reasons to celebrate, and that is what happened on November 6th. Técnico’s president, Professor Arlindo Oliveira, obviously attended the celebration, and his speech stressed “the great pride that Técnico Lisbon has in having this campus.” Not wanting to steal a lot of time from the celebration, the president of Técnico was brief but assertive in his words, noting that these have been years of “evolution and imposition” for the campus, “both because of the quality of the courses it teaches and the quality of the students it attracts, but also due to the dedication of the teachers and staff who have given their best here.” And because on celebration days the future becomes an inevitable subject, Professor Arlindo Oliveira said it will be one of continuity and development. A toast to the future sealed in the best way this coming of age.
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ESCOLA/SCHOOL
VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
PARCERIA/PARTNERSHIP
DESTAQUES/HIGHLIGHTS 2018
INVESTIGAÇÃO/RESEARCH
DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
O futuro da internet é quântico e passa pelo Técnico The future of the internet is quantum and is at Técnico
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EVENTO/EVENT
Dois dias de encontros com o património Meeting the heritage for two days
VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
PT As comemorações do Ano Europeu do Património Cultural, que se sucedem por toda a Europa, representaram um incentivo, mas não o único motivo para a organização daquele que foi o primeiro encontro “A Universidade de Lisboa e o Património”. Com um património tremendamente vasto, a instituição prima também pelo desenvolvimento de projetos de investigação e ações de promoção junto do mesmo. Assim, o evento que decorreu a 19 e 20 de novembro, no Instituto Superior Técnico, não foi mais do que uma conjugação de esforços, trabalhos, vontades e interesses, expostos de forma apelativa, para que todos os que dele fizeram parte percebessem a importância de preservar, investir e divulgar o nosso património. Entre o primeiro e o segundo dia do evento, os vários oradores convidados debruçaram-se sobre o Património Cultural da Universidade de Lisboa e os mais diversos aspetos do Património Cultural na Instituição, respetivamente.
EN The commemorations of the European Year of Cultural Heritage, which are taking place all over Europe, were an incentive, but not the sole reason behind what was to be the first Universidade de Lisboa and Heritage meeting. Owner of a tremendously vast heritage, the institution also excels in the development of research projects and promoting events related to it. Thus, the meeting that took place on November 19th and 20th, at Instituto Superior Técnico, was simply a combination of efforts, work, wishes and interests, put forward in an appealing way, so that all those taking part became aware of the importance of preserving, investing and disseminating our heritage. Between the first and second day of the event, the various speakers invited discussed Universidade de Lisboa’s Cultural Heritage and several aspects related to Cultural Heritage at Universidade de Lisboa.
PT Os investigadores do Grupo de Física da Informação e Tecnologias Quânticas do Instituto de Telecomunicações (IT), sediado no Instituto Superior Técnico, integram dois dos projetos apoiados pelo Quantum Flagship - um programa da Comissão Europeia que pretende tornar a União Europeira ( UE) um líder mundial no desenvolvimento destas novas tecnologias emergentes e disruptivas. O grupo garantiu o financiamento não para um, mas dois projetos: o Quantum Internet Alliance e o Quantum Microwave Communication and Sensing. “Tanto o projeto da internet quântica, como o de ciência fundamental das micro-ondas quânticas, são baseados em ideias e abordagens muito originais”, refere o professor Yasser Omar, docente do Técnico, mas também líder e fundador do grupo. A participação nestes dois projetos europeus contribui para colocar Portugal na vanguarda da área. EN Researchers from Instituto de Telecomunicações (IT) Physics of Information and Quantum Technologies Group, based on Técnico, are part of two of the projects supported by Quantum Flagship - a European Commission program that aims to make the European Union (EU) a world leader in the development of these new emerging and disruptive technologies. The group has secured funding for not one, but two projects: the Quantum Internet Alliance and the Quantum Microwave Communication and Sensing. “Both the quantum Internet project and the fundamental science of quantum microwaves are based on very original ideas and approaches,” says Professor Yasser Omar, a professor at Instituto Superior Técnico, and also the leader and founder of the group. Participation in these two European projects contributes to put Portugal at the forefront of this area.
12.ª edição das Alumni Talks 12th edition of the Alumni Talks
Alumnus do Técnico distinguido pela AP2SI Técnico Alumnus (IST) honoured by AP2SI
EN Sharing is always a starting point — but also an arrival point — in the Alumni Talks, an event organised by Núcleo de Apoio ao Estudante (NAPE) [Student Support Unit] in partnership with Técnico Alumni Network and with the support of Santander Universidades [Santander Universities], bringing together former and current students of the School. On the one hand, if some students are eager to know more about what awaits them in the future, on the other, we find professionals with successful careers willing to make their experience an example that eases fears and provides the certainty that “the best is yet to come”. “You are from Técnico and that is a good weapon to face the challenges out there,” Miguel Guedes (Ericsson), one of the former students invited, kept repeating. Ana Teresa Freitas (HeartGenetics), João Paulo Girbal (AAAIST), Francisco Pinto (Rockbuilding), Marcos Ribeiro (Santander Universidades Portugal), Rui Teixeira (EDP Produção) and Renato Gonçalves (Nokia Siemens Networks) completed the panel of invited alumni at the 12th edition of the event.
PT João Domingos, antigo aluno do mestrado em Engenharia de Telecomunicações e Informática (METI), foi um dos vencedores do Prémio de Mérito da Associação Portuguesa para a Promoção da Segurança da Informação (AP2SI) para Dissertações de Mestrado na área da Segurança da Informação. “Caracterização e Monitorização de Sistemas Críticos na Internet Nacional” é o título do trabalho que lhe permitiu esta distinção, e que consiste na caraterização e monitorização de sites críticos para o bem-estar da sociedade e dos sistemas autónomos (ASes) que suportam a conectividade entre os respetivos sites e os ISPs Nacionais utilizando apenas informação pública. “Para avaliar a resiliência da conectividade a estes sites críticos, destacamos a capacidade de enumerar todas as ligações possíveis entre ASes utilizando a regra Valley-Free, que se baseia em pressupostos económicos”, explica o alumnus.
DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
PT A partilha é sempre um ponto de partida, e também um ponto de chegada, nas Alumni Talks - o evento organizado pelo Núcleo de Apoio ao Estudante (NAPE), em parceria com a Técnico Alumni Network, e que conta com o apoio do Santander Universidades-, juntando antigos alunos e atuais estudantes da Escola. Se de um lado estão os alunos sedentos de saber mais sobre o que os espera no futuro, do outro encontramos profissionais com carreiras de sucesso, dispostos a fazer da experiência que detêm um exemplo que apague os receios e que catapulte a certeza de que “o melhor ainda está para vir”. “Vocês saem do Técnico e isso é uma boa arma para enfrentar os desafios que vos esperam”, ia repetindo Miguel Guedes (Ericsson), um dos alumnus convidados. Ana Teresa Freitas (HeartGenetics), João Paulo Girbal (AAAIST), Francisco Pinto (Rockbuilding), Marcos Ribeiro (Santander Universidades Portugal), Rui Teixeira (EDP Produção), e Renato Gonçalves (Nokia Siemens Networks) completaram o painel de alumni convidados da 12.ª edição do evento.
EN João Domingos, a former student from the Master Programme in Telecommunications Engineering and Computer Science and Informatics (METI), was one of the winners of the Merit Award of Associação Portuguesa para a Promoção da Segurança da Informação (AP2SI) [Portuguese Association for the Promotion of Information Security] for Master Dissertations in Information Security. “Characterisation and monitoring of critical systems on the national Internet” is the title of the work that won him this distinction. It consists on the characterisation and monitoring of critical sites for the welfare of society and of the autonomous systems (ASes) that support connectivity between their respective websites and National ISPs using public information only.” To assess the resilience of the connectivity to these critical sites, we highlight the ability to list all possible connections between ASes using the Valley-Free rule, which is based on economic assumptions,” he explains.
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PRÉMIO/AWARD
VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
EVENTO/EVENT
DESTAQUES/HIGHLIGHTS 2018
PRÉMIO/AWARD
DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
Técnico vence prémio de Melhor Projeto Digital da Administração Pública Técnico wins Best Digital Public Administration Project
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EVENTO/EVENT
O futuro e a segurança do trabalho The future and safety at work
VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
PT Um debate produtivo, onde se informou, aprendeu, e se traçaram desafios futuros, teve lugar a 6 de novembro, no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico. Organizado pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e pelo Técnico, o seminário “Agentes Químicos nas Novas Formas de Trabalho” contou com um quadro de oradores fortíssimo, ligados à temática e não só, despertando o interesse de empregadores e trabalhadores. O presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, foi um dos oradores convidados, cabendo-lhe a desafiante tarefa de falar sobre o futuro do trabalho. Através de uma apresentação simples e direta, o docente foi explicando como é que a revolução digital vai afetar a forma como cada um verá o futuro das suas profissões. Foram vários os oradores que passaram pelo palco do Salão Nobre, e que ajudaram a tornar evidentes os riscos associados às exposições a agentes químicos no local de trabalho.
EN A rather productive debate took place on 6th November, in the Salão Nobre of Instituto Superior Técnico. Information was shared, a lot was learned, and future challenges were set. Organised by Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) and by Técnico, the seminar Chemical Agents in the New Forms of Work had a strong board of speakers connected to that and other issues, which aroused the interest of employers and employees alike. The president of Técnico, Professor Arlindo Oliveira, was one of the invited speakers, with the challenging task of talking about the future of work. In a simple and straightforward presentation, the professor explained how the digital revolution will affect the way each one of us will see the future of their professions. There were several speakers who took the Salão Nobre stage and helped to make clear the risks associated with the exposure to chemical agents in the workplace.
PT O Melhor Projeto Digital da Administração Pública pertence, de acordo com a Associação da Economia Digital (ACEPI), ao Técnico. Na cerimónia que decorreu a 25 de outubro, e que teve como palco o Pavilhão Carlos Lopes, um dos Prémios ACEPI Navegantes XXI foi atribuído ao projeto “SmartSigner: Sistema de Assinatura Digital de Documentos”, desenvolvido nos Serviços de Informática, no contexto do FenixEdu. O SmartSigner, integralmente desenvolvido no Técnico, é a solução que permite a assinatura digital qualificada de documentos oficiais, e a utilização de cartões inteligentes (smart cards) emitidos pela Entidade Certificadora Comum do Estado (ECCE) ou Cartão de Cidadão. É, atualmente, utilizado para assinar Certificados de Matrícula e as declarações necessárias para emissão do Passe sub23. EN According to the Associação da Economia Digital (ACEPI), the Best Digital Public Administration Project belongs to Instituto Superior Técnico (IST). At a ceremony in 25th October, which took place at Pavilhão Carlos Lopes, SmartSigner: Digital Document Signing System, developed at the Computer Services in the context of FenixEdu, took one of the ACEPI Navegantes XXI awards. SmartSigner, fully developed at Instituto Superior Técnico (IST), is a solution that allows for the qualified digital signature of official documents, as well as for using smart cards issued by Entidade Certificadora Comum do Estado (ECCE) [State’s Common Certification Body] or Cartão do Cidadão. It is currently used to sign enrolment certificates and the documentation required to issue [Under23 transport card].
Técnico+ : uma resposta estruturada para as necessidades de formação avançada e profissional Técnico+: a structured response to the needs of advanced and professional training
STT alcança resultados históricos em competições internacionais STT achieves historic results in international competitions
EN After defining strategies for some time, delimiting areas of training, and captivating teachers and trainers in line with the challenges of this project, Técnico introduces to the world its professional post-graduate and advanced training school: Técnico+. The event that formalised the official launch of this initiative, which took place on 15th November, was attended by numerous representatives of companies, several members from schools that embrace the same challenge, dozens of teachers from the School, as well as some students. “We have the structure, knowledge and means to offer quality education. We know that this education is done differently and we are prepared for it,” said Professor Luís Correia, vice president of Técnico for the management of the Taguspark campus, who now also takes over the advanced training position.
PT De ano para ano, a equipa de segurança do Técnico (STT) tem vindo a melhorar o seu desempenho nas competições de segurança informática, e a provar isso mesmo estão os ótimos resultados alcançados no passado mês de novembro. Quatro elementos da equipa rumaram a Grenoble, em França, para disputar a final europeia da Cyber Security Awareness Week 2018 (CSAW), de onde trouxeram um magnífico terceiro lugar. Quase em simultâneo, e a partir do Técnico, o resto da equipa debateu-se na RuCTFE, arrecadando um excelente décimo lugar por entre as melhores equipas a nível mundial. No rescaldo das vitórias, a equipa não podia estar mais contente: “Foram vários dias bastante intensos, mas os bons resultados ajudam a manter a moral elevada e a motivação para as competições que ainda se multiplicam até ao final do ano”.
DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
PT Depois de algum tempo a definir estratégias, a delimitar áreas de formação e a cativar professores e formadores alinhados com os desafios deste projeto, eis que o Técnico apresenta ao mundo a sua escola de pós-graduação profissional e formação avançada: o Técnico+. O evento que formalizou o lançamento oficial desta iniciativa, e que decorreu no dia 15 de novembro, contou com a presença de inúmeros representantes de empresas, diversos elementos de escolas que abraçam o mesmo desafio, dezenas de docentes da Escola e ainda com alguns alunos. “Temos estruturas, conhecimento e meios para fazer um ensino de qualidade. Sabemos que este é um ensino com moldes diferentes e estamos preparados para isso”, destacou o professor Luís Correia, vice-presidente do Técnico para a gestão do campus do Taguspark, e que agora assume também “o chapéu da formação avançada”.
EN Year after year, Técnico’s Security Team (STT) has improved its performance in computer security competitions, as evidenced by the great results achieved last November. Four members of the team headed to Grenoble, in France, to compete in the European Final of the Cyber Security Awareness Week 2018 (CSAW), where they achieved a magnificent third place. Almost simultaneously, the rest of the team, based on Instituto Superior Técnico (IST), competed at RuCTFE, reaching an excellent tenth place among the best teams in the world. In the aftermath of these victories, the team could not be happier: “These were intense days, but the good results keep the morale and the motivation high for the many competitions still ahead of us until the end of the year”.
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ALUNOS/STUDENTS
VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
EVENTO/EVENT
MOOC Técnico Cursos abertos online Open online courses Os cursos MOOC do Técnico são desenhados para oferecer a melhor formação online, com conteúdos relevantes e atuais. São cursos gratuitos e certificados, com creditação no Técnico Lisboa. Qualquer pessoa se pode inscrever e participar, sob o lema “aprender onde e quando quiser”.
Formação numa transversalidade de áreas científicas Education in a wide range of scientific areas
Anyone can register and participate, under the motto “learn wherever and whenever you want”
Em todos os dispositivos, em qualquer lado Anywhere, anytime and on any device
O Técnico já era grande. Agora ficou maior. Técnico was great. Now it is greater.
mooc.tecnico.ulisboa.pt
The MOOC courses of Técnico are open online courses designed to offer the best online education with relevant and cutting-edge contents. They are free, granting certificates.
De curta duração e maioritariamente em língua portuguesa
Com conteúdos multimédia e práticas de aprendizagem colaborativa
Short courses mostly in Portuguese language
With multimedia contents and collaborative learning practices
BOLSAS DE ESTUDO/SCHOLARSHIPS
A arte de saber retribuir The art of giving back Cinco bolseiros explicam como é que a generosidade e o sentido de responsabilidade social dos mecenas têm mudado as suas vidas Five scholarship holders explain how the patrons’ generosity and sense of social responsibility have changed their lives
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PT “Sem esta bolsa iria, todos os dias, perder 3 horas de viagens entre casa e a escola, teria de ter um part-time para poder pagar todas as despesas. Não ia ter possibilidade de fazer voluntariado, não teria tempo para estar envolvida na organização de atividades e formações que melhoram o meu curso e complementam a vida académica”, é assim que Daniela Oliveira imagina como seria a sua vida sem a bolsa de estudo Elísio Soares dos Santos (E.A.S.S) que recebe há dois anos. A aluna de Engenharia Química faz parte do lote de 25 bolseiros do Técnico a quem foi dada a oportunidade e responsabilidade de ter o apoio financeiro necessário para prosseguir um sonho. Une-os o estatuto de bolseiros, mas, acima de tudo, a vontade de retribuir à sociedade o apoio que lhes foi dado. Fernando Loureiro, aluno de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, é outro dos onze bolseiros da E.A.S.S, e usufrui deste apoio há 3 anos. Não podia ser mais direto na forma como relata a verdadeira diferença que esta bolsa tem feito na sua vida: “ajudou-me a ter um conforto tremendo ao longo destes anos. Houve momentos em que quase me esquecia de que era pobre”, garante. Pontua a frase com o sorriso convicto de quem quer efetivamente dizer aquilo, sem “meias medidas”. “De certa maneira, estava
“Ajudou-me a ter um conforto tremendo ao longo destes anos. Houve momentos em que quase me esquecia de que era pobre” ~ “It has helped me to feel tremendously comfortable over the years. There were times when I almost forgot that I was poor”
EN “Without this scholarship, I would spend 3 hours commuting between home and school every day, I would have to get a part-time job to pay all my expenses. I would not have the chance to do volunteer work, I would not have the time to get involved in organising activities nor in trainings programmes that improve my course and complement my academic life” — that is how Daniela Oliveira imagines her life without the Elísio Soares dos Santos Scholarship (E.A.S.S). The Chemical Engineering student is one of the 25 IST scholarship holders who were given the chance and responsibility of receiving the financial support they need to pursue their dream. Besides the scholarships, they have in common the desire to return the help they have been given. Fernando Loureiro, an Electrical and Computer Engineering student, is also one of the eleven EASS scholarship holders and has enjoyed this support for three years now. He could not be more direct while talking about the way it has made a difference in his life. “It has helped me to feel tremendously comfortable over the years. There were times when I almost forgot that I was poor,” he said. He punctuates the phrase with the confident smile of someone who really means it, unabashedly. “In
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DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
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PT à espera de conseguir ganhar a bolsa, tendo em conta as minhas condições familiares”, declara, salientando que as mesmas nunca o impediram de sonhar com o ingresso na faculdade. “Sempre tive esperança de arranjar uma bolsa”, partilha. Não se limitou apenas a ter esperança, foi atrás do mérito, e isso revelou-se decisivo no momento de ter acesso a este apoio. Fazer voluntariado é um dos requisitos a cumprir pelos alunos que usufruem de todas as bolsas de Estudo e Mérito do Técnico. Para Fernando Loureiro, tal como para todos os outros bolseiros, tal não se revelou uma obrigação, mas antes um impulso para fazer algo que ambicionava há muito tempo. Nos Paramédicos de Catástrofe Internacional, Fernando Loureiro faz muito mais do que as horas exigidas no contrato de bolsa, e fá-lo por gosto. A vontade desmedida de ajudar os outros está-lhe estampada no rosto, e comprova-se na revelação seguinte: “há uns meses, aceitei participar numa missão humanitária, e foi uma experiência muito difícil, mas que me fez aprender muito”, salienta. Sabe que tem dado muito, mas prefere olhar para aquilo que recebe em troca, e não estamos a falar apenas da bolsa: “a sensação de fazer a diferença é ótima”. Lourenço Tourais, igualmente aluno de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e beneficiário da bolsa E.A.S.S, teve conhecimento das bolsas logo no primeiro dia de inscrições e, ao constatar “as excelentes condições que ofereciam”, não pensou duas vezes. “Tem sido uma ajuda fundamental, tenho a minha autonomia financeira, e isso é ótimo”, destaca o bolseiro. Mais do que pelo apoio financeiro, está grato por toda a “envolvência” que chegou com a bolsa: “um sentimento de pertença, um acompanhamento suplementar, sinto-me mais integrado no Técnico”, destaca. A sensação reconfortante de quem ajuda os outros não era estranha a Lourenço Tourais, que já fazia voluntariado antes de ser bolseiro. O ano passado, e já no contexto da bolsa fez voluntariado na CEDEMA — Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Mentais Adultos —, e “as manhãs de terça-feira passaram a ser especiais por tudo aquilo em que podia fazer a diferença. Não olho para as ações de voluntariado de forma egoísta, vejo-as como uma forma de estarmos também comprometidos, de devolver à sociedade aquilo que nos dão”, assinala o bolseiro. O facto de fazer voluntariado nunca condicionou o rendimento de Francisco Oliveira, aluno de Engenharia Mecânica, e outro dos bolseiros da E.A.S.S. Esta cláusula no seu contrato de bolsa empurrou-o para uma experiência que está a adorar. Faz voluntariado na Refood, e, a cada regresso, sente o impacto do que faz: “gosto mesmo do sentimento de poder ajudar, e sei que estou a fazer a diferença na medida do que posso.” É outro
dos bolseiros que não se cansa de assinalar a importância desta bolsa na sua vida e o impacto indireto no futuro do país: “ao estarmos a apoiar jovens com potencialidades, vamos fazer com que o país evolua e tocamos novos horizontes. É uma aposta no futuro”, realça. Coincidentemente, também Daniela Oliveira acabou por escolher fazer o seu voluntariado na Refood, e não podia estar mais satisfeita com a aprendizagem que a experiência lhe tem incutido: “Independentemente dos anos em que terei direito a esta bolsa, a Refood será algo que eu levarei sempre comigo e onde eu pretendo continuar a colaborar.” No futuro, e “se tiver possibilidades para tal”, a bolseira espera retribuir com a mesma moeda este apoio que lhe tem sido dado, tornando-se também ela mecenas. Di-lo com a convicção de quem sente na pele que “os apoios reais, que fazem diferença na vida dos estudantes vêm das empresas, em parceria com as faculdades, ou de famílias particulares.” A história da bolsa de Gonçalo Poeiras, alumnus de Engenharia Química, dificilmente poderia ter um final mais feliz: de antigo bolseiro da Hovione, está prestes a tornar-se parte dos quadros da mesma, num processo muito natural e que muito o orgulha. Numa das conversas informais que este contacto com os mecenas propicia, surgiu a
oportunidade de realizar a tese de mestrado na empresa, e o resto acabou por acontecer genuinamente e no decorrer de uma relação que se foi solidificando. “É importante que as empresas nacionais saibam que estes gestos têm a capacidade de mudar a vida das pessoas que mais precisam e das suas famílias”, declara o alumnus. “O retorno do investimento feito por estas empresas é de uma dimensão incalculável”, colmata. Isabel Gonçalves, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Académico (NDA), recorda que “quando começamos, nunca imaginamos o impacto que isto podia ter a tantos níveis e isso é de facto muito gratificante.” De todos os contornos especiais que envolvem o processo, Isabel Gonçalves considera fulcral lembrar “a humanidade extrema”. Para a coordenadora do NDA, “é importante que fique claro que, desta generosidade dos mecenas, resulta a ajuda imediata dos bolseiros a outras pessoas com dificuldades, e que um dia mais tarde estes jovens poderão voltar à escola para retribuir da mesma maneira.” É o chamado efeito da bola de neve, de onde só poderá resultar uma avalanche de talento e generosidade. •
ment day. When he saw “the excellent conditions they offered,” he did not think twice. “It has been a crucial help, I have financial autonomy, and that’s great”, he says. More than for the financial support, he is grateful for all the “involvement” that came with the grant: “a sense of belonging, an additional follow-up, and I feel more integrated.” The comforting feeling of helping others was no stranger to Lourenço Tourais, who used to do volunteer work before receiving the scholarship. Last year he volunteered at CEDEMA (Association of Parents and Friends of Mentally Disabled Adults), and “Tuesday mornings became, special, due to all the things in which I could make a difference.” Volunteer work has never hindered the academic performance of Francisco Oliveira, a Mechanical Engineering student who is also an E.A.S.S. fellow. This clause in his scholarship agreement has offered him a very rewarding experience. He volunteers at Refood, and he constantly feels the impact of his work: “I really like the feeling of being able to help, and I know I’m making a difference as much as I can.” He is another grantee who points out both the importance of this scholarship in his life and the indirect impact it will have on the future of the country: “By supporting young people with potential, the country evolves and we touch
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new horizons. It’s an investment in the future”, he says. Daniela Oliveira also volunteers at Refood and could not be happier with what she has learned: “No matter how for how long I get the scholarship, [the experience at Refood] is something I will always carry with me, and I want to continue working with them.” In the future, “if the means are there,” she wants to reciprocate the help she has been given by becoming a patron. She believes that “real help, the kind that makes a difference in the lives of students, comes from companies partnering with colleges, or from private families.” The scholarship granted to Gonçalo Poeiras, a Chemical Engineering alumnus, could not have had a happier ending: after being a fellow of Hovione, a pharmaceutical company, he is about to become part of the company’s staff, a natural process he is very proud of. In one of the informal conversations this kind of contact with patrons provides, Gonçalo Poeiras was given the opportunity to do his master’s thesis with the company itself. Everything else happened naturally, in the course of a relationship that solidified gradually. “It is important that Portuguese companies realise that these gestures can change the lives of people in need and of their families,” he says. “The return on the investment made by these companies is incalculable.” Isabel Gonçalves, the Coordinator of Academic Development Unit, recalls that “when we started, we never imagined the impact this could have on so many levels, and that is very gratifying indeed.” Of all the special aspects the process involves, Isabel Gonçalves believes it is crucial to underline its “extreme humanity.” According to the NDA coordinator, “it should be made clear that thanks to the patrons’ generosity, scholarship holders will immediately help other people in need, and that one day these young people may return to the School to reciprocate.” It is the so-called snowball effect, which will result in an avalanche of talent and generosity. •
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EN a way, I was hoping to win the scholarship, due to my family conditions,” he said, stressing that these never stopped him from dreaming about going to college. “I always hoped to get a scholarship,” he says. But it was not all about hope, there was merit as well, and this proved decisive when it came to getting this support. Volunteering is one of the requirements for receiving any IST grant or merit-based scholarship. But to Fernando Loureiro and the other IST grantees, volunteering was not an obligation but rather an “impulse to do something I had been longing for”. He spends more hours at the Paramedics for International Catastrophes than required by the scholarship agreement, and he does so because he likes it. The overwhelming desire to help others is evident on his face and is illustrated by the following revelation: “Some months ago I accepted to take part in a humanitarian mission; it was a very difficult experience, but I learned a lot from it,” he says. He knows he has given a lot, but he prefers to bear in mind what he gets in return. And we are not just talking about the scholarship: “The feeling of making a difference is great.” Lourenço Tourais is another Electrical and Computer Engineering student who has been granted the E.A.S.S. scholarship. He found out about the scholarships on enrol-
“O retorno do investimento feito por estas empresas é de uma dimensão incalculável” ~ “The return on the investment made by these companies is incalculable”
PARCERIAS/PARTNERSHIPS
Despertar os alunos para a responsabilidade social corporativa Awakening students to corporate social responsibility
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A ligação entre o GRACE e o Técnico desdobra-se em várias iniciativas, sendo uma delas um concurso de trabalhos académicos, onde os alunos da escola se têm destacado The link between GRACE and Técnico unfolds in various initiatives, one of them being an academic works competition in which the School’s students have distinguished themselves
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PT O Técnico é uma das muitas instituições de ensino superior aliadas do GRACE (Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial) no âmbito do Uni. Network, um projeto que tem vindo a sensibilizar o mundo académico para as boas práticas de responsabilidade e empreendedorismo social. No fundo, o projeto procura aproximar os jovens universitários do mundo empresarial, usando como elo de ligação estas mesmas temáticas. A parceria não se fica pelo papel, e envolve alunos e docentes em diversas atividades, sendo uma delas a Academia GRACE, onde os alunos da Escola se têm vindo a destacar. Anualmente, a Academia GRACE desafia os alunos a desenvolverem projetos académicos sobre um tema de responsabilidade social corporativa (RSC). Os melhores trabalhos são distinguidos com um prémio, dando aos seus autores a oportunidade de terem uma experiência profissional, em formato de estágio de verão, numa empresa associada à academia. Diogo Melro e Afonso Matos foram dois dos participantes do Técnico cujas ideias se destacaram nas últimas duas edições.
O projeto de Diogo Melro consistia na construção de uma plataforma digital que reunisse os principais stakeholders da RSC, e que promovia a partilha de boas práticas e a celebração de parcerias entre os diferentes intervenientes, e foi com ele que cativou o primeiro lugar na edição de 2016. “Essa plataforma incluía uma ferramenta de avaliação do desempenho das empresas no domínio da RSC, de modo a dotar as empresas de um melhor autoconhecimento do efeito das suas atuais políticas e iniciativas, permitindo afinamentos pontuais ou alterações estratégicas mais amplas”, destaca o aluno do Técnico. A participação acabou por inspirar a sua tese de mestrado, e colocou-o a pensar ativamente e criticamente sobre a matéria: “Nota-se algum ‘seguidismo resignado’ face ao que já é feito há décadas em algumas empresas estrangeiras líderes na implementação de políticas de RSC”. Uma assustadora percentagem de mulheres na Índia (80 por cento) não tem acesso a pensos higiénicos, devido não só à falta de meios financeiros, mas também à ausência de educação em torno do tema. Foi a partir desta problemática, e criando um penso com
materiais biodegradáveis, que outro grupo de alunos do Técnico desenvolveu o projeto que arrecadou o segundo lugar na última edição da Academia. Para Afonso Matos, porta-voz do grupo, o sucesso deste projeto passa pelo facto de terem criado “um produto frugal, que cumpriu todos os requisitos, (…) e que está pronto a ser implementado no nosso mercado alvo”. A professora Ana Carvalho, docente do Departamento de Engenharia e Gestão (DEG), e uma das principais impulsionadoras desta ligação entre o GRACE e o Técnico, destaca que “só há mais-valias” inerentes a esta participação. “Os alunos aprendem a organizar-se, a estruturar um trabalho e a pensar fora da caixa. Além de ficarem a conhecer os associados do GRACE, criam redes de contacto. Permite-lhes ganhar visibilidade e enriquecer o currículo”, salienta de seguida. Também os alunos participantes são categóricos a frisar as vantagens desta participação. “Certas decisões que nos poderiam parecer absolutamente triviais num contexto meramente financeiro passam a ter nuances que, antes, por mero desconhecimento, não eram visíveis”, assinala Diogo Melro.
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the 2016 edition. “This platform included a tool for assessing corporate performance in the field of CSR, in order to provide companies with a better self-knowledge of the effect of their current policies and initiatives, allowing for precise tuning or broader strategic changes,” the student from Técnico stated. The participation ended up inspiring his Master’s thesis and got the student thinking actively and critically about the subject: “There is some ‘resigned follow-up’ in relation to what some foreign companies that are leaders in the implementation of CSR policies have been doing for decades.” A frightening percentage of women in India (80 percent) do not have access to sanitary pads, not only due to a lack of financial resources but also because there is no education with regard to this problem. In order to address the issue, another group of Técnico students developed a pad made of biodegradable materials and the project garnered second place in the last edition of the Academy. For Afonso Matos, spokesman for the group, the success of this project is due to them having created “an inexpensive product that has fulfilled all the requirements, (...) and is ready to be implemented
in our target market.” Professor Ana Carvalho, from the Department of Engineering Management (DEG), and one of the main drivers of this relationship between GRACE and Técnico, emphasises that “there are only gains” inherent to this participation. “Students learn to organise themselves, to structure a job and to think outside the box. In addition to getting to know GRACE members, they create a network of contacts, gain visibility and enrich their curriculum,” she points out. Participating students are also categorical in stressing the advantages of this participation. “Certain decisions that would seem absolutely trivial to us in a purely financial context begin to exhibit nuances that previously, due to mere unawareness, were not visible,” says Diogo Melro. For Afonso Matos, the experience has sharpened his desire to finish the course quickly: “Sustainability in the society where we live is becoming a priority, and I want to accelerate this process and play a key role in the follow-up of its sustainable development.” •
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EN Técnico is one of GRACE’s (Group of Reflection and Support for Corporate Citizenship) many allied higher education institutions within the context of Uni. Network, a project that has been educating the academic world in good social responsibility and entrepreneurship practices. At its core, the project seeks to bring young university students closer to the business world, using these issues as a link. The partnership is not just on paper, but involves students and teachers in various activities, one of them being the GRACE Academy, where the School’s students are distinguishing themselves. Annually, GRACE Academy challenges students to develop academic projects on a corporate social responsibility (CSR) subject. The best works are singled out with a prize, giving their authors the opportunity to get professional experience in the form of a summer internship at a company associated with the academy. Diogo Melro and Afonso Matos were two of Técnico’s participants whose ideas stood out in the last two editions. Diogo Melro’s project consisted in building a digital platform that brought together CSR’s main stakeholders and promoted the sharing of good practices and the celebration of partnerships between different stakeholders, and it won him the first place in
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Para Afonso Matos, a experiência aguçoulhe a vontade de acabar o curso rapidamente: “A sustentabilidade na sociedade onde vivemos está a tornar-se uma prioridade e eu quero acelerar esse processo e ter um papel fulcral no seguimento do seu sustentável desenvolvimento”. •
SOLIDARIEDADE SOCIAL/SOCIAL SOLIDARITY
Jantares com abrigo Shelter dinners A cantina do Técnico recebe, quinzenalmente, os jantares da Serve the City, onde estão envolvidos vários elementos da comunidade da Escola Every 15 days the IST canteen hosts Serve the City dinners, where several elements of the Técnico community are involved
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PT O ambiente é literalmente familiar. A alegria do reencontro é mútua, e quase sempre temperada com um abraço. As conversas fogem à circunstância e são toldadas com uma preocupação que volta a ser mútua. O convite lançado é para jantar, mas é muito mais do que isso o que se faz nos eventos quinzenais da Serve the City. A cantina do Técnico — que acolhe os jantares — torna-se, durante algumas horas, numa sala de jantar familiar, onde se servem sobretudo afetos. Há todo um trabalho que antecede o começo dos jantares, e que não é só corporal. O grupo da cozinha chega primeiro do que todos, cabendo-lhes a preparação e confeção do jantar. No decorrer da tarde, chegam as restantes equipas, com tarefas diferentes, mas igualmente necessárias. A equipa de acolhimento e segurança recebe os convidados, distribuindo senhas e entretendo qualquer demora que possa surgir; o grupo de voluntários serve o jantar, sendo destes, na maioria das vezes, a responsabilidade pela angariação dos fundos que suportam cada iniciativa; e, por fim, é a equipa de voluntários que se senta à mesa, livres de qualquer preconceito, disponíveis para ouvir e, sobretudo, partilhar. Há elementos de umas equipas que já pertenceram às demais, a maioria faz muito para além daquilo que lhe estava designado, e é do trabalho conjunto que se faz a sensação
“Estes jantares já se apoderaram automaticamente da minha agenda, tornaram-se uma prioridade” ~ “These dinners have automatically taken over my agenda, they have become a priority”
EN The atmosphere is literally family friendly. The joy of the reunion is mutual and almost always tempered with a hug. The conversations flee from the circumstance and are clouded with a concern that is once again mutual. The invitation is for dinner, but much more happens in the Serve the City fortnightly events. For a few hours, the Técnico canteen — which hosts the dinners — becomes a family dining room, where affections are on top of the menu. Lots of work — not only physical — precede the dinners as such. The kitchen group arrives first, in order to prepare and cook the meal. During the afternoon the remaining teams arrive to perform different tasks, all equally necessary. The host and security team welcomes the guests, distributing tickets and entertaining any delay that may arise; the volunteer group serves the dinner, and is responsible for raising the funds that support each initiative; and finally, the volunteers’ team sits at the table, free of any prejudice, available to listen and, above all, to share. Some people belong to more than one team. Most of them do much more than what was assigned to them, and the mission accomplished feeling at the end comes from all this team work. The real dinner protagonists arrive gradually. Usually they do not come alone, but if they do, that won’t be the case for much longer. Most are homeless, socially
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PT de missão cumprida no final de cada jantar. Os verdadeiros protagonistas dos jantares vão chegando aos poucos. Na maioria dos casos, não vêm sozinhos, e, se vêm, rapidamente deixam de estar. São maioritariamente sem-abrigo, pessoas carenciadas e socialmente fragilizadas; porém, sejam quais forem os rótulos sociais com que chegam, estes ficam fora da cantina. Antes, durante e até ao próximo jantar são a Maria, o Luís ou o Picoleti. O mesmo se processa com os voluntários, e as etiquetas coladas nas camisolas de todos os intervenientes servem exatamente para tornar mais fácil e claro que à mesa, não há títulos, a não ser os que a amizade trate de criar. Catarina Rocha é uma das várias caras conhecidas do Técnico que “faz questão de integrar estes jantares”. A antiga aluna de Arquitetura já faz há muito parte da família do voluntariado, como fica bem percetível no à-vontade com que o faz. “Eu sempre gostei muito de fazer voluntariado, muito antes de vir para a universidade”, começa por partilhar. “Quando cheguei ao Técnico, não tinha bem a noção do que podia fazer por cá, havia muitas opções”. Curiosamente, foi em casa que surgiu a ideia para saciar o “bichinho”: “o meu pai descobriu estes jantares. Assim que veio a primeira vez adorou, disse-me que tínhamos de vir fazer isto juntos”. Hoje em dia, e volvidos muitos anos desde que começaram, estas iniciativas são uma constante na lista de compromissos da alumna: “Estes jantares já se apoderaram automaticamente da minha agenda, tornaram-se uma prioridade. É um jantar entre as 19h e as 23h, uma altura do dia em que não temos assim tanta coisa para fazer, e isso torna a escolha ainda mais fácil de fazer, porque não ocupa assim tanto tempo útil da nossa vida”. Quando os jantares da Serve the City passaram para a cantina do Técnico, “tudo ficou mais fácil” para Sara Cabeça, aluna do mestrado em Microbiologia, que já fazia parte da família antes: “Posso ficar a estudar até à hora do jantar, não preciso de apanhar transportes, basta descer as escadas e passo a fazer parte de algo incrível.” A aluna do Técnico já experimentou desempenhar os diferentes postos neste jantar, mas confessa que é à mesa, perto das pessoas, que se sente melhor. “Há um contacto muito maior, uma partilha de experiências. Vamo-nos conhecendo, e aprendendo mais sobre como chegar às pessoas”, salienta a voluntária. Quando a questionamos sobre o retorno da experiência, este parece-lhe tão óbvio que encontra dificuldades em passá-lo para palavras: “Nós sentamo-nos à mesa e falamos sobre a vida, partilhamos momentos e preocupações. Há uma preocupação na conversa, uma vontade de cuidar. Mas também há o cuidado de não invadirmos o espaço do outro. É uma forma muito simples de eu servir a minha cidade e a
sociedade. Basta sentar-me à mesa, estar disposta a ouvir e ser eu mesma”. “Apesar de estar habituada a fazer voluntariado, nunca havia equacionado o facto de o fazer junto desta ‘faixa da sociedade mais frágil’”, confessa Helena Rogério, funcionária do Técnico. Sete anos volvidos, e, de voluntária receosa, passou a elemento essencial destes jantares. A experiência tornou-a na líder que os voluntários procuram e nos braços que todos fazem questão de entrelaçar. “A particularidade disto é a dignidade do ser humano, o facto de, na sua degradação moral, psicológica ou económica, poder sentir-se valorizado à volta de uma mesa, com uma refeição que foi preparada para o receber”, refere a funcionária do campus do Taguspark. Além do seu empenho, Helena Rogério foi trazendo consigo novos membros, muitos deles sentados à mesa neste jantar. É também ela a responsável pela participação de uma equipa do Técnico no serviço de um dos jantares anuais: “Tanto professores, como funcionários e alunos aderem. Há quem só queira dar o contributo e há quem faça questão de vir servir. Vimos já há cinco anos seguidos”, partilha. “No próximo ano, estamos a pensar servir dois jantares, para conseguirmos envolver mais pessoas”, adiciona posteriormente. No decorrer da conversa, a voluntária faz questão de lembrar: “Por alguma razão, a vida destas pessoas não deu certo, e todos corremos o risco de passar para esse lado. A barreira entre a estabilidade e o isolamento social é mais ténue do que imaginamos”. À saída, com regresso marcado, uma certeza: há uma família de pontos distantes que se junta, dá e recebe sem sequer ser Natal. •
“Há uma preocupação na conversa, uma vontade de cuidar. Mas também há o cuidado de não invadirmos o espaço do outro” ~ “There’s care, a will ingness to care. But we’re also concerned not to invade each other’s space”
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rience, it seems so obvious to her that she finds it difficult to put it into words: “we sit at the table and talk about life, we share moments and worries.There’s care, a willingness to care. But we’re also concerned not to invade each other’s space. It’s a very simple way to serve my city and society. I just have to sit at the table, be willing to listen and be myself,” she adds. “Although I was used to volunteering, I had never considered doing it within this ‘socially vulnerable spectrum’”, says Helena Rogério, a Técnico employee. Seven years later, she went from fearful voluntary to essential element of these dinners. The experience has made her the leader the volunteers look for, and the arms that everyone makes a point of intertwining. “The particularity of all of this is the dignity of the human being, the fact that, in his moral, psychological or economic degradation, one can feel valued, around a table with a meal that has been prepared to welcome him,” says the Taguspark campus employee. In addition to her commitment, Helena Rogério brought along new members, many of them sitting at the dinner table. She is also responsible for a Técnico team, which serves one of these annual dinners: “teachers, staff and students, all join in. There are those who just want to contribute and there are those who want to come and serve. We have been doing it for five years in a row,” she shares. “Next year, we are thinking of serving two dinners, so we can get more people involved,” she adds later. The volunteer also makes a point to remember: “For some reason the lives of these people did not go well, and it could happen to anyone of us. The line between stability and social isolation is thiner than we imagine”. At the end, return assured, the soul is full of affection and a well-established certainty: there is a family of distant points that gets together, gives and receives, and it’s not even Christmas. •
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DÉBORA RODRIGUES / TÉCNICO
EN deprived and fragile people; however, social labels stay outside. Before, during and until the next dinner, they are Maria, Luís or Picoleti. The same applies to all volunteers, and the stickers on everyone’s t-shirts make it clear that, at the table, there are no titles except those created by friendship. Catarina Rocha is one of Técnico’s several familiar faces who “make a point of being part of these dinners”. The former student of Architecture has long been part of the volunteer family, which explains what she feels so at ease doing it.”I have always enjoyed volunteering, long before I came to university,” she shares. “When I came to Técnico, I did not really know what I could do here, there were a lot of options.” Curiously, it was at home that the idea to satisfy this will came up: “My father found these dinners. He came once and loved it straight away. He told me we had to start doing it together.” That was a few years ago, and now these initiatives are constant in the student’s agenda: “these dinners have automatically taken over my agenda, they have become a priority. It’s a dinner between 7 pm and 11 pm, a time of day when we don’t have much to do, and that makes the choice even easier to make because it does not take up a lot of useful time of our lives, “she explains. When these dinners were transferred to Técnico’s canteen, “everything was easier” for Sara Cabeça, a masters student in Microbiology, who was already part of the family: “I can study until dinner time, I do not have to use transports, I just have to go down the stairs and become part of something incredible.” The Técnico student has already tried to fulfil different positions, but confesses that it is at the table, near the people, that she feels better. “There is much greater contact, a sharing of experiences. We get to know each other, and learn more about how to reach people”, stresses the volunteer. When we question her about what she gets from the expe-
Serviços de Saúde Health Services
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A unidade de serviços de saúde do Técnico foi inicialmente criada com o objetivo de promover melhores condições de vida e de trabalho a todos os colaboradores da escola, proporcionando-lhes um ambiente adequado ao processo de aprendizagem e às atividades de ensino e investigação.
Técnico’s health services unit was created to promote better living and working conditions for all employees of the school, providing an adequate environment for the learning process and teaching and researching activities.
Vasto leque de especialidades médicas
Análises clínicas, audiologia, electrocardiografias e espirometria
Marcação de consultas de clinica geral e medicina do trabalho
Prestação de cuidados de saúde à comunidade e ao exterior
Vast range of medical specialties
Clinical analysis, audiology, electrocardiography and spirometry
Appointments for general practice and occupational medicine and employee health
Healthcare provided to the school’s community and exterior
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saude.tecnico.ulisboa.pt
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ESCOLA/SCHOOL
DarISTo: uma ponte solidária entre quem dá e quem precisa A charity bridge between those who give and those in need
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Este projeto do Técnico incentiva a doação/troca de bens para bebés e crianças até aos seis anos This IST project encourages the donation/ exchange of items for infants and children up to the age of six
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PT Esvaziar a casa, mas encher o coração — é mais ou menos este o caminho que o DarISTo nos desafia a seguir. O projeto nasceu no seio do Técnico, através da iniciativa de um grupo de mulheres dinâmicas, que fazem da partilha um modo de vida e contestam o desperdício; por isso mesmo, procuram sensibilizar e contagiar a comunidade com o dom de “reutilizar”. Mais do que promover e incentivar, esta estrutura suporta a doação/troca de bens para bebés e crianças até aos seis anos, servindo de ponte entre quem quer doar e quem precisa de receber. Solidariedade, partilha e rigor são palavras que surgem espontaneamente quando as promotoras do DarISTo o apresentam. A ideia surgiu da consciência que tinham, enquanto mães, do tamanho da carência e do desperdício que resulta do crescimento das crianças lá de casa. Na verdade, antes de tornar-se um projeto oficial, já era algo que faziam de forma informal. “Começamos a questionar porque não expandir isto, porque as pessoas compram sempre uma parafernália de coisas com um tempo de
“É engraçado que pessoas ligadas ao universo Técnico, mas que não pertencem à Escola, já comecem a contactar-nos para ceder bens” ~ “It’s funny, because people connected to the Técnico universe, but who do not belong to the School, are already contacting us to donate goods”
vida útil muito curto, e fica sempre tudo muito novo”, relembra Cecília Moreira, uma das nove funcionárias do Técnico que dinamiza o projeto. A ideia em si não é nova, claro, mas nem por isso deixa de ser inovadora a vontade de trazê-la para o universo do Técnico. “Sabíamos que havia junto da comunidade do Técnico bastante oferta e muita procura, e por isso propusemos ao Conselho de Gestão, que acolheu a ideia de imediato”, declara Cecília Moreira. A partir daí, foi uma questão de ajustar detalhes preciosos para pôr o DarISTo a mexer: lançar o site, começar a divulgar e a receber doações. Apesar de estar ainda numa fase inicial, o projeto já mexe, como partilha Patrícia Nunes, outra das impulsionadoras do projeto: “É engraçado que pessoas ligadas ao universo Técnico, mas que não pertencem à Escola, já comecem a contactar-nos para ceder bens.” “Quando vêm, os doadores trazem pelo menos um saco cheio”, assinala Cecília Moreira. Desde brinquedos, roupa, calçado, camas, carrinhos, tudo é bem-vindo.
ainda não aderiram é porque ainda não conhecem”, frisa Cecília Moreira. E por isso mesmo, a partir de agora, já não há desculpa para guardar em casa o que já não usa e que com toda a certeza alguém precisará. • “Nós recolhemos os bens, disponibilizamos no site, e depois quem estiver interessado preenche o formulário e pode ter acesso imediato. A ideia é que quem dá não saiba quem recebe”, explica Olga Ribeiro, outra das funcionárias por detrás desta ideia. “Há muita necessidade e existe quase escoamento imediato”, refere de seguida Cecília Moreira. O projeto acaba por cativar algum tempo a estas funcionárias, mas ainda assim as mesmas preferem enfatizar as benesses que tudo isto lhes traz, e a maior de todas é apontada por Olga Ribeiro: “é saber que as pessoas recebem com muita satisfação, recebem com um sorriso”. Mas “também o poder de tocar as pessoas que não estão sensibilizadas com estas questões”, apressa-se a acrescentar, perante o olhar de aprovação das colegas. A meta é crescer, tocando com o DarISTo outras faixas etárias. “Era excelente que o projeto crescesse e conseguisse ajudar o maior número possível de pessoas”, destaca Olga Ribeiro. Frisando o sentido de responsabilidade social da comunidade do Técnico, o grupo acredita que “os que
EN Empty out your house, fill up your heart — this is basically the path that DarISTo challenges us to follow. The project was born within Técnico, thanks to a group of dynamic women for whom fighting waste and sharing is a way of life, and who therefore want to raise awareness about the gift of ‘reusing’. More than merely ‘encouraging’, this structure actively supports the donation/exchange of goods for infants and children up to the age of six, working as a bridge between those who want to donate and those who need to receive. Charity, Sharing and Accuracy are words that come up spontaneously when the women behind DarISTo present the project. The idea arose from their awareness, as mothers, of the size of the shortage and waste resulting from rearing up their own children. In fact, before it became an official project, it was something they did informally. “We started to question why not to expand this, because people always buy a paraphernalia of things with a very short lifespan, and everything is always very new,” recalls Cecília Moreira, one of the nine technical employees who feed the
“Há muita necessidade e existe quase escoamento imediato” ~ “There is a lot of need and everything is gone in no time”
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project. The idea itself is not new, of course, but the desire to bring it into the Técnico universe is something unheard of. “We knew that there was a lot of supply and demand within the Técnico community, and that is why we put the idea forward, and the management board welcomed the idea immediately,” says Cecília Moreira. From there on, it was just a matter of adjusting precious details to get DarISTo moving: launching the site, promoting it and receiving donations. Although still at an early stage, the project is already on its feet. Patrícia Nunes, another of the project’s promoters, states that “It’s funny, because people connected to the Técnico universe, but who do not belong to the School, are already contacting us to donate goods”. “When they come, donors bring at least one bag full,” says Cecília Moreira. Toys, clothes, footwear, beds, strollers, everything is welcome. “We collect the goods, make them available on the site, and whoever is interested fills in the form and can have immediate access. The idea is that the person who gives something will not know who receives it, “explains Olga Ribeiro, another employee behind this idea. “There is a lot of need and everything is gone in no time,” says Cecília Moreira. The project ends up taking some time from these employees, but they prefer to emphasise the benefits; the greatest of all is pointed out by Olga Ribeiro: “to know that people receive things with great satisfaction, with a smile”. But “also the power to touch people who are not sensitised to these issues,” she adds, while her colleagues nod in agreement. The goal is to grow, reaching other age groups. “It would be great if the project grew and managed to help as many people as possible,” says Olga Ribeiro. Emphasising the sense of social responsibility of the Técnico community, the group believes that “some have not joined yet because they are not aware it exists”, states Cecília Moreira. For that reason, from now on, there is no excuse for you to keep those things you no longer use at home, because someone surely needs them. •
ENTREVISTA/INTERVIEW
“ Nenhum estudante deve estar preocupado com conseguir pagar as contas no final do mês” “ No student should be worried about being able to pay their bills at the end of the month” P — 26
Rui Maia é um dos membros da direção da Xpand IT, que tem vindo a coordenar o programa “Missão Aproximar”, através do qual três alunos do Técnico são apoiados Rui Maia is a member of the Xpand IT management board and the coordinator of the ‘Missão Aproximar’ program, which provides three IST students with financial support
PT Além de um caso de sucesso na área das Tecnologias da Informação, a Xpand IT tem vindo a concentrar esforços e a dar que falar no campo da responsabilidade social. O alumnus do Técnico, e também diretor de recursos humanos da empresa, partilha algumas das iniciativas, motivações e diretrizes futuras.
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Como e quando surge dentro da Xpand IT a vontade de desenvolver esta vertente ativa de responsabilidade social? Enquanto empresa, sentimos, desde a nossa génese, a vontade de devolver à sociedade aquilo que nós, enquanto pessoas, recebemos dessa mesma sociedade. Foi, portanto, uma caraterística que depois fizeram questão de transpor para a essência da Xpand IT? Sim, ao longo do tempo, e sempre que po-
“Queremos ajudar a suportar a formação destes alunos ao longo de todo o curso” ~ “We want to support the training of these students throughout the course”
EN Xpand IT is not only an IT success story, it also plays an important role in the field of social responsibility. The company’s human resources director, who also happens to be an IST alumnus, discusses some of its initiatives, motivations and future guidelines. How and when did Xpand IT start thinking about active social responsibility? As a company we felt, since the very beginning, that we should give back to society what we, as individuals, have received from it. So it was a trait you later made a point of transposing into Xpand IT’s essence? Yes. Over time, whenever we could, we had some charity initiatives. In the beginning these were simpler activities, but we took
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PT díamos, tínhamos algumas iniciativas de caráter mais solidário. No início, eram atividades mais simples, mas que nos davam orgulho e prazer em fazer. Em 2010, resolvemos “oficializar” isto, através do programa de responsabilidade da empresa, que, mais tarde, em 2014, deu origem ao que hoje é o programa “Missão Aproximar”. Falemos então um pouco desse programa e de qual o principal foco. Quisemos dar-lhe um cunho pessoal, e daí o nome “Missão Aproximar” — aproximar extremos, mais ou menos distantes, que existem na sociedade. Começou desde logo com o apoio a várias entidades, como o Instituto Português de Oncologia( IPO) e algumas escolas nas proximidades do nosso escritório. No IPO tentamos conhecer quais as necessidades específicas deles e, dentro daquilo que é a nossa área de atuação, levar a tecnologia até lá. Começou aí formalmente o nosso programa, que fomos estendendo a várias atividades e a vários pilares da sociedade, e que tem vindo a crescer.
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Mas estamos a falar de ações que vão muito para além da doação de materiais, certo? Exato. Além de levar a tecnologia a quem precisa, apoiamos instituições com horas de explicações, vamos às escolas tentar demonstrar o valor das matérias ligadas à engenharia. O programa é vasto e as ações surgem de forma gradual e através de uma análise daquilo que percebemos que podemos fazer, das necessidades da nossa empresa e do país. Esta ideia das bolsas aos alunos do Técnico, por exemplo, surgiu numa reunião de gestão de empresa e foi acolhida de forma unânime. Presumimos que este apoio aos alunos do Técnico tenha uma correlação com o facto de as pessoas que estão à frente da empresa serem alumni do Técnico. Estou certa? Há várias justificações para este apoio específico a engenheiros informáticos do Técnico. Um deles é, claro, a fundação e a gestão de empresa serem feitas por profissionais formados em Engenharia Informática do Técnico. Mas o nosso principal objetivo é desenvolver esta ajuda a universidades nas regiões onde estamos mais envolvidos e, em particular, naquelas em que temos escritórios da empresa. O apoio a estudantes de Engenharia Informática insere-se no facto de a nossa atividade se focar nesta área.
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A recetividade do Técnico a esta vontade de ajudar foi imediata? Foi ótima! Quando apresentamos a nossa proposta, tivemos o cuidado de o fazer de uma forma muito clara: com números, iniciativas, e com todo o programa que estava por detrás da Missão. Fizemos sobretudo questão de explicar que não estamos à espera de ganhar nada com este programa. Obviamente que se criam movimentos em torno desta parceria, de reconhecimento e parti-
cipação em atividades com os alunos, mas o nosso principal objetivo é ajudar. Houve alguma exigência da vossa parte na definição dos critérios destas bolsas? Os moldes em que as bolsas iam ser atribuídas foram sendo definidos entre as partes. Do nosso lado, fazíamos questão de que existisse a criação de ligações entre quem ajuda e quem é ajudado, e não queríamos apoiar apenas finalistas. Queremos ajudar a suportar a formação destes alunos ao longo de todo o curso, e acho que isso demonstra bem a nossa posição nesta “relação”. Receberam, recentemente, um prémio atribuído pela Atlassian, por toda esta vossa vertente de responsabilidade social, certo? Fazemos parte do programa Pledge 1%, um programa global fundado por empresas de Tecnologias de Informação a nível mundial, entre elas a Atlassian, uma software house gigante a nível mundial, e da qual somos parceiros. Associamo-nos, sendo basicamente o nosso movimento oficial que se concretiza através da Missão Aproximar. Num Summit, em Barcelona, fomos chamados ao palco para receber o Atlassian Philantropy Award. Ficamos bastante contentes porque é um indicador de que temos feito um bom trabalho.
Na sua opinião, qual deveria ser o papel ideal das empresas neste tipo de apoio à formação de talento nacional? Acho que deve ser cada vez mais uma preocupação de todos. Considero que o alerta deve partir das universidades, criando momentos de divulgação como este que estamos aqui a fazer, para que haja uma sensibilização das empresas para este tipo de ações. Nenhum estudante deve estar preocupado com conseguir pagar as contas no final do mês, em vez de estar focado nos seus estudos. Quando nós apresentamos este programa ao Técnico, éramos a segunda empresa a fazê-lo. E hoje em dia percebemos que já são algumas a seguir o nosso caminho. Irão continuar a “aproximar-se” dos alunos do Técnico? Nós começamos com uma bolsa, este ano já vamos ter três. O objetivo é conseguirmos dar o mais possível. Sabe sempre bem ter a noção de que contribuímos para a formação e concretização do sonho de alguém. Estamos já a trabalhar para contribuir com este mesmo programa de apoio noutras universidades do país. •
ATLASSIAN CORPORATION PLC
Did you make any demands in setting the criteria for these scholarships? The criteria and conditions for these grants were defined by both parties. On our side, we wanted to make sure it would establish connections between those who help and those who are helped, and we didn’t want our grants to be solely for senior students. We want to support the training of these students throughout the course, and I think this shows our position in this ‘relationship’.
So let’s talk about this program and its main focus. We wanted to give it a personal touch, and hence the name ‘Missão Aproximar’ — bringing together the more or less distant extremes that exist in society. We began by supporting several organisations, such as the IPO [Portuguese Oncology Institute] and various schools in the vicinity of our office. We tried to understand the IPO’s specific needs and use our expertise to bring technology there. That’s when we formally launched our program, which was then extended to various activities and areas of society, and it has been growing ever since. But we are talking about initiatives that go far beyond material donations, right? Exactly. In addition to bringing technology to those who need it, we provide tutoring to institutions, we go to schools to demonstrate the importance of engineering-related topics... The program is vast and the initiatives come about gradually, by understanding what we can do and what
our company and the country need. The idea of granting scholarships to IST students, for instance, came up during a board meeting and was unanimously accepted. I assume that these IST student grants have something to do with the fact that the company is run by Técnico alumni. Am I right? There are several reasons for this specific program aimed at IST Computer Science engineers. One of them, of course, is the fact that the company was created and is run by IST computer engineering alumni. But our main goal is to help universities in the regions we are most involved with, and especially where our offices are located. Our Computer Science grants are also explained by the fact that our activity focuses on this area. How open was Técnico to this willingness to help? A lot! When we submitted our proposal, we were careful to do it in a very clear way: with figures, initiatives, and the whole program backing the Mission. Our main concern was explaining that we are not expecting anything from this program. Obviously, this partnership creates synergies — of recognition and participation in activities with students — but our main goal is to help.
Will you continue to support IST students? We started with a scholarship, this year we will have three. We want to grant as many scholarships as possible. It feels good to know that we have contributed to someone’s education and to fulfilling their dream. We are now working to bring this program to other universities across the country. •
“O objetivo é conseguirmos dar o mais possível” ~ “We want to grant as many scholarships as possible”
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EN pride and pleasure in doing them. In 2010 we decied to ‘fomalise’ this by means of the company’s responsibility program, which in 2014 became what is now the ‘Missão Aproximar’ program.
In your opinion, what role should companies play in helping train national talent? I think it should be a priority for everyone. I believe that universities should promote these initiatives by creating spaces of visibility — such as the conversation we are having here — so that companies become aware of these programs. No student should be worried about being able to pay their bills at the end of the month instead of focusing on their studies. When we submitted this program to Técnico, we were the second company to do so. And now there are a few companies following our path.
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You have recently received a social responsibility award from Atlassian, wasn’t it? We are part of the Pledge 1% program, a global program founded by IT companies worldwide — including Atlassian, a giant software house we have partnered with. We joined this program, and ‘Missão Aproximar’ is basically the way we have found to formalize that. At a summit in Barcelona, we were called on stage to receive the Atlassian Philanthropy Award. This made us very happy because it shows we are doing a good job.
SOLIDARIEDADE SOCIAL/SOCIAL SOLIDARITY
Reabilita-se uma casa, constrói-se um lar Rehabilitate a house, build a home Ajudar a reconstruir vidas é o que move os voluntários que quinzenalmente se juntam à Just a Change para dar apoio nas várias obras em que a associação se envolve To Give a hand in rebuilding lives is the motivation for the volunteers who join Just a Change in assisting the association’s several projects every fortnight P — 30 VALORES PRÓPRIOS 24 — 2018
PT Ainda não são 10h da manhã de um dia chuvoso e friorento. São precisas algumas curvas e um lato sentido de orientação para chegar à obra de Campolide na qual a Just a Change está a intervir há umas semanas. Mangas arregaçadas, vestígios de cimento que tão bem lhes caem, mãos apetrechadas de utensílios e encasacados com a vontade de fazer a diferença — é assim que encontramos os cinco voluntários que estão de serviço. Sem esforço, com nítida vontade de construir um mundo melhor, saíram das suas casas com a determinação de ajudar alguém a voltar a sentir-se em casa. Há funções mais fáceis do que outras, nenhuma tão árdua que a força de vontade não seja capaz de executar. O trabalho é em prol do resultado final, que pedra sobre pedra todos vão ajudando a edificar. “O que me impulsiona a vir todas as quinzenas é ter a consciência de que posso estar a mudar a vida de alguém”, destaca Luís Medeiros, aluno de Engenharia e Gestão Industrial (EGI) no Técnico. Teve conhecimento do projeto através de colegas do campus do
“O que me impulsiona a vir todas as quinzenas é ter a consciência de que posso estar a mudar a vida de alguém” ~ “I come here every fortnight because I know I may be changing someone’s life”
EN It’s not yet 10 am, and it is a rainy and chilly day. It takes quite a few turns and a good sense of direction to get to the site in Campolide where Just a Change has been working for the last few weeks. Sleeves rolled up, traces of cement which are rather becoming, hands busy with utensils and blistered with the desire to make a difference — this is how we find the five volunteers on duty there. Cheerfully, with a palpable desire to build a better world, they left their homes to help someone feel at home again. Some tasks are easier than others, but none so hard that willpower cannot overcome. All efforts aim at the end result the volunteers are helping to build, stone by stone. “I come here every fortnight because I know I may be changing someone’s life,” says Luís Medeiros, an Engineering and Industrial Management student at Técnico. He got word of the project through some colleagues from Taguspark Campus — “where the project is well-known” — and he decided to give it
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PT Taguspark, “onde o projeto é muito conhecido”, e decidiu experimentar. “É uma experiência muito diferente daquilo a que estava habituado a fazer a nível de voluntariado. Meter as mãos à obra é realmente díspar, porque, além de aprender coisas novas, ajudo a combater a pobreza habitacional”, assinala o aluno. Embrenhado no seu sotaque nortenho denota-se-lhe um orgulho de fazer o que está certo: “o impacto deste tipo de voluntariado é enorme. É chocante ver as condições em que algumas pessoas vivem, e muito bom podermos fazer alguma coisa por isso”. Foi de uma “vontade de mudar o mundo” como a de Luís Medeiros que nasceu a Just a Change, curiosamente pelos acordes do, ainda aluno do Técnico na altura, António Bello e do amigo Gonçalo Coimbra. Movidos pela vontade de fazer a diferença, pegaram nas suas guitarras e rumaram à baixa lisboeta para angariar dinheiro através da música. Ganharam uns “trocos”, que acabaram por gastar numa refeição para os sem-abrigo da zona. A ação deixou marca neles próprios, e o improvisado concerto solidário repetiu-se vezes sem conta e até com novos elementos; porém, a “vontade de mudar o mundo” é inquietante, e levou-os à ideia seguinte: compraram umas latas de tinta e dois pincéis, entraram na casa de uma senhora conhecida, que vivia em condições precárias, limparam tudo, pintaram paredes, fizeram os demais arranjos necessários, e reergueram um sorriso. A ação tornou-se na essência daquilo que é a Just a Change e repete-se todos os semestres em Lisboa e no Porto, contando com centenas de voluntários. No verão, a intervenção não pára, segue por outros caminhos e ganha uma nova intensidade: os grupos rumam aos vários cantos do país — ao sabor de onde são precisos — e reabilitam durante semanas habitações degradadas. “A sinalização é sempre feita por entidades que conhecem os casos e nos avisam”, explica Guilherme Fogaça, coordenador operacional de Lisboa. Depois de uma avaliação, a associação tenta arranjar financiamento para os materiais. A única tarefa de obra que não é realizada pela Just a Change é a parte estrutural, e se há casas que apenas precisam de uma intervenção simples, outras exigem uma requalificação total, como a casa do senhor Octávio, em Campolide. O suposto porto de abrigo, como todos assumimos uma casa, não o foi durante muito tempo. A equipa encontrou “um telhado completamente desfeito, uma casa onde chovia por todo o lado, em risco de ruir a qualquer momento”, recorda Guilherme Fogaça. Neste dia de outono em que visitamos a obra não seria nada disso que a Just a Change nos permitiria ver. A estrutura da casa estava sólida, o telhado abrigou-nos da chuva, e, apesar de ainda faltar muito para chegar ao resultado esperado, no “caderno de encargos” constam tarefas como construir uma casa de banho e colocar água canalizada. A obra revelou-se de tal modo inten-
siva que o senhor Octávio teve de mudar-se temporariamente para casa de um amigo; e, porque coincidências felizes acontecem, acabou também por arranjar um emprego. Ainda assim, vem sempre ao final do dia ver o seu lar ganhar forma. “Ele achava que só íamos mudar umas telhas, e ao ver tudo isto está maravilhado. Agradece-nos imenso todos os dias”, partilha o coordenador. Leonor Costa, aluna de Engenharia Civil do Técnico, é outra das voluntárias que faz parte desta obra — uma perfeccionista nata, que estuca as paredes com se delas fosse proprietária. “É maravilhoso poder aprender, estar com as pessoas, ver como regem às melhorias que fazemos”, frisa. É uma das que mais solicita tarefas ao responsável de obra, numa ânsia voraz de fazer e dar mais, e, na espera pelo detalhe seguinte que acrescentará na vida de alguém, vai ajudando os colegas no que for preciso. “O facto deste voluntariado estar ligado à minha área de formação torna-o ainda mais interessante, e é engraçado ver como é que as coisas funcionam no contexto real”, realça a voluntária. “Fazer voluntariado pode fazer a diferença no meu currículo, mas, para já, faz diferença na vida de alguém”, acrescenta de seguida. No total, mais de 150 casas foram já recuperadas, e a do senhor Octávio não é apenas mais um número que se soma, é uma vida que se ajuda a refazer. “Reconstruímos a casa, mas o nosso foco é a pessoa. Queremos combater o isolamento, a apatia para com a vida. E vemos uma alteração de comportamentos muito positiva e as relações que se criam entre voluntários e beneficiários é algo que nos orgulha”, aponta Guilherme Fogaça. Duas horas e muito empenho depois, as paredes do quarto estão aptas a ganhar cor, mas isso já será da responsabilidade dos voluntários que se seguem. Quando a Leonor e o Luís voltarem, talvez aqueles metros quadrados estejam prontos para ser realmente uma casa. •
“Ele achava que só íamos mudar umas telhas, e ao ver tudo isto está maravilhado” ~ “He thought we were just going to replace some roof tiles, but when he saw all this, he was stunned”
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EN a try: “This is not the kind of volunteering experience I was used to. This hands-on approach is really something else, because, in addition to learning new things. I’m contributing to the fight against housing poverty,” the student points out. His thick northern accent does not conceal a note of pride in doing the right thing: “The impact of this kind of volunteer work is huge. Seeing the conditions in which some people live is shocking, and being able to do something about it is great.” It was from this desire “to change the world” that Just a Change was born — funny enough, thanks to the efforts of a former IST student, António Bello, and his friend Gonçalo Coimbra. Moved by the desire to make a difference, they picked up their guitars and headed to downtown Lisbon to raise money by playing some tunes. They made “a few bucks”, which they ended up spending on a meal for homeless people in that area. The initiative inspired them to play the charity concert over and over again, sometimes with other band members. But the “will to change the world” is unsettling and led them to the following idea: they bought a few cans of paint and two brushes, came to the house of a woman who was known to live in precarious conditions, cleaned everything up, painted the walls, fixed up some other things, and brought a smile back to the woman’s face. This initiative has become the essence of Just a Change, something the organisation does every semester in Lisbon and Porto with hundreds of volunteers. The action does not end in summer, it follows other paths and gains a new intensity: the groups travel to various parts of the country — wherever they are needed — and spend weeks refurbishing dilapidated houses. “Entities that know the cases warn us about them,” says Guilherme Fogaça, the
organisation’s operational coordinator for Lisbon. Following an evaluation, the association tries to raise money for the materials. The only work which is not carried out by Just a Change is the structural part. And if some houses need nothing more than a simple makeover, others require a complete renovation, such as Mr. Octávio’s house in Campolide. This house had stopped being the haven it is supposed to be a long time ago. The team found “a completely shattered roof, a house where it rained everywhere, at risk of collapsing at any moment,” says Guilherme Fogaça. But the house that Just a Change invited us to see on that Autumn day was not like that at all. The structure was solid, the roof sheltered us from the rain, and although there was still a lot of work ahead for everyone, tasks such as building a bathroom and connecting the house to a piped water supply had already been done. The works were so thorough that Mr. Octávio had to move temporarily into a friend’s house, and — lucky coincidence — he also ended up getting a job. Nevertheless, he always comes at the end of the day to see his new home take shape. “He thought we were just going to replace some roof tiles, but when he saw all this, he was stunned. He thanks us every day for this,” the coordinator says. Leonor Costa, a Civil Engineering student, is another Just a Change volunteer involved in this project. A born perfectionist, she plasters the walls as if they were her own. “It is wonderful to learn, to be with these people, to see how they react to the improvements we make,” she says. She is one of the volunteers who keep asking the supervisor for more tasks, in a voracious eagerness to do and give more. And while waiting for the next task, she helps her colleagues with whatever they need. “The fact that this kind of volunteer work is related to my studies makes it even more interesting, and it’s funny to see how things work in real life,” she says. “Volunteering may make a difference in my resume, but for now it makes a difference in someone’s life,” she adds. Overall, more than 150 homes have been renovated. But Mr. Octávio’s house is not just another number, it is a life being rebuilt. “We have rebuilt the house, but our focus is on the human being. We want to fight isolation and apathy towards life. We see a very positive behaviour change, and we’re very proud of the relationships forged between volunteers and beneficiaries,” says Guilherme Fogaça. Two hours and a lot of hard work later, the bedroom walls are ready to be painted, but this is a task for the next group of volunteers. Maybe when Leonor and Luis come back, those square meters will finally be ready to become a home. •
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“Fazer voluntariado pode fazer a diferença no meu currículo, mas, para já, faz diferença na vida de alguém” ~ “Volunteering may make a difference in my resume, but for now it makes a difference in someone’s life”
PESSOAS/PEOPLE
Berta Marinho
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A mecenas encontrou nas bolsas “Engenheiro Augusto Ramalho-Rosa” uma forma de homenagear o marido, antigo aluno do Técnico / For the patroness, the Engineer Augusto Ramalho-Rosa scholarships are a way to pay a tribute to her late husband, a former Técnico student.
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Entusiasmo/Enthusiasm
Futuro/Future
Educação/Education
PT “A decisão de criar esta bolsa foi mais emocional do que racional, confesso! Foi uma forma de perpetuar o nome do meu marido, que dá aliás o nome a estas bolsas. A ideia surgiu por todo o entusiasmo com que, ao fim de tantos anos, ele falava do Técnico, e o que ele sentia em relação a esta Escola.”
PT “Quero criar uma solução jurídica que faça com que estas bolsas não estejam dependentes da vontade de quem está à frente do nosso património, que se torne algo definitivo. Formar engenheiros civis é a melhor maneira de homenagear o meu marido e de simultaneamente olhar para o futuro.”
EN “The decision to create these scholarships was more emotional than rational, I confess! It was a way of perpetuating the name of my husband, after whom the scholarships are named. The idea came because he always talked about Técnico and how he felt about it with so much enthusiasm, even after all those years.”
EN “I want to establish a legal solution that will ensure that the grants do not depend upon whoever is in charge of our heritage. I want them to be definitive. Forming civil engineers is the best way to honor my husband and simultaneously look towards the future.”
PT “O mal de um país é o atraso na educação. A grande responsabilidade civil deve ser imputada aos governos, mas, a nível individual, e na medida em que nos for possível, devemos e podemos apoiar o ensino. Mais do que apoiantes, devemos ser colaborantes e exigentes. A primeira grande responsabilidade social de todos nós é a educação.” EN “Education backwardness harms any country. Such great civil responsibility must be imputed to governments, but, at an individual level, and to the extent that we can, we must support teaching. More than supporters, we must be cooperative and demanding. Education is the major social responsibility of all of us is.”
VALORES PRÓPRIOS REVISTA DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MAGAZINE 2018
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