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ESPECIAL

A NOTÍCIA

Sexta-feira, 15 de Abril de 2016

Sexta-feira, 15 de Abril de 2016

Especial

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P ropos ta pa ra c obrir P orto de T uba rã o e a c a ba r c om o pó pre to Aline Nunes

O

fec h am en to do processo de produ ç ão e tr an spor te do m i n ério de ferro é uma das propostas do Instituto E stadual de M ei o A mbiente (Iema) como al ternati va para controlar a emissão de poluentes – o conheci do pó pr eto. A r ecom en daç ão é r esu l tado de estudos que compõem o i nquéri to aberto pel o M i ni stéri o Públ i co para apu r ar as r ecl amações contra as empresas poluidoras. N o documento, o estudo sustenta que a i mpl antação do encl ausuramento nos pátios de estocagem em Tubarão (onde operam Val e e A rcelorM ittal), dos transportadores de correias e de suas casas de transferência, proporcionará benefí ci o à qual i dade do ar da G rande V i tóri a, embora ainda não seja possível mensurar sua abrangência. A tecnologia conhecida como “ domus” ou “ domo” foi adotada com sucesso pel a si der ú r gi ca H y u n dai S teel , n a C orei a do S ul , funci onando como um sistema de descarga, armazenamento e transporte de matéria-prima, o que proporcionou a redução da poluição no entorno da empresa. N a avaliação de técnicos do Iema, o enclausuramento é a melhor tecnologia de controle di sponí v el par a conter as emissões do pó preto. E ntr etanto, como na Coreia do S ul a implantação foi realizada durante a fase de construção da empresa, é preciso avaliar a possibilidade de adoção da tecnologia com o Porto de Tubarão em ati vi dade, analisando sua viabi l i dade operaci onal e econômica.

A l ém do fechamento dos pátios, há outras propostas no documento que está em análise pelo M ini stéri o P úbl i co como, por exemplo, estabelecer uma taxa por emissão de poluentes. R epresentantes do Go-

F IQUE

verno do E stado, da Prefei tura de V i tóri a e das empresas também vão form ar u m gr u po de di scussão para i denti fi car mai s ações que possam mi ni mi zar os i mpactos provocados pel a pol ui ção. O M inistério Público i rá medi ar os encontros.

P OR DE N T R O

O que é o pó pr eto? Agrande parte dopópretoque polui o ar e o mar na Grande Vitóriaéprovenientedamisturadepartículas de minério de ferro (exportado) e carvão (importado), que passampeloPortodeTubarão, segundoespecialistas.AVale, porém, sustenta que a construção civil e os veículos motorizados também são poluidores.

C omo pode ser evita do? A sugestão é fechar toda a passagem de minério ecarvão, inclusive nos transportadores dos píeres. Para isso, ambientalistas recomendam o uso de uma estrutura chamada de

T rê s e m pre s a s s ã o re s pons á ve is pe la e m is s ã o do pó pre to

‘Domo’, quefuncionacomoumiglu. Já as chaminés devem ter filtros que bloqueiam partículas metálicas.

C omo a feta a sa úde? Médicos avaliam que o tamanho da partícula do pó preto é tão pequena que pode chegar aos pulmões. Elas impregnam o órgãoe podemdiminuir a capacidade de captar oxigênio. O pó é capaz de atingir a nariz, a mucosa da boca e garganta. As consequências dependem do pulmão de cada pessoa. Crianças, idosos epessoas comdoenças comoalergias, asma, enfisemas e doenças cardíacas são os mais afetados. Nos idosos, como o coração passa a ser mais exigido, aumentam casos de infarto.

E m pre s a s inve s te m e m proje tos a m bie nta is Com um controle cada vez mais rigoroso da sociedade, as empresas Vale e A rcelorM ittal Tubarão têm buscado soluções para reduzir os efeitos poluentes de suas operações. H á uma série de iniciativas, com investimentos que já ultrapassam o valor de R $ 1 bilhão. A Vale informa que, nas atividades que realiza no Complexo de Tubarão, é adotado

o que há de mai s moderno em gestão ambiental. R ecentemente foram destinados R $ 700 milhões em melhorias e controles ambientais para reduzir a emissão de poeira e do consumo de água. E m 2015, por exempl o, a Vale concluiu o projeto que previa o aumento da dosagem de supressor de pó no manusei o de pel otas em todas as usinas. Também ao longo do

ano passado foram concluídas melhorias no sistema elétrico dos precipitadores eletrostáti cos, propi ci ando redução de cerca de 25% na emissão das chaminés das usinas de pelotização em relação a 2014. PL A N O Outra iniciativa é a realiz ação do P l ano V erão, que intensifica ações de controle

nas áreas mais suscetíveis às variações meteorológicas do período. Na Vale, o plano atua, principalmente, nos pátios de estocagem e manuseio de produtos (minério, pelotas e carvão) e nas vias de tráfego. Dessa forma, foi intensificada a umectação e lavagem em mais de 50 qui l ômetr os de v i as pavimentadas, além da umectação e aplicação de polímero em áreas normalmen.

E m pre s a s ge ra m m a is de 20 m il e m pre gos A Vale e A rcelorM ittal Tubarão reúnem mais de 20 mil trabalhadores, diretos e indiretos. M esmo em períodos de crise na economia, as empresas não param sua produção e a demanda por profissionais qualificados é permanente.

A s du as em pr esas m an têm programas de estági o e trainee, visando absorver os melhores estudantes em sua fase de formação. M uitos desses jovens, após concluírem o período de estudos, têm a chance de se desenvolver na

carrei ra dentro da Vale e da A rcelorM ittal, e permanecem em seus quadros. M esmo para quem não está estudando, mas oferecemãode obra especializada, as oportunidades sãofrequentes nas duas empresas.

Com esseperfil empregador, causa preocupação a ameaça de nova suspensão das atividades do P orto de T ubarão em decorrênci a da emi ssão de pol uentes. O presi dente do Sindimetal, R oberto Souza, destaca que o País passa po.

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquéri to (CPI) do Pó Preto, instalada em 2015 na A ssembleia L egislativa, aponta que Vale, A rcelorM ittal e S amarco são as principais responsávei s pel a emi ssão de pol uentes no E stado, sobretudo na Grande V itória. O documento apresenta 23 recomendações para minimizar os efeitos da poluição. E ntre outras sugestões, a definição de metas mais rígidas de qualidade do ar, com base em cri téri os estabel eci dos pel a Organi zação M undial da S aúde (OM S ). Outra medida é a edição de um Código A mbiental E stadual para reuni r todas as l egi sl ações ambi entai s do E spí ri to S anto e a cri ação de um F undo de Proteção ao M eio A mbiente. A inda foi proposto que empresas responsáveis pelo pó preto financiem a construção do H ospital de Cariacica, do novo H ospital Infantil de V i tóri a e de uma U ni dade de Terapi a I ntensiva (U T I) no município de A nchieta.

DE P OIME NTOS

“De volta a Vitória depois de uma viagem, estamos aqui sofrendo no nosso querido estado do Espírito Santo comum“vulcão” chamado Vale que, como outros “vulcões” brasileiros, é incontrolável. Vitória é uma das capitais mais bonitas do Brasil e não merecia essa catástrofe ambiental diária”. Vânia Ferreira, dona de casa

“Vila Velha está ficando insuportável para morar! Além desse pó preto emnosso pulmão, afetando nossa saúde todos os dias, temos que arcar coma limpeza da casa, gastamos um absurdo comfuncionários e material de limpeza. O que posso mais dizer? Socorro!” Inara Alves Tofoli, dona de casa

“EmVila Velha, duas coisas me surpreendem: a quantidade de pó preto que invade meu lar e o baixo número de manifestações contra esse absurdo. Umpolítico só poderia levantar a cabeça quando conseguisse livrar a população desse mal. Mas, enquanto os poluidores bancarem campanhas, nada será feito”. Fred Gusmão, publicitário


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