Revista Tela Viva 172 - Junho 2007

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 16_#172_jun2007

para viagem Forum Brasil reforça presença brasileira no cenário internacional de aquisições e co-produções de programas para televisão

Entrevista Para Don Browne, presidente da Telemundo, o que importa é o conteúdo

Broadcast Emissoras marcam posição contra teles no Congresso da Abert


N達o disponivel


Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretor Editorial Diretor Editorial Diretor Comercial Diretor Financeiro Diretor de Marketing

Rubens Glasberg André Mermelstein Samuel Possebon Manoel Fernandez Otavio Jardanovski Leonardo Pinto Silva

André Mermelstein

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

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m amigo produtor me expôs recentemente seu dilema quanto ao caminho que deveria seguir com sua produtora de médio porte. Bem informado, ele lê sobre novas mídias, sobre a migração da audiência da TV para outras plataformas, sobre as novas modalidades de publicidade que escapam do tradicional comercial de 30 segundos... Mas na prática, em seu dia-a-dia, ainda não percebe como estas tendências podem se reverter em receitas reais e consistentes, que afinal é o que paga as contas no fim do mês. Infelizmente para ele e para quem mais estiver lendo, não tenho uma resposta pronta. Estamos afinal vivendo o início de uma mudança de ambiente nas comunicações, com inúmeras possibilidades se abrindo, algumas que terão sucesso, outras que morrerão jovens, e ninguém tem certeza sobre nada. Só podemos avaliar as tendências e tentar identificar as oportunidades e as ameaças. Um executivo de televisão, de uma grande rede, me disse ter consciência de que sua “plataforma” seria cada vez mais voltada para um público específico, de classe C, menos ligado nas inovações trazidas pela Internet, iPods, videogames, celulares e afins. Isto de certa forma já está acontecendo e se percebe pelo predomínio da publicidade de varejo popular na TV aberta. Enquanto isso a Internet e o celular são as mídias que mais crescem no país. O problema para meu amigo produtor é que os valores que estas novas mídias pagam pelo conteúdo ainda são pequenos em relação ao que a TV sempre pagou (e ainda paga). Ele também está atento à tendência do branded entertainment, do conteúdo ligado a uma marca, a um anunciante. É uma realidade, mas também é um processo muito complexo, que exige uma articulação entre produtora, agência e veículo, com barreiras que um pequeno produtor dificilmente ultrapassa. O mesmo vale para a co-produção e a venda internacional de conteúdos, um processo complexo, cujos frutos podem demorar anos para aparecer. O que eu disse a ele é que nesse momento a informação é fundamental. Ficar antenado nas tendências, com a cabeça aberta para tentar, pode trazer novos negócios. Estas tendências todas podem ainda não gerar o fluxo de receitas de que o mercado precisa para se sustentar, mas são cartas que estão na mesa, e quem entrar antes no jogo e se posicionar terá mais chance de se estabelecer no novo cenário que se desenha. Os ganhos podem compensar a ansiedade de viver em tempos de tantas novidades.

ilustração de capa: Ricardo Bardal

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Ano16 _172_ jun/07

(índice )

8º Forum Brasil

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Evento de TELA VIVA debate o rumo da produção internacional

Scanner Figuras TV Pública

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Seminário explica os modelos canadense e francês 40

Mercado internacional 28 Canais internacionais dão dicas a produtores

Entrevista

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Don Browne, presidente da Telemundo

Financiamento

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BNDES e Ancine garantem mecanismos para 2007 46

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Making Of Internet

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Bigbrasil.tv põe o NE na web

Broadcast

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Congresso da Abert marca posição contra as telefônicas

Audiência Upgrade Agenda Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 4

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( scanner ) fotos: divulgaçÃO

Programação nacional reforçada Os programas brasileiros “Patrulha Nick” e “Nick Tônicko” saem da grade do Nickelodeon e dão lugar ao “Nickers”, primeiro programa nacional do canal com periodicidade diária. A nova atração, dirigida ao público de 7 a 15 anos, estreou em 4 de junho. Com três apresentadores, o programa é “baseado em quatro pilares”, conforme explica Jimmy Leroy, responsável pelo novo departamento de programação e produção da Viacom Brasil: humor, interatividade, música e games. O programa contará com platéia no estúdio, brincadeiras, participação do público pela web e apresentações de bandas. O conteúdo é desenvolvido pelo próprio canal, com produção da GW, que atua como prestadora de serviço. A Viacom, programadora do canal, não utilizará recursos incentivados do Artigo 39 da MP 2228/01.

Terror móvel

Negócio concluído

Depois de fazer sucesso com animações para celular, a SK8 começa a investir em vídeos para a telinha. A empresa gravou recentemente um “thriller de terror psicológico”, como descreve seu presidente, Nilo Peçanha, voltado exclusivamente para telefones móveis. Trata-se de uma série batizada como “Cativeiro” e composta por 12 capítulos de 35 segundos cada. A série conta a história de cinco pessoas que vão visitar um apartamento para alugar e são trancafiadas dentro dele. Foram necessários mais de três meses de testes e laboratórios com os atores. A produção foi feita em conjunto com a Prosol e custou menos de R$ 10 mil.

A série de animação “Escola pra Cachorro” (“Doggy Daycare”), da Mixer em co-produção com a canadense CiteAmerique, será exibida no Canadá. As produtoras fecharam contratos com as emissoras TVO, de Ontario, e Knowledge Network, de British Columbia. Com o acordo de exibição, a liberação da parte canadense do orçamento é garantida. No Brasil, Tiago Mello, da Mixer, diz que tentará uma pré-venda para canais de TV e que pretende inscrever o projeto em leis de incentivo e captar junto a possíveis patrocinadores. O orçamento total do projeto é de US$ 3 milhões. No Canadá serão realizados o roteiro e a pós-produção, enquanto no Brasil será produzida a parte da animação, os storyboards e as músicas. “Escola pra Cachorro”, realizada em animação 2D flash, mostra uma escola onde estudam cachorros de diferentes raças, e como esses “alunos” convivem com as suas diferenças. A série tem 26 episódios de 11 minutos cada, e é voltada para crianças de 4 a 6 anos, em idade pré-escolar.

Comportamento infantil Pelo segundo ano consecutivo, a Turner, programadora dos canais Cartoon Network e Boomerang, fez a pesquisa de comportamento Kids Experts. A pesquisa, divulgada em maio, busca entender sobre o hábitos de compra das crianças, suas atitudes e comportamento. Entre as conclusões que o estudo aponta, estão também as técnicas de negociação utilizadas pelas crianças para convencer os pais. Por exemplo, segundo a pesquisa da Turner, as crianças gostam de ir aos shopping centers (programa apontado por 61% das meninas e 43% dos meninos entrevistados). Dado um valor determinado para gastar em roupas, brinquedos e produtos de tecnologia, as meninas tendem a gastar quase o dobro que os meninos, no limite do orçamento. Além disso, as meninas

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costumam saber o que comprar quando entram em uma loja, enquanto meninos são mais dispersivos, olhando toda a loja antes de fazer a escolha. Em relação ao comportamento infantil, a pesquisa mostra que a maioria das crianças gostaria de ser mais velha, e aquelas com idade superior a dez anos não gostam de ser chamadas de crianças. As crianças mostraram ainda preocupação com questões sociais, como drogas, pobreza, violência e ecologia. Para o estudo, foram usadas quatro metodologias diferentes: entrevistas com crianças de seis e sete anos e 10 e 11 anos, professores e mães; observações etnográficas dos momentos de compra; exercícios qualitativos através de desenhos; e mais de 3,5 mil entrevistas no site do Cartoon Network.

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Compra internacional

Notícias brasileiras para o exterior Em maio último, o novo canal internacional da Band e o canal Bandnews passaram a ser transmitidos em caráter de teste pela DirecTV nos EUA. O Band Internacional será em português, voltado para a comunidade brasileira no exterior, e terá um híbrido da programação da TV Bandeirantes e do canal BandSports. Já o Bandnews é exibido nos EUA tal qual no Brasil. Se as negociações forem concluídas a contento, em breve o Band Internacional estreará comercialmente na operadora de DTH norteamericana. Será também a primeira vez que um canal brasileiro dedicado exclusivamente a notícias será exibido fora do território nacional. A Band terá um contrato de exclusividade com a DirecTV nos EUA, de modo que seus sinais não estarão disponíveis a outras operadoras, como a Echostar, onde está o sinal da Globo Internacional hoje. A DirecTV dos EUA, por sua vez, já tem o sinal da Record e o da Globo desde janeiro. A parceria com a DirecTV não se aplica à América Latina ainda. A Band também mantém planos de ter um canal em espanhol, mas ainda sem data de lançamento.

A Endemol foi comprada por um consórcio liderado pela Mediaset, do empresário e ex-premiê italiano Silvio Berlusconi, e que inclui o fundador da própria Endemol, John De Mol, além da Goldman Sachs. O grupo comprou 75% da participação da Telefônica na produtora mundial de formatos baseada na Holanda. O valor da negociação foi da ordem de US$ 3,5 bilhões, e inclui a preferência do consórcio na aquisição dos 25% restantes. Entre as empresas que esta­vam de olho na Endemol, co­locada à venda desde o ano passado pela Telefónica, as mais cotadas eram a Televisa, a Disney e um empresário francês. No Brasil, o sócio local da Endemol é a Globo, que renovou recentemente seu contrato para mais cinco anos.

Conteúdo para as marcas A partir da união de seus conhecimentos em produção de publicidade e de entretenimento, a Bossa Nova Films criou uma nova empresa para a produção de “branded entertainment”. A produtora, que já realizava trabalhos desse tipo, passa agora a agregar um time de profissionais de vários países e lança uma empresa independente: a Be Bossa Nova. A empresa se propõe a atender as necessidade do mercado de produção de conteúdo de marcas, que vão desde produtos para a TV e o cinema, até “product Equipe da placement” e animação. Bossa Nova As suas atividades concentramse na produção de produtos de entretenimento feitos sob medida para as marcas, com atuação focada no mercado latino-americano. Além de São Paulo, a Be Bossa Nova conta com um escritório próprio no México. Foram investidos cerca de R$ 500 mil na implantação da nova empresa, incluindo a operação no México.

Separação e expansão A divisão de publicidade da produtora carioca TvZero tornou-se uma empresa independente. Com sede em São Paulo e filial no Rio de Janeiro, a Fulano Filmes foi fundada pelo ex-sócio da divisão de publicidade da TvZero Carlos Righi e a também ex-funcionária da produtora, Krysse Melo. A nova produtora já nasce com o acervo, a casa e os diretores da publicidade da TvZero, que agora passa a dedicar-se exclusivamente a cinema e entretenimento. A sede em São Paulo será ampliada e abrigará também a Beltrano Digital, braço da Fulano Filmes para a realização de vídeos institucionais e produção de conteúdo para novas mídias. A divisão será comandada pela recém-contratada Viviane Bonegá. Marcus Baldini, o argentino Octavio Scopelliti, René Sampaio, Ronaldo Soares e Murilo Pasta são os diretores da casa. A produtora argentina radicada no Canadá Johanna Marsal foi contratada para representar a Fulano Filmes nos Estados Unidos e no Canadá.

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( scanner ) Dois na criação da F/Nazca Rio Uma nova dupla de criativos passa a integrar o staff da F/Nazca no Rio de Janeiro. A dupla é formada por Daniel Oksenberg e Chico Cordeiro.

Em outras telas Cerca de 75% do público masculino, com idades entre 13 e 34 anos, no Estados Unidos, assistem a conteúdos televisivos fora da tela do televisor, e o fazem por meio da tela do computador. Esse foi o resultado de uma pesquisa da E-Poll, divulgada em maio, que mostra o quanto o público masculino jovem e adulto está assistindo a conteúdos de TV, mas fora da tela do televisor. A pesquisa mostra que 46% também o fazem pela tela do notebook; 16% em players portáteis; e 13% em iPods. Mais da metade dos usuários de conteúdos online dizem que gostariam de transferir o conteúdo baixado para a tela de TV — desde que isso não tivesse custos; apenas 17% aceitariam pagar a partir de US$ 100 por um equipamento para ter este tipo de serviço. Ainda: mais da metade dos internautas pesquisados disseram que não teriam problemas se houvesse a necessidade de se instalar um programa complicado.

A Globo Marcas, unidade de licenciamentos da TV Globo, ganhou uma loja virtual para a venda de produtos licenciados do conteúdo da emissora. A loja virtual foi desenvolvida em parceria com a Americanas.com, que será responsável por toda a parte operacional das vendas. Inicialmente serão comercializados cerca de 400 produtos das marcas “Big Brother Brasil”, “Malhação”, “Mais Você” e “Sítio do Pica-pau Amarelo”, e ainda títulos de CDs, DVDs e livros lançados em parceria com a Som Livre e a Editora Globo. O site também venderá produtos do “Criança Esperança” e toda a arrecadação dos royalties serão revertidos para a Unesco. O próximo passo do projeto é lançar em setembro produtos ligados à marca “Esporte Espetacular”. A Globo Marcas também prepara um site dentro da loja virtual para uma das novelas da TV Globo. Além desses, a loja disponibilizará cerca de 70 produtos exclusivos, que só poderão ser adquiridos na loja virtual, como camisetas, bonés e ainda objetos de utilidade doméstica ligados ao programa “Mais Você”. Até o final do ano, estima-se que acontecerão mil operações/dia. Até o fim de 2007, outras duas marcas entrarão na loja virtual: o Multishow e o GNT. Futebol A Globo Marcas prepara ainda o lançamento de uma série de DVDs com os melhores momentos dos principais campeonatos estaduais de futebol de 2007, que aconteceram no primeiro semestre do ano. A Globo contratou uma equipe especialmente para captar as imagens e produzir os DVDs.

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fotos: divulgação

Vida longa para as marcas

Esportes animados A campanha da Caixa Econômica Federal para divulgar o patrocínio da empresa aos Jogos Pan-americanos 2007 conta com um recurso de computação gráfica refinado. Os filmes “Conquistas” e “Atletas”, dirigido por Daniel Soro e Alexandre Chalabi, foram realizado com rotoscopia, técnica que busca uma mistura de animação e realidade com o objetivo de tornar a animação ultra-realista. “Conquistas” mostra inicialmente uma menina pulando amarelinha. No último salto da brincadeira, os pés dela se transformam nos pés de um adulto, revelando ser os pés de um atleta de salto em distância em pleno salto. A partir da areia levantada, surge uma outra cena cotidiana, que se transforma em um outro momento de esporte. Essa idéia é repetida até o final, no qual aparecem atletas brasileiros perfilados com medalhas no pescoço. Em “Atletas”, há estrelas do esporte, patrocinados pela Caixa, falando diretamente com a câmera. A produção é da Piloto. A criação é de Mauricio Passarinho e Eduardo Raggi, da TBWA\BR. V iva

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( scanner ) Mais abrangência A TV Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, antes somente vista em Natal, teve o seu sinal estendido, em maio, para as cidades de Mossoró, Assu e Currais Novos. A expansão foi possível pelo satélite Estrela do Sul 1, da Loral Skynet. Antes da locação do segmento espacial, o sinal da TV Assembléia era transmitido via streaming através de meio físico híbrido, fibra ótica e pares metálicos. O sinal era codificado e repassado a operadora de telefonia local, que distribuía o sinal às TVs a cabo do Estado. A migração para a transmissão via satélite teve como objetivos melhorar a qualidade do sinal recebido pelas operadoras de TV a cabo e, principalmente, aumentar a área de cobertura da TV Assembléia.

Nova campanha para UOL Seis novos filmes, criados pela Y&R, integram a primeira fase da nova ação de publicidade do portal UOL. A idéia em todos eles é enfatizar a qualidade e o volume de conteúdo do portal, maior em quantidade de informação em língua portuguesa do mundo. Representando os consumidores do portal, cada filme tem um apresentador que fala ao telespectador como ele interage com o conteúdo do UOL. O cenário digital é um grande cubo mágico, que vai alterando cenas de esporte, cinema, jornalismo, blogs e outras ferramentas oferecidas pelo UOL. O tema da campanha é “Você é que tem o melhor conteúdo”. A criação é de Marilu Rodrigues, Vinicius Stanzione, Marcelo Reis e Tomas Lorente. E a produção é da Bossa Nova Films, com direção de Willy Biondani.

Mostra Nipo-brasileira Os brasileiros que vivem no Japão terão a oportunidade de ver filmes de seu país, no período de 1° de junho a 1° de julho, quando acontece a II Mostra ABN Amro de Cinema Brasileiro no Japão. O evento acontece em cinco cidades e províncias diferentes: Oizumi-Machi (Gunma-Ken); Kameyama-Shi (MieKen); Ogaki-Shi (Gifu-Ken); Ueda-Shi (Nagano-Ken); Toyohashi-Shi (AichiKen). Os filmes são todos falados em português, e alguns deles legendados em japonês. Durante a programação, acontece também o lançamento do filme “Mundo Nikkei - Os Brasileiros do Outro Lado do Mundo”, realizado em 2006 no Japão e no Brasil, por Vera e Yuri Sanada. O filme conta um pouco da história do Japão, dos japoneses que emigraram para o Brasil e do caminho de volta feito pelos seus descendentes.

O lado B da Brastemp Ainda que a campanha mais conhecida da Brastemp seja aquela marcada pela frase “não é assim uma Brastemp”, a marca investe há dois anos em uma nova assinatura: “Brastemp. Seja Autêntico”. E para reforçar o conceito, a DM9DDB criou uma nova campanha, intitulada “Lado B”, que convida o consumidor a despertar um outro lado de si mesmo. Para a TV aberta, foi feito um filme de um minuto, com produção da Fulano Filmes e direção de René Sampaio. A criação ficou por conta de Miguel Bemfica, Mariana Sá, Rodrigo Mendes e Gastón Guetmonovitch.

Força na criação da Y&R A equipe de criação dirigida por Tomas Lorente, na Y&R, recebeu em maio o reforço de um novo diretor de arte, Leandro Hermann, e do redator Luiz Haruo. Hermann passou por agências como Giovanni+ DraftFCB e Almap, enquanto Haruo atuou na Loducca, JWT e Master.

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On-air renovado Para estrear o seu pacote de séries e temporadas no mês de junho, o canal Sony Entertainment Television passou por uma reformulação gráfica, com o objetivo de deixar o visual do canal mais moderno e descontraído. A identidade visual do Sony está sendo repagina­ da e passará a contar com ícones e símbolos das séries que passeiam pela tela no decorrer das chamadas e no anúncio das atrações seguintes. Entre as novas séries prometidas para junho, estão a animação “The Boondocks”; as comédias “Balls of Steel”, “The It Crowd” e “Ali G” — personagem de Sacha Baron Cohen, o criador de Borat; e o drama “Friday Night Lights”. Estréiam também as novas temporadas das séries “Scrubs”, “America’s Next Top Model” e “Latin American Idol”.

Cara e casa nova Após passar por uma reformulação visual e por ajustes editoriais, o programa “Comercial & Cia” ganhou novo nome e canal de exibição. Equipe do “Comercial e Cia”. A nova atração foi chamada de “Reclame” e passou a ser exibido pelo Multishow no dia 1° de junho. O programa, que continua a tratar das vertentes da publicidade, é produzido pela Estação 8, em parceria com o canal e com o grupo RTBE / Comercial & Cia, idealizador do projeto.

União de forças Duas produtoras tradicionais do mercado anunciaram no dia 14 de junho uma joint-venture. A Bossa Nova Films e a Canal Azul se uniram para realizar projetos focados em documentários de natureza e turismo de aventura. Denise Gomes e Ricardo Aidar atuarão como co-gestores e produtores executivos da área de entretenimento. A Canal Azul atua desde 1995, e tem mais de cem documentários exibidos em cerca de 130 países, com parceiros como Discovery Channel, National Geographic, Rede Globo e Fox. Entre suas realizações estão títulos como “Dive Adventures”, “Planeta Oceano” e a recém lançada “Chasing Che: Latin America on a Motorcycle”. Denise Gomes e Ricardo Aidar A Bossa Nova Films realizou na área de entretenimento, entre outros, o projeto “Citizen Dancer - Streets of Encounter”, primeiro fruto do acordo de co-produção entre Brasil e Canadá, em parceria com a Espace Vert e Stormy Nights, produtoras canadenses. Outro projeto já concluído é o DVD “Tetra”, sobre o tetra campeonato do São Paulo. Em fase de desenvolvimento e/ou produção estão os projetos “Chegados”, veiculado no Canal Futura; “Mata Atlântica e os Ciclos da Vida” e “Viagem ao Anhui”.


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Duas histórias em uma

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Foto: tela viva

esde 1973, a história de Carlos Roberto de Souza se confunde com a da Cinemateca Brasileira. Naquela época, recém egressos do curso de cinema da Escola de Comunicações e Artes da USP, um grupo de amigos — que reunia o próprio Carlos e outros colegas de turma, como Lucila Bernardet, Carlos Augusto Calil e Silvia Bahiense — decidiu revitalizar a Cinemateca, na época uma fundação de direito privado. Digo que a Cinemateca esteve em coma entre 1966 e 1974. Desde a faculdade, Carlos Roberto se interessava por história do cinema e também pela conservação do acervo brasileiro de filmes. Freqüentávamos a Cinemateca e nessa época ela ficava no Ibirapuera. O acervo era desconhecido e o espaço não funcionava, estava um lixo. Um grupo de pessoas do movimento cineclubista organizava a distribuição de cópias para exibição nos cineclubes, mas nosso objetivo era cuidar do acervo. Tanto que quando começamos a reorganizar, entregamos as cópias 16mm para o pessoal da Federação de Cineclubes,

carlos roberto de souza classe cinematográfica não tinham consciência da importância dessa preservação, como isso até gerava um certo ressentimento. Produzir cinema nessa época era um acúmulo de dece­ pções, pois os filmes não eram exibidos, não agradavam a crítica. Cuidar dos filmes alimentava esse ressentimento. Em 1975, o laboratório estava funcionando e começava a ser formada a equipe profissional de conservação e restauro. Em pouco tempo, o arquivo já estava cheio. Em 1980, a Cinemateca foi transferida para duas casas nas proximidades do metrô Conceição, zona Sul

a própria classe cinematográfica não tinha consciência da importância da preservação. para eles continuarem exibindo. No início o trabalho era praticamente voluntário. Carlos Roberto se tornou diretor da Fundação Cinemateca e começou a criar projetos, estabelecendo convênios. Enquanto isso, Carlos Calil montava o laboratório. Costumo chamar esse início de ressurreição. Éramos uma fundação sem patrimônio, então levantamos a bandeira do acervo e da importância disso como patrimônio histórico. O interessante é que não só as pessoas da própria

de São Paulo, onde ficou até 1993. Nossa grande luta sempre foi fazer um depósito climatizado. Na Conceição ainda não conseguimos, mas pelo menos tínhamos instalações razoáveis para manter as cópias — nunca as matrizes. O acervo foi naturalmente aumentando e em pouco tempo o lugar ficou pequeno. Sempre em busca de espaço para suas atividades, a Cinemateca se espalhou: na década de 1980, seus acervos se dividiam entre o Ibirapuera, onde ficou o laboratório, a sede na Conceição, um galpão em Cotia, num terreno que até hoje pertence à

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Prefeitura de São Paulo. Havia ainda a Sala Cinemateca, hoje Sala UOL, uma sala de exibição no bairro de Pinheiros. Durante todos esses anos, os cargos foram mudando mas Carlos Roberto sempre esteve à frente da conservação. De 1979 a 1984, foi o “conservador”, cargo já ocupado pelo crítico Paulo Emilio Salles Gomes, um dos fundadores da Cinemateca, com quem Carlos Roberto chegou a trabalhar. Do final da faculdade até 1984, foi professor na ECA-USP. No final da década de 1990, a Cinemateca ganhou nova sede, no bairro de Vila Mariana, no antigo matadouro municipal. Com espaço suficiente para centralizar todos os departamentos, finalmente foi executado o projeto de acervo climatizado. Em 1993 já tínhamos o esboço do arquivo de matrizes e, apesar de não estar tudo pronto, fiz pé firme para mudarmos logo. Nos últimos anos, a Cinemateca tem passado por um processo de modernização, e Carlos Roberto, hoje coordenador do acervo, continua redigindo os projetos. Em 2001 reescrevi um projeto original de 1981 e, com exceção da linguagem, pouco mudou, porque os objetivos são os mesmos: preservar e estudar a filmografia brasileira. Hoje muitos outros projetos acontecem em paralelo, e já estão se tornando programas permanentes. Um deles é a coordenação de diversas instituições que mantém acervos fílmicos. Outro é a recuperação constante dos filmes silenciosos, que contam o início da história do cinema no Brasil. Tínhamos conseguido recuperar todo o acervo, mas continuamos recebendo sempre novos filmes. Agora vamos tentar zerar novamente. Projetos não faltam e se depender de Carlos Roberto, sempre haverá espaço para o novo na


A Sentimental E-tal, braço de atuação digital da Sentimental Filme, contratou Liliane Badaró como diretora de novos negócios. A executiva trabalhará junto a agências e anunciantes, e com os projetos da própria produtora, buscando alternativas em negócios, projetos e processos. Com quinze anos de experiência no mercado de propaganda, Liliane tem passagens pela Fiat, Telemig Celular, Master Comunicação, Wunderman e Y&R. Nos últimos dois anos ela trabalhou em Nova York para empresas como AT&T U-verse e Verizon Wireless, além de se especializar em convergência de conteúdo pela New York University.

Novidades no comercial A Disney & ESPN Media Networks tem um novo coordenador de planejamento comercial. Luis Fernando Teles chega à empresa para realizar trabalho de pós-venda e suporte e planejamento para grandes eventos dos canais ESPN Brasil, ESPN, Disney Channel e Jetix. Entre os eventos estão os principais campeonatos de futebol internacional, os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007 e os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Teles trabalhou durante quatro anos no Grupo Bandeirantes, nas áreas de aquisições e planejamento comercial dos canais Bandnews e Bandsports.

Com o objetivo principal de acelerar a captação de investimento publicitário para o mercado de pay TV, Renato Grinberg assume a gerência geral da Latin American Multichannel Advertising Council (Lamac) no Brasil. O profissional de marketing é responsável por propagar, através de eventos, seminários, pesquisas e apresentações, a efetividade da publicidade em TV por assinatura, buscando que os canais a cabo tenham uma maior representação no bolo

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Reforço no atendimento A Margarida Flores e Filmes contratou Ducha Lopes para reforçar a sua equipe de atendimento. A profissional já passou pela W/Brasil, Trip e Conspiração.

Para exportação Eliana Russi foi contratada em maio pela Associação Brasileira de Produtores Independentes de TV (ABPITV) para assumir o cargo de gerente internacional. Nos últimos cinco anos, Eliana trabalhou no Consulado Geral do Canadá, onde implantou o setor de Arte e Indústrias Culturais, com enfoque no audiovisual. Na ABPI-TV, ela trabalhará com o canadense Jacques Bensimon, com o objetivo de fortalecer a presença comercial da produção de conteúdo audiovisual independente brasileiro no mercado internacional.

Supervisor de conta

Em prol da TV paga

publicitário. Antes da Lamac, Grinberg atuou como gerente de marketing do grupo de catálogo da Warner Home Vídeo, em Los Angeles, tendo sido responsável pelas campanhas de marketing e gerenciamento de P&L de títulos como “Harry Potter”, “Matrix” e “Batman”. O executivo também tem passagem pela Sony Pictures.

FotoS: divulgação

Diretora de inovação

A JWT Curitiba ganhou um reforço na área de atendimento: José Fernando Lopes, que chega para ser o novo supervisor da conta do banco HSBC. O profissional já atendia a conta do HSBC na RGM Connect, agência que cuida da conta de marketing de relacionamento do banco. Com dez anos de experiência em atendimento, Lopes já passou pela Propeg da Bahia, Paraná e Brasília, além das agências Master e Nextcomm.

Novo diretor Fernando Sanches é o novo diretor da Prodigo Films. Com passagens pela Casablanca, Conspiração Filmes, Dínamo e Trattoria, Sanches chega à produtora com experiência em pós-produção e animação. Seus filmes são marcados por efeitos visuais com animação 3D e tradicional, para clientes como CocaCola, Vivo, Estadão, Sony, Banco do Brasil e Natura. No momento, ele está terminando o roteiro de seu primeiro curta-metragem, que será produzido pela Prodigo.

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( figuras ) O departamento de arte da Giovanni+Draftfcb tem duas novidades em seu quadro: Marcus Saulnier foi contratado como novo diretor de arte, enquanto Juliana Utsch também foi promovida ao Anderson, Juliana e Marcus. mesmo cargo. Saulnier já trabalhou na Fischer América (Rio de Janeiro), Contemporânea e Giovanni (Rio de Janeiro).

Contratado para a criação

FotoS: divulgação

Arte renovada

Ricardo Alonso é o novo contratado da TBWA\BR para a área de criação. O profissio­nal tem passagens pelas empresas Marketing Tools, Spicy, Época e Salem.

Marketing latino O Hallmark Channel contratou Nora Lanway como diretora de marketing para a América Latina. Nora irá dirigir e planejar a estratégia do canal na região, bem como posicionar as novas marcas do grupo Sparrohawk Media. A executiva já trabalhou na área de marketing da The Walt Disney Company, Castrol Motor Oil Caribbean & Central America e no Hallmark Channel entre 2000 e 2003.

Reestruturação no planejamento A DM9DDB renovou toda a sua estrutura de planejamento. Foram contratados Maria Leonor Pedrosa Verdi — a Nonô — (ex-Africa) e Philippe Bertrand (exFull Jazz), como gerentes, e os supervisores Yeda Beraldo (ex-Banco Real ABN AMRO) e Victor Marx (ex-Neoga­ maBBH). Eles se reportam a Vera Ferraz, diretora geral da área. Nonô e Bertrand se juntam Em pé, da esquerda p/ direita: Victor Marx, Stella às também Manzano, Vera Ferraz, Nathalia Alves, Yeda Beraldo. gerentes Sentados: Nonô Verdi e Phillipe Bertrand Nathalia Alves de Souza e

Mudanças em três áreas As equipes de criação, operação e tecnologia da Datamidia foram reforçadas. No total são sete novos profissionais contratados. Camila Hatamura (ex-Tribal) é a nova assistente de criação on-line. Na operação, Regina Silvino (ex-Full Jazz) cuidará do tráfego e Edson Damiate (ex-NBS e Propeg) é o novo produtor gráfico. No departamento de tecnologia, Sandro Gomes Dantas (ex-TCS) e Ramieri Pieper Pires (ex-Pão de Açúcar) chegam como analistas de sistema. Cleber de Oliveira (ex-Agência Click) e José Augusto Martins (ex-Ig) são os novos programadores.

Produção local Jimmy Leroy, que atuava na direção de on-air e off-air da Nickelodeon Latin America baseado em Miami, assume o novo departamento de programação e produção da Viacom Brasil. O departamento será responsável pela criação estratégica pan-regional do Nickelodeon e pela criação local do Vh1 Brasil, incluindo criação, produção e execução das peças off-air e on-air.

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Ranieri, Regina, Edson, Cleber, Camila e Sandro •

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Da redação

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Cenário universal

Forum Brasil reúne produtores, canais e distribuidores brasileiros e estrangeiros em busca de um mercado global de conteúdos. sala de screenings, com um sistema automatizado para exibição de obras audiovisuais disponíveis para compra ou co-produção; e pitchings de animação, documentários e séries. O Brasil conta com uma oferta variada e, na maioria das vezes, inédita de temas que podem ser ofertados no mercado audiovisual. Contudo, como explicaram alguns dos participantes dos canais estrangeiros, não há uma grande oferta de conteúdos prontos, além é claro das novelas, o produto nacional mais conhecido e distribuído internacionalmente. Além disso, dois pontos pesam contra os produtores nacionais, segundo alguns commissioning editors e profissionais de aquisição: a inabilidade no pitching, tanto nas rodadas de apresentação de projetos quanto na apresentação individual a tais profissionais; e a pouca familiaridade com o idioma inglês. “Os produtores têm muita dificuldade em explicar seus projetos, até por conta do idioma”, disse um profissional de aquisição de canal internacional. “Temos que admitir que, não importa em que língua seja feita a produção, a negociação no mercado internacional é um inglês”, completou.

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nacionais nesta indústria começam a aparecer no horizonte, como a parceria da produção independente com as emissoras de televisão aberta e a abertura de linhas de financiamento à produção. Algumas desvantagens dos brasileiros precisam ser corrigidas, mas, aparentemente, são pontos que devem Início de relação ser sanados com o aumento Embora a participade experiência. ção da produção indeO evento contou com pendente nos canais de seminário internacional; sestelevisão aberta e fechada sões “30 Minutos”, nas quais ainda seja tímida, a executivos de televisões de perspectiva é que esse diversos países descreveram espaço aumente. Novos aos presentes as diretrizes de incentivos fiscais estão seus canais e como devem ser em desenvolvimento abordados pelos produtores para a oferta de conteúdos Gil Ribeiro, da Mixer: incentivos são temporários. (leia matéria à página 28); Co-produção internacional viabilizará a produção. foto: marcelo kahn

Brasil começa a ter um papel mais relevante no mercado internacional de conteúdos para a televisão. Esta foi a conclusão de quem freqüentou os dois dias do 8º Forum Brasil — Mercado Internacional de Televisão, que aconteceu nos dias 29 a 31 de maio, em São Paulo, promovido por TELA VIVA. Os players brasileiros começam a se familiarizar com elementos desconhecidos na indústria nacional, como os commissioning editors dos canais internacionais, responsáveis pelo envolvimento dos canais em produções ainda em fase inicial, ajudando no desenvolvimento e financiamento do conteúdo. Elementos que faltavam para o fortalecimento dos produtores

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ção, as perspectivas para a produção infantil de animação melhoram e as produtoras deixam de depender exclusivamente da publicidade. Kiko Mistrorigo, da TV Pingüim, lembrou que as co-produções internacionais têm sido importantes formas de realizar a produção nacional. O problema continua sendo viabilizar a parte brasileira da conta. O veterano desenhista e produtor Maurício de Sousa, que também participou de um dos painéis do Forum Brasil, acredita que o principal objetivo deve ser ultrapassar o atraso que se estabeleceu no País desde os anos 90. “Não houve vontade política que nos ajudasse”, diz. “Além das co-produções e de linhas de financiamento, precisamos de políticas para a formação de mãode-obra especializada e para a importação de equipamentos”, completa. Maurício de Sousa, aliás, vem conquistando espaço no mercado nacional e internacional. Seu personagem Ronaldinho Gaúcho ganhou

foto: daniel ducci

Katia Murgel, da Fox: “antes para fomentar a parceria de mandar projetos, os das televisões com os produtores devem assistir e produtores (leia matéria conhecer os canais”. à página 40), prometendo a injeção de um capital dos mesmos produtores”. relevante que só poderá Mas se os canais estão ser usado pelos canais em sempre em busca de boas parcerias com a produção idéias, porque a participação independente. A Record, da produção independente por exemplo, diz que terá ainda é tímida? Kátia lembra um orçamento anual de que a maioria das propostas cerca de de produção que chegam US$ 2 milhões proveniao escritório da Fox não se ente de enquadram em nenhum dos canais da tais mecanismos. programadora. “Recebo por exemplo Mas esse crescimento só aconótimos projetos para o Fox Kids. Só que tecerá se houver entendimento por esses produtores nem se dão conta que o parte dos produtores sobre aquilo canal não existe mais...”, exemplifica. Ela que os canais buscam, e por parte dá a dica: “Assistam aos nossos canais dos broadcasters e programadores para saber o que queremos”. sobre a necessidade de criar meios “Estamos interessados em todos os eficientes de comunicação com esses tipos de formatos, como séries, docuprodutores. Pelo menos esta foi uma mentários, filmes e até animação”, revela das conclusões a qual chegaram o diretor artístico e de programação da produtores, programadores e broadRecord, Hélio Vargas. casters que discutiram as perspectivas Por outro lado, os produtores sentem da produção brasileira no evento. falta de um canal para comunicar-se com Gil Ribeiro, diretor da Mixer, diz os canais de televisão sobre seus projetos, que o que tem permitido à produtalvez a figura do commissioning editor, tora viabilizar seus projetos são dois presente nas TVs de vários países. Gil fatores em especial: as co-produções Ribeiro diz que não acredita em projetos internacionais e os mecanismos desenvolvidos solitariamente. “Para o de incentivos brasileiros. “As leis processo dar certo, o trabalho deve ser de incentivo são um impulso para feito em conjunto. Todos têm de sentar mostrar a capacidade de produção e juntos e discutir”, afirma o diretor, reentrega da produtora, mas não para sponsável pela série “Mothern”, produservir de apoio para sempre”, diz. zida em parceria com o GNT. “A co-produção internacional é o O problema encontrado por produtores caminho para viabilizarmos a nossa para chegar à televisão brasileira afeta produção, já que hoje não há produtotambém a animação nacional. O gênero ras que têm na produção tem grande potencial de expara a TV o seu negócio”. portação, até porque a dublaKátia Murgel, diretora de gem em outras línguas não produções da Fox, acha afeta a qualidade do produto que não só haverá mais final como acontece com as espaço para a produção séries de ficção, por exemplo. nacional independente O debate entre produtores nos canais de TV por asde animação no evento sinatura em um segundo mostrou que o momento é momento, mas que essa de crescimento e expansão também será disputada de territórios. Pelo menos pelos canais. “Vamos preduas séries estão em estágio cisar do conteúdo local”, de produção com parceiros Hélio Vargas, da Record: diz. “Haverá cada vez internacionais e diversos interesse em usar os incentivos para produzir mais. mais canais comprando projetos em fase de negocia-

homenagem A solenidade de abertura do 8º Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão contou com uma homenagem à Telemundo, um dos principais canais hispânicos dos Estados Unidos, pertencente à rede NBC/Universal, em reconhecimento ao seu papel de difusão da cultura latino-americana no maior mercado audiovisual do mundo. Recebeu o prêmio o presidente da emissora, Don Browne. “Foi uma honra receber este Don Browne prêmio especialmente aqui em São Paulo, no Brasil”, disse Browne, que cobriu a América latina por muitos anos como jornalista televisivo e que afirmou ter acompanhado “na primeira fila” a evolução talento da produção audiovisual brasileira. O presidente da Telemundo afirmou ainda ser uma honra ter servido “como janela” para o conteúdo brasileiro. “Não chegaríamos até aqui sem a produção, o conteúdo do Brasil”, afirmou Browne, cuja emissora teve entre seus grandes sucessos várias novelas nacionais.

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Angola. interessante patrocinar projetos de obra especializada Mas quem causou impacto conteúdos do Brasil para esse canal”, e para a importação mesmo no evento foi o novo revela Courtney. de equipamentos”, presidente da Fundação Padre Uma mensagem otimista aos completa. Anchieta, o jornalista Paulo produtores independentes também foi Maurício de Sousa, Markun, que em sua interdeixada pelo diretor do canal francoaliás, vem conquistando venção no debate ressaltou alemão Arte, François Sauvagnarespaço no mercado enfaticamente que a produção gues: “Acredito que há um caminho nacional e internacional. independente ganhará um fora dos canais de peso (como a TV Seu personagem Ronespaço institucionalizado na Globo) para levar projetos que podem aldinho Gaúcho ganhou grade da TV Cultura. Segundo agradar ao mercado europeu; basta uma série animada que ele, a produção partilhada saber a linha de programação dos foi parar nos celulares canais para oferecer conteúdos que se na Espanha. Além disso, Mauricio de Sousa: “precisamos exige diplomacia, comprometimento e foco. “Estamos em enquadrem”. Outra dica foi dada pelo o longa-metragem para de políticas para a formação campo para jogar de verdade presidente da produtora e distribuidoa televisão (de 40 minu- de mão-de-obra especializada e para a e estamos dispostos a fazer ra norte-americana TPI, Larry Higgs: tos) com o mesmo perimportação de equipamentos” isso dentro das regras deste “Em geral, quando decidimos investir, sonagem está em fase de jogo para patrocinar, co-produzir e levar financiamos 100% da produção, e negociação, e deve ser produzido por nossa produção para outros países”, afirpara nos apresentar um projeto, enuma empresa na Ásia. mou. Segundo Markun, a Cultura deve ter, viem não mais do que duas páginas e Além dos projetos internaciojá no início de sua gestão, um digam logo na primeira nais, a Maurício de Sousa Produções site para receber propostas de linha quanto isso vai produz com a Digital 21 o longa de produções independentes, nos nos custar”, aconselha, animação 3D sobre o dinossauro moldes do que fazem os canais bem-humorado. Horácio, que deve estrear em dois internacionais. anos e meio. Produção local No momento, a produtora Descobrindo o Brasil Enquanto estambém busca financiamento para O mercado internacional tes canais buscam a série da Turma da Mônica a ser acena com possibilidades conteúdos internacioexibida no Cartoon Network e, posteotimistas para a produção nais para alimentar riormente, negociada com canais de brasileira. Representantes suas grades, outros, TV aberta. A série tem 13 episódios de canais, produtoras, proem especiais canais de sete minutos cada. gramadoras e distribuidoras abertos, apostam na Mas, mesmo com todas as Larry Higgs, da TPI: distribuidos Estados Unidos, Canadá e produção local para dificuldades, algum espaço começa dora também França afirmaram seu interesse financia até 100% de crescer em audiência a se abrir para a produção nacional. projetos de documentários. em co-produzir e até mesmo e em exportação. Esta Mauro Garcia, diretor de programafinanciar integralmente projetos foi a saída encontrada ção da TV Cultura e da TV Rá-Timde produtoras independentes nacionais. pela TVI de Portugal para sair da Bum, diz que o canal por assinatura “Há sempre três ou quatro produções lanterna e conquistar em poucos conta hoje com 14% da grade preenlocais acontecendo na América Latina e anos 35% da audiência e 48% das chida com produção independente temos interesse em alimentar essas parreceitas publicitárias no mercado brasileira. Ricardo Fiuza, da Cultura cerias”, afirma a diretora de produção e português, de acordo com o gerente Marcas, salienta a importância cada desenvolvimento para a América Latina da geral da emissora, José Eduardo vez maior do licenciamento de produprogramadora Discovery, MiMoniz. Ele pondera que, mesmo com tos e personagens como chela Giorelli. Já a gerente de a importação de formatos de sucesfonte de receita para os desenvolvimento de produção so, como telenovelas e reality shows, produtores, citando o da National Geographic Intero produto final deve ser adaptado sucesso da série infantil national, Courtney Thompson, com características nacionais, com de bonecos “Cocoricó”, avalia que com tantas riquezas músicas originais e mer­chandising que está sendo exibido naturais, o Brasil tem grande local para hoje na Venezuela e em oportunidade de oferecer se alcançar o sucesso. “Uma identiconteúdos interessantes. “Esdade própria, com raízes de caráter Courtney Thompson, da tamos lançando um novo canal coletivo, é o segredo para uma National Geographic: novo canal de viagens pode ter de viagens de aventura ao sobrevivência estável frente aos produções brasileiras. redor do mundo e seria muito novos desafios. Se formos originais,

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( capa) Olga Romero, da Cookie Jar (EUA)

galeria Michael Burns, do Documentary Channel (Canadá)

André Sturm, do projeto Cinema do Brasil (Siaesp)

Elizabetta Zenatti, diretora de programação da Band

César Diaz, da Venevisión, e Domenico Serafini, editor da Video Age

Estande da Telemundo: evento teve pela primeira vez expositores internacionais

Coquetel da TV Globo no final do primeiro dia

Maria Angela de Jesus, da HBO, participa de sessão “30 Minutos”

Flavio Rocha, da TV Globo

Um dos concorridos coffee-breaks Sala de conferências: público 60% maior que o do ano anterior

Fernando Dias, da ABPI-TV

Phillipe de Bourbon, diretor de aquisições do Canal Plus, França

Maria Fernanda Lopez, da Latinoamerica TV

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Valter Sales, diretor da SescTV


Ian Moffit, VP de programação da BBC Worldwide (Reino Unido)

Os portugueses José Eduardo Moniz (TVI) e Bernardo Bairrão, da NBP.

Cabine de screening

Mariano Kon, da Cuatro Cabezas (Argentina)

Joanne Leduc, do National Film Board (Canadá)

Eric Michel (Canadá), François Sauvagnargues (França), Courtney Thompson (EUA), Michela Giorelli (EUA), Larry Higgs (EUA) e Paulo Markun, em debate sobre co-produções Carla Affonso, da Endemol Globo

Descontração no coquetel oferecido pela HBO

Sabrina Nudeliman, Charles Zamaria (Canadá) e Tim Sparke (Reino Unido) no painel sobre novas plataformas de distribuição

Mario Sergio Cardoso, da TV Ra-Tim-Bum

Michael Kot, do History Television (Canadá) Johanna Samuel (CBC), Cynthia Kane (ITVS), Courtney Thompson (NatGeo), Gail Gendler (Sundance Channel) e Michael Burns (Doc Channel), no coquetel de abertura

Os intervalos do evento geravam grandes oportunidades de networking.

Roberto Martha, da Viacom, um dos jurados do pitching de séries de TV T ela

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( capa) foto: marcelo kahn

características nacionais, com músicas originais e mer­chandising local para se alcançar o sucesso. “Uma identidade própria, com raízes de caráter coletivo, é o segredo para uma sobrevivência estável frente aos novos desafios. Se formos originais, prevalece­remos em um mundo de conteúdos amalgamados”, ressalta. A emissora conseguiu bater a concorrência, que exibia principalmente produtos importados (novelas brasileiras, na maioria dos casos), com a produção local. A emissora se associou à produtora NBP, que iniciou a produção de novelas locais. Além de conquistar a liderança na TV aberta portuguesa, as novelas da NBP conquistaram o mercado internacional, sendo vendidas para mais de 40 países. A produtora, que foi uma das expositoras do Forum Brasil, começa a

Ricardo Scalamandré, da Globo: foco em co-produção com parceiros internacionais.

produção de títulos que já fizeram sucesso no Brasil, adaptados com a ajuda do parceiro à realidade local. “Nos Estados Unidos, por exemplo, podemos mudar o formato para uma periodicidade diferente”. Ele lembrou que recentemente a Fox fracassou no projeto de lançar um canal de novelas para americanos, e que por isso talvez seja mais adequado, por um tempo, trabalhar com outros formatos de dramaturgia seriada. Os parceiros em cada país ainda estão sendo estudados, mas Rocha diz que serão aqueles que conheçam profundamente as especificidades e a audiência locais. Ele lembra ainda que os talentos brasileiros serão aproveitados, como cenografia, figurino e outras equipes. “No caso dos atores, eles serão dos respectivos países, já que falarão em sua língua original”, diz.

agora a buscar parcerias internacionais de co-produção. A Globo também anunciou que investe agora em um projeto de produção internacional. O diretor artístico da área internacional da emissora, Flávio Rocha, apresentou o projeto para emissoras e produtoras nacionais e estrangeiras no evento. O projeto consiste na produção de dramaturgia seriada em países estrangeiros, em conjunto com parceiros locais. “Estamos em um momento de pré-disposição de explorar o mercado para decidir que tipo de produto vamos desenvolver”, afirma. Os países focados pela Globo no momento são Portugal e os Estados Unidos - neste último, a idéia é trabalhar o mercado americano de língua inglesa e o hispânico. Segundo Rocha, em Portugal, além do formato de telenovela ser aceito, e a língua ser a mesma falada aqui, a Globo “À Margem do Lixo”, categoria Documentário foi atraída pelo fato do mercado ainda ser pequeno, sem um grande banco de talentos disponível. Rocha conta que a estratégia Gonzalo Cilley, da argentina para entrar nesses Telefe: dificuldade para entrar mercados será a no mercado brasileiro. “Os Abelhudos — A Série”, categoria Animação

Contra-mão Mesmo com o aumento da necessidade por conteúdos, produtores latino-americanos ainda relatam bastante dificuldade para entrar no mercado brasileiro. Para o responsável por formatos e produção internacional da argentina Telefe, Gonzalo Cilley, “resistência é a palavra adequada”. Para ele,

novas idéias

“Os Buchas — A Série”, categoria Série de Televisão

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O Forum Brasil deu uma oportunidade a produtores de animação, séries e documentários de apresentar seus projetos de produção a um público qualificado nas sessões de pitching. No pitching, o produtor faz uma defesa oral de seu projeto, e é depois sabatinado por um júri internacional de executivos de programação, que podem também se interessar em financiar ou adquirir o projeto posteriormente. Ao final, o júri elege o melhor projeto, nos quesitos viabilidade e apresentação. Venceram os pitchings do 8º Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão os projetos: “Os Buchas — A Série”, da Vitória Produções, do Rio de Janeiro, na categoria série de televisão; “Os Abelhudos — A Série”, da Editora Os Abelhudos, de Curitiba/PR, na categoria animação; e “À Margem do Lixo”, de Evaldo Mocarzel, pela Raiz Produções Cinematográficas, de São Paulo, na categoria documentário. Concorreram cinco produções em cada sessão de pitching, que contou com júri formado por profissionais de programação e distribuição brasileiros e estrangeiros.

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( capa) formatos e produção internacional uma atitude contemplativa dias podem funcionar. A da argentina Telefe, Gonzalo Cilley, para aproveitá-las”, afirmou Endemol sentiu de perto “resistência é a palavra adequada”. o gerente geral da TVI de Poresta tendência e, depois Para ele, “além da barreira da língua, tugal, José Eduardo Moniz. O de fazer sucesso com o Brasil acha que não precisa de diretor de vendas da TV Globo licenciamentos de fornovelas de outros países por ter mais Internacional, Raphael Corrêa, matos de sucesso como de 30 anos de experiência em fazer concorda, mas salienta que o reality show “Big novelas”. O gerente-geral da divisão “o grande desafio será pensar Brother” para adaptainternacional da megaprodutora formatos ‘fora da caixinha’ e ção local em diversos argentina Cuatro Cabezas, Mariano produzir subprodutos depaíses, criou há dois Kon, é da mesma opinião: “Enconrivados das telenovelas”, o anos um departamento tramos resistência das empresas formato latino-americano de para a venda de conporque cada uma se volta para si”. maior sucesso no mundo. Cor- Raphael Corrêa, da Globo: teúdos finalizados. “Há Mas o diretor geral da TV Globo rêa lembra que grandes redes novas plataformas melhoram emissoras que compram audiência dos conteúdos tradiInternacional, Ricardo de broadcast versões resumidas de cionais. Scalamandré, refutou as norte-americanas Big Brothers de outros acusações de resistência já experimentam países para passar em dizendo que “não existe novos formatos com teascanais pay-per-view. A Endemol viu resistência a nenhuma ers na Internet de séries de essa possibilidade e passou a investir boa idéia... Tudo passa sucesso antes da transmissão em banco de dados das produções, pelo que o público quer de TV e, posteriormente, inclusive com a gravação em vários ver”. Para Cilley, a Telefe formatos em VoD. “Ao viajar canais de áudio para permitir dublatem mais facilidade de com o conteúdo para outras gem”, conta a diretora geral da negociar com a Rússia plataformas, as TVs abertas Endemol Globo, Carla Affonso. e a Indonésia do que conseguiram um aumento da Para o diretor geral da TV com o Brasil. “Nunca audiência das séries durante Globo Interna­cional, Ricardo Scala­ conseguimos conversar a exibição tradicional desses mandré, a demanda por conteúdos Marcos Santana, da com a Globo, mas a seriados”, conta Corrêa. ‘lata’ nunca vai acabar. “AcreditaTelemundo: produção 100% resistência do Brasil aos HD em 2008. E a Telemundo, mos muito nos nospoucos está mudando e uma das maiores sos processos. Não teremos ainda este ano uma novela produtoras de conteúdo para acreditamos que só argentina dublada em uma emissora a população hispânica nos o roteiro em si possa brasileira”, conta Cilley. Estados Unidos, também está de gerar demanda. olho nas oportunidades. Tem a ver com o forNovas plataformas O presidente da Telemundo mato, o processo de As novas plataformas para distriInternational, Marcos Santana, gravação, a direção. buição de conteúdo, como internet, conta que a empresa está trabNosso modelo é o vídeo on demand (VoD), TV digital alhando para melhorar a cada que dá resultado”, terrestre e a transmissão utilizando dia a qualidade das produções e avalia Scalamandré. dispositivos móveis, representam a tecnologia que utilizam. “Por grande oportunidade de geração isso, a partir de 2008, toda a Paulo Markun, da TV Cultura: abertura para a produção indede novas receitas para produtores nossa produção de ficção paspendente. com a criação de novos formatos sará a ser feita em high-definide conteúdo. “Novas plataformas e tion”, garante o presidente do formatos inovadores são oportunibraço de distribuição da Telemundo. dades vitais que se abrem e temos Mesmo para “enlatados”, as novas mí-

espaço dobrado Aproveitando o sucesso da edição 2007 do Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, a Converge Comunicações (que edita TELA VIVA) anunciou a nona edição do evento para 2008, nos dias 3, 4 e 5 de junho, em São Paulo. Com 100% dos espaços da exibição vendidos em 2007 e um aumento de 60% do público participante, a Converge decidiu transferir o evento para o 5º andar do Centro de Convenções Frei Caneca, um espaço 100% maior que o deste ano. A expectativa é de dobrar também o número de participantes internacionais.

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( política)

TV pública, a visão internacional Forum Brasil debateu os modelos adotados no Canadá e na França e os possíveis modelos para o Brasil.

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fotos: marcelo kahn

ob a coordenação de Jacques Bensimon, consultor internacional da ABPI-TV, a mesa sobre televisão pública do Forum Brasil reuniu o ex-diretor da área de documentários do canal France 2, Yves Jeanneau, a presiden­ te da TVE Brasil, Beth Carmona, e o coordenador geral da TV Brasil, Adriano de Angelis. Bensimon trouxe os temas a partir de sua experiência como um dos fundadores da TV pública no Canadá, há 20 anos. Segundo Bensimon, o modelo público de televisão financiada pelo Estado entrou em crise na década de 80. Nessa época, os investimentos diminuíram, obrigando algumas emissoras a competir por audiência. Começou então a procura por formas alternativas de financiamento. Algu­ mas emissoras abriram subsidiárias comerciais, outras passaram a aceitar publicidade, outras mudaram sua programação para formatos mais populares. Nos anos 90, surgiram novos canais, mais especializados, que deram novo fôlego a algumas emissoras e nos anos 2000 novas plataformas deram origem a outras oportunidades, mas em muitos casos o problema continua. Bensimon afirmou que é dentro desse contexto histórico que surge a discussão sobre TV pública no Brasil. O debate foi aberto por Jeanneau, que observou problemas que enfren­ tou em sua atuação na France 2. Os principais são a descontinuida­de das lideranças e equipe, em função das mudanças de governo, e a falta de equipes profissionais. Para ele, é pre­ciso que um diretor de TV pública, em primeiro lugar, lute para manter a independência da programação. Em termos de alternativas financeiras, citou as co-produções internacionais.

Yves Jeanneau, Beth Carmona e Adriano de Angelis. No detalhe, Jacques Bensimon.

Jeanneau afirmou que é preciso dife­ renciar TV pública de TV esta­tal, visando, inclusive, manter a juventude dos especta­ dores, já que a idade do públi­co das TVs públicas européias está aumentando. Beth Carmona afirmou, em resposta, que é possível aprender com a história européia e evitar os erros já cometidos, e que isso já vem sendo implementado nos canais públicos brasileiros. Sua presença na direção da TVE nos últimos quatro anos, explicou, já é um exemplo das mudanças de conceito — pois essa longevidade é fato inédito na história da TVE. “Somos uma emissora vinculada ao governo em busca de uma TV pública melhor e que segue os conceitos e tendências mundiais”, afirmou. Segundo Beth Carmona, as discussões em torno da TV pública estão buscando um novo modelo de financiamento, de distribuição em rede e novos negócios. “A TV pública brasileira mal se formou, apesar da herança de TV estatal. Hoje ainda temos um orçamento que serve para transmitir e manter funcionando a emissora e seus arquivos. Mas temos

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trabalhado mais com a produção independente do que a TV aberta e isso é um compromisso nosso.” No caso da TV Brasil — Canal Integración, que é mantida por uma gestão conjunta dos três Poderes, a distância entre TV pú­blica e estatal é ainda menor. A prin­cípio, explicou de Angelis, a emissora está trabalhando com programação de diversas emis­ soras da América Latina, do uni­verso do “campo público”. Provocando a mesa, Bensimon afirmou que a questão estatal x público ainda parecia a mesma. Para Beth Carmona, neste momento o governo e as pessoas que trabalham na TV pública estão fazendo um exercício para definir o que seja interesse público e tentando criar um diferencial em relação à TV comercial. “A lista de demandas é muito grande e todas elas são legítimas”, afirmou. “A TV pública que vem sendo feita tem experiências brilhantes até mesmo diante da TV comercial que temos.” (LA)


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( mercado internacional)

Lizandra de Almeida

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Do que os canais gostam Executivos de aquisição de canais nacionais e estrangeiros contaram no Forum Brasil que tipo de conteúdo procuram, de produtos acabados a projetos para financiar.

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urante os dois dias do inclui o Discovery Channel, 8º Forum Brasil, Home & Health, Discovery Kids, entre promovido por TELA outros), explicou em sua apresentação VIVA no final de maio, que o orçamento do canal é limitado representantes de cerca de 15 canais para produções originais, mas que abertos e por assinatura, brasileiros investimentos têm sido feitos no Brasil, e internacionais, apresentaram ao inclusive com o uso do Artigo 39, que público do evento isenta do pagamento um resumo de sua da Condecine as programação e deram programadoras estrangeiras o caminho das pedras de TV por assinatura que para os produtores invistam 3% do valor da que desejam submeter remessa ao exterior em programas e projetos à co-produções de obras avaliação dos canais. audiovisuais brasileiras de De forma geral, produção independente. são oferecidos três “Sempre tentamos usar o modelos de negócio: Artigo 39, mas como nunca aquisição de programas sabemos quanto tempo a prontos, co-produção e Ancine vai demorar para financiamento. avaliar um projeto, quando O modelo mais utilizado o tema é muito bom e existe é a aquisição de a premência do tempo, Cynthia Kane, da ITVS: programas. Alguns chegamos investir direta­ verba de US$ 150 mil por projeto para exibição na TV pública canais, porém, tem mente, sem o uso da lei”, norte-americana. esquemas muito diz Michela. profissionais de seleção Segundo a executiva, de projetos internacionais, podendo a rede tem muito interesse na produção inclusive financiar toda a sua independente brasileira e por isso agora programação. No caso de projetos tem um representante no Brasil, André inéditos, interessa a possibilidade Rossi, que também participou de vendas para outros mercados, da apresentação. Eles então é importante que o programa estão abertos, inclusive, a tenha um formato que possa ser propostas de nacionalização comercializado. Alguns canais de formatos de programas. internacionais também apostam “Somos donos dos formatos na produção local de formatos já dos programas que exibimos, consagrados em sua grade. então nos interessa que A legislação brasileira atual esses formatos tenham caras facilita os investimentos diretos, locais”, explicou Michela. inclusive de canais estrangeiros, Dois canais canadenses em co-produção e financiamento. e um norte-americano, Michela Giorelli, diretora de produção Segundo Maria Tereza Gomes, o e desenvolvimento da rede de canais iDeal, novo canal do grupo Abril, Discovery para a América Latina (que terá 70% de produção nacional

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respectivamente o History Television, o Documentary Channel e o Sundance Channel, também mostraram seu interesse em programas brasileiros. Todos eles fazem co-produções internacionais, além de adquirir programas, séries e documentários prontos. Para se diferenciar entre tantas opções de canais na América do Norte, esses canais procuram programas com formatos inovadores e diretores com estilo marcante, investindo em um público diferenciado, que não se importa, por exemplo, de assistir programas legendados. Gail Gendler, gerente de aquisições do Sundance Channel, explicou que toda a programação do canal é adquirida de fora, e que há uma equipe dedicada a percorrer eventos e festivais em busca deste conteúdo diferenciado. Ela veio ao Brasil pela primeira vez e gostou do que viu, embora tenha sentido de falta de uma variedade maior de título. O canal está ligado ao ator e diretor Robert Redford, mas não tem correlação direta com o festival de Sundance, ou seja, suas negociações para a exibição de filmes é indepen­ dente do programa do festival. Outro participante em busca de conteúdos diferenciados era Cynthia Kane, diretora de aquisições do Independent Television Service (ITVS), dos EUA, que está interessado em financiar projetos


Dois novos canais devem ser lançados pela Editora Abril ainda este ano, com programação bastante focada e estrutura baseada no sucesso da brasileiros de documentários. experiência da MTV brasileira. O canal “O Brasil é um país vibrante e rico, Ideal terá uma programação totalmente com excelentes produções de cinema. voltada para o público corporativo, Seria ótimo receber inscrições discutindo questões ligadas à vida de produtoras brasileiras “, disse profissional. A intenção é apresentar Cynthia. O ITVS abre anualmente não só séries, documentários e debates, inscrições para produtoras que mas também ficção e programas sobre queiram co-produzir seus projetos, qualidade de vida. E a diretora do canal, por meio do International Media Maria Tereza Gomes, explicou que a Development Fund (IMDF), que programação deve ser 70% formada por destina um montante de até produções brasileiras. O segundo canal é US$ 150 mil para a produção. o Fiz, que pretende ser uma versão O objetivo é exibir os televisiva dos sites de documentários para o sharing de vídeo (como público do país que se YouTube e afins). Toda inscreve, mas também a programação seria na televisão pública produzida e enviada pela norte-americana. A ITVS própria audiência, fica com os direitos de a partir de um portal distribuição nos Estados de Internet. Unidos. Segundo Cynthia, Outra participação os temas são variados, que chamou a atenção foi mas assuntos que não a da TV Escola. sejam americanos têm O canal lançou no evento preferência. Não são o edital para projeto aceitos projetos de reality de documentário de 30 shows, ou de reportagens. minutos com o tema Canais brasileiros “Saúde do professor”. A Gail Gendler, gerente de como TVE, Canal Futura aquisições do Sundance verba Channel: independência em e SescTV apresentaram para a produção é de relação ao festival. seus modelos de R$ 220 mil. Segundo aquisição e contratação Viviane de Paula Viana, de produtoras. coordena­do­ra-geral de radiodifusão do O espaço ainda é limitado, mas canal, os projetos deverão propor mudan­ o interesse em produções ças e soluções para essa questão, abordan­ independentes é cada vez maior. do temas como saúde vocal, malefícios do Michela Giorelli e André Rossi, da Discovery Networks: se o assunto for premente, a programadora não usa o Artigo 39 e banca a produção com recursos próprios.

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( mercado internacional)

De olho na América Latina

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aria Fernanda Lopez, diretora de programação do Latinoamerica TV, ou LTV, apresentou no Forum Brasil o canal uruguaio, que tem como público-alvo os latino-americanos que moram nos EUA. O canal faz parte do pacote de canais em espanhol da DirecTV naquele país. Com um ano e meio de vida, reúne programas de

diversas emissoras latino-americanas, com ênfase no jornalismo e no entretenimento. Uma parceria com a BBC Internacional fornece conteúdo regional para o canal, que também compra programas de todos os países do continente. Recentemente, o canal fechou parceria com a Rede Globo para produzir o Globo Repórter em espanhol.

Segundo Maria Fernanda, o canal ainda não tem recursos para financiar co-produções, mas está interessado em adquirir programação brasileira. A intenção é que ele também passe a ser exibido na Europa. O Brasil também tem um canal público voltado para a América

Conheça os participantes

Quem são e como avaliam projetos os canais e produtoras que participaram das sessões “30 Minutos” do 8º Forum Brasil. Canal

País de Países onde Programação origem é exibido

Discovery Channel

EUA

Home & Health EUA

Discovery Kids EUA Travel and Living

EUA

History Television

Canadá

Documentary Channel

Canadá

TVE Brasil

Brasil

Latin America Television (LTV)

É uma rede internacional presente em 118 países, falantes de 35 línguas Faz parte da rede Discovery. Faz parte da rede Discovery. Faz parte da rede Discovery. Canadá e EUA

Canadá

Brasil

EUA

Programas, séries e documentários com estrutura de ficção e cunho analítico. Entre as temáticas, inclui programas sobre ciências, história e atualidades. Não exibe programas musicais, sobre artes ou esportes. Programas, séries e documentários que ajudem a mulher atual, profissional e mãe, a resolver questões de saúde e vida em família Animações e séries infantis, para crianças entre 4 e 11 anos, com cunho educativo. Programas, séries e documentários principalmente sobre viagens e bem estar. Um dos 13 canais do grupo Alliance Atlantis, exibe documentários e séries históricos, mas com apelo de aventura e estrutura dramática. Também exibe programas de atualidades, ciência e tecnologia e até animações, desde que o formato seja inovador. Canal especializado em documentários de todos os formatos e durações, incluindo docudramas. Aposta em formatos inovadores, com apelo universal, mais do que nas temáticas. Por isso, procura trabalhar com diretores que tenham estilo próprio. Emissora educativa brasileira, com foco na cultura brasileira. Tem 19% de produção independente, 54,3% de produção própria e 26,7% de programação feita por produtoras contratadas. Entre os temas, cultura, serviços públicos, documentários, debates, esporte, jornalismo e educação. Exibe programação de várias emissoras latino-americanas, principalmente jornalismo e o que eles classificam de “entretenimento de qualidade”

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Público- alvo

Modelo de negócio

Geral, entre 25 e 60 anos

Aquisição, co-produção ou financiamento

Mulheres de 18 a 45 anos

Aquisição, co-produção ou financiamento

Crianças de 4 a 11 anos Não definiu

Aquisição, co-produção ou financiamento Aquisição, co-produção ou financiamento Aquisição ou coprodução. Poucas vezes financia todo o projeto, mas pode pré-adquirir documentários.

Homens (65%), dos 25 aos 54 anos

Aquisição, co-produção ou financiamento.

Não definiu

Os programas produzidos por terceiros participam de licitações. As produ­ções independentes são, em geral, projetos finan­ciados por leis de incen­tivo. Não exibe propa­ganda (os patrocinadores aparecem apenas como apoio cultural). A princípio, só adquire programas prontos. Mas pode estudar parcerias.

Não definiu

Latinos que

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Como enviar? O produtor deve enviar primeiro uma carta autorizando a rede a analisar o projeto. Para isso, é preciso preencher um formulário existente no site www.discovery.com. O projeto deve ter uma descrição entre 2 e 4 páginas e ser enviado por uma produtora, com currículo breve da equipe. Também deve ser enviado um orçamento resumido e fontes de financiamento já existentes, se houver. É sempre bom ter um piloto ou trailer, mas caso não haja pode-se enviar algum trabalho anterior similar. A partir de uma descrição de projeto de cerca de dois parágrafos, enviados por e-mail, a equipe de programação dá início a uma conversa, caso haja interesse. Recebe projetos pelo site, onde estão as instruções completas.

Há um grupo que recebe e analisa projetos e idéias. Na maioria das vezes, exibe projetos já financiados por leis de incentivo. Mas pode promover licitações para selecionar produtoras para executar projetos internos. Não há um mecanismo oficial de análise, mas as propostas podem ser enviadas por e-mail.

Contato www.discovery.org

www.history.ca/ history/faq.aspx

www.documentarychannel.ca

www.tvebrasil.tv.br

www.latele.tv karina@latele.tv


Latina. A TV Brasil - Canal Integración faz parte do sistema público brasileiro de televisão e reúne programação das principais emissoras públicas do continente. A produção fica em Brasília, na sede da Radiobrás. Os temas principais da programação são cultura, folclore, música, cidadania, meio ambiente e viagens, com programas de debates, atualidades, documentários e jornalismo. Segundo Adriano de Angelis, coordenador do canal, desde 2005

têm sido realizadas missões internacionais para formar a rede de parceiros que hoje fornece conteúdo para o canal. A programação atualmente é 50% brasileira e a intenção é que tenha produção própria. O conteúdo jornalístico, por exemplo, é fornecido por diversas emissoras de todo o continente e reeditado na TV Brasil. O canal está sendo distribuído em operadoras de cabo de 19 países, mas a distribuição no Brasil ainda não está definida. Uma das idéias é fechar parcerias com canais comunitários locais e trabalhar

Canal

País de Países onde Programação origem é exibido

Canal Futura

Brasil

Brasil

Canal educativo e cultural, que aborda boas práticas, em temas como comportamento, projeto de vida, economia, atualidades, cultura.

Homens e mulheres, de todas as idades.

Co-produção.

Sesc TV

Brasil

Brasil

Programas e séries sobre cultura e artes. Teve origem na TV Senac, mas está passando por reformulações e ainda não tem sua programação totalmente definida. Filmes, documentários e seriados in­dependentes. Tem espaço para pro­gramação voltada ao público ho­mossexual. Exibe programas com legendas, de todas as partes do mundo. Canal brasileiro estatal, no ar desde o ano passado. Está trabalhando com programação de canais educativos do continente e conta com departamento jornalístico que usa material dessas emissoras reedita programas próprios. A ser inaugurado, será um canal voltado para a discussão de questões de carreira. Pretende apresentar programas sobre carreira, gestão e bem-estar. Vai entrar no ar com programas estrangeiros, mas pretende manter 70% de programação brasileira. A ser inaugurado, pretende levar ao ar programação enviada pela audiência, com relação estreita com a Internet.

Não definiu

A definir.

The Sundance EUA Channel

EUA

TV Brasil - Canal Integración

Brasil

Todos da América do Sul

Ideal

Brasil

Brasil

Fiz

Canal +

Prodigius

Brasil

França

Espanha

Brasil

França

Público- alvo

Documentários e séries. Exibe ouca programação estrangeira.

Homens e mulheres, alternativo.

Não definiu

Homens e mulheres, de 25 a 45 anos

Público jovem

É uma das maiores produtoras espanholas, e está em busca de co-produções com produtoras brasileiras. Produz filmes de ficção e documentários para TV e cinema.

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Modelo de negócio

Como enviar? O canal realiza anualmente um pitching que seleciona uma série com 13 episódios e possibilidade de novas temporadas e licen­ciamento de formato. Evita pro­jetos que exijam muita nego­ciação de direitos autorais. As produtoras inscritas para o pitching podem, enventual­men­ te, ser chamadas para produzir programas por encomenda. Com equipe ainda reduzida, o canal tem recebido e analisado propostas mas tem demorado para entrar em contato com os produtores. Tem muito interesse em programação estrangeira, adquirindo cerca de 200 produtos por ano. Também co-produz documentários.

Aquisição e co-produção.

www.futura.org.br

www.redesesctv.com.br

gail.gendler@sundancechannel. com

Por enquanto só está adquirindo programação pronta, mas deve abrir o sistema de coprodução. De qualquer forma, não haverá apoio financeiro, apenas de equipamentos e mão-de-obra.

Aquisição, co-produção e financiamento.

Está analisando projetos de séries, documentários, sitcoms e gameshows dentro da temática do canal.

Ainda não definiu.

Qualquer tipo de programa, em qualquer plataforma. Os vídeos serão enviados pela Internet e selecionados pela equipe do canal. Recebe por e-mail projetos escritos, com descrição de duas phillippe.debourbon@canal-plus. a três páginas. Prefere receber com algum material filmado. Aceita curtas e documentários, com histórias de vida e questões modernas. Quer receber projetos bem definidos, para participar inclusive da pré-produção. A intenção é produzir algo filmado no Brasil e na Espanha no próximo ano.

Co-produção.

Contato

Aquisição e coprodução (com fornecimento de equipamentos e equipe)

Aquisição ou co-produção.

Não definiu

também com os Pontos de Cultura. Neste primeiro momento, explicou de Angelis, estão sendo exibidas produções independentes que já tinham sido produzidas pelos parceiros, ou seja, TV Câmara, TV Senado e TV Justiça. No próximo momento, haverá estrutura para co-produções, com o fornecimento de equipamentos e equipe. A terceira etapa será a compra de programação por meio de concursos e editais.

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adrianodeangelis@radiobras. gov.br

mtgomes@abril.com.br


( entrevista)

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Do mercado de nicho ao mercado global Don Browne, presidente da segunda maior rede hispânica dos Estados Unidos, conta como vem distribuindo seu conteúdo ao redor do mundo.

H

á quatro anos, quando foi comprada por um grande grupo de comunicação norte-americano (NBC/Universal), a Telemundo atuava como mera empacotadora de conteúdo, comprando programação na América Latina e abrindo espaços para a publicidade. Ironicamente, a emissora, que produz conteúdo de nicho nos Estados Unidos, passou a atuar em um mercado global, oferecendo o mesmo conteúdo, mas adaptado à globalização. Embora ainda compre conteúdo das emissoras do Brasil, a rede norte-americana tornou-se um concorrente das novelas brasileiras no mercado internacional. Os investimentos em conteúdo da emissora vão muito além da televisão, e já conta com receitas de novas mídias, como telefonia móvel e Internet. Don Browne, presidente da Telemundo, esteve no Brasil no final de maio, quando foi homenageado no 8º Forum Brasil, e explica nesta entrevista exclusiva a estratégia do grupo para crescer como um player do mercado global de conteúdos.

polgados, porque o grande crescimento nos Estados Unidos é entre os hispânicos. A audiência em língua inglesa está ficando menor, a única que cresce é a hispânica. Trata-se de uma população muito dinâmica, que adora televisão. Isto é realmente interessante, agora eles consomem muita televisão, eles estão adotando a tecnologia muito mais rapidamente que o restante da população, até porque eles querem estar conectados à família, em outros países, e a tecnologia foi a forma encontrada. Eles se adaptaram à tecnologia mais rapidamente, o que é uma vantagem para nós. Graças a isso, diversificamos nossa distribuição além da televisão, com conteúdo na Internet, por exemplo. Estamos onde nossa audiência está, esta é nossa estratégia para a distribuição.

Don Browne, presidente da Telemundo.

A cultura hispânica está direcionando uma mudança enorme no país. O que acontece é que a população de língua espanhola está começando a ficar politicamente forte. Eles, provavelmente, terão uma influência muito grande na escolha do próximo presidente do país. Eles começam a se articular como uma entidade e estão ganhando muito poder econômico. Na mídia, existem duas grandes redes, mas há várias redes de cabo e redes regionais. Todos estão em-

Tela Viva - Existe um grande número de veículos nos Estados Unidos dedicados aos latino-americanos, tanto na forma como abordam o conteúdo quanto no uso da língua espanhola. O que isto significa para a cultura norte-americana? Don Browne - Nós estamos passando por uma transformação muito expressiva nos Estados Unidos.

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Quais novas mídias vocês estão usando e quais são as apostas para o futuro? Nós já estamos negociando com algumas operadoras de telefonia. A MobiTV está distribuindo nossos conteúdos, assim como os da NBC, para telefones celulares. Também temos um acordo com a Apple, que distribui nosso conteúdo no iTunes. O seu business então hoje não é ser só um transmissor de TV? Não, e eu tenho deixado bem clara esta posição. Voltando ao passado, as pessoas que literalmente inventaram o negócio e que me influenciaram falavam sobre esta incrível nova tecnologia chamada

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N達o disponivel


( entrevista ) influenciaram falavam sobre esta incrível nova tecnologia chamada televisão. Todo o mundo achava que era uma brincadeira, ter um transmissor para enviar o conteúdo para todos. O problema é que eles não tinham o que transmitir, então se perguntavam: “o que nós vamos colocar no ar?” Aqui estamos, 50 ou 60 anos depois, e temos todos estes tipos de distribuição. Quando falo de uma empresa como o Yahoo, eles têm uma distribuição enorme e uma infra-estrutura impressionante, mas eles têm o mesmo problema daquelas pessoas no passado; “o que vamos transmitir?”. É por isso que nós (redes de TV) passamos a ser tão atraentes. Você tem que atrair as melhores pessoas no mercado. E nós trouxemos pessoas muito boas para produzir conteúdo, que podem ocupar a distribuição do Yahoo. Com a transição para o digital, teremos novas oportunidades no espectro de freqüências para criar novas plataformas de distribuição. Mas a questão sempre será “o que vamos transmitir?”. A tarefa é criar conteúdos para colocar nestas plataformas e encontrar formas de medir o consumo deste conteúdo, para que possamos gerar receita. Outra questão é que estamos indo para um mundo em alta definição. Como isso acontecerá? Aproveitaremos todo o espectro para a alta definição, colocando uma imagem fantástica nas telas das pessoas, ou faremos uma “menos alta” definição para usar o espectro para transmitir mais conteúdo? Esta é a grande questão econômica no momento nos Estados Unidos. Quanto maior deve ser a definição e quanta possibilidade de distribuição você quer usar no espectro. E se o mercado publicitário está disposto a bancar um número maior de canais ou de mídias... Exatamente. Como mencionei em minha palestra do 8º Fórum

o digital traz novas plataformas, mas a questão é a mesma: “o que vamos transmitir?” Brasil, nós temos uma vantagem no mercado para diferentes plataformas, porque nós produzimos grande parte do nosso conteúdo, e podemos colocar o anunciante literalmente dentro do conteúdo. Eles não precisam mais se preocupar com os filmes de 30 segundos, seus produtos já estão dentro do conteúdo, e não serão veiculados apenas nos momentos em que a audiência vai ao banheiro. Acredito que somos pioneiros. Desta maneira, os anunciantes não são tão prejudicados com a adoção dos DVRs, por exemplo. Exatamente. Se a transmissão terrestre não é mais tão fundamental, o senhor acredita que novas Telemundos devem surgir para outros nichos de mercado nos Estados Unidos? Para a população coreana, chinesa ou russa, por exemplo? Sim, acredito. Particularmente nos Estados Unidos, há bilhões de dólares disponíveis para investimento. E a televisão é muito atraente. Então deve haver um investimento contínuo neste negócio

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de nichos. Como falei no evento, é fundamental medir o sucesso do seu produto, para poder gerar receita. Vamos ver muitas empresas surgindo e outras deixando o mercado, porque não podem manter o investimento. Por isso é muito importante ter uma audiência massiva, para manter seu negócio. O investimento necessário é muito alto. Nos últimos quatro anos, nós (a Telemundo) nos reinventamos, mas tivemos investimentos da General Electric e da NBC, de centenas de milhões de dólares, para criar um novo modelo de negócios. Há muitas empresas que não conseguem este tipo de investimento. O senhor diz que produz a maior parte do seu conteúdo. Isto é fundamental para o seu negócio? Sim. Eu chamo isto (o conteúdo) de moeda do futuro. Em primeiro lugar, você precisa atrair o talento para produzir conteúdo. E se você não produz, não está no mercado. Quando você produz, a comunidade criativa vem até você. O conteúdo direciona nosso negócio, cujo núcleo ainda é a transmissão aberta, mas também direciona nossos negócios na Internet e nas novas mídias. Deter o conteúdo é fundamental, para ter controle. Quando produzimos novelas, um “time digital” está produzindo a extensão deste conteúdo para as outras mídias, com histórias paralelas, aprofundamento dos personagens etc. Temos a habilidade de produzir conteúdo original para plataformas originais e alimentar a máquina principal de conteúdo, que, no nosso caso, ainda é a televisão. Temos um modelo semelhante para nossos negócios na TV por assinatura, criando nosso próprio conteúdo. Isto também é importante para nossos negócios internacionais. Nosso conteúdo é muitas vezes líder em países com Espanha, Colômbia, Argentina, Panamá. O que significa

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N達o disponivel


( entrevista ) em países com Espanha, Colômbia, Argentina, Panamá. O que significa que somos agora um player internacional. Podemos criar alianças estratégicas em diferentes países, onde produtores de conteúdo se associam a nós para produzir conteúdos locais. O conteúdo se tornou uma moeda. Se você não produz conteúdo, você atua em um pequeno mercado de rede. Você não está no jogo. É possível deter o conteúdo e ainda ter parcerias com a produção independente? Absolutamente. Assim você expande ainda mais para a comunidade criativa, e é isso que estamos procurando. Procuramos produtores independentes que possam nos complementar. Trata-se de uma aliança estratégica inteligente, que continuamente fortalece nosso conteúdo e enriquece nosso time. Nós não podemos fazer tudo sozinhos, precisamos enriquecer nosso “core business” com outras idéias. Por isso estamos aqui no Brasil, que é surpreendentemente rico na criativa e na produção. Uma observação pessoal: nos Estados Unidos, a diversidade e as mudanças demográficas são inacreditáveis. Em dez anos, o país será muito parecido com o Brasil de hoje. O produto brasileiro traz toda esta diversidade e há muito mercado para isto nos Estados Unidos. Nós precisamos deste conteúdo. A questão da língua ainda é muito controversa. Nos Estados Unidos, algumas pessoas falam espanhol, outras falam “spanglish” e outras falam inglês, mas se vêem culturalmente como hispânicos. Então a cultura latina é mais importante que a língua. Historicamente, a audiência da Telemundo aceita o produto brasileiro muito bem. Se há um conteúdo brasileiro bom, nós queremos.

a cultura latina é mais importante que a língua. a nossa audiência aceita o produto brasileiro muito bem. conteúdo da Telemundo como moeda também no Brasil? Sim. Já temos em exibição no Brasil “Zorro”, veiculado pela Record, que produzimos na Colômbia, e estreou no Brasil com uma boa audiência. Nós gostamos de pensar que produzimos o tipo de qualidade que merece uma oportunidade aqui no Brasil. O mundo está familiarizado com o conteúdo norte-americano, mas em língua inglesa. O senhor acha que pode quebrar esta barreira e oferecer conteúdo norte-americano em espanhol com o mesmo sucesso em países não-hispânicos? Nós temos sucesso ao redor do mundo por conta das novelas. Não nos Estados Unidos, mas em qualquer outro país, é um produto tão difundido quanto futebol, o esporte mais popular do mundo. Há um apetite enorme na audiência ao redor do mundo, na Europa oriental, na África,

O senhor acredita pode usar o

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na América do Sul, na Espanha e em Portugal. Provavelmente, vamos conseguir a mesma distribuição na Ásia. Nosso core business está nos Estados Unidos, mas sempre direcionando a um mercado global. Por isso deter o conteúdo é tão importante. Não temos que negociar os direitos com vários sócios antes de negociar ao redor do mundo. Além de vender seu conteúdo para outros países, a Telemundo investe em uma expansão territorial através da TV por assinatura ou de novas mídias? Sim. Adoraríamos já ter esta distribuição. Mas lembre-se que somos jovens. A Telemundo tem 20 anos, mas estamos no mercado de conteúdo há apenas quatro anos. Queremos ter certeza de que podemos caminhar antes de começar a correr. Estamos consolidando nossos ganhos, mas quando estivermos mais fortes, vamos buscar outras alianças estratégicas em países onde apenas vendemos o conteúdo. Esta é uma meta de longo prazo.


N達o disponivel


( financiamento)

Da redação

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Capital entrante Novos mecanismos prometem investimento de peso na produção independente para a televisão.

O

s projetos de exportação do conteúdo audiovisual brasileiro feitos com o apoio da Apex, Ministério da Cultura e Sebrae vêm mostrando resultados expressivos. Contudo, o crescimento da produção para televisão esbarra na falta de financiamento e de espaço na TV brasileira. Enquanto o governo acena com novos mecanismos de fomento e financiamento, dados da Ancine mostram que as programadoras não estão usando todo o recurso disponível para a co-produção. Durante o 8º Forum Brasil — Mercado Internacional de Televisão, promovido por TELA VIVA nos dias 30 e 31 de maio, em São Paulo, Ancine e BNDES apresentaram as iniciativas do governo para financiar a produção audiovisual que estão em curso ou em fase de regulamentação. A expectativa dos produtores independentes gira em torno do artigo 3°A da Lei do Audiovisual, que cria um incentivo fiscal sobre as remessas para o exterior referentes ao lucro (no caso das programadoras internacionais) ou compra de programação e direitos de veiculação sobre eventos, como os esportivos. Segundo o presidente da Ancine, Manoel Rangel, o mecanismo estará em vigor entre agosto e setembro deste ano. “Pretendemos trazer R$ 42 milhões em negócios com esse mecanismo”, diz Rangel. As televisões começam a calcular quanto isto deve representar em seus

orçamentos. O diretor artístico e de programação da Record, Hélio Vargas, estima que a emissora deva trabalhar com orçamentos anuais de US$ 2 milhões para financiar obras co-produzidas com produtoras independentes usando recursos do Artigo 3ºA. “Estamos interessados em todos os tipos de formatos, como séries, documentários, filmes e até animação”, revela. “Até porque ninguém está com essa bola toda para rejeitar recursos (originados de benefícios fiscais)”. A exceção será para formatos de dramaturgia. Segundo Vargas, a produção de novelas tem um modelo de negócio diferente, que faz necessária a produção interna. “Hoje a receita das vendas de novelas para o exterior é muito importante para financiarmos novas produções e estamos trabalhando para aumentar

nosso banco de autores, diretores e elenco para poder contar com a venda internacional”, comenta. Vargas diz que procura projetos em que seja mais simples identificar o volume de investimento publicitário no negócio. “Se um projeto já tem um modelo de publicidade idealizado, realizaremos”, garante o diretor da Record. O BNDES também apontou novas linhas de financiamento para a produção independente, que estão em formatação no banco. Uma delas será voltada ao financiamento de coproduções internacionais, permitindo que produtores brasileiros que contem com um co-produtor e um canal internacional bancando parte de um projeto, e um canal de televisão nacional atrelado à exibição do conteúdo no Brasil, possam contar com recursos reembolsáveis para a produção. A garantia para o financiamento poderia ser, entre outras, a participação na renda obtida com a venda do conteúdo no mercado internacional. A outra linha, também em fase de análise e formatação, seria uma ação de incentivo para veiculação de obras independentes na televisão. Segundo Luciane Gorgulho, chefe do Departamento de Economia da Cultura do banco, trata-se de um investimento não retornável em conteúdos, já vinculados à exibição em uma emissora de TV. Trata-se de um projeto nos moldes do Documenta Brasil, no qual o

“Pretendemo trazer R$ 42 milhões em negócios com o artigo 3ºA, que estará em vigor entre agosto de setembro.” Manoel Rangel, da Ancine

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Ministério da Cultura e a Petrobras financiaram parte das produções, que serão exibidas no SBT. Segundo Luciane, o BNDES acha necessário fazer uma ação de fomento nãoreembolsável para a produção independente de TV, como já faz para o cinema. Artigo 39 Já bem conhecido das programadoras internacionais e dos produtores independentes, o Artigo 39 da MP 2228-1, segundo números apontados pela Ancine, não está sendo completamente utilizado. O mecanismo possibilita que as programadoras internacionais de TV por assinatura se beneficiem da isenção do pagamento da Condecine,

Luciane Gorgulho, do BNDES: nova linha em formatação financiará co-produções internacionais. caso invistam 3% do valor da remessa de recursos ao exterior na produção de obras audiovisuais brasileiras de produção independente. Até o final de 2006, 69 obras se beneficiaram com recursos do mecanismo. Os números apontados pela Ancine mostram que, até o final de 2006, foram recolhidos R$ 60,59 milhões através do artigo 39, mas que apenas R$ 44,82 milhões foram efetivamente utilizados no período. Segundo Luiz Fernando Noel, superintendente de fomento da Ancine, a queda no uso do mecanismo se deve à contratação de produções mais baratas. Vale lembrar, grandes valores recolhidos

pela HBO foram captados para três grandes produções do canal: “Mandrake”, da Conspiração; “Filhos do Carnaval”, da O2 Filmes; e uma terceira série, ainda em fase de produção com a Gullane Filmes, de São Paulo. Segundo Noel, os valores captados devem voltar aos patamares anteriores com a volta de algumas produções mais caras, como a segunda temporada de “Mandrake”. A maioria das produções que usam o Artigo 39, segundo Noel, custa entre R$ 150 mil e R$ 300 mil. O mecanismo do Artigo 39 recolhe, em média, R$ 15,13 milhões por ano, pouco mais de um terço do valor que a Ancine espera injetar no mercado o artigo 3ºA da Lei do


( making of )

Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Produção minimalista

A

otimizar o tempo. Em todos eles, os personagens desfilam em frente à câmera parada, sobre um fundo texturado que lembra papéis de presente. “A campanha foi muito ousada por sua simplicidade. Às vezes fazer o mais simples é mais complicado”, explica o diretor Eric Laurence. “Cada filme tinha sua personalidade, mas seguindo a mesma linguagem.” A intenção do diretor era transformar o cenário do filme em um ambiente praticamente bidimensional. Mas mesmo com a câmera parada, os móveis ficavam em perspectiva. “Falseamos a posição dos móveis, especialmente os que estavam nos cantos. Viramos o suficiente para tirar a sensação de perspectiva. Tudo tinha que agir para enfatizar a ação dos atores, que era pequena mas precisa.” A direção de arte e o figurino foram produzidos segundo os tons predominantes de cada filme e, na telecinagem, as cores foram reforçadas.

fotos: divulgação

ssim que a agência Rique, Gusmão & Azevedo, de Recife, ganhou a conta do Shopping Jardins, de Aracaju, realizou uma pesquisa nos intervalos comerciais da programação de TV de Sergipe. A pesquisa demonstrou que os filmes produzidos ali são muito coloridos e com trilhas animadas. A intenção do cliente, porém, era a de ter uma imagem de sofisticação. No ano passado, a agência criou uma série de comerciais em preto e branco para o shopping. Este ano, a opção foi por uma linguagem minimalista, com apenas uma cor predominando em cada filme dessa série de cinco comerciais. “Estamos sempre propondo opções estéticas e de trilha que criam um contraste dentro do intervalo comercial”, afirma o diretor de criação Ricardo Rique. A campanha que hoje está no ar tem cinco filmes, um institucional e outros quatro para cada uma das principais datas comemorativas do calendário brasileiro. Assim, já foram ao ar os filmes de Dia das Mães e dos Namorados. E ainda serão exibidos os filmes de Dia dos Pais e Natal. Sempre com um cenário minimalista, composto apenas de um fundo com alguns quadros ou móveis, os atores interagem com pacotes de presente e, no final, a luz é apagada para entrar a assinatura em fundo preto. A trilha, também muito minimalista, dá o clima. Os roteiros têm uma pitada de nonsense, com um casal, por exemplo, vestido de caixas de presente ou uma criança enrolada em luzinhas natalinas. Todos os filmes foram produzidos ao mesmo tempo e a filmagem foi feita com a montagem de três cenários de cada vez, para

fichatécnica

Filmes adotaram cores simples para se diferenciar nos breaks comerciais da TV em Sergipe.

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Cliente Shopping Jardins Agência Rique, Gusmão & Azevedo Direção de criação Ricardo Rique Produtora RTV Produções Direção Eric Laurence Dir. de fotografia Juarez Pavelak Coord. de prod. João Miguel Direção de arte Renata Pinheiro Montagem Ari Arauto Comp. gráfica André Farkatt Trilha Onomatopéia/ Carlinhos Borges Finalização Link Digital


Espetáculo circense giros de até 360º”, conta o montador Rodrigo Elias. As imagens gravadas em high speed ajudaram a dar mais beleza aos movimentos, continua Elias. “Essa forma de gravação permite que a gente mude a velocidade conforme o tipo de movimento. Na cena da cama elástica, por exemplo, fizemos um slow motion a partir de uma imagem captada a 300 quadros por segundo.” Entre uma cena e outra, foram usados recursos de computação gráfica com animação de partículas. “Fizemos esse estudo de transição em um animatic, assim que o roteiro ficou pronto. Assim tivemos maior controle sobre o resultado”, diz.

“Giro”: captação em high-speed permitiu controle da velocidade na hora da edição.

P

ara divulgar o novo espetá­ culo que a Universidade Livre do Circo (UniCirco) está apresentando no parque de diversões Hopi Hari, em São Paulo, a QG Propaganda criou este filme que mostra um pouco do talento dos artistas circenses participantes. O novo espetáculo se chama “Giro” e foi a partir dessa idéia que o filme foi criado. “Usamos a idéia dos movimentos circulares, dos giros feitos em todas as atrações, para demonstrar o que será visto”, explica a redatora Alessandra Pereira.

As atrações mostradas são imagens do próprio elenco do espetáculo, captadas com câmera digital em high speed, com fundo verde para recorte. Em geral, os artistas foram captados separadamente ou em duplas, e o conjunto de cada número foi montado na composição, em pós-produção. Depois de captadas as imagens das atrações, a equipe de produção fotografou os cenários do espetáculo. Os artistas foram recortados e aplicados sobre os fundos, criados em 3D sobre as fotos dos cenários. “A composição de imagens previa essa liberdade para fazer

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fichatécnica Cliente Hopi Hari e UniCirco Agência QG Comunicação Criação Sérgio Lopes e Paulo André Bione Dir. de Criação Paulo André Bione e Alessandra Pereira Produtora Black Maria Filmes Direção Afonso Poyart Dir. de fotografia Raul Pedreira Coord. de prod. Angela Farinello Montador Rodrigo Elias Pós-Produção Mary Post Trilha Menina Produtora

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( internet )

Daniele Frederico

d a n i e l e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Nordeste online

Site exibe conteúdo de produtoras e emissoras nordestinas para estrangeiros.

E

nquanto a TV digital não chega, Marcelo Veiga encontrou, da Paraíba, a sua própria maneira de fazer a interatividade chegar à TV. Ele montou há três anos uma “rede de TVs interativas online”, com o nome Bigbrasil.tv (www.bigbrasil.tv). Esse site ganhou interface de TV, com direito a um seletor de canais, e expandiu-se para outros estados nordestinos. Estava formada a Rede Bigbrasil.tv, com 12 TVs interativas online, sendo Bigbrasil.tv: “canais” arrendados a produtoras e emissoras. uma internacional e 11 nacionais, estas veiculando conteúdo de quantas vezes quiser aquela programação. produtoras independentes e de canais Para os produtores é ter espaço ilimitado de TV especialmente do Nordeste. e preços equivalentes a cerca de 10% do O primeiro estado a ganhar um espaço televisivo. “O cliente que comprava endereço eletrônico foi a Paraíba, em 30 minutos na TV, passa a ter mais 2005. Hoje, cada estado nordestino espaço”, diz. “Além disso, a Internet é ganhou a sua TV, como Pernambuco um território livre, não é necessário ter (www.pernambuco.tv) e Ceará concessão de ninguém”. (www.ceara.tv). Bahia e Sergipe são Para conseguir um canal na rede, só os únicos estados que não têm a é preciso ter o programa em plataforma terminação “.tv”. digital. Quando o assunto é conteúdo, no A programação está focada entanto, há critérios que o fundador do basicamente no turismo nordestino. sistema impõe, como a não-aceitação de Segundo Veiga, esse tipo de conteúdo conteúdos que contenham violência, por tem atraído especialmente os exemplo. Ele também faz uma triagem do estrangeiros, já que a região é um conteúdo religioso para decidir o que entra pólo turístico. “Dos cerca de sete e o que não entra. milhões de usuários mensais da rede toda, cerca de 80% dos Modelo de negócios acessos são estrangeiros, Os programas podem liderados pela comunidade ser transmitidos com brasileira no Japão”, anúncios do patrocinador enumera. de quem comprou o espaço, Na rede toda, estão ou anunciantes da própria disponíveis 999 canais, que Bigbrasil.tv. Veiga diz que podem ser arrendados por tem negociado dire­tamente produtores ou emissoras com os anunci­antes, já para transmitir a sua que as agências ainda programação. Segundo apresentam, segundo ele, Veiga, a vantagem para resistência ao meio digital. os usuários é poder ver Permutas feitas com Marcelo Veiga, da Bigbrasil.tv

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produ­tores e emissoras permitem à BigBrasil.tv colocar chamadas na TV aberta, que levam o público aos endereços eletrônicos. Ele admite que são esses comerciais e chamadas que alavancam a audiência on­ line das atrações. “A TV aberta está longe de alcançar interativi­ dade, mas ela tem uma audiên­ cia significante. Hoje tenho mais de 30 chamadas na TV aberta. São elas que aumentam a nossa audiência”, diz. Os contratos são feitos caso a caso, mas normalmente duram de seis meses a um ano. O ideal é que os programas sejam semanais e de até meia hora, com possibilidade de reprise. Veiga diz que, embora tenha alugado um servidor americano, ainda não é possível ter muitos usuários conectados ao mesmo tempo na rede, e por isso não há ainda conteúdos ao vivo. Para atender à demanda por produções, foi montada na sede da rede em João Pessoa uma pequena estrutura de produção, com estúdio, ilhas de edição, ilhas de gravação, e equipe de seis funcionários. O próximo passo de Veiga é a expansão da rede para outros estados brasileiros e o aprimoramento da Bigplanet.tv, criada recentemente e que conta com 10% de investimento do Google. No momento, ele tem buscado investidores internacionais para o projeto mundial, mas lembra que o seu foco ainda é o Nordeste. “Uma emissora de TV do Nordeste tem, por exemplo, 80% de programação nacional e 20% regional. E essa produção regional quer ser vista a nível nacional e internacional”, conclui.


N達o disponivel


( broadcast)

Samuel Possebon

s a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Reserva de mercado Além do argumento em defesa dos interesses nacionais, emissoras de TV falam abertamente que querem preservar seu espaço econômico na produção e a programação de conteúdos voltados a brasileiros

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ntendo que é possível realizarmos parcerias com as empresas de telefonia, mediante alguma contrapartida pecuniária. O que precisamos são políticas públicas que nos resguardem caso estas mega empresas resolvam competir na produção e programação de conteúdo”. Esta frase, proferida por Daniel Slaviero, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) na abertura da última edição do congresso da entidade, realizado no final de maio, sintetiza uma disputa que, tudo indica, continuará sendo travada entre TVs e empresas de telecomunicações, as tais “mega empresas” a que Slaviero se referiu. Como a própria frase mostra, é uma disputa que tem um claríssimo componente comercial, uma disputa pelo resguardo de um espaço econômico. A cada ano, o Congresso da Abert mostra mais claramente a preocupação das emissoras de televisão em proteger seu mercado. O medo das teles pode parecer sem sentido quando, do outro lado, as mensagens são em tom conciliador. O presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, tratou de dar a mensagem das teles: “parece que a gente é o bicho-papão que vai engolir a radiodifusão, e não é nada disso; é justamente o contrário. Será que os radiodifusores não gostariam de receber por mês uma quantia pecuniária para que possamos distri-

fotos: arquivo

buir por outros meios essa programação fantástica? Podemos contribuir criando um novo modelo de negócios para os radiodifusores. Queremos parcerias. Não queremos polarizar, porque somos complementares. Não queremos ser radiodifusores e não vamos ser”. Mas o receio das emissoras de TV não é afastado apenas com palavras. Regras são importantes. “Embora a evolução seja inexorável, isto não pode ser pretexto para deixarmos de lado alguns princípios constitucionais. Nós, radiodifusores, temos inúmeras restrições e obrigações. Somos todos brasileiros, temos responsabilidade pelo conteúdo e veiculamos horário político eleitoral. Nossa concessão de operação é local, nosso modelo de negócio é baseado

“Precisamos de políticas que nos resguardem se as teles resolverem investir em conteúdo.”

Mercados discrepantes O mercado tradicio-

Daniel Slaviero, da Abert

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exclusivamente no mercado publicitário e oferecemos informação, cultura e lazer a 100% da população sem custo”, disse Daniel Slaviero. Não é, portanto, por acaso que no Congresso Nacional, onde as emissoras de TV se fazem ouvir, haja tantas iniciativas de mudanças na legislação ou criação de novas regras para, justamente, resguardar o mercado de produção, programação e provimento de conteúdos brasileiros a brasileiros. E como os maiores produtores e provedores de conteúdo são as emissoras de TV e os grupos de mídia nacionais, é o mercado destes grupos que se busca resguardar.

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nalmente reservado aos grupos de mídia no Brasil não é pequeno. É um mercado de aproximadamente R$ 27 bilhões (ver tabela), desconsiderada ainda a indústria de cinema e DVD, preponderantemente dominadas por empresas estrangeiras. Mas é pequeno comparativamente ao volume de dinheiro girado pelas telecomunicações (cerca de R$ 120 bilhões, somando-se telefonia fixa e móvel). Sobretudo para as emissoras de televisão, a única fonte de financiamento, como bem lembra o presidente da Abert, está na publicidade. E o mercado publicitário em 2006 foi de pouco mais de R$ 17,4 bilhões, dos quais pouco mais de R$ 10,4 bilhões destinados à TV, segundo números do Projeto Intermeios. O problema para as emissoras de TV, que hoje são as principais produtoras de conteúdo no Brasil, é garantir que elas não enfrentarão concorrência, que eventualmente poderia ser predatória, considerada a diferença de tamanho. Esta concorrência a ser evitada aconteceria em duas frentes: em uma delas, a frente de disputa pelo mercado publicitário, setor em que a Internet e a TV paga (ambos com forte presença de grupos estrangeiros) crescem ano a ano, e sobre a qual os provedores de conteúdos para celular (muitos dos quais estrangeiros) pretendem avançar. Na outra frente, a disputa tende a se dar pelos insumos que fazem a televisão ser forte como é hoje mas que são essenciais a outros meios audiovisuais. Insumos como talentos artísticos e técnicos, produções independentes, direitos e eventos de qualquer natureza (esportivos e artísticos). Novos veículos comprando estes insumos significa maior demanda e maior preço, alterando a equação de custos das emissoras. Esta é mais ou menos a preo-

“O Brasil quer ser um produtor de conteúdos, não um mercado consumidor de produtos.” Evandro Guimarães, da Globo cupação do ministro Hélio Costa, das Comunicações: “ao falarmos de convergência, é preciso ver como a radiodifusão vai interagir com as telecomunicações, sem perder espaço, sem ceder um centímetro de espaço”, declarou no congresso dos radiodifusores.

meio de comunicação social eletrônica deverão ter sua produção e programação pautadas pelos princípios de preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente; regionalização da produção cultural, artística e jornalística (“conforme percentuais estabelecidos em lei”); e respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Ao lembrar que a Constituição é desigual para radiodifusores e empresas de telecomunicações, permitindo, por exemplo, o controle das teles por empresas estrangeiras, Guimarães ressaltou que a “assimetria que existe atualmente escraviza e amarra a radiodifusão” mas que a regulamentação não pode ser uma interferência. “Pedimos que o Congresso não fique fascinado com o que a tecnologia pode fazer. Ou fazemos uma defesa do setor ou mudamos a Constituição, porque, do jeito que está, as regras estão muito desiguais, prejudicando o setor de radiodifusão”. A Constituição, como se recorda, foi alterada em 28 de maio de 2002 para permitir a entrada de capital estrangeiro em empresas de radiodifusão e também para introduzir no Artigo 222 a expressão “meio de comunicação social eletrônica”, até então inexistente. Naquela ocasião, há cinco anos, não houve preocupação do Congresso em limitar o capital das empresas exploradoras destes meios de comunicação.

Interesse nacional Mas existe, também, o argumento relacionado aos interesses soberanos do país, e é neste campo que as emissoras de televisão costumam navegar com maior conforto, dada a sua importância como meio de comunicação preponderante há pelo menos quatro décadas e penetração muito próxima da totalidade do território brasileiro. Isso fica claro pelas palavras de Evandro Guimarães, vice-presidente de relações institucionais da TV Globo. Não é de hoje que Guimarães defende esta bandeira, e mais uma vez colocou isso, de maneira clara, durante o Congresso da Abert. “As novas plataformas tecnológicas não devem fugir da mãe do marco regulatório brasileiro, a Constituição, e o Brasil, por meio de sua Constituição, tem o projeto de ser um produtor de conteúdo cultural. O Brasil quer ser produtor de conteúdos, não ser um mercado consumidor de produtos”. A Constituição brasileira fala em seu Artigo 220 que a “manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição” e que emissoras de rádio e televisão e qualquer

“Podemos contribuir, criando novas receitas para os radiodifusores.”

TV paga A tese manifestada pelos radiodifusores

Ricardo K., da Brasil Telecom

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( broadcast) O mercado de comunicações no Brasil em 2006 Faturamento em R$ bilhões

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60 50

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10.3 5.5

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a a bert atur ais* TV a ** assin Jorn r rnet o *** p V Inte T istas Rev

0.73 io a Rád foni Tele Fixa

a foni Tele óvel M

R$ 27 bi R$ 120 bi

Total do mercado de mídia e Internet Total do mercado de telecom

Fonte: Cálculo de TELA VIVA baseado nos números do Projeto Intermeios (Dez. 2006) e estimativas sobre dados da ANJ, ANER, ABTA e balanços das operadoras. * O total do setor de jornais foi estimado considerando-se a receita publicitária como 60% da receita total. ** O total de Internet considerou as receitas publicitárias e as estimativas de mercado com comercialização de acesso e venda de conteúdos e serviços. *** O total do setor de revistas foi calculado estimando-se a receita publicitária como 50% do total.

“meio de comunicação social eletrônica”, até então inexistente. Naquela ocasião, há cinco anos, não houve preocupação do Congresso em limitar o capital das empresas exploradoras destes meios de comunicação.

dos. Querem apenas “distribuir a pizza” (metáfora para conteúdo), nas palavras do presidente da Telefônica no Brasil, Antônio Carlos Valente. Desta forma, as teles querem se colocar em confronto apenas com as empresas de TV por assinatura, que também criticam a chegada destes novos competidores. O que as teles que-

TV paga A tese manifestada pelos radiodifusores ganhou a simpatia do deputado Jorge Bittar (PT/RJ), um parlamentar tradicionalmente identificado com o setor de telecomunicações. “A produção do conteúdo nacional tem que ser controlada por brasileiros e a programação também tem que estar influenciada, senão dominada por brasileiros. Essa área é chave para a produção brasileira não ficar isolada”, afirmou o parlamentar, em sintonia com o senador Wellington Salgado (PMDB/MG). O embate sobre estas questões tem ficado restrito às teles e aos grupos de mídia nacionais, sobretudo as emissoras de TV. As teles, com um discurso apaziguador, têm dito que não pretendem produzir conteú-

rem é o fim das restrições colocadas na Lei do Cabo e nos contratos de concessão das empresas de telefonia local, restrições estas que limitam o avanço das teles (locais) no mercado de cabo. E por falar em TV a cabo, apareceu uma novidade importante para elas durante o Congresso da Abert: pela primeira vez as emissoras de televisão aberta estão vislumbrando a possibilidade de romperem um casamento forçado justamente com estas operadoras. A união se deu na Lei do Cabo, de 1995, que estabeleceu a obrigatoriedade de que todas as operadoras de cabo levassem a seus assinantes os sinais das geradoras abertas locais. Alexandre Jobim, advogado da Abert, criticou este modelo, conhecido como “must carry” dos canais abertos. E defendeu que os radiodifusores sejam remunerados por este conteúdo pelas operadoras de cabo. Contou com o apoio surpreendente do deputado Jorge Bittar, mas sofreu críticas do conselheiro da Anatel Pedro Jaime Ziller, para quem os canais abertos devem estar disponíveis a todos, gratuitamente.

Conteúdos: novo projeto limita grupos estrangeiros

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m 2005, o então senador Maguito Vilela propôs uma emenda constitucional para que todas as empresas que fizessem produção, programação ou provimento de conteúdos voltados a brasileiros seguissem as mesmas regras hoje seguidas pelo setor de TV, qualquer que seja o meio, incluindo Internet. O então deputado Luiz Piauhylino foi pelo mesmo caminho, propondo um projeto de lei com conteúdo muito semelhante. As duas idéias foram engavetadas em 2006, com o término dos

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mandatos dos dois parlamentares. No início deste ano, o deputado Nelson Marquezelli (PTB/SP) apresentou o Projeto de Lei 70/2007, que basicamente repete os fundamentos das propostas de Vilela e Piauhylino. E no final de maio começou a tramitar no Senado o PLS 280/2007, do senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA), que tem a mesma fundamentação, mas é ainda mais abrangente, pois interfere em regras para a

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foto: agência estado

( broadcast)

Senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA): restrição total a estrangeiros na produção e distribuição de conteúdo.

ainda mais abrangente, pois interfere em regras para a TV por assinatura. A principal restrição colocada diz respeito ao capital e gestão das empresas. O capital precisa ser majoritariamente brasileiro, assim como devem ser brasileiros os executivos que decidem pelas empresas. Com isso, a espanhola Telefônica, no caso de empresas de telefonia fixa, ou teles celulares como TIM, Claro e Vivo (todas com controle 100% estrangeiro) ficariam extremamente limitadas na exploração de conteúdos destinados a brasileiros. Mas há um outro grupo de empresas ainda mais afetadas pela proposta: as empresas de Internet. Grupos como Google ou Yahoo (que produzem e gerenciam grandes quantidades de conteúdos e serviços plenamente acessíveis a brasileiros), ou a Apple (que gerencia a comercialização de conteúdos pelo iTunes), a Microsoft ou mesmo iniciativas como o MySpace, YouTube ou novas plataformas de distribuição de mídia digitais, como o Joost, entre outras, poderiam ficar extremamente limitadas no Brasil. Isto porque entre os principais pontos do projeto do senador Flexa Ribeiro estão: 1) A determinação de que as atividades de produzir, programar e prover conteúdo brasileiro para distribuição por meio eletrônico,

independentemente das tecnologias utilizadas (incluindo Internet, celular e qualquer outro meio), são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou empresas jurídicas nas quais ao menos 51% do capital total e do capital votante pertençam, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados. 2) A gestão das empresas que façam a seleção, direção e controle efetivo da produção, programação e provimento de conteúdo, bem como a responsabilidade editorial, são privativos do sócio ou grupo de sócios controladores brasileiros, exercida diretamente ou por meio de representantes brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. 3) As teles ficam sujeitas à multa de R$ 100 mil a R$ 5 milhões por infração, a ser imposta pela Anatel em caso de descumprimento da lei. E caso a infração seja cometida por prestadora de serviços de telecomunicações ou por sua controladora, controlada, ou coligada, também há sanção de caducidade da concessão ou da autorização em caso de reincidência. 4) A Lei do Cabo (Lei 8.977/95) é alterada em seu parágrafo 4.º do artigo 23 de modo que acaba a obrigação das operadoras de cabo de levarem os sinais das geradoras de TV aberta. Na redação proposta pelo senador, o parágrafo alterado ficaria assim: “As geradoras locais de TV poderão, a seu exclusivo critério, restringir a distribuição dos seus sinais”.

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5) O projeto do senador também limita às concessionárias de telefonia fixa (STFC) na modalidade local a prestação do serviço de TV a cabo em suas respectivas áreas de concessão “após dez anos da edição desta lei, salvo nas localidades em que não exista outorga em vigor”. 6) O projeto ainda propõe a revogação do inciso II do artigo 7º da Lei do Cabo. É o inciso que limita a 49% do capital votante o total que pode ser controlado por empresas estrangeiras nas concessionárias de cabo. 7) O projeto muda as definições de programadora, programação internacional e programadora internacional definidas pela MP 2.228/01. Pela proposta do senador Flexa Ribeiro, programação e provimento passam a ser “a atividade de seleção, organização ou formatação de conteúdo em canais, sítios em redes interligadas de computadores ou qualquer outra modalidade de apresentação em meios eletrônicos, bem como a definição das condições de sua exploração comercial, incluindo aí a interatividade, a venda de publicidade e a entrega para posterior distribuição por meio eletrônico”. 8) Na definição do projeto do senador, conteúdo brasileiro é qualquer um que seja: a) direcionado originalmente ao público brasileiro, em especial quando produzido em língua portuguesa, no todo ou em parte significativa, inclusive por meio de dublagem; ou b) que envolva participação significativa de profissionais brasileiros, tais como autores, roteiristas, diretores, jornalistas, apresentadores, locutores, atores ou outros artistas; ou c) que contenha sons e imagens da transmissão de eventos realizados no território nacional ou dos quais brasileiros participem de forma preponderante, nos campos cultural, artístico ou desportivo.


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(audiência - TV paga) SporTV volta ao top 3

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Foto: divulgação

epois de um 2006 de Copa do Mundo, em que o SporTV figurou em 4° lugar no alcance médio entre o público adulto, e um começo de 2007 morno, o canal esportivo volta a aparecer no top 3 no mês em abril. Campeonato Paulista, Taça Libertadores e Copa do Brasil foram alguns dos torneios transmitidos em abril pelo SporTV. O canal ficou com 10,5% do alcance médio, entre os 51,4% de alcance diário médio registrado no público de 18 anos ou mais. Os líderes do ranking foram TNT e Multishow, respectivamente, seguidos de SporTV, Globo News e Universal Channel (empatados com 10,2% do alcance) e Warner Channel. O levantamento do Ibope Mídia considera o total de indivíduos

Futebol no SporTV: canal recupera posições perdidas no ranking no início do ano

assinantes nas seguintes praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal. Nesses locais, os canais registraram um alcance diário médio de 51,4% ou 2,521 milhões de pessoas por dia. O tempo médio diário de audiência foi de 2 horas e 11 minutos. Entre os canais voltados ao público infanto-juvenil, o Cartoon Network segue a tendência de meses anteriores e se mantém na primeira posição do ranking com 23% do alcance médio diário. Em seguida, estão os canais Nickelodeon, Disney Channel, Multishow e Discovery Kids. O alcance médio total foi de 54,9%, ou 580 mil indivíduos de 4 a 17 anos, com um tempo médio diário de audiência de 2 horas e 14 minutos. (Daniele Frederico)

Alcance e Tempo Médio Diário

Total canais pagos TNT Multishow SporTV Globo News Universal Channel Warner Channel AXN Discovery Cartoon Network Fox Sony National Geographic GNT Telecine Premium People & Arts SporTV 2 HBO Telecine Pipoca Discovery Kids Nickelodeon

De 4 a 17 anos*

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 51,4 2.521 2:11:40 14,8 728 0:31:13 12,5 614 0:17:56 10,5 513 0:33:31 10,2 502 0:27:47 10,2 499 0:29:39 10,0 493 0:30:23 9,9 485 0:26:54 9,7 475 0:20:26 8,8 434 0:30:32 8,5 418 0:19:31 7,8 383 0:23:38 7,5 370 0:17:52 7,4 361 0:19:52 6,8 333 0:27:12 6,6 325 0:18:41 6,4 315 0:16:53 6,2 305 0:21:23 5,8 286 0:28:02 5,8 284 0:48:18 5,7 281 0:22:33

*Universo 4.910.300 indivíduos

Total canais pagos Cartoon Network Nickelodeon Disney Channel Multishow Discovery Kids TNT Jetix SporTV Discovery Fox Warner Channel AXN Telecine Premium Universal Channel Telecine Pipoca National Geographic HBO Boomerang People & Arts Globo News

*Universo 1.055.700 mil indivíduos

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(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 54,9 580 2:14:46 23,0 242 1:00:27 13,7 144 0:40:59 13,4 142 0:58:19 13,1 139 0:26:49 13,0 137 0:58:49 10,8 114 0:25:49 8,8 93 0:47:29 7,4 78 0:31:20 6,8 72 0:29:41 6,1 65 0:22:29 6,1 64 0:17:56 5,7 61 0:15:55 5,0 53 0:26:58 5,0 53 0:20:41 4,7 50 0:26:55 4,7 50 0:21:19 4,7 49 0:20:55 4,5 48 0:22:27 4,5 47 0:21:38 4,3 46 0:11:29

Fonte: IBOPE Telereport — Tabela Minuto a Minuto —

Acima de 18 anos*


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( upgrade ) fotos: divulgação

Conversão DVI - HD

Correção de cor

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DSDI-20 permite passar sinais do computador para o vídeo em alta definição.

Doremi Labs lançou na última NAB um conversor de sinais DVI para HD de baixo custo, o DSDI-20. O compacto aparelho converte sinais DVI de até 1920x1200 pixels para vídeo SDI de alta definição ou definição padrão. O formato analógico VGA também é suportado, através de uma entrada DVI-I. Como aparelho, uma imagem gerada em computador (DVI) pode ser gravada ou transmitida em equipamentos broadcast. A saída de alta definição HD-SDI garante a qualidade dos detalhes e das fontes (letras) pequenas da imagem de computador quando convertidas para vídeo. O DSDI-20 suporta os formatos NTSC, PAL e diversos formatos HD, incluindo 1080i, 1080p e 720p. O preço sugerido do equipamento nos EUA é de aproximadamente US$ 1.000.

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briga pelo mercado de soluções de correção de cor vem esquentando. Não só a Apple entrou na disputa com a nova versão da suíte Final Cut, que traz um corretor de cor embutido, mas a Avid vem trabalhando com parceiros para garantir sua presença nas finalizadoras e nas infra-estruturas de custo mais baixo. A Digital Vision demonstrou na última NAB suporte aos ambientes de pós-produção da Avid com suas soluções de correção de cor. A empresa foi a primeira a dar suporte ao codec proprietário da Avid, o DNxHD, o que tornou mais ágil a correção de cor tanto em ambientes de broadcast quanto filme. Ao dar suporte nativo ao codec da Avid, e à arquitetura de rede Unity MediaNetwork 5.0, a Digital Vision passou a permitir que se trabalhe com formatos como MXF e Quicktime sem a necessidade de transcodificação ou duplicação do conteúdo bruto.

Aquisição wireless

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JVC e a Broadcast Microwave Services (BMS) apresentaram uma nova solução para aquisição de conteúdo usando links sem fio. Trata-se de um equipamento conectado à câmera que grava e transmite usando microondas. O HD MiniCoder, desenvolvido pela BMS, é compacto, ocupando o espaço de uma bateria. Destinado ao mercado de produção de jornalismo, o HD Mini-Coder permite trabalhar com captação 60p HD. A solução completa, com câmera, lentes, transmissor e um receptor, pode ser configurada por menos de US$ 30 mil, menos de um terço do preço das soluções existentes no mercado. A solução usa uma câmera da sé-

rie ProHD 200, com um encoder que gera um stream MPEG-2 de alta qualidade. O HD Mini-Coder aceita o sinal comprimido da câmera a até 20Mbps, através

HD Mini-Coder: gravação e transmissão em 60p HD.

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da porta IEEE 1394 (FireWire), e modula em um sinal 64-QAM, transmitindo através de uma modulação COFDM com banda de 8 MHz em um canal de 2 GHz.

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(upgrade ) Streaming com qualidade de TV

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om a popularização do acesso à Internet de banda larga, a possibilidade de uso do vídeo na Internet fez surgir diversos formatos e comunidades. Durante um tempo, a concorrência entre os diversos players de vídeo foi acirrada, cada um tentando impor seu formato de compressão ao mundo virtual. Mas em pouco tempo a praticidade falou mais alto e o padrão Flash, que não exige que o usuário baixe um plug-in específico e funciona em praticamente todo tipo de plataforma, passou a predominar. Os maiores sites de streaming de vídeo, como You Tube ou Videolog, no Brasil, usam o Flash como player. Mas o vídeo na Internet começa a dar um passo adiante, oferecendo novas oportunidades de negócio e novas formas de interação. Parece que agora a Internet vai cumprir a promessa de fazer as vezes da televisão. A ZeroUm Digital está trazendo ao Brasil um sistema norte-americano chamado Vividas, que pretende ser uma opção para empresas que pretendem oferecer vídeos de qualidade em seus sites, ou para exibidores que queiram fornecer conteúdo com mais segurança. O sistema também não exige a instalação de um plug-in específico e

Virid: plataforma para distribuição de conteúdo.

começa a ser exibido assim que o usuário aciona o vídeo. A qualidade é equivalente ao DVD, em tela cheia quando o usuário tem conexão de banda larga. Mesmo em conteúdos mais longos, como documentários e longas-metragens, o filme passa em tempo real. A idéia do sistema não é promover o compartilhamento de vídeos domésticos, mas criar uma plataforma de conteúdo que possa ser fornecido por assinatura ou com patrocínio. Atualmente, a Sony está oferecendo trailers de filmes em seu site internacional com o uso do sistema. Os arquivos são armazenados em grandes servidores internacionais, com “mirrors” em diversos países. O serviço prestado inclui a digitalização e o encodamento do vídeo, além da hospedagem

e do sistema de gerenciamento. A intenção é expandir o formato para que o preço se torne competitivo a ponto de os consumidores pagarem para assistir a seus programas prediletos. A exibição pode, inclusive, ser ao vivo. Durante a Copa Libertadores desde ano, por exemplo, o canal Fox norte-americano ofereceu aos internautas dos Estados Unidos e Europa pacotes de transmissão ao vivo de jogos, usando o Vividas. “Funcionou como um sistema de pay-per-view”, explica um dos sócios da ZeroUm Digital, Guilherme Coelho. O site Videolog, que hospeda vídeos domésticos a exemplo do YouTube, trabalha hoje com a tecnologia Flash, e está criando um modelo de negócios para atender empresas que desejam explorar o potencial do vídeo na Internet. Segundo o diretor do site Ariel Alexandre, é possível hoje usar o espaço e a tecnologia do site para criar promoções virtuais que usem vídeos enviados pelos usuários. “Criamos um sistema profissional, que permite ao usuário se inscrever no nosso site e usar a nossa estrutura, mas com os vídeos sendo abertos no

Novo servidor

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Ross Video apresentou na última NAB uma nova linha de servidores de vídeo. Segundo o fabricante, os servidores SoftMetal proporcionarão uma produção mais integrada com os switchers Synergy Digital e os controles OverDrive. A linha SoftMetal trabalha com multi-resolução, suporta ambiente de produção de gráficos, tem arquitetura cliente/servidor para controle da distribuição do conteúdo, servidores baseados em IT, e codecs em software. A conversão de clipes de HD para SD e vice-versa se dá automaticamente, conforme eles são exibidos. A arquitetura de cliente/servidor conta com softwares escritos em Java na ponta do cliente, permitindo o uso de computadores Windows, Mac ou Linux.

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SoftMetal, da Ross: integração com os switchers Synergy Digital.

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Cinema digital

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s profissionais de cinema que foram à última NAB, em abril, voltaram com uma pulga atrás da orelha. No evento, um equipamento foi apresentado como uma revolução na cinematografia digital, tanto em relação à qualidade de captação, quanto em relação ao preço do produto. Todavia, o equipamento ainda não foi lançado, contando apenas com protótipos alfa. Mesmo assim, o estande da Red Digital era um dos mais disputados no evento, já que o equipamento conta com suporte de grandes desenvolvedores da área, como a Apple, e de diretores como Peter Jackson (“O Senhor dos Anéis”), que dirigiu o filme “Crossing The Line” para testar o protótipo da Red One. A Red promete muito em seu novo sistema, equipado com um chip de aquisição de imagens CMOS de 12 megapixel (4520 x 2540). A gravação pode ser em frame rate variável, de 1 a 60 fps, nos formatos 2540p, 4K, 2K, 1080p, 720p; 1 a 120 fps, nos formatos

Novo sistema promete captação 4K a custo reduzido.

2K, 720p; e 50/59.94 fps, em 1080i e 720p. A profundidade de campo, segundo o fabricante, é igual à apresentada nas câmeras 35 mm. O corpo da câmera é compacto, pesando cerca de 4 kg, e conta com montagem de lentes PL 35 mm. Além disso, a câmera tem um desenho modular, podendo contra com diversos acessórios, como suporte para lentes pesadas. A Red One conta com saída RAW 2540p, 4K e 2K, além de saídas de vídeo HD-SDI 2K 4:4:4 RGB; 1080p 4:4:4 RGB; 1080p 4:2:2; 1080i 4:2:2; 720p 4:2:2. O mais surpreendente na câmera, que é o que deixa alguns profissionais entusiasmados e outros reticentes, é o preço. O equipamento custará US$ 17,5 mil, um preço muito em conta para um equipamento capaz de trabalhar em 4k. Se a câmera será capaz de revolucionar o custo da aquisição de imagens da mesma forma que o Final Cut foi na pós-produção, só o futuro dirá.

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( agenda ) JUNHO 26 a 29 Sunny Side of the Doc, La Rochelle, França. Tel.: (33-1) 7735-5301. E-mail: international@sunnysideofthedoc.com. Web: www. sunnysideofthedoc.com 29 a 8/7 Anima Mundi — Festival Internacional de Animação do Brasil, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2543-8860. E-mail: info@animamundi.com.br. Web: www.animamundi.com.br.

JULHO

E-mail: info@animamundi.com.br. Web: www.animamundi.com.br.

AGOSTO 7 a 9 ABTA 2007, ITM-Expo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3120-2351. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.abta2007.com.br. 10 a 18 15° Gramado Cine Vídeo e Mercado do Audiovisual, Gramado, RS. Tel.: (54) 3286-6226. E-mail: gcv@gramadosite.com.br. Web: www.gramadocinevideo.com.br

20 a 26 9º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 3291-0524. Web: www.festivaldecurtasbh.com.br.

22 a 24 Set 2006 e Broadcast & Cable , São Paulo, SP. Tel.: (21) 3974-2000. Web: www.set.com.br e www.broadcastcable.com.br

11 a 15 Anima Mundi — Festival Internacional de Animação do Brasil, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3159-1323.

23 a 1°/9 Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3034-5538.

Fax: 3815-9474. E-mail: spshort@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.

SETEMBRO 6 a 10 (conferências) e 7 a 11 (exibição) — IBC. Amsterdam RAI, Amsterdã, Holanda. Tel.: (44-20) 7611-7500. E-mail: registration@ibc.org. Web: www.ibc.org. 19 a 23 Ottawa International Animation Festival, Ottawa, Canadá. Tel.: (613) 232-8769. E-mail: info@animationfestival.ca. Web: ottawa.awn.com 20 e 21 Seminário Satélites 2007, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (11) 3120-2351. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br.


N達o disponivel


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