Revista Tela Viva 258 Junho de 2015

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 24_#258_jun2015

PRODUCÃO EM REDE

Conteúdo online ganha força comercial com o desenvolvimento das multi channel networks no Brasil. ENTREVISTA Diretor geral da ESPN fala sobre a concorrência no mercado de canais esportivos no país

SERVIÇOS Tim lança seu set-top com Netflix e TV paga para concorrer com as operadoras de cabo



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André Mermelstein

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Opção pelo passado

André Mermelstein Fernando Lauterjung Leandro Sanfelice Lúcia Berbert (Brasília) Lizandra de Almeida (colaboradora) Samuel Possebon Bruno do Amaral Letícia Cordeiro Edmur Cason (Direção de Arte) Bárbara Cason (Web Designer) Lúcio Pinotti (Tráfego/Web) Wilson Dias (Assistente) André Ciccala (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Gislaine Gaspar (Gerente) Gisella Gimenez (Gerente) Julia Poggetto (Assistente) Claudia Tornelli Zegaib (Gerente) Marcelo Pressi (Gerente) www.telaviva.com.br assine@convergecom.com.br (11) 3138-4600 telaviva@convergecom.com.br (11) 3214-3747 comercial@convergecom.com.br Ipsis Gráfica e Editora S.A.

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Depois de alguns anos em “hibernação”, o tema da interatividade na TV aberta voltou à tona. O Gired, grupo responsável por definir os parâmetros da migração final para a TV digital terrestre, e o subsequente desligamento das transmissões analógicas (switch-off), decidiu pela inclusão do middleware Ginga C nas caixinhas (set-tops) que serão distribuídas aos beneficiários do Bolsa Família. Em teoria, é uma boa ideia. 14 milhões de famílias receberão uma caixa que permitirá não apenas assistir à TV digital, mas também terão acesso a serviços públicos e comerciais interativos. Na prática, a história é um pouco diferente. Pra começar, a caixa, a se manter o modelo proposto atualmente, não terá modem, ou seja, não será capaz de transmitir informações, apenas receber dados em “carrossel” (informações que chegam automaticamente e são armazenadas no set-top para consulta). Marcar consultas no SUS ou verificar sua situação no INSS, por exemplo, só será possível caso o usuário adquira um modem e contrate uma conexão de banda larga, fixa ou móvel. As empresas de telecomunicação, claro, preferiam uma caixa mais simples e barata, uma vez que são elas que cobrirão o custo da transição, em troca das frequências liberadas com a digitalização. Mas, razões financeiras à parte, vale uma reflexão sobre o objetivo da medida em si. As emissoras de TV nunca se interessaram pela interatividade. Ela funcionou como “argumento de venda” quando se discutiu a implantação da TV digital, mas não houve um esforço concreto em desenvolvê-la, mesmo com a criação do Ginga, considerada, com razão, um feito da engenharia brasileira. O fato é que a interatividade é um problema para as emissoras, porque tira o foco do espectador daquilo que para elas é importante: a programação e seus breaks comerciais. Ainda que o set-top fosse inteiramente funcional, com modem e acesso livre, pode-se questionar sua utilidade. Ou pelo menos, sua atualidade enquanto plataforma de serviços online. Enquanto se discutia a TV interativa, a Internet desenvolveu-se no país, em especial as conexões móveis. A base de usuários de Internet móvel no Brasil subirá de 63 milhões para 83,7 milhões entre 2014 e 2016 segundo a eMarketer. Os smartphones foram quase 94% dos celulares vendidos no Brasil no primeiro trimestre deste ano, cerca de 35% com acesso 4G. Já são 60% da base de aparelhos móveis no país. Sem falar nos tablets, smart TVs etc. O governo, que deixou de lado a ideia da interatividade por alguns anos, parece ser o único interessado em reanimá-la. Não seria então melhor direcionar estes investimentos para a oferta de um acesso popular à Internet a estas famílias, complementar a programas já existentes nesse sentido? Levar às pessoas que mais precisam uma tecnologia do século XXI, e não um arremedo de interação que, de resto, não existe em mais lugar nenhum? Ou teremos, mais uma vez, cidadãos de segunda classe também no plano digital.

CAPA: LESZEK GLASNER/ GRISHA BRUEV/SHUTTERSTOCK.COM

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LESZEK GLASNER/ GRISHA BRUEV/SHUTTERSTOCK.COM

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Online

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Produtores e agregadores encontram um modelo de negócios

Scanner Figuras Regulamentação

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Sky consegue dispensa de cumprimento das cotas de programação previstas na Lei do SeAC

Programação

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Turner lança canal premium para abrigar a Champions League

Entrevista 22

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German Hartenstein, da ESPN, fala da concorrência acirrada entre os canais esportivos

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OTT

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Tim lança caixa com TV aberta, Netflix e serviço de operadora virtual de TV paga

Política

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Cultura e Comunicações sofrem cortes. EBC e Ancine podem perder recursos

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Making of Case

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Documentaristas retratam o brincar e seus significados em todo o Brasil

Case

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Produção para o History contará com reconstituições dos combates da Guerra do Paraguai

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GRÁTIS

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Diversidade, cultura e entretenimento. 2ª

edição

12 a 19, novembro de 2015 SÃO PAULO, SP www.convergecom.com.br 0800 77 15 028 REALIZAÇÃO

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Janine e Berzoini assinam portaria implantando Canal da Educação

Escolha feita

Educativo O ministro das Comunicações Ricardo Berzoini assinou portaria conjunta com o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, para implantação do Canal da Educação, um dos quatro canais públicos previstos no decreto da TV digital. O canal poderá ser assistido por todos os residentes dos municípios onde houver pedido de consignação por parte do MEC. O Canal da Educação poderá veicular até cinco programações diferentes ao mesmo tempo, utilizando o recurso da multiprogramação. Além disso, terá prioridade na faixa do chamado VHF alto, que hoje engloba os canais 7 a 13 da TV analógica. Além do mais, pode contar com os recursos da interatividade, caso os telespectadores desse canal disponham de um sep-top box com Ginga C. "Certamente a doação desses conversores para as escolas está contemplada nas estratégias do MEC", disse o ministro. Berzoini disse que o sucesso do canal depende de acesso à web de qualidade nas escolas. Para isso, já está conversando com o ministro Janine para juntar orçamentos e estratégias para que a melhor banda larga do Brasil seja a das escolas. "Nós queremos ter um projeto pedagógico que efetivamente possa usufruir de todos os avanços tecnológicos e o estudante mais carente tenha acesso também e essa diversidade cultural e tecnológica", completou. O MEC deverá solicitar ao Ministério das Comunicações a consignação do canal tão logo haja viabilidade técnica. Em relação ao conteúdo do canal, o MEC prevê a criação de uma ouvidoria e de um conselho de programação, formado inclusive por membros representantes da Câmara e Senado, além do governo e sociedade civil. Os critérios para operacionalização e contratação de conteúdos ainda serão regulamentados pelo MEC. ANNT/SHUTTERSTOCK.COM

FOTO: ELZA FIÚZA/ABR

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O Gired (grupo de implantação da digitalização da TV) decidiu por um modelo de conversor de TV digital que será distribuído aos beneficiários do Bolsa Família com interatividade mais limitada. A proposta do aparelho escolhido foi apresentada pela Anatel na busca de consenso entre as demandas do próprio governo, que queria interatividade plena, e dos radiodifusores privados e teles, que defendiam uma opção mais barata. A principal novidade do modelo definido é que ele não terá, de fábrica, um modem para o canal de retorno, mas terá possibilidade de receber esse módulo posteriormente. A caixinha escolhida terá o middleware de interatividade Ginga C, 512 de memória RAM e 2 GB de memória flash, mas não terá conexão bluetooth, WiFi nem modem 3G embutido, mas terá uma porta Ethernet. Haverá duas entradas USB e os drivers para receber um modem externo. A caixa terá uma saída HDMI, outra RCA e uma entrada RF, para conexão com a antena de TV. Os dois fluxos de vídeo, ao invés de serem ambos de MPEG4, serão MPEG4 para o sinal HD e outro em MPEG1, usado para o picture-in-picture das transmissões em Libras (linguagem de sinais). Devem ser compradas 14 milhões de caixinhas. Estima-se que o preço da caixa seja em torno de US$ 35 a US$ 36, mas com a perspectiva de que esse valor deva cair para perto de US$ 30, com a compra em escala dividida em 2016, 2017 e 2018.

Boa vizinhança A TV Cultura mudou a sua posição na canalização virtual da TV digital na cidade de São Paulo. O canal saltou da posição dois para a posição seis. Segundo a emissora, a mudança é para ocupar uma posição mais próxima às dos principais canais abertos na cidade. Segundo Gilvani Moletta, diretor técnico da TV Cultura, foi feita uma pesquisa que apontava que parte dos telespectadores sequer descia ao canal dois enquanto "zapeava" entre os canais. Com a mudança, o canal deve "sumir" do line-up dos televisores e set-top boxes mais antigos, sendo necessária a sua resintonização. "Os televisores modernos 'corrigem' automaticamente, mas haverá um legado. Estamos fazendo uma campanha para alertar os telespectadores", diz Moletta. "Consultamos nosso jurídico, as associações e a Anatel", conta o diretor técnico. Segundo ele, não há uma regulação específica para o assunto. "A Anatel disse que não tem regência sobre isso, tampouco o Ministério das Comunicações", completa.

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A OiTV está lançando uma plataforma de vídeo sob demanda (VoD). Trata-se de uma nova modalidade de assinatura que inlcui um set-top box com capacidade de gravação. O set-top tem 500 GB de memória e funciona como um DVR e um dispositivo de armazenamento de algumas opções de conteúdos sob demanda, que são baixadas automaticamente pelo satélite e ficam disponíveis para serem assistidas quando contratadas no modelo transacional (compra individualizada).

Melhor qualidade O canal internacional da Globo ganhará versão em HD nos EUA e Canadá a partir de outubro. O primeiro canal internacional da emissora existe desde 1999, e hoje a operação tem seis canais por assinatura, e 2,2 “Globo Notícias Américas” é um dos programas que será veiculado milhões de assinantes. em alta definição. Na programação estão conteúdos da Globo, notícias, esportes e programas desenvolvidos especialmente para brasileiros no exterior. Nas Américas por exemplo o canal principal exibe "Planeta Brasil", "Globo Notícia Américas" e "Boletim Globo Notícia Américas".

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Quase sob demanda

Brasil globalizado A recém-criada Rede Brasileira de Film Commissions, Rebrafic (Brazilian Film Commission Network) associou-se à AFCI (Association of Film Commissioners International). O acordo foi assinado no Festival de Cannes por Kevin Clark, diretor-executivo da AFCI, e Steve Solot, diretor-executivo da Rebrafic. O anúncio foi feito no estande do Cinema do Brasil, o Programa de Exportação da Indústria de Cinema Brasileiro. Pelo acordo, a AFCI colocará o logo da Rebrafic e a informação de contato em seu site, de modo que os produtores terão acesso a todas as film commissions associadas à Rebrafic (tanto aquelas em formação quanto as já legalmente constituídas). Além disso, os membros da Rebrafic terão acesso aos cursos universitários da AFCI.

Navegação intuitiva Os clientes da Net HD de São Paulo conheceram a nova interface gráfica do serviço, com visual mais moderno e novas funcionalidades. Entre as novidades está o portal, em que o cliente encontra destaques da programação, tanto dos canais quanto do Now, serviço de VOD da operadora. O Now também ganhou cara nova, com cartazes maiores, para facilitar a navegação. No portal o cliente encontra os principais recursos do serviço, como Net Now, guia de programação, Net música, mensagens e o menu de configurações. O EPG (guia de programação) passa a apresentar a programação em grade de horários ou em lista (para navegar em todos os programas de um determinado canal). Também estão disponíveis mais informações que facilitam encontrar o que assistir, com sinopses mais completas e o pôster do conteúdo. Usando os botões coloridos do controle remoto é possível buscar programas, filtrar os canais por gênero (como filmes, infantis, séries, esportes e variedades), além de adicionar canais à lista de favoritos, que podem ser acessados posteriormente com o botão de atalho "fav" do controle remoto. O mini-guia (barra de informações que aparece ao sintonizar cada canal) também traz um novo formato, com a

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logo dos canais e a possibilidade de navegar e consultar a programação disponível para aquele canal nas próximas 24 horas, utilizando as setas direcionais do controle remoto. Tanto no guia quanto no mini-guia, é possível agendar lembretes, gravações, buscar reprises ou mais informações sobre o conteúdo. A interface traz também um novo visual para os canais de música e a função de busca, que permite encontrar programas ou artistas, tanto nos canais tradicionais, como no Now. Inicialmente apenas decodificadores Net HD receberam a atualização. Posteriormente a alteração também entrará nos set-top Net HD Max com a função de gravação.

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( scanner) O BNDES aprovou, através do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (BNDES Procult), financiamento de R$ 5,2 milhões para apoiar o plano de investimentos da Boutique Filmes. Os recursos serão aplicados em pesquisa, desenvolvimento e produção de uma série de animação infantil e duas séries de ficção. Também serão apoiados outros investimentos, incluindo a estruturação da equipe de desenvolvimento (núcleo criativo), capacitação e marketing. A participação dos recursos do BNDES é de 35% dos investimentos totais. A metade do valor do apoio é não-reembolsável, com base no Artigo 1º da Lei do Audiovisual. Dos recursos do BNDES, reembolsáveis, R$ 1,3 milhão está na modalidade Procult – Inovação. Essa modalidade é voltada a projetos que desenvolvam conteúdos para novas plataformas e de caráter transmídia. Também são contemplados nessa modalidade ativos geradores de propriedade intelectual, para a criação de novos personagens, marcas ou formatos com potencial de geração de receitas, derivadas de licenciamento ou outras formas de rentabilização de direitos. Entre os projetos financiados estão as duas primeiras temporadas da série de animação infantil "SOS Fada Manu" (26 x 11'). A primeira temporada estreia em breve no Gloob. Desde sua criação, em 2006, o BNDES Procult financiou 13 carteiras de projetos audiovisuais, além de outros investimentos do plano de negócios de pequenas e médias produtoras brasileiras, no valor total de R$ 64 milhões.

Sala de mixagem 5.1 da nova Cinemática Audiovisual

Pós Eric Ribeiro, Caetano Cotrim De Blasiis e José Augusto De Blasiis uniram-se para criar a Cinemática Audiovisual, nova empresa de pós-produção de som e consultoria de pósprodução de imagem. A empresa conta com estruturas de edição e mixagem de som 5.1, com sala calibrada no padrão Dolby Digital. Na área de edição de som atua com edição de diálogos, criação de efeitos e foley, mixagem de música em 5.1, de diálogos e final mix para cinema e TV. Ribeiro é editor de som e mixador, tem formação em cinema pela Ufscar, com especialização em som. Trabalhou na Casablanca Sound por dez anos. Caetano tem formação em cinema pela Metodista e trabalhou por onze anos na empresa Vox Mundi/Full Mix, onde editou, mixou e criou efeitos e bandas de M&E de uma grande quantidade de projetos de cinema e TV. A área de consultoria em pós-produção para projetos de cinema e TV e para o mercado de shows musicais tem a coordenação de José Augusto De Blasiis, que responde ainda pela diretoria comercial. De Blasiis tem trinta e três anos de experiência no mercado e pós-produção. Foi diretor de operações do Laboratório Megacolor, diretor-geral de operações dos Estúdios Mega, coordenador de operações do CasablancaLab e ministra aulas na Universidade Metodista e na Faculdade Cásper Líbero em cursos de RTV.

Série tem oito episódios e está sendo produzida a segunda temporada.

Sobreviventes Na celebração dos 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial, o Discovery Civilization apresenta uma série brasileira com sobreviventes do Holocausto que escolheram o Brasil para morar. Com realização da Medialand, “Nos Campos do Holocausto” tem oito episódios e já está sendo produzida uma 88 • •

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segunda temporada. Beto Ribeiro, criador, roteirista e produtor executivo da série visitou diversas vezes a Alemanha e o Leste Europeu, onde conheceu campos de concentração e guetos, para entender melhor o assunto. Foram seis anos da concepção à realização, diz. Cada episódio traz um sobrevivente relembrando sua vida antes, durante e depois do Holocausto. "Muita gente acha que só existiram campos de concentração", explica Beto. "Por isso, para esta primeira temporada, nos preocupamos em gravar com diferentes personagens que mostrem que a forma de sobrevivência mudava de acordo com o lugar onde os prisioneiros estavam. Temos sobreviventes de guetos, campos de concentração, campos de extermínio, judeus que viveram escondidos de casa em casa ou até no meio da floresta, esperando o fim da guerra". "Também mostramos objetos pessoais que alguns sobreviventes conseguiram trazer da Europa, como pijamas, estrelas de David, fotos da família que muitos nunca mais viram", conta Carla Albuquerque, diretora geral da Medialand e produtora executiva da série.

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ALBUND/SHUTTERSTOCK.COM

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Empurrãozinho


FOTO: WIKIMEDIA

Torre de TV digital de Brasília: estrutura comprometida.

"Operação Policial" está entre os conteúdos licenciados para o NGT.

Segunda janela A produtora independente Medialand licenciou 340 horas de programação para o canal NGT (Nova Geração de Televisão), rede com transmissão terrestre digital nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e presença na banda C e nas operações GVT, Net Rio, Sky Rio e Net Osasco. No pacote estão programas exibidos em primeira janela na TV por assinatura, como os policiais "Operação Policial" (Nat Geo), "Investigação Criminal" (A&E), "DH – Divisão de Homicídio" (Investigação Discovery), "Polícia" (AXN), "Mulheres em Ação" (Lifetime), "Show de Polícia" (PlayTV); as séries de doc-realidade "Anjos da Guarda" (Natgeo), "Socorro Imediato" (Lifetime), "Torneios Brasil" (PlayTV), "Especiais Médicos" (Discovery H&H), "Os Hermanos Perdidos no Brasil" (Futura), "Brazil CookBook" (BBC); e as ficções, "Os Amargos" (Canal E!), "Os C&D" e "Eu Odeio Meu Chefe!" (PlayTV) e "Muito Além do Medo" e "Força de Elite" (AMC). A NGT estreou uma programação 100% nacional. Para 2016, a parceria da NGT com a Medialand já tem acertada duas séries de ficção de humor inéditas.

A vez das funkeiras O Fox Life anunciou seu primeiro reality nacional. “Lucky Ladies” é um formato original da Fox, e já foi produzido em outros países da América Latina. O Tati Quebraprograma acompanha a vida de Barraco é mentora cinco funkeiras da nova geração das participantes do funk brasileiro que foram no reality. selecionadas para, juntas, em uma cobertura em Copacabana, desenvolver um show conjunto. O reality conta com dois mentores para ensinar e tornar as escolhidas grandes estrelas do funk: Tati Quebra-Barraco, cantora e ícone do movimento no Brasil, e Rafael Ramos, reconhecido produtor musical. As escolhidas são MC Carol, Mary Silvestre, Karol Ka, MC Sabrina e Mulher Filé. Com 12 episódios de 1h, o programa ainda recebe convidados. A produção é da própria Fox, e não conta para o cumprimento de cota de produção nacional no canal. Segundo Gustavo Leme, o programa marca uma virada na personalidade do canal, derivado do antigo Bem Simples, de um perfil voltado ao "faça você mesmo" para um canal mais jovem e voltado ao público feminino. T ET LE AL A V IV VI AV A •

Flor do Cerrado Em fiscalização realizada em 2014, o corpo técnico do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) encontrou graves problemas na Torre de TV Digital de Brasília. Trata-se da primeira experiência de uma torre de TV digital compartilhada entre várias emissoras de televisão. Falhas no projeto e na execução da obra causaram danos que podem trazer prejuízo à segurança, à durabilidade e à qualidade da chamada Flor do Cerrado. O corpo técnico do TCDF apurou que o projeto não previu a captação e a drenagem das águas pluviais, especialmente nas passarelas de acesso às cúpulas (Bar e Exposições). A água das chuvas não tinha para onde escoar adequadamente, o que causou graves infiltrações. Também foi apontada a baixa qualidade da obra, construída pelo governo do Distrito Federal, apresentando acabamento e funcionamento de alguns sistemas e instalações insatisfatórios. Idealizada por Oscar Niemeyer, a torre foi inaugurada em 21 de abril de 2012, mesmo estando incompleta, mas foi fechada para a visitação em 4 de outubro de 2013. A construção da torre foi orçada inicialmente em R$ 64 milhões, mas custou, no final, R$ 76,2 milhões. Há agora um esforço conjunto entre TCDF, e órgão do Governo do Distrito Federal para tornar a Torre de TV Digital um monumento adequado, confortável e seguro para a visitação. O problema é que o Governo do Distrito Federal não pode contratar a manutenção da edificação, uma vez que a obra ainda não foi recebida definitivamente e, portanto, ainda não pertence ao seu patrimônio legalmente. Ela encontra-se apenas com recebimento provisório desde 31 de maio de 2012.

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Médicos cubanos do Programa Mais Médicos são tema de documentário.

Paola Wescher, Krysse Mello, René Sampaio e Mariana Youssef

Nova casa de veteranos

Cubanos no mundo O documentário sobre os médicos cubanos que atuam no Brasil pelo programa Mais Médicos e também em diversos outros países do mundo, realizado por Paulo Markun e Sérgio Roizenblit, foi o único brasileiro selecionado para o pitching do Sunny Side of the Doc, entre 43 concorrentes. O evento, um dos mais relevantes mercados de documentários do mundo, acontece na França em junho. Além disso, o filme fechou com a Globo Filmes o financiamento pelo Artigo 1ºA da Lei do Audiovisual. Serão feitas duas versões, uma de 90' para exibição em cinema e na GloboNews, e outra de 52' para venda internacional. A distribuição e representação internacional é da Lucky You, braço da produtora francesa Bonne Pioche, do doc ganhador do Oscar "A Marcha dos Pinguins". FOTO: DIVULGAÇÃO

Os diretores René Sampaio, Mariana Youssef e Krysse Melo se uniram para lançar uma produtora, a Barry Company. Os dois primeiros se desligaram da Fulano Filmes, da qual eram sócios. Krysse segue como sócia da Fulano, sem funções executivas. A Barry ocupa o imóvel onde funcionava a Fulano, no Pacaembu, em São Paulo, e a Fulano passa a ter sua sede no Rio de Janeiro. A nova produtora atuará não apenas em publicidade, mas também na produção de conteúdos para cinema e TV e na produção de eventos musicais, através do braço Barry Music. Sampaio é diretor de cinema e publicidade, e tem no currículo o longa "Faroeste Caboclo" e a minisérie "Dupla Identidade", entre outros trabalhos. Mariana é diretora de publicidade, com clientes como Fiat, Sky Oi e Natura no portfólio. També dirigiu curtas como "B-flat", rodado na Índia. Krysse é produtora de filmes publicitários e cinema, e idealizadora da Barry Music, que tem também como parceiros a produtora Paola Wescher e o jornalista Lúcio Ribeiro Projetos A produtora já tem projetos em andamento, como o longa “Eduardo e Mônica”, também baseado em uma canção do Legião Urbana. O filme é uma coprodução que tem ainda a Gávea Filmes, República Pureza e a Fogo Cerrado Filmes, produtora de "Faroeste Caboclo", da qual Sampaio também é sócio. A Barry produz ainda a série policial “Cuenta Atrás”, fruto de uma parceria com a espanhola Globomedia. A série tem distribuição fechada com a Turner em primeira janela e a Bandeirantes em segunda janela. A parceria com a espanhola garante à Barry acesso ao catálogo de formatos roteirizados da espanhola, que a produtora pretende adaptar para o mercado brasileiro. "Cuenta Atrás" ja foi produzida e exibida na Espanha e na Alemanha. Jà a Barry Music anunciou que será a responsável por todas as ativações da marca Heineken, e também pela organização da festa 007 no Rio, evento de pré-estreia mundial para o lançamento do novo longa da franquia. No casting da nova produtora estão diretores de diferentes backgrounds, como ilustração, fotografia, publicidade e documentário: Javier Lourenço, Felipe Hellmeister, Sala 12, João Papa, Kako e Francesco Calabrese.

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Série é gravada em uma laje no morro do Vidigal, no Rio.

Na laje A nova série nacional do Food Network “Cozinha na Laje” é apresentada pelo chef estreante em TV Pedro Benoliel, e gravada, em seu bloco principal, em uma laje no morro do Vidigal, no Rio de Janeiro. Com produção da Enfim Filmes, de Paulo Cuenca, que também assina a direção, a série é uma coprodução com poder dirigente da produtora, e conta para a cota de produção nacional. Em cada episódio (22') o chef recebe convidados para cozinhar na laje, e mostra pontos interessante do Rio, ligados de alguma forma à gastronomia. "Levamos alguns personagens conhecidos dos cariocas, para apresentar ao resto do país. Não é um programa sobre comida, é sobre o lifestyle carioca", diz Benoliel. Além de Cuenca, Marcelo Barillari assina a direção e o roteiro. A produção executiva é de Paulo Cuenca e Cintia Costa, e a produção é de ambos e mais Heloisa Duran.

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FOTO: MARCELLO CASAL JR./ABR

FOTO: FELIPE HELLMEISTER

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Sob nova direção Acionistas da Telefônica aprovaram por unanimidade a celebração da aquisição da GVT, bem como a nomeação de Amos Genish como novo diretor-presidente e membro do conselho de administração da empresa. A transação já havia recebido anuência prévia da Anatel em janeiro, além de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em março. A companhia pagou parte do valor total da transação (que foi de R$ 15,812 bilhões) em recursos financeiros e parte em ações. Com a transação, o Grupo Telefônica detém 65,59% da Telefônica, enquanto 12% ficam com a Vivendi e 22,41% em free float. Com a reestruturação administrativa, a Telefônica diminuiu de quatro para três o número mínimo de diretores, extinguindo o cargo de diretor geral e executivo, que agora são funções atribuídas ao diretor-presidente – ou seja, Genish. O ex-presidente da GVT assume assim o cargo que estava vago desde 25 de março, quando os então diretores Antonio Carlos Valente e Paulo Cesar Teixeira deixaram suas funções. A diretoria estatutária agora está composta por Amos Genish como diretor presidente; Alberto Manuel Horcajo Aguirre como diretor de finanças, recursos corporativos e RI; e Breno Rodrigo Pacheco de Oliveira, como secretário geral e diretor jurídico. Genish substitui Valente ainda como membro do comitê de nomeações, vencimentos e governança corporativa.

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Foi instalada no final de junho, na Câmara dos Deputados, a frente parlamentar em defesa da propriedade intelectual e do combate à pirataria, com o objetivo de melhorar, no plano legal, os mecanismos de controle, fiscalização e punição do desrespeito e descumprimento dos direitos autorais dos artistas, talentos e produtores audiovisuais. O idealizador da frente foi o deputado Marchezan Júnior (PSDB/RS). A vicepresidente é a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM). O tema foi capitaneado pela MPAA (Motion Picture Association of America) e pela Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais), em documento assinado por todas as associações do audiovisual brasileiro.

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Contra a pirataria


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( figuras) Retorno

Reestruturação

Leonardo Barros, produtor de cinema e TV e sócio da Conspiração, reassume a diretoria executiva de cinema da produtora. Barros ocupou o cargo até 2007, quando foi para Hamburgo, na Alemanha, cuidar Leonardo Barros das vendas e coproduções internacionais de Cinema e TV da Conspiração. O profissional agora volta a ficar baseado na unidade carioca da produtora. Adrien Muselet, que gerenciou a área no último ano deixa a Conspiração.

Ramiro Azevedo assumiu o cargo de coordenador-geral do canal Prime Box Brazil. O profissional estava à frente da coordenação da área de licenciamento de conteúdos da Box Brazil Programadora. A mudança faz parte de um realinhamento interno da empresa. Ramiro Azevedo Os quatro canais da programadora para o mercado brasileiro – Prime Box Brazil, Music Box Brazil, Travel Box Brazil e FashionTV Brasil – agora operam diretamente o licenciamento de conteúdos, sem a participação de uma área de licenciamento global. Além disso, Cícero Aragon, diretor-presidente da Box Brazil, que também liderava o canal Prime Box Brazil, passa a se dedicar com exclusividade à direção da companhia. Nos próximos meses, a principal meta de Azevedo será qualificar a programação com novos filmes e séries e aumentar a distribuição do canal em HD.

CEO A ex-diretora da Bandeirantes Paula Cavalcanti será a nova CEO da produtora internacional FremantleMedia no Brasil. Ela substitui Daniela Busoli que deixou a empresa no último mês. Ela responderá a Sangeeta Desai, COO e CEO da companhia para mercados emergentes. Além de administrar o Paula Cavalcanti dia a dia da empresa, Paula terá o papel de desenvolver projetos para os canais brasileiros e fazer a ponte com a operação global de licenciamento e vendas da Fremantle. Como diretora de produção na Band, Paula cuidou da produção original dos canais abertos e pagos do grupo nos setores de entretenimento, esportes e jornalismo. Anteriormente passou pelo SBT e pela Endemol Brasil.

Reestruturação

Daniel Bontempo

A Digital 21 anuncia a chegada do diretor de cena Daniel Bontempo. Além de passagens por produtoras do Brasil como montador e assistente de direção, Daniel morou em Nova York, Londres e Berlim, onde atuou pelas empresas Cut+Run, Mind's Eye, Bertie Films, Litle Big Fish, Channel 4, Brand Atmosphere e Soup Films.

Consulado Diretora de longas como "A Hora da Estrela", "Uma Vida em Segredo" e "Hotel Atlântico", a cineasta e roteirista Suzana Amaral passa a integrar o time de diretores da Consulado. A profissional atuará com projetos de conteúdo e entretenimento voltados para cinema e televisão. Formada em cinema pela USP (Universidade de São Paulo) e pósgraduada em direção na NYU Suzana Amaral (New York University), Suzana Amaral possui em sua filmografia mais de cinquenta documentários para o antigo programa "Câmera Aberta", da TV Cultura. Com o filme "A Hora da Estrela", inspirado no livro homônimo de Clarice Lispector, conquistou mais de 25 prêmios nacionais e internacionais, incluindo um Urso de Prata no Festival de Berlim. Hoje, além de cineasta, a diretora também dá aulas de cinema na FAAP.

A produtora Consulado passa a representar no Brasil o diretor Marcelo Petrella. O diretor se une ao time formado por André Fiorini, Daniel Baccaro, Suzana Amaral e Tomas Gurgel, trazendo sua experiência à frente de projetos publicitários, mesclando técnicas de animação e live action. O diretor brasileiro mudou-se para Los Angeles (EUA) para estudar Design na UCLA em 2000, quando Marcelo Petrella buscava oportunidades para ingressar na área de criação. Foi na Belief Desing que iniciou sua carreia com projetos de motion graphics e, mais tarde, se tornou diretor de criação, abrindo espaço para a direção de filmes que envolvessem live action. Desde então, Petrella vem acumulando trabalhos em colaboração com produtoras internacionais como Imaginary Forces, King and Country, Woodshop e Troika. Com essa última fez parte da equipe responsável pelo redesign do canal SporTV, em 2012, respondendo como diretor de arte para o projeto.

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Direção de cena

Reforço premiado A produtora Raiz Estúdio, das sócias Daniella Lago e Fernanda Moraes, reforçou seu time de diretores com a contratação de Ricardo Spencer. O profissional tem em seu currículo dois prêmios VMB e dois Prêmios Multishow, dirigindo artistas como Rita Lee, Vanguart, CPM22, Vivendo do Ócio, Cachorro Grande, Sandy, Pitty, Criolo e NX Zero. Na publicidade, Ricardo Spencer dirigiu campanhas para Petrobrás, O Boticário, Eudora, The Beauty Box e Becel. Atua como diretor, roteirista e montador notório no universo do videoclipe. Foi assistente de direção de Sérgio Machado no longa Quincas Berro d'Água.

A Popcorn Filmes contratou Carlos Manga Jr., o Manguinha, para integrar sua equipe de diretores de cena. O profissional tem prêmios em festivais como Cannes, Clio Awards, D&AD e New York Festival. Além de Manguinha, a produtora conta com os diretores Jacques Dequeker, Rodrigo Rebouças, Caio Cobra, Alexandre Dequeker, Tavinho Costa, Richard Luiz e Lecuk Ishida. Além do time brasileiro a produtora representa sete Carlos Manga Jr. diretores da latina Salado: Ariel Guntern, Brian Luco Peña, Cali Ameglio, Frederico Vidal, Matias Ameglio, Mauri Chifflet e Michael Abt.

Distribuição

Parcerias digitais

Fernando Feldman é o novo diretor de distribuição para TV e SVOD para a América Latina da Paramount Pictures. O executivo tem passagem pela Globosat, no departamento de pesquisa e aquisição de programação e no departamento de aquisição de conteúdo da Rede Telecine. Fernando Feldman Desde março deste ano está na Paramount Pictures. Feldman é formado em comunicação social pela PUC-Rio e pós-graduado em marketing pelo COPPEAD.

A Turner International do Brasil nomeou Leonardo Lenz Cesar vicepresidente de novos negócios da companhia. O executivo é um dos sócios-fundadores do Esporte Interativo, onde ocupou diversos cargos de liderança em áreas como comercial, mobile, RH e financeiro. Recentemente, respondia pela área de distribuição de TV por assinatura Leonardo Lenz Cesar e desenvolvimento de parcerias estratégicas. O Esporte Interativo foi adquirido pela Turner, em transação concluída em janeiro deste ano. No novo cargo, Leonardo passa a responder por todas as marcas do portfólio, incluindo os canais de entretenimento, infantis e de esportes. O executivo deverá desenvolver e buscar parcerias com empresas de telecom, sobretudo com as operadoras de telefonia móvel e com empresas digitais como Apple, Facebook, Twitter e YouTube. Ele se dividirá entre os escritórios do Rio de Janeiro e São Paulo, e se reportará a Alex Gonzalez, vicepresidente sênior de desenvolvimento corporativo e mídia digital da Turner América Latina.

Conteúdo online Elisa Calvo deixou a Sony Pictures Entertainment Television, onde atuava como diretora de parcerias estratégicas e negócios da plataforma de entretenimento móvel Crackle. Elisa trabalhou na empresa durante dois anos. Com o objetivo de aumentar a distribuição do conteúdo de vídeo, a executiva realizou parcerias com Walmart.com, Terra, NZN, SambaAds e as principais agências do mercado publicitário, como Havas Worldwide e Iniciative, na América Latina.

Ampliação

Produção executiva Enrico Saraiva é o novo produtor executivo da área de conteúdo da Delicatessen Filmes. Na produtora, o profissional já conta Enrico Saraiva com duas produções no currículo: "Minha Trilha Sonora" para o canal BIS e "Breakout Brasil" para a Sony. Começou sua carreira em Madrid, onde desenvolveu e produziu curtas e longasmetragens. Em 2010, já como produtor executivo, trabalhou no filme – "Octubre", vencedor do Festival de Cannes. Em 2011, passou a integrar a Black Box Audiovisual em Madrid, focada em produção de séries e documentários. Na produtora, coordenou o processo de criação e produção de séries para Fox Channels, MTV, Red Bull TV e RTP (Rádio e Televisão de Portugal).

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Dando continuidade a reformulação da área de produção executiva na Hungry Man Brasil, Renata Correa e Rodrigo Castello fecham sua equipe de line producers com a chegada de Diego Melo (ex-Crash of Rhinos), que se junta a Mariana Barbiellini, Filipe Francisquini e Mariana Marinho. Eles ficarão responsáveis pela produção e finalização dos Diego Melo projetos para as áreas de publicidade e projetos, braço de ativação, projetos digitais e branded content da produtora.

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( capa ) Leandro Sanfelice

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Muito mais que gatinhos

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m abril deste ano, o primeiro vídeo publicado no YouTube completou dez anos. Em formato quadrado e em baixa definição, “Me at the Zoo” mostra o cofundador da plataforma Jawed Karim em um passeio no zoológico, na jaula dos elefantes. Em uma década, muita coisa mudou. Adquirida pelo Google em 2006, a plataforma de vídeo hoje suporta vídeos em HD e já conduz testes com imagens em 4K e 60fps. Além disso, conta com bilhões de visualizações diárias. A empresa de pesquisas Cowen & Co estimou que a plataforma chegará a 7,9 bilhões de visualizações diárias ao final deste ano. Concorrente, o Facebook anunciou ter atingido a marca de 4 bilhões de visualizações diárias de vídeos em abril. O aumento de público, por sua vez, atraiu receitas publicitárias. Segundo estudo da Nomura, empresa de pesquisas de Wall Street, Facebook e YouTube podem se apropriar de parte das receitas publicitárias destinadas à televisão nos próximos dois anos. De acordo com a pesquisa, a rede social de Mark Zuckerberg tem potencial para levar sua receita com publicidade em vídeos para US$ 3,8 bilhões até 2017. O valor é três vezes maior que a receita estimada para 2015. A plataforma de vídeos do Google, por sua vez, teria potencial para chegar a uma receita com publicidade de US$ 8,5 bilhões, quase o dobro que o valor previsto para este ano. A possibilidade de trabalhar com vídeos de melhor qualidade e receitas publicitárias crescentes abriram caminho para a profissionalização da

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LESZEK GLASNER/ GRISHA BRUEV/SHUTTERSTOCK.COM

Redes de canais profissionalizam produção de conteúdo para plataformas online desenvolvendo parcerias com anunciantes.

produção de vídeos online. O reflexo mais nítido disso é o crescimento das MultiChannel Networks (MCNs), redes que prestam assessoria técnica e comercial a produtores, oferecendo conselhos, intermediando contato com marcas e facilitando acordos de publicidade. “Nada ilustra melhor o crescimento e a evolução do YouTube do que a classe empresarial de negócios que vem surgindo ao redor da plataforma”, diz Álvaro Paes de Barros, diretor de conteúdo do YouTube no Brasil. No mercado internacional, aquisições concluídas nos últimos dois anos demonstram o crescimento e a relevância desse mercado, como as compras da AwesomenessTV pela DreamWorks Animation e da Maker Studio pela Walt Disney, em um negócio de US$ 500 milhões. Além disso, a Food Network investiu US$ 25 milhões na Tastemade em 2014 e a Warner Bros

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colocou US$ 42 milhões na Machinima entre 2014 e 2015. Brasil Segundo Barros, o Brasil é um dos mercados mais atrativos para o vídeo online, com uma das maiores audiências mundiais. “O Brasil é hoje o segundo país que mais consome vídeos do YouTube no mundo e o terceiro que mais sobe vídeos. O conteúdo produzido aqui, hoje, não deixa nada a desejar se comparado ao que é produzido lá fora. Exemplo disso é o canal da Galinha Pintadinha, o campeão de visualizações nacional, que virou também um fenômeno internacional, fazendo sucesso em inglês e espanhol. Isso tudo acaba fazendo com que o YouTube seja percebido como parte importante da cadeia audiovisual

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“As produtoras tradicionais ainda separam muito entretenimento de publicidade, e nós temos o objetivo de aproximá-los.”

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brasileira, se tornando um destino de entretenimento-e os youtubers são os protagonistas desse movimento”, diz. Conforme esse mercado avança, anunciantes e produtores de conteúdo começam a demandar serviços mais especializados. Neste cenário, uma quantidade cada vez maior de empresários brasileiros está investindo em suas próprias MCNs. Como diferencial em relação às grandes operações internacionais, as empresas adotam um portfólio restrito de canais e oferecem serviços personalizados. O foco de suas ações não está apenas na negociação conjunta das cotas de publicidade, mas também na representação de seus clientes junto às marcas, na criação de branded content e na inserção de marcas no próprio conteúdo. Esse modelo de negócios permite maiores investimentos em qualidade e diversidade de conteúdo e algumas produções online já avançam para a TV, que nesse cenário aparece como uma segunda tela. “A profissionalização do conteúdo é uma tendência que já foi plenamente captada pelos criadores brasileiros. Talvez um dos maiores reflexos disso seja justamente o crescimento das MCNs. Essas networks são importantes porque criam valor em torno de uma série de serviços que estão fora do alcance do YouTube, como gestão de talentos e desenvolvimento de séries, por exemplo”, avalia o diretor da plataforma. Valor agregado A Amazing Pixel foi fundada em outubro de 2013 por Alexandre Ottoni e Deive Pazos, do canal de cultura geek Jovem Nerd, em parceria com o sócio Guga Mafra. Representando alguns dos canais mais populares da internet no Brasil, a empresa faturou R$ 3 milhões em

do próprio conteúdo do vídeo. “A publicidade é inserida como parte do conteúdo. Não de maneira velada, pois deixamos claro que é publicidade. Mas de forma que essa publicidade seja tão rica quanto o conteúdo”, diz. Na sua avaliação, esse modelo oferece melhores resultados para a marca. “Cada mídia tem um diferencial e o engajamento é o da internet. Toda a experiência de curtir, compartilhar e mostrar que faz parte da sua identidade na rede”. Segundo ele, as ferramentas de mensuração das plataformas online evoluíram, e hoje permitem demonstrar esse valor para o anunciante. “Utilizamos as próprias ferramentas e métricas do YouTube, que são muito boas. Além das curtidas e comentários, sabemos quanto tempo a audiência fica no programa, a taxa de abandono e até

Rafael Grostein, da NWB

seu primeiro ano. “Temos uma operação lucrativa desde nosso primeiro mês”, diz Mafra. O Jovem Nerd é um dos principais sites brasileiros de entretenimento, e conta com mais de 1,3 milhão de assinantes no YouTube. Nos vídeos seus apresentadores comentam temas relevantes da cultura pop – lançamentos, avaliações e curiosidades de filmes, séries, livros e games. A Amazing Pixel também conta com os canais Pathy dos Reis, Kaka Craft, Boxxit, 5algumacoisa, Bola Quadrada, MRG, Nerdologia, Toró de Miolo, Nomegusta, Cozinha de Jack, Jacaré Banguela, Kreuser tipo Freud, Lully

A POSSIBILIDADE DE TRABALHAR COM VÍDEOS DE MELHOR QUALIDADE E RECEITAS PUBLICITÁRIAS CRESCENTES ABRIRAM CAMINHO PARA A PROFISSIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE VÍDEOS ONLINE. de Verdade e Monark entre seus representados. De acordo com Mafra, a ideia de criar a network surgiu de sugestões do próprio YouTube e da insatisfação dos criadores do Jovem Nerd com o modelo oferecido pelas grandes networks. “Não adianta estar no mercado e não trazer valor novo, apenas agregando os canais e adotando o modelo de revenue share em cima do que já tem no YouTube - ficar com um pedaço de algo que já existe. Isso contribui muito pouco. É preciso gerar novo valor para que esse bolo cresça”, avalia. Segundo ele, o foco da Amazing Pixel está na criação de conteúdo e ações publicitárias originais, desenvolvidas em parceria com anunciantes e veiculadas dentro

se o usuário assiste vídeos em sequência”, explica. Como exemplo, ele cita campanha recente desenvolvida com a CocaCola. Aproveitando o slogan da marca, os apresentadores de diferentes canais interagiam bebendo o refrigerante. Na lata apresentada, o nome dos canais aparecia escrito após a frase “bebendo uma Coca com”. “Cada marca tem um direcionamento próprio. No caso dessa campanha, como falava em compartilhar, fez sentido envolver vários canais. Em outros casos, podemos direcionar a campanha para o público específico do canal”, diz. Por isso, ele ressalta a importância de diversificar o portfólio de canais representados pela empresa. Além de associarse com canais já existentes, a Amazing Pixel promove o lançamento de novos

“Não adianta estar no mercado e não trazer valor novo. É preciso gerar novo valor para que esse bolo cresça.”

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Guga Mafra, da Amazing Pixel

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( capa ) “A Endemol é uma produtora com foco no conteúdo, e é natural que ela enxergasse esse novo meio e passasse a investir no digital.”

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conteúdos. “A maioria dos canais já tinha sua própria estrutura quando veio trabalhar conosco, mas cada caso é um caso. Funciona como em televisão. Usamos o dinheiro arrecadado para investir e incentivar a criação de novos conteúdos, e usamos os outros canais para promovê-los”, diz.

Vanessa Oliveira, da Endemol Beyond

Novas portas Lançada em março de 2014, a NWB tem como sócios dois fundos de venture capital - E-Bricks Digital e Joá Investimentos - o empresário Oskar Metsavat, a produtora Spray Filmes, do diretor Fernando Grostein Andrade, Antonio Tabet, do Porta dos Fundos, e os executivos André Barros e Rafael Grostein, que comandam a operação. Abordando o futebol com bom humor, o canal Desimpedidos é o maior da empresa, e conta hoje com quase 700 mil inscritos e mais de 88 milhões de visualizações desde seu lançamento. Além do Desimpedidos, a empresa é sócia majoritária, produtora e representante de outros cinco canais: Acelerados, com conteúdo sobre carros e automobilismo; Skatelife, sobre a prática e a cultura do skate; Não é Sério TV, canal de

pegadinhas e experimentos sociais; Fatality, dedicado a e-sports; e Revisão, com conteúdo educacional para vestibulandos. Também são associados os canais Julia Jolie, Mano Coelho, Manual do Mundo e Marcos Castro. O canal surgiu da junção da Spray Filmes, especializada em publicidade online, com um projeto dos demais sócios de desenvolver canais segmentados

BRASIL É TERCEIRO PAÍS QUE MAIS SOBE VÍDEOS E TEM A SEGUNDA MAIOR AUDIÊNCIA DO YOUTUBE, ATRÁS APENAS DOS ESTADOS UNIDOS inspirados no sucesso do Porta dos Fundos. “A ideia era expandir esse modelo que o Porta dos Fundos havia adotado com sucesso, levando ele para diferentes segmentos e públicos e abrindo varias ‘portas’”, diz Rafael Grostein. Segundo ele, a empresa geralmente adota um modelo de parcerias no qual atua como sócia majoritária dos canais, oferecendo apoio comercial e estrutura de

produção, pós-produção e edição em parceria com a Spray. Cada canal conta com parceiros minoritários que cuidam da parte criativa do projeto. “Nos associamos com pessoas que entendam do assunto abordado pelo canal. Todos esses canais contam com o apoio da equipe comercial da NWB. A estrutura da Spray, braço produtor da NWB, também é compartilhada. Com esse modelo de escala, temos nossos próprios equipamentos e quase nenhum tempo ocioso com eles, o que reduz custos”, diz. A principal fonte de renda dos canais está na publicidade nativa – inserida dentro do próprio conteúdo. “As produtoras tradicionais ainda separam muito entretenimento de publicidade, e nós temos o objetivo de quebrar essa separação. Nós assessoramos as marcas e desenvolvemos o projeto, mostrando qual a melhor forma de conversar diretamente com o público. Nossa especialidade é colocar a marca dentro da conversa”, explica Grostein. Após uma expansão grande na receita em 2014, com a adição de novos canais, a empresa planeja um crescimento de 25% ao ano em 2015 e 2016. Para isso, segue avaliando oportunidades para o lançamento de novos canais. Até o final deste ano, a NWB prevê o lançamento de mais sete marcas próprias. “Nesse ponto existe um trabalho de estudo de dados mesmo. Estamos sempre buscando nichos que tenham um bom potencial e carência de conteúdo”, diz. Do YouTube para a TV Em junho, o SBT estreou a versão do canal “Acelerados”, da NWB, na televisão. O programa vai ao ar aos domingos, às 8h15. Contando com a participação de Rubens Barrichello, o canal exibe quadros e reportagens sobre carros e automobilismo. Além do piloto brasileiro, protagonizam os quadros os jornalistas e produtores associados Cassio Cortes e Gerson Campos. Com quase 80 mil inscritos

“Acelerados”: migração da web para a TV.

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e média de visualizações mensais superior a 500 mil, o canal comercializa ações de publicidade nativa (dentro do conteúdo), sua principal fonte de renda. Além de matérias especiais, o programa produzido para o SBT contará com dois quadros presentes na versão online: Volta Rápida, no qual Barrichello dirige diversos carros no Autódromo Velo Città em busca da volta mais rápida; e Dia de Aula, no qual o piloto ensina uma celebridade a guiar os veículos no limite. No SBT, o "Acelerados" contará ainda com o quadro AceleNews. Criado especialmente para a versão televisiva, trará Cassio e Gerson apresentando notícias do mundo automobilístico. Da TV para o YouTube O crescimento do mercado de vídeo online também atrai empresas e produtoras que atuam nas plataformas tradicionais para o mundo digital. Divisão dedicada à produção e distribuição conteúdo online da Endemol Shine Group, a Endemol Beyond inaugurou sua primeira unidade latino-americana na cidade de São Paulo, em novembro. A Beyond já atua nos principais mercados europeus, nos Estados Uidos e na Ásia. “A Endemol é uma produtora com foco no conteúdo, e é natural que ela enxergasse esse novo meio e passasse a investir no digital”, diz Vanessa Oliveira, diretora da Endemol Beyond no Brasil. A Endemol Beyond desenvolve formatos próprios e representa comercialmente canais já existentes

no YouTube. No final de 2014, a empresa anunciou sua maior parceria no país com o Canal Nostalgia, que conta com mais de 3 milhões de inscritos. Além deste, a Endemol Beyond representa outros três canais: "Dica do Dia", "Põe na Roda" e "Tá Dentro". Ainda neste ano, a Endemo Beyond planeja lançar dois canais de YouTube com formatos próprios no Brasil. Entre eles está a versão nacional do Legends of Gaming. Assim como na versão original, o canal trará conteúdo direcionado ao público gamer, com destaque para duelos entre jogadores famosos na plataforma de vídeo online. No Brasil, a empresa buscará entre gamers nacionais famosos no YouTube os principais apresentadores do canal. A versão original do Reino Unido

maior parte da receita vem de acordos estabelecidos com as marcas para o desenvolvimento de conteúdo e anúncios exclusivos. No entanto, o valor da publicidade no YouTube ainda desempenha papel relevante para os canais novos. “Se você está começando, esse valor tem um papel importante. Conforme o canal se destaca e chama atenção das marcas, ele pode desenvolver outros modelos de negócios. Nesse caso, o valor acaba servindo para manter a produção enquanto o lucro vem dos acordos negociados direto com as marcas”, explica. A empresa também assessora a criação de novos conteúdos. “Nos reunimos com frequência com os

COMO DIFERENCIAL EM RELAÇÃO ÀS GRANDES OPERAÇÕES INTERNACIONAIS, EMPRESÁRIOS BRASILEIROS ADOTAM PORTFÓLIO RESTRITO DE CANAIS COM OFERTA DE SERVIÇOS PERSONALIZADOS conta com mais de 400 mil inscritos e já acumulou mais de 14 milhões de visualizações desde seu lançamento em junho de 2014. No caso das parcerias com canais existentes, a empresa assume a representação comercial das marcas, promovendo elas para anunciantes e programadoras. Segundo Vanessa, a Beyond aposta no alcance internacional e na proximidade com a operação da Endemol nos meios tradicionais para aumentar a exposição dos canais. "Existe muito conteúdo online que pode ser levado para a televisão e vice-versa. Também apostamos muito no intercâmbio internacional de formatos e produtores". No caso dos canais grandes, explica, a

produtores para avaliar a possibilidade de produzir novos conteúdos e discutir como desenvolver os projetos. Nossa ideia é ser uma network com serviços ‘premium’, com uma equipe acessível para os clientes”, diz Vanessa. Além disso, a Beyond também atua diretamente com os anunciantes, assessorando no desenvolvimento de projetos online. “Muitas vezes a marca quer estar presente de forma ostensiva no conteúdo. Nós assessoramos e mostramos que a ideia é estabelecer um diálogo de forma natural, sem adotar um discurso onde a marca só fala e o usuário escuta”, diz Oliveira.

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23ª edição

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(regulamentação)

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Contestação aceita

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esde abril a operadora de DTH Sky está desobrigada de cumprir a Lei do SeAC (Lei 12.485/2011) no que diz respeito às cotas de programação nacional previstas nos artigos 17, 18 e 19. A decisão de mérito da 17ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo foi publicada no dia 27 de abril. As cotas que a Sky está dispensada de carregar são as dos 12 canais brasileiros de espaço qualificado (a obrigação é de um canal brasileiro a cada três canais qualificados carregados, até o máximo de 12), dos canais super-qualificados (com mais de 12 horas de conteúdo brasileiro) e do canal jornalístico adicional (caso haja o carregamento de um canal jornalístico brasileiro). Mesmo com a decisão, a Sky não retirou os canais do line-up, mas o carregamento, até segunda ordem, é voluntário. A sentença favorável à Sky é importante porque é a mais contundente manifestação judicial, até agora, em relação às obrigações criadas pela Lei 12.485/2011. A sentença faz uma longa análise sobre o papel do Estado no incentivo a atividades econômicas e reflete sobre a relação entre intervenção regulatória e investimentos. Ao final desta análise, conclui que os dispositivos da Lei 12.485/2011 interferem indevidamente na atividade de empacotamento, que é claramente uma atividade privada. “(…) em se tratando de serviço privado (não público, portanto), a intervenção estatal somente deve ser admitida quando o objetivo for neutralizar uma das denominadas falhas de mercado, a saber: rigidez de fatores, assimetria de informação, concentração econômica,

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GOR GRIGORYAN/SHUTTERTOCK.COM

Sky obtém na Justiça a dispensa de cumprimento das cotas de programação previstas na Lei 12.485.

externalidades e a utilização de bens coletivos”, conclui o juiz. “Em meu sentir, as obrigações objeto dos arts. 17, 18 e 19 da Lei 12.485/2011 não estão relacionadas com a neutralização de uma das falhas acima identificadas. Com efeito, a implantação das “quotas de programação” em nada modifica a rigidez de fatores experimentada pelas empresas empacotadoras como a autora, não melhora a qualidade (e quantidade) das informações dos assinantes acerca dos serviços recebidos, não influi no nível de concentração econômica do mercado em referência, não arrefece eventuais externalidades geradas pelas empacotadoras, nem visa suplantar desincentivos de operação/ inovação em decorrência da utilização de bens coletivos “não excludentes e não rivais”. E, se assim é, trata-se de intervenção excessiva do Poder Público sobre o domínio privado, o que, por conseguinte, autoriza o reconhecimento incidenter tantum da inconstitucionalidade dos arts. 17, 18 e 19, todos da Lei 12.485.2011, por não se compatibilizarem com o direito de exercício de atividade

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econômica”, acrescenta. Finalmente, a sentença diz que «a atividade administrativa de fomento em benefício das produtoras nacionais não pode ser financiada, ainda que parcialmente, pelas empresas empacotadoras. Se há interesse público em incentivar tal segmento de empresas, inclusive com vistas à preservação do aventado (caráter nacional) das produções, então outros instrumentos devem ser colocados em prática (v.g. tributação favorecida, linhas de crédito a juros reduzidos, etc). Mas, o que não me parece razoável é impingir parte dessa conta à autora que, operando serviço de cunho nitidamente privado, deve ter ampla liberdade na escolha dos canais a serem ofertados aos respectivos assinantes, dentro de uma estratégia empresarial para exercer a concorrência com as demais empacotadoras”. A sentença é de primeiro grau e, portanto, ainda são possíveis recursos por parte da Ancine e da União (rés na ação). Mas se trata de uma decisão que testou os argumentos da Ancine e da União que possivelmente serão colocados também no julgamento do Supremo. O próprio juiz da 17ª Vara elogia os argumentos, apesar de ter ficado do lado da Sky na disputa: ”registro menção elogiosa ao trabalho apresentado pela defesa, tanto por parte dos procuradores da União, quanto pelos da Ancine, que muito se empenharam na construção de argumentos claros, lógicos, persuasivos e concatenados com os interesses que defenderam nos autos”.

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(programação) André Mermelstein

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Jogo de corpo Turner lança canal premium para abrigar a Champions League, e abre novo capítulo na competição entre canais esportivos por espaço nos line-ups, audiência e publicidade.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

stá programada para agosto a estreia do EI Max, o canal de esportes “premium” que a Turner está montando para abrigar a primeira linha de eventos esportivos da programadora, após a aquisição do Esporte Interativo, no início do ano. O carro-chefe do canal são os jogos da Champions League, cujos direitos a programadora licenciou com exclusividade para o Brasil para Internet e TV por assinatura. O campeonato, hoje altamente popular no país, foi nos últimos anos domínio da ESPN na TV por assinatura. Com ele nas mãos, a Turner conta com um trunfo na dificílima negociação para a distribuição do canal nos line-ups das principais operadoras. O EI Max passará sempre o jogo principal de cada dia. A segunda opção irá para o Esporte Interativo Nordeste (EI NE), segundo canal da operadora. O esquema se repetirá com outras competições das quais a Esporte Interativo/Turner tem o direito, inclusive a Copa do Nordeste, que terá o jogo principal no EI Max e o segundo no EI NE. O EI Max terá também a primeira opção dos jogos da Copa Verde, Série C do Brasileirão, lutas, canais dos clubes e esportes olímpicos como tae-kwon-do e judô. O EI NE terá os jogos da Copa do Nordeste não transmitidos pela EI Max, dos campeonatos estaduais da região e um jornalismo específico para o tema. O canal Esporte Interativo (EI) não terá os jogos da Champions, pois tem transmissão em TV

aberta (os direitos nesse caso são da Globo). O canal terá outra programação, com jogos da NFL e da Europa League, entre outros.

“O valor dos direitos esportivos está mesmo subindo no mundo todo. Queria poder dizer que isso vai estacionar, mas não vai, porque este conteúdo, de esportes ao vivo, vem sendo visto pela indústria como cada vez mais importante, já que o entretenimento (filmes e séries) tende a migrar para o on-demand e para o OTT”, diz. Para dar conta da transmissão de todos os eventos (na primeira fase são até oito jogos simultâneos) sem dividir os direitos com outros canais, Diniz usará a tecnologia. Todos os jogos, conta, estarão disponíveis ao vivo para os assinantes do canal através da plataforma digital do EI, em computadores, tablets e celulares. Em alguns casos os jogos podem entrar também em canais eventuais das operadoras. O EI Max também investirá no jornalismo. Até o fim do ano lançará seis programas, além de alguns que levará do EI atual. O canal investirá pesado também na cobertura dos jogos da Champions. Manterá equipes fixas, durante todo o ano, nas nove principais sedes europeias do torneio, e fará reportagens e entrevistas in loco nos principais jogos. Os narradores e comentaristas ficam no Brasil, mas também farão as principais partidas localmente. “O lema do canal é emoção de verdade. Como já fazemos no EI, queremos aproximar o futebol europeu do público. Adotamos um estilo de cobertura mais quente, com equipes no local, mostrando o torcedor”, conta Diniz. O próprio Zico, tratado como “embaixador” do canal, fará algumas coberturas in loco de jogos.

Jogada individual O EI Max está em negociação com as principais operadoras, tendo a Champions League como principal ativo. A programadora vai concentrar os jogos em seus canais próprios para valorizá-los na negociação. Ou seja, não cederá jogos a outros canais de TV paga, como normalmente ocorre (para amortizar os custos de aquisição dos direitos), e nem transmitirá jogos pelos demais canais da Turner que já têm distribuição, ao menos enquanto o EI Max não for plenamente distribuído. Segundo Edgar Diniz, VP sênior de conteúdo esportivo da Turner América Latina, o interesse no canal é grande. Ele demonstra tranquilidade na negociação. “Estou animado e tranquilo, não temos uma pressa exagerada. Tenho certeza que até o fim do semestre completamos (as negociações). Ninguém vai querer impedir os assinantes de assistir um conteúdo tão importante”, disse a TELA VIVA. Diniz nega que a Turner tenha “inflacionado” o mercado de direitos. “Nosso bid foi só 10% maior que o do segundo colocado (da Champions)”, conta. Mas assume que o valor foi mais de 50% acima do negociado no último ciclo.

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“O valor dos direitos esportivos está mesmo subindo no mundo todo. Queria poder dizer que isso vai estacionar, mas não vai.” Edgar Diniz, da Turner América Latina

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( entrevista)

André Mermelstein

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Competição fora das quatro linhas

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vida não é fácil para os canais esportivos na TV paga. Nos últimos anos o mercado viu surgir pelo menos seis novos concorrentes. Mais do que em qualquer outro gênero, no esporte a disputa se dá não só pela audiência e pela publicidade, mas também de forma muito intensa, pelo conteúdo, especificamente pelos direitos de transmissão dos eventos esportivos. A ESPN, um dos primeiros canais da TV por assinatura no Brasil, viu este ano um de seus principais ativos, a Champions League, ir para os braços da concorrente Turner, através do recém-adquirido Esporte Interativo. Mas a programadora aposta em outros conteúdos para manter a curva de crescimento que vem experimentando nos últimos anos. Em maio anunciou a renovação dos direitos do Campeonato Alemão (Bundesliga), na programação do canal há 20 anos, por mais três anos. A ESPN também voltou a ter os direitos do Campeonato Italiano no Brasil, pelos próximos três anos. Os canais do grupo apostam ainda nos esportes olímpicos, em outras modalidades como o rugby e o futebol americano e na interação com o espectador para manter a fidelidade do “fã de esporte”, como chama seu público. Nesta entrevista, German Hartenstein, diretor geral dos canais ESPN no Brasil, fala de disputa por direitos, crescimento da audiência e uso da tecnologia para criar novas experiências.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Diretor geral dos canais ESPN fala da concorrência acirrada entre os canais esportivos, o aumento nos custos dos direitos e o uso da tecnologia para fidelizar o assinante e gerar novas receitas.

”ISSO NÃO É UMA COMMODITY COMO CAFÉ OU SUCO DE LARANJA. QUEM QUIS PAGAR MAIS JÁ PUXOU PARA CIMA.” German Hartenstein

TELA VIVA - Como está sendo o ano para a ESPN até aqui, e quais suas perspectivas? German Hartenstein - Está sendo um ano bom, estamos dentro das nossas metas. Mas também estamos sempre insatisfeitos, procurando melhorar nosso produto. Temos um foco muito grande nas plataformas digitais, não podemos nos limitar à televisão.

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TELA VIVA - Essas plataformas digitais já têm uma boa receita publicitária, ou ainda é só para engajamento, para reter o assinante? German Hartenstein -Tem uma pegada publicitária forte. Você pega o ESPN Sync, que começou no ano passado. Já começou vendido, com quatro patrocínios, e esse ano

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também já vendeu as cotas. Tem muita interação, é visto ao vivo, vale dinheiro, o anunciante se interessa. É uma ótima ferramenta também para aumentar o nosso ATS (Average Time Spent), o tempo que o assinante fica ligado no canal. A segunda tela é hoje algo que o mundo adotou, e eu prefiro que essa segunda tela aconteça com a gente do que com outras redes sociais. TELA VIVA - A alta do dólar impactou muito o negócio este ano? German Hartenstein - Sim impacta, mas o mercado financeiro também te oferece algumas alternativas para estas situações e a gente estava preparado pra isso, então não teve aquele baque tão forte. Isso num primeiro momento. Mais cedo ou mais tarde muda a realidade, mas nesse momento ainda estamos numa condição protegida. Olhando para a frente é um cenário ruim para todos, porque as receitas são mantidas em reais e os custos sobem para outro patamar. TELA VIVA - O custo dos direitos, além disso, também cresceu muito . Isso já se estabilizou? German Hartenstein - Temos pago mais caro. Isso não é uma commodity como café ou suco de laranja. Quem quis pagar mais já puxou para cima. Nós não fazemos maus negócios. Analisamos com cuidado o que vai trazer resultado para a ESPN e entramos com consciência clara dos limites, isso é importante. A nossa grade é muito diversa, então você perde alguma coisa, ganha outra, procura sempre o que for melhor para o “fã do esporte”, dentro do possível. Olha tudo, preço, dólar, a economia e procura garantir um padrão de qualidade. TELA VIVA - Vocês passaram anos disputando mercado (no gênero esportes) apenas com a Globosat, e recentemente

surgiram diversos concorrentes, como Fox, Band e agora a Turner. Há espaço para todos? German Hartenstein - Sempre se fala que a concorrência é boa, e eu pensava: “boa pra quem?”. Quando a Fox entrou, no entanto, percebi que foi bom, sim. A entrada de um concorrente nos forçou a ser melhores, nos esforçar mais. Passamos a nos preocupar com coisas com que não nos preocupávamos tanto antes, entender o que traz mais audiência, mexer na programação. Tem muita coisa somada, um esforço de marketing, promos, breaks. Passamos a trabalhar de forma muito mais afinada.

TELA VIVA - E o modelo de empacotamento, resiste do jeito que é? German Hartenstein - Não tem muita mágica. Você vê os canais de esporte. Com os custos dos direitos, os custos de manter uma programação de qualidade, você tem que ter um nível de receitas para fazer frente a isso. Então acredito na inteligência das empresas e das pessoas, que vão conseguir manter isso vivo. O esporte é um diferencial importante, porque só tem graça se for ao vivo. Quem arca com o custo tem que achar um modelo que possa remunerar.

TELA VIVA - E adiantou? German Hartenstein - Sim, ano passado tivemos um aumento de 100% na audiência. Este ano o aumento está perto de 40%. Uma parte disso foi a Copa, no ano passado. Mas sem contar a Copa ainda crescemos 70%. Então com concorrência é mais difícil, mas o resultado é melhor. Hoje posso dizer que recebo de braços abertos, tranquilamente.

TELA VIVA -E o modelo que já começa a aparecer, de venda de conteúdo direto ao assinante? O que acha, vai acontecer? German Hartenstein - Pode ser, mas acho que ainda há modelos que podem ser explorados junto com o operador. Pega um evento de nicho, como uma regata ou outras modalidades. Tem um apelo menor, mas tem um público muito específico, apaixonado. Então você poderia formatar com o operador um produto para esse público.

TELA VIVA - E cabem mais canais? German Hartenstein - Acho que sim, cada um tem seu estilo, no jornalismo por exemplo alguns são mais sérios, outros buscam um tom mais leve. Há várias modalidades a se explorar. Para o fã é bom. O problema é na parte econômica, ver se o mercado publicitário e de distribuição consegue segurar tantos canais. A ESPN entrou com um processo nos EUA contra a Verizon, pela quebra no modelo de pacotes (a operadora passou a oferecer pacotes mais “quebrados”, sem todos os canais). Qual a sua visão do futuro desse mercado? O mercado nos EUA já chegou num nível de maturidade importante. Aqui a situação é diferente, o mercado ainda cresce e vai crescer por um tempo, temos uma penetração baixa. Outro lado, é que em tecnologia estamos abrindo o leque. Não vejo nosso modelo acabando, só aumentam as oportunidades. Vamos atender outras necessidades. Tem que entender como monetizar essas oportunidades.

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TELA VIVA -E as outras modalidades, fora o futebol? German Hartenstein - Sempre investimos, e vem crescendo. Leva tempo. A NFL (futebol americano) por exemplo, é algo com que vemos trabalhando há anos, explicando as regras, mostrando os principais jogadores, criando programas como “The book is on the table”... Aí o Superbowl desse ano deu 80% a mais de audiência que no ano passado. São três, quatro anos de crescimento. Ninguém consegue gostar daquilo que não conhece. A gente também foi atrás da Copa do Mundo de Rugby, esse ano temos os direitos exclusivos. Ela acontece em setembro, e depois o rugby volta para as Olimpíadas, então teremos o esporte no Rio em 2016. Acreditamos que o rugby pode ser outro fenômeno deste tipo.

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(OTT ) Fernando Lauterjung e Samuel Possebon

fern an do@convergecom .com .b r | sam uc a@ co nvergeco m .co m .br

Conflitantes e complementares FOTOS: DIVULGAÇÃO

Tim lança caixa over-the-top com TV aberta, Netflix e serviço de operadora virtual de TV por assinatura. Modelo gerou impasse com algumas programadoras, que não quiseram ser vizinhas do serviço de subscription VOD internacional em um mesmo equipamento.

A caixa conta com receptor de TV digital e aplicativos do YouTube, Netflix e Self TV - serviço de TV paga virtual da TV Alphaville.

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TIM lançou em junho sua sua central de entretenimento Live TIM Blue Box. O produto já havia sido lançado há cerca de um ano, mas com apenas parte dos serviços. A novidade é que a operadora agora permite que os assinantes de seu serviço de banda larga fixa assinem também um serviço de TV por assinatura, sem, com isso, se tornar uma operadora do Serviço de Acesso Condicionado. A caixa conta com um receptor de TV digital terrestre e alguns aplicativos que agregam importantes conteúdos: YouTube, Netflix e, a partir de agora, Self TV serviço de TV por assinatura virtual da TV Alphaville. A caixa é oferecida aos assinantes da banda larga fixa Live TIM (Rio de Janeiro e São Paulo) por uma assinatura adicional de R$ 9,90, e

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para não-assinantes – neste caso, somente para compra -, por R$ 599,00. Os aplicativos que precisam de assinatura estão disponíveis apenas à base da própria TIM. Para ter o serviço da Netflix ou da Self TV é preciso fazer uma assinatura adicional, junto a esses provedores. A parceria com a Netflix tem um elemento novo, que é o modelo de co-billing que pela primeira vez a Netflix praticará no Brasil. Em vez do uso do cartão de crédito, a conta do serviço de vídeo poderá vir na conta do assinante Live TIM. TV por assinatura A TV Alphaville, parceira da TIM com o serviço Self TV, é uma das mais antigas operadoras de TV a cabo brasileira e que, na prática, se torna a primeira operadora virtual de TV por assinatura, já que seus pacotes passam a estar disponíveis, pela banda larga, fora de sua área de atuação tradicional. Esse modelo de operadoras

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virtuais (que têm os mesmos pacotes tradicionais, mas são distribuídas pela banda larga) começa a surgir nos EUA, com a Echostar, por exemplo. Outra novidade importante é o primeiro impasse envolvendo uma programadora tradicional de TV paga, a Globosat, e a Netflix, provedora de vídeo sob demanda por assinatura. A Globosat não deixou seus canais disponíveis para a Self TV distribuir no modelo OTT, via caixa da TIM, como outras programadoras. Segundo fontes ouvidas por este noticiário, a razão para isso seria a presença da Netflix, que está embarcada na caixa, mas a Globosat nega. Segundo fontes da programadora, a razão é a falta de clareza sobre o modelo. Algumas operadoras de TV por assinatura tradicionais como a Cablevision nos EUA, ou a Virgin, no Reino Unido, estão colocando o aplicativo da Netflix em seus settops, para o cliente usar se quiser. Isso tem gerado protesto de algumas programadoras e operadores concorrentes. O que se vê no Brasil poderia ser o indício de um conflito semelhante. No caso da TV por assinatura especificamente, a oferta da TIM se dará através de três pacotes do novo produto da TV Alphaville, que custam entre R$ 29,90 e R$ 89,90. Segundo Cristina Budeu, CEO da TV Alphaville, o produto é sem fidelidade. "Pode trocar o pacote mês a mês. Tenho certeza que o nosso pacote de

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entrada é o de menor preço do mercado", disse. A assinatura e toda a sua gestão por parte do assinante se dará online e a cobrança, feita pela prestadora do serviço de vídeo, e não pela TIM, será por cartão de crédito. A Self TV oferece um mês de degustação. Os pacotes são enxutos, não contando com canais da Globosat e HBO. O serviço oferece, no entanto, já no pacote médio, os canais Esporte Interativo, contando, portanto, com o conteúdo da Champions League. Além disso, traz os canais infantis no pacote de entrada. Cristina não comenta o impasse com a Globosat nem as razões. Diz apenas que continua negociando com a G2C. "A questão tecnológica está superada, mas eles são mais cautelosos ao entrar em novas plataformas e serviços", disse. Com a HBO, no entanto, a dificuldade na negociação é na homologação tecnológica, que ainda deve levar algum tempo. Segundo a executiva da Self TV, a rede da TIM é a primeira homologada pela operadora para a oferta do serviço de TV. "Vamos estudar novas redes. Em alguns anos estaremos junto das grandes do Brasil. Seremos a quinta empresa de TV por assinatura em pouco tempo", disse. Já existem outras empresas que pensam em seguir o mesmo modelo da TIM. A Sercomtel, por exemplo, tem planos de fazer o mesmo no Paraná pelas redes de banda larga da Copel. Estratégia "Muitas operadoras lançaram serviços de TV paga para complementar o seu pacote. Nós reconhecemos que em algumas áreas o ideal é trazer quem entende deste assunto. Entendemos que era melhor fazer parcerias com especialistas do que passar a negociar conteúdos", disse Rogério Takayanagi, CMO da Tim, no

“Quanto mais as pessoas consumirem vídeo e TV, mais vão demandar uma Internet de qualidade.”

o que é mais crítico, mas ainda vamos buscar outros parceiros e serviços", disse. A ideia é atender também uma base que não pode arcar com os combos da maioria das operadoras. "Nossa estratégia atende aos novos hábitos de uso, muito mais compatível com a sócio-geografia brasileira. A renda familiar média está abaixo de R$ 1 mil. Quem está disposto a colocar mais de 25% de sua renda em um pacote de telecomunicação e televisão?", disse Takayanagi. "Estamos penetrando mais na base da pirâmide, justamente por não estar forçando o combo", complementou Lang. Segundo o executivo, é difícil entrar no mercado de TV por assinatura. "Não dá para ganhar dinheiro com TV em modo de ataque. Ou é de forma defensiva, para preservar sua base em outros serviços, ou você já tem escala muito grande", disse.

Rogério Takayanagi, da Tim

lançamento da caixa. Segundo o executivo, o lançamento foi um "primeiro passo que vai abrir oportunidade de desenvolver novos modelos de negócios, inclusive com outros parceiros". Para a operadora, fomentar o consumo de vídeos online é estratégico para desenvolver o negócio de dados. "Quanto mais as pessoas consumirem vídeo e TV, mais vão demandar uma Internet de qualidade", disse Takayanagi. A operadora teve, há muitos anos, uma parceria com a Sky para a venda conjunta dos serviços de TV DTH e banda larga. "Vimos que o dia a dia da operação era complicado demais. Na prática, ficou difícil de operacionalizar", afirma o executivo. Com aproximadamente 2 milhões de homes passed em São Paulo e no Rio de Janeiro, o serviço de banda larga ainda conta com uma base modesta, de 150 mil assinantes. E, claramente, há uma lacuna a ser preenchida em boa parte da base com o serviço de vídeo. Segundo Flávio Lang, executivo responsável pelas operações residenciais da TIM, quase metade da base da operadora (46%) não conta com serviços de TV paga. Com o novo produto, a operadora começa a preencher esta lacuna. Segundo Lang, 49% do tráfego no Live Tim é de streaming de vídeos. "Os novos assinantes, no começo, usam muito a rede para fazer peer-to-peer. Dois meses depois, há uma mudança de comportamento, migrando para o streaming de vídeo. O usuário acaba substituindo a pirataria por serviços legítimos", diz. Lang admite que falta na oferta um serviço de video on-demand transacional, mas diz que já está negociando com um parceiro. "Acho que já temos

Tecnologia As caixas são baseadas em sistema operacional Linux, com software da Minerva, e baixa demanda de processamento. Conta com entrada para antena (para a TV digital terrestre), uma porta Ethernet e conectividade Wifi. As saídas são HDMI, S-vídeo e áudio digital óptico. A caixa também pode ser usada para reproduzir na TV o conteúdo do YouTube de um tablet ou celular. O guia de programação integrado engloba todo o conteúdo linear – da TV aberta e por assinatura. Há ainda uma ferramenta de recomendação, que inclui as plataformas online YouTube e Netflix. Uma evolução da ferramenta permitirá, em breve, recomendações personalizadas por usuário. Por ter sido desenhada para ter um custo menor, a caixa não é rápida, sendo que o "zapping" consome cerca de 4 segundos entre os canais. Os aplicativos de TV paga e Netflix demoram um pouco para carregar.

“Acho que já temos o que é mais crítico, mas ainda vamos buscar outros parceiros e serviços.” Flávio Lang, da Tim

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(política) Lúcia Berbert, de Brasília

luc ia@co nvergeco m .co m .br

Cinto apertado

Cultura e Comunicações sofrem cortes, dentro do programa de ajustes do governo federal. EBC e Ancine podem perder recursos com a arrecadação menor das teles.

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KOYA979/SHUTTERSTOCK.COM

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Ministério da Cultura perdeu mais de 33% dos recursos previstos para 2015 com os cortes de orçamento anunciados em maio pelo governo federal. O orçamento da pasta caiu R$ 466 milhões, passando do R$ 1,39 bilhão previsto para R$ 927 milhões. Ainda não está detalhada a distribuição desses cortes, ou seja, quanto será repassado à Ancine e quanto será em outros programas do MinC. Já o Ministério das Comunicações terá quase 25% a menos para investimentos neste ano, mas o Banda Larga para Todos e o projeto do satélite brasileiro serão preservados. Pelo corte, o orçamento do Minicom cai de R$ 1,37 bilhão para R$ 1,05 bilhão, ou seja, perderá cerca de R$ 317 milhões. Segundo o ministro Nelson Barbosa (Planejamento), mesmo com o contingenciamento o ministério terá mais recursos que o ano passado (R$ 823 milhões). Isto porque a redução se deu com base na Lei Orçamentária deste ano. “Isso dá uma medida da prioridade que é dada às Comunicações”, disse. O ministro do Planejamento disse que o novo plano de banda larga deve ser lançado no segundo semestre. Os recursos para isso estão previstos no orçamento do PAC, que terá R$ 40,5 bilhões para pagamento neste ano e mais R$ 39,3 bilhões para empenho para todos os projetos. O ministro não adiantou se haverá aumento nas alíquotas de cobrança dos fundos setoriais, especialmente o Fistel, como se especulou.

Barbosa salientou, entretanto, que o aumento da arrecadação não está baseado apenas em elevação de impostos, mas também no aumento de fiscalização e esforço de melhor cobrança da dívida ativa. O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, não quis adiantar uma análise mais profunda sobre os números. Ele disse que recebeu os valores gerais e terá que readequar os projetos. No caso do Plano de Banda Larga para Todos, o Minicom informou que com a destinação das verbas, será possível definir os modelos de financiamentos privados e público para as ações, que se prolongarão por todo o governo. No pronunciamento do ministro do Planejamento, ficou clara a disposição do governo em garantir recursos para o plano até 2018. Com o contingenciamento, os investimentos do governo em 2015 ficam semelhantes aos aplicados em 2012, valores inferiores que os de 2013 e muito menores que os de 2014, ano eleitoral. O corte representa 5% do PIB. Este foi o maior contingenciamento feito pelo governo. O setor de telecomunicações

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apresentou, entre janeiro e abril, o pior desempenho em arrecadação de imposto de renda (IRPJ) e contribuição sobre o lucro (CSLL) entre dez atividades analisadas. De acordo com relatório da Receita Federal, a queda na arrecadação foi de 55,34% em relação a 2014, ou seja, mais do dobro da média das perdas dos outros setores, que ficou em 21,75%. Se o ritmo mais lento se mantiver, isso terá impactos diretos sobre os orçamentos da Ancine e da EBC, que têm parte de suas receitas atreladas ao recolhimento do Fistel pelas empresas de telecomunicações. Em valores absolutos, a arrecadação do setor ficou em R$ 585 milhões, ante o R$ 1,3 bilhão obtido entre janeiro e abril de 2014. Foram R$ 725 milhões a menos. Em abril deste ano, a arrecadação do setor foi de R$ 126 milhões, queda de 74,94% na comparação com o mesmo mês de 2014, que foi de R$ 501 milhões. Já na arrecadação de PIS/Cofins, o setor de telecomunicações avançou 2,93% em abril. Porém foi o pior crescimento entre as dez atividades analisadas. A desoneração com o programa de tributação especial para a construção de redes de banda larga (REPNBL) também apresentou alta de 6% em abril. Subiu de R$ 85 milhões para R$ 91 milhões na comparação anual. Entre janeiro e abril deste ano, a renúncia fiscal do governo com o REPNBL foi de R$ 364 milhões ante os R$ 339 milhões renunciados em igual período do ano passado, o que representou um avanço de 24%.

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Lizandra de Almeida

cartas.telaviva@convergecom.com.br

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s Olimpíadas estão aí e a Prefeitura do Rio de Janeiro resolveu mostrar uma nova face da cidade para seus moradores e também para os turistas que se preparam para assistir aos jogos. O filme criado pela agência carioca Prole, com direção do também carioca Carlos Manga, faz parte de uma repaginação na comunicação da cidade que vem sendo implementada desde 2011. Esse novo filme inova ao trazer imagens de um Rio mais urbano, com paisagens e rostos que são a cara da cidade – em suas mais diversas atividades do dia a dia. E provoca: “Essa história de Cidade Maravilhosa já deu o que tinha que dar. Será que é só isso o que somos? Um rostinho bonito?”. O filme começa com a Terra vista de fora e desce até localizar a cidade. Cenas aéreas identificam alguns dos locais que abrigarão os jogos e, nas terrestres, pessoas fazem suas atividades de todo dia: fechar uma quentinha, cortar cabelo, brincar, dançar, andar de patins ou skate, vender óculos escuros. O filme exalta, acima de tudo, o morador da cidade. E a locução continua: “Pra passar de fase, parceiro, tem que trazer muito mais gente pra dentro do jogo.” Para registrar toda a diversidade da cidade, Manga e a equipe da Zola percorreram todos os cantos da cidade. O set foi dividido em dois: um para os planos aéreos, feitos de helicóptero, e outro para as cenas que o diretor chama de “terrestres”. “Saímos para filmar com um olhar documental, pensando em flagrar momentos do Rio que as pessoas não estão acostumadas a ver. De um Rio que não é exatamente turístico.” As cenas foram encenadas, mas foram todas inspiradas nas situações

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Cenas de um Rio urbano

Filme para Prefeitura do Rio mostra um outro lado da cidade.

reais. E a filmagem também buscou demonstrar que tinham sido flagradas. A captação foi feita a partir de um planejamento que levou em conta principalmente os momentos em que a luz natural poderia ser a mais adequada. “A ideia era mostrar tudo que acontece ao mesmo tempo, e todas as cenas são em 360º, ou seja, às vezes são as personagens, às vezes é a câmera, mas tudo gira em círculo, como os aros olímpicos”, explica o diretor. A intenção, continua, é “mostrar que o maior evento do mundo vai começar e será nesse local, nessa cidade onde tudo isso acontece ao mesmo tempo”. As pessoas recrutadas para participar do filme estão sempre muito próximas da atividade que estão desempenhando. “O B-Boy é um B-Boy, quem dança tem a ver com a dança. Senão, não funcionaria”, diz Manga.

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A única intervenção da computação gráfica, ocorreu em uma cena na cena final, que mostra os arcos olímpicos de um ângulo que a câmera não poderia captar.

FICHA TÉCNICA Cliente Produto Agência Criação Produtora Direção Fotografia Direção de arte Montagem Produção executiva Atendimento Finalização

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Prefeitura do Rio de Janeiro Institucional Prole Marcos Hosken e Matheus Pizão Zola Carlos Manga Jr. Pedro Cardillo Clô Azevedo Alex Lacerda Jimmy Palma e Pedro Bueno Gabriela Fernandes e Marina Leite Psycho / Clan


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Cartão de crédito para todos

Mágico percorre feira de artesanato e transforma cédulas em cartões Mastercard.

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isando ampliar o uso do cartão de débito e crédito para transações de menor valor, a MasterCard continua sua campanha “Não tem preço” agora voltada para um segmento mais popular de consumidores. O filme que abre a nova fase da campanha mostra um mágico que percorre uma feira de artesanato e interage com os consumidores fazendo pequenos truques. Uma cédula de dinheiro, por exemplo, sai voando da mão de uma cliente e desaparece. Depois, o mágico a transforma no cartão da marca. A maioria dos truques foi feita ao vivo, porque a produção de casting buscou um protagonista que combinasse características de mágico e ator. “O processo de produção do filme começou com a busca desse personagem principal,

que tinha de ser um bom ator mas também precisava saber fazer os truques ao vivo”, conta Pablo Fusco, diretor argentino que já trabalha há alguns anos em produções brasileiras. “Criamos um personagem que tivesse algumas características que remetessem a essa figura do mágico, como o bigode, mas com alguns toques mais modernos, como por exemplo as tatuagens – que não são reais”, conta o diretor. O figurino também se preocupou com essa combinação de características clássicas e modernas. A feira foi montada na região central de São Paulo, onde foram construídas todas as barraquinhas. Para a fotografia, a produção optou por uma estética mais naturalista, com uma paleta de cores que remetesse às cores da marca – azul e ocre. A campanha continua com uma série de outros filmes que têm sempre o mote “Não existe mágica melhor do que

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usar o seu MasterCard”. A partir daí, a campanha também começa a divulgar o Programa Surpreenda. Com ele, o cliente paga por um produto e recebe por outro igual.

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FICHA TÉCNICA Cliente Mastercard Produto Institucional Agência WMcCann Produtora Side Cinema Direção Pablo Fusco e Renato Assad Fotografia Mariano Monti Produção executiva Marina Camasmie Assad Coordenação Cynthia Gama de produção Direção de produção Pedrinho Araujo Direção de arte Daniela Bevervanso Casting Erika Slama Montagem Zeca Sadeck Pós-produção / CLAN vfx Finalização


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Leandro Sanfelice

leandro@convergecom.com.br

“Território do Brincar”

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m uma viagem de quase dois anos, entre abril de 2012 e dezembro de 2013, os documentaristas Renata Meirelles e David Reeks, acompanhados de seus filhos, uma assistente e duas câmeras, percorreram o Brasil visitando comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral. No trajeto, registraram em filmes, fotos, textos e áudios brincadeiras de crianças para o projeto “Território do Brincar”, que tem um objetivo ambicioso: produzir um retrato do brincar e seus diferentes significados em todo o território nacional. No final do mês de maio, chegou aos cinemas o documentário longa-metragem “Território do Brincar”, fruto do projeto e realizado em parceria com a Maria Farinha Filmes, produtora ligada ao Instituto Alana, que se dedica à proteção da infância. O documentário traz imagens de brincadeiras registradas ao longo da viagem. Além disso, o extenso material colhido será utilizado na produção de dois livros e duas séries infantis para a TV. Uma exposição itinerante viajará pelo Brasil para levar as imagens captadas a escolas, festivais e praças. Produção e distribuição “Território do Brincar” foi realizado com financiamento do Instututo Alana e em parceria com a Maria Farinha Filmes, produtora do instituto. “Desde que começamos a desenvolver o projeto até o

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Documentaristas viajaram o Brasil com um objetivo ambicioso: produzir um retrato do brincar e seus diferentes significados em todo o território nacional.

Documentário traz imagens de brincadeiras de crianças em diferentes regiões do Brasil.

lançamento do longa passaram-se quase quatro anos”, conta Marcos Nisti, vicepresidente do Instituto Alana e responsável pela produção. “A ideia foi produzir um retrato do brincar da forma mais pura e sincera possível. Inclusive, não há presença de adultos, especialistas e estudiosos. Todo o filme são crianças brincando e se expressando ao longo de quase 90 minutos”, conta. Quase todas as imagens da produção foram capturadas pelo casal viajante. A produtora providenciou o apoio de mais profissionais em datas especiais com festas e grandes eventos. “90% são imagens do David, só em alguns poucos momentos chamamos apoio. Ao longo de 21 meses de viagem, conseguimos muito material, mais de 300 horas de filmagem – editar tudo isso foi um grande desafio”, conta Nisti. Segundo Nisti, a intenção da Maria Farinha é, após deixar o cinema, explorar principalmente as plataformas digitais. A proposta inclui disponibilizar o longa para exibições públicas gratuitas por meio do

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Videocamp, plataforma desenvolvida pelo Instituto Alana que reúne produções que abordam causas relevantes para a sociedade. “A ideia é explorar acordos com ferramentas de distribuição online, seguindo cases de produções anteriores da Maria Farinha que tiveram grande repercussão em plataformas como o Netflix. No Videocamp, iremos tornar o conteúdo disponível pra exibições públicas assim que deixar os cinemas”, diz. Projeto Para Renata Meirelles, educadora e documentarista responsável pelo projeto, um dos principais desafios foi definir o roteiro da viagem. “O Brasil é um território imenso, do tamanho de um continente e com diferentes culturas, e representá-lo em um projeto é sempre desafiador. Buscamos representar ao máximo os diferentes biomas e regionalismos”, conta. No total, a família passou por

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( case) FOTOS: DIVULGAÇÃO

PROJETO BUSCA PRODUZIR RETRATO DO BRINCAR E SEUS DIFERENTES SIGNIFICADOS NO BRASIL. 19 municípios nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pará, Espírito Santo, Maranhão, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Ceará. Sempre que chegava a uma nova região, antes de filmar, o casal iniciava um processo de aproximação com as comunidades locais. “Não é fácil explicar para as pessoas como funciona o trabalho de pesquisadores de brincadeiras. Descobrimos que a melhor maneira de fazer isso é mostrar para eles nossos trabalhos anteriores. Assim que terminávamos as apresentações para a comunidade local, as crianças já começavam a trazer seus brinquedos e mostrar suas brincadeiras”, diz David Reeks, documentarista e principal responsável pela captação de imagens do filme. “Nós nos estabelecíamos nos locais e apresentávamos, com calma, como funcionavam os equipamentos, familiarizando todos com o processo de gravação”, conta David. “Na hora da brincadeira em si, eu participava da atividade até o momento de ligar a câmera. Com a câmera ligada, era preciso estabelecer um distanciamento. É possível ver no filme que as crianças não estão atuando, e sim sendo elas mesmas de maneira muito natural e espontânea. Estão brincando, que é o que elas fazem de melhor”. Concluídas as gravações, o casal promoveu exibições públicas com parte do material bruto filmado em cada região. A ideia é levar o longa concluído para novas exibições nas comunidades que participaram do projeto. Com o material colhido ao longo da viagem, a equipe de produção

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Gravação de “Território de Brincar” levou casal cineasta a 13 municípios em nove estados.

lançou uma série de vídeos curtos no site do projeto, e pretende produzir uma série para TV. “Ainda estamos pensando em qual seria o melhor canal para receber o projeto. Mas temos um material muito rico guardado. Seria possível fazer mais um longa com qualidade tão boa quanto o que estamos lançando”, diz David. “Queríamos mostrar a criança no momento em que ela é livre, fora do ambiente escolar e onde ela tem espaço para se expressar”, explica Renata. “Percebemos que os adultos desaprenderam a ver a brincadeira da criança. O que mais ouvíamos eram pessoas dizendo que não haveria o que filmar, pois as crianças de hoje em dia

naquela região não brincavam mais. Aceitamos o desafio e o resultado mostrou que a realidade é bem diferente”, conclui a documentarista.

FICHA TÉCNICA

SINOPSE: Longa traz registros de brincadeiras infantis em diferentes regiões do Brasil.

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Direção David Reeks e Renata Meirelles Roteiro Clara Peltier e Renata Meirelles Fotografia David Reeks Montagem Marilia Moraes Música Composta por Andrés e interpretada pelo Grupo Uakti e convidados Produção Juliana Borges executiva Câmera David Reeks Produção Estela Renner, Luana Lobo, Marcos Nisti, Maria Farinha Filmes e Ludus Vídeos

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Leandro Sanfelice

leandro@convergecom.com.br

“Guerra do Paraguai“

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ntre os anos de 1865 e 1870 a América do Sul foi palco da maior guerra já travada dentro de suas fronteiras. No confronto, cerca de 75 mil brasileiros, 18 mil argentinos, 3 mil uruguaios e nada menos que 300 mil paraguaios – quase 70% da população do país na época – morreram em decorrência de combates, epidemias que se alastraram e fome. Cento e cinquenta anos após o início do confronto, o History se prepara para lançar o especial “Guerra do Paraguai”, no dia 11 de julho. Produção original desenvolvida em parceria com a Studio Fly, “Guerra do Paraguai” contará com reconstituições dos combates, interpretações de personagens marcantes e entrevistas com especialistas. O especial abordará as conquistas e os equívocos do Brasil durante a Guerra do Paraguai, além de debater as razões que motivaram o conflito. O projeto marca a estreia do diretor e cofundador da Studio Fly Matheus Ruas em obras de entretenimento. “Sempre tive vontade de usar meu trabalho para trazer informação e estimular o debate. Nosso país passa por momentos difíceis na política e vemos os jovens saindo para as ruas e pedindo mudança. Contudo, podemos ver que muitas vezes falta bagagem de conhecimento para eles se posicionarem. Muito do que se passa hoje já aconteceu antes, e a ideia é que as pessoas façam essa relação”, diz o diretor. “Nós temos uma política de

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Produção da Studio Fly para o History contará com reconstituições dos combates, interpretações de personagens marcantes e entrevistas com especialistas. Para reproduzir explosões, tiros e ferimentos, produtor utilizou computação gráfica.

sempre tentar trabalhar com gente nova, de estimular uma diversidade maior de produtores. Isso também nos animou e decidimos investir nesse projeto”, diz Krishna Mahon, diretora de conteúdo do History. Segundo ela, o projeto começou a ser desenvolvido há cerca de um ano, quando Matheus apresentou um vídeo promocional de um especial sobre Getúlio Vargas. “Sabíamos que outras pessoas estavam trabalhando com o tema do Getúlio, então pedimos que apresentassem um projeto semelhante com um tema novo. A Guerra do Paraguai, para nós, é um tema muito bom. Além de existirem visões diferentes e polêmicas sobre o tema, tem também a parte de ação e da

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guerra, que é entretenimento e funciona muito bem com nosso público alvo”. A escolha pela Guerra do Paraguai, conta Ruas, levou em conta a proximidade com a marca de 150 anos do conflito e o fato de o confronto ser um tema pouco explorado e aberto a interpretações divergentes. “Esse foi um dos maiores confrontos entre o período de Napoleão e as grandes guerras, e ainda assim olhamos para isso sem muita profundidade. O brasileiro gosta de manter uma visão cordial de si mesmo, de um povo que não se envolve em guerras. Esse confronto mostra um outro lado nosso”, diz. Segundo ele, a produção optou por expor diferentes visões sobre o conflito. “No período do Regime Militar, a historia valorizava muito as conquistas militares e o Brasil aparecia como herói nessa versão.

ESPECIAL ABORDARÁ AS CONQUISTAS E OS EQUÍVOCOS DO BRASIL DURANTE A GUERRA NO PRATA V I V A

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Logo depois, passou-se a adotar uma visão totalmente contrária, com o Brasil aparecendo como vilão. Hoje, mais uma vez, alguns historiadores revisam essas versões para tentar encontrar algo que para eles estaria mais próximo da realidade. Nós trazemos entrevistados com as três visões – direita, esquerda e centro”, conta. Produção De acordo com Ruas, após um trabalho inicial de pesquisa, a Studio Fly iniciou as gravações pelas entrevistas. “Nessa primeira parte realizamos um trabalho muito jornalístico. Encontramos os especialistas e começamos pelas entrevistas. Esses depoimentos e o conhecimento desses profissionais serviriam de fio condutor para o roteiro e para as gravações das cenas de dramaturgia e reconstituições de batalhas que vieram depois”, conta. “Guerra do Paraguai” traz depoimentos de historiadores, jornalistas, diplomatas e um filósofo (o brasileiro Mario Sergio Cortela), gravados em quatro países envolvidos nos conflitos – Brasil, Paraguai, Argentina e Inglaterra. As cenas nas quais atores interpretam alguns dos principais nomes envolvidos no conflito como D. Pedro II (Jairo Mattos), Solano López (Fábio Nassar) e Elisa Lynch (Valentina Sallezzi) foram gravadas em São Paulo. Já as partes do documentário com reconstituições dos combates foram rodadas ao longo de dez dias no Uruguai, em uma região próxima à fronteira com o Brasil. Contando com os figurantes, o trabalho mobilizou cerca de 200 pessoas. “Tentamos reproduzir os combates da forma mais fiel possível. A vegetação, os acampamentos e até a raça dos cavalos – levamos tudo isso em conta. Nesse contexto, estar gravando no lugar onde aconteceu o conflito facilita muito o trabalho”, diz Ruas.

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Produção conta com reconstituição de combates e interpretação de personagens marcantes.

O figurino dos atores, conta, foram produzidos a pedido da produtora. As armas utilizadas pelos combatentes vieram de museus. Para reproduzir explosões, tiros e até mesmo ferimentos, a Studio Fly optou por utilizar computação gráfica 3D e 2D. “Eu tenho

uma formação que vem de 3D e, além disso, não teríamos orçamento para utilizar efeitos reais. Quase todas as imagens do filme têm computação gráfica, quase não há cenas virgens”, revela Ruas.

FICHA TÉCNICA

SINOPSE: Entre os anos de 1865 e 1870 a América do Sul foi palco da maior guerra já travada dentro de suas fronteiras. No confronto, cerca de 75 mil brasileiros, 18 mil argentinos, 3 mil uruguaios e nada menos que 300 mil paraguaios morreram. Cento e cinquenta anos após o início do confronto, o History se prepara para lançar o especial “Guerra do Paraguai”, que aborda o confronto.

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Direção e roteiro Matheus Ruas Edição Matheus Ruas e Diego Biazzon Produção Executiva Tiago Schenk Direção de Fotografia M. Scalante Áudio Kiko Ferraz Studio Finalização Equipe Studio Fly Elenco D. Pedro II: Jairo Mattos Solano López: Fábio Nassar Elisa Lynch: Valentina Sallezzi (Arg.) Depoimentos: Eduardo Bueno, Mary Del Priore, Leandro Narloc, Francisco Doratioto, Miguel Solano López, Guido Alcalá, Jorge Rubiani, Juan Rivarola, Herib Caballero, Leon Pomer, Roberto B., Mario Sergio Cortela, Leandro Karnal, Peter Lambert, J.J. Chiavenatto


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Fernando Lauterjung

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fernando@convergecom.com.br

Daqui pra lá A Barnfind Technologies, fabricante de sistemas de transporte de sinal de vídeo, lançou uma nova opção para abrigar os equipamentos de conversão BarnMini. A BTF-Mini-16 é um alojamento para até 16 x BarnMini com alimentação única ou redundante para todas as unidades. A fonte de alimentação é a mesma que para a série BarnOne e pode vir como o padrão 100-240AC ou como 36-72DC. Além disso, a linha ganhou o BarnMini-03, que converte a partir de HDMI para qualquer formato SFP SDI, e o BarnMini-04, que opera no sentido oposto.

Família 3LCD de projetores tem índice de contraste de 10:000:1 e trabalha nas resoluções XGA, WXGA e WUXGA.

Família renovada A Christie lançou cinco novos projetores digitais 3LCD. Apresentando variações de luminosidade entre 6 mil e 8 mil lúmens, com uma lâmpada única e uma lente opcional 0.38:1 para distâncias ultra-curtas. A nova família tem índice de contraste de 10:000:1 e trabalha nas resoluções XGA, WXGA e WUXGA. A série conta com equipamentos silenciosos e de fácil integração – sendo ideais para instalações de ensino superior, grandes empresas, museus, locais de culto religioso, instalações do governo e ambientes selecionados do setor de aluguel e encenação. Os cinco novos modelos da série D substituem os modelos Christie LHD700 e LX700, além dos modelos Christie LW551i, LWU501i e LX601i. A nova opção Christie Connect com USB sem fio tem funcionalidades de monitoração e colaboração em ambientes com multi-usuários. O equipamento traz o novo sistema Advance Color Management, equipado com comandos separados para cores, saturação e luminosidade.

BarnMini ganhou versões de conversão HDMI para qualquer formato SFP SDI e vice-versa.

Estreias 4K Na NAB, em abril deste ano, a Rohde & Schwarz apresentou o seu headend R&S AVHE100, agora com distribuição comercial. O equipamento foi usado em algumas transmissões esportivas em 4K ao longo do ano passado, que funcionaram como importantes testes para o mercado nesta tecnologia. Em dezembro de 2014, a Eutelsat transmitiu as finais do campeonato italiano de tênis em 4K usando o headend para codificar os sinais. O conteúdo de vídeo de ultra-alta resolução foi transmitido no canal de televisão italiano SuperTennis. A Alemanha também teve duas estreias mundiais em ultra HD com transmissão ao vivo. Em abril, a Sky Deutschland utilizado o codificador para transmitir uma partida de futebol ao vivo, via satélite em ultra HD a 50 quadros por segundo - a primeira do mundo. Em meados de novembro, o codificador ao vivo foi utilizado para a compressão de dados durante a transmissão ao vivo via satélite ultra HD do show do Linkin Park em Berlim. O headend compacto fornece codificação em tempo

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R&S AVHE100 utiliza um algoritmo HEVC desenvolvido em colaboração com o Instituto Fraunhofer Heinrich Hertz.

real HEVC 4K / UHD em até 60 quadros por segundo. O R&S AVHE100 codifica e multiplexa sinais de áudio e vídeo, e adiciona os dados de sinalização em conformidade com o padrão atual. O headend suporta os padrões de transmissão digital internacionais mais comuns. Outras funções opcionais incluem criptografia, monitoramento e um sistema de redundância próprio (R&S CrossFlowIP). O codificador utiliza um algoritmo HEVC desenvolvido em colaboração com o Instituto Fraunhofer Heinrich Hertz.

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( agenda ) AGOSTO

7 a 15 Festival de Cinema de Gramado, Gramado, RS. www.festivaldegramado.net/inscricao/ index.php. E-mail: festivaldecinema@gramadotour.com.br 5 a 15 Festival de Cinema de Locarno, Locarno, Suíça. www.pardolive.ch. E-mail: pardotickets@pardo.ch 23 a 27 Set Expo 2015, São Paulo, SP. www.setexpo.com.br/2015/. E-mail: comercial@set.org.br 27 a 6/9 Festival Internacional de Cinema de Veneza, Veneza, Itália. www.labiennale.org/en/cinema/71stfestival/ E-mail: info@labiennale.org

SETEMBRO

10 a 15 IBC 2015, Amsterdã, Holanda. www.ibc.org/page.cfm/link=7 E-mail: sales@ibc.org

OUTUBRO

3 e 4 Mip Junior, Cannes, França. www.mipjunior.com 5 a 8 Mipcom, Palais des Festivals, Cannes, França. Web: www.mipcom.com. 15 e 16 - 15º Congresso Latino-Americano de Satélites, Rio de Janeiro, RJ. www.convergecom.com.br/portal/ eventos/satelites. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

AGOSTO 4 a 6 - Feira e Congresso ABTA 2015, São Paulo, SP. Evento traz debates sobre os rumos do mercado de TV por assinatura, com foco na inovação em serviços de vídeo. Destaque para novas tecnologias e soluções de distribuição de VOD, IPTV, plataformas over-the-top (OTT), publicidade, satélites, TI, e inovações na distribuição de conteúdos lineares e em alta definição. Web: www.abta2015.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Telefone: 0800-7715028.

NOVEMBRO

4 a 11 American Film Market, Santa Monica, Califórnia. http://www.americanfilmmarket.com/ E-mail: AFM@ifta-online.org 12 a 19 TELAS - Festival Internacional de Televisão de São Paulo, São Paulo, SP. www.convergecom.com.br. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br Telefone: 0800-7715028.

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