Revista Tela Viva 105 - maio 2001

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Nº105 maio 2001 www.telaviva.com.br

televisão usa interatividade na guerra pela audiência

mercado de produção de eventos tem regras próprias


N達o disponivel


w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

@

EDITORIAL

E s te símbolo liga você a os s e rviços Tela V iva na Internet. Guia Tela V iva Fichas técnicas de comerci a i s E dições anteriores da Tela V i v a Legislação do audiovisual Programação regional

Í N DICE SCANNER

4

CAPA

Distribuição de filmes

12

NAB

destaque do conteÚdo

18

ENTREVISTA

José Leite Pereira Filho

22

PRODUÇÃO

Eventos

24

PROGRAMAÇÃO REGIONAL

Alagoas

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MAKING OF

30

TELEVISÃO

Interatividade na programação

32

FIGURA

Luiz Carlos Miele

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TECNOLOGIA

Placas de vídeo

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FIQUE POR DENTRO

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AGENDA

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Finalmente alguém admitiu publicamente que o poder político passa pelas outorgas de emissoras de rádio e televisão no Brasil. Para atacar o senador Antonio Carlos Magalhães, envolvido no mais novo escândalo nacional - o da violação do painel de votação do Senado -, o presidente Fernando Henrique Cardoso citou a alteração do método de concessões ocorrida durante o seu primeiro mandato, alegando que o sistema de licitações, atualmente em vigor, acaba com a corrupção e o clientelismo que havia no Congresso. As inúmeras citações de Tela Viva, afirmando que durante o governo Sarney, quando ACM era ministro das comunicações, os canais de rádio e TV, fartamente distribuídos, foram usados como moeda de troca, pelo menos agora tem chancela oficial. Mas, infelizmente, há uma ressalva nas declarações de FHC: as educativas. Ou seja, o mal não foi cortado pela raiz, como o próprio presidente admitiu em seu discurso. As emissoras e retransmissoras educativas e comunitárias continuam recebendo permissões de funcionamento sem licitação pública. Continuam a usar o caro espectro de radiofreqüência sem cumprir sua finalidade precípua, impunemente. Um exemplo do descaso governamental é nítido entre duas geradoras educativas de São Paulo. Não existe termo de comparação entre a programação da TV Cultura e da Rede Gospel, embora ambas tenham permissões idênticas perante a lei. Quanto às retransmissoras educativas que desrespeitam a legislação... Esse assunto está muito batido, é até cansativo repetir. Fernando Henrique deveria estar orgulhoso se também esse câncer, ou melhor, se principalmente esse câncer tivesse sido extirpado do cenário da radiodifusão brasileira. Para acabar com a corrupção, como pretende FHC, o Decreto nº 3.451 (09/05/2000) deveria ter coibido a existência das retransmissoras educativas (quase todas sem fim educativo) ao invés de facilitar sua transformação em geradoras, para concorrerem deslealmente com quem disputa uma concessão comercial. A intenção de acabar com o clientelismo que existe nas outorgas de emissoras de rádio e TV pode até ter existido. Mas o processo acabou capenga. Seria a mesma coisa que afirmar que alguém está meio-grávida. Como só se pode estar grávida, ou não, somos forçados a constatar que a brecha para a manutenção da corrupção e clientelismos relativa ao favorecimento de canais de rádio e TV ainda está aberta.

Edylita Falgetano


s c a n n e r

FRENTES DE TRABALHO

POR DECRETO

Foto: Divulgação

O jornalista Álvaro Oliveira, o novo O Decreto nº 3.811 (04/05/01) pubfilmes brasileiros durante 28 dias. gerente de comunicação licado no Diário Oficial de 7 de maio Para proprietários de 11 salas, o da Rede Record, já atuou em diversos veículos de fixa o número de dias nos quais as número de dias de exibição de filmes comunicação, como SBT, empresas proprietárias, locatárias ou brasileiros será de 217 dias, mais revista Veja, Gazeta Mercantil arrendatárias de salas, espaços ou sete dias por sala excedente. A multa e o portal de saúde Salutia. locais de exibição pública comercial para quem não cumprir será de 10% Nesse novo desafio, os terão de exibir obras cinematográfida renda média diária da bilheteria projetos serão basicamente Álvaro Oliveira cas brasileiras de longa-metragem apurada no semestre anterior à infdivididos em três frentes: comunicação, onde estará em 2001. De acordo com a tabela ração, multiplicada pelo disciplinando a tratamento com a imprensa constante do decreto, proprietários número de dias em que a obrigação em geral; Internet, onde formará um núcleo de apenas uma sala, terão de exibir não foi cumprida. de negócios para a web; e marketing, promovendo eventos de porte para a divulgação dos lançamentos e produtos da emissora. Segundo Álvaro, os investimentos A carioca Twister assina os efeitos especiais do longa “Amores possíveis”, de para a ampliação e novos projetos serão Sandra Werneck. Em uma das cenas, os personagens de Murilo Benício e Carolina gradativos.

PARA CONTAR A HISTÓRIA

PLANTÃO O gerente de contas da Exec Technology, Sergio Dourado, deu plantão no estande da Philips (atual Thomson Multimedia) no Las Vegas Convention Center. A empresa que é o distribuidor autorizado da Discreet no Brasil, agora também é revendedora dos produtos que durante um certo tempo ainda serão conhecidos pela marca holandesa.

FREE LANCER Ao contrário do que foi divulgado no ano passado, o diretor de fotografia Aldo Angelo Imperatrice não está trabalhando como contratado fixo pela Paralela Filmes. O diretor esclarece que tem apenas um acordo com a casa para, eventualmente, dirigir e fotografar trabalhos e continua disponível ao mercado para trabalhar como free lancer.

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Ferraz se vêem na tela do cinema, dentro da sala. A imagem foi projetada normalmente, mas a produtora de efeitos trabalhou para apagar interferências do ambiente e melhorar a qualidade da imagem. Em outra situação, Benício manipula um software que permite criar a mulher ideal. A equipe de Sergio Schmid desenvolveu as interfaces e aplicou imagens sobre a tela de computador. No trabalho, foram usadas três workstations NT Terex 20000, um DLT4000, rodando com os softwares 3D Max 3.1 e o Adobe After Effects 4.0 para as composições. Os arquivos digitais foram trabalhados na extensão cineon e o material foi escaneado em Los Angeles pela Efilm.

nasa A Panasonic mostrou em seu estande na NAB a câmera AJ-HDC27A, que foi escolhida pela Nasa, agência espacial americana, para captar imagens no espaço. A fabricante também abriu um novo escritório no Brasil, visando expandir suas vendas na Améria Latina.

VÁRIAS MÍDIAS MTV e TV Cultura foram as emissoras escolhidas para a veiculação da campanha eletrônica da megastore Fnac no Rio. A W/Brasil criou vinhetas que mostram um personagem animado em flip book escutando CD, lendo e jogando no computador. Para o cinema do Barra Shopping, onde está instalada a primeira filial da livraria francesa, foi criado um filme interativo, no qual o apresentador conversa com os espectadores. A produção é da Dínamo, com direção de Eduardo Cama. A direção de criação é de Ruy Lindenberg, com redação de Joanna Soares e direção de arte de Marcus Kawamura e Javier Talavera.


s c a n n e r

VISÃO ANTECIPADA

Ítalo Neves, da Sempre Propaganda criou o comercial “Garrafinhas” para o lançamento do iogurte Milk Mix. A produção ficou a cargo da Cinema Animadores com direção de Paula Galacini e animação e modelagem 3D de Fabrício Navarro. O jingle é da produtora de som Mr. Music e o filme foi finalizado nos EstudiosMega.

Foto: Divulgação

GARRAFINHAS

A Thomson

das empresas durante a NAB. Os geren-

Multimedia

tes de desenvolvimento de negócios Fredy

divulgou ofi-

Litowsky, Jaime Ferreira e Felipe César

cialmente a

de Andrade e o especialista em switcher

Equipe Thomson Brasil aquisição da

Paulo Azevedo vestiram a camisa da nova

Philips DVS

empresa ao lado do diretor Sundeep Jinsi

em um coquetel realizado no hotel The

para atender os brasileiros que visitaram

Venetian, em Las Vegas. Como já havia

o estande. A francesa Thomson é mais

sido noticiado por Tela Viva na edição

conhecida nos Estados Unidos como RCA,

n° 103, de março deste ano, não houve

isto mesmo, a tradicional empresa cujo

tempo para a unificação dos estandes

logotipo é um cachorro e o gramofone.

NA MEDIDA

DIVULGAÇÃO

LISTA DE ESPERA

A Tektronix anunciou a compra da

A NEC apresentou durante

Adherent System, fabricante de ferra-

a NAB 2001 um transmissor

mentas para medições de MPEG e análise

para modulação COFDM para

para vídeo digital, para completar sua

banda de 2 GHz que permite

linha de produtos. O vice-presidente da

a transmissão de dois sinais

unidade de negócios de vídeo, Bob Agnes,

na mesma freqüência. O

enfatizou a parceria com a Microsoft para

equipamento é ideal para

o desenvolvimento de uma ferramenta

localidades onde o espectro

para ajustar o sinal de streaming para a

está congestionado. Mas para

distribuição de conteúdo em diferentes

ser usado em São Paulo, por

meios e larguras de banda, além de lan-

exemplo, teria de usar a banda

çar a nova linha de produtos monitoração

de 7 GHz. Infelizmente não

e medição de sinais digitais.

existe previsão quando estará disponível para o mercado.

Foto: divulgação

Foto: Divulgação

NO RITMO DA MÚSICA

Celso Araújo, gerente de operações de engenharia da TV Globo e membro da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC), está desenvolvendo um trabalho de muito futuro. Ele está coordenando os testes de produção em HDTV da Rede Globo e estudando milimetricamente todos múltiplos aspectos envolvidos na realização de programas. Áudio, relação de aspecto (3:4 e 16:9), cenários, iluminação, maquiagem, lentes, filtros, paleta cromática, profundidade de campo, filmlook x videolook, range dinâmico e sensibilidade de câmera fazem parte do elenco. “Durante pelo menos dez anos os formatos de tela 3:4 e 16:9 deverão conviver e para isso as emissoras precisarão estar preparadas para produzir programas adequados tanto aos formatos quanto às sutilezas dos detalhes de produção, que surgem com a melhor qualidade de áudio e vídeo. Após esses testes é que então poderemos emular as variáveis adequadas a cada situação, a cada ambiente, a cada look desejado.”

Steven Venezia e Nancy ByersTeague, respectivamente gerentes de suporte broadcast DVD/DTV e de marketing para produtos de áudio profissional dos Laboratórios Dolby, estiveram no Rio de Janeiro do final de março para promover o DP 570, uma ferramenta Nancy Byersque permite o controle de áudio para multicanais e a tecnologia Dolby E, para para produção e transmissão de DTV. T E L A V I V A m ai o D E 2 0 0 1


s c a n n e r EMPRESA DE DESTAQUE

TUDO VERDADE

O presidente da Videodata, Rosalvo

Em sua 6ª edição, o É Tudo Verdade 2001 - Festival Internacional

Carvalho, recebeu o prêmio de Destaque Internacional da Grass Valley durante uma reunião geral da empresa onde estiveram presentes o presidente, o vicepresidente e o diretor da América Latina da Grass Valley, Tim Rosalvo Carvalho Thorsteinson, Russ Johnson e Emilio Gañán, respectivamente.

de Documentários, que teve direção de Almir Labaki, premiou, por

De acordo com Gañán, “a representante oficial brasileira é uma grande parceira que está sempre contribuindo em implementações tecnológicas no Brasil e vem consolidando seu perfil de empresa integradora de sistemas ajudando empresas brasileiras a saírem na frente de outros países”. A Videodata fez todo o projeto e a integração do primeiro sistema de integração da América Latina para o SBT, entregue no mês passado.

HOMENAGEM PÓSTUMA Uma homenagem especial ao fotógrafo Francisco Albuquerque, falecido no ano passado, foi prestada pela organização do Festival É Tudo Verdade em sua sexta edição. Uma imagem de sua autoria foi usada na vinheta de abertura do festival, justamente mostrando uma cena do documentário de Orson Welles “It’s all true”, que dá o nome ao festival. A partir da programação visual de Débora Ivanov e com a coordenação do videodesigner Paulinho Ferreira, o trabalho foi desenvolvido nos EstudiosMega.

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Foto: Divulgação

unanimidade, na Competição Internacional o filme, “Sacrifício”, dirigido por Erik Gandini e Tarik Saleh, que faz uma revisão sobre quem teria delatado a presença de Che Guevara na Bolívia, fato que o levaria à morte. Na Competição Brasileira, venceu “A negação do Brasil”, de Joel Zito de Araújo, uma análise das influências das telenovelas nos processos de identidade dos afro-brasileiros. Ambos receberam o troféu É Tudo Verdade e R$ 7 mil. “Negação” recebeu ainda o prêmio Quanta, acompanhado de R$ 6 mil em locações de equipamentos. O filme do diretor Paschoal Samora, produzido pela Grifa Cinematográfica, obteve o recém-criado Prêmio MinC de Aquisição, com “Paisagens invisíveis”, um pequeno documentário e último episódio de uma série rodada no Sul do Brasil.

FEST-VÍDEO 2001

JOINT-VENTURE A Lys/Telavo fechou acordo para uma joint-venture com a Rohde & Schwarz para a produção de transmissores e já está anunciando uma linha de crédito para atender aos broadcasters nacionais.

TRABALHO CONJUNTO A Àccom anunciou, durante a NAB, uma nova solução para conversão

Ribeirão Preto, no interior de São Paulo,

de arquivos para o formato Windows

foi a sede do VII Fest-

Baseado no disco digital da empresa

Vídeo, promovido pela APP (Associação dos Profissionais de Propaganda), para premiar a criatividade e a produção de comerciais veiculados no interior de São Paulo e de Minas Gerais. O Grand Prix, troféu Tasso Madeira, do Fest-Vídeo 2001- entregue ao vídeo que somou maior número de pontos entre todas as categorias - ficou com comercial “Campanha do agasalho” criado pela agência Casanova para o Fundo de Solidariedade do Município de Ribeirão Preto e produzido pela G5 Cinema & Vídeo, de Ribeirão Preto e também assegurou sua inscrição no Festival Internacional de Cannes 2002.

Media Encoding em alta resolução. WSD/HD, o conversor grava em até 1920 por 1080 pixels de resolução e serve para criação de arquivos para video-on-demand. O servidor Abekas 6000 também ganhou uma nova versão, que agora possibilita, no mesmo servidor DTV, imagens digitais nos formatos MPEG2 e DVCPRO. Ele agora trabalha em conjunto com o editor não-linear Affinity. Com a “ligação” possível entre os dois equipamentos, o editor pode ter acesso ao vídeo meio segundo após ele ter sido gravado no servidor e mandálo para exibição meio segundo depois.


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EQUIPE REFORÇADA

A Alterosa Cinevídeo contratou duas novas profissionais para sua equipe de vendas. Lilian Figueiredo já trabalhou como executiva de contas na O antigo prédio da Av. Miruna, na CBN e na Editora Abril. Sua principal Zona Sul de São Paulo, que abrigou tarefa será o desenvolvimento do a TV Record, está passando por uma mercado de vídeos empresariais, completa remodelação para sediar de treinamento, as operações da Rede educacionais e Mulher. A geradora é em institucionais, Araraquara, mas toda a segmentos nos quais produção é realizada nos a produtora mineira seis estúdios paulistanos e vai centrar esforços Henrique, Lilian e Clarice a maioria dos programas e investimentos. é transmitida ao vivo. A Clarice Campolina, emissora comandada por João Batista com vivência nas áreas administrativa Ramos da Silva fechou um contrato, e comercial - Líder Taxi Aéreo e KZ Empreendimentos Comerciais - será a em março, com o Ibope para medição principal responsável pelo atendimento de audiência. Oitenta e quatro ao mercado publicitário mineiro e aos porcento do público é feminino, das demais estados nos quais a Cinevídeo classes A e B, e a reformulação da atua, especialmente Bahia e Distrito grade de programação pretende Federal. Clarice é pós-graduada em dar um foco que enfatize e preste Administração Financeira e está fazendo MBA em Finanças. Para dar suporte às executivas de conta, Henrique Carsaladade complementa a equipe. Foto: Divulgação

OLHAR FEMININO serviços à mulher, inclusive nos três telejornais. Atualmente o sinal da Rede Mulher atinge 85% das capitais brasileiras e é repetido em mais de 300 municípios além de estar no line up das operadoras de cabo, DTH e MMDS e ser captado pelas por parabólicas. Até o final do ano a intenção é que todas as capitais tenham as atrações da emissora. Sessão de filmes para as tardes de sábado e domingo também estão nos planos de presidente. “Já estamos negociando um pacote com o grupo (Record) para atendermos o nosso público”, conta o presidente João Batista.

SOTAQUE FRANC S

DO MERCOSUL PARA O MUNDO Julio Baff, um engenheiro argentino formado pela Universidad de La Plata, residente no Brasil há mais de dez anos, onde montou a JFB Videodevices, desenvolveu há dois anos a primeira versão do gerador de caracteres On Line para ser usado nas transmissões da Fórmula 3 pela ESPN Internacional. Na Broadcast & Cable do ano passado a For-A interessou-se pelo produto e propôs uma parceria. O contrato foi fechado em janeiro deste ano. A NAB 2001 foi a primeira exposição conjunta. O produto será vendido exclusivamente pela For-A em todo o mundo. No Brasil TechStation e Antaux representam da empresa. T E L A V I V A m ai o D E 2 0 0 1

A Casablanca, que de acordo com Arlette Siaretta “é uma empresa HD de ponta a ponta (até a transmissão)”, já está preparando a festa pré-Cannes 2001, que acontecerá no mês que vem, quando 25 jurados deverão definir entre 300 comerciais quem vai ao festival francês. O evento deverá ser transmitido pela DirecTV.

MUNDO 3D

LINUX

A Adobe anunciou sua estréia na web 3D com A Heroine Virtual mostrou seu editor não-linear o software, ainda em para a plataforma Linux, o Cinelerra. Trabalhando versão beta, Atmosphere. em qualquer resolução de vídeo, o software vem com mais de cem filtros de áudio e vídeo suporta O produto possibilita cinco canais de áudio e pode trabalhar em computaque designers criem dores Intel multiprocessados, além de trabalhar universos 3D para que também em processadores Alpha ou PowerPC. os usuários “percorram” a web virtualmente, com uma experiência graficamente mais rica. A Adobe pretende lançar o software comercialmente no segundo semestre e a versão beta pode ser baixada do site da empresa: www. adobe.com/products/atmosphere/main.html.


s c a n n e r iMODELO A TV Modelo, afiliada à Rede Globo em Bauru, colocou no ar, no mês passado seu portal regional. O portal fechou parcerias com sites como o de astrologia, com as previsões de João Bidu, da FM 94; da revista Baurunews; e o de animais e exposições, produzido pelo empresário Renato Cardoso. Há ainda canais exclusivos sobre esporte, lazer, entretenimento, cultura, moda, culinária, economia. O canal “Interação” é a versão de Internet do programa levado ao ar aos sábados pela TV Modelo. Nele, o usuário/internauta encontra música, esporte, saúde e uma série de informações dirigidas ao público adolescente. Outros canais criados para o portal são o de charges; o “Click”, que traz em fotos toda a badalação das O estande da Incite Multimedia festas; e o “Vip”, uma coluna social na NAB contou com a nova atualizada semanalmente. Segundo o versão do editor não-linear diretor executivo da TV Modelo, Paulo Incite Editor. O software, para Roberto de Siqueira, “a intenção plataforma Windows 2000, agora não é competir com os megaportais, pode ser intergrado à placa de mas ser um complemento, sendo um áudio Mykerinos, da Merging grande provedor de recursos, uma Technologies, e ao Matrox fonte de consulta para região”. DigiSuite LX e pode exportar para o formato MPEG 2.

NÃO-LINEAR

MUITO FÔLEGO O diretor técnico Univap TV/Novas Tecnologias, da Universidade do Vale do Paraíba, Fernando Moreira, participou da conferência da BEA, Broadcast Education Association, o braço educacional da National Associotion of Broadcasters (NAB), evento que antecede a feira e que reúne aproximadamente mil professores de todo os Estados Unidos para a troca de experiências e informações sobre equipamentos de TV, rádio e Internet e como utilizar esses recursos. Depois das discussões educacionais, Fernando, que além de pedagogo e publicitário, é membro da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), Society of Broadcast Engineers (SBE), Broadcast Education Association (BEA), Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED) e da Computer-Using Educators (CUE), percorreu atentamente os corredores dos dois pavilhões de exposições (Las Vegas Convention Center e Sands Expo Center) recolhendo informações dos estandes dos fabricantes e fornecedores de equipamentos para repassar aos seus pupilos.

MAIS MAYA A Alias|Wavefront apresentou na NAB a quarta versão do animador 3D Maya. O software agora conta com uma interface mais amigável e um renderizador que é de 15% a 20% mais veloz. Novas ferramentas também foram acrescentadas, como o Trax, que possibilita animação 3D não-linear, e a Jiggle Deformer capaz de dar efeitos de movimentos de músculos e gordura corporal aos personagens, além de novas ferramentas aptas a portar conteúdo 3D para games. A nova arquitetura do software permite ao usuário escolher entre uma maior gama de placas gráficas. A empresa promete para breve o Maya Shokwave 3D Exporter, para produtores de animação para a web. A disponibilidade do produto no Brasil estava prometida para o início do mês nas plataformas Windows, Irix, Linux e, em breve, também para MacOS X. A ART (Advanced Rendering Technology) o novo plug-in para o Maya RenderPipe. O renderizador já está disponível para todas as plataformas em que o Maya trabalha.

METAS Sheila Souza, há 13 anos na Warner Cinema, sendo os últimos cinco anos como supervisora de imprensa, assumiu, em abril, a gerência de programação e distribuição na empresa, após o fim da joint-venture entre a Fox e Warner Cinema, em dezembro passado. “Nesse novo desafio profissional, trabalharei com a distribuição dos filmes, lançamentos, cuidando da renda e cumprindo as metas estabelecidas. As expectativas são as melhores possíveis.” T E L A V I V A m ai o D E


PARÁ, PARIS A diretora Jorane Castro é paraense, mas vive entre sua terra natal e Paris há quase dez anos. Agora, seu mais recente trabalho, o curta “As mulheres choradeiras”, foi escolhido para integrar a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2001 (www.quinzaine-realisateurs. com) entre mais de 900 produções. O filme já foi exibido no Brasil no Festival Internacional de CurtasMetragens e em outros festivais internacionais. O curta conta a história de três carpideiras cuja profissão é chorar em velórios e enterros, para assim ressaltar a dor da família. Só que as três se vêem em problemas quando o corpo de um morto desaparece. O roteiro do filme recebeu o prêmio do Ministério da Cultura, o que financiou cerca de 60% da produção, e se baseia em conto homônimo de Fábio Castro. Totalmente rodado em Belém do Pará em janeiro de 2000, o filme é uma co-produção com a França, onde foi finalizado. A equipe do filme inclui a diretora de fotografia Jane Malaquias e produtoras executivas Moema Mendes e Marta Nassar. No elenco, estão os paraenses Nilza Maria, Mendara Mariani, Tacimar Cantuária e Marinaldo Santos.

LINHA DE FRENTE A Academia de Filmes definiu sua linha de frente para atuar na filial que acaba de instalar em Curitiba. Pérsio Abilhoa é o responsável pela produção, Frank Souza é quem comanda o atendimento e Tetê Meyer cuida da produção executiva. O comando geral fica a cargo do diretor de negócios João Pedro de Albuquerque. 10

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s c a n n e r TECNOLOGIA BRASILEIRA A Mattedi acaba de lançar no

A grua, que atinge seis metros

mercado dois produtos para a indústria

de altura e é o primeiro produto deste

cinematográfica, com tecnologia

tipo feito em alumínio no Brasil, custa

100% nacional e até três vezes mais

US$ 22 mil. O

baratos que os importados. Os dois

olho-remoto é utilizado em

equipamentos, a grua MC-6000 e o

locações de cinema para

olho-remoto, foram desenvolvidos

executar os movimentos de uma

em parceria com pesquisadores do

câmera de filmagem, com a vantagem

Laboratório de Robótica da COPPE, da

de monitorar com precisão a posição

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

e a velocidade da câmera, sem que

O projeto, coordenado pelo professor

o operador saia do chão. O preço de

do Programa de Engenharia Mecânica

lançamento é de US$ 9,4 mil,

da COOPE, Victor Romano, foi uma

40% mais barato que o

iniciativa do empresário Aylton Mattedi.

similar importado.

ANDRÓIDE-PROPAGANDA A Oca, do Parque Ibirapuera em São Paulo, que sediou a Mostra 50 anos de TV, foi o palco para a apresentação do B-21, o garoto-propaganda andróide da Bom Bril. Carlos Moreno não perdeu seu emprego de 25 anos, mas foi “adequado” ao século 21 para apresentar as 1001 utilidades da esponja de aço. Além do comercial de estréia, veiculado em 21 de abril, outros três filmes, criados pela W/Brasil e produzidos pela ABA Filmes e Conspiração Filmes, compõem a campanha. Andrés Bukowinski, que dirige a campanha do Garoto Bombril desde o comercial nº 1, assina a direção ao lado do diretor-adjunto Fábio Soares, que coordenou uma equipe de designers e os computadores usados para a produção que utilizou o sistema motion captor. Para Washington Olivetto “1001 ganhou uma estética 2001”. E ainda de acordo com ele essa campanha pode durar mais 25 anos.

errata

EXPANSÃO DE MERCADO

Ao contrário do que foi publicado na matéria Pouco Independentes, na página 18 da edição nº 104 de Tela Viva (abril 01), a jornalista Sonia Abrão, que apresenta o programa “A casa é sua”, produzido pela Câmera 5 e veiculado pela Rede TV!, é irmã e não esposa de Elias Abrão, dono da produtora.

A Leitch comprou a DPS com a intenção de expandir seu mercado baseado no processamento de vídeo e durante a NAB 2001 anunciou a parceria com a Kaydara para o desenvolvimento de soluções para arquivos de imagens. A Tecnovídeo é a integradora exclusiva para o Brasil das soluções em edição não-linear da DPS.


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n a b Edylita Falgetano e Fernando Lauterjung*

DESTAQUE AO CONTEÚDO DIGITAL Asset management e alta definição deram o tom da NAB 2001. A situação da DTV nos EUA foi tema da maioria das discussões durante o evento.

O presidente da National Associoation of Broadcasters, Eddie Fritts, abriu a convenção deste ano, realizada em Las Vegas (EUA), entre os dias 21 e 26 do mês passado, com um discurso em que apontou as grandes mudanças que acontecem em nossos dias e como elas afetam a indústria de broadcast. As palavras mais pronunciadas durante a última NAB não foram broadcast e nem produção audiovisual. Todas as novidades em hardware se apagaram pelo que mais esteve presente nas exposições, asset management. Os softwares dedicados ao gerenciamento

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de conteúdo deixaram de ser apenas bancos de dados. A importância conquistada no universo da produção de conteúdo digital deu a seus desenvolvedores um status que, no mercado de radiodifusão e produção, antes era dado apenas aos fabricantes dehardware. As soluções de asset management, ou content management, são baseados em banco de dados, mas não se resumem a isso. A N A B A NAB 2001 contou com a participação de aproximadamente 140 mil pessoas. Mais de 1,7 mil estandes ocuparam o Las Vegas Convention Center (LVCC) e o Sands Expo Center, que este ano ampliou sua área de exposição para abrigar o ETopia, um espaço que, pretensiosamente, foi divulgado pela NAB como sendo para empresas que “representam o futuro tecnológico”. Acabou se mostrando um espaço reservado para pequenas empresas que não poderiam arcar com o custo de participar de uma feira tão importante, com poucas exceções.

Não são apenas arquivistas de conteúdo, mas facilitam ao máximo o processo de arquivamento, procura, edição, adaptação a diferentes formatos e distribuição. A Ascential, empresa criada pela Informix para a área de asset management, mostrou durante a NAB o seu Media 360. O grande chamariz não foi a solução da empresa em si, que já havia sido mostrada no ano passado, mas o número de parceiros que desenvolveram plug-ins que facilitam ainda mais o processo de pesquisa no banco de dados e adaptação dos formatos. Plug-ins como o Usoft, um gerenciador de direito autorais capaz de dizer, instantaneamente, se determinado conteúdo é passível de uso ou não e quanto custa a veiculação em determinada mídia, e o Virage, um streamer de vídeo para a Internet. As parcerias vão muito além. Avid, ENPS, Thomson, EMC, Grass Valley também estão integrando suas tecnologias às do Media 360. A vice presidente e gerente geral de mídia e gerenciamento de conteúdo da Ascential, Carolyn Layne, afirmou que “os parceiros são responsáveis por mais de 40% das oportunidades de venda do Media 360 e estão ajudando a transforma-lo em líder no mercado”. A Encoda Systems combinou as operações da CCMS, Columbine JDS Systems, DAL/Drake Automation e Enterprise Software para a sua solução de content management. O sistema da empresa gerencia o conteúdo, automatiza a distribuição, envia o sinal direto para o satélite a ainda pode ser gerenciado remotamente.

para todos Muitos players antes desconhecidos da maior parte do mercado e outros com tradição estão entrando na área de soluções de asset management. A Avid, que sempre atuou no mercado de produção, pós-produção e finalização, adotou como filosofia o slogan da empresa “make manage move/media”.


NOVO PÚBLICO Tanto os expositores quanto o público da NAB mudou ao longo dos anos. “Atualmente só 25% dos participantes são broadcasters”, considera Edward Grebow, presidente da Sony Broadcast and Professional. “Os representantes do segmento de produção também estão na casa dos 25% e a outra metade do público são profissionais das áreas de Internet, produtoras de vídeo, gente ligada à área governamental e diversos outros negócios.” Segundo David Krall, presidente e CEO da empresa, “as soluções da Avid tendem a trabalhar cada vez melhor entre si, aumentando a agilidade no processo de se fazer, gerenciar e mover conteúdo digital”. A Grass Valley, um pouco à frente dos outros grandes players do mercado, já apresentava há dois anos o conceito de transformar broadcasters em digitcasters. A Sony seguiu pelo mesmo caminho com o seu Anycast. A TV digital deve ser recebida em qualquer meio para via -

bilizar os investimentos. Empresas como Bulldog, eMotion MediaPartner, Media Archive, Digigram e Pazap mostraram seus produtos para gerenciamento e, principalmente, mostraram que, nesse novo mercado, ainda não existem gigantes. É preciso ficar claro que não existe na nova tendência que foi apresentada neste ano a idéia de diminuir a importânci a d o c o n t e ú d o e m s i e da produção. O que foi mostrado foi que não se pode mais se apegar a determinada mídia e n e m s u p ervalorizá-la. O valor está no conteúdo e, principalmente, no conteúdo que seja capaz de se adaptar a qualquer mídia.

alta definição A alta definição foi o consenso entre os quatro principais fabricantes de equipamentos: Sony, Panasonic, JVC e Thomson (ex-Philips). Independentemente do padrão (ATSC, DVB ou ISDB) e do sistema (HDTV, SDTV ou multicasting) de transmissão que serão usados, a programação deve ser gerada em alta definição para

poder ter garantida sua distribuição global em qualquer meio. Durante a coletiva da Sony para a imprensa internacional, realizada no domingo (22/04), o vice-presidente sênior de sistemas de aquisição da empresa, Larry Thorpe, considera que até o final deste ano a metade das séries de TV exibidas no horário nobre norte-americano será gravada em alta definição ou mesmo em 24P. A empresa trouxe George Lucas, que está produzindo “Star wars: episódio II” usando o formato HDCAM, para testemunhar que quase não existem diferenças entre filmar em película ou usar a tecnologia digital. Lucas afirmou que “nunca mais vai usar película para produzir um filme”. “O importante é entreter a platéia. Não me interessa a tecnologia. O que importa é o resultado na tela. Se eu gostar, está tudo bem.” A Panasonic considera que os equipamentos de alta definição serão usados de imediato no cinema digital. “Essa é aplicação que crescerá mais rapidamente, por isso daremos grande ênfase ao desenvolvimento de negócios de HD cinema”, afirmou Katsuhiko Yamamoto, diretor da Matsushita/Panasonic.

A CAMINHO DO DIGITAL No universo das redes de TV americanas, segundo Fritts, a principal mudança não tem muito a ver com tecnologia. Ele focou seu discurso na divisão que há hoje nessa indústria nos EUA, com a briga entre afiliadas e redes, chegando até mesmo a agradecer a ABC por permanecer na NAB. Fritts também chamou a atenção para a enorme queda de faturamento publicitário que a mídia vem enfrentando. A associação vem

passando por um complicado processo de perda de seus principais associados (principalmente as grandes redes) devido ao fato de defender regras de controle de propriedade e área de cobertura (ver box pág. 20). Mais de 150 palestras, patrocinadas pelas diversas associações da indústria audiovisual norteamericana foram realizadas para discutir os mais variados temas durante a NAB 2001. Mas a implantação da televisão digital nos Estados Unidos pautou boa parte da grade. Eddie Fritts afirmou na abertura do evento

que a indústria tem dois caminhos para migrar para a TV digital: o do mercado ou o do governo. “Se seguirmos o mercado, a transição levará ainda muitos e muitos anos. Mas para fazermos o que quer o governo, ou seja, substituir 300 milhões de televisores em cinco anos, precisaremos de uma intervenção governamental para atender às necessidades dos usuários.” Essa intervenção deveria acontecer em três aspectos, segundo ele. Um seria obrigar as redes de cabo a transmitir todos os canais abertos

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nab

(lei do must carry), inclusive em HDTV (nos EUA, a maior parte dos lares recebe o sinal de TV por redes de cabo). Outro seria obrigar os fabricantes de TVs a inclui um receptor de DTV em todos os aparelhos fabricados a partir de agora. E, finalmente, o governo deveria resolver a questão da interoperabilidade entre DTV e cabo. O chaiman da Federal Communications Commission, Michael Powell, disse não concordar com as datas préestabelecidas e complementou dizendo que elas são inconsistentes com a história da implantação de outras tecnologias. Mas ele lembrou que o prazo de 2006 para a transição total é uma decisão do Congresso norte-americano, e não pode ser alterado pela FCC. “Ninguém vai perder o seu negócio por descumprir os prazos, mas todos terão que estudar um modelo para a transição. A cada ano aumenta o número de americanos que paga para ver televisão, e os broadcasters têm que se perguntar que modelo de negócios terão no futuro.” Grebow, da Sony, afirmou categoricamente durante a coletiva da empresa que o caminho para a TV digital nos Estados Unidos é via cabo, pois as antenas externas e internas não têm mais espaço no mercado. “Será necessário um acordo entre os broadcsters e os operadores de cabo, pois o carriage é essencial para a transição para DTV.” Embora 185 emissoras já estejam transmitindo digitalmente, a velha história do ovo e da galinha continua em discussão. Os broadcasters argumentam que não há um número de receptores

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S E M

L I M I T E

Em relação a um dos assuntos mais quentes desta edição da NAB - o limite de 35% das residências com TV que emissoras de um mesmo grupo pode cobrir nos Estados Unidos -, o chairman da Federal Communications Commission, Michael Powell, disse que espera os resultados da ação que corre na Justiça a este respeito. Mas afirma ser contra a restrição, alegando que ela não garante a liberdade de expressão, não necessariamente garante a pluralidade de opiniões e que ele (que é um liberal republicano) prefere deixar que o mercado se regule sozinho, em vez de impor restrições.

de DTV no mercado que justifique o investimento em programação digital. Os fabricantes de aparelhos de TV rebatem dizendo que sem programas não existe apelo de vendas e por isso elas ainda são baixas. Em relação a essa questão, Powell disse que cabe aos broadcasters liderar a migração, investindo na programação. “Há milhares de fatores. A programação, os receptores, a vontade do usuário. E cada um deles afeta a transição. Mas o broadcast tem de assumir a liderança deste projeto, pois foi quem criou e incentivou a existência da TV digital.”

faltaram os fogos De acordo com a CEA (Consumer Electronics Association), em janeiro deste ano foram vendidas 81.269 unidades de televisores e monitores digitais, totalizando mais de US$ 159 milhões, 234% mais do que em janeiro de 2000. Para tentar deslanchar as vendas de televisores e conversores de

TV digital nos EUA, a CEA e a National Association of Broadcasters (NAB) anunciaram uma ação conjunta para promover o sistema. A ação inclui uma campanha publicitária, um programa de envolvimento dos revendedores locais e um trabalho de relações públicas. As duas entidades e mais o ATSC (Advanced Television Systems Committee), montaram um espaço denominado DTV Store, localizado no Grand Lobby do LVCC, onde estavam sendo mostrados os produtos de DTV disponíveis no mercado para os consumidores, como receptores, set-top boxes, antenas internas e externas e PCs com capacidade de recepção de TV. A Zenith demonstrou durante a NAB 2001 o E-VSB, que visa fortalecer o desempenho global da transmissão na modulação 8-VSB, usada pelo padrão ATSC. Sua aplicação implica melhoria da recepção do sinal terrestre por antenas fixas e também poderá ser aplicada em serviços móveis. Para conseguir maior robustez, o E-VSB troca a taxa de transmissão de bits pela maior capacidade de resistir a ruídos e problemas de multipercurso, isto é, troca a definição de imagem pela robustez. Para a maioria dos broadcasters brasileiros que visitaram os pavilhões de exposição e assistiram às palestras, a primeira NAB do milênio foi morna. De acordo com comentários de técnicos e engenheiros presentes às demonstrações, o E-VSB, embora represente uma melhoria à recepção do padrão norte-americano, ainda não atende às necessidades brasileiras. Em relação à situação norte-americana, nem o discurso liberal do presidente da FCC, Michael Powell, ajudou a melhorar os ânimos, uma vez que qualquer mudança em relação às regras de afiliação e restrições à área de cobertura devem antes passar pelo Congresso. A inércia no processo de implantação da DTV nos Estados Unidos ficou clara: ninguém comemorou nenhum número ou meta. Ou seja, nos EUA, a TV digital ainda não empolgou. * Colaborou André Mermelstein


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e n t r e v i s t a Carlos Eduardo Zanatta e Raquel Ramos

Foto: BGPress/Fernnando Bizerra

TV - Existe no mundo alguém fazendo este tipo de escolha?

JOSÉ LEITE PEREIRA FILHO Pouco antes de embarcar para Las Vegas (EUA) para participar da NAB 2001, o conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações falou com Tela Viva sobre TV digital e serviços de telecomunicações, após a colocação em consulta pública do relatório do CPqD, em 17 de abril.

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Tela Viva - No que o r e l a t ó rio do CPqD difere d o r e l atório do Grupo A b e r t / SET?

José Leite - Em primeiro lugar, os relatórios Abert/SET são puramente técnicos. Eles apenas abordaram os resultados técnicos obtidos pelos três sistemas. Esta consulta agora, não é exclusivamente técnica. É um relatório do CPqD como consultor contratado pela Anatel. Fora isso, há os diversos aspectos que uma decisão deste tipo tem, além da tecnologia. Estamos colocando esses pontos na consulta pública porque não somos os donos da verdade, é preciso ter transparência. As afirmações que estão no relatório integrado podem ter erros. Isso é um livro aberto para que todo mundo opine.

JL - Como o Brasil não. Eu estive em Kiev (Ucrânia) em uma reunião da UIT (União Internacional de Telecomunicações) sobre padrão de televisão digital. Nós fomos animados por pensar que eles iriam debater as tecnologias digitais. A discussão lá não era essa. A Europa toda já se decidiu pelo DVB. Mas havia países africanos, que normalmente adotam o padrão do antigo colonizador. Metade pega o que a França adotar e a outra metade pega o padrão inglês. Fora os portugueses, que têm cinco ex-colônias. Como são todos europeus, acabam ficando com o DVB. Na Ásia, o Japão tem uma influência grande. Então, apenas a América Latina pode ter uma certa independência, não está tão amarrada do ponto de vista político. Nesse ponto damos uma de “galo cego” e tomamos uma medida que não estava no “book”. Então, o único país que está fazendo um estudo muito sério é o Brasil. A Austrália também fez um estudo comparativo e já escolheu com independência, tanto é que escolheu o DVB com adaptações. Na Europa a largura de banda é de 8 MHz e na Austrália é 7 MHz. Mas, diferentemente da Austrália, fizemos nossos testes dos sistemas nas mesmas condições: todos usando a faixa de 6 MHz. TV - As adaptações para o DVB transmitir em 6 MHz não são muitas?

JL - Não. O único problema é que quando se diminui a banda, diminui a velocidade. Ao invés de 22 Mbps, ficam 20 Mbps. A velocidade de transmissão de dados é função da largura da banda. Não tem milagre. Quem usa 6 MHz tem um limite, e se a largura de banda for maior tem um limite maior que este. Dá para transmitir TV de alta definição e ainda sobra uma parte para transmitir dados. Todas essas opções são importantes e a Anatel não pode se arvorar em dona da verdade. Se vocês olharem bem, ali estão afirmações que podem estar erradas. Pretendemos sair da consulta pública com um conjunto de informações o mais próximo da verdade


possível. Vamos aprender na NAB. O fato de ser um ambiente pró-ATSC não é problema, porque é o maior encontro do mundo, estarão todos lá. Acho que é uma oportunidade excelente de aumentar o conhecimento da Anatel. Vamos conversar com quem quiser. Não temos nenhuma prevenção. A decisão será bem tomada quando se conhecer o máximo sobre o assunto. TV - Qual é a síntese da questão?

JL - A digitalização aumenta muito a capacidade e a possibilidade de aproveitamento do espectro. Onde havia um, passa a ter a possibilidade de quatro programas comuns ou de um em alta definição. Daí é que surgem as dúvidas. E agora, isso é apenas para fazer televisão? Será que não pode ser usado para outra coisa também? O que temos de definir é como será o modelo de exploração. Por isso, o anexo preparado pelo CPqD é uma verdadeira aula de TV digital. TV - Mas então vai ficar claro que televisão, que no mundo inteiro é serviço de telecomunicações, também será serviço de telecomunicações no Brasil?

JL - No Brasil radiodifusão também é serviço de telecomunicações.

TV - Mas existem diferenças constitucionais. Como será possível combinar o que hoje é puramente radiodifusão a partir de uma outorga dada pelo Ministério das Comunicações, com licitação ou não, e os novos serviços que poderão ser prestados? Como é que o senhor vê isso?

JL - Sem dúvida nós temos no Brasil uma enorme dificuldade, que é o fato de ser o ministério que dá a outorga enquanto a Anatel é responsável pela parte técnica. Acontece que elas não se separam totalmente.

adicional. O vídeo que estará disponível na terceira geração não tem nada a ver com a televisão aberta, ele é mais para JL - O modelo de negócio é que vai videoconferência etc. É transmissão de definir isso. O modelo nada mais é dados. Tem uma aplicação da televisão do que dizer como administrar esta no celular que eu acho que é a seguinte: nova capacidade do canal de 6 MHz. a partir do momento em que você recebe Há algumas alternativas. Uma delas, a imagem normal da televisão, e ao bem conservadora, diz que o canal mesmo tempo você está com o canal de televisão era para transmitir um de retorno na mão, que é o celular, programa, se for transmitir mais, vamos você poderá ter a televisão interativa, regulamentar esta coisa. Uma outra diria diretamente no celular. A pessoa pode que não interessa o que será transmitido, escolher programas, dar opinião. Aí é um porque o canal está bloqueado para isso serviço complementando o outro. Quando e se a tecnologia possibilita transmitir eu for usar o canal de retorno eu estou mais informação, que assim seja. Há pagando a companhia telefônica. Ninguém vários serviços possíveis. É a mesma está roubando o tráfego do outro, pelo coisa que no celular. O canal analógico contrário, pode até estimular o tráfego. tem uma capacidade. Quando digitaliza, tem outra capacidade. TV - É o que faz o WAP? JL - Quando consegue. Outro dia eu ouvi uma TV - A TV digital tem a definição do WAP que é boa: “wait and pay”. Por ser possibilidade da recepção uma tecnologia de circuito, significa que você está móvel. Questiona-se então pagando o tempo todo. É bem lento, mas você está por que algumas empresas pagando e recebe o mínimo de informações. pagaram bilhões pelas O celular que virá depois deverá utilizar licenças de SMC e de SMP uma tecnologia de pacotes, você vai e agora, quem nunca pagou pagar pela informação transmitida. Você nada poderá prestar o paga pelos bytes que está transmitindo. mesmo serviço? A televisão móvel será diferente. Um JL - Quando se fala de serviço móvel deverá estimular o outro. O que em TV, o que está se falando é que os existe de fato é que aumenta a capacidade. Vai aparelhos móveis, os celulares, por deixar a empresa continuar com aquele canal exemplo, poderão ter além do seu chip todo ou vai fazer como nos outros serviços, se normal, mais um outro chip que permita você usa uma tecnologia mais avançada, manda receber a transmissão de televisão. Ele vai mais informação, se não tem, manda menos. usar o display dele para ver programas de TV. Será como um aparelho receptor TV - O senhor imagina portátil. Isso seria importante do ponto de uma transição no Brasil vista mercadológico? Quem tem de avaliar como a norte-americana, isso são os diretamente interessados. com oito anos de prazo? Isso é diferente da terceira geração Vamos começar quando dos serviços móveis que também terá a a transição nos Estados possibilidade de vídeo. Mas esse vídeo do Unidos, por exemplo, já IMT 2000 ou o UMTS será recebido pelo estiver avançada. canal normal, como dados, e normalmente JL - Eu acho que é mais realista a transição acessa o provedor de Internet. A meu ver, em dez anos. Parece fora de cogitação que a essa imagem não compete com a imagem geradora fique com os dois canais depois de da televisão. Isso vai ficar por conta do implantada a TV digital. Os dois canais são fabricante do equipamento, que, se por apenas para o período de transição porque acaso, encontrar mercado para isso, vai não dá para mudar de repente. Como é que o começar a fazer o celular com esse chip povo vai comprar aquele aparelho? TV - As atuais geradoras vão pagar pelo novo canal digital e depois devolver o antigo?

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p r o d u ç ã o Mônica Teixeira

ANTES DA FESTA Várias produtoras

caminho fácil. A maioria das empresas que contratam produtoras para criar especializaram-se em produção seus eventos trabalha com o sistema de de eventos, um mercado concorrência. Ganhar o coração do cliente é provar que é melhor do que os adversários. com regras próprias, onde a As empresas passam um briefing para as criatividade e a versatilidade produtoras contendo a idéia, um limite de orçamento e o objetivo do evento. A são elementos-chave para partir dessas dicas básicas, as produtoras desenvolvem um projeto. ganhar uma concorrência. Isso significa investimento de tempo, dinheiro e fosfato das pessoas envolvidas e nenhuma garantia de que o trabalho vai ser aprovado pelo cliente. “O planejamento Marketing promocional. Por trás desse da apresentação de um projeto inteiro pode nome existe uma infinidade de levar semanas e tem um custo elevado”, estratégias para aumentar vendas, incentivar diz Ivenise, que realiza, em média, dez a produção dos funcionários, fidelizar eventos por mês. clientes e, claro, dar mais lucros às empresas. “Já investimos mais de R$ 100 mil no Para simplificar, pode chamar de evento. planejamento de um evento”, conta José “A palavra evento precisa ser redefinida”, Victor Oliva, diretor do Banco de Eventos. diz a diretora da Miksom, Ivenise Angelini, “Era uma convenção no exterior e para “Evento engloba tudo: feiras, lançamento planejá-la foi preciso mandar pessoas de produtos, convenções, atividades de para fazer a produção fora do País.” integração e de motivação dos funcionários, A conta incluiu gastos com passagens desde que tenham conteúdo e que busquem aéreas e hospedagem de toda a equipe. No resultados. Por isso, movimentam um final, valeu a pena. “Vencemos, somos mercado diferente do das agências de ganhadores. Ganhamos mais de 50% das publicidade, com regras próprias.” concorrências”, afirma Oliva. A relação entre o cliente e a agência é Na TV1 Eventos, alguns planejamentos estável, uma parceria fixa. Para a produtora envolvem todos os profissionais de eventos, conquistar o cliente não é um do grupo TV1, formado também pela TV1

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Digital, responsável pela área de vídeo e a TV1.com, empresa voltada para a Internet. “Somos quase paranóicos”, diz Sérgio Motta Mello, diretor da TV1, sobre a concorrência. Quando perdem, mandam um formulário para a empresa. “Queremos saber por que perdemos.”

falta de padrões Tudo conta numa concorrência: o custo, a criatividade e a otimização da verba do cliente. E a maior queixa das produtoras mais tradicionais do mercado é a falta de padrões. As empresas concorrentes têm perfis muito diversificados. De grandes e tradicionais produtoras a pequenas e novatas no mercado. A diferença de estrutura se reflete na qualidade e, principalmente, no custo do trabalho. “Não existe padronização das produtoras de eventos”, lamenta Carlos Ortali, vicepresidente da Miksom. “Temos o nosso próprio caminho e estamos no mercado há 30 anos e quase todos os concorrentes se basearam no nosso modelo. Temos grandes clientes: as montadoras - Fiat, Ford, GM, Citroën -, Microsoft, Telesp Celular, Nestlé, Bradesco e muitos outros. Organizamos eventos que envolvem a produção de cenários, sites, vídeos, telas, shows etc. E um pouco de tudo isso tem


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p r o du ç ã o

de estar presente na apresentação do produtoras”, analisa Luti da AV. projeto para o cliente.” Apesar das críticas, Oliva é a favor “A forma de apresentação faz parte da desse método. “Quando não se conhece estratégia da produtora”, revela Luiz a empresa, o seu diferencial, a Eduardo Colautto, o Luti, diretor e concorrência é salutar, serve como operações da AV Produções. Ou seja, não se um cartão de apresentação.” Mas ele pode fazer economia para seduzir o cliente. acredita que a médio e longo prazo, o Quem arca com esse custo é a produtora. sistema de concorrência deixa de ser O Banco de Eventos participa de três ou eficaz. “A tendência é que o cliente quatro concorrências por mês, mas só e a produtora se tornem parceiros, entra na disputa quando sabe quem são como acontece com as agências os adversários. “Eu não posso competir de publicidade. As parcerias fixas em preço com uma produtora que tem defendem melhor os interesses dos apenas dez funcionários. Eu tenho cem”, clientes”, explica Oliva. argumenta Oliva. Dos 30 clientes do A negociação é feita Banco de Eventos, oito diretamente com já são parceiros fixos, a negoci ação o departamento entre eles Ambev, Fiat, é fei ta dir eta de marketing da Banco Real, CitiBank, empresa. “Não Natura e Philip Morris. mente entr e a existem pessoas “É estimulante”, pro du tor a e o especializadas em dep ar ta ment o de confessa Fred Falci, eventos dentro das sócio da AV. “Temos ma rk eti ng empresas, elas não frustração às vezes. da empr esa . são experientes e, O cliente diz que o muitas vezes, não importante é a idéia, sabem escolher as mas sempre é uma

combinação de idéia com custo. É preciso ter muito feeling para saber quanto o cliente quer gastar.” idéias emocionantes

A TV1 Eventos tem apenas três anos de vida. E não pára de crescer. “Dobramos o faturamento a cada ano”, diz Motta Mello. Ela conta com a vantagem de ter à disposição a infra-estrutura do grupo TV1 “Produzir vídeos e soluções on line dentro da própria empresa barateia os orçamentos.” A AV tem outra estratégia. A cada seis meses viaja ao exterior para conferir as novas tecnologias de apresentação. Para o lançamento da nova família Palio, da Fiat, usou um equipamento que permite fazer a fusão de vários projetores. O resultado foi uma projeção em tela de 15 metros por quatro. “Criamos experiências inusitadas de percepção”, diz Lute. No Salão do Automóvel, a AV transformou uma sala em cinema com piso giratório e tela circular. À medida que o piso girava, novos elementos se iluminavam na tela. “Conseguimos


viabilizar tecnologia de fora com o nosso pessoal, a um custo mais baixo.” Os custos de um evento variam muito. De R$ 100 mil a mais de R$ 1 milhão. A Fiat, por exemplo, investiu R$ 2,3 milhões para lançar novos modelos de carros. Orga n i z a r u m e v e n t o p o d e s e r u m grande desafio. Da necessidade de ser cada vez mais criativo surgem idéias inusitadas como, por exemplo, fazer o lançamento de um carro, uma pickup, em plena Chapada Diamantina, no interior da Bahia. A produção teve de iluminar a cidade de Lençóis inteira e transportar tudo e todos em vôos fretados porque não havia aeroporto na região. “Fizemos para a Fiat um evento em Sauípe (BA) no mês passado, onde o cenário era um campo de futebol, com arquibancada e tudo, 20 carros entrando e saindo do cenário, e isto dentro do salão de convenções do hotel. Todos os vídeos e telas para palestras foram produzidos para projeção em cinco telas, permitindo uma visualização impecável

das mensagens”, diz contar o trabalho cri ativi dade Paulo Suplicy, diretor que precede o evento: e domínio da de criação da Miksom. convites, malas tecn ologia são “E só fizemos diretas, brindes, requi sitos básico s s i t e s . . . Cada evento é porque conseguimos passar na hora da uma superprodução. para quem quer apresentação do “Com o cenário se manter n o projeto, a emoção que competitivo, há merc ado. aconteceria” a necessidade de A chegada da AT&T falar diretamente no Brasil foi o evento com o cliente. O mais complexo feito evento é poderoso pela TV1. “Os funcionários deixaram na comunicação segmentada. A a empresa com o nome Netstream e no com u n i c a ç ã o e s t á m u i t o f r i a , e s t á dia seguinte, chegariam para trabalhar tudo muito high tec, precisamos de em uma nova empresa, a AT&T”, conta ações high touch. O evento é isso”, Vânia Ciorlia, diretora de criação da conclui Motta Mello. TV1 Eventos. “Começamos com ações Carlos Ortali, da Miksom fala como é dentro da empresa para recepcionar os possível sobreviver num mercado tão funcionários. Houve troca de crachá, competitivo como este durante 30 anos: banda e café da manhã. E ainda, j a n t a r “Você precisa ter muita experiência, para a apresentação das estratégias criatividade com consistência 24 da nova empresa. Dois dias depois, a horas por dia, afinidade e domínio da festa para os clientes.” Ou melhor, tecnologia, capacidade de produção as festas. Em Belo Horizonte e no Rio comprovada e acima de tudo, ter de Janeiro para 500 pessoas e em São muita sensibilidade para conhecer as Paulo para duas mil pessoas. Sem necessidades e desejos dos clientes”.


p r og r a m a ç ão r e gio n a l Paulo Boccato

ALAGOAS Alagoas, um dos menores estados nordestinos, tem uma pequena proporção de programas locais nas grades de suas emissoras regionais. Das grandes redes nacionais, apenas Globo, Bandeirantes e SBT contam com geradoras no estado, todas concentradas na capital, Maceió. A Record tem uma retransmissora, que cobre sete municípios num raio de 30 km da capital que inclui Rio Largo e Marechal Deodoro, mas transmite a programação da rede, abrindo espaço apenas para alguns comerciais locais. Alagoas tem 2,7 milhões de habitantes (dos quais 794 mil se concentram em Maceió), espalhados por 101 municípios, com 550 mil domicílios com TV e Índice de Potencial de Consumo (IPC) de 1,203%. TV GAZETA DE ALAGOAS (Maceió, canal 07) A TV Gazeta é a maior e mais antiga emissora local. Afiliada da Rede Globo desde sua fundação, em 1975, a geradora faz parte de um grupo de comunicação ligado à família Mello, que inclui o jornal homônimo, quatro emissoras de rádio (Gazeta AM e FM, em Maceió; Gazeta FM, em Arapiraca, e Gazeta AM, em Pão de Açúcar), a gráfica Gazeta, a empresa de Internet Gazeta Web, o instituto de pesquisas Gape e a fundação cultural Instituto Arnon de Mello. Em sua área de cobertura estão 77 municípios alagoanos, além da cidade de Manari, no vizinho Estado de Pernambuco. As principais cidades alcançadas pela programação da emissora são Arapiraca (onde a emissora tem uma unidade instalada), Palmeira dos Índios, Rio Largo, Penedo, União dos Palmares, São Miguel dos Campos, Coruripe, Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema. A população total é de 2,5 milhões de habitantes, com 544 mil domicílios com TV, 2,3 milhões de telespectadores potenciais e IPC de 0,922%. A programação local inclui os telejornais diários “AL TV”, em

TV GAZETA DE ALAGOAS Programas

Dias de exibição

Horário

Bom dia Alagoas

Seg-sex

6h45 a 7h15

AL TV - 1ª edição

Seg-sex

11h50 a 12h40

Sábado

12h10 a 12h40

Globo esporte - bloco local

Seg-sáb

12h40 a 12h50

AL TV - 2ª edição

Seg-sáb

19h00 a 19h15

Gazeta economia

Sábadoa

11h50 a 12h10

Santa Missa em seu lar

Domingo

6h00 a 7h00

Gazeta rural

Domingo

7h00 a 7h30

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duas edições, e “Bom dia Alagoas”, além de um bloco local no programa “Globo esporte”. Nos finais de semana, a TV Gazeta transmite os locais “Gazeta economia”, aos sábados, “Santa Missa em seu lar” e “Gazeta rural”, aos domingos. TV PAJUÇARA (Maceió, canal 11) A TV Pajuçara é afiliada do SBT desde sua criação, em 1992, e pertence aos mesmos proprietários da Antena 1 FM, também situada na capital do estado. Além da geradora de Maceió (que atinge cidades como Rio Largo, São Miguel dos Campos e Coruripe), a TV Pajuçara, conta, atualmente, com retransmissoras nos municípios de Arapiraca (cuja área de cobertura inclui a cidade de Palmeira dos Índios), Penedo, União dos Palmares e Santana do Ipanema, num total de 57 municípios e dois milhões de habitantes. Ainda este ano, serão instaladas novas retransmissoras em Matriz de Camaragibe, Porto Calvo e Maragogi, ampliando o alcance de sua programação para 68 cidades e 2,2 milhões de habitantes. Sua programação regional é centrada no telejornalismo. São três telejornais diários - “TJ manhã”, “TJ tarde” e “TJ noite” -, além de um programa semanal de entrevistas e debates, o “Pajuçara especial”, sobre assuntos tão diversos como política, cultura e economia. Dois programas independentes completam a grade local da emissora: “Cartas na mesa”, de entrevistas sobre política, e “Programa IN”, de colunismo social, cujo nome remete às iniciais do apresentador Isaac Newton.

TV PAJUÇARA Programas

Dias de exibição

Horário

TJ manhã

Seg-sex

6h45 a 7h30

TJ tarde

Seg-sáb

12h00 a 12h30

TJ noite

Seg-sex

18h55 a 19h15

Cartas na mesa

Sábado

12h30 a 13h30

Programa IN

Sábadoa

13h30 a 14h15

Pajuçara especial

Domingo

9h00 a 10h00

TV ALAGOAS (Maceió, canal 05) Afiliada da Bandeirantes desde novembro de 1998, a TV Alagoas foi criada em 1982, já tendo passado pelas redes SBT, CNT e Manchete. O grupo proprietário da emissora conta também com duas emissoras de rádio na cidade de Palmeira dos Índios. Com alcance antes restrito a oito municípios da região de Maceió, a TV Alagoas acaba


TV ALAGOAS Programas

Dias de exibição

Horário

Boletim de ocorrência

Seg-sex

7h30 a 8h00

Plantão de polícia

Seg-sex

12h30 a 15h00

Igreja Nova Vida

Seg-sex

6h20 a 6h30

Domingo

8h30 a 9h30

Igreja do Evangelho Quadrangular Seg-dom 7h00 a 7h30 De bem com a vida Seg-sex Após o encerramento da programação da rede Alagoas para Cristo

Sábado

8h00 a 9h00

Super esporte

Sábado

10h00 a 10h30

Pell marketing show

Sábado

10h30 a 11h55

de aumentar a potência de seus transmissores para 10 kW, passando a atingir mais 26 cidades, entre as quais Coruripe, ao sul; Arapiraca e Palmeira dos Índios, a oeste, e União dos Palmares e Matriz de Camaragibe, ao norte. No total, são 34 municípios, com 1,7 milhão de habitantes, 357 mil domicílios com TV e IPC de 0,834%. Polícia e religião são os temas centrais da programação local da geradora. São dois telejornais de produção própria, ambos voltados principalmente para a cobertura das ocorrências policiais do estado. O “Plantão de polícia”, com duas horas e meia de duração, é apresentado, ao vivo, por Jéferson Moraes. O matutino “Boletim de ocorrência”, apresentado pelo mesmo Moraes, traz as

principais ocorrências policiais do dia anterior. A religião comparece com uma série de programas independentes. Completam a programação, os semanais “Super esporte”, resumo das notícias esportivas do estado, e o programa de auditório “Pell marketing show”, que traz apresentações musicais, jogos e sorteios. Ambos têm produção terceirizada, mas utilizam estúdio, infra-estrutura e equipe técnica da emissora.

TV Educativa (Maceió, canal 03) A emissora educativa de Maceió é vinculada ao governo do estado. A TVE acaba de ampliar a potência de seu transmissor para 10 kW, aumentando seu alcance, antes restrito às cidades próximas da capital, para grande parte de Alagoas. A programação local é composta por três programas: o telejornal “TVE notícias”; o programete “Português para todos”, que, com cinco minutos de duração, é veiculado duas vezes ao dia; e “Balançando o ganzá”, programa voltado para as manifestações culturais e folclóricas do estado.

TV EDUCATIVA Programas

Dias de exibição

Horário

TVE notícias

Seg-sex

18h00 a 18h15

Balançando o ganzá

Sábado

17h00 a 17h30

Português para todos

Seg-sex

Duas vezes ao dia,

durante a programação


( making of )

Lizandra de Almeida

Fora da tomada Como seria o mundo se não existisse energia elétrica? Ou se tudo fosse desligado da tomada? Esse foi o conceito desenvolvido pela W/ Brasil para o filme da AES, multinacional que está no Brasil há cinco anos e só agora inaugurou sua participação na mídia. A AES entrou no País após a privatização no setor de energia e construiu uma usina termoelétrica em Uruguaiana (RS). Para divulgar a obra e sua participação institucional, a empresa decidiu começar com um filme de peso. O filme registra o momento em que a energia cessa, deixando todas as coisas e pessoas literalmente paradas no ar. “Não se trata simplesmente de um apagão, mas da maneira como a energia é encarada. Ninguém se lembra que não só as indústrias mas até o chopp gelado não existiriam sem a energia”, explica o

diretor de criação Ruy Lindenberg. São várias cenas em que as pessoas estão em movimento e de repente param, mas a câmera realiza um movimento em torno delas, criando uma sensação de volume e de planos sobrepostos, ao contrário do simples congelamento das imagens, que transforma tudo em uma fotografia, em imagem estática. “As imagens teriam de estar congeladas, mas não com um simples efeito de freezing. Por isso optamos por trazer o sistema de câmeras utilizado no longa ‘Matrix’”, explica Lindenberg. O orçamento, de R$ 700 mil, previa dois dias de filmagem com a câmera, o que permitiria rodar três cenas. As demais seriam feitas apenas com efeitos normais de freezing. “No

T U D O

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final, os americanos gostaram da noite paulistana e resolveram ficar cinco dias. Pudemos então fazer todas as cenas com o efeito que tínhamos imaginado”, explica Washington Olivetto. “Tínhamos uma grande idéia que só poderia ser realizada assim. Sabíamos que seria caro, mas o cliente também apostou”, completa. O filme original, de um minuto, divulga a nova usina de Uruguaiana. As informações estão todas na locução. Para aproveitar a carga institucional do filme, porém, serão feitas novas versões, com novo texto, em 45 e 30 segundos. Em tempos de seca e previsão de racionamento de energia, o filme ainda serve como propaganda contra o desperdício de energia.

P A R A D O

A brincadeira começa em frente

mente é a de uma garota na piscina. A

ao Teatro Municipal de São Paulo,

imagem pára justamente na hora em

quando um guarda de trânsito apita

que ela sai da água e joga o cabelo

para os carros. Tudo, então, pára.

para trás. Todas as gotas e o cabelo

A cena tem muitos elementos: uma

em movimento ficam suspensos.

executiva, que deixa voar folhas de

“Na cena das garotas com as pom-

papel, um rapaz anda de skate, um

bas, tínhamos de contar com um

motoqueiro e muitos pedestres. Em

elemento extra, que era a boa von-

outra situação, crianças brincam

tade das pombas. A produção colo-

no Pátio do Colégio com pombos.

cava comida para elas, e esperáva-

Um jogador de futebol faz uma bici-

mos até que um bando se reunisse.

cleta, um cozinheiro frita uma pan-

Daí rodávamos a cena. Mas depois de

queca que fica suspensa no ar, um

um certo tempo, elas perceberam e

grupo de amigos toma chopp. Uma

foi ficando mais difícil atrai-las para

das cenas mais bonitas plastica-

a comida”, conta o diretor.


E Q U I P A M E N T O

E S P E C I A L

A câmera de múltiplas lentes usada no filme “Matrix”

No início e no final da câmera especial, havia câmeras

veio dos Estados Unidos. Sua característica é a de con-

normais, que rodaram

gelar não só a imagem, mas todo o quadro, de modo

o movimento antes e

que a mesma imagem, vista sob várias perspectivas

depois do efeito.”

diferentes, realce cada elemento. Nesse caso, a câmera

O efeito realizado pela

estava sobre um carrinho, que realizava um movimento

câmera é o de um travel-

semicircular em torno do elemento central da ação.

ling circular ao redor do

“A câmera pode fazer tanto um arco semicircular,

personagem, só que os

circundando o objeto a um ângulo de 120o, como ser

elementos permanecem

montada em espiral”, explica o diretor Julio Xavier. O

parados na posição em

equipamento utilizado tinha 80 lentes e por isso teve de

que estavam quando a câmera foi acionada. A película

ser montado em espiral, ou seja, a primeira lente estava

passa pelas 80 lentes, que imprimem um fotograma

em posição superior à última. “Se todas as lentes ficas-

cada, simultaneamente, como uma câmera de still. É a

sem paralelas, a primeira filmaria a última e vice-versa,

visão dessas 80 fotos que dá a sensação de suspensão

fazendo com que ambas aparecessem em quadro.

imediata do movimento, com profundidade e volume.

ficha técnica cidade congelada

Cliente AES Agência W/Brasil Direção de Criação Ruy Lindenberg Produção JX Filmes Direção Julio Xavier Fotografia Walter Carvalho Montagem João Arruda Trilha YB Pós-produção JX Filmes e Terracota.

A C E R T O S

F I N A I S

O uso do equi-

“a primeira vez foi muito difícil, pois

pamento não

a cena não tem poucos elementos.

é complicado,

Pelo videoassist, víamos se tínhamos

mas trabalhoso.

conseguido captar direito os elementos

A montagem e

parados. Com isso, só conseguíamos

calibração da

filmar dois planos por dia. O principal

câmera exigem

sacrifício era dos atores, que pouco

cerca de três

eram exigidos em termos de interpre-

horas. Para aju-

tação, mas tinham de ter uma movi-

star o foco e determinar o ponto focal

mentação perfeita”.

para o qual todas as lentes devem con-

A finalização não exigiu efeitos especi-

vergir, é preciso usar controles a laser.

ais além dos já impressos na película

Além disso, a coordenação dos atores

e um pouco de tratamento de imagem.

deve ser perfeita, para que todos os

A composição foi complicada, já que

elementos em quadro estejam na

resultou da fusão de três imagens:

posição precisa quando a câmera for

a da câmera posicionada no início

acionada. Julio Xavier explica que a

do movimento, as 80 chapas da

equipe que acompanhou o equipa-

câmera especial e a da câmera que

mento, vinda de Nova York e da Suíça,

é acionada assim que o movimento

era muito especializada. Mesmo assim,

semicircular termina.

T E L A V I V A m ai o D E 2 0 0 1 3 1


t e l e v i s ã o Letícia de Castro

“As pessoas, principalmente os jovens, não querem mais simplesmente assistir à televisão. Eles querem se expressar através da TV, mostrar sua cara, por isso a interatividade é tão importante. Ela possibilita uma interlocução com o público, enriquece a programação”, afirma Cris Lobo, diretora de programação da MTV. Segundo ela, a emissora já utiliza recursos interativos há muito tempo, mas a grande virada veio em 99. “Nesse ano nós dobramos a audiência da TV e isso teve muito a ver com a interatividade”, afirma.

canal interativo

INTERATIVIDADE: UMA PODEROSA ARMA NA DISPUTA PELA AUDIÊNCIA A forma das pessoas assistirem à televisão está mudando. O telespectador passivo, que assiste ao programa em casa sem interferir no produto final, está dando lugar a um telespectador participativo, que opina e altera aquilo que é visto na tela.

32

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Nos últimos três anos, começou a crescer significativamente a participação do público na elaboração dos programas de TV. Além do tradicional telefone, utilizado com sucesso em programas como “Você decide” e “Intercine” (da Rede Globo), a Internet tornou-se o recurso mais aproveitado quando se fala de interação. Basta observar programas como “Opinião Brasil” e “Roda viva” (jornalísticos da TV Cultura), “É show!” (Rede Record) e “Super positivo” (da Bandeirantes), entre tantos outros. Entre os profissionais da área, é quase uma unanimidade a certeza de que esse é apenas o início de um processo que ainda vai se desenvolver muito. “A interatividade que nós temos hoje, a velocidade, ainda são pequenas perto do que vai acontecer”, acredita Marcelo Tas, apresentador do programa “Vitrine”, da TV Cultura.

A MTV é uma das emissoras que mais explora essa possibilidade, há pelo menos três anos. Premiado diversas vezes, o site da emissora tem conteúdo complementar ao da televisão e é um dos produtos de maior destaque na casa. Lá é possível conhecer mais sobre os VJs e mandar mensagens com sugestões para todos os programas da grade. Atualmente, a maioria das atrações que vão ao ar pela MTV contam com a participação dos telespectadores por telefone ou e-mail. “A tendência é que, no futuro, todos tenham”, afirma Cris Lobo. Da nova grade de programação, que estreou em março, destacam-se o “Control freak”, “Uá uá” (apresentado por Marcos Mion), “Tem jeito” (apresentado por Didi), “SodaPop” (apresentado por Silvinha) e “Meninas veneno”(de Marina Person). Entre os programas antigos que usam interatividade estão o “Disk MTV”, “Erótica” (que recebe perguntas de telespectadores por e-mail e telefone e exibe algumas mensagens na tela), “Fica comigo” (os participantes têm sua foto veiculada no site da MTV antes de o programa ir ao ar) e “Contato” (jornalístico em que os telespectadores enviam e-mails que são lidos pelo apresentador Edgard durante o programa).


“Control freak”, que estreou no último dia 5 de março, é o mais novo fenômeno da grade da emissora. O programa é uma espécie de “Intercine” do videoclipe. Ele começa com um clip, enquanto são oferecidas três alternativas de clips para sucederem este primeiro. O telespectador vota naquele videoclipe que prefere assistir. O mais votado é exibido na seqüência. O programa tem uma média de mil votos por dia, chegando a picos de cinco mil, quando até então o máximo de participações via Internet na emissora era de três mil em um dia. Para viabilizar o programa, a MTV investiu R$ 50 mil em um software novo, elaborado pela empresa brasileira Tabuleiro da Baiana, que computa os votos do internauta e determina, automaticamente, o clip que será exibido.

vitrine Reformulado há cerca de dois anos e meio, o “Vitrine” é o programa na TV aberta que mais utiliza a interatividade. Com uma hora de duração, ele fala sobre mídia e tecnologia, com reportagens e entrevistas ao vivo. Além de poder mandar sugestões para a produção do programa, ou participar das entrevistas, enviando perguntas para o convidados, através de e-mail, o telespectador pode conversar ao vivo com os participantes do programa, através de um bate-papo na Internet. “Não sabemos ainda quantificar a participação das pessoas nos chats do programa, mas sabemos que é muita gente, porque as salas estão sempre lotadas”, comenta o apresentador e idealizador do programa, Marcelo Tas. Para se ter uma idéia de quanto cresceu o público do programa com o novo formato, basta olhar o Ibope. Nos últimos dois anos a audiência passou de traço para dois pontos. Além disso, o programa conquistou

três novos patrocinadores, UOL, C&A e Nokia, e diminuiu os custos com pessoal, reduzindo a equipe pela metade. Além dos tradicionais e-mails e bate-papos que o programa proporciona, o “Vitrine” já explorou ao máximo as possibilidades da interatividade, colocando no ar, certa vez, um telespectador ao vivo através da Internet, diretamente dos Estados Unidos. “Era um estudante de tecnologia brasileiro que morava no Oregon (EUA). Ele sempre assistia e participava do programa pela Internet. Já era conhecido da produção. Um dia resolvemos colocá-lo no ar, ao vivo. Ele conseguiu uma webcam e se conectou à Internet”, conta Tas. A imagem mandada pelo rapaz chegava no computador da TV Cultura e o sinal era convertido para vídeo, levando a imagem para a casa dos telespectadores do “Vitrine”. “Temos uma interface que transforma o sinal do computador em sinal de TV. Quando a imagem chega, há um cabo que a leva para a minha tela de computador e outro que a leva para o switcher, possibilitando que ela entre no ar”, diz Marcelo Tas. Essa não foi a única transmissão ao vivo pela Internet que o programa realizou. No primeiro semestre de 2000, Marcelo Tas foi para a Alemanha e Austrália acompanhar festivais de televisão. Da Austrália, ele transmitiu um programa ao vivo, pela Internet. “A economia é fabulosa, pois não precisamos alugar um satélite, que é caríssimo”, afirma Tas. De acordo com ele, a equipe do UOL, responsável pela tecnologia do programa, desenvolveu, em parceria com a Universidade de Sidney, na Austrália, ao longo de dois meses um sistema que viabilizou essa experiência. “Nós usamos uma

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televi s ã o

velocidade extremamente alta e conseguimos o resultado esperado”, afirma o apresentador. Além do “Vitrine”, a TV Cultura utiliza a interatividade nos programas “Roda viva”, “Opinião Brasil”, “Cartão verde” e “RG”. Em todos eles o telespectador pode mandar perguntas para os convidados por e-mail, fax ou telefone e comentar o que está sendo dito.

o começo

Engenharia Indústria e Comércio Ltda Avenida Olegário Maciel, 231 Lojas 101/104 Barra da Tijuca • Rio de Janeiro • RJ • 22621.200 Tel.: (21) 493.0125 • Fax: (21) 493.2595 www.phasenge.com.br

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phase@phasenge.com.br

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O primeiro exemplo de programa interativo de grande repercussão na televisão brasileira foi o “Você decide”. O programa trazia uma história com duas possibilidades de final. Quem escolhia o que queria ver na tela era o telespectador, ligando para números de telefone gratuitos da emissora. Além de impulsionar a discussão sobre a interatividade, o programa rendeu bom material para observação dos valores da sociedade brasileira. As histórias abordavam temas muitas vezes polêmicos que serviam como um termômetro para avaliar o que o público pensava. Acostumada a basear sua grade de programação ao gosto do público a rede líder de audiência vem usando a interatividade para estabelecer os rumos de suas transmissões e se preparar para a TV digital. Atualmente até a veiculação de jogos de futebol conta com a participação do público. Toda a interação da emissora com o público via Internet, obviamente, é feita pelo acesso ao portal Globo.com. “Sociedade anônima”, apresentado por Cazé na mesma Globo, radicalizou a proposta de interatividade na emissora, explorando os recursos da Internet. Em cada programa, 32 convidados virtuais, espalhados em cibercafés em São Paulo e no Rio, entram no ar ao vivo, tendo suas imagens transmitidas por webcams disponibilizadas pela produção do programa. Até o “Casseta e planeta” tem apostado na interatividade, lançando pesquisas no ar, para que as pessoas votem

através do site do programa. A intenção, segundo a emissora, é pegar uma carona na audiência do programa para divulgar o site da atração, que traz conteúdo exclusivo.

como no rádio Utilizando um recurso muito comum do rádio, o Canal 21 elaborou “Trânsito livre”, programa mais interativo de sua grade. Apresentado por Roberto Scaringella, o programa vai ao ar diariamente das 6h00 às 8h00 e traz o noticiário sobre o trânsito da cidade. Para isso, o programa conta com a participação ao vivo de telespectadores que ligam perguntando ou descrevendo a situação do trânsito em determinados pontos da cidade de São Paulo. “É um programa de prestação de serviços que permite uma rapidez incrível na propagação da informação”, conta o diretor de programação do canal, Marcos Zago. Já o “SP digital”, programetes inseridos ao longo da programação, conta com repórteres espalhados por toda a cidade. Ao final de cada reportagem exibida na TV, aparece no vídeo o e-mail do repórter, para que os telespectadores mandem sugestões de pautas. “O 21 está centrado na Grande São Paulo, por isso a participação do público é muito importante. Ela nos aproxima do telespectador, democratiza o acesso à informação e abre um canal de comunicação com a redação”, afirma Zago.

negócio lucrativo A Record lançou recentemente a primeira novela com interatividade. Em “Vidas cruzadas”, que terminou no dia 16 abril, o telespectador pode escolher o final da história: se Letícia (Patrícia de Sabrit) ficaria com Lucas (Dalton Vigh) ou Aquiles (Alexandre Barillari). A iniciativa teve 27 mil votos e dobrou o acesso ao site da emissora, que estava na faixa de 12 mil visitantes únicos (unique visitors, que contabiliza apenas a primeira vez que um


usuário acessa a página) e 80 mil page nova atração será semanal, ao vivo, e views. Durante a votação, os visitantes abordará fatos do dia-a-dia das pessoas. únicos passaram para 20 mil e os page “A Record já tem cerca de 70% de sua views para 392 mil. programação transmitida ao vivo, o “Minha intenção era ter muito mais que nos aproxima do público, dá mais interatividade e, eventualmente, agilidade. A interatividade dá a resposta transmitir até algum capítulo ao vivo, que precisamos sobre a programação”, mas não entramos em acordo com diz Aragão. nenhum provedor, o que inviabilizou o De acordo com o diretor de projeto”, conta Marcos Aragão, diretor programação, a emissora está de programação da trabalhando com Record. No projeto um novo conceito original da novela, de público. Janine, personagem “Não pensamos vivida por Ana simplesmente Cecília, comentaria no telespectador e-mails recebidos por passivo, trabalhamos telespectadores em seu com a idéia de programa de rádio. um ‘cliente de A interatividade permite uma Para isso, a Record programação’. tentou uma parceria Quanto melhor for resposta imediata do público com os provedores o meu conteúdo, a respeito Terra e UOL, mas não mais clientes da programação e enriquece chegaram a nenhum eu conquisto”, seu conteúdo. acordo financeiro. Sem comentou. um suporte especial, Seguindo essa linha a emissora decidiu descartar a idéia de raciocínio, a Record tem um projeto e concentrou esforços apenas para o mais ambicioso envolvendo Internet e final da trama. interatividade, já apelidado “Internet Além da experiência com “Vidas Comunidade de Negócios”. Segundo o cruzadas”, a emissora leva ao ar gerente de comunicação Álvaro Oliveira, outros programas interativos, como o o projeto, ainda em fase de estudo na “É show!”, emissora, pretende atrair empresas de Adriane Galisteu, que conta interessadas em parcerias com o site com participações por telefone e da Record, para realizar promoções. e-mail, o “Passando a limpo”, em que “Nós usamos a televisão para atrair o os telespectadores mandam perguntas público para a Internet, onde ele poderá por e-mail e o “Fala participar de promoções e ter acesso que eu te escuto”, em que os a um conteúdo diferenciado no site”, telespectadores contam seus afirma Oliveira. Duas empresas, mantidas problemas e se aconselham por em sigilo, já firmaram parceria telefone. “A interatividade é com a Record nessa empreitada, que usa importante não só na novela, experiências como mas na comunicação em geral. a da novela como um teste No final das contas, a tendência será de seu poder de alcance. sempre a convergência”, comenta A interatividade é uma arma valiosa para Marcos Aragão. a televisão. Permite uma resposta imediata As experiências interativas da emissora do público a respeito da programação, têm tido um resultado tão positivo enriquece o conteúdo de programas com que já há um novo programa sendo perguntas e comentários enviados pelos elaborado, baseado principalmente telespectadores e a tabulação de pesquisas na participação através da Internet. realizadas ajuda a nortear a produção de Com estréia prevista para julho, a programas bem ao gosto do freguês.

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Fotos: Gerson Gargalaka

F IGURA Lizandra de Almeida

O SHOW DE LUIZ CARLOS MIELE

A

televisão brasileira está no ar há 50 anos e o showman Luiz Carlos Miele pode dizer que participou de todos. Sua estréia foi na inauguração da própria TV, pois começou a trabalhar na Rede Tupi ainda garoto. Miele já era um artista-mirim desde os 11 anos, quando a mãe, Regina Macedo, cantora e atriz do rádio, o levou para trabalhar com ela nas radionovelas da Rádio Excelsior. A entrada em cena propriamente dita se deu graças a seu belo par de pernas. É ele mesmo quem brinca: Dizem que algumas atrizes começaram na TV por causa de suas pernas. No meu caso, foi exatamente a mesma coisa. A brinca-

deira procede: a primeira vez em que apareceu na TV foi em uma vinheta da Rede Tupi. Para mostrar como a TV ainda era jovem, Miele emprestou suas pernas de moleque, para a imagem da vinheta. Depois dessa estréia prosaica, o futuro apresentador e diretor passou a integrar o elenco do Clube do Canguru Mirim, um programa infantil patrocinado por uma caderneta de poupança da época. No programa, conheceu personagens que o acompanhar36

TELA VIVA MAIO DE 2001

iam por vários anos. O futuro diretor Régis Cardoso era responsável pelo mimeógrafo.

um consultório, virava uma cadeia depois de três cenas .

Era ele quem mimeografava os programas e os roteiros . Walter

Miele tornou-se assistente de Régis Cardoso na coordenação de estúdio. Aí virei o

Avancini também já estava por lá, além do maestro Erlon Chaves - que dirigia a

segundo melhor coordenador de estúdio do Brasil .

Banda Veneno e era a paixão de Vera Fischer .

A modéstia não é seu forte. Afinal, não é todo mundo que vivenciou tantos momentos importantes da TV e da música brasileira. Suas lembranças vão e voltam e não adianta querer saber o que veio antes, o que veio depois. As datas não fazem parte de suas histórias e piadas. Uma história depois da outra, uma lembrança e certamente outras dez horas de entrevista seriam necessárias para conhecer melhor seu repertório, que vai dos shows da Bossa Nova ao banco da “Praça da alegria”. Apesar da imagem do apresentador de smoking e barba impecável, a intenção de Miele nunca foi estar nos palcos. Eu queria mesmo ser diretor . Seus primeiros trabalhos foram como assistente de produção, coordenador e diretor de estúdio,

Passada a primeira temporada na Tupi, Régis Cardoso foi para a TV Paulista (futura TV Globo SP) e levou Miele. Régis Cardoso era o melhor coordenador de estúdio do Brasil. As câmeras eram pesadíssimas e os cabos eram muito grossos. Com a programação toda feita ao vivo, os teleteatros exigiam muita habilidade do coordenador para que as câmeras se movimentassem sem mostrar outra câmera, ou os próprios cabos. O autor já escrevia o roteiro de maneira a coordenar a troca de cenários e a movimentação em cena. O que era


produtor musical. Era atrás das câmeras ele esperava ficar.

e é o grande orgulho de Miele. A sua admi- sem dinheiro, mas eu não conhecia ração por Elis está traduzida nesses pro- Paris. O Bôscoli, que era meu sócio gramas. Acostumamos com tudo na boate, já estava com a Elis, mas

Dois na bossa Em 1960, mudou-se para

nessa vida, mas sempre digo que a Elis Regina foi a única artista com cujo sucesso eu não me acostumei .

tinha medo de avião. Então avisei que ia viajar e ele quis que eu arrumasse alguém para acompanhar os ensaios, no meu lugar. Saí dali e fui até o Gigetto [cantina itali-

São Paulo by night Bossa Nova, piano,

ana no centro de São Paulo]

noite, whisky, boemia. No final da década de 60, Miele e uma turma de amigos resolveram se aventurar pela noite paulistana e abriram uma casa de shows na rua Augusta - a boate Blow-up, que substituiu a antiga Raposa Vermelha e hoje é o Auditório Augusta. De saída, o projeto do ambiente foi desenhado pelo artista plástico Wesley Duke Lee. Ele

pensando em pegar o primeiro que eu encontrasse. Assim que entrei, dei de cara com o Fauzi Arap. Ele estava fazendo teatro em São Paulo e nunca tinha dirigido um show, mas concordou. Depois desse show, a parceria dele com a Bethânia durou mais de dez anos .

o Rio, onde conheceu seu grande parceiro, Ronaldo Bôscoli, e surgiu o fato insólito que lhe abriu novas portas. Fui para o Rio para inaugurar a TV Continental. Com Bôscoli, produzi grande parte dos shows de bossa nova no Beco das Garrafas. Até que um dia íamos produzir o show de uma cantora chamada Tuca e precisávamos de um parceiro para contracenar com ela. Estávamos a cinco dias da estréia e nada. Então fomos à casa da Olívia, que depois se tornou Hime [mulher do cantor e compositor Francis Hime]. A Elis estava cantando e eu falei para ela ficar quieta que eu queria contar umas piadas. Contei, cantei, brinquei com o pessoal. No dia seguinte, algumas pessoas vieram me dizer: por que você mesmo não faz o show com a Tuca? Foi daí que tudo começou. Fizemos o show “Uma noite perdida, com Tuca e Miele” .

Sempre envolvido com a MPB, que na época estava no auge da Bossa Nova, Miele passou a década de 60 entre o Rio e São Paulo, dirigindo e fazendo shows. Na segunda metade dos anos 60, foi para a TV Record, para dirigir o programa “O fino da bossa” em parceria com Ronaldo Bôscoli. Em sua estréia, em 1965, o programa era dirigido por Nilton Travesso, Tuta Machado de Carvalho, Manoel Carlos e Raul Duarte. Começa daí a amizade de Miele e Elis. Quando fomos para a Record, Elis e Bôscoli estavam brigados. Elis ameaçou sair caso Bôscoli fosse contratado. Nos primeiros programas, eu ficava de pombo-correio os dois não se falavam. Mas o Bôscoli, que era um dom-juan, já estava de olho nela. Um pouco depois, eles estavam juntos . Em janeiro de

68, a parceria entre Miele, Bôscoli e Elis deu origem ao programa mensal “Elis especial”, gravado no Teatro Paramount, em São Paulo. O programa recebeu muitos prêmios

tinha acabado de voltar de Tóquio, onde tinha ganhado a Bienal [de Tóquio de 1965]. Pedi para ele desenhar o projeto da boate e ele disse que nunca tinha feito aquilo antes. Resolveu fazer, mas disse que nem ia aparecer para ver. Sugeriu que eu contratasse uma equipe de japoneses que ele tinha conhecido em Tóquio. Chamamos os japoneses e só um falava português. Combinei que eles começariam após o último show, que era com a Consuelo Leandro. Não deu outra. Na manhã seguinte já estava tudo quebrado. Eles prometeram entregar a obra em 74 dias. Entregaram uma semana antes. Pela Blow-up pas-

Durante a década de 70, Miele esteve ligado à programação da Rede Globo, tanto como diretor de shows e musicais quanto como apresentador. Ao lado de Sandra Bréa apresentava a “Sexta super”, com destaques musicais. Já na década de 80, seu lado humorista foi valorizado quando ele passou a sentar no banco da “Praça”. Nessa época eu tinha um certo preconceito em relação a esse humor popular. Quando fui convidado para apresentar a ‘Praça’, muita gente estranhou, porque eu já tinha essa imagem,

saram muitos artistas consagrados, outros em via de consagração. Bem em frente ficava o restaurante Patachou. Em geral, Caetano, Gil, Bethânia e Gal jantavam por lá, que era mais barato, e depois vinham para a boate. Fizemos um show marcante, com o Lenie Dale e a Bethânia. Estávamos ensaiando quando recebi um convite para fazer um documentário em Paris em cima do show de Elis, no Olympia. Eram só o diretor e o câmera, quase

de smoking. Foi quando eu aprendi que só existem dois tipos de humor: o engraçado e o sem graça. E a ‘Praça’ era muito engraçada .

Showman A imagem de Miele em black-tie tam-

bém esteve associada à apresentação do Prêmio Molière. Criado em 1963, era a principal premiação do teatro e cinema brasileiros. A entrega do prêmio se revezava entre São Paulo e Rio, em uma festa a rigor que contava com uma atração francesa, já que o prêmio era patrocinado T E L A V I V A m ai o D E 2 0 0 1

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F I G U R A

por empresas francesas e reproduzia seu homônimo francês. Na década de 80, Miele apresentou dois festivais da Globo, patrocinados pela Shell. Eu estava apresentando a final, ao lado de Christiane Torloni. A platéia jogava tudo na gente, copinhos, latinhas, aqueles leques de papel. Aí eu vi pelo rabo do olho um cara pegando um copo bem grande de pipoca e enchendo com tudo quanto era papel. Fez uma bola enorme e se preparou para jogar em mim. Quando ele jogou, eu matei a bola no peito, aparei com o joelho e devolvi para a platéia. Fui superaplaudido.

Por falar em jogar bola, Miele também foi craque. Até treinou no Palmeiras. Onde morava eu era sempre escalado, achava que era o máximo. Aí resolvi treinar e fui para o Palmeiras. Só que nessa época eu já gostava de boemia. Então o técnico me aconselhou voltar para a noite, onde eu me saía melhor. Afinal, para ser profissional é preciso treinar muito .

Até hoje Miele bate uma bola com os amigos, nos campos de futebol de Chico Buarque, no Rio, ou com outras turmas igualmente peladeiras. Naturalmente, foram surgindo convites para a apresentação de eventos e convenções. Miele foi diretor artístico da Miksom e participou de muitos deles, como apresentador, cantor, showman. Eu sou uma opção muito econômica para a empresa, pois sou mestrede-cerimônias e depois ainda faço o show humorístico.

Quem conhece a magia de estar na televisão se

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apaixona por ela, e não larga mais. Depois de um certo tempo na Globo, mais nos bastidores do que na frente da telinha. A partir da década de 80, os programas musicais começaram a rarear. Mais alguns anos se passaram e a qualidade dos programas musicais começou a deixar muito a desejar. Miele sentia falta de ter um programa seu. Tentei sair da Globo três vezes e o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então vice-presidente de operações] nunca deixava. Cheguei a acertar com a Bandeirantes e levei para o Boni uma carta de compromisso de Johnny Saad informando que eu teria uma atração. Eu precisava providenciar a abertura de uma empresa, porque eles só contratavam pessoa jurídica, mas enquanto isso tinha essa carta. Mostrei para o Boni e, por cima da carta, ele escreveu um bilhete para o diretor financeiro da Globo dizendo para ele me dar um aumento. Fiquei mais alguns anos, mas depois acabei indo para a Manchete.

Miele arrepende-se de ter deixado a grande emissora, justamente no momento em que ela se firmava como a principal TV do País. Ajudei

tor de uma empresa vai fazer uma convenção e toda a família opina. Ele diz que vai chamar o Miele e a mulher dele fala: “Mas logo o Miele, que fez aquele programa?” Levei dois anos para desassociar minha imagem desse programa.

Miele acredita que sua versatilidade o prejudicou no sentido de que ele não se especializou em nenhuma atividade. Por outro, sua conexão com o mundo da música o impediu de aceitar propostas mais ousadas, que o tornariam mais apresentador do que produtor de shows.

a construir a TV, participei dos períodos mais difíceis e na hora em que a Globo se consolidou, quis sair. Seu maior arrependimento,

Durante o período em que estive na Globo, o Walter Clark sugeriu várias vezes que apresentasse um talk show, nos moldes do que o Jô Soares faz hoje. Dei um pontapé na sorte.

porém, foi o de ter aceito a proposta de Silvio Santos para apresentar o programa “Coquetel”, uma atração noturna com garotas seminuas.

Na área de shows musicais, não só os investimentos caíram como a própria qualidade da música apresentada pela TV é sofrível. Acho que a TV a

Estava sem fazer TV e pensei que pudesse fazer um programa para adultos, com uma dose de erotismo, mas com outras atrações. Como se fosse uma revista Playboy na TV. Silvio Santos trouxe a fórmula do programa da Itália e da Alemanha e eu tive a ilusão que podería adaptar o programa e torná-lo mais interessante. Mas um dia o Silvio me chamou e disse: - Não adianta, é assim que tem de ser. Eu estava muito pouco à vontade e saí. Esse mau passo prejudicou bastante minha carreira, porque eu apresentava muita convenção. Nesse mercado, todo mundo dá palpite. O dire-

cabo obrigou a TV aberta a atender a um público menos exigente, mas acredito que a TV tem uma certa responsabilidade. A Globo mantinha um nível que ela própria estabelecia. Não é mera coincidência: a Globo começou a decair 24 horas depois que o Boni saiu. Ele era tão exigente que tinha restrições até mesmo à transmissão de futebol. O ibope era imenso e ele ainda não aceitava.

Ainda apresentando muitos eventos e ligado ao elenco do programa “Escolinha do barulho”, produção independente atualmente exibida pela Record, mas que deve ir para outra emissora, Miele não pode dizer que não se divertiu muito ao longo de todos esses anos. O único problema, em suas próprias palavras, é que o dinheiro me odeia .


N達o disponivel


t e c n o l o g i a performance compatível. Para projetos multimídia, CD-ROM ou streaming video pela Internet, placas de captura com resoluções inferiores a 640 x 480 pixels são adequadas. Apesar de muitas placas desse tipo incluírem inúmeras facilidades e recursos num único pacote (bundle), como software para edição, ferramentas para streaming, sintonizador de TV etc., nem todas têm a capacidade de capturar áudio. Isso exige uma placa de captura de áudio separada. Dois grandes fabricantes mundiais, a Pinnacle Systems e a Matrox, comercializam placas de captura de vídeo no Brasil.

Emerson Calvente

pinnacle Fundamentais numa ilha de edição, as placas de vídeo estão disponíveis com diferentes especificações técnicas. A compressão e a qualidade da imagem podem variar, dependendo do destino do vídeo ( I n t e r n e t , C D - ROM s , D V D e t c . )

As placas de captura permitem a conversão do sinal de vídeo analógico, proveniente de uma fita magnética, por exemplo, em sinal digital, para que seja possível visualizar e editar um vídeo num computador. Todo sinal “digitalizado”, ou seja, capturado pela placa de vídeo, é armazenado num hard disk próprio para aplicações audiovisuais (veja a matéria sobre hard disks na edição de abril de 2001, nº 104). Mesmo um sinal de vídeo digital, gravado digitalmente numa fita de vídeo, requer uma placa de captura para a transferência das informações digitais da fita para o HD.

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O sinal de vídeo é comprimido para que possa ser manipulado no computador. Um sistema de compressão e descompressão (codec) é utilizado para reduzir a taxa de dados (data rate). Os principais codecs são: MPEG, DV e MJPEG. Os formatos de gravação que utilizam o codec DV (DVCAM e DVCPRO, por exemplo) permitem que as informações audiovisuais sejam transferidas diretamente para o disco rígido, pois o sinal de vídeo DV já é comprimido pelo codec DV. Isso pode ocorrer por uma conexão especial chamada FireWire ou i.Link. Um único cabo é necessário para as entradas e saídas dos sinais de áudio e vídeo e dos sinais que controlam o VTR. A resolução (quantidade de pixels horizontal e vertical) é uma das principais características de uma placa de captura de vídeo. Para aplicações profissionais, (full-motion video, 60 quadros por segundo), onde o vídeo final é transferido de volta para a fita, a resolução mínima necessária é de 640 x 480 pixels. A quantidade de informações de cor para cada pixel (bit depth) não deve ser inferior a 24 bits. A velocidade ou a taxa de dados (data rate), indicada em Mbps, também é muito importante. Entretanto, para assegurar o máximo desempenho da placa de captura nesse aspecto, é necessário que haja um hardware (principalmente CPU e disco rígido) com

Fundada em 1986, a empresa desenvolve soluções para atender desde os profissionais de vídeo até o usuário doméstico. A Pinnacle Systems tem mais de 300 produtos no mercado mundial, entres eles as placas Targa e Miro. Com faturamento global de US$ 250 milhões para 2000, os negócios da Pinnacle Systems na América Latina correspondem a 3% do faturamento anual da empresa. Na visão da companhia, o Brasil é o país latino-americano de maior representatividade. Para viabilizar seus planos de crescimento, a empresa nomeou a Pi Editora, detentora da marca BraSoft, para ser responsável pela produção, edição local e distribuição da linha Studio. Por meio de acordo, a Pinnacle Systems coloca ao alcance do consumidor brasileiro produtos adaptados ao País com preço 20% menor que o importado, com softwares e manuais em português, garantia, assistência técnica local e suporte técnico gratuito. A Pinnacle dispõe da linha Profissional com produtos destinados às grandes e médias empresas que utilizam broadcast e a linha Business voltada às pequenas e médias produtoras de vídeos institucionais. A linha Profissional é distribuída na América Latina pela Group CIS e a linha Business, no Brasil, pela SND. A linha Profissional é composta, principalmente, pelas placas Targa 3000 e Reel Time. A


Targa 3000 é a solução mais poderosa da Pinnacle Systems para edição e composição. Permite processamento de vídeo sem compressão e composição em multilayers. Entre os principais recursos em tempo real estão: correção de cor, track mattes, slow motion, stills, rolls e crawls de GC com o software TitleDeko. É possível exportar vídeo sem compressão (YUV ou RGB) ou nas compressões DV25 e MPEG2 IBP. Suporta recursos de pintura, rotoscopia e composição com o software Commotion DV. A Reel Time conta com um desdobramento: a Reel Time Nitro. Essa placa permite, em tempo real de edição (quatro layers), a realização de um número ilimitado de efeitos de transição orgânicos e 3D, chromakeying, efeitos de cor e mixagem de áudio. Tem inputs e outputs de sinal de vídeo componente, composto e S-Video (breakout box). Os I/O DV e Serial Digital são opcionais. Há integração com os softwares Adobe Premiere ou Speed Razor RT. Na linha Business, os produtos de maior destaque são as placas DV500 e MiroVideo DC30pro. A DV500 utiliza o hardware DV CODEC e edição em tempo real de efeitos, títulos e filtros. O Adobe Premiere 6.0 acompanha a placa, que suporta todos os novos recursos do software. Todo processamento de mixagem de áudio em múltiplos canais, correção de imagem e 16:9 é em tempo real. É possível a conexão com equipamentos de vídeo analógicos e digitais (breakout box) e outputs para uma fita de vídeo, CD-ROM, DVD e Internet. Suporta o sistema operacional Windows. A DC30pro captura e exporta vídeo nos formatos S-VHS e Hi8 (breakout box). O padrão de compressão é M-JPEG e a taxa de transferência de dados (data rate) é ajustável para o controle de qualidade do vídeo. O recurso miroINSTANT Video reduz o tempo de rendering e economiza espaço no disco rígido. O sincronismo labial é

garantido pela captura de áudio pela própria placa.

matrox A Matrox Video Products Group é uma empresa canadense que atua há 25 anos no mercado. No Brasil, é exclusivamente representada pela empresa carioca Videomart. As principais placas de captura de vídeo da Matrox são: RT2000, RTMac e a série DigiSuite. A RT2000 foi desenvolvida para produtoras de vídeos institucionais, multimídia, autoração de DVD e web streaming. Permite edição em

Antes de comprar, é preciso saber se a placa de captura é compatível com o computador.

real de alguns recursos do software de edição Final Cut Pro. A edição é em DV e há inputs e outputs analógicos (Y/C e composto) que complementam a conexão FireWire embutida no Power Mac G4. Há um output VGA que permite a monitoração e edição em um segundo monitor de computador. A série DigiSuite foi desenvolvida para broadcasters e é ideal para trabalhos de pós-produção intensos. Há quatro produtos na série: DigiSuite, DigiSuite DTV, LX e LE. Todas as placas trabalham em tempo real. A DigiSuite tem qualidade de imagem sem compressão. A DigiSuite DTV permite a edição multiformato DV, DV50 e MPEG-2. É possível combinar fontes DV e DV50 na mesma timeline: DV para vídeo e DV50 para gráficos, animações, composições multilayers e outros efeitos especiais. A exportação dos projetos pode ser em DV, DV50 ou MPEG-2. A DigiSuite LX e LE são as opções mais econômicas da série DigiSuite. O recém-lançado modelo LX oferece edição em DV e MPEG-2 com suporte para autoração de DVD. A DigiSuite LE é indicada para quem trabalha com variedade de formatos analógicos e digitais. A compressão utilizada é a MJPEG, com data rates de até 15 Mbps.

incompatibilidades tempo real, com dois layers de vídeo e um layer de gráficos animados, sem compressão, 32 bit. Em qualquer um dos três layers é possível adicionar efeitos de partículas, transições de títulos 3D, efeitos de distorção, 2D e 3D DVE e efeitos de transparência em tempo real, sem rendering. Outros recursos da RT2000 são: edição em DV e MPEG-2, inputs e outputs digitais e analógicos (Y/C, composto e IEEE 1394), output em MPEG-2 para autoração de DVD e CD-ROM, RealVideo, Windows Media e QuickTime output para video streaming na web e um pacote de softwares incluindo o Adobe Premiere, Inscriber TitleExpress, Pixélan Video SpiceRack Lite, Sonic Foundry ACID Music, Sonic DVDit! LE e Unlead Cool 3D. A placa de captura RTMac é destinada ao uso com um computador Macintosh Power Mac G4. Permite a execução em tempo

É muito comum haver incompatibilidades entre os componentes internos do computador e as placas de captura de vídeo. Usuários que já têm um computador e desejam transformá-lo numa estação de edição não-linear devem obter uma “lista de compatibilidade”. No site da Pinnacle (www.pinnaclesys.com) todas as placas têm uma lista que indica as motherboards compatíveis, os HDs para armazenamento, as placas de vídeo (uma das principais causas de incompatibilidade), os sistemas operacionais etc. Ainda assim, há usuários que encontram problemas para conseguir exportar o vídeo acabado para uma fita. Problemas como dropped frames ou mesmo falhas gerais no sistema. Inconformados, atribuem os problemas ao software de edição, à plataforma PC ou ao sistema operacional Windows. Alguns usuários estão preferindo

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tecn o l o gia

plataformas mais fechadas e estáveis, como os sistemas da Apple. Onde está o problema? O gerente técnico da Pinnacle Systems Brasil, Emerson Jordão, responde: “Os problemas de dropped frames geralmente são causados por baixa performance dos HDs de vídeo ou mesmo do HD de sistemas, onde ficam os softwares instalados. Outra causa comum pode ser a placa gráfica VGA, pois s e e l a n ã o s u p o r t a r o o v e r l ay de vídeo, que é a imagem editada vista no monitor do PC, o sistema ficará sobrecarregado, baixando a performance, dando dropped frames, travando, ou nem mesmo fazendo a captura de vídeo corretamente”. So b r e a s f a l h a s d e s i s t e m a , a orientação é semelhante: “Depende de como foi feita a estação de trabalho. É muito importante o cliente comprar e consultar revendas especializadas, com técnicos habilitados para fazer a montagem

Nem mesmo os softwares para a edição de vídeo escapam das críticas de instabilidade. e a instalação, pois a maioria dos p r o b l e m a s c o m o es s e s c i t a d o s a c i m a são geralmente causados por má configuração da máquina, conflitos de IRQ e placas incompatíveis. É claro que os sistemas operacionais têm a sua parcela de culpa, mas se forem utilizados os sistemas Windows NT 4.0 e o atual Windows 2000 (que é NT também) haverá poucos problemas quanto a

travamento e falha geral”. Nem mesmo os softwares para edição de vídeo escapam das críticas de instabilidade. Entre eles, o Adobe Premiere. “Todo software tem bugs (falhas) e o Adobe Premiere também tem. Porém, a nova versão 6.0 está muito mais profissional, muitos bugs que existiam na versão anterior foram retirados, ficando assim muito mais estável. A c o n t e c e q u e o Premiere é o software de edição mais barato dos profissionais, o mais usado no mundo, e por isso se percebe mais erros”, defende Jordão. “Hoje o PC está bem mais estável, desde que seja montado e configurado com profissionais e materiais de primeira qualidade. O que acontece, é que muitos montam, instalam, mas poucos sabem fazer isso corretamente. Por isso volto a dizer: comprem com quem te dá suporte e base técnica”, conclui.


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F IQUE

P OR

IMERSÃO AMBIENTAL Índia, Estônia, Uganda, Georgia, México, Malásia, Nigéria, África do Sul, Nova Guiné e Austrália são algumas das cinematografias que estarão representadas no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, que acontece de 13 a 17 de junho próximos, na cidade de Goiás. O festival terá mostra competitiva e exibirá filmes de 16 mm e 35 mm e vídeos em Betacam, de curta, média ou longa-metragem, produzidos entre janeiro de 2000 e março de 2001. O festival oferecerá este ano a Bolsa de Incentivo à Produção Goiana, destinada às duas melhores produções goianas escolhidas pelo júri. O prêmio é de R$ 40 mil, destinados à produção de dois curtas-metragens em 35 mm. No total, o festival vai distribuir R$ 250 mil em prêmios. Entre 30 e 40 filmes serão selecionados para a mostra competitiva, além das mostras paralelas. O festival, em sua terceira edição, homenageia o documentarista Luiz Thomaz Reis, conhecido como Major Reis, que documentou a expedição Rondon. É dele “Festas Bororo”, primeiro filme etnográfico brasileiro, realizado em 1916. O festival também abrigará diversas atividades de cinema, entre elas a reunião da diretoria do Congresso Brasileiro de Cinema e um fórum que reunirá escolas de cinema do Brasil e de Cuba.

Quem lê TELA VIVA...

DENTRO MEMÓRIA E CULTURA

Uma parceria entre a Apel Multimídia e a TV Cultura de São Paulo deu origem à “Cinemateca Sylvio Back”, uma coleção de dez vídeos com oito longas e seis curtas e médias do diretor, realizados nos últimos 30 anos. A coleção foi lançada em São Paulo e no Rio em abril e será vendida pelo telemarketing da TV Cultura, no site www.videocultura.com, em videolocadoras e em livrarias. Além dos vídeos, a obra traz um catálogo ilustrado com a ficha técnica e ensaios sobre os filmes. O lançamento dos vídeos também deu início a uma mostra com os principais filmes do diretor, realizada na Sala UOL. A obra de Sylvio Back tem um enfoque documental, em filmes que desnudam a realidade brasileira em várias regiões do país e trabalham o resgate da memória popular.

FESTIVAL DE CURTAS Estão abertas as inscrições para a 12ª edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, o maior evento do gênero na América Latina, que acontece entre os dias 23 de agosto e 1º de setembro próximos, em várias salas da capital paulista. Em sua última edição, o festival exibiu mais de 400 trabalhos, sendo 111 só na mostra Panorama Brasil, que reúne anualmente uma seleção dos novos curtas produzidos no País. Os curtas brasileiros, em bitola 16 mm ou 35 mm, com duração de até 35 minutos e produzidos nos últimos dois anos, podem ser inscritos através do site www.kinoforum.org, até o próximo dia 30 de junho.

... E você que não lê.

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14 a 19 V Festival de Cinema Vídeo e Dcine de Curitiba. Fone: (41) 244.0050. E-mail: fcvc@araucariaproducoes.com.br. Internet: www. araucariaproducoes.com.br.

São Luís - MA. Fone: (98) 232-3901.

Diretor e Editor: Rubens Glasberg

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14 a 5/06 Curso: “Oficina de Vídeo”. Centro

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de Comunicação e Artes do Senac-SP. R. Scipião, 67 - Lapa - São Paulo - SP. Fone: (11) 3866-2500.

12 a 22 IV Anima Mundi (Rio de Janeiro) -

21 a 25 Curso: “Especialização em Adobe

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Premiere”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br.

Fone: (21) 541-7499. Fax: (21) 543-8860. E-

28 a 31 Curso: “After Effects”. Espaço Cultural AD

25 a 29 IV Anima Mundi (São Paulo) - Festival

Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br.

Internacional de Cinema de Animação. Fone: (21) 541-

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5 a 7 V Congresso da AES - V Exposição AES Brasil. Frei Caneca Shopping & Convention Center - 5º andar. São Paulo - SP. Fone: (21) 447-4505/436-1820/436-1825.

5 a 10 XIV Mostra do Audiovisual Paulista. MISSP. Fone: (11) 3032-3057. E-mail: audiovisual@uol. com.br.

mail: info@animamundi.com.br. Internet: www. animamundi.com.br.

7499.

Sucursal de Brasília: Carlos Eduardo Zanatta, Raquel Ramos Arte: Claudia Intatilo (Edição de Arte), Edgard Santos Jr. (Assistente), Rubens Jardim (Produção Gráfica), Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Ricardo Girotto (Ilustração de capa) Website: Marcelo R. Pressi (Webmaster), Celso Ricardo Rosa (Assistente) Diretor Comercial: Manoel Fernandez

Fax: (21) 543-8860. E-mail: info@animamundi.com.br. Internet: www.animamundi.com.br.

Gerente Comercial: Almir B. Lopes Gerente de Contas Internacionais: Patrícia M. Patah (Escritório de Miami] Publicidade: Alexandre Gerdelmann e Wladimir Porto (Contatos), Ivaneti Longo (Assistente)

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1 a 3 SET/Abert - Broadcast & Cable 2001. Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo - SP. Fone: (21) 524-2229. E-mail: b&c@certame.com.br. Internet: www.broadcastcable.com.br.

12 a 17 SIGGRAPH 2001. Los Angeles Convention

11 a 13 22º Congresso Brasileiro de Radiodifusão

Center, Los Angeles, California. 401 North Michigan

- Abert. Hotel Transamérica - São Paulo - SP. Fone: (61) 327-4600. Fax: (61) 327-3660.

Avenue - Chicago - USA - 60611.

11 a 15 Curso: “After Effects”. Espaço Cultural AD

Coordenador do Site: Fernando Lauterjung Colaboradores: Emerson Calvente, Leticia de Castro, Lizandra de Almeida, Mônica Teixeira, Paulo Boccato

Fone: (1-312) 644-6610.

Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br.

Fax: (1-312) 245-1083.

16 a 21 XXIV Guarnicê de Cine e Vídeo. R.

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Coordenação de Circulação e Assinaturas: Gislaine Gaspar Gerente de Marketing: Mariane Ewbank Administração: Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro) Serviço de Atendimento ao Leitor 0800-145022 Internet: www.telaviva.com.br E-mail: telaviva@telaviva.com.br Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001 Telefone (11) 257-5022 e Fax (11) 257-5910 São Paulo, SP. Sucursal: SCN - Quadra 02, sala 424 - Bloco B - Centro Empresarial Encol CEP 70710-500 Fone/Fax (61) 327-3755 Brasília, DF Escritório comercial de Miami: 1550 Madruga Avenue 305 Coral Gables, FL- 33146 USA - Fone (1-305) 740-7075 Fax (1-305) 740-7062 Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A.

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