Nº106 junho 2001 www.telaviva.com.br
O POTENCIAL DA NOVA
A TECNOLOGIA DOS
GERAÇÃO DO CINEMA
CENÁRIOS VIRTUAIS
N達o disponivel
w w w . t e l a v i v a . c o m . b r
@
E D I T O R I A L
E s te símbolo liga você a os s e rviços Tela V iva na Internet. - Guia Tela V iva - Fichas técnicas de comer c i a i s - Edições anteriores da Tela V iva - Legislação do audiovisua l - Programação regional
Í N D I C E SCANNER
4
CAPA
gerenciamento de conteúdo
12
PRODUÇÃO
Animação para Internet
16
MERCADO
Importação de equipamentos
18
PROGRAMAÇÃO REGIONAL
Sergipe
24
AUDIOVISUAL
Propostas do Gedic
26
MAKING OF
28
CINEMA
A nova geração
30
TECNOLOGIA
Cenários virtuais
36
FIQUE POR DENTRO
40
AGENDA/EXPEDIENTE
42
Há anos os broadcasters vêm convivendo com a palavra convergência. Mas somente agora a teoria está mostrando seu lado prático. Diversas empresas estão desenvolvendo soluções customizadas para planejar produções multimídia e gerenciar os acervos existentes em todos os segmentos de mercado. Exemplos como a agilidade da CNN em colocar no ar um completo histórico de John Kennedy Jr., momentos após a notícia do desastre aéreo que matou o filho do expresidente norte-americano, citado na matéria de capa desta edição, demonstram a importância do fácil acesso ao material de arquivo para as emissoras de TV. O diferencial na qualidade de informação é garantia de pontos a mais na audiência. E audiência significa faturamento. Nenhum produtor de conteúdo, nos dias de hoje, pode investir em produtos para uma mídia exclusiva. Os vários formatos precisam ser levados em consideração. O sucesso da microssérie “O auto da compadecida”, em TV e no cinema, ilustra o quadro vivido por aqueles que se aventuram no mundo da produção. Ninguém é competitivo no mercado global usando apenas um canal de distribuição. A globalização exige diversidade de mídias. E, na hora de planejar a produção de programas, de qualquer gênero, é necessário prever a sua utilização nos diversos meios. Tecnologia existe. O uso de softwares para gerenciar o conteúdo das empresas está mostrando também uma nova face. O valor do velho. Quanto mais antigo for o material, maior o valor agregado. Em tempos de cross media sales, o antigo valoriza o novo. A disponibilidade para utilização de material de arquivo é ponto a favor na hora da produção para diferentes mídias. A nova postura a ser adotada pelos broadcasters é para ontem. A concorrência cada vez mais acirrada exige a utilização de recursos tecnológicos e, principalmente, humanos para a criação e produção de conteúdo com conteúdo. Isso mesmo. Superficialidade e unidirecionalidade precisam sumir do mapa da mediocridade que assola as grades de programação. Disponibilizar e reutilizar o material passam a ser regras básicas para os broadcasters, que atualmente respondem pela maior parte da produção de conteúdo nacional. Mas é preciso lembrar que a mensagem é mais importante que o meio. E que a mesma mensagem precisa hoje usar diferentes meios para rentabilizar os custos de produção e distribuição. Edylita Falgetano
MISSÃO TECNOLÓGICA Erkki Liikanen, membro da comissão européia responsável pelas políticas relativas a empresas e sociedade de informação, veio ao Brasil no mês passado para tratar de assuntos de cooperação tecnológica, sobretudo em relação à TV digital. Na agenda constaram reuniões com os ministros das comunicações, Pimenta da Veiga, e do desenvolvimento, Alcides Tápias, e com o presidente da Anatel, Renato Guerreiro.
FRENTES DE TRABALHO
Fotos: Divulgação
Eid Walesko, o novo diretor artístico da Rede Record, iniciou sua trajetória profissional como operador de câmera quando recebeu o convite para trabalhar na TV Tupi e, em seguida, na TV Globo, onde atuou durante cinco anos Eid Walesko na parte artística do “Fantástico”. Mineiro, de Belo Horizonte, tem o compromisso de implantar uma nova filosofia de visual nacional na empresa, ou seja, fazer uma “intervenção cirúrgica” no que já existe, dando uma concepção mais moderna e competitiva para os produtos da casa. Serão analisadas as luzes, posição das câmeras e o visual dos cenários. O primeiro programa que sofrerá mudanças é o “Fala Brasil”, em seguida o “Jornal da Record - 1ª edição” e depois o “Cidade alerta”. “Meu sonho é ver a Rede Record em um patamar diferente do qual se encontra hoje. Quero dar uma nova plástica à emissora, resgatando seus tempos áureos.”
TELA VIVA junho DE 2001
sca n n e r SURF RADICAL Para anunciar um concurso que vai premiar os melhores surfistas, fotógrafos e cinegrafistas do surf, a Revista Trip encomendou um comercial no mínimo inusitado. Os personagens surfistas são bonecos Playmobil, que deslizam por ondas formadas por um tapete. A produção é da Cinemá Produções, a criação da Giovanni,FCB e a MCR assina a trilha.
AZULEJOS ANIMADOS Quinze profissionais de desenho e
digitalizadas dos atores em trajes
pintura foram responsáveis pela
de época, as cenas foram impressas
animação convencional feita para
e pintadas manualmente pelos 15
a abertura da nova novela das seis
artistas. Redigitalizados, os frames
da Globo, “A padroeira”. O trabalho
foram aplicados sobre azulejos,
mostra a disputa dos dois personagens principais, encarnados por Luigi Barricelli e Maurício Mattar, pela mocinha, vivida por Débora Secco. A partir de imagens gravadas e
reproduzindo a técnica portuguesa do século XVIII. Para compor a abertura, foram necessários 416 quadros. O trabalho foi realizado pela produtora Campo Quatro, em parceria com a Mister Magoo, ambas cariocas.
CONTEÚDO NACIONAL O ministro das comunicações, Pimenta da Veiga, levantou a bandeira em defesa do conteúdo nacional, afirmando que não vai permitir que um descuido na
PARTILHA “A partilha”, uma co-produção entre Globo Filmes, Columbia TriStar e Lereby Produções, foi lançada no final do mês passado e estréia no circuito em 150 salas de cinema. A adaptação da peça teatral de Miguel Falabella foi dirigida por Daniel Filho, que há mais de dez anos tinha adquirido o direito para a versão cinematográfica da obra. O sétimo longa-metragem da Globo Filmes teve um orçamento de R$ 3 milhões.
legislação venha a prejudicar a produção nacional e que essa defesa não será restrita ao conteúdo de televisão, mas se estende a jornais, revistas e rádios. O ministro considera que a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que possibilitaria a entrada de capital estrangeiro nas empresas de radiodifusão e empresas jornalísticas não prejudicaria, se aprovada, a produção de conteúdo nacional. A PEC precisa ainda ser votada no plenário da Câmara. Como se trata de mudança constitucional, a votação será em dois turnos.
sca n n e r
TREM DAS ONZE
O DIREITO DE EXIBIR O SBT desengavetou a novela “O direito de nascer”, produção realizada pela JPO, em 1997. Dirigida por José Paulo Vallone e Roberto Talma, a novela tem dado média de dez pontos de audiência, dois a mais que a reprise de “Éramos seis”, exibida no mesmo horário. A JPO, de Vallone - atual diretor de produções internacionais da Rede Globo, que dedicado-se à produção da novela “Vale tudo” em língua hispânica, para a Rede Telemundo -, está atualmente envolvida no projeto do remake do seriado “Vigilante rodoviário”. Segundo Ricardo Frota, diretor de negócios e comunicação, está sendo retomado o processo de negociação com Ary Fernandes, detentor dos direitos da obra. “Queremos produzir 12 episódios, depois mais nove para completar a temporada e negociá-los com as emissoras.” O policial terá ao seu lado seu cachorro (Lobo) e ganhará uma companheira de trabalho. Na época do seriado original, mulheres não eram aceitas na corporação militar.
O deputado Tilden Santiago (PT-MG) encaminhou ao Ministério das Comunicações requerimento pedindo informações sobre o envolvimento do Grupo Cisneros no mercado de TV no Brasil, alegando que a parceria entre o grupo venezuelano e empresas brasileiras de radiodifusão é proibida pela Constituição. De acordo com o pedido, o grupo teria participação no jornal carioca O Dia, na rádio Transamérica e em dois canais abertos de UHF.
Foto: Divulgação
INVESTIGAÇÃO
Segundo a assessoria de imprensa de O Dia, “não há parceria operacional entre as duas empresas e o acordo com o grupo Cisneros é temporário, com duração de 60 dias, e prevê a compra de conteúdo do canal MuchMusic para retransmissão em seus dois canais UHF”.
BOLHAS QUADRADAS Coube à gaúcha Zeppelin Filmes a produção da nova campanha da cerveja Skol, criada pela F/Nazca S&S. “Máquina de lavar” é o título do primeiro filme, dirigido por Zé Pedro Goulart e fotografado por Joel Lopes. O comercial apresenta dicas para quem não bebe a marca, que vem trabalhando o conceito de “descer redondo”. Aparece um rapaz segurando sua cerveja quadrada e entra em uma máquina de lavar. O procedimento não dá resultado e a espuma ainda resulta em bolhas quadradas.
PARCERIA DE PESO A Microsoft uniu-se à Softimage para o desenvolvimento de um novo sistema para os jogos do videogame Xbox, plataforma da gigante de Bill Gates. Juntas, as duas empresas vão criar ferramentas artísticas 3D de modelagem e animação, com recursos especialmente voltados para o Xbox.
Adoniran Barbosa, personagem folclórico do bairro paulistano do Bixiga, vai virar filme. A homenagem ao sambista será uma obra de ficção intitulada “Trem das onze”, orçada em R$ 2 milhões, com Lima Duarte no papel principal e dirigida por Walter Caira. Além de mostrar o cotidiano do compositor, o filme realça os fatos vivenciados por pessoas a ele ligadas e ao mundo artístico da era do rádio, no final dos anos 50, época em que começou a ser notado e apreciado pela mídia como “Charutinho”.
CHOQUE CRIATIVO Complementando seu staff aos poucos, o presidente e diretor de criação da Newcomm Comunicação, Silvio Mattos, anunciou em maio a contratação de reforços para Guy, Theo e André sua menina dos olhos: a área de criação. Os novos integrantes são os diretores de arte Guy Costa, vindo da Propeg, Theo Rocha, da age., e o redator André Godoi, ex-Propaganda Registrada.
PASSAGEM DE BASTÃO Ara Apkar Minassian é o novo superintende de serviços de comunicação de massa da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Minassian herda de Jarbas Valente, que agora responde pela Superintendência de Serviços Privados, a responsabilidade por conduzir o processo de escolha do padrão de TV digital, rádio digital e as novas licitações de TV por assinatura. TELA VIVA junho DE 2001
HOMICÍDIO ÚNICO
Fotos: Divulgação
Em seu primeiro longa-metragem, Kiko Goifman e Jurandir Müller dissecam o caráter de assassinosde-uma-morte-só. “Morte densa” é um documentário que mostra depoimentos de sete assassinos confessos que revelam o componente moral existente em seus crimes. Em geral, as posições se invertem e eles atribuem a culpa à vítima, que costuma ser alguém de suas relações próximas. Uma descoberta curiosa dos documentaristas é que a maioria dos crimes desse tipo acontece no domingo, metáfora utilizada para construir a história. Atualmente, os autores estão captando recursos para a finalização do filme. O projeto conta ainda com um site, um livro e uma videoinstalação, atualmente em Belo Horizonte. Goifman é antropólogo e autor de um dos CD-ROMs mais premiados, “Valetes em slow motion”, que mostra a realidade de um presídio. Estudioso da violência, o diretor também é professor do mestrado em criminologia da Faculdade Cândido Mendes, no Rio. Ao lado de Jurandir Müller, participou da 24ª Bienal de Artes de São Paulo com um site de webart.
MAIS ATENDIMENTO Sócio fundador da agência Cápsula no início do ano passado, Alexandre Grynberg agora faz parte da equipe da W/ Brasil. Deixou o cargo de diretor de atendimento da associada da TBWA para assumir o mesmo posto na agência de Olivetto, no grupo de contas que inclui Bom Bril, Cirio, Editora Globo, Fnac, Luigi Bertolli e Hering.
TELA VIVA junho DE 2001
sca n n e r RUIM PRA CACHORRO É da Galileus Filmes o comercial do primeiro sapato biodegradável brasileiro. Com criação de Fabio Santoro, da Criativos do Brasil, o filme mostra um cachorro enterrando um sapato. Depois de 60 dias, o bichinho volta para buscar o sapato e não encontra nada. Claro, o sapato Bioway é feito de látex e cânhamo e simplesmente desaparece depois de dois meses. A direção do filme é de Galileu, e o cãozinho indignado faz parte da trupe de Gilberto Miranda.
CAINDO PARA CIMA A equipe da TV Zero, capitaneada pelo diretor André Horta, decidiu experimentar o telecine C-Reality, dos EstúdiosMega, na finalização do novo comercial da companhia aérea Rio Sul. O filme mostra várias pessoas comemorando, como se pulassem de alegria. No fundo, um céu azul, um avião da companhia e uma locução que explica que, quando a companhia é pontual e eficiente, você ganha tempo para ficar com a família ou realizar atividades de seu interesse.
cama elástica. A resolução HDTV e a
As imagens dos personagens foram obtidas com a filmagem a 150 quadros de atores pulando em uma
dessem continuidade ao movimento
velocidade da câmera ajudaram na hora da finalização, pois permitiram um recorte preciso e os efeitos que aumentaram a amplitude da impulsão. “Se fosse tudo em tempo real, em um segundo o ator chegaria ao limite máximo do movimento e então cairia ainda mais rápido”, explica Horta. Na computação gráfica, os movimentos e expressões dos atores em queda foram aproveitados, mas os frames foram animados ao contrário, para que ascendente, conta o videodesigner Paulinho Ferreira, do Mega.
SEM MUROS A Miksom, para comunicar sua mudança para novo endereço, embalou a “casa velha” com papel bolha. A produtora mudou para um prédio na Vila Nova Conceição, Zona Sul de São Paulo. A mudança veio para agilizar a comunicação entre os funcionários e com os clientes aproveitando toda a infra-estrutura disponível no bairro, um centro empresarial de São Paulo. “Agora a Miksom é uma produtora sem muros”, brinca o diretor de criação Paulo Suplicy, referindo-se ao fato de que agora todos dentro da casa podem se ver.
SEMINÁRIO INTERNACIONAL O Brasil vai sediar um seminário internacional sobre TV digital no segundo semestre. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) será a patrocinadora do evento, que terá a coordenação da Citel (Comissão Interamericana de Telecomunicações). O evento acontecerá entre os dias 6 e 10 de agosto, em Brasília.
N達o disponivel
ROTEIROS ONLINE Hugo Moss é inglês, mas está radicado há anos no Rio de Janeiro. Roteirista e professor, ele tem sido solicitado a opinar em diversos roteiros nacionais e por isso resolveu criar um curso online para ensinar brasileiros a colocar no papel sua história. Além de ensinar a formatação, que ele considera fundamental para que o roteirista se atenha à história, sem se dispersar com observações sobre os personagens que a imagem não mostra, ele também oferece grupos de discussão para que os alunos possam trocar idéias entre si. O site de Hugo Moss é www.films.com. br. Em tempo: a página foi criada com a fonte courier, tipologia padrão para a formatação de um roteiro em Master Scenes.
RELATÓRIO SALVADORENHO Durante a 8ª Reunião do Comitê
uma solução integrada, mas não
Consultivo II da Citel (Comissão Intera-
necessariamente um padrão único nas
mericana de Telecomunicações) - CCP
Américas.
II (que trata dos serviços de telecomunicação que envolvem a radiodifusão), realizada de El Salvador, no mês passado, os Estados Unidos apresentaram uma recomendação para que o ATSC seja adotado como padrão único de TV digital nas Américas.
Mas, caso a recomendação dos Estados Unidos seja aceita, isto não significa que ela tenha de ser seguida por todos os membros da Citel. México e Venezuela anunciaram durante o encontro que vão iniciar seus testes para a escolha do padrão digital. Vão ser testados os
De acordo com o ex-superintendente de
padrões DVB e ATSC. Os demais países,
comunicação de massa da Anatel, Jar-
por falta de capacidade financeira,
bas Valente, que participou da reunião,
devem aguardar a recomendação da
houve consenso para que se busque
Citel para definir o padrão a ser adotado.
MAKING OF
NOVO ENDEREÇO
NA REDE
O Estúdio Preto & Branco está de casa nova. Num espaço idealizado e projetado para as necessidades da produtora, o prédio, localizado na Vila Nova Conceição, em São Paulo, abriga um estúdio blimpado, salas de edição com as duas ilhas Matrox e toda a estrutura administrativa. Os trabalhos que já estão sendo produzidos no novo endereço incluem os vídeos para a entrega do prêmio ABIT (Associação Brasileira das Industrias Têxteis) e um projeto inovador para a Fundação Oswaldo Cruz. Numa parceria com a produtora parisiense ETC Audiovisuel, a Preto & Branco produziu um material para ser exibido pelo projetor francês Pigi, que cobre uma área de até 50 m por 8 m, na fachada do Castelo de Manguinhos, sede da fundação no Rio de Janeiro.
Fotos: Divulgação
O famoso cartunista francês Jean “Moebius” Giraud colocou no ar o site de seu filme, “Thru the Moebius strip”, que está sendo feito todo em animação 3D. Enquanto a estréia - prevista para meados de 2003 - não chega, ele e o diretor Frank Foster vão disponibilizar o storyboard completo da história na rede. A cada semana, os quadros são trocados, então o net-fã terá de ser manter ligado no site. O nome do filme, uma ficção científica, refere-se à Tira de Moebius, que consiste em uma superfície contínua, que pode ser percorrida por cima e por baixo sem interrupção, como, por exemplo, um pedaço de papel torcido e colado. O filme contará a história de um médico que estuda uma civilização alienígena e é transportado por um portal para um tempo e uma cultura desconhecidos. O site está no endereço www.moebius-strip.com.
sca n n e r
TELA VIVA junho DE 2001
KIPPUR O Consulado Geral de Israel, em São Paulo, fez o lançamento nacional de “Kippur”, último filme do cineasta israelense Amos Gitai, em sessão fechada para convidados. O filme participou do Festival de Cannes 2000 foi apresentado com som original, em hebraico, e legendas em português.
SEM COMENTÁRIOS A Anatel pretende começar a divulgar os canais de televisão para os quais não houve nenhum comentário na consulta pública do plano básico de televisão, no início deste mês. Segundo Francisco Perrone, vice-presidente da agência, na medida em que as listas parciais desses canais forem publicadas, o Ministério das Comunicações estará liberado para abrir novos editais.
N達o disponivel
sca n n e r
PARA TV
Fotos: Divulgação
O programa “Gema Brasil”, com Rodolfo Botino, sobre culinária e variedades e veiculado RETRATO diariamente pela TVE/Rede O curta-metragem “O retrato”, proBrasil, é uma produção da Made for TV, capitaneada por Manuel duzido pela Terranova Filmes, conta Carvalho e Dora Lima. Para a a história de Júlia, uma jovem estuDora e Manuel TV por assinatura a produtora dante que vai trabalhar com um pintor carioca está realizando o de retratos (Guilherme). A história de “Por falar em cinema”, que suspense foi captada em bitola Super 16 e finalizada vai ao ar aos domingos pelo canal digitalmente para exibição em Betacam. O filme tem Telecine Emotion, da Globosat, com apresentação de Cristina Prochaska. roteiro e direção Daniel Sant’Anna, produção de Letícia Dumas, elenco de Alfredo Penteado e Simone Kliass, produção executiva de Bebetto Haddad, direção de fotografia de Rubens ToleCONCISÃO do, preparação de elenco Paulo Barros, edição Pedro Prata e abertura de Fernando Bonadias. Depois do premiado filme “A semana”, feito para a revista Época, que recebeu o único Leão de Ouro brasileiro em Cannes no ano passado, e o Grand Prix do Clio, neste ano, a W/Brasil produziu uma nova peça ainda mais sintética. O filme “Lados” mostra que tudo na vida tem uma face boa ou ruim, para dizer que a publicação semanal aborda os dois lados da notícia. Mais uma vez, a ficha técnica é tão enxuta quanto o filme: da criação à produção, tudo é obra de Jarbas Agnelli, criativo da agência.
POESIA ÉTNICA “Quinhentas almas” é o primeiro longa-metragem de Joel Pizzini, conhecido pelos curtas “Caramujo-flor” e “Enigma de um dia”. O filme é um documentário sobre os índios Guató, etnia redescoberta em seus estados de origem - Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A obra conta com a participação do poeta Manoel de Barros e cenas protagonizadas por Paulo José. O título refere-se ao número de pessoas que restam na população Guató. Em fase de finalização, o filme tem produção da Grifa Cinematográfica.
QUINZENAL O programa “Oficina de vídeo” - produção conjunta do Centro de Comunicação e Artes do Senac e da STV (Rede Sesc Senac de Televisão) - está com sua estréia prevista para julho na STV. Com direção de Mario Buonfiglio, quinzenalmente serão apresentadas produções realizadas por estudantes e interessados na área de vídeo, TV e cinema.
OS XERETAS Estreou no primeiro dia deste mês a aventura infanto-juvenil “Os Xeretas”, no circuito paulista e paranaense. Produzido pela Magia Filmes e dirigido por Michael Ruman, o filme 100% brasileiro que teve sua estréia mundial no Montreal’s International Children Film Festival 2001, em março. Depois foi apresentado no German Children’s Filme & TV-Festival Golden Sparrow 2001, em abril, e no Festival de Cinema de Recife, em maio. A estréia nacional está prevista para 1º de setembro.
PROFISSIONAIS DO ANO Os júris nacional, serviço público comunitário e regionais Norte-Nordeste, LesteOeste, Sul, Sudeste Capitais e Sudeste Interior do 23° Profisisonais do Ano, promovido pela Rede Globo, analisaram 1.653 comerciais, correspondentes a 1.214 inscrições para a versão 2001 do prêmio. No total, quase 17 horas de exibição foram despendidas pelos jurados, reunidos no final de maio, para designar os vencedores de cada categoria. As festas temáticas, marca registrada do organizador do evento, Toni L. Rodrigues para a entrega dos prêmios, começam a acontecer no final deste mês até aportar em São Paulo, em setembro, para a premiação Nacional.
10 TELA VIVA junho DE 2001
Região Sudeste Interior Região Leste-Oeste Região Sul Região Norte-Nordeste Região Sudeste Capitais Nacional
26/06/2001 10/07/2001 24/07/2001 07/08/2001 28/08/2001 25/09/2001
São José do Rio Preto (SP) Brasília (DF) Curitiba (PR) Fortaleza (CE) Rio de Janeiro (RJ) São Paulo (SP)
N達o disponivel
c a p a Fernando Lauterjung
GERENCIAR PARA VALORIZAR Qualquer tipo de conteúdo digital pode ser usado para vários tipos de mídia ou, pelo menos, adaptado para ser usado em novas produções. O importante é ter todo o material acessível e facilmente encontrável.
Pelo caminho que a maioria das mídias está seguindo rumo à digitalização e à convergência, veio à tona a possibilidade e a necessidade de se produzir um conteúdo capaz de atender a diversas mídias. Nos últimos anos, os grupos de comunicação abriram novas trincheiras para brigar pelo público, que passou a buscar outras fontes de informação e entretenimento, como canais de TV paga e portais de conteúdo na Internet. A evolução dos softwares de banco de dados trouxe para essa indústria de
12 TELA VIVA junho DE 2001
conteúdo uma ferramenta que, aos poucos, está se tornando essencial: as soluções de asset management, ou gerenciamento de conteúdo. Com essa tecnologia, é possível tornar todo o conteúdo mais acessível e adaptável à distribuição nas diversas mídias. As facilidades trazem maior agilidade no processo de pós-produção e distribuição, já que possibilitam que o material esteja disponível, ao mesmo tempo, para todo o grupo de trabalho e que esse material possa ser convertido para outros formatos. Um dos líderes do mercado de gerenciamento de conteúdo é o Media 360, da Ascential. O software foi idealizado quando a Informix, empresa do setor de banco de dados, foi chamada para desenvolver um sistema de arquivamento e gerenciamento do conteúdo da BBC, em Londres. O problema passado para a Informix solucionar não era pequeno. O conteúdo da emissora precisava ser todo transformado para formatos digitais e catalogado para que pudesse estar acessível para o uso em novas produções e para que pudesse haver um melhor gerenciamento de seu direitos autorais. A partir dos trab-
alhos e da observação das necessidades da indústria da mídia na emissora britânica, a Informix desenvolveu o Media 360. Em outubro do ano passado a empresa anunciou que seria dividida em duas empresas independentes, o que aconteceu em janeiro deste ano com a criação da Informix Software, de banco de dados, e Ascential, de asset management. Em abril foi anunciada a venda da Informix Software para a IBM por US$ 1 bilhão, valor que passou a fazer parte da recém-criada Ascential. “Estamos vivendo um conto de fadas”, comemora o diretor de marketing, Roberto de Carvalho. Os trabalhos com a BBC, em meados da última década, trouxeram à tona questões que não eram tão conhecidas do mercado de banco de dados. Era necessário, por exemplo, que, a partir de um show gravado nos estúdios da emissora, pudesse ser gerado um produto para a televisão, para o rádio, para a mídia impressa e para mídias que estivessem por vir, como a Internet, que ainda não era tão difundida como atualmente. Mais ainda, todo esse conteúdo, gerado a partir de uma única produção, pre-
cisava ter seu direitos autorais administrados. Outra grande questão foi a reutilização do material antigo produzido na emissora. Não apenas a reveiculação, mas a necessidade de que tudo já produzido estivesse disponível para complementar novas produções. E todo esse conteúdo precisava estar acessível para que todos os editores, diretores e produtores pudessem usar. A solução encontrada foi um trabalho em parcerias. Usar o know-how de empresas que administram direitos autorais, de desenvolvedoras de softwares para edição não-linear etc.
soluções e parcrias A Ascential firmou parcerias para seu software com empresas como Avid, Usoft, ENPS, Virage, Kasenna, Thomsom Automation e Grass Valley. Um bom exemplo da importância dos parceiros é o software Media Base, da Kasenna, que possibilita o streaming de vídeo sobre redes IP (Internet Protocol) em banda larga. Qualquer vídeo pode ser transmitido em formatos QuickTime, Real Player, Windows Media Player, MPEG-1 e MPEG-2 e promete também trabalhar, em breve, em MPEG-4. Pode fazer o streaming em multicast ou unicast para redes de 8 kbps até 19,4 Mbps. Assim como o produto da Kasenna, o concorrente Virage, também faz o streaming de vídeo pela Internet em vários formatos e permite ainda a sincronização do vídeo com imagens, texto e apresentações multimídia. A Usoft conta com o software para gerenciamento de direitos autorais iRights, que verifica se determinado conteúdo a ser distribuído é passível de pagamento de direitos autorais, quanto deve ser pago e para quem. Ainda gera relatórios sobre o custo total a ser pago para os detentores dos direitos autorais periodicamente. O Avid iNews também pode trabalhar de maneira integrada com o Media 360, assim como o Profile, da Grass Valley. O Media Partner, da eMotion, concorrente do Media 360, conta com parceiros como VYRE, Kasenna, Virage,
Compaq, Oracle e Jaguar Consulting, também para gerenciamento de direitos autorais. Segundo Shira Adatto, assessora de marketing da eMotion, “o Media Partner é o primeiro software de gerenciamento de conteúdo capaz de trabalhar com as ilhas de edição da Avid através de um simples ‘drag and drop’”, ou seja, qualquer conteúdo disponível no software pode ser “arrastado” com o mouse para dentro da ilha. Com a parceria com a VYRE, o Media Partner deixou ainda mais fácil distribuir o conteúdo para a Internet, extranets e dispositivos portáteis. A Convera, desenvolvedora do software para gerenciamento de vídeo
A estimativa é que o mercado de information asset management (IAM) tenha um crescimento de 100% ao ano.
digital Screening Room, fechou uma parceria com a EMC, desenvolvedora do Avalon Archive Manager e com a Grass Valley. O acordo permitiu que o Screening Room agora trabalhe em conjunto com Profile XP. A verdade é que as soluções para gerenciamento de conteúdo são integradoras de bancos de dados e outras soluções necessárias para cada cliente. “Os parceiros são os que trazem tecnologias complementares essenciais para nossos clientes”, define Luiz Cassio Godoy, diretor de vendas da Ascential. Godoy acredita que “se você tornar digital, o seu conteúdo pode ir para outros canais, qualquer produtor vai ter a possibilidade e a necessidade de distribuir em qualquer formato”. E
completa, “produzir para várias mídias e ter seu material antigo sempre à mão são meios de tornar seu conteúdo mais rentável e possibilita uma reutilização mais inteligente”. Um bom exemplo foi o perfil que a CNN traçou de John Kennedy Jr. na matéria sobre sua morte. A emissora de notícias conseguiu achar em minutos todas as informações, imagens, entrevistas e matérias sobre o recém-falecido e mostrou, no mesmo dia, um documentário/perfil, enquanto a maioria das suas concorrentes mostrava a famosa cena do garoto batendo continência para o caixão de seu pai, John Kennedy. A tecnologia possibilita que qualquer tipo de conteúdo seja gerenciado de maneira igual e possa ser usado em qualquer mídia e acessado por qualquer um dos responsáveis pela produção. Um vídeo que seja inserido no banco de dados do sistema já é automaticamente disponibilizado para toda a rede da empresa em baixa resolução, para visualização; em alta resolução, para edição; em formatos streaming para Internet; em áudio; e texto, num sistema que transforma o áudio automaticamente em texto. Para buscas futuras, pode-se procurar todos o materiais usando texto, voz ou imagem. Por isso uma produção em vídeo pode gerar conteúdo também para rádio, Internet ou mídia impressa. A velocidade do trabalho de pesquisa aumenta, assim como a edição e a pós-produção, visto que todo o material é facilmente acessado.
paratodos Para Roberto de Carvalho, “o mercado de IAM (information asset management) deve ter um crescimento de 100% ao ano e até 2004 todas as empresas líderes em seus negócios terão um software de gerenciamento de conteúdo”. Não é exagero, não são apenas os grupos de comunicação que
TELA VIVA junho DE 2001 13
c a p a
estão usando esse tipo de solução. A Ascential conta com clientes como CNN e BBC e também Anatel, Telemig, Americel e Ferrari. A eMotion tem na sua lista de clientes ABC, Discovery, Fox Kids Europe, HBO, E!Entertainment e também Australian Tourist Commission, Leo Burnett, Força Aérea dos EUA e Nike. “Muitas empresas que não são do mercado de comunicação precisam gerenciar dados como direitos autorais, propagandas comerciais, contratos e outros tipos de informação que é arquivada digitalmente”, afirma Shira Adatto. As soluções, graças à customização feita para cada cliente, podem atender a empresas de vários tamanhos. O custo depende das necessidades e até do número de estações de trabalho disponíveis na empresa. O SBT foi a primeira emissora
brasileira a implantar um sistema de gerenciamento de conteúdo digital englobando toda a produção da rede. A intergração do projeto foi realizado pela Videodata, em parceria com a SGI e a Ascential. De início, o investimento totalizará US$ 1,5 milhão, até julho deste ano, e prevê a transcrição de 1,2 mil horas de imagens para digital. A previsão é que se gaste cerca US$ 10 milhões para digitalizar e arquivar as quase 50 mil horas de imagens que o SBT tem atualmente, incluindo programas da TV Tupi e os primeiros programas de Silvio Santos. Todas as fitas Beta Digital serão trocadas por DST (Data Storage Tech), desenvolvida pela Ampex, que mantém a qualidade da imagem por mais tempo e pode armazenar 100 Gb de informação. Com a implantação, o SBT planeja facilitar o acesso a seus arquivos a qualquer pessoa, por meio da Internet. Esse processo deve levar cerca de cinco anos.
A própria BBC e a CNN, para conseguir digitalizar e arquivar todo o seu conteúdo, irão demorar ainda alguns anos. Para redes com conteúdo tão grande quanto o da BBC, o processo de digitalizar e catalogar tudo pode trazer algumas surpresas. A rede britânica descobriu durante o processo de catalogação de direitos autorais, que era dona de cerca de 60% dos direitos autorais das música dos Beatles. O importante é iniciar o processo de digitalização e arquivamento o mais cedo possível. Quanto menor o acervo, mais fácil de iniciar o arquivamento e menor o custo. Para Godoy “nenhum broadcaster pode se dar ao luxo de não recuperar seu conteúdo, esse é o seu maior patrimônio”. E continua: “sem uma oferta para todos os tipos de mídia será impossível entrar no mercado global”.
N達o disponivel
p r o d u ç ã o Mônica Teixeira
MOVIMENTOS na O uso da animação na produção de sites está mudando a cara da Internet e ainda pode criar diferentes oportunidades de anúncios e patrocínio para a web.
A animação dá vida à Internet. Letras que dançam, personagens que se movimentam são recursos cada vez mais explorados na rede. Nos sites temporários - chamados de hot sites - e nos banners publicitários, a animação é a principal estratégia para chamar a atenção de quem navega pelo infinito mar virtual de informações. Em algumas agências de publicidade, as animações, que já foram terceirizadas, hoje são feitas por profissionais internos. Na DM9DDB, por exemplo, só são encomendados projetos muito sofisticados, cerca de
16 TELA VIVA junho DE 2001
10% do volume de trabalho. No departamento de Internet da agência, onde trabalham 18 pessoas, já foram criados sites bastante interativos, resultado de animações simples e criativas. Um exemplo é o site desenvolvido para a Semana de Criação Publicitária. A cada clique no mouse, uma nova surpresa surge na tela. As animações normalmente são feitas usando Flash, o software mais indicado para a Internet por permitir criar movimentos com arquivos bem mais leves que outros softwares existentes. Mas para os publicitários ainda é preciso cuidado ao usar o recurso da animação: “É obrigatória a adequação da animação à mensagem. Um site de comércio eletrônico não vai ter animação nunca, pois o que interessa é a compra. Já um site voltado para a diversão ou que exija uma imersão na marca deve buscar a interatividade”, explica Michel Lent, diretor de criação de Internet da DM9DDB. O maior problema para o amplo uso de animação na rede ainda é a lentidão. De um modo geral, as máquinas
dos usuários não são muito rápidas e informações mais complexas acabam dificultando a navegação e até comprometendo o resultado gráfico. Por isso, Lent ainda acredita que “as melhores animações são as que reúnem dois pré-requisitos: têm de ser interessantes e leves”.
limitações Um dos principais obstáculos para a navegação dos menos sintonizados com os avanços tecnológicos são os plug-ins, fundamentais para se ver o trabalho na tela. Nem todos os usuários têm conhecimento ou tempo para turbinar suas máquinas com os acessórios exigidos. Há três anos no mercado, a Tenda Digital desenvolve soluções multimídia para empresas. Mas as animações ainda representam uma pequena parte do trabalho. “A animação é um complemento do que fazemos”, esclarece Maurício Desidério Costa, diretor de marketing e vendas. Mas é peça fundamental para conseguir o que mais se deseja na rede, a interatividade. Para comunicar melhor a marca de uma montadora de carros, a AG2, com sede em Porto Alegre, desenvolveu jogos interativos para o seu cliente. Num deles, o internauta cobrava pênaltis contra o computador, no outro tinha que capturar a logomarca da empresa. Os jogos foram os trabalhos de animação mais complexos que a AG2 já fez. No período em que estiveram no ar, o número de acessos ao site superou as expectativas. “Mas a animação ainda se restringe a elementos específicos. Sites 100% animados eliminam qualquer possibilidade de atualização rápida, ficam engessados”, explica Domingos Secco, responsável pelo atendimento na AG2. Até no caso dos banners, onde a animação já se tornou quase que uma obrigação, existem limitações. Os profissionais de criação têm de atender a uma exigência dos portais: a maioria deles estabelece que os banners não podem ultrapassar 12
kb. “É um desafio e muitas idéias ficam no papel”, diz Secco. As animações aparecem mais quando o objetivo do site é pura diversão. Com experiência em fazer animação para publicidade, a produtora de computação gráfica Bat lançou-se na rede. Com a produtora de Internet I-Face/Dialeto, a Bat lançou um site totalmente dedicado à animação. “Nós nunca tínhamos feito animação para web antes. Mas fizemos muitas simulações de sites para vídeos institucionais”, conta Dudu Toledo, designer gráfico da Bat. Durante um ano, os profissionais investiram na criação de um site de histórias em quadrinhos animadas com um tema em comum: sexo. Toda a estrutura da produtora, os computadores Macintosh G3, G4 e Imac trabalharam nos horários de folga para dar vida aos personagens que saíram da cabeça de Dudu e de outros amigos da Bat. Um investimento de R$ 200 milhões. Hoje, o site tem 28 desenhos de dois minutos cada, todos feitos em Flash. O visual do Sexyanimation é colorido, os traços fortes. Um estilo definido por seus criadores como “pop cult”. O site já tem 51 mil pessoas cadastradas e uma média de 720 usuários por dia. O assunto é popular, mas a animação ajuda a conquistar o público. A idéia dos criadores do Sexyanimation agora é lançar novos produtos da grife. “Nós acreditamos muito na força da marca”, diz Dudu. Entre os futuros lançamentos estão um longa-metragem em vídeo e uma loja no site para vender camisetas e outras mercadorias com a etiqueta Sexyanimation. Apostando na fidelidade dos amantes da animação e do erotismo, Dudu antecipa que, no futuro, os acessos ao site deverão ser cobrados. inovação public i t á r i a
Outra produtora de animação para publicidade a se aventurar pela rede é a Lobo Filmes. Há dois anos, ela se associou à Vetor Zero, empresa de efeitos especiais, 3D e finalização, e
agora dá os primeiros passos na rede. A Lobo fez as animações para um site que oferece cursos de inglês através da Internet. “Pegamos o conteúdo e com pedagogos criamos as animações”, conta Nando Cohen, diretor geral. Foram produzidos dez minutos de animação por mês pela equipe de 15 pessoas. “Nós cuidamos muito do estilo antes de passarmos para a fase da animação em Flash. A Internet tem limitações grandes. Você não pode fazer todo tipo de animação. Tem de compensar com muita arte. Nós fazemos ilustração animada”, conceitua Cohen. A Lobo já tem o piloto de uma série de filmes de três minutos cada sobre o pai da aviação, Santos Dumont. Agora, está tentando comercializar. “Queremos hospedar num portal, mas antes precisamos de um patrocinador.” A idéia é associar o nome da empresa patrocinadora ao desenho através de vinhetas e enquanto as imagens estão sendo carregadas. “Isto é novidade no mercado.” Novidade mesmo é outro projeto, em desenvolvimento na Lobo há oito meses. É uma espécie de chat visual. O internauta não vai mais ser apenas um nome, vai ser um personagem animado. E as salas de bate-papo não vão ser telas cheias de texto, e sim, cenários virtuais. Ao entrar no chat, o usuário vai poder escolher as características físicas do seu personagem e as roupas que ele vai vestir. Se o cenário for um bar, por exemplo, ele vai circular pelo espaço e conversar com outros personagens. As possibilidades de publicidade também aumentam . No bar, por exemplo, pode-se vender cervejas de uma determinada marca, na jukebox pode tocar a música do último CD de uma banda e assim por diante. “A publicidade vai sair do banner”, comemora Cohen. Tudo isso está sendo feito em Shockwave, software que aceita programação mais complexa. Os testes finais estão quase concluídos. Em breve, a animação poderá mudar a cara da Internet.
TELA VIVA junho DE 2001 17
MERC A DO Emerson Calvente
IMPORTAÇÃODE PROBLEMAS Morosidade de processos, excesso de taxas, burocracia: a importação de equipamentos audiovisuais para suprir o mercado nacional desafia a paciência e o bolso dos revendedores.
Uma lista interminável de siglas e códigos “assombra” os processos de importação. Camex, Decex, afinal, quem é quem? E a “sopa de letrinhas” não para por aí: Incoterms, RTS e assim por diante. Não há dúvida de que a assessoria de uma empresa especializada é a melhor opção para quem deseja importar equipamentos para aplicações em vídeo, cinema e TV. A Emissoras é uma empresa de assessoria em comércio exterior que atende a clientes como a TVA, SBT, Rede Mulher, Fundação Cásper Líbero, entre muitas outras empresas de comunicação. Katia Duarte,
18 TELA VIVA junho DE 2001
proprietária da Emissoras, explica o processo: “A primeira etapa é fazer o contato com o exportador ou o representante do exportador no país e pedir uma Fatura Pró-forma do equipamento que se deseja importar. A Fatura Pró-forma deverá ser conferida, observando-se principalmente a descrição do equipamento, o valor, a forma de pagamento e os Incoterms”. Representados por meio de siglas (três letras), os termos internacionais de comércio (Incoterms) tratam efetivamente de condições de venda, pois definem os direitos e obrigações mínimas do vendedor e do comprador quanto a fretes, seguros, movimentação em terminais, liberações em alfândegas e obtenção de documentos de um contrato internacional de venda de mercadorias. Por isso são também denominados “cláusulas de preços”, pelo fato de cada termo determinar os elementos que compõem o preço da mercadoria. Após serem agregados ao contrato de compra e venda, passam a ter força legal, com seu significado jurídico preciso e efetivamente determinado. Refletem, assim, a redação
sumária do costume internacional em matéria de comércio, com a finalidade de simplificar e agilizar a elaboração das cláusulas dos contratos de compra e venda. Um bom domínio dos Incoterms é indispensável para que o negociador possa incluir todos os seus gastos nas transações em comércio exterior. Qualquer interpretação errônea sobre direitos e obrigações do comprador e vendedor pode causar grandes prejuízos comerciais para uma ou ambas as partes. Dessa forma, é importante o estudo cuidadoso sobre o termo mais conveniente para cada operação comercial, de modo a evitar incompatibilidade com cláusulas pretendidas pelos negociantes. São fixados pela Câmara de Comércio Internacional - CCI. A publicação da CCI que atualmente trata dos Incoterms é a de nº 560, de 1999. A próxima etapa do processo é consultar um despachante aduaneiro, para que ele faça uma estimativa de quanto ficará a importação, providencie a documentação necessária para o credenciamento da empresa na Receita Federal e verifique a necessidade da Licença de Importação antes do embarque. Somente após todas essas providências tomadas, o importador deverá fazer o aceite. Se o pagamento for antecipado, é necessário fazer a remessa pelo Banco Central e pedir o embarque. Após a chegada do equipamento no Brasil, retirar a documentação na companhia aérea ou agente de carga, para providenciar o desembaraço do equipamento. A Declaração de Importação é um documento obrigatório para o desembaraço do equipamento na alfândega. Após registrada, é necessário aguardar a parametrização da Declaração de Importação: Canal Verde (desembaraço automático pelo sistema), Canal Amarelo (exame documental do equipamento), Canal Vermelho (exame físico e documental) ou Canal Cinza (valora-
ção aduaneira). O processo é finalizado com a apresentação da documentação na Receita Federal e o desembaraço de acordo com os canais.
prazos O prazo para o pedido do embarque dependerá da agilidade não só do importador como do exportador também. Os equipamentos broadcast, que não têm similares nacionais e que têm o benefício do Imposto de Importação, necessitam da Licença de Importação antes do embarque. O órgão anuente é o Decex, Departamento de Operações de Comércio Exterior, que analisa e aprova esse tipo de licença. Em média, são necessários entre dois e cinco dias úteis para a aprovação. A Receita Federal, em São Paulo, para emitir um Cartão de Credenciamento da empresa demora de cinco a sete dias úteis. O desembaraço leva de dois a oito dias úteis (dependendo do canal) após a chegada da mercadoria no Brasil. “Emissoras de TV e fundações educativas empenhadas em adquirir equipamentos tecnologicamente atualizados da linha broadcast buscam minimizar custos através da compra via importação direta. Na maioria das vezes, a importação direta é vantajosa no caso das fundações, entidades de utilidade pública e órgãos governamentais devido à isenção de impostos. Nesses casos, atestados de não-similaridade nacional são fornecidos pelas associações de fabricantes de produtos eletrônicos para agilizar a emissão de licença de importação. É importante que os importadores analisem previamente as despesas pertinentes ao processo de importação: taxas bancárias para operações financeiras internacionais, frete, seguro, despesas aduaneiras, impostos e outras. A compra no Brasil através do representante local é mais indicada para as produtoras e empresas institucionais, pois normalmente não são contempladas pelos benefícios tributários e os custos do processo logístico e aduaneiro também sofrem grande alteração dependendo do volume a ser importado”, explica Ana
Maria Teixeira Perone, supervisora administrativa de vendas broadcast da Sony do Brasil. A morosidade é o problema mais comum enfrentado pelo importador. A maioria conta com um prazo para ter o equipamento e nem sempre consegue tê-lo dentro do prazo estimado. Katia Duarte explica algumas razões: “As greves são fatores cruciais. Por exemplo: com a recente greve dos estivadores no porto de Santos, muitos contêineres que deveriam desembarcar lá foram parar em portos vizinhos, acarretando morosidade no desembaraço e custos internos para o importador que necessitava dos equipamentos. Com a greve da fiscalização, se a mercadoria já está no Brasil, não havendo fiscais para desembaraçá-la, o importador terá de pagar a armazenagem. Há outros motivos também, como a falta de espaço no avião para o embarque da mercadoria em certos períodos do ano (quando se trata de embarque aéreo)”. Para evitar prazos indefinidos e morosidade, a ex-Philips Digital Video Systems - atual Thomson Multimedia - procura trabalhar em parceria com os órgãos envolvidos. Segundo Sundeep Jinsi, diretor da Thomson, “um exemplo disso foi a implantação do Regime de Despacho Aduaneiro Expresso, também conhecido como Linha Azul, que estabelece prazos máximos para a liberação das mercadorias: até quatro horas (porto) e duas horas (aeroporto)”. As alterações na legislação também dificultam e encarecem o processo. Às vezes, o importador conta com um valor para desembaraçar o seu equipamento e podem ocorrer alterações nas alíquotas dos impostos, que tanto podem ficar mais baixas quanto mais altas. “Não há como fugir, pois as mesmas podem ser alteradas a qualquer momento pelo Ministério da Fazenda ou pela Câmara do Comércio Exterior”, alerta Katia. Com a demora no desembaraço,
Engenharia Indústria e Comércio Ltda Avenida Olegário Maciel, 231 Lojas 101/104 Barra da Tijuca • Rio de Janeiro • RJ • 22621.200 Tel.: (21) 493.0125 • Fax: (21) 493.2595 www.phasenge.com.br
•
phase@phasenge.com.br
TELA VIVA junho DE 2001 19
me r c ad o
o importador deverá sempre fazer estoques de seus produtos. “No caso de importação para ativo fixo, é bom sempre contar com um prazo maior para o desembaraço”, aconselha Katia Duarte. “No nosso caso, a importação de equipamentos é feita sob encomenda para atender às necessidades do consumidor final. A transação é sempre de revenda para as grandes empresas (business to business). Não há estoques de equipamentos. Os problemas estão nos prazos e custos das importações”, lamenta Jinsi.
tributações Há o regime de tributação para importação comum e o RTS (Regime de Tributação Simplificada). No regime de tributação comum (recolhimento integral), as alíquotas de II (Imposto de Importação) e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dependerão do equipamento a ser importado. Cada equipamento tem a sua classificação fiscal e suas alíquotas. As outras taxas incidentes na importação comum são: armazenagem, frete internacional, transporte rodoviário, taxa de emissão da Licença de Importação e, se for o caso, custos com um despachante para o desembaraço. O Regime de Tributação Simplificada (RTS) aplica-se à importação de bens pelos correios, companhias aéreas ou empresas de courier, inclusive compras realizadas pela Internet. O valor máximo dos bens a serem importados nesse regime é de US$ 3 mil. A tributação é de 60% sobre o valor dos bens constante da fatura comercial, acrescido dos custos de transporte e do seguro relativo ao transporte, se não tiverem sido incluídos no preço da mercadoria. Muitas emissoras e produtoras solicitam a compradores sediados no exterior a remessa de peças de reposição e equipamentos até US$ 3 mil via Federal Express (Fedex) para facilitar o trâmite. Gilmar Fernandes, da GF Export, de Nova York (EUA), atende a diversas emissoras de rádio
20 TELA VIVA junho DE 2001
e TV do País. “Os fabricantes, em geral, têm uma lista de preços mais alta (International List Prices) para o exterior. Por isso, é mais barato comprar aqui (EUA) através da rede de distribuição dos mesmos, pois os dealers trabalham com preços do mercado interno (Domestic U.S. Prices) e repassam seus descontos para a minha empresa, uma vez que estou comprando para revender”, explica Fernandes. “Outra vantagem é a rapidez da entrega. Além de pesquisar o melhor preço oferecido pelos dealers, procuro comprar daqueles que têm as peças ou equipamentos em estoque. Isso conta bastante para o cliente no Brasil que precisa de agilidade para não ficar com o equipamento parado por falta de alguma peça. E-mails ou faxes que venham diretamente das emissoras no Brasil, em muitos casos, não recebem a devida atenção dos fabricantes. Daqui fica mais fácil contatar os fornecedores e correr para atender a essas requisições urgentes.” A entrega é feita tanto via Fedex quanto via aérea com todos os trâmites normais de importação. No caso de utilização de empresas de transporte aéreo expresso internacional (courier), será acrescentada a tributação de 18% do ICMS. Na hipótese de utilização dos correios, para bens de até US$ 500 o imposto será pago no momento da retirada do bem, no próprio correio, sem qualquer formalidade aduaneira. Quando o valor da remessa postal for superior a US$ 500, o destinatário deverá apresentar a Declaração Simplificada de Importação (DSI). No caso de utilização de empresas de transporte internacional expresso, porta a porta (courier), o pagamento do imposto é realizado pela empresa de courier à SRF (Secretaria da Receita Federal). Assim, ao receber a remessa, o valor do imposto será uma das parcelas a ser paga à empresa. Nas remessas postais o interessado poderá optar pela tributação normal. Para isso deve informar-se no momento da retirada do bem nos correios. Se se optar
C O M P E T N C I A S As principais competências dos órgãos envolvidos na importação de produtos. Câmara de Comércio Exterior - CAMEX • Definir as diretrizes da política de comércio exterior. • Manifestar-se previamente sobre as normas e legislação sobre o comércio exterior. • Estabelecer as diretrizes para as alterações das alíquotas dos impostos de importação e exportação, para as investigações relativas a práticas desleais de comércio, para financiamento e seguro de crédito à exportação e para a desregulamentação do comércio exterior. • Avaliar o impacto das medidas cambiais, monetárias e fiscais sobre o comércio exterior. • Fixar as diretrizes para a promoção de bens e serviços brasileiros no exterior. • Indicar os parâmetros para as negociações bilaterais e multilaterais relativas ao comércio exterior. • Atuar como um canal de comunicação entre o governo e o setor produtivo. Departamento de Operações de Comércio Exterior - DECEX • Elaborar, acompanhar e avaliar estudos sobre a evolução da comercialização de produtos e mercados estratégicos para o comércio exterior brasileiro, com base nos parâmetros de competitividade setorial e disponibilidades mundiais. • Executar programas governamentais na área de comércio exterior. • Autorizar operações de importação e exportação e emitir documentos, inclusive quando exigidos por acordos bilaterais e multilaterais assinados pelo Brasil. • Regulamentar os procedimentos operacionais das atividades relativas ao comércio exterior. • Administrar o Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex, no âmbito da secretaria. • Coletar, analisar, sistematizar e disseminar dados e informações estatísticas de comércio exterior.
pela remessa através de companhia aérea de transporte regular o destinatário deverá apresentar a DSI podendo optar pela tributação normal. A base legal para o RTS é a Portaria do Ministério da Fazenda 156/99 e a Instrução Normativa SRF Nº 096, de 04/08/1999. Houve mudanças recentes na tributação que trouxeram reduções e aumentos nas alíquotas. Para o IPI foi
aprovado o Decreto nº 3.777, publicado no Diário Oficial da União de 26/03/2001, com republicação em 27/01/2001. Foram alteradas para 4% as alíquotas ad valorem do Imposto de Importação incidentes sobre alguns bens de informática e telecomunicações, conforme Resoluções da Camex nºs 4, 5, 6 e 7, publicadas no Diário Oficial da União de 26/03/2001.
N達o disponivel
N達o disponivel
programação r e gio n al Paulo Boccato
SERGIPE O Estado de Sergipe conta com 1,7 milhão de habitantes espalhados por 75 municípios. São 420 mil domicílios com TV e um Índice de Potencial de Consumo (IPC) de 0,804%, o mais baixo do Nordeste brasileiro. O estado é também o menor da região em extensão territorial e, ao lado de Alagoas, o menos servido por emissoras de televisão locais. Apenas quatro geradoras operam em Sergipe, sendo duas afiliadas às grandes redes nacionais Globo e SBT, uma emissora pública e um canal pertencente à Igreja Católica. Todas estão sediadas na capital, Aracaju, onde se concentram cerca de 490 mil habitantes. TV SERGIPE (Aracaju, canal 04)
A emissora é afiliada da Rede Globo desde 1976. Fundada em 1971, pertenceu, nos anos iniciais de operação, à extinta Rede Tupi. Sua área de cobertura abrange 74 municípios sergipanos, além das cidades de Porto Real do Colégio e São Brás, situadas no vizinho Estado de Alagoas. A população total da região alcançada chega a 1,7 milhão de habitantes, com 414 mil domicílios com TV, IPC de 0,682% e 1,6 milhão de telespectadores potenciais. Entre os municípios alcançados estão Nossa Senhora do Socorro, Itabaiana, Lagarto, São Cristóvão, Estância, Tobias Barreto, Simão Dias, Porto da Folha e Propriá. A programação local segue o padrão clássico de telejornalismo diário das afiliadas da Globo, com as edições locais do “Bom dia”, o jornal regional “SE TV” - em duas edições - e o “Globo esporte”. Nos finais de semana, a emissora exibe o “Viva esporte”, o “Sergipe comunidade” e o “Estação agrícola”. Eventualmente, cobre festividades locais, em especial no período junino, com flashes ao vivo durante a programação.
TV SERGIPE Programas
Dias de exibição
Horário
Bom dia Sergipe
Seg-sex
6h45 a 7h15
SE TV - 1ª edição
Seg-sex
12h00 a 12h35
Sábado
12h15 a 12h35
Globo esporte - bloco local
Seg-sáb
12h35 a 12h45
SE TV - 2ª edição
Seg-sáb
19h00 a 19h15
Sergipe comunidade
Sábado
12h00 a 12h15
Viva esporte
Sábado
13h45 a 14h15
Domingo
7h00 a 7h30
Estação agrícola
24 TELA VIVA junho DE 2001
TV ATALAIA (Aracaju, canal 08)
A TV Atalaia foi afiliada da Bandeirantes de sua fundação, em 1975, a 1985, ano em que passou para a rede do SBT, à qual pertence até hoje. O sinal da emissora alcança 75,77% da população sergipana. São 1,3 milhão de habitantes em 38 municípios, entre os quais estão Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana, Estância, São Cristóvão, Simão Dias, Própria, Neópolis e Maruim. O destaque de sua programação local é o telejornalismo diário, com o matutino “Canal 8” e duas edições do “TJ Atalaia”. O programa “Tudo”, gravado em estúdio, é uma revista eletrônica que mescla colunismo social, moda, comportamento e variedades. “Show de negócios” é um programa de televendas feito em parceria com um publicitário local. A grade local é completada por programas de igrejas evangélicas, veiculados mediante compra de horários.
TV ATALAIA Programas
Dias de exibição
Horário
Canal 8
Seg-sex
7h30 a 8h00
TJ Atalaia - 1ª edição
Seg-sáb
12h30 a 13h00
TJ Atalaia - 2ª edição
Seg-sáb
19h00 a 19h30
Tudo
Sex-sáb
13h00 a 13h30
Show de negócios
Sábado
9h45 a 10h45
Igreja Internacional da Graça de Deus
Diário
4h00 a 6h00
Despertar da fé
Diário
6h00 a 7h00
O amigo da fé
Diário
7h00 a 7h30
TV CANÇÃO NOVA (Aracaju, canal 13)
A TV Canção Nova faz parte de uma pequena rede de emissoras geridas pela Fundação João Paulo II, ligada ao Vaticano, cuja cabeça-de-rede situa-se no município de Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba (SP). Sua programação, de cunho religioso, educativo e cultural, está no ar 24 horas sem intervalos comerciais, podendo também ser acessada pela Internet (www.cancaonova.com.br). A Rede Canção Nova de Televisão existe desde 1989, quando era retransmissora mista da TVE Rede Brasil. Conta hoje com 124 retransmissoras, número que será ampliado com mais 17 concessões para retransmissão conseguidas recentemente. Toda sua programação atual é de realização própria,
proveniente de produtoras situadas em Cachoeira Paulista, Aracaju, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Roma (Itália) e Lisboa (Portugal). A geradora de Aracaju existe desde 1997, quando a fundação, também proprietária de emissoras de rádio AM e FM espalhadas por todo o País, adquiriu a TV Jornal. Cinco dos programas produzidos na capital sergipana podem ser vistos na programação de toda a rede, que também chega, via cabo, a 74 cidades de 13 estados brasileiros, ao Paraguai, a países da Europa e ao Norte da África e, via satélite, a todo o território nacional. Os programas são “Nordeste vivo”, voltado para os aspectos turísticos da região; “Nossa gente, nossa terra”, mostrando o artesanato e a cultura popular do Nordeste brasileiro; “O que a Igreja está fazendo”, com os movimentos sociais nos quais a instituição está envolvida; “Público alvo”, programa de utilidade pública, serviços e atendimento ao consumidor; e o testemunhal “Gente de fé”. Além desses, a emissora sergipana também produz os programas “Salesianos em ação”, que mostra o trabalho desenvolvido por esse ramo da Igreja Católica, e “A Boa Nova em perguntas e respostas”, voltado para a catequese. Ambos são exibidos apenas localmente, o que inclui a retransmissão a partir do município de Estância, no sul do estado. Uma vez por mês, a emissora veicula uma vigília durante a madrugada e, semanalmente, tem participações em programas de cunho religioso, como “Terço da Providência”, “Juntos somos mais”, “Em sintonia com meu Deus” e “Missa”.
TV CANÇÃO NOVA Programas
Dias de exibição
Horário
Gente de fé
Quinta
0h00 a 1h30
O que a Igreja está fazendo
Quinta
12h00 a 13h00
Salesianos em ação
Sábado
8h00 a 8h30
Nordeste vivo
Sábado
9h00 a 11h00
A Boa Nova em perguntas e respostas Domingo Terço da Providência Juntos somos mais
8h00 a 8h30
Variável Variável (bloco de 15’)
Em sintonia com meu Deus
Variável
Missa
Variável
Vigília
Variável (uma vez por mês)
Nossa gente, nossa terra
Não fornecido
Público alvo
Não fornecido
TV APERIP Programas
Dias de exibição
Horário
Primeira mão
Seg-sex
6h45 a 7h30
Primeira mão (reprise)
Seg-sex
11h30 a 12h15
Bola em jogo
Seg-sex
12h15 a 12h45
Forró & folia
Seg-sex
12h45 a 13h00
Aperipê notícias
Seg-sáb
19h00 a 19h15
Sergipe sem censura
Seg-sáb
19h15 a 19h30
Aperipê notícias (reprise)
Seg-sex
22h30 a 22h45
Sergipe sem censura (reprise)
Seg-sex
22h45 a 23h00
Bola em jogo especial
Segunda
19h30 a 21h00
Conceito de vida (De coração em coração) Sábado
9h30 a 10h30
Salto quântico
Sábado
17h00 a 18h00
Santa Missa
Domingo
8h00 a 9h00
Forró no asfalto
Domingo
9h00 a 10h00
TV Cultura, de São Paulo. Sua produção própria acaba de passar por uma grande reformulação, quando vários programas tradicionais da grade foram retirados do ar para que se aprimorasse o departamento de jornalismo da emissora. Gradualmente, esses programas estão retornando à grade fixa. O telejornalismo conta com o matutino “Primeira mão”, o esportivo “Bola em jogo”, o noticiário “Aperipê notícias” e o “Sergipe sem censura”, versão local do “Opinião nacional”. Nas noites de segunda-feira, vai ao ar o “Bola em jogo especial”, maior audiência da emissora, com entrevistas, comentários sobre a rodada esportiva do final de semana e matérias sobre craques do passado. Fora do jornalismo, a TV Aperipê conta com os programas “Conceito de vida (De coração em coração)”, de auto-ajuda; “Salto quântico”, de espiritismo; “Forró no asfalto”, apresentado pela folclórica cantora alagoana Clemilda, sucesso nacional nos anos 80 com “músicas-malícia” como “Prenda o Tadeu”; e a transmissão da “Santa Missa”. Durante o período junino, a emissora veicula também o programa diário “Forró & folia”. Além disso, produz programas especiais exibidos aos sábados, em horários variáveis, com a cobertura de eventos culturais da cidade. Estuda-se a transformação desses especiais em um programa da grade fixa.
GERADORAS SERGIPE
TV APERIP (Aracaju, canal 02)
A TV Aperipê é uma emissora pública ligada ao governo estadual de Sergipe. Fundada em 1985, tem alcance restrito aos municípios próximos à capital e transmite, além de alguns programas locais, a programação da
CIDADE
EMISSORA
CABEÇA-DE-REDE
Aracaju
Aperipê
Educativa
02
Aracaju
Sergipe
Globo
04
Aracaju
Atalaia
SBT
08
Aracaju
Canção Nova
Canção Nova
13
TELA VIVA junho DE 2001
CANAL
25
a u d i o v i s u a l Letícia de Castro
PROPOSTA TAXATIVA Cineastas propõem a cobrança
parceria com a televisão. Um relatório preliminar, ainda em fase de estudo no governo, propõe a cobrança de uma do mercado para fomentar a taxa de 4% sobre o faturamento publicitário das emissoras para financiar produção audiovisual. projetos cinematográficos brasileiros. “Estamos ainda conversando com as emissoras para chegar a um valor para essa taxa”, afirmou Luiz Carlos Barreto. Até o final deste mês, deve ser apresenta- Por enquanto, a Abert (Associação da uma proposta para a elaboração de lei Brasileira das Emissoras de Rádio visando a criação de uma indústria cine TV) prefere não se pronunciar ematográfica no Brasil. De acordo com sobre o assunto. “Houve muita diso produtor cinematográfico Luiz Carlos cussão, mas foi uma reunião boa”, Barreto, termina no final de junho o adiantou o assessor do Ministério das prazo para o Grupo de Desenvolvimento Comunicações, Marcos França, que da Indústria Cinematográfica (Gedic) participou de um dos encontros com elaborar projetos de lei que possibilitem a presença de Marluce Dias da Silva, o fomento da atividade no Brasil. diretora geral da Rede Globo. Constituído por cineastas e membros do governo federal (Ministério do em debate Desenvolvimento, Casa Civil e Receita Federal), o Gedic foi criado pelo presi- “Precisamos chegar a um consenso dente Fernando Henrique Cardoso com as TVs e o governo sobre esse para elaborar um projeto de implanta- assunto”, comentou Barreto. Além da ção de uma indústria cinematográfica Globo, o SBT e a Bandeirantes foram brasileira. O grupo está trabalhando há informadas sobre o assunto. “Até cerca de nove meses. agora, não tivemos nenhuma reação Após inúmeras reuniões e discussões, o de recusa. Estamos debatendo.” As subgrupo formado pelo produtor Luiz emissoras, no entanto, não quiseram Carlos Barreto, pelos cineastas Cacá comentar as propostas, por se tratar de Diegues e Gustavo Dahl, pelo exibidor um projeto em fase de estudos. Luiz Severiano Ribeiro, pelo secretário Outro ponto polêmico do projeto do do audiovisual do Ministério da Cultura Gedic é a obrigatoriedade de exibição José Álvaro Moisés e pelo distribuidor de filmes nacionais nas TVs. “Estamos Rodrigo Saturnino, elaborou um pré-pro- discutindo a possibilidade de instijeto de ação baseado em cinco itens. tuir a exibição uma vez por semana O objetivo final, de acordo com os ou a cada 15 dias”, afirmou Barreto. membros do grupo, é possibilitar a Atualmente, a Bandeirantes é a única auto-sustentabilidade do cinema nacio- emissora que exibe regularmente nal. Estão previstas as criações de uma filmes brasileiros. Títulos clássicos e agência reguladora da atividade e um até pornochanchadas são exibidas no fundo que custeie as produções. programa “Sala Brasil”. Um dos principais pontos em que No pré-projeto elaborado por memse sustenta o trabalho do grupo é a bros do Gedic, a verba arrecadada de taxas em diversos segmentos
26 TELA VIVA junho DE 2001
a partir da taxação das TVs seria encaminhada para um fundo financeiro para a atividade cinematográfica. “As emissoras seriam detentoras de uma cota de rentabilidade do fundo como um todo, e não de cada filme produzido. O fundo dilui os investimentos”, informou Barreto. Além dos impostos das emissoras, o grupo pretende taxar as vendas de DVDs, videocassetes, fitas de vídeo, televisões, impressoras e também as loterias da Caixa Econômica Federal. A criação do fundo seria responsabilidade da Secretaria da Receita Federal, e a administração a cargo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para fiscalizar e administrar de maneira geral as atividades da classe cinematográfica, seria fundada uma agência. Esse projeto está sendo elaborado pela Casa Civil. A agência teria papelchave dentro da estruturação da indústria. Uma vez criada, seria a responsável pela implantação de todos os outro itens do projeto, em um prazo de aproximadamente dois anos. Ainda estão nos planos do grupo, a reforma de legislação de incentivo ao audiovisual e a redefinição das funções da Secretaria do Audiovisual, que seria responsável pelo fomento a curtas, médias e longas-metragens experimentais. Para que todos esses projetos não se percam no meio do caminho, o grupo estabeleceu algumas metas a serem atingidas ao longo de cinco anos. Deverão ser produzidos 250 novos filmes em 2006 e manter esse patamar para os próximos anos. A exibição também deve aumentar. A expectativa do grupo é que, em 2006, 400 novas salas sejam construídas.
N達o disponivel
( making of )
Lizandra de Almeida
São Paulo, te r r a d e g i g a n t e s O Shopping Morumbi deu continuidade à campanha iniciada no aniversário de São Paulo (25 de janeiro) com mais dois filmes que têm como trilha sonora a canção de Tom Jobim “Te amo São Paulo”, redescoberta pela MCR. O slogan da campanha é “Completo como São Paulo”. Isso porque uma pesquisa demonstrou que o shopping é freqüentado por pessoas de vários bairros paulistanos. A partir dessa idéia, a agência brifou a diretora Bia Flecha para criar situações em que as pessoas interagissem com a paisagem. “Nossa referência foi um Sem um roteiro fixo e com liberdade antigo clip dos Rolling Stones. Mesmo nos comerciais de datas específicas, de escolher as locações, Bia Flea campanha toda tem o foco em São cha trabalhou ao lado da produção Paulo, então pensamos em colocar desde o início, percorrendo os pessoas da cidade olhando-a de outra principais pontos de São Paulo Uma das cenas mais impresmaneira”, explica Tomás Lorente, diremunida de uma câmera fotográsionantes, por seu recorte pertor de criação. fica. A partir dessas referências, No primeiro filme, para o Dia das Mães, feito, é o de uma mãe jovem (ou Bia usou mulheres e trabalhou a imaselecionou os locais a serem filfutura mãe) que se debruça sobre gem em tons azulados. O seguinte, para mados e então saiu a campo com o túnel que fica no final da Av. o Dia dos Namorados, é mais colorido. o equipamento de cinema. Paulista. Ela coloca a cabeça no Nesse último, são casais que demon“Tudo foi muito bem estudado, buraco e olha para os carros que stram seu amor junto aos principais porque tivemos prazo para trabalhar passam. Como está segurando na locais da cidade. Enquanto o filme das e liberdade para selecionar os perborda do viaduto, mães tem um clima mais lírico, o dos sonagens e as locações”, diz Bia. namorados é mais solto e jovem. a interação é perfeita.
LIBERDADE
SEM COMPLICAÇÃO e ajustando o posicionamento dos
torções. As imagens foram captadas
atores. “No caso da garota, fomos
em high speed, a 120 quadros, o
colocando três tabelas para que ela
que facilitou a montagem. A cena
se apoiasse de forma a encaixar com
que parecia mais complicada - que
Depois de captados e selecionados
a cena de fundo. Como havia um local
mostra uma mulher grávida camin-
os cenários, Bia entrou em estúdio
preparado para o apoio, o recorte deu
hando dentro do lago do Ibirapuera
para filmar as pessoas em fundo de
a impressão de que ela estava segu-
- acabou se tornando relativamente
recorte. Usando as imagens como
rando no viaduto”, explica.
fácil graças a esse recurso. “Filma-
referência e um switcher para com-
As lentes usadas para a captação
mos a atriz em uma piscina no estú-
binar com as imagens da câmera, a
do fundo e das imagens de estúdio
dio e usamos 120 quadros para que
diretora foi criando os movimentos
foram as mesmas, para evitar dis-
o andar ficasse mais pesado”, conta.
28 TELA VIVA junho DE 2001
F I N A L I Z A Ç Ã O
D E D I C A D A
A finalização exigiu dedicação total da Casablanca,
tivemos a impressão de
para a composição das cenas e o tratamento das
que era uma questão de
imagens. Primeiro, foram feitas as máscaras sobre
posicionamento, que
os personagens. Em seguida, as pessoas foram
ela não era gigante.
montadas sobre os fundos e por fim todo o conjunto
Pensamos então em colocar
foi uniformizado no Henry. “Na verdade, além das
algum elemento na frente,
fusões, tivemos um trabalho minucioso de limpeza.
para reforçar a diferença
Apagamos placas, fios, postes, cartazes...
de tamanho. Foi quando
Bia explica que uma de suas preocupações era a de
o Bibinho, da finalização,
não parecer que os gigantes eram simplesmente
teve a idéia de tirar um ônibus que passava na
efeitos ópticos de perspectiva. Para isso, a
cena do outro filme, em que um cara pula sobre o
finalização também foi de grande ajuda. “Quando
viaduto Santa Ifigênia, e aplicar na frente. Acabamos
montamos a cena da executiva oriental em frente
conseguindo a imagem de nosso próprio material e
ao Edifício Martinelli, no centro de São Paulo,
assim reforçamos o tamanho da personagem.”
ficha técnica Shopping Morumbi
Produto Institucional Dia das Mães/ Dia dos Namorados Agência age Direção de Criação e Criação Tomás Lorente e Carlos Domingos Produtora Film Planet Direção Bia Flecha Fotografia Zé Bob Montagem Humberto Martins (Garimpo) Trilha MCR Música Tom Jobim Finalização Casablanca
ESPÍRITO URBANO Além dos cuidados na fil-
poderíamos ter um resultado
São Paulo estilizado, usa
magem, a diretora tomou
menos realista.”
meias desenhadas e anda
precauções que ajudaram
É o que se vê, por exemplo,
sobre uma faixa de pedes-
a dar veracidade às fusões.
em uma cena em que uma
tres. O grafismo formado
“Em quase todas as cenas,
mulher se levanta do prédio
por esses três elementos
as pessoas tocam nos
do Banco Real, na Paulista,
representa bem o espírito
prédios. E onde elas põem
assim como um casal que
urbano da cidade.
a mão, há uma sombra,
se beija sobre o Masp. “Em
Outra sacada interessante
mantida na composição.
todos os momentos, cria-
foi o uso da Oca do Ibi-
Fizemos questão de regis-
mos totens e apoios para
rapuera no final do filme dos
trar as sombras reais, pois
registrar as sombras e
namorados. “Captamos as
se tivéssemos de interpre-
projetá-las sobre o fundo na
imagens a partir da mar-
tar a sombra de cada um
finalização”, completa.
quise e então vimos que o
Algumas cenas têm um
local era ainda mais bonito,
toque particular, como a
com um paisagismo que
da mulher que caminha
não é perceptível do chão.
em frente ao Teatro
Então resolvemos usar a
Municipal. Ela carrega
máscara de um dos casais
uma sacola do shopping,
de namorados que aparece
que é estampada com
em outra cena como uma
o mapa do Estado de
sombra sobre a Oca.”
TELA VIVA junho DE 2001 29
CINEM A Paulo Boccato
SINAL VERDE PARA A NOVA GERAÇÃO Com muito talento e poucos recursos, diretores provam que cinema brasileiro tem potencial para conquistar as telas do País e do mundo.
Promovida pelo Ministério da Cultura, a festa de premiação do Grande Prêmio Cinema Brasil, realizada no Palácio Quitandinha, em Petrópolis (RJ), em 10 de fevereiro deste ano, consagrou o sucesso popular. Duas das maiores bilheterias do cinema nacional em 2000 “Eu, tu, eles”, de Andrucha Waddington, da Conspiração, e a série de TV tornada filme “O auto da compadecida”, de Guel Arraes, da Globo - dividiram igualmente oito dos dez prêmios destinados a filmes de longa-metragem. A impressão que ficou do resultado final é que o modelo das grandes produções se firma no cinema do País. Mas um grupo de cineastas da novíssima geração está chegando para provar que uma cinematografia consistente se faz não apenas com altos orçamentos, mas principalmente com idéias originais e ousadia narrativa. Sem tanta pompa e alarde, produções brasileiras de curta, média e longametragem, em vários gêneros e formatos, vêm construindo uma carreira
30 TELA VIVA junho DE 2001
sólida nos mais importantes festivais internacionais da temporada e mostrando para o mundo a força do novo cinema nacional. São obras como o documentário “Maldito - o estranho mundo de José Mojica Marins”, de André Barcinski e Ivan Finotti, ganhador de Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance, em Park City, Utah; o misto de documentário e ficção “Urbânia”, de Flávio Frederico, exibido com destaque no Festival de Roterdã (Holanda); o longa “Latitude zero”, de Toni Venturi; e o curta “Palíndromo”, de Philippe Barcinski, vistos na Mostra Panorama, do Festival de Berlim. Sem exceção, os filmes tomados como exemplos do que o cinema brasileiro vem produzindo de melhor custaram menos que a cerimônia do Grande Prêmio Cinema Brasil, orçada em cerca de R$ 1,2 milhão, e, mesmo assim, podem ser vistos como um bom cartão de visitas da novíssima geração. “Maldito...” foi realizado com uma câmera Mini DV Sony VX1000 e uma equipe de três pessoas, os dois diretores e André Finotti, que assina a fotografia e a edição. “Nós botamos o nome de uns amigos que carregaram uma ou duas malas nos créditos, para aumentá-los um pouco, senão ia ficar ridículo”, brinca André Barcinski. O custo final foi de R$ 16 mil, considerando a aquisição da
câmera utilizada. O documentário mostra a carreira de Mojica, o criador do notório Zé do Caixão, e é baseado na biografia escrita pela própria dupla de diretores e lançada pela Editora 34 em 1999. A premiação em Sundance teve retorno imediato: a DirecTV pagou o dobro do custo de realização do projeto pelos direitos de exibição da obra. E despertou o interesse de canais de TV abertos e por assinatura no Brasil, além de contatos com distribuidoras internacionais como Miramax, Columbia-TriStar e Fine Line. “É impressionante como um prêmio desses abre portas. Os realizadores estudam a transferência do material, por enquanto editado apenas em vídeo, para película. Mas Barcinski tem ressalvas quanto à necessidade da medida. “Não sei se vale a pena gastar um monte de dinheiro para o filme entrar em duas salas do circuito alternativo e só. É muito mais interessante que ele seja visto na TV aberta”, defende.
final feliz O cineasta Philippe Barcinski, primo de André, é responsável por outra obra que prima pelo baixo custo. “Palíndromo”, que teve sua estréia mundial no último Festival de Berlim, é um curta rodado em dois dias e meio a um custo de R$ 4 mil, com recursos próprios. Feito em 16 mm, o filme pas-
sou por um processo de blow-up eletrônico que consumiu mais R$ 35 mil, viabilizados por investimentos da agência de publicidade Loducca, através da Lei Mendonça, e pela co-produção da O2 Filmes. Mesmo com uma carreira sólida no mundo do curta-metragem, o diretor teve pela primeira vez a chance de participar de um festival de primeira linha. “Percebemos que existem várias possibilidades de viabilizar novos projetos a partir de um evento como esse”, opina Philippe Barcinski. “Parcerias com os europeus podem viabilizar muitos projetos de baixo orçamento, como tem ocorrido com a maior parte dos filmes asiáticos exibidos em Berlim, e ainda abrem as portas para uma distribuição mundial.” Para os curtas, Philippe considera que há um grande mercado, principalmente em festivais especializados no gênero, como Clermont-Ferrand (França) e Tampere (Finlândia). “Curta ou longa, é importante que se tenha um representante no mercado europeu.”
receptividade Flávio Frederico, diretor de “Urbânia”, filme que mistura ficção e documentário, é um realizador que começa a experimentar esse processo. Produzido com R$ 300 mil, o longa contou com aportes do Hubert Bals Fund, de Roterdã, e de um fundo do Festival de MannheimHeidelberg (Alemanha) para completar os recursos captados através da Lei Municipal Marcos Mendonça, de São Paulo. Turíbio Ruiz e Adriano Stuart são os únicos dois atores do filme, o resto dos personagens é tirado da vida real e algumas cenas são mostradas com o uso de material de arquivo. “Urbânia” foi rodado em 12 dias, com uma pequena equipe, e usou de uma câmera digital Sony DSR200 para as cenas noturnas e uma câmera Super-16 para as diurnas. A primeira parte do material foi transferida para película 35 mm nos EstudiosMega, em São Paulo, enquanto a segunda foi ampliada no laboratório nova-iorquino Cineric. Frederico tem se tornado habitué de Roterdã, onde “Urbânia” teve sua première mundial - esteve presente com curtas em 1999 (“Todo dia todo”) e em 2000 (“Copacabana”) - o que certamente
o tem ajudado a conquistar espaço no circuito independente europeu. “O que me fez buscar esse tipo de festival foi uma certa decepção com a receptividade que meus curtas vinham tendo no Brasil”, explica o diretor. “O cinema independente, de forma geral, é muito considerado na Europa; mas, no Brasil, é complicado. Há muito pouco espaço para um filme como ‘Urbânia’”, reclama. Frederico constata que um novo cinema brasileiro começa a aparecer nitidamente e cita um artigo impresso no boletim oficial do Festival de Roterdã chamando a atenção para uma nova cara dos filmes brasileiros - outrora normalmente associados a Glauber Rocha e Sônia Braga. “O artigo analisa os cinco longas do País exibidos no evento - além de “Urbânia”, entraram “Eu, tu, eles”; “Domésticas”, de Fernando Meirelles e Nando Olival; “O rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas”, de Paulo Caldas e Marcelo Luna; e “Cronicamente inviável”, de Sérgio Bianchi - para constatar o sopro de renovação que ocorre na cinematografia brasileira”, conta.
em brasília O velho Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado em novembro passado, já apontava nitidamente esse caminho. Como exemplo, três longas de jovens realizadores colaboraram para tornar a competição de 2000 uma das mais fortes e acirradas da última década e arrebataram a maioria dos prêmios: “Bicho de 7 cabeças”, de Laís Bodanzky, vencedor dos prêmios de Melhor Filme (do júri oficial, da crítica e do júri popular), Direção, Ator (Rodrigo Santoro), Ator Coadjuvante (Gero Camilo) e Fotografia (Hugo Kovensky); “Tônica dominante”, de Lina Chamie, prêmio Direção de Arte (Ana Mara Abreu), e “Latitude zero”, de Toni Venturi, ganhador do Candango de melhor roteiro (Di Moretti) e recentemente visto na Mostra Panorama, em Berlim. O filme de Venturi custou R$ 1 mil-
TELA VIVA junho DE 2001 31
c i n ema
hão e deve estrear nas salas brasileiras no segundo semestre de 2001. “Acho que a nova geração não está fazendo produtos audiovisuais, mas obras, pequenas obras provocantes, ousadas e, mesmo quando equivocadas, não importa muito, porque é um cinema que procura o risco, sem medo. Então, no exterior, quando você cai em um público de cinema de arte muito exigente, o pequeno grande filme, aquele que procura ir fundo na alma de sua proposta, acaba conseguindo uma visibilidade muito boa”, opina. “‘Latitude zero’ teve exibições com casa cheia em Berlim e as discussões após o filme foram muito calorosas e emocionantes.” “Tônica dominante”, de Lina Chamie, deve ser lançado comercialmente no próximo mês de abril. O filme, que estreou no Festival do Rio BR, em outubro passado, e foi o único representante latino na Mostra Cinema do Amanhã do último Festival de Montreal (Canadá), custou R$ 500 mil. Estruturado em pequenos contos musicais, relata as aventuras de um clari-
O filme “Tônica dominante” usou método de montagem A/B para o negativo 35 mm.
netista em início de carreira. As filmagens tiveram um grande período de paralisação causado por um acidente com Alves Pinto e pela morte do ator Rodrigo Santiago, que vivia um dos personagens principais - todas as cenas em que Santiago aparecia tiveram de ser refeitas (com o ator Carlos Gregório assumindo o papel). Mas nada deixa transparecer os acidentes de percurso: as imagens sofisticadas e a estrutura enxuta e bem amarrada denotam um imenso cuidado de produção, que valoriza cada centavo gasto. “Foi uma produção muito pensada, otimizada para dar certo com os recursos
disponíveis”, conta Lina, lembrando que poucos recursos obrigam, muitas vezes, à busca de soluções técnicas interessantes. “Um exemplo no nosso filme foi o uso bem-sucedido da montagem A/B para o negativo 35 mm. Como não tínhamos dinheiro para fazer as fusões em trucagem, testamos esse método de montagem de negativo comum nos filmes 16 mm e o sistema funcionou. O Laboratório Curt, graças à nossa aposta no recurso, agora começa a fazer esse trabalho no País”, relata a diretora. O grande vencedor de Brasília, “Bicho de 7 cabeças”, de Laís Bodanzky, é outro longa que pode chegar às telas do circuito comercial ainda neste semestre. Orçado em R$ 1,5 milhão, dos quais foram captados cerca de R$ 1,1 milhão (os restantes R$ 400 mil, reservados ao lançamento do filme nas salas, ainda estão em captação), teve aporte de cerca de R$ 500 mil da Benetton italiana, através de seu projeto Fabrica Cinema. Baseado em fatos verídicos narrados por Austregésilo Carrano no livro “Canto dos malditos”, conta os problemas de um jovem com seu pai, que o
acabam levando a um manicômio onde o rapaz enfrenta uma realidade desumana. Mais uma vez, uma narrativa ousada e bem construída leva a um cinema de grande força. Laís diz-se animada com a recepção que o filme tem tido, nas poucas exibições que teve até o momento. “A mais emocionante foi em Brasília, onde o Rodrigo Santoro foi vaiado, na apresentação, pelo público que lotava a sala de cinema e, após a sessão, o filme foi aplaudido de pé, com muita gente vindo pedir desculpas a ele”, recorda. Retrato das dificuldades que um cinema mais independente enfrenta no Brasil, “Bicho...”, mesmo consagrado pelos prêmios, ainda não fechou um distribuidor no Brasil.
bilizou mais de 30 longas na última década), considerando que a mera transcrição de uma minissérie para o suporte película (caso de “O auto da compadecida”) apenas com excessiva boa vontade pode ser levada em conta como autêntica participação da TV no processo cinematográfico. “As emissoras não investem em aquisições e coproduções ou investem muito pouco. Você liga para um canal de TV por assinatura e eles exigem um tal padrão ‘Conspiração’ de qualidade. Será que é só isso que é bom?”, contesta André Barcinski, que só vendeu com sucesso o documentário sobre Mojica após a premiação internacional - se esta não tivesse ocorrido, provavelmente os realizadores do filme estariam mendigando ecos uma venda pelos preços abusivamente baixos praticados por aqui. “A situação A imensa discrepância entre o signififica mais grave se pensarmos que a Lei cado, em termos de mercado, de um do Audiovisual só vale para projetos prêmio, qualquer que seja, em um caros. Por que um intermediário vai festival internacional de porte, e uma trabalhar um projeto barato se, vivendo consagração num festival como Brasília, de comissões, poderá lucrar bem mais certamente o mais importante e tradicom um filme de milhões de reais?”, cional do Brasil, ilustra a precariedade questiona o co-diretor de “Maldito...”. do setor audiovisual no Para Flávio País. Uma festa como Frederico, o modUma festa a do Grande Prêmio elo da Lei do Cinema Brasil não Audiovisual funcomo a do Grande aponta nenhum caminciona para muito Prêmio Cinema Brasil ho para a indústria, poucos. “Eu nunca apenas avaliza uma consegui nada apenas avaliza uma determinada situação de por essa lei. Todo situação de bilheteria. bilheteria ou ilustra um meu dinheiro vem desejo, quase sempre da Lei Mendonça, frustrado, de consagonde fica mais ração no mainstream fácil pulverizar os internacional (“Eu, investimentos entre tu, eles”, vencedor deste ano, como vários pequenos investidores. Para “Orfeu”, vencedor da edição anterior do operar na lei nacional é preciso estar prêmio, foram candidatos fracassados muito bem articulado, o que só ocorre na corrida pelas indicações ao Oscar). com o pessoal do ‘cinemão’”, opina. Já os ecos de um evento como Brasília, Frederico acha que a alternativa de com tudo o que apontou de renovação buscar dinheiro lá fora é boa, mas não na trajetória do cinema independente pode ser considerada ideal. “O grosso brasileiro, não são sentidos pelo arredos recursos teria de vir daqui mesmo. medo de “indústria” que se pretende O mais grave é a Lei do Audiovisual criar. A tão falada parceria com a TV, valer de verdade só para um tipo de alternativa viável para o audiovisual do cinema”, aponta. “Falta uma política País, não vai além do alcance restrito mais firme de apoio direto a um cinde programas como o da TV Cultura ema menos comprometido com o (que, mesmo com todos os problemas sucesso imediato. O concurso federal - a começar pelas dificuldades operapara filmes de baixo orçamento, procionais de uma emissora pública - viamovido pelo Ministério da Cultura no
Se você tem sempre que se virar para encontrar um bom tripé, seu problema está resolvido, ligue para a
Agora com 3 anos de garantia, além da certeza de uma manutenção rápida e econômica.
R.Lima Campos, 64 Cotia - SP - CEP 06700-000 TEL:(011) 4612-4629 TEL/FAX:(011)4702-5326 www.dmsvideo.com.br
TELA VIVA junho DE 2001 33
c i n ema
ano passado, é uma boa alternativa, mas precisa ser mantido”, reivindica. “Sem desqualificar o cinema comercial, acho importante que se valorize um outro lado do cinema brasileiro, mais corajoso e com mais personalidade. Nossos filmes não podem ficar sendo tratados como ‘miúras’ (como a classe costuma chamar as produções alternativas), sendo que têm representado claramente uma nova tendência da produção nacional, aqui e lá fora. Caminhar só no sentido do cinema de grande produção é um equívoco”, opina Lina Chamie.
espaço próprio Outro caminho pouco trilhado é o apoio direto a longas de cineastas estreantes. Philippe Barcinski, de “Palíndromo”, é um exemplo prático de realizador que já provou mais de uma vez seu talento em filmes de curta-metragem - após a estréia do curta citado, o quarto de sua carreira, entra de cabeça na finalização do quinto filme, “Janela aberta”, filmado no ano passado com produção da O2 Filmes, graças a um prêmio em concurso de curtas do MinC. No entanto, encontra pouco espaço para sequer pensar em projetos de longa-metragem. “O longa exige muita energia criativa. Não dá para
pensar nesse formato como uma avenhá muito a ser feito, mas o importante é tura errante, pois o mercado é muito tentar executar seus projetos da maneira ingrato. E além da energia criativa, as que for possível, sem depender dos dificuldades de emplacar um projeto grandes esquemas. Atualmente, o mesmo no mercado brasileiro desestimulam um trio responsável por “Maldito...” roda o pouco”, explica. No entanto, Philippe documentário “Porrada!”, que relata a ressalta que, com dois vida dos velhos astros curtas na agulha, senteda luta livre ainda na se mais tranqüilo para ativa, remanescentes Grandes e pensar em seu projeto de uma época ingênua pequenos modelos de longa. em que o esporte tinha Toni Venturi tem uma de produção precisam mais a ver com o circo visão pragmática das que com a agressiviter espaço nos canais de do tendências do mercado dade infame dos atuais veiculação. brasileiro. “Não acho combates de vale-tudo. que exista uma pos“Já rodamos 60% do tura oficial a favor de material com recursos um só tipo de cinema. próprios. Acho que o É normal que, para mais legal de um filme as comemorações, é fazer, e não ficar para o grande jogo de mídia, haja um choramingando anos em busca de altos enfoque nos cavalos favoritos. Mas nós, patrocínios, de recursos que poderiam ser que temos ido para os festivais, temos aplicados na merenda escolar. Não tenho recebido grande apoio do MinC”, diz. paciência para isso - acho que ninguém Laís Bodanzky acha que o grande cintem o direito de exigir milhões de reais ema colabora com o crescimento do do governo porque acha que tem um cinema mais autoral. “Quanto mais pes- projeto genial nas mãos. O governo deve soas assistirem aos filmes brasileiros, apoiar de outras formas, como com a crimelhor para todo mundo. Sinto que, no ação de investimentos diretos para tornar momento atual, o cinema brasileiro está as escolas de cinema capazes de produzna moda, é meio out, principalmente irem intensamente”, defende. De todas as entre o público jovem, não acompanhar formas, o setor audiovisual brasileiro só os principais lançamentos do País. E estará plenamente desenvolvido a partir o cinema nacional está conquistando do momento em que grandes e pequenos esse novo público pela sua qualidade”, modelos de produção encontrem seus diz. André Barcinski acha que ainda espaços e seus canais de veiculação.
34 TELA VIVA junho DE 2001
N達o disponivel
TECNOLOGI A
CENOGRAFIA VIRTUAL Os sistemas de cenários virtuais combinam múltiplas tecnologias permitindo a livre movimentação de câmera e, principalmente, economia de tempo, espaço e dinheiro.
Os cenários virtuais são sistemas que permitem integrar apresentadores ou atores a ambientes criados em computador por softwares 3D. O processo é uma evolução do chroma-key, uma técnica há muito tempo conhecida e aplicada na produção de vídeos. No vídeo, todas as cores são for-
36 TELA VIVA junho DE 2001
madas pela mistura do vermelho (red/R), verde (green/G) e azul (blue/B). Quando a luz entra na câmera é dividida em três feixes. Todas as cores da imagem são decompostas em informações de RGB, que depois serão combinadas para reconstituir as cores originais. É possível substituir uma determinada cor por um sinal de vídeo qualquer. Por exemplo: num ambiente vazio, de uma única cor (geralmente azul ou verde), por onde circula um apresentador, o fundo monocromático (background) pode ser substituído por imagens geradas por computador ou outras quaisquer. Assim funciona o efeito visual chamado chroma-key. No entanto, há uma limitação. Essa técnica não permite que as câmeras sejam deslocadas, pois o fundo não se move. Os sistemas de cenários virtuais
resolveram esse problema. Com a combinação de múltiplas tecnologias, os apresentadores ou atores podem se mover ao redor dos objetos e as câmeras podem se deslocar livremente, pois o background modifica-se de maneira coerente aos movimentos das câmeras. Para tanto, é necessário “informar” o sistema quando e como as câmeras se movimentam. Isso é possível graças à tecnologia de camera tracking que através de algum tipo de referência detecta a movimentação da câmera. Os métodos de camera tracking, variam de fabricante para fabricante e de produto para produto (veja box na página 39). Os sistemas de cenários virtuais representam uma grande economia de tempo, espaço, mão-de-obra e materiais. Os cenários reais ocupam quase sempre muito espaço e precisam ser montados e desmontados. Os cenários virtuais estão imediatamente disponíveis e um mesmo espaço físico pode abrigar inúmeros “cenários”. No Brasil, apenas três emissoras utilizam cenários virtuais: a Rede Record, a Rede Globo e a CNT.
orad A Orad é uma empresa de desenvolvimento de tecnologia para a produção de ambientes gráficos utilizados na transmissão de vídeo em tempo real em estúdios, eventos esportivos e produção de conteúdo para Internet e TV interativa. Seu representante no Brasil é a Videodata. A família de produtos CyberSet oferece uma gama de opções para o desenvolvimento de cenografia virtual. Utiliza como plataforma gráfica estações SGI, que processam ambientes tridimensionais em tempo real. A tecnologia consiste em software e hardware que processam as imagens tridimensionais e os elementos vivos da cena em camadas separadas recortadas através de chroma-key, onde o apresentador/ator caminha pelo cenário ou entre os ambientes
virtuais, interagindo com elementos reais deste cenário ou então com personagens virtuais. Esse conteúdo também pode ser transmitido em tempo real pela Internet com o recurso adicional da tecnologia Clickable Video na transmissão. O recorte do chroma-key é realizado com tecnologia proprietária que utiliza camadas. Numa delas é separado todo o ambiente virtual e em outra os elementos reais do cenário, através da tecnologia Pattern Recognition, que utiliza uma grade em tons de azul em um blue box, que permite também todos os movimentos de câmera (zoom, travelling,
complementares e até mesmo realizando compras em tempo real. Essa aplicação pode ser usada em shows, eventos esportivos, programas de ofertas, telenovelas, programas infantis, noticiários, ou qualquer tipo de produção. O Clickable Video cria uma gama de oportunidades interativas para e-commerce e publicidade, podendo ser utilizado em estúdios ou eventos externos. Segundo Wlad Farias, produtor de conteúdo em Rich Media e diretor da D.W. Tecnologia de Informação, “a tecnologia Clickable Video já está preparada para a TV interativa e os programas produzidos já estão aptos
P R O P A G A N D A
V I R T U A L
Uma tecnologia semelhante à dos cenários virtuais pode ser usada para a chamada “propaganda virtual”. Em eventos esportivos, por exemplo, as tradicionais placas de propaganda dos estádios são substituídas por outras, azuis, sobre as quais o computador insere os anúncios durante a exibição. Da mesma forma que nos cenários virtuais, a propaganda fica “fixa” na placa, como se estivesse realmente lá. A diferença é que no cenário virtual, 80% da cena é criada pelo computador e apenas 20%, os personagens, são reais. Na propaganda virtual é o contrário. Uma pequena imagem virtual é inserida sobre um fundo quase todo real. As vantagens para a emissora são grandes. Em um mesmo evento, como por exemplo uma partida de futebol, podem ser colocadas propagandas diferentes para cada cidade na qual o jogo é exibido. A propaganda pode também ser alocada por tempo: uma mesma placa pode ter um anunciante no primeiro tempo do jogo e outro no segundo. Isso significa maior receita publicitária. E ainda são possíveis inovações como no cenário virtual: as propagandas podem ser animadas ou sofrer efeitos durante a exibição.
dolly, pan, tilt etc) neste cenário. O Clickable Video é um sistema que utiliza a tecnologia Orad para criar áreas interativas no vídeo ao vivo ou on-demand. Essa tecnologia permite a criação dinâmica de links que se movem livremente sobre o vídeo, associando-os a objetos reais ou virtuais. Quando esse link é acionado, um endereço na web é executado. Assim o telespectador poderá interagir com a programação através desses links em tempo real, interferindo no resultado, participando de pesquisas, buscando informações
a oferecerem interatividade na TV quando os receptores estiverem devidamente adaptados para receber a transmissão de dados”. No Brasil, a Rede Globo utiliza estações Orad em eventos esportivos (leia box) e no jornalismo. A cenografia dos programas “Globo repórter” e “Fantástico”, as inserções de logotipos em estádios e pistas de automobilismo, bem como o “Tirateima” são produtos desenvolvidos nessas estações. Além da Globo, a CNT também tem uma estação Orad para o jornalismo.
Este mês entrará em operação o primeiro estúdio na América Latina preparado para prestar serviços ao mercado televisivo e de Internet. Nele, com o CyberSet NT e a tecnologia Clickable Video, as empresas poderão desenvolver programas diversos, campanhas de marketing, webconference, treinamenos online, com transmissão simultânea para a TV e Internet ao vivo e ondemand. Esta é uma iniciativa da D.W. Tecnologia em ação conjunta com as empresas Videodata, Orad e Carine Vídeos.
vi[z]rt A vi[z]rt é uma companhia formada pela fusão da RT-SET com a Peak Broadcast Systems em julho do ano passado. Os softwares Larus - Larus, Larus HD e Larus Post são os principais sistemas de cenários virtuais da RT-SET (Real Time Synthesized Entertainment Technology). Todos os sistemas Larus permitem a utilização de um número ilimitado de câmeras, sem restrição de movimentos, e inserção de videoclipes ao vivo. É possível alternar entre câmeras e cenários por dissolve, bem como simular a profundidade de campo e controlar as diferenças de foco. O sistema Larus HD é próprio para aplicações em qualquer formato HDTV e o sistema Larus Post permite a modificação de elementos 3D mesmo após a gravação da cena. No Brasil, a Rede Record foi a pioneira na utilização de cenários virtuais. Segundo Lourival Amaral, da Divisão Multimídia da Record, “desde 1998, com a transmissão da Copa do Mundo, a emissora utiliza cenários virtuais”. Apesar da maioria dos programas serem gravados, como o da apresentadora Eliana, os cenários virtuais também são usados em programas de jornalismo ao vivo. “A Record foi a primeira na América Latina a usar cenários virtuais em programas de jornalismo
TELA VIVA junho DE 2001 37
T E CNO L O G I A
ao vivo”, orgulha-se Amaral. A Record utiliza um sistema Larus e está fazendo um upgrade para melhorar a capacidade de movimentação das câmeras. Segundo Rubens Ortiz, gerente de engenharia da Eletro Equip Telecomunicações, empresa que comercializa os produtos da RT-SET no Brasil, “os sistemas de camera tracking não usam como referência grids desenhados no fundo de chroma-key”. Todo traqueamento é feito por hardwares associados aos tripés, às lentes, ou aos equipamentos para movimentação das câmeras. Isso permite a simulação de uma panorâmica de 360° em um ambiente virtual, pois os sistemas não dependem dos desenhos para terem referências dos movimentos das câmeras. A mais recente tecnologia de camera tracking da RT-SET envolve sensores infra-vermelhos para referenciar o sistema, aumentando a possibilidade de movimentação das câmeras. Os demais sistemas de cenários vir-
C A M E R A
T R A C K I N G
Dois métodos de camera tracking são geralmente utilizados nos sistemas de cenários virtuais. No primeiro, o cenário onde está o apresentador ou ator (de verdade) é todo pintado de azul. Um ambiente é criado pelo computador, por meio de qualquer software de desenho 3D. A câmera é fixa numa traquitana chamada de dispositivo de tracking, que transmite ao computador todos os movimentos, inclusive os movimentos da objetiva. Assim o ator pode caminhar livremente pelo set e, conforme a câmera se movimenta, o cenário ao fundo a acompanha, dando a sensação de que o ator está em um fundo real. O cenário pode ainda ser animado ou incorporar uma série de efeitos. No segundo método, no fundo azul são pintadas faixas horizontais e verticais de espessuras e tonalidades diferentes. O sistema reconhece esses padrões e movimenta o cenário usando-os como referência. A vantagem desse sistema é que dispensa o dispositivo de tracking, de forma que a câmera pode ser usada até na mão. O problema é que quando o plano é muito fechado, como num close-up, o sistema não “enxerga” a parede e perde o referencial.
tuais da RT-SET são o Ibis e o Wx Studio. O sistema Ibis é uma solução de baixo custo, porém, com recursos como suporte a múltiplas câmeras e inserção de videoclipes ao vivo. O sistema Wx
Studio é adequado para programas que informam boletins climáticos, pois o próprio apresentador é quem controla as mudanças de cenários. Emerson Calvente
N達o disponivel
N達o disponivel
N達o disponivel
A G EN D A J
U
N
H
O
11 a 13 22º Congresso Brasileiro de Radiodifusão - ABERT. Hotel Transamérica - São Paulo - SP. Fone: (61) 327-4600. Fax: (61) 327-3660.
18 a 22 Curso: “Especialização em Adobe Premiere”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br.
25 a 29 Curso: “After Effects”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br.
J
U
L
H
O
10 a 1/8 Oficina de Roteiro. Centro de
Fone: (11) 3872-6722. 25 a 29 IV Anima Mundi (São Paulo) - Festival Internacional de Cinema de Animação. Fone: (21) 541-7499. Fax: (21) 5438860. E-mail: info@animamundi.com.br. Internet: www.animamundi.com.br.
A
G
O
S
T
O
1 a 3 SET/Abert - Broadcast & Cable 2001. Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo - SP. Fone: (21) 524-2229. E-mail: b&c@certame.com.br. Internet: www.broadcastcable.com.br.
06 a 21 Curso: “Edição em 3 máquinas
Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722.
- Beta”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722.
10 a 1/8 Curso: “Operação de Vídeo
12 a 17 SIGGRAPH 2001. Los Angeles
- O Trabalho do Videoman”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722.
Convention Center, Los Angeles, California. 401 North Michigan Avenue - Chicago - USA - 60611. Fone: (1-312) 644-6610. Fax: (1-312) 245-1083. E-mail: media-s2001@siggraph.org. Internet: www.siggraph.org.
12 a 22 IV Anima Mundi (Rio de Janeiro) - Festival Internacional de Cinema de Animação. Fone: (21) 541-7499. Fax: (21) 543-8860. E-mail: info@ animamundi.com.br. Internet: www.animamundi.com.br.
16 a 7/8 Curso: “Treinamento de Locução para TV”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722.
16 a 27 Curso: “Produção para TV/ Vídeo”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP.
13 a 30 Curso: “Produção para TV/ Vídeo”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722.
23 a 01/09 XII Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. São Paulo - SP. Telefax: (11) 3062-9601. E-mail: info@kinoforum.org. Internet: www.kinoforum.org.
Diretor e Editor: Rubens Glasberg Diretor de Internet: Samuel Possebon Diretor Adjunto de Redação: André Mermelstein Editora Geral: Edylita Falgetano Editora de Projetos Especiais: Sandra Regina da Silva Coordenador do Site: Fernando Lauterjung Colaboradores: Emerson Calvente, Letícia de Castro, Lizandra de Almeida, Mônica Teixeira, Paulo Boccato Sucursal de Brasília: Carlos Eduardo Zanatta, Raquel Ramos Arte: Claudia Intatilo (Edição de Arte), Edgard Santos Jr. (Assistente), Rubens Jardim (Produção Gráfica), Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica), ________ (Ilustração de Capa) Website: Marcelo R. Pressi (Webmaster), Celso Ricardo Rosa (Assistente) Diretor Comercial: Manoel Fernandez Gerente Comercial: Almir B. Lopes Gerente de Contas Internacionais: Patrícia M. Patah (Escritório de Miami] Publicidade: Alexandre Gerdelmann e Wladimir Porto (Contatos), Ivaneti Longo (Assistente) Coordenação de Circulação e Assinaturas: Gislaine Gaspar Gerente de Marketing: Mariane Ewbank Administração: Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro) Serviço de Atendimento ao Leitor 0800-145022 Internet: www.telaviva.com.br E-mail: telaviva@telaviva.com.br Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001 Telefone (11) 257-5022 e Fax (11) 257-5910 São Paulo, SP. Sucursal: SCN - Quadra 02, sala 424 - Bloco B - Centro Empresarial Encol CEP 70710-500 Fone/Fax (61) 327-3755 Brasília, DF Escritório comercial de Miami: 1550 Madruga Avenue 305 Coral Gables, FL- 33146 USA - Fone (1-305) 740-7075 Fax (1-305) 740-7062 Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A.
ANER 42 TELA VIVA junho DE 2001
Filiada à Associação Nacional
N達o disponivel
N達o disponivel