108 ΑAgosto 20011 www.telaviva.com.br
Crime é atração na
A ESTRATÉGIA DO
Programacão da tv
CINEMA PAULISTA
N達o disponivel
w w w . t e l a v i v a . c o m . b r
E d i t o r i a l
Ô G u i a Tela Viva α Τελα ςιϖα Ô F i c h as técnicas de comerciais Ô E d i ç ões anterioree da T ela VivaΕδ Ô Λ L e g islação do audivisual εγ Ô Π P r o grmação regional λ
⊆ Í n d i c e ΙΧΕ SCANNER
4
CAPA
Softwares para edição de vídeo
12
PUBLICIDADE
Nacionalização de comerciais
18
PRODUÇÃO
Animação nos EstudiosMega
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CINEMA
Mobilização paulista
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TELEDRAMATURGIA
Produção da RBS
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MAKING OF
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PROGRAMAÇÃO
Policialescos
34
FIGURA
Marcos Magalhães
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PROGRAMAÇÃO REGIONAL
Distrito Federal
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TELEJORNALISMO
Parceria entre Gazeta Mercantil e TV Gazeta
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EQUIPAMENTOS
Movimentação de câmeras
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FIQUE POR DENTRO
Perto de completar 10 anos de existência, podemos apresentar com orgulho os resultados de uma pesquisa encomendada ao instituto Nielsen a respeito das publicações especializadas que circulam no mercado brasileiro de TV aberta, produção de cinema e vídeo. Tela Viva está consolidada em primeiro lugar com percentuais até seis vezes superiores às demais revistas nacionais e estrangeiras em todos os quesitos investigados. A pesquisa foi feita junto a profissionais e empresários, em sua maioria, com poder de decisão ou de influir na decisão de compra de equipamentos e serviços. Um expressivo índice de 75% dos entrevistados costuma ler a revista Tela Viva. A publicação que chega mais perto tem apenas 23% de leitores habituais. E mais: 60% da amostragem lêem sempre Tela Viva; a segunda colocada é lida sempre por apenas 11%. Tela Viva é considerada de longe a revista com melhor conteúdo, melhor imagem, líder de mercado, a mais confiável, mais adequada ao leitor, dirigida a quem toma decisões, original e atual, inteligente, moderna, melhor conteúdo técnico, melhor mídia para anunciar, que tem os melhores resultados de mercado, etc. Queremos esclarecer que não encomendamos a pesquisa ao mais renomado instituto internacional por vaidade. Trata-se de um projeto de custo muito elevado para apenas massagear o ego. Nossa intenção foi colocá-la à disposição do mercado de forma totalmente aberta e completa. É um serviço que prestamos a todos os que têm a árdua missão de decidir sobre a alocação de verbas publicitárias para obter os melhores resultados possíveis neste momento de recessão econômica que atinge particularmente o nosso setor. Fazemos, porém, questão de ressaltar que o resultado desta pesquisa Nielsen não é casual. Nesses 10 anos de existência procuramos sempre investir na qualidade jornalística de nossos produtos editoriais. Eles podem ser equiparados ao que há de melhor no mercado internacional. Temos um compromisso firmado e confirmado com o desenvolvimento da produção audiovisual brasileira ao longo de praticamente uma década de esforço da nossa equipe. E vamos continuar assim. Não somos predadores. Viemos para ficar e crescer com todo o setor. O que efetivamente nos envaidece é o reconhecimento desse trabalho, ou seja, a confiança, credibilidade e fidelidade conquistada junto ao leitor.
56 RUBENS GLASBERG
AGENDA
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s c a n n e r armazém A experiência publicitária do diretor e produtor Sérgio Horovitz e do produtor Sérgio Cardoso estão reunidas na nova produtora Armazém de Filmes, inaugurada no Rio de Janeiro. Trata-se da segunda produtora de Horovitz, que já é dono da Proview. Cardoso traz em sua bagagem passagens pela Standard e MPM, além das produtoras Mr. Magoo, Cardim e Lux Filmes. O destaque da casa será o diretor Jean Benoit, que deve assinar grande parte das produções.
NEWSCENTER BANDEIRANTE A Rede Bandeirantes está prestes a
browser ENPS, a 100 Mbps. Desse total
estourar o champagne para a inaugu-
de estações 44 trabalham em baixa
ração do moderníssimo newscenter
definição e dez podem fazer edições
que está sendo instalado na sede da
hi-def. O sistema é controlado por dois
emissora, no Morumbi, em São Paulo.
switcheres digitais.
O projeto vem sendo delineado há três anos. A primeira etapa foi a implantação da BandNews. Com a inauguração do newscenter, completa-se a segunda fase do projeto. Até 2002 toda a parte técnica deverá estar completamente automatizada e digitalizada.
Toda a estrutura está sendo bancada com recursos próprios da rede, que está reinvestindo cerca de 20% a 30% do faturamento de cada ano para realizar o empreendimento. O valor total do projeto (três fases) beira a casa dos US$ 15 milhões. “Daremos um
TURMA DO PERER
O primeiro andar do prédio foi total-
grande salto na qualidade de produção
mente remodelado para abrigar a
com um ganho de produtividade. Tudo
No dia 13 de julho estreou “A turma do Pererê”, na Rede Brasil. A história em quadrinhos, criada na década de 60 pelo cartunista Ziraldo, vai ter 20 episódios de 20 minutos cada. A série, dirigida por Sonia Garcia, adaptação e roteiro de Wilson Rocha e direção de arte de Rosa Magalhães, vai ao ar às sextas-feiras, às 11h30, com reprise às 15h30. O ator Silvio Guindane é o Saci, personagem principal da história. O elenco também conta com Rodrigo Pena, Gustavo Pereira, Alexandre Dacosta e participações em alguns episódios de Dedé Santana, Antônio Pitanga, Othon Bastos e Janaína Dinis.
redação de mais de 700 m de área.
agora será medido em segundos”,
Nesse espaço serão produzidos os 16
orgulha-se Carlos Amorim, diretor
produtos entre telejornais, boletins
executivo do Departamento de Jornal-
e esportivos, veiculados pela Band. O
ismo e diretor geral da BandNews.
OPORTUNO Fábio Vianna é o novo diretor-geral da Paramount Home Entertainment — Brasil. Uma de suas missões é a de dinamizar os lançamentos e trabalhar em cima do acervo, aproveitando principalmente as novas oportunidades geradas pelo DVD. Vianna traz experiência das áreas de varejo e marketing de multinacionais.
TELA VIVA AGOSTO DE
2
sistema de servidores (Leitch) tem 250 horas de memória para alta definição e de cinco a dez mil horas de capacidade de armazenamento em baixa definição. Uma rede de fibra óptica interliga toda a cabeça-de-rede e as 54 estações editoras, equipadas com a nova versão de
Amorim cita um exemplo: “O tempo entre receber a imagem de um tornado que estava varrendo os Estados Unidos e colocá-la no ar, pela BandNews, foi de 27 segundos”. Uma imagem pode entrar no site em até
CRIAÇÃO PARA INFÂNCIA As novas campanhas de alimentos infantis Nestlé saem com a assinatura da Lowe Lintas. Os filmes para Chambinho e Chamyto foram criados pela equipe de criação de João Fernando Camargo e Julio Andery. O filme “Susto”, de Chamyto, contou com a produção da Made to Create — e direção de Cao Hamburger e fotografia de Adrian Teijido. No caso de Chambinho, a direção é de Ricardo Carvalho, da Companhia Ilustrada, e fotografia de Rodolfo Sanchez.
90 décimos de segundo após sua exibição na TV. Ainda de acordo com o diretor a grande vantagem da Band foi ter esperado a consolidação da tecnologia MPEG, antes de realizar os investimentos. “Concretizamos nossos planos no momento tecnológico mais adequado. Poderemos continuar nossa expansão de forma totalmente integrada”, finaliza entusiasmado.
s c a n n e r CLIPAGEM DE TV Duas empresas do Grupo Ibope, e-Clipping e Monitor, combinaram tecnologias para lançar um novo serviço de clipagem eletrônica. Além das reportagens, o empresário vai receber um alerta imediato sempre que um canal veicular notícias de seu interesse, além de um relatório sobre a minutagem, audiência obtida no momento da veiculação e quanto a inserção custaria, baseado na tabela de preços de cada emissora. O relatório e as reportagens, armazenadas em um CD-ROM, são enviadas diariamente. O serviço abrange todos os programas nacionais e regionais veiculados em São Paulo, capital. A partir de setembro, estará disponível também para o Rio de Janeiro. São acompanhados os programas televisivos e as “TVs” da Internet.
PREMIADOS Toni L. Rodrigues já está circulando
reram nessa região 78 agências , 50
com seus Monstros da Criação pelas
produtoras e 43 produtoras de som.
regiões brasileiras para premiar os vencedores do 23º Profissionais do
Os monstros da Região Leste-Oeste
Ano, oferecido pela Rede Globo. A
foram conhecidos em Brasília. A agên-
festa da etapa Sudeste Interior foi
cia mineira RC Comunicação faturou os
realizada em São José do Rio Preto
troféus das categorias Mercado e Cam-
(SP). O vencedor da categoria Mercado
panha. “Estacionamento” (mercado),
foi o comercial “Onde for”, criado por
para a prefeitura de Betim (MG), com
Beto Moreira, da NBK, de Campinas
criação de Jorge Netto, José Geraldo
(SP) para a TIS, produzido pela Seven
Rocha e Dan Zecchinelli, foi produzido
Films, de Curitiba (PR) e dirigido por
pela Preview, finalizado pela FX Design
Anésio Jr. A pós-produção foi realizada
e a Aeromúsica assinou a trilha. “Mul-
na Casablanca, em São Paulo e a trilha
tiplicando você” (campanha), para a
ficou a cargo do Dimas Estúdio, de
Maxitel, teve criação de Jorge Netto,
Campinas (SP). Na categoria Campanha
Dan Zecchinelli e Gustavo Leite. A
a comemoração ficou na Baixada San-
produção e finalização ficaram a
tista. “Não complique” para o Jornal
cargo da Alterosa Cinevídeo e trilha
Primeiramão de Santos (SP) foi o
da Lua Nova. Essa etapa contou com a
escolhido pelo júri. Santos sediou a
participação de 63 agências, 48 produ-
criação de Renê de Moura, da agência
toras e 44 produtoras de som num
DSPA a produção e pós-produção da
total de 192 inscrições e 247 comerci-
Miragem Produções e a confecção da
ais concorrentes veiculados nos esta-
trilha da Flávio Medeiros Produções.
dos do Espírito Santo, Minas Gerais,
A etapa SI contou com 162 inscrições
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
num total de 201 comerciais. Concor-
Sul, Tocantins e no Distrito Federal.
APACI A Associação Paulista de Cineastas (Apaci) tem, desde o último dia 10 de julho, uma nova diretoria, presidida pelo cineasta Toni Venturi (foto). A vice-presidência é ocupada por Beto Brant. A chapa Renovação Radical, cujo mandato é de dois anos, Toni Venturi tem ainda: André Sturm (secretário executivo), Tata Amaral, Luiz Bolognesi, Rogério Corrêa e Reinaldo Pinheiro (diretores), Luís Alberto Pereira, Hermano Penna e Augusto Sevá (conselho fiscal), e Alain Fresnot, Paulo Galvão e Raquel Monteiro (suplentes). Entre suas propostas, estão a criação de um centro do cinema paulista, a realização de um encontro entre os profissionais ligados ao setor no estado e a luta pela implantação de um plano emergencial para o cinema pelo governo estadual.
PARA INTEGRAR Pedro Assumpção é o novo diretor geral da Neogama. Ele deixa a W/Brasil, onde foi diretor de atendimento nos últimos sete anos. Sua nova função inclui melhorar o fluxo de trabalho entre as diversas áreas da agência.
REFORÇO NA ARTE Um novo diretor de arte integra a equipe de Ruy Lindenberg e Washington Olivetto na W/Brasil. É o gaúcho Rodrigo Corbari, que vinha atuando há dois anos na DM9DDB. Corbari ainda carrega passagens pela Saatchi & Saatchi Londres e Wienden & Kennedy Anterdam. TELA VIVA AGOSTO DE
s c a n n e r
MUNDO AMAZÔNICO A R+E Comunicação, uma produtora instalada em Belém (PA) e especializada na realização de documentários institucionais e industriais, tem um banco de imagens de mais de mil horas sobre praticamente todos os temas da Amazônia, como problemas indígenas, sem-terra, garimpo, exploração madeireira, meio ambiente, turismo, navegação na Amazônia, rios, praias, culinária, folclore, artesanato, festas populares, logradouros turísticos, surf na pororoca, ilha do Marajó, mineração, indústrias, agropecuária, torneios de pesca esportiva etc. A produtora, dirigida por Ricardo Gomes, publicitário e psicólogo, responsável pela direção dos documentários, e Elaine Nassar Pinho, que comanda a produção, pretende disponibilizar seu acervo para emissoras de TV do Brasil e do exterior e produtoras. O material está em Betacam SP, catalogado e com textos informativos. Além de comercializar suas imagens a R+E quer disponibilizar seu know-how em produções na região para a realização de programas e matérias a serem veiculados no Brasil ou no mundo.
FOMENTO Assim como a maioria dos países do
Na Europa o broadcasting segue moldes
mundo, na Espanha a TV também
diferentes do brasileiro. Qualquer cidadão
contribui para o desenvolvimento do
tem de pagar uma taxa para assistir à TV. O
cinema. A novidade é que a participação
valor varia de acordo com o tipo de recep-
das emissoras de TV foi aumentada em
ção escolhida pelo telespectador: ar, cabo
julho para 3% da receita, que deve ser
ou satélite. Além disso, ainda existem os
revertida ao cinema, para a produção
canais pagos, disponíveis nos diversos
de filmes em língua oficial. O projeto faz
meios de transmissão.
parte de um amplo debate relativo à Lei de Fomento e Promoção da Cinvem sendo elaborada no congresso espanhol. As discussões no país levavam a crer que a cota de tela seria extinta nos próximos cinco anos, mas o processo também foi suspenso e novas decisões devem ser tomadas. Na França, que conta com uma das legislações mais protecionistas em relação à cinematografia, o investimento compulsório das TVs em produções cinematográficas aumentou de 3% para 3,2%.
ESTUDO O sociólogo Paulo Menezes acabou de publicar, pela Editora 34, o livro “À meia-luz”. Em sete ensaios sobre os filmes “Blow-up”, “Laranja mecânica”, “Morte em Veneza”, “Útlimo tango em Paris”, “O império dos sentidos” e “Blade runner” o autor faz um estudo sobre o cinema e a sexualidade na década de 70. O autor sublinha ângulos, destaca silêncios e aponta os nexos entre o que se dá a ver e o que se oculta.
FILHA
ematografia e do Audiovisual, que
A TV Zero produziu o filme “Filha”, com 60 segundos de duração, dirigido por Roberto Berliner, que foi um dos filmes brasileiros selecionados para a Short List do Festival do Filme Publicitário de Cannes 2001. Com criação de Renato Simões, Bruno Prósperi e André Nassa, da agência Leo Burnett, sob encomenda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, aborda a delicada questão do suicídio entre os soldados. De 1998 a 2000 foram registrados 87 casos e, no primeiro semestre deste ano, mais cinco. O roteiro baseado em casos reais registra o depoimento de Bruna, uma menina de cinco anos, filha de um dos soldados que cometeram suicídio. O trabalho de criação, produção e veiculação da campanha são voluntários.
FINAL FANTASY Foram necessários quatro de anos de produção e um investimento de US$ 200 milhões para a realização de “Final fantasy - the spirits within”, que deve chegar às telas brasileiras em agosto. Os 97 minutos da fita produzidos pela Chris Lee Productions, dos Estados Unidos, foram gerados em estúdios digitais e todos os personagens são virtuais graças à utilização do software de animação profissional 3D Maya, da Alias|Wavefront. Todos os atores de “Final fantasy” são virtuais e tão perfeitos como os de Aki
carne e osso. Cabelos ao vento, rugas e sorrisos foram reproduzidos. Um exemplo da complexidade da produção é o movimento dos 60 mil
fios de cabelo da heroína Aki, que exigiu dez meses de trabalho ininterruptos.
TELA VIVA AGOSTO DE
N達o disponivel
REFORÇO Ainda em festa por ter faturado dois leões de ouro e dez peças na short list, no Festival de Cannes, em junho, a On Media, braço interativo da agência AlmapBBDO, reforçou sua equipe, que já contava com dez profissionais, com a chegada do redator Bruno Godinho, que já atuou na Grey e na Agência Click, e do programador Fabrizio Barata, que trabalhou na Ogilvy Interactive.
ORGANOGRAMA A Rede Record recebeu um novo profissional para ocupar a Diretoria de Programação. Luiz Cláudio Costa, que está há oito anos no grupo Record e respondia pela diretoria regional da TV Sociedade, afiliada da rede, em Belo Horizonte, chega prometendo investir no jornalismo. O departamento de jornalismo, comandado por Luiz Gonzaga Mineiro, está providenciando a compra de equipamentos para sua redação, para a entrada de flashes durante os programas da emissora, como “Note e anote” e “É show!”. Trata-se de uma extensão do “Record informa”, onde os repórteres poderão entrar ao vivo durante toda a programação, trazendo as últimas notícias. Com as mudanças no organograma da emissora, Marcus Vinicius Chisco, então diretor artístico, ficou com a recém-criada Diretoria de Novos Negócios, sendo agora responsável por buscar novas opções de rendimento para Marcus Vinicius emissora. A previsão é faturar mais de R$ 5 milhões até o final do ano com licenciamentos e parcerias.
TELA VIVA AGOSTO DE
s c a n n e r TRISTE INVISIBILIDADE Para divulgar a campanha do agasalho de 2001 promovida pelo Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo, a equipe da Newcomm Comunicação criou um filme no qual procura atrair a atenção da população para a realidade dos moradores de rua. Silvio Matos, presidente e diretor de criação da agência, lembra que “hoje em dia, eles são vistos como parte da paisagem urbana”. A campanha tem mídia impressa, spots de rádio e um filme de 30 segundos, dirigido por Lea Van Steen, da Academia de Filmes. No filme, a câmera mostra várias situações cotidianas. Em imagens difusas, quase transparentes, estão os moradores de rua. Seus corpos permitem entrever o fundo e o chão, como se realmente fossem quase invisíveis aos olhos. A produção trabalhou de forma voluntária, assim como os atores, que fazem parte de grupos de teatro de São Paulo.
GLOBO DO BEM O merchandising social inserido na novela “Laços de família” rendeu à Rede Globo o Awards for Excellence 2001, na categoria Global Leardership Award. O prêmio é oferecido pelo BitC (Business in the Community), organização que avalia a responsabilidade social de empresas na Europa e corresponde a uma das principais premiações relativas ao trabalho de empresas com benefícios comunitários. Na trama, a personagem Camila, vivida pela atriz Carolina Dieckmann, precisou de um transplante de medula e mobilizou muitos doadores de órgãos.
20 ANOS O SBT, que completa 20 anos neste mês, obteve os direitos exclusivos de transmissão da 46ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, que acontecerá de 16 a 26 de agosto, no interior paulista. No ano passado, a Rede Globo, que detinha os diretos de transmitir o evento, apenas transmitiu flashes durante sua programação. Além de valores, o que favoreceu o SBT nas negociações foi a ampla abertura que dará em sua programação. Estão previstas transmissões ao vivo nos programas do Gugu, “Domingo legal” e “Sabadão sertanejo”. A aquisição faz parte da estratégia da emissora de investir em eventos regionais. O diretor de elenco de novelas, Fernando Rancoleta, concluiu o casting da novela “Pícara sonhadora”, uma adaptação do texto original escrito pelo autor mexicano, Abel Santa Cruz, que marca a reativação do núcleo de teledramaturgia da emissora, comandando por David Grinberg, que conta com uma equipe de cem profissionais. As gravações começaram no final de julho.
N達o disponivel
TURISMO LEGAL A TV UMC, a TV da Universidade de Mogi das Cruzes, está produzindo o programa educativo “Turismo legal” com a participação de estagiários do Curso de Comunicação Social da UMC dos alunos de Biologia, Arquitetura e Turismo. A produção dá ênfase às informações sobre saneamento básico dos locais turísticos e o traçado urbano da cidade, fatores imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável. Também é abordada a conscientização dos turistas e dos habitantes do Alto Tietê para a construção de um ambiente turístico com a participação da comunidade. Pesquisa, produção e reportagens foram feitas pelos estagiários de Rádio e TV, Jornalismo e Publicidade; a coordenação de produção ficou a cargo André Luiz Barbosa e a direção geral é de José Carlos Aronchi. O patrocínio é negociado pela equipe de Publicidade, que negocia com restaurantes e hotéis as refeições e hospedagem da equipe de produção. Empresas de transporte também colaboram com o deslocamento da equipe.
CONTATOS A i-reels, uma agência criada para representar diretores internacionais no País, vem desenvolvendo um trabalho de parceria com a Miller/ Nadler, de Nova York, Estados Unidos, na busca por diretores para virem ao Brasil para produção de peças publicitárias. Segundo Thea Cohen, sócia da agência, para o intercâmbio, “eles me enviam os repertórios, para que eu possa enfim, apresentá-los às produtoras aqui”. A empresa agencia diretores norteamericanos, europeus e sul-africanos. “Existe uma grande procura, porém o valor cobrado pelos diretores para a realização de um trabalho é alto e eles não acompanham a finalização do filme, como ocorre no Brasil, somente produção”.
s c a n n e r CLIPS DO ANO Será em 16 de agosto a entrega do prê-
Duarte; Beto Grimaldi e Marcelo Presotto;
mio que a MTV concede anualmente aos
Jarbas Agnelli; Christiano Metri ou Alberto
melhores videoclipes, escolhidos pelo
Grimaldi. Por fim, as categorias técnicas
público e pela crítica. A seleção dos
incluem melhor fotografia, disputada por
indicados é feita a partir dos telefone-
Jacques Cheuiche; André Horta; Fábio
mas ou dos acessos ao site. É só aces-
Sagattio e Flávio Zangrandi.
sar www.mtv.com.br. Concorrem este ano ao Video Music
NO ESCURO MESMO
Brasil (VMB) os diretores Oscar
O famigerado apagão está criando um novo
Rodrigues Alves e Nando Cohen;
tipo de dificuldade para o mercado de cinema.
Kátia Lund e André Horta; Chico
Os produtores de longa-metragem costumam
Abreia, Caio Abreia e Manitou Felipe;
fazer acordos com salas de cinema para
Hugo Prata e Jarbas Agnelli. No
exibições especiais dos filmes antes do lança-
quesito edição estão no páreo: Oscar
mento. São sessões destinadas aos jornalistas
Rodrigues Alves, Rogério Ferreira
ou mesmo à equipe, geralmente organizadas
Alves e Daniel Rezende; Marcelo
pela manhã. Devido ao racionamento, geren-
Moraes; Daniel Rezende com dois
tes de algumas salas que costumavam ser
clips; e Ana Paula Catarino. A melhor
cordiais estão cobrando fortunas pelas ses-
direção de arte pode ficar com Kiti
sões, ou simplesmente negando os pedidos.
PRAZO Atenção! Termina no dia 21 deste mês o prazo para o envio de comentários à Lei de Radiodifusão em consulta pública pelo Ministério das Comunicações. Enquanto se aguarda pelos documentos elaborados pelas grandes redes, a Abril, que sempre evitou entrar em grandes discussões políticas, está mostrando um perfil diferente. Quem observou nos últimos dias a programação da MTV notou a inserção de algumas vinhetas com expressões como “o governo quer obrigar todo mundo a ver novela” e “Pimenta nos olhos dos outros...” que revelam a posição crítica da emissora e, portanto, do grupo em relação ao projeto e que deve se refletir no teor de seus comentários.
UNIÕES A Alias|Wavefront anunciou uma aliança estratégica com a Mental Images, fabricante do Mental ray renderer. As duas companhias trabalharão juntas para desenvolver uma opção de renderização em mental ray para o Maya, o software de animação em 3D e efeitos da Alias|Wavefront. A Alias|Wavefront anunciou, durante a Macworld Expo (feira voltada para usuários Apple), o lançamento do Maya para a versão 10 do sistema operacional do Mac. As vendas começam em setembro e o software deve incorporar todos os recursos já disponíveis nas outras plataformas.
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TELA VIVA AGOSTO DE
N達o disponivel
c apa Emerson Calvente
Populares com qualidade As novas versões dos softwares mais populares para a edição de vídeo provam que o termo “baixo custo” não significa necessariamente pouca qualidade ou produtividade.
O processo de edição de vídeo está mais barato e cada vez melhor. A introdução dos formatos DV, do IEEE 1394 e o barateamento dos hard disks contribuíram para a redução dos custos dos sistemas. Os softwares que integram esses sistemas também diminuíram seus preços e aumentaram significativamente a qualidade e a produtividade. O Adobe Premiere foi um dos primeiros softwares para edição não-linear, numa época em que o 386 era um dos processadores mais rápidos do mercado. “Não havia muito a ser feito, pois o hardware era um fator de limitação”, recorda-se Carlos Augusto Feital de Souza, consultor da Adobe Systems no Brasil para as áreas de vídeo e web. O “concorrente” para o Adobe Premiere era o Media100, uma solução integrada de hardware e software a um custo a
que somente os grandes profissionais poderiam ter acesso. A partir de então, o Adobe Premiere passou a ser considerado pelo mercado como um software para amadores. “Mas o software não deixa nada a dever para outros considerados profissionais. Qualquer pessoa, profissional ou não, que trabalha com o Premiere descobre vantagens que não encontra em outros programas considerados profissionais e muito mais caros”, defende Feital. A Apple, fabricante do Final Cut Pro, um dos softwares que mais ganha mercado atualmente, também considera seu produto profissional. “Ele é comparável aos softwares mais caros em termos de recursos e qualidade, se considerarmos que a qualidade do seu produto final é a mesma de um produto Betacam, que também tem uma pequena compressão. Há ainda a vantagem de que, como toda transferência usada no formato DV usa tecnologia digital, não existe perda de qualidade ao se fazer cópias do material, o que não acontece com o formato Betacam. Além disso, o Final Cut Pro 2.0 já suporta o formato HDTV”, conclui a equipe Suporte Profissional da Apple. Um outro motivo para o Adobe Premiere ter sido considerado um
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software doméstico é que desde o surgimento das placas de captura de vídeo de baixo custo o Premiere é muitas vezes oferecido no mesmo pacote, pois a Adobe tradicionalmente faz este tipo de acordo com os fabricantes de placas, por ser um software de fácil operação. Como as placas são domésticas, então o mercado concluiu que o Premiere é um software doméstico. “As pessoas confundiram o hardware com o software. A qualidade do vídeo não depende do Premiere. A intenção da Adobe não foi produzir um software doméstico, mas do ponto de vista mercadológico é melhor você vender para um número maior de pessoas do que para um número menor. Porém, isso acaba estigmatizando o produto como doméstico. A nossa intenção é vender muito, e isso é um mérito e não um demérito”, conclui Feital. Vender muito e conquistar um mercado em que até então não atuava é o objetivo da Avid com o Xpress DV. “A intenção principal da Avid é cobrir o mercado chamado de low-end ou DV, que é um mercado em expansão. O objetivo é atender os profissionais que atuam na área de vídeos institucionais ou produtos com baixo orçamento”, explica Flávio Longoni, da área de suporte aos representantes da Avid na
América Latina. “A Avid nunca teve um produto nessa margem de preço. O produto menor da Avid sempre foi o Xpress. O Xpress DV é o primeiro produto ‘software only’, ou seja, que não depende mais de nenhuma placa especial ou hardware. Até então, a Avid só lançava produtos com a sua placa”, conclui Longoni. Todos os “novos” softwares incluem recursos sofisticados como composição, movimento e pintura, algumas vezes até em tempo real. Alguns são vendidos com pacotes de softwares que permitem ao usuário economizar mais de US$ 1 mil em aplicativos. São programas para a edição de áudio, efeitos, criação de DVDs, exportação de vídeo para a web, entre outros. A produtividade também aumentou bastante: controles mais precisos e automatizados (como o batchcapture), área de trabalho mais organizada, com mais informações e fácil visualização, novas ferramentas, menor tempo de renderização e integração entre os aplicativos.
adobe premiere 6.0 A nova versão do software da Adobe suporta IEEE 1394 (FireWire ou i.Link), tanto para Windows quanto para Mac OS. Através da caixa de diálogo Device Control da janela Movie Capture do Premiere é possível selecionar qualquer fonte de vídeo digital, desde uma câmera doméstica a um sofisticado VTR profissional. Basta selecionar o fabricante e o modelo do equipamento. Isso torna o processo de captura de vídeo
Xpress DV V2, da Avid.
mais preciso, através do controle do equipamento pelo software de edição. Há duas novas tabs na janela Movie Capture: Settings e Logging. A tab Settings permite o ajuste dos parâmetros para a captura de vídeo, como a determinação do local onde o arquivo será salvado ou as definições de preferências para a Device Control. Através da tab Logging o usuário pode marcar os pontos de entrada e saída, nomear clips e fitas, capturar múltiplos clips com um único comando (batchcapture) e adicionar comentários sobre cada clip. A versão 6.0 do Premiere inclui três plug-ins (automaticamente instalados) para a exportação de clips para a web. É possível exportar um clip individual, um segmento da timeline ou um projeto inteiro. Há três opções de exportação: Save for web, Advanced RealMedia Export e Windows Media Export (apenas Windows). Também é possível adicionar web markers aos arquivos de vídeo que podem incluir links para páginas html ou para capítulos num QuickTime movie ou DVD. Com esses web markers pode-se desenvolver um streaming video que carrega páginas da Internet automaticamente em pontos precisos durante a reprodução. O usuário também poderá definir o frame onde a página carregada vai aparecer. “A Adobe, como muitas empresas, está buscando a convergência para a Internet. Uma das definições para o Premiere é que ele é ‘DV in e web out’”, acrescenta Feital. Muitas ferramentas de edição profissionais foram incluídas na nova versão do Premiere. O Audio Mixer, com aparência semelhante a um mixer de áudio multicanal, tem recursos como ganho, fade e pan, e permite ajustar mais de 99 faixas de áudio. O usuário pode fazer os ajustes de áudio enquanto assiste ao vídeo sincronizado na janela Monitor, pois o Audio Mixer trabalha em conjunto com essa janela. Para melhorar a produtividade, a janela Storyboard e o comando Automate to Timeline foram
Xpress DV em ilha portátil.
acrescentados à nova versão. A janela Storyboard permite visualizar um layout dos clips do projeto enquanto o comando Automate to Timeline é uma maneira rápida e fácil de transferir todos os clips da janela Project ou da janela Storyboard para a Timeline. A janela Monitor está com mais controles de edição como 3-point, 4-point e split-edit, tanto no modo Source quanto no modo Program. Na janela Timeline é possível ajustar diretamente a opacidade dos clips, adicionar transições e efeitos e modificar keyframes. Mais controles foram adicionados ao modo Trim para melhorar a capacidade de visualização em operações de edição mais precisas. A janela Project foi modificada e ampliada para melhorar a visualização das informações referentes aos clips contidos no projeto. Agora é possível visualizar um preview numa pequena janela antes de enviar um clip para a Timeline ou facilmente conferir as características de um clip na janela Settings. Essas e outras modificações facilitaram a administração dos clips dentro do projeto. A maneira de adicionar efeitos de áudio e vídeo também mudou no Premiere 6.0. A nova paleta Effect Control, semelhante à paleta do Adobe After Effects, permite fácil acesso a todos os efeitos e melhor organização. Oferece controle sobre os parâmetros de cada efeito com a respectiva visualização em tempo real na janela Monitor. Em relação à organização da área de
TELA VIVA AGOSTO DE
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c a p a
trabalho (workspace), o usuário poderá escolher entre quatro presets disponíveis, de acordo com as suas necessidades em cada momento da edição: A/B Editing, Single-Track Editing, Effects e Audio. Durante o processo de edição ele poderá alternar entre os presets, modificálos ou criar outros e salvá-los para posterior utilização. O Premiere 6.0 é totalmente compatível com outros aplicativos da Adobe como o Photoshop, o Illustrator e o After Effects, e tem interface semelhante à destes programas. Para o desenvolvimento de conteúdos para a web o Premiere também é integrado ao GoLive e ao LiveMotion. A Adobe comercializa coleções por preços especiais como a Digital Video Collection que inclui os softwares Premiere 6.0, Photoshop 6.0, Illustrator 9.0 e After Effects 5.0. Para completar a integração entre os softwares, o Premiere 6.0 inclui o comando Edit Original que permite a atualização de arquivos
compartilhados por outros aplicativos.
avid xpress dv v2 Em sua segunda versão, o software Xpress DV, da Avid, é uma solução de baixo custo para edição não-linear em notebooks ou workstations. Nos Estados Unidos o software é comercializado no próprio site da Avid por US$ 1,699 mil. Ideal para profissionais que trabalham com formatos DV, edição off line ou conteúdos para a web, o Xpress DV v2 é intuitivo e fácil de usar. É compatível com outros sistemas da Avid, como o Media Composer, o Symphony e o Avid Xpress. Os recursos para a edição e os efeitos foram melhorados. O Xpress DV v2 tem suporte para dual monitor (apenas para workstations), teclado mapeável, paleta de comandos para personalização da interface, ajuste de tamanho do monitor, botões da timeline configuráveis, marcadores de áudio
Os equipamentos DV transferem dados pela porta IEEE 1394.
separados e lista undo/redo. O comando Create DVD e os outputs MPEG-1 e MPEG-2 através do Sonic AuthorScript tornam o software ainda mais adequado para aplicações DV. O software suporta um grande número de câmeras, VTRs e placas DV in/out IEEE 1394. Há o pacote PowerPack, comercializado a US$ 2,999 mil no site da Avid, que é composto pelo Xpress DV v2 e inclui o
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c a p a
equivalente a US$ 4,2 mil em softwares: Avid ePublisher Companion Edition (para páginas da web sincronizadas ao vídeo), Knoll LightFactory AVX (para efeitos de luz e lens flare), Pinnacle Commotion DV 3.1 Full Version (para composição, rotoscopia e pintura), Sonic Solutions DVDit! SE (para criação de DVDs), Image Stabilize AVX (para correção de movimentos de câmera abruptos) e o DV Filmmaker’s Toolkit (um conjunto de ferramentas que facilitam a edição). No site da Avid é possível verificar todos os equipamentos compatíveis com o sofware (placas DV in/out, notebooks, workstations etc).
final cut pro 2.0 Por que pagar mais para alugar um sistema de edição quando você pode ser o dono do seu próprio sistema? Com essa pergunta a Apple vem promovendo o Final Cut Pro 2.0 e ganhando cada vez
mais mercado na área de produção de vídeos. O Final Cut Pro 2.0 foi desenvolvido para atender à maioria das necessidades dos editores de vídeo profissionais. A mais nova versão do software da Apple ganhou recursos em tempo real, novas ferramentas para a administração das mídias, suporte para todos os formatos de vídeo profissionais e um pacote de aplicativos que inclui programas como o Cleaner 5 EZ (para a preparação de projetos para a web) e o editor de áudio BIAS Peak DV. Em resumo, o Final Cut Pro 2.0 tem recursos e ferramentas de sistemas de edição profissionais dez vezes mais caros. Entre as muitas melhorias na interface e nos recursos estão: suporte à edição em 24 fps, gerador de textos em scroll, color bars e tone que não precisam ser renderizados e indicadores de nível de áudio. Graças à nova arquitetura baseada em real time QuickTime recursos de composição, movimento, distorção e sombras são processados em tempo real quando instalada uma placa RT-
O Premiere 6.0, para as plataformas Windows e Mac OS, e o Final Cut Pro 2, que roda em Mac OS.
PCI, como a RTMac da Matrox. Além de um conjunto de ferramentas para composição e 75 filtros e efeitos, o Final Cut Pro 2.0 suporta plug-ins do Adobe After Effects. A administração dos clips dentro do projeto também foi melhorada com controles precisos e múltiplas pastas para a organização dos clips e dos efeitos. Quando comparado à sua versão anterior (1.2.5 com o QuickTime 4.1.2) a nova versão (2.0 com o QuickTime 5) melhorou em 30% a performance num Power Mac G4 e 70% num Power Mac G4 dual-processor.
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publ i c i d a d e Letícia
de
Castro
IMPORTAÇÃO DE COMERCIAIS Para colocar no ar comerciais produzidos fora do Brasil, geralmente, uma produtora assume a responsabilidade pela adaptação e tramitação do processo de legalização.
Quem assiste a um comercial estrangeiro na televisão não faz idéia do caminho que ele percorre até ser levado ao ar. Por menores que sejam as alterações feitas, há um trâmite legal que deve ser respeitado para que o filme e os anúncios cheguem até o consumidor. Todo esse processo é executado pela produtora responsável pela adaptação da campanha ao mercado brasileiro. Contratada pela agência brasileira, a produtora reunirá uma vasta documentação dos produtores e da agência internacionais, bem como da agência brasileira. O material é encaminhado ao Ministério da Cultura, que, após analisar a
papelada, libera a importação. Conquistada a licença de importação começa o processo de adaptação, sem o qual a campanha não pode ser veiculada. “É uma exigência da lei que o produto seja adaptado para chegar ao mercado brasileiro”, afirma Bruno Pardini Júnior, proprietário da Fast Films, produtora que faz este tipo de trabalho. A adaptação deve respeitar três das seguintes exigências: o filme tem de ser falado ou escrito em português, ter a trilha sonora composta e gravada no Brasil, ter um diretor brasileiro, 50% do filme tem de ser realizado e finalizado no Brasil, além de contar com um terço da equipe de profissionais brasileiros. Alguns resultados desse processo que podem ser conferidos pelo público brasileiro atualmente são filmes como o do carro Picasso, da Citroën, alguns da IBM, e American Airlines. Todos chegaram prontos ao Brasil e sofreram essas pequenas alterações para poderem ser veiculados.
mercado Para Zuza Tupinambá, vicepresidente de criação da agência multinacional Ogilvy, cuja sede
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fica em Nova York, a quantidade de campanhas importadas no mercado tem diminuído consideravelmente nos últimos anos. “Acho que as pessoas estão mudando a mentalidade e percebendo que é importante ter um traço regional na publicidade, para ajudar a identificação do consumidor com o produto”, afirma. Segundo ele, há 15 anos, a Ogilvy fazia o triplo de adaptações do que faz hoje. Cerca de 40% de seus clientes atuais são empresas internacionais e, ainda assim, a agência produz 95% dos trabalhos no Brasil. De acordo com ele, o que tem ocorrido com mais freqüência nos últimos dois anos é a criação de um conceito global para a campanha, que se adapte a diferentes formatos, definidos regionalmente. “Assim, podemos respeitar o estilo de vida e os valores locais de cada país, aplicando um conceito global”, afirma Tupinambá. A campanha da marca de cosméticos Neutrogena, desenvolvida no Brasil pela DM9DDB, é um caso desse tipo. Até o ano passado, a agência apenas adaptava o conteúdo que recebia da matriz norte-americana. “Percebemos que não estava funcionando no Brasil, porque a marca ainda não era tão conhecida aqui”, afirma Antonia Teixeira, diretora de contas da DM9DDB em São Paulo. Este ano, a agência decidiu produzir toda a campanha no Brasil, obedecendo ao conceito global, definido nos Estados Unidos. “Nós seguimos as diretrizes já estabelecidas, mas criamos uma nova linguagem, adaptada à consumidora brasileira”, diz Antonia. Dessa maneira, pretendem aproximar a marca, ainda desconhecida no Brasil, do público brasileiro. Com uma estratégia mais flexível, as campanhas da IBM são criadas na matriz da agência Ogilvy, em Nova York, mas conta com a participação de membros das filiais da empresa. “Sempre vai alguém do Brasil a Nova York. Quando não é possível, eles
nos mandam a estratégia que foi traçada para nós opinarmos. Assim diminuímos as discrepâncias”, acredita Zuza Tupinambá. Definida a estratégia, a agência norte-americana produz dez filmes que serão usados nas campanhas por todo o mundo. Cada país pode escolher os comerciais que mais se adaptam à sua realidade e, ainda assim, fazer alterações. Além de simplesmente traduzir o texto dos anúncios e filmes, as agências regionais podem fazer uma nova adaptação e mudar o conteúdo da mensagem, sempre respeitando as diretrizes da campanha. “Costumamos colocar mais humor na campanha da IBM e deixar os textos mais coloquiais, com cara de Brasil”, conta o publicitário. Em alguns casos, é preciso filmar novamente o pack shot, trecho final do comercial em que aparece a marca do produto, pois os logotipos ou embalagens podem ser
diferentes em cada país. Mesmo assim, ainda há aqueles clientes que fazem questão de manter uma comunicação uniforme no mundo inteiro. É o caso da American Airlines, cujos comerciais são elaborados nos Estados Unidos pela DDB e trazidos para o Brasil pela DM9DDB. “Nós apenas traduzimos os textos dos anúncios e publicamos”, afirma Pedro Cappeletti, diretor de criação da agência no Brasil. Segundo Cappeletti, em casos desse tipo a campanha nem passa pelo departamento de criação da agência brasileira. “Eles só aproveitam a nossa inteligência de mídia, que escolhe os veículos em que produto será anunciado.” Para ele, há uma diferença sutil, mas, ao mesmo tempo, clara entre uma campanha produzida no País e outra adaptada. “É a mesma diferença entre a comida feita na hora e a congelada. A congelada é
mais prática e quebra um galho, mas nunca é mais gostosa que aquela feita na hora”, brinca.
custos Geralmente, uma campanha importada, em que são feitas poucas adaptações, sai mais barata que aquelas produzidas integralmente no Brasil. A economia, no entanto, varia de acordo com o caso. Segundo Bruno Pardini Júnior, da Fast Filmes, os gastos com adaptação podem variar entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, incluindo os impostos de importação. Cerca de 15 anos atrás esse custo era pelo menos duas vezes maior. Para Pedro Cappeletti, da DM9DDB, a diferença de gastos entre a campanha produzida no Brasil e a importada não costuma ser tão expressiva. “O maior gasto é com a veiculação, e não com a produção. Em alguns casos, para cada R$ 1 milhão que se gasta com mídia, costuma-se gastar R$ 150 mil em produção”, exemplifica.
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p r o d u ç ã o Lizandra de Almeida
ANIMAÇÃO COM CONTEÚDO Arnaldo Galvão, com quem Laís já trabalhava na Terracota, fez com que ela o convidasse para dirigir o piloto Dias encara o desafio de da série, que terá cinco minutos. implementar um núcleo voltado “Será um trabalho a longo prazo, que reunirá uma equipe de mais de 20 para a produção em 2D e 3D pessoas quando a produção 2D estiver realmente acontecendo”, conta. nos EstudiosMega. “Depois que viemos para o projeto, o Arnaldo e um roteirista trabalharam o argumento e desenvolveram o roteiro do piloto. Preparamos, então, um cronograma que envolve todas Depois de dois meses de formatação e as etapas - da criação da cenografia, contratação de equipe, os EstudiosMega passando pelo storyboard e pelo colocaram em pleno funcionamento shooting board, e vamos levar seis em julho seu Núcleo de Produção de meses para desenvolver”, explica. Imagem Digital. Diferentemente dos Aproveitando os recursos da própria tradicionais departamentos de comcasa, o desenho será enriquecido putação gráfica 3D e efeitos especiais, com imagens 3D em sua cenograo núcleo tem como objetivo produzir fia. A série é destinada ao público conteúdo em animação, em qualquer infanto-juvenil e terá 28 episódios. tipo de técnica, para mídias e objetivos Mais informações? Só daqui a algum diferentes. tempo. Laís faz suspense. A responsável pela implementação Enquanto a equipe de criação se do núcleo é Laís Dias, que deixou a dedica ao piloto, Laís e os sócios do empresa da qual era sócia - a Terracota Mega partem para a prospecção de - para aceitar o desafio de trazer para futuros distribuidores. “O projeto a finalizadora o novo departamento. está sendo desenvolvido com olhos O que a seduziu, além do tamanho do não só para o mercado interno, mas empreendimento, foi a possibilidade de também para o exterior. Nos últidesenvolver produtos inéditos a partir mos três anos, tenho participado do do núcleo. Ao lado do objetivo maior de Festival de Anecy, um dos principais oferecer ao mercado publicitário - que do formato, e vejo que esse tipo de já é cliente da casa - serviços mais elab- produção está apenas começando orados de computação, a diretoria do no Brasil. Muita gente tem idéias Mega apresentou a Laís o argumento de para séries, mas poucas investem uma série de animações para a TV, que no desenvolvimento destas idéias de já está sendo produzida por sua equipe. forma séria - inclusive para saber se A parceria com o diretor de animação o argumento tem fôlego para vários A diretora de animação Laís
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episódios. Não somos ingênuos a ponto de achar que vamos vender a série fácil, mas estamos trabalhando para que o piloto seja nosso grande instrumento de vendas”, avalia Laís.
talentos O trabalho relativo ao piloto garantirá, também, a formação de novos profissionais. Para montar sua equipe fixa, Laís teve de ir ao mercado e descobrir pessoas. “Quando eu comecei a trabalhar com computação gráfica, havia muito pouca gente disponível. Hoje, com a facilidade dos computadores e softwares - que todo mundo tem - existe muita gente boa trabalhando em casa. É preciso sair para procurar, mas realmente não é difícil encontrar”, acredita. A dificuldade maior, porém, é treinar as pessoas. “Como não existe uma formação específica na área, as pessoas não costumam refletir sobre sua criação. Já pulamos a etapa do domínio da ferramenta, mas é preciso trabalhar esses talentos.”
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p r od u ção
Entre os novos animadores contratados, estão Márcia Alevi, que vem do mercado publicitário, e o francês Sylvian Berré. Com repertórios bastante diferentes, assim como suas formações, os dois estão sendo apresentados ao mercado publicitário. Laís também pretende oferecer outros diretores, free lancers, às agências. Ao todo, a equipe conta com cerca de 15 profissionais, oito na área de 3D e sete em 2D. Alguns já estavam na casa, outros vieram de fora. Uns são muito jovens, outros têm mais experiência. A formação vai da Engenharia ao Desenho Industrial. É justamente essa integração entre pessoas e a disponibilidade de equipamentos que estão motivando Laís. No núcleo, a equipe utiliza o Maya e também tem um Flame dedicado, mas desde a telecinagem é possível trabalhar em conjunto com os profissionais do Mega, nos equipamentos específicos. “É muito bom acompanhar o processo desde o início e saber que todos têm o mesmo nível de
O SS DNO ROA E T B I LE VIS D NA CAB & AN T 01 ST CAS 20
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P REC U RS O RA Laís Dias tem uma formação diversa, assim ção, feita na época em um PC adaptado. como a maioria das pessoas de sua gera-
Saindo da TV, foi para Milão onde fez está-
ção que hoje trabalha em computação grá- gios e conheceu equipamentos 3D. Ao fica. Cursou arquitetura, mas se especial-
voltar, foi convidada para integrar a
izou em história da arte. Quando entrou no
equipe da Vetor Zero, que começava a
mercado, partiu para a cenografia. Durante crescer. Quatro anos depois, tornou-se sete anos, passou por várias emissoras.
sócia da Terracota. “Agora estou pas-
Fez parte da equipe do primeiro programa
sando por outro momento, começando
“Rá-Tim-Bum”, da TV Cultura, onde conheceu do zero novamente, em uma nova o chroma-key e desenvolveu pequenas anima- estrutura, mas com a perspectiva de ções. Foi seu primeiro contato com a computa- produzir coisas inéditas”, afirma.
envolvimento. O filme sai a partir do trabalho de um time e não de várias horas de finalização. Desde a chegada do negativo até a entrega da cópia, estamos todos ligados em rede.” Em São Paulo os EstudiosMega ocupam quatro casas, todas na rua Bahia, no bairro de Higienópolis. A primeira casa abriga a finalizadora, com os telecines e equipamentos de composição. Ao lado,
está a coligada Garimpo, que presta serviços de edição off line, e o núcleo de animação. Mais adiante, o laboratório ocupa duas casas. A empresa ainda está construindo um estúdio de gravação profissional, investindo em sua vocação inicial a música. O núcleo de DVD, coordenado por Patrícia Sacon e Chaban, deve ser deslocado para essas novas instalações.
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c i ne m a Paulo Boccato
UNIÃO CONTRA A CRISE Principais entidades do cinema paulista planejam encontro para definir estratégia contra paralisação da produção no estado.
O momento de impasse vivido pelo cinema brasileiro com a crise na política federal de incentivo fiscal ganha tintas mais fortes em São Paulo. Maior força econômica do País, o estado não tem uma contrapartida na economia cinematográfica. Historicamente atrás do Rio de Janeiro em escala de produção - com a possível exceção do ciclo de pornochanchadas que, nos anos 70, transformou a Boca do Lixo, na
região central paulistana, em um “pólo” de cinema totalmente autosustentável - São Paulo também perde feio para outros estados brasileiros em termos de políticas oficiais para o setor. O golpe de misericórdia foi dado no último semestre, quando o Programa de Integração Cinema - TV Cultura (PIC-TV) foi extinto. Polêmico, acusado de ser pouco transparente por vários setores do cinema paulista, o PIC ainda assim colocou recursos ou viabilizou a captação de mais de 30 filmes na última década, sendo o único traço existente de uma política para a produção de longas em São Paulo. Nada foi colocado em seu lugar - a não ser a existência do projeto de
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reconstrução dos estúdios da Vera Cruz, unanimemente considerado um “elefante branco” pela classe cinematográfica. Por outro lado, o chamado “cinema cultural” - como são normalmente considerados os curtas, documentários e filmes de estreantes - sofre com a inconstância das edições do Prêmio Estímulo, tradicional suporte à produção de curtas em São Paulo que, depois de ser editado anualmente durante três décadas, passou alguns anos em branco nas duas gestões do governador Mário Covas. Em 2000, por exemplo, não foi publicado nenhum edital - a premiação de 1999 estava sendo contestada na Justiça - e o de 2001, cujos resultados foram divulgados em julho último, teve, talvez por falta de hábito dos realizadores, a pífia participação de 40 projetos inscritos (normalmente, eram mais de uma centena). Enquanto isso, estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraná avançam em estratégias para o desenvolvimento do setor.
mobilização A situação de crise vem provocando uma mobilização geral da classe cinematográfica. Sicesp (Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo), Apaci (Associação Paulista de Cineastas), Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo) e ABD-SP (Associação Brasileira de Documentaristas, seção São Paulo) armam um encontro do cinema paulista para este trimestre, visando traçar uma política cinematográfica de longo prazo e, por ora, apresentar um plano de emergência para o governo do estado e para a Prefeitura Municipal de São Paulo. “Quem vê de fora considera que o cinema brasileiro vive um ótimo momento. Há vários filmes em car-
O cinema paulista taz, conseguindo bons resultados de bilheteria e muitos são de São Paulo. O problema é que esses filmes foram produzidos com verbas captadas há dois, três anos. De lá para cá, a captação de recursos definhou”, considera o cineasta Toni Venturi, recém-empossado na presidência da Apaci e diretor de “Latitude zero”, longa que será lançado no próximo mês de setembro. “Vivemos a extinção de um modelo - o das leis de incentivo - e a discussão de uma nova política para o cinema do País. Temos de cuidar deste período de transição para que não percamos o público conquistado duramente nestes últimos anos e para que as produtoras não fiquem descapitalizadas”, define Venturi. A nova política a que se refere o cineasta tem sido traçada apenas em nível federal e é resultado da atuação do Gedic (Grupo Executivo de Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica), criado em novembro de 2000 e que reúne representantes da classe cinematográfica e do governo, sendo coordenado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente. O grupo propõe a criação de uma Agência Nacional de Cinema, desvinculada do Ministério da Cultura, e, entre outras medidas, a aplicação mais efetiva de taxações sobre o produto audiovisual estrangeiro e o faturamento publicitário das emissoras de TV, além do fortalecimento de pelo menos três distribuidoras de filmes no Brasil. “O problema é que esse modelo, em tese, não privilegia as características do cinema feito no Estado de São Paulo”, opina o cineasta Manoel Rangel, presidente da Comissão Estadual de Cinema, órgão que administra as questões ligadas ao setor no estado, e da ABD-SP. Para Rangel, o cinema paulista vive de pequenos núcleos de produção independente, onde ainda é muito
ainda vive de pequenos núcleos de produção independente. presente a figura do diretor-produtor. “No Rio de Janeiro, ao contrário, existem as grandes produtoras, que trabalham com carteiras de filmes, como a Conspiração e a LC Barreto. De lá, normalmente, vêm os filmes brasileiros que alcançam grande distribuição e que se enquadram melhor no novo modelo.”
produção local Além disso, mesmo com boa parte do dinheiro do País concentrado na região da Avenida Paulista, o maior volume de captação jamais ficou com os cineastas locais, o que é agravado pela crise nas leis de incentivo. Por isso tudo, Rangel defende a existência de uma política no estado que leve em conta as especificidades do modo de produção local. “Uma tradição no cinema de São Paulo é que, nas últimas décadas, jamais se produziu por aqui uma política cinematográfica consistente, de longo prazo. Isso é o que queremos pensar a partir do encontro”, diz. “Há um plano de emergência já discutido entre todas as entidades, mas devemos partir para uma proposta mais permanente se quisermos que o cinema paulista pare de viver situações de crise”, defende o diretor social do Sindcine, Tony de Souza. Esse plano de emergência (ver quadro) inclui a aplicação, pelo governo estadual, de cerca de R$ 15 milhões para a produção de longas, curtas e documentários, desenvolvimento de projetos, preservação, difusão cultural e profissional-
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c inema
ização do setor. “Essa proposta é para aplicação imediata, visando passar por esse momento de transição vivido pelo cinema brasileiro”, adverte Venturi, da Apaci.
diretrizes Um entrave nas discussões é o Secretário Estadual de Cultura, Marcos Mendonça, que já demonstrou publicamente, em várias ocasiões, ser pouco afeito ao setor. Uma alternativa é abrir o diálogo para P L AN O
D E
A Comissão de Cinema do Estado de São Paulo acaba de elaborar um plano de emergência para vencer a situação de crise no setor. A proposta, assinada por Manoel Rangel, Toni Venturi, Malu Ferreira, Marcello Tassara, Marília Franco, Ivan Ísola e Maurício Fernandes, conta com o apoio das entidades de classe, que ressaltam seu caráter emergencial e transitório. Um projeto de longo prazo deve surgir a partir de um encontro a ser realizado em breve — até o fechamento desta edição, as datas estavam em discussão, para serem marcadas entre o final de agosto e o mês de outubro. Conheça os pontos do programa de emergência: • Fomento ao longa-metragem, com investimentos de R$ 12 milhões na produção de 12 longas (R$ 800 mil para cada filme), finalização de seis (R$ 150 mil cada), comercialização de mais seis (R$ 100 mil cada) e produção de nove documentários em suporte digital (R$ 100 mil cada). • Estímulo ao estreante, com
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várias instâncias do poder público. “Estamos articulando apoios da Assembléia Legislativa, em conversas com seu presidente, o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), e trabalhando para apresentar nossas propostas ao governador Geraldo Alckmin, que tem uma postura um pouco complicada em relação ao cinema”, diz a produtora Assunção Hernandez, presidente do Sicesp. A possibilidade de envolver outras secretarias de estado na questão é vista com bons olhos. “No âmbito E M ER G NC I A apoio direto ao desenvolvimento de dez roteiros e projetos de longas de estreantes, no valor de R$ 24 mil cada, mais um custo de consultoria anual ao trabalho de roteirização e elaboração no valor de R$ 100 mil. • Duas edições do Prêmio Estímulo para Curta-Metragem, com premiação de 12 filmes cada, no valor unitário de R$ 40 mil. • Projeto “Curta o curta”, de exibição itinerante de curtas em bairros da capital e cidades do interior. • Restauração e copiagem de 15 longas paulistas, com organização de retrospectiva dos filmes restaurados, a um custo médio de R$ 60 mil por filme. • Publicação de uma coleção de livros de cinema a partir de teses acadêmicas e outros trabalhos teóricos. • Atualização de banco de dados sobre os profissionais do cinema paulista, a um custo de R$ 60 mil. • Promoção de cursos de atualização profissional, a um custo de R$ 175 mil.
federal, com o Gedic, isso já ocorre, havendo a participação de representantes de vários ministérios na mesa de debates. Poderíamos trabalhar algo semelhante em São Paulo, envolvendo as secretarias de Turismo, Trabalho, Indústria e Comércio etc.”, considera Assunção. “A inspiração poderia ser o modelo da Fundacine, fundação que cuida do setor audiovisual no Rio Grande do Sul e integra governo do estado, prefeituras, federações da indústria e do comércio, entidades da classe cinematográfica e universidades”, propõe Rangel. Seria uma espécie de Casa do Cinema Paulista. “Nossa proposta é que esse novo órgão cuide das diretrizes de uma política para o cinema do estado como um todo. Desde investimentos direcionados a vários projetos, apoio para difusão no exterior, intermedia-
O grupo paulista pretende apresentar propostas para superar entraves políticos e financeiros. ção com agências de produção, pólos de cinema, festivais e canais de TV, e outras ações”, defende Venturi. “É preciso também colocar a questão da geração de empregos como argumento nas discussões”, lembra Souza, do Sindcine, que também levanta a hipótese de que São Paulo volte a ter uma lei estadual de incentivo à cultura. “A arrecadação de ICMS em São Paulo é imensa. Essa lei foi lançada pelo governo Fleury, mas o Marcos Mendonça a transformou numa espécie de con-
curso, um mero mecanismo para distribuição de verbas da cultura entre prefeituras do interior e uns poucos projetos da iniciativa privada”, critica. No nível municipal, as dificuldades aumentam, já que a Prefeitura de São Paulo vive um momento de grave crise financeira. Em meados de 99, surgiu a idéia da criação da São Paulo Filmes, uma distribuidora nos moldes da carioca Riofilmes. Essa idéia já foi abandonada pela classe. “Consideramos que a distribuição deve ser resolvida no âmbito federal. A SP Filmes evoluiu para algo mais amplo com a idéia de se criar uma Casa do Cinema Paulista. Mas claro que a prefeitura pode participar nesse processo também”, afirma Venturi. Por ora, as ações do novo Secretário Municipal de Cultura, Marco Aurélio Garcia, restringem-se à difusão cultural nos bairros de periferia.
t ele d r a m a t u r g i a Mônica Teixeira
HISTÓRIAS E CONTOS A RBS incentiva a produção regional de teledramaturgia e conquista os telespectadores, colocando no ar o jeito gaúcho de ser.
Teledramaturgia. A palavra que virou sinônimo de novela ganha novas interpretações no Rio Grande do Sul. A RBS TV de Porto Alegre, afiliada da Rede Globo, em parceria com a Casa de Cinema começou a produzir teledramaturgia com sotaque gaúcho e num formato diferente. “Contos de inverno” são quatro episódios com 20 minutos de duração cada. As gravações foram feitas entre maio e junho. A RBS entrou com a estrutura - câmeras Beta digital e ilhas de edição - e a Casa de Cinema, com a experiência de quem produz dramaturgia há muito tempo. Cada episódio custou R$ 50 mil. O primeiro a ir ao ar, “A importância do currículo na carreira do ator” foi rodado em seis dias em Porto Alegre com uma equipe de 30 pessoas. É uma comédia que brinca com as situações vividas por atores para conseguir um bom papel. Na história, Ernesto tenta descobrir de que forma pode ser um ator, depois de quatro anos de faculdade: montando Shakespeare ou elaborando um bom currículo? “Jogos do amor e do acaso”, com roteiro de Jorge Furtado,
Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil todos da Casa de Cinema - e colaboração de Luís Fernando Veríssimo conta o envolvimento de dois colegas de trabalho com mulheres que conheceram na Internet: uma é manicure, a outra milionária. “Tudo num só dia” narra o drama de um escritor em crise, que não consegue terminar seu livro e é abandonado pela mulher. Ele sai atrás dela pelas ruas e descobre coincidências entre a história que escreve e a que vive. Em “O amante amador”, dirigido por Carlos Gerbase, o mesmo de “Tolerância”, Ewerardo é um marido exemplar que pensa em trair a mulher pela primeira vez. Ele conta a idéia a um amigo que sugere que ele invente uma amante fictícia para testar a reação da mulher. O problema é que Ewerardo se entrega à fantasia. O público gaúcho gosta de se ver na tela da TV e garante o sucesso de produções locais. No ano passado, a RBS exibiu 38 curtas-metragens gaúchos, selecionados entre os melhores produzidos no estado nos últimos 20 anos. Entre eles, “Ilha das flores”, de Jorge Furtado, vencedor do Urso de Prata em Berlim. Foi um sucesso, com 43 pontos de audiência.
sonho antigo “Contos de inverno” retoma o formato de curta-metragem. Mas dessa vez, pro-
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duzido especialmente para televisão. Para Jorge Furtado, roteirista de um dos episódios, “ter produção de teledramaturgia no estado era um sonho antigo. Nós temos bons atores, diretores e roteiristas, só faltava onde fazer”. A produção de teledramaturgia, que já foi a base da programação local na antiga TV Piratini, inaugurada em 1959, está esboçando seu retorno aos poucos. Em 1999, com os “Vinte gaúchos que marcaram o século XX”, a emissora convidou diretores de cinema, TV e publicidade para contar em 20 minutos a história de uma personalidade. Os nomes foram escolhidos através de votação, num total de quase 1,8 milhão de votos. Entre os mais imporantes gaúchos - segundo os próprios gaúchos - estão Érico Veríssimo, Mário Quintana, Getúlio Vargas, Lupicínio Rodrigues e Elis Regina. Para o elenco, foram convidados atores da terra nacionalmente conhecidos como Paulo José, Walmor Chagas e não gaúchos como Otávio Augusto e Francisco Milani, além de músicos e atores locais. A RBS tem outros planos para este ano. A partir de outubro, deve exibir oito curtas de ficção com 15 minutos de duração. Os roteiros dessas “Histórias curtas” foram selecionados através de um concurso, com 50 projetos inscritos. As oito histórias finalistas foram escolhidas por um júri formado por profissionais de TV e cinema. Cada produção recebe R$ 25 mil da RBS e, em troca, a emissora tem o direito de exibição na TV aberta. “É inédito. A RBS deve ser a única empresa privada no Brasil que faz isso. A idéia é formar pessoas e aproximar o público da TV, regionalizando, ouvindo o nosso sotaque”, explica Gilberto Perin, coordenador do núcleo de programas especiais. No ano que vem, a emissora pretende repetir a dose com novos ‘Contos de inverno’ e ‘Histórias curtas’.” Perin garante que no Rio Grande do Sul não falta talento. “Falta continuidade no trabalho. Com a carência de produção em teledramaturgia, as pessoas se deslocam para outras áreas.” Mas a RBS está decidida a continuar produzindo.
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( making of )
Lizandra de Almeida
Brincadeira sem preconceito Em geral, trabalhar com crianças costuma exigir maior planejamento e concentração redobrada da equipe. Quando o número de crianças é muito grande, o empenho tem de ser ainda maior. No caso do filme “Crianças”, além de haver 60 pimpolhos reunidos, parte deles era portadora de algum tipo de deficiência e só havia um dia para a filmagem. O filme, criado pela equipe
ficha técnica crianças
Cliente Ministério da Saúde / Sorri Brasil
Produto Institucional
da BelmontCom, tem como objetivo divulgar uma mensagem antipreconceito, mostrando como é possível integrar o deficiente — seja físico ou mental — desde a infância. A idéia era mostrar muitas crianças brincando — crianças de todas as raças, normais ou especiais — em um grande jardim. “Quisemos mostrar que os deficientes têm os mesmos direitos de cidadania, mas que por preconceito não são respeitados. E as crianças, melhor do que ninguém, são capazes de se integrar sem preconceitos”, analisa o diretor de criação Daniel Belmont. A campanha, que inclui um filme de um minuto, 90 segundos e spots para rádio, foi criada para a Sorri Brasil,
federação ligada ao Ministério da Saúde que reúne diversas ONGs que trabalham com deficientes. O filme mostra as crianças brincando em um parque, em um ambiente que remete a sonho. Em off, a voz de um menino diz que um dia não haverá mais preconceito e todas as crianças poderão viver integradas. Enquanto o menino fala, as imagens mostram as crianças brincando juntas, com imagens em sépia. Então entra outra locução, feita pelo ator Paulo Goulart, dizendo que na verdade o sonho pode ser real, bastando apenas que as pessoas cumpram as leis já existentes, que propõem o acesso aos deficientes. As imagens, então, tornam-se coloridas.
Agência BelmontCom.
Dir. de Criação
Casting especial
Daniel Belmont
Para selecionar as crianças que participariam do filme, a produção recorreu a
Criação
clientes anteriores. No ano passado, a Planeta já tinha produzido filmes para a
Daniel Belmont, Octávio Gianinni e Ione Fabiano
AACD e o Centro de Informação para a Vida Independente (Civi). Aproveitando
Produtora
parecida com a da vida real entre as crianças especiais e normais — cerca
Planeta Produções
Direção Marcelo Braga e Mazinho Botelho
Fotografia Bobby Cohen
Produção Cássio Mattos e Equipe Planeta
Montagem William de Rogatis
Finalização
a proximidade dos temas, pediu sugestões. Era preciso ter uma proporção de 10%, segundo o diretor Marcelo Braga. O grupo ainda deveria reunir portadores de tipos diferentes de deficiências. Com a ajuda das instituições, foram selecionadas uma criança cega, algumas com deficiências físicas, outra com paralisia cerebral e outra com síndrome de Down. Braga também tinha de escolher crianças normais que encarassem a situação da forma mais natural possível. Por isso, recorreu a uma escola na capital paulista que promove a integração de deficientes e mesclou com
Planeta Produções e Espaço Digital
crianças de diversas origens
Trilha
antes de mais nada, o fim de
Vice e Versa (maestro Fernando Ribeiro, violão Palhinha)
qualquer tipo de preconceito.
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étnicas, já que o filme prega,
integração com tato Além de todas as preocupações com as
explicar as cenas antes e colocar cada
crianças, a produtora tinha apenas uma
criança na cena mais adequada. Mas
diária para rodar todos os planos e o
elas mesmas descontraíam o ambiente,
roteiro pedia um dia ensolarado, com o
estavam rindo o tempo todo. É incrível
céu bonito. O planejamento teve de ser
quando paramos para pensar. Reclama-
feito nos mínimos detalhes, com um
mos de tantas coisas e essas crianças
shooting board seguido à risca.
estão sempre rindo...”, completa Braga.
Quando se fala em 60 crianças no cast-
No filme, é possível notar a presença
ing, também devem ser considerados
de duas crianças que têm uma grave
60 acompanhantes. Ou seja, as loca-
deficiência física. Ambos têm o mesmo
ções receberam cerca de 120 pessoas
problema: as pernas e um dos braços
para o filme, fora as quase 40 pes-
não são completos. Com o auxílio de
soas da equipe.
próteses ou apenas de um protetor, os
O diretor Mazinho Botelho conta que a
dois caminham e brincam normalmente.
ambientação com as crianças custou
A garota participou de uma cena em que
um pouco, porque os cuidados sempre
várias crianças andam sobre o tronco
acabam sendo excessivos. “Ficamos
de uma árvore. O garoto estava muito à
procurando as palavras, porque nessas
vontade brincando de esconder. “Pro-
horas descobrimos que também temos
pusemos sempre brincadeiras simples,
dificuldade para lidar com a situação”,
brincadeiras de rua às quais qualquer
diz Botelho. “Tivemos muito tato para
um pode ter acesso”, afirma Braga.
câmera presente As cenas foram rodadas
cenas que remetem a sonho foram trabalhadas em
em um bosque no Sesc
Smoke na Espaço Digital. “As cenas de sonho foram as
Interlagos, zona sul de
últimas a ser filmadas. Nessa época do ano, no final da
São Paulo. A produção
tarde, o sol fica muito baixo e perdemos um pouco dos
utilizou uma câmera
fundos. No Smoke, fizemos os highlights e aqui trata-
35 mm e alguns recursos extras para mostrar as
mos as imagens em sépia”, explica Braga.
situações mais de perto. As cenas do alto foram feitas
“Apesar de termos uma só diária para filmar, o bom
com uma grua e a partir de um certo ponto das filma-
de trabalhar com crianças é que elas se integram
gens foi usado um steadicam, que permitia uma visão
naturalmente. Não precisamos ensaiar nada, porque o
mais próxima das crianças.
roteiro simplesmente pedia que elas brincassem — e
A montagem foi feita na própria produtora, mas as
elas agem de maneira muito natural”, conclui Daniel.
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p r o g r a m a ç ã o
SIRENES LIGADAS O crime é a matériaprima para a produção de programas exibidos nacional e regionalmente. A violência e o drama de vítimas reais estão presentes na grade de programação de quase todas as emissoras de TV.
Com uma toalha no pescoço e um cacetete na mão, o apresentador demonstra sua indignação com as reportagens mostradas no programa e brada: “Cadeia neles!”. A mise-en-scène popularizou Luiz Carlos Alborghetti, criador de um jornal policial que, entre idas e vindas, está no ar há 22 anos. O “Cadeia” foi criado em Londrina, em 1979. Tinha apenas cinco minutos de duração. Foi ganhando tempo e chegou a ser um programa nacional. As variações de nome - “Cadeia nacional” e “Cadeia neles” não afetaram o conteúdo: reportagens fortes e críticas contundentes. A carreira de um dos mais populares apresentadores de TV começou ali. Carlos Massa, o Ratinho, foi repórter do programa. Depois, diante da recusa
de Alborghetti de apresentar o “190 urgente” na CNT, um clone do “Cadeia” que na época estava fora do ar, Ratinho assumiu. Mais tarde, o apresentador levaria algumas características para o seu programa de auditório. O cacetete, por exemplo, e o vigor na encenação de toda a indignação diante da violência. Alborghetti saiu do vídeo e voltou várias vezes. Hoje, ele divide seu tempo entre a Assembléia Legislativa de Curitiba (PR), onde é deputado estadual pelo PTB e a CNT, onde apresenta, todos os dias, o programa policial e continua bradando por justiça e cadeia aos criminosos. O “Cadeia”, exibido para Curitiba, litoral e norte do estado do Paraná, tem média de oito pontos no Ibope, chegando a ocupar o segundo lugar no horário. “O Alborghetti tem credibilidade”, argumenta Glademir Bressiani, gerente comercial da CNT. E essa credibilidade também se traduz em anunciantes. “É um dos programas mais procurados comercialmente, não só por anunciantes populares. Já vendemos assinaturas de TV a cabo, apartamentos tipo flat, cursos de idiomas, empresas de automóveis, enfim, produtos mais qualificados.”
policialescos Pelo interior do País, programas policialescos fazem parte da pro-
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gramação regional das emissoras. A TV Allamanda, afiliada do SBT em Ji-Paraná (RO), a 360 km de Porto Velho, um jornal que combina reportagens policiais, matérias de serviços e assuntos religiosos. É o “Cidade aberta”, líder de audiência no horário do almoço na cidade que tem 120 mil habitantes. “Tenho sentido que o programa é líder no horário segundo uma pesquisa de boca a boca”, diz o apresentador do programa Edvaldo Soares. Ele explica que “o estilo é meio parecido com o do Ratinho”. Mas sem auditório e com uma equipe de sete pessoas entre produção e reportagem. O custo, por mês, é de R$ 4,5 mil pagos com patrocínio e anúncios do comércio local. “O comercial paga o programa”, diz Soares. Na TV Maringá, afiliada da Bandeirantes na homônima cidade paranaense, o “Pinga Fogo na TV” também é uma produção independente e está no ar há quatro anos. Pelo menos em metade das reportagens o assunto é policial. O nome do programa não é uma referência ao antigo programa de debates da TV Tupi. Pinga Fogo é o nome do apresentador. Em Maceió, na TV Alagoas, que exibe programação da Rede Bandeirantes, o “Plantão de polícia” e o “Boletim de ocorrência” dão o tom policial da programação. E por todo o País, produções de custo baixo sobrevivem
graças ao apelo dos assuntos exibidos. O “Aqui agora”, maior representante do chamado “jornalismo verdade”, com reportagens praticamente sem edição, narração ofegante do repórter e, muitas vezes, imagens chocantes, foi o maior divulgador do gênero. A Record, de olho no formato que fazia sucesso no SBT, também resolveu inventar o seu jornal policial. O “Cidade alerta” está quase completando cinco anos no ar. Mas com o tempo, o programa foi mudando de cara e hoje não é um jornal exclusivamente policial.
sem sangue Desde que assumiu a direção de jornalismo da emissora, Luiz Gonzaga Mineiro resolveu submeter o “Cidade alerta” a uma cirurgia plástica. “Queríamos tirar corpo e sangue do jornal. Queríamos que o jornal não fosse só policial.” Hoje, assuntos policiais ainda representam de 50% a 60% do jornal, mas segundo Mineiro, o enfoque mudou. “Uma das primeiras atitudes foi tirar do ar repórteres que tinham mais postura de investigadores de polícia do que de jornalistas. Depois, acabar com a versão oficial da polícia no programa.” Agora, o jornal aposta em reportagens de serviço que orientem a população. A relação com a polícia
também mudou. “Antes, se havia duas pessoas mortas no porta-malas de um carro, a polícia só abria quando a equipe de reportagem chegasse. Agora, o repórter tem de contar a história sem abrir o porta-malas”, exemplifica Mineiro. “O telespectador tem de acreditar.” Com os acusados, o jornal também adotou outra abordagem. Eles só falam se quiserem.
O “Aqui, agora”, que foi sucessonoSBT,serviude referênciaparamuitosdos programas hoje no ar. Ao contrário do que muitos pensavam, a audiência aumentou. O “Cidade alerta” registra média de 16 pontos no Ibope - o maior da emissora - e já se consolidou como o segundo lugar em audiência no horário. “Tem fila de gente importante querendo falar no jornal”, diz o diretor. Comercialmente, o programa também melhorou o desempenho. Com uma hora e quarenta minutos de duração, tinha apenas seis minutos de intervalo comercial, preenchido com chamadas da programação da própria emissora e um ou outro anunciante de pequeno porte. Atualmente, ele tem uma hora e meia de duração e
os intervalos chegam a 16 minutos. “Temos três patrocinadores fixos e outros na fila de espera. O que se vende é o valor, não a audiência.” O telespectador percebeu a mudança. A radiografia das pesquisas de audiência revela que as classes A e B correspondem a 35% dos telespectadores do “Cidade alerta”. As classes C e D respondem por 30 % e o restante vem da classe E. Para produzir os 90 minutos de jornalismo, cerca de 50 pessoas trabalham o dia todo. A produção começa de manhã . Ao meio dia, é feito o primeiro pré-espelho. Às três e meia da tarde, acontece a primeira reunião de espelho. Às cinco, bate-se o martelo sobre o que realmente vai ao ar no programa daquele dia. “Hoje, a Record oferece todas as ferramentas para fazer televisão. Nós temos tudo o que a Globo tem: dois helicópteros, motolink, cinco ou seis pontos de vivo, mas ainda não temos mão-de-obra. Tudo isso é novo na Record. O helicóptero virou o olhar da sociedade”, analisa Mineiro. Mas faz questão de dizer que é preciso ter cuidado. Numa das rebeliões na Febem de São Paulo, os menores quando viram o helicóptero da televisão começaram a bater no monitor. “Nós nos afastamos porque não podemos servir de ferramenta
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p r og r amaçã o
de ação dos marginais”, ressalva o diretor. Se durante o jornal ocorre um fato importante, o helicóptero Águia Dourada é mandado para o local. O apresentador José Luiz Datena começa a dar as informações em doses homeopáticas. “O helicóptero sai sem repórter. O Datena é quem comanda tudo.” O programa está sempre inovando. Há pouco tempo, fixaram uma câmera no switcher e outra na redação, que oferecem ao telespectador pontos de vista diferentes sobre a produção da notícia. “Queremos desmistificar a TV, o programa não precisa ficar restrito ao estúdio.” Esse espírito experimental está presente no jornal o tempo todo. Daqui a pouco vamos apresentar o programa inteiro do switcher. E pretendemos diminuir ainda mais as matérias policiais”, diz mineiro
crimeturgia O crime é a matéria-prima para o “Linha direta”, da Rede Globo. Na tela da TV, casos reais ainda não esclarecidos pela polícia são dramatizados. Cerca de 150 pessoas estão envolvidas na produção do programa que recebe em média duas mil ligações por semana e cerca de 1,5 mil e-mails por mês. A gravação de um episódio leva três dias. Mas da apuração do caso,
passando pela elaboração do texto, gravação e edição, um único episódio demora cinco semanas para ficar completamente pronto. A gravação não é muito diferente da de um capítulo de novela. Os recursos técnicos são os mesmos, mas os atores escalados para o programa têm de ser anônimos. A produção de elenco do “Linha direta” recebe, por mês, mais de 200 currículos e videobooks de profissionais querendo participar das simulações. A maior parte das histórias chega à produção através de telefonemas de telespectadores, recebidos pela central de denúncias que funciona 24 horas. Outras histórias são apuradas pelos jornalistas do programa junto a delegados, promotores, juízes e ainda, nos arquivos da imprensa. O programa já abordou casos de repercussão nacional, como a morte de PC Farias, o seqüestro de Wellington Camargo, irmão de Zezé di Camargo e o assassinato do estudante Márcio Gasparim da Silva durante uma briga de torcidas no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Depois de pouco mais de cem programas, o “Linha direta” ajudou a prender 124 foragidos. A prisão mais rápida foi feita em Imperatriz do Maranhão, menos de uma hora depois que a foto do criminoso foi mostrada no ar. Segundo a Central Globo de Comunicação muitos
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foragidos passaram a se entregar quando sabiam que a história deles estava sendo produzida pelo programa, como forma de evitar que seus crimes ficassem conhecidos nacionalmente. Em dois casos, o de um estelionatário e o de um homem acusado de abusar sexualmente de menores de idade, a direção do “Linha direta” optou por levar os casos ao ar mesmo com os criminosos presos. Nem sempre o crime sanguinolento é o assunto de um episódio. O “Linha direta” exibiu um caso sobre erros médicos cometidos por um cirurgião plástico de Campo Grande. Com isso, integrantes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica prontificaram-se a corrigir as seqüelas deixadas pelo colega de profissão nas suas pacientes. Um ano depois, o médico teve o registro profissional cassado. A emissora esclarece: “O
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p r og r amação
programa não faz nenhum tipo de investigação. As denúncias são repassadas imediatamente à polícia para que tomem as providências necessárias”. O programa que comemorou dois anos de exibição (levado ao ar em 31 de maio) teve uma superprodução para contar o caso de pilotos de avião seqüestrados e assassinados por uma quadrilha envolvida com o tráfico de drogas. As quadrilhas, envolvidas com o tráfico de drogas, agem principalmente em Rondônia, Mato Grosso, Roraima e Pará. Após os crimes, os bandidos trocam as aeronaves por cocaína: uma aeronave do modelo Sêneca pode valer de 40 a 60 quilos de pó na Bolívia ou na Colômbia. A Polícia Federal tem computado em seus arquivos pelos menos dez casos de pilotos - e um de passageiro - assassinados pelo bando. Algumas vítimas foram mortas em pleno vôo. Posteriormente, tiveram os seus corpos atirados em rios, conforme confissão de seqüestradores presos, para serem devorados por piranhas. Outras foram lançadas vivas das aeronaves ou foram abatidas a tiros e enterrados em covas rasas, para dificultar qualquer identificação. Para contar essas histórias e produzir cenas que simulam fatos reais, os repórteres percorreram nove cidades, entrevistaram mais de 20 pessoas, entre testemunhas, autoridades e parentes dos pilotos, obtiveram fotos e imagens
de bandidos procurados e recolheram documentos que provam como funciona o esquema. O apresentador Domingos Meirelles visitou locais onde pilotos e aeronaves foram vistos pela última vez.
simulação Uma das entrevistas mais impactantes foi dada por um piloto cujo nome é mantido em sigilo por questões de segurança. Em seu depoimento, ele conta como passou 48 horas como refém de seqüestradores numa região de cerrado da Bolívia, onde não havia água nem comida. Após dois dias de cativeiro, aproveitando-se de um descuido dos bandidos, o piloto conseguiu entrar no avião e movimentálo para a decolagem. Um dos bandidos, porém, agarrou-se ao avião. O piloto, mesmo assim, decolou. O corpo do bandido desprendeu-se da aeronave e espatifou-se no chão. A queda aconteceu quando o Sêneca do piloto estava a quatro metros de altura e a uma velocidade entre 80 e 100 quilômetros por hora. Essa é uma das cenas mais espetaculares que já foi apresentada, por meio da simulação feita especialmente para o programa. O caso dos pilotos envolveu nove dias de gravações externas, incluindo um dia em estúdio; 20 atores, cerca de 60 figurantes e 11 dublês - entre eles, um especialista em acrobacias aéreas. Para uma das cenas, por exemplo, um dublê ficou preso ao
avião somente por um cabo, com metade do corpo para o lado de fora; em seguida, um boneco foi atirado da aeronave, simulando a queda de um piloto. Pistolas, fuzis e escopetas foram usadas nas operações de simulação, gravadas na área militar do Campo dos Afonsos e próximo ao Clube Costa Brava, em São Conrado. As locações simulam uma pista de pouso e decolagem na Bolívia, o garimpo Esperança 5, em Mato Grosso, o Pantanal e a Floresta Amazônica. A localização das câmeras também foi ousada: para simular os rasantes no mar do Caribe, foram instaladas câmeras no terraço da piscina do hotel Costa Brava e em uma pedra no mar. Para outras seqüências, a equipe utilizou uma microcâmera presa na asa do avião. As cenas contaram com um avião Cessna 185 e um bimotor Sêneca. Mônica Teixeira
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Foto: Alexandre Goulart
F IG U R A Lizandra de Almeida
MARCOS MAGALHÃES: PERSONALIDADE RISCADA NO FOTOGRAMA
A
o chegar à idade adulta, muita gente já deixou na adolescência os ídolos, a diversão e as lembranças da infância. O trabalho estressante de gente grande nem sempre é o sonho de criança. Às vezes, nem tem nada a ver. São poucos os que conseguem aliar a vida profissional com aquele sonho. É o caso do animador Marcos Magalhães, que finalizou seu primeiro desenho animado aos 15 anos e hoje é um dos responsáveis por trazer ao Brasil desenhos animados inspiradores dos novos talentos. Comecei como a maioria dos animadores, ainda criança, assistindo a muito desenho animado, lendo quadrinhos e desenhando na beira da folha do caderno. Tive a sorte de ter feito parte da geração que tinha o Super-8 à disposição. É uma bitola fácil de manipular, o equipamento não é tão caro
e a maioria das câmeras tem o recurso de filmar quadro a quadro.
Além dos desenhos que assistiu na infância, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio era onde Marcos Magalhães batia ponto para assistir às obras do acervo, que incluíam muitas animações do Leste Europeu. Linguagens diferentes, com as quais ele já tinha tido contato no programa “Lanterna mágica”, que a TV Cultura exibia na década de 70. Tive muita influência dos filmes com técnica de recorte. Eu assistia e pensava ‘acho que isso eu consigo fazer’. Na época, não havia muitos livros, mas fiz muita pesquisa. Com poucos recursos, consegui fazer meu primeiro curta de animação, ‘A semente’, em Super-8. Foi o máximo, pois consegui exibir no MAM e o filme teve sua carreira, passou em Paris e Nova York. Mas não tinha som, porque tanto minha câmera quanto meu projetor
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Super-8 eram mudos.
Para desenvolver sua própria técnica, na falta de cursos especializados, Marcos assistia a programas de TV e lia muito. A inspiração para desenvolver o primeiro filme veio de um documentário sobre os estúdios que produziam o desenho do Pica-Pau. Vi os animadores usando papel manteiga e pensei que era vegetal. Então inventei uma técnica, usando o vegetal e iluminando por baixo e por cima para que não ficasse tão transparente. Depois, conforme ia lendo matérias sobre animadores, vi que todo mundo sempre acha que inventou alguma coisa...
Com a divulgação de “A semente” e a percepção de que estava no caminho certo, Marcos decidiu continuar e se aperfeiçoar. Surgiu então a oportunidade de fazer o primeiro filme em 35 mm, graças à Lei do Curta. Por causa da lei, havia uma demanda por curtas.
Eu já tinha feito ‘Mão mãe’ em Super-8 e um produtor assistiu e perguntou se não poderíamos refilmar os desenhos em 35 mm. Eu tinha todos os desenhos, eram em preto e branco, então saiu muito barato. Esse também foi meu primeiro filme com som. É claro que era um som rústico, eu mesmo criei a maior parte dos ruídos.
Nessa época, Marcos tinha 19 anos. Pensava em ter a animação como profissão, mas como não havia um curso especial, acabou fazendo arquitetura — que nunca exerceu.
uma escola, mas um estúdio. Marcos foi aceito como observador, depois de apresentar seus filmes. O compromisso da bolsa era produzir um relatório sobre seu aprendizado e o resultado foi o filme “Animando”, um compêndio didático e animado das principais técnicas de animação. O próprio Marcos aparece no estúdio, desenhando e manipulando materiais que mostram o mesmo personagem em várias situações. Até hoje o filme é bastante requisitado para aulas, em escolas de cinema e animação. Em sua passagem pelo NFB, Marcos conviveu com McLaren, que o ajudou na produção de “Animando”. Ele
Sabia que seria difícil viver de animação, a menos que me dedicasse à publicidade. E não era bem isso o que eu queria.
estava fazendo seu último filme e me deu dicas sobre as técnicas. No final, me deu uma carta de recomendação para que eu estendesse meu estágio.
Carreira Internacional - Mas então
Logo que Marcos voltou ao Brasil, depois de cinco meses no Canadá, “Meow!” ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes em 1982. Já tinha conquistado os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Filme (Júri Popular) no Festival de Brasília em 1981. A visibilidade internacional tornou Marcos conhecido também do público brasileiro. Consegui uma
Marcos fez “Meow!” e muitas portas se abriram. Enquanto o filme era exibido em vários festivais, ele ganhou uma bolsa de estudos patrocinada pela Embrafilme e pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior) e foi estudar no National Film Board (NFB) do Canadá, um dos principais centros de pesquisa da animação em todo o mundo. Era lá que Norman McLaren desenvolvia seu trabalho intimista e pessoal, com ênfase para o desenvolvimento de técnicas inovadoras e inusitadas. McLaren era um ídolo, o antiDisney. Trabalhava sozinho, inventava suas próprias técnicas. Na verdade, a animação é um caminho sedutor e até perigoso. A possibilidade de fazer tudo sozinho não significa que o trabalho será o melhor possível. É sempre bom trabalhar em equipe, mas dos gêneros de cinema acho que a animação é a que permite maior liberdade. Se você não estiver preso ao mercado, pode usar o filme como meio de expressão. E era o que McLaren fazia.
O NFB, na verdade, não é exatamente
divulgação grande e pela primeira vez as pessoas perceberam que o Brasil também tinha animação.
Com o estouro de “Meow!”, Marcos atraiu a atenção da Embrafilme e do NFB. A estatal brasileira do cinema estava fechando um acordo comercial com o Canadá para um programa de treinamento em cinema e a proximidade de Marcos com o núcleo canadense fez com que a animação também entrasse nos planos. Marcos, então com 23 anos, foi chamado para organizar o projeto. Montei o primeiro curso de formação profissional de animadores no Brasil. Trouxemos dois professores canadenses e saí pelo Brasil, por todas as regiões, procurando alunos. Exibia filmes e depois convidava pessoas, nas principais capitais. No fim, chegamos a
um grupo de dez pessoas.
Desse primeiro time de animadores escolhidos a dedo por Marcos, a maioria também conseguiu realizar o sonho de infância. O mineiro Fábio Lignini está na produtora DreamWorks, de Steven Spielberg. Daniel Schorr, carioca, é ligado à equipe do NFB. Telmo Carvalho atua no Ceará e foi premiado com seu curta “Campo branco”. Cao Hamburger participou da primeira fase do curso e logo foi incorporado à equipe da TV Cultura, onde criou os programas “Rá-TimBum” e “Castelo Rá-Tim-Bum”. Está todo mundo por aí, multiplicando seus conhecimentos. O curso teve a duração de dois anos e aconteceu no Rio de Janeiro. No primeiro ano, cada um produzia um curta em 16 mm. No segundo, todos juntos fizeram o média-metragem em 35 mm “Alex”. Nesse período, final da década de 1980, Marcos ainda produziu “Tem boi no trilho”, uma de suas animações mais coloridas — na qual ele também compôs as músicas e até cantou. Anima Mundi - Marcos continuou
dando cursos, mas, pouco tempo depois, a situação do cinema começou a ficar difícil. Reunindo-se com Léa Zagury, Aida Coelho e Cesar Coelho, criou em 1993 o festival Anima Mundi. Os parceiros de Marcos vinham do mesmo curso promovido pela Embrafilme e tinham o mesmo desejo de divulgar ao público brasileiro o que ocorria no exterior. O mundo inteiro vivia um boom da animação e o Brasil estava completamente à margem. Queríamos fazer a informação chegar até aqui. Aproveitando os contatos que já tinham com vários festivais do mundo, a equipe tem conseguido trazer ao Brasil o que há de mais interessante na produção internacional de animação.
Este ano, em sua 9ª e maior edição, o festival teve 15 dias de intensa programação, no Rio e em São Paulo. O evento também passou a discutir o formato, trazendo especialistas
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f ig u r a
de vários lugares para discutir e ministrar oficinas. Simultaneamente à organização dos primeiros festivais, Marcos encarava um desafio: entender e transformar em filme animado os desenhos de Fernando Diniz, interno de um hospital psiquiátrico do Rio de Janeiro. Havia um grupo interessado em fazer um documentário sobre Fernando e Marcos foi convidado a conhecer o trabalho do interno. Quando o conheci, vi que seu trabalho era legal, que tinha muita energia. Começamos a tentar transformar seus desenhos em filme e eu pouco conseguia entender sua fala. Uma vez por semana, nós nos encontrávamos no CTAV
[núcleo de produção de cinema da Funarte], ele produzia os desenhos e depois filmávamos. Eu dava uma resma de papel e ele desenhava tudo. O processo foi muito longo, até dominarmos a técnica juntos. O financiamento cobria apenas o material. Foram
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Cenas de animação em 3D e 2D do filme “Two-dois”.
seis anos até que o filme ficasse pronto, em 1996. Fernando Diniz comunicava-se pelas imagens. Aparentemente, cada desenho era independente do seguinte. Mas depois de filmados, representavam a idéia do autor. A cada de série de desenhos, eu pedia que ele colocasse um título. Muitas vezes, só percebíamos que o título estava certo quando filmávamos. Ele tinha uma visão muito sofisticada da animação. É claro que não havia um rigor técnico, mas ele sabia o que queria. Nosso
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desafio era passar para o filme a idéia dele. O resultado foi o filme “Estrela de oito pontas”, vencedor de prêmios em Gramado e no Festival de Havana.
Na era do computador - Concluído
esse trabalho, Marcos começou a procurar uma nova experiência, desta vez no mundo digital. No início da década de 90, quando o mercado cinematográfico sofria as conseqüências do Plano Collor, Marcos fez uma breve incursão na publicidade e teve seu primeiro contato com a computação gráfica na Globograph. Os equipamentos ainda eram muito
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rudimentares e exigiam uma programação que tornava o processo pouco produtivo. Foi uma formação muito boa, mas ficou guardada por muitos anos. Mais uma vez, Marcos decidiu procurar um lugar onde pudesse aprender. Recebeu uma Bolsa Virtuose, do Ministério da Cultura, e partiu para a Universidade da Califórnia do Sul, tradicional centro cinematográfico. A universidade oferece um curso de animação em quatro anos, dos quais três são dedicados às técnicas de animação convencional. Marcos ficou por lá como artista visitante. Para que pudesse realizar seu projeto de filme, ele teve aulas de computação gráfica e realidade virtual. O filme “Two-dois” mostra um ser de duas cabeças, que entram em conflito. O boneco foi criado em 3D, a partir de rabiscos feitos diretamente na película. Foi uma técnica desenvolvida por um animador contemporâneo de Norman McLaren, Len Lye. Ele criava ferramentas que permitiam riscar direto na película e as imagens resultantes pareciam ter sido feitas em 3D. Ninguém sabia como era feito. Tentei reproduzir a técnica, juntamente com os recursos do Maya.
Marcos passou um ano na Califórnia, experiência que considera fundamental para sua profissão. A troca de experiências é importantíssima. Sempre me preocupei em revelar como as coisas são feitas, para atrair mais pessoas. Isso nunca me prejudicou, pelo contrário. Quando eu era criança, visitava um estúdio e as pessoas não tinham boa vontade
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de mostrar, revelar o que faziam. Por sorte, quando estava fazendo ‘Meow!’ tive a sorte de encontrar o estúdio de Ronaldo Cânfora, que foi superaberto. Naquela época, eram poucos estúdios e pouco trabalho. Então as informações ficavam guardadas.
A troca de informações, hoje, acontece não só entre os profissionais de animação convencional. Envolve também o pessoal da computação gráfica. Hoje somos aliados, ninguém pode desprezar o outro. Mesmo quem só usa massinha precisa da ajuda da computação.
Marcos também não dispensa as novas ferramentas em seu trabalho. Tem dirigido trabalhos em 3D e planeja novas produções, que ainda não estão em andamento. Como tudo em sua vida, as coisas acontecem a seu tempo. Quem trabalha em animação tem de ter paciência. Acho que valorizamos o tempo de outra forma. É preciso um trabalho de anos para chegar a minutos de filme.
Por enquanto, Marcos tenta se dedicar ao Anima Mundi, que completa dez anos no ano que vem. Queremos fazer uma edição especial, trazer filmes que fizeram história, convidados especiais. Também queremos que o festival se torne cada vez mais um fórum de discussão sobre o formato e se amplie para todo o Brasil.
Com rápidas excursões reciclantes ao exterior, Marcos continua atuando no Brasil e trabalhando para o desenvolvimento dos profissionais e da técnica no país. Tive um convite para ir para um estúdio nos Estados Unidos, mas preferi manter minha liberdade. Gosto desse trabalho de formação que faço.
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p r og r a m a ção r e gio n a l Paulo Boccato
DISTRITO FEDERAL As emissoras situadas no Distrito Federal têm uma peculiaridade: como o território ocupa uma pequena área dentro do Estado de Goiás, o sinal da maior parte delas alcança várias cidades desse estado. As cinco grandes redes de TV do País contam com geradoras em Brasília e todas elas têm equipes de jornalismo que trabalham diariamente na produção de matérias para os jornais nacionais das cabeças-de-rede. O mesmo ocorre com a rede paranaense CNT, que tem uma retransmissora UHF (canal 17) que, de local, conta apenas com a parte comercial. A capital federal também acaba de ganhar uma nova geradora de programação, gerida pela igreja evangélica Sara Nossa Terra e que, a partir do próximo ano, transmitirá no canal 30. Além dos programas locais das emissoras de rede, Brasília produz grande parte da programação da Radiobrás, empresa gerida pelo governo federal, e das TVs Senado e Câmara. O Distrito Federal tem 2,02 milhões de habitantes, sendo 1,96 milhão de telespectadores potenciais, com 540 mil domicílios com TV e Índice de Potencial de Consumo (IPC) de 1,87%.
nalismo é dividido em dois grupos: um voltado para a produção local e outro para abastecer os jornais de rede e o canal GloboNews, nos quais Brasília costuma ter entradas ao vivo.
TV SBT (Brasília, canal 12) A emissora é de propriedade do Grupo Sílvio Santos e está no ar desde 1986. Sua área de cobertura é de 2,06 milhões de habitantes, atingindo, além de todo o Distrito Federal, as cidades de Novo Gama, Lago Azul e Cidade Ocidental, em Goiás. Sua programação local é pequena, sendo composta de um telejornal diário (“Cidade viva”), cuja equipe trabalha também para abastecer os jornais de rede, e um programa de variedades semanal intitulado “Alternativo”, que mistura cultura, política, esportes e amenidades.
TV SBT Programas
Dias de exibição
Horário
Cidade viva
Seg-sex
12h00 a 12h30
TV GLOBO (Brasília, canal 10)
Alternativo
Sábado
12h00 a 12h30
Emissora própria da Globo no ar desde 1971, seu alcance chega a 2,12 milhões de habitantes em três municípios, sendo dois situados no estado de Goiás (Água Fria e Águas Lindas). São 2,04 milhões de telespectadores potenciais, 546 mil domicílios com TV e IPC de 1,914%. A programação delineia o telejornalismo tradicional da emissora, de produção própria, e uma revista eletrônica de produção terceirizada, a “Arte & cultura”, feita pela Fábrica, que mescla informações culturais, apresentação de artistas, serviços, quadros e matérias especiais voltadas para o cotidiano de Brasília. O departamento de telejor-
TV BANDEIRANTES (Brasília, canal 04)
TV GLOBO Programas
Dias de exibição
Horário
Bom dia DF
Seg-sex
6h45 a 7h15
DF TV - 1ª edição
Seg-sex
12h00 a 12h40
Sábado
12h15 a 12h40
Globo esporte - bloco local
Seg-sáb
12h40 a 12h45
DF TV - 2ª edição
Seg-sáb
18h50 a 19h10
Arte & cultura
Sábado
12h00 a 12h15
Domingo
7h00 a 7h30
Globo comunidade
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A TV Bandeirantes é uma emissora própria da rede paulista que alcança, além de todo o Distrito Federal, dez municípios do estado de Goiás. A população total da área atingida é de 2,48 milhões de habitantes, com 563 mil domicílios com TV e IPC de 2,091%. A geradora é a que conta com a maior parcela de programas locais entre as emissoras de rede da cidade. São 11 programas com vários formatos. Os de caráter jornalístico são a revista eletrônica “Na trilha da verdade”; o “Band cidade”, telejornal de formato mais tradicional; e o “Brasília urgente”, que traz prestação de serviços, denúncias e bastidores da política. Esse último é o programa há mais tempo no ar na TV brasiliense. De produção independente, já foi exibido em outras emissoras da cidade. Também independente é o “Programa radical”, de auditório, voltado para o público jovem num formato bastante semelhante ao consagrado por Serginho Groissman, onde estudantes debatem com políticos, artistas e personalidades, mesclado com dicas de lazer na capital. Durante a semana, a programação é completada pelos programas “Kaquinho e Cumpadi Bráulio” (ex-“Os Cumpadi”), humorístico
TV BANDEIRANTES Programas
Dias de exibição
Horário
Na trilha da verdade
Seg-sex
7h00 a 7h15
Papeando com Júlio Jardim
Seg-sex
12h50 a 13h00
Brasília urgente
Seg-sex
13h00 a 14h00
Viver em Brasília
Seg-sex
14h00 a 14h45
Beleza em pauta
Seg-sex
14h45 a 15h00
Kaquinho e Cumpadi Bráulio
Seg-sex
19h00 a 19h15
Seg-sex (reprise)
12h30 a 12h50
Band cidade
Seg-sex
19h15 a 19h30
Programa radical
Sábado
11h00 a 12h00
Agitando
Sábado
9h00 a 19h30
Domingo
9h00 a 9h45
Fórmula horse/ Fórmula dog
onde dois personagens interpretados por atores satirizam fatos do cotidiano; “Viver em Brasília”, voltado aos pequenos empresários locais e a dicas de emprego; “Beleza em pauta”, com dicas de saúde e estética; e “Papeando com Júlio Jardim”, que traz uma entrevista por dia com personalidades da capital. Esse último era um quadro de outro programa ainda exibido na emissora, o “Agitando”, que cobre os eventos sociais da cidade. A programação local é completada pelo semanal “Fórmula horse”, que fala sobre criação de
cavalos, recentemente desmembrado em um segundo programa, o “Fórmula dog”, sobre cães.
TV RECORD (Brasília, canal 08) O canal oito de Brasília, atualmente ocupado pela TV Record, foi fundado no início dos anos 60, logo após a fundação da capital. Durante três décadas, dedicou-se exclusivamente à transmissão de programas locais, não sendo vinculado a nenhuma rede. Nesse período, teve os nomes de TV Regional e TV Capital. Na Record desde
TV BRASÍLIA Programas
Dias de exibição
Horário
Clip 105
Seg-sex
10h00 a 12h00
Sábado
8h00 a 9h00
Sábado
11h30 a 13h00
Domingo
10h30 a 11h00
Domingo
12h30 a 13h00
Sábado
20h30 a 21h00
Ponto de encontro
Terça
2h15 a 2h45
Janela para a vida
Domingo
8h30 a 9h00
Ceilândia ao vivo
Domingo
11h00 a 11h30
Brasília na TV
Domingo
11h30 a 12h30
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1991, a emissora atualmente alcança 1,91 milhão de habitantes, 471 mil domicílios com TV e um IPC de 1,513% em sua área de cobertura. Dois programas locais compõem a grade: “Fala Brasília”, de produção própria, programa de entrevistas e prestação de serviços transmitido ao vivo; e “Clima de fazenda”, exibido por compra de horário, gravado a cada episódio em uma fazenda diferente. Além desses, a geradora deve voltar a exibir em breve o telejornal “Informe Brasília”, retirado momentaneamente da grade para reformulações, e veicula vários programas de doutrinação evangélica.
TV BRASÍLIA (Brasília, canal 06)
EMISSORA
CABEÇA-DE-REDE
CANAL
Brasília
Radiobrás
pública
02
Brasília
Bandeirantes
Bandeirantes
04
Brasília
Brasília
Rede TV!
06
Brasília
Record
Record
08
Brasília
Globo
Globo
10
Brasília
SBT
SBT
12
Horário
Brasília
CNT
CNT
17
Câmara
pública
27
Senado
pública
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TV RECORD Dias de exibição
GERADORAS RIO GRANDE DO NORTE CIDADE
A TV Brasília foi fundada em 21 de abril de 1960, sendo a mais antiga geradora do Distrito Federal. Desde sua fundação, pertence ao grupo Diários Associados, mesmos proprietários do jornal Correio Braziliense. Durante
Programas
muito tempo, foi inteiramente voltada para a programação local, afiliando-se pela primeira vez a uma rede nacional, a extinta Manchete, em meados da década de 80. Há dois anos, integra a Rede TV! e, no último mês de julho, passou a ter a parceria do Grupo Paulo Otávio em sua gestão. Essa negociação vem provocando uma reformulação completa na parcela de programas locais. No momento, estão no ar apenas um programa de videoclipes (“Clip 105”), dois jornalísticos (“Ceilândia ao vivo” e “Brasília na TV”), um de cobertura de eventos sociais (“Ponto de encontro”) e dois religiosos (“Janela para a vida” e “Escola bíblica”).
Fala Brasília
Seg-sex
13h15 a 14h00
Brasília
Clima de fazenda
Domingo
9h00 a 9h45
Brasília
N達o disponivel
t ele j o r nal i s m o Andrea Manna
GAZETAS NO AR A parceria entre a Rede Gazeta de Televisão e o Sistema Gazeta Mercantil inaugurou uma nova fase para as empresas. A emissora retomou o jornalismo na sua programação e o Sistema Gazeta estreou numa nova mídia.
A Rede Gazeta de Televisão e o Sistema Gazeta Mercantil firmaram uma aliança estratégia que abrange a produção e veiculação de programas jornalísticos em rede aberta de televisão. Dessa aliança, resultaram, inicialmente, o lançamento de três programas e novos formatos. Além desses, também serão apresentados cinco boletins informativos, ao longo da programação. A nova programação
foi ao ar no dia 16 de julho, estabelecendo uma nova era para os grupos. De acordo com Marinês Rodrigues, superintendente de programação da Rede Gazeta de Televisão, a aliança vem agregar novos produtos jornalísticos à emissora. “Estamos unindo o potencial operacional da TV com o redacional da Gazeta Mercantil. Essa aliança é muito bem-vinda, principalmente para o telespectador, que poderá contar com um produto de qualidade e mais informação, objetividade e eficiência sobre o que ocorre no País”, ressalta. Para Albino Castro, diretor de conteúdos digitais da Gazeta Mercantil, “a aliança representa o caminho natural das empresas de comunicação, que cada vez mais, praticam multimídia”, diz. Ele acredita que os produtos serão fortes no mercado e que, em menos de um ano, eles estarão consolidados. Além do público-alvo do jornal, Castro espera conquistar também jovens executivos e mulheres. Everton Constant, editor de telejornais da Gazeta Mercantil salienta que o diferencial dos
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programas jornalísticos será a nova visão da cobertura dos fatos. “Estamos apostando na boa notícia, as pessoas e empresas que estão crescendo, enfim, um noticiário mais positivo e real.” Ele também acrescenta que todas as notícias apresentadas serão discutidas, aprofundadas e acompanhadas de reflexões. A Rede Gazeta agregou a experiência técnica, de instalação e operacional, ampliando sua equipe e alocando uma infraestrutura de captação, edição, produção e pós-produção jornalística. Doze câmeras, oito ilhas de edição DV da Panasonic e uma estação não-linear de computação gráfica Criptom com softwares 3DMAX, Adobe Premier e After Effects e uma unidade móvel por microondas estão sendo usadas para a realização desses produtos. O Sistema Gazeta Mercantil trouxe sua experiência na escolha dos profissionais e da produção editorial. O conteúdo dos programas será alimentado pelas 21 redações do jornal, localizadas nas principais cidades brasileiras, Europa e Estados Unidos, formadas por cerca de 600
P R O F I SS I O NA I S Carlos Sardenberg, âncora do telejornal “Jornal da Gazeta”, já passou por diversos veículos importantes do País, como as revistas Veja e IstoÉ, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo. Tem 30 anos de profissão e salienta que o telejornal “traz como diferencial o modo como se transmite a notícia, mostrando os diversos lados, aprofundando e fazendo uma reflexão dos fatos. Além do mais, tem a marca do jornal Gazeta Mercantil”. O “Jornal da Gazeta” também conta com os apresentadores Gustavo Camargo, jornalista que há três anos está no grupo Gazeta Mercantil como chefe de redação dos Serviços Eletrônicos, e Camila Teich, repórter revelação da Gazeta Mercantil e apresentadora do webjornal exibido no site do
jornalistas. O contrato entre os grupos é de cinco anos, mas ninguém comenta como é o acordo comercial entre as duas partes.
produtos Desde 16 de julho, a Rede Gazeta apresenta em sua grade de programação, o “Jornal da Gazeta”, o principal telejornal da rede, exibido no horário nobre, de segunda a sexta-feira, das 18h50 às 19h50 e aos sábados entre as 19h45 e 20h15. Tem como âncora o jornalista Carlos Sardenberg e a participação dos apresentadores Gustavo Camargo e Camila Teich (leia box). Após o “Jornal da Gazeta”, começa o “Mercado”, telejornal com informações financeiras e noticiário político e macroeconômico, exibido de segunda a sexta-feira, das 19h50 às 20h00, e apresentado
grupo. Para ela, “é um grande desafio e um orgulho estar ao lado de dois especialistas”. A jornalista Silvia Araújo, à frente do “Mercado”, tem dez anos de experiência em economia e mercado financeiro e é editora de mercados e finanças da Gazeta Mercantil. Segundo Silvia, o telejornal mostrará o comportamento do mercado, explicando e analisando-o para os telespectador. O âncora Ricardo Lessa, que apresenta o “Primeira página”, telejornal do final de noite, passou por diversos veículos como Jornal do Brasil e ganhou três prêmios de jornalismo na Gazeta Mercantil. Segundo ele, o telejornal irá explorar o jornalismo de reflexão, marca característica da Gazeta Mercantil.
por Silvia Araújo. No final de noite, o telespectador terá a oportunidade de assistir ao “Primeira página”, apresentado por Ricardo Lessa, e transmitido das 23h45 às 00h00, de segunda a quinta e às sextas-feiras de 00h00 às 00h15. As novidades não param por aí. Além dos telejornais, também serão apresentados cinco boletins de segunda a sexta-feira, a partir do meio-dia e aos sábados a partir das14h00, ao longo da programação. Os boletins, chamados de “Gazeta on line”, vão apresentar as últimas notícias do dia, direto da redação. Os telespectadores também poderão acompanhar os noticiários em qualquer horário pelo site www.jornaldagazeta.com.br. Além disso, também poderão ser encontrados os resumos
A antena Painel de Meia Onda para UHF é o que há de melhor para transmissão de TV digital, possui resposta plana em toda a faixa. É fabricada em materiais nobres como cobre e latão, com radome de fibra de vidro de alta resistência a intempéries. Os painéis são constituídos por 04 (quatro) dipolos de meia onda polarizados horizontalmente e um plano refletor em chapa de alumínio com tratamento anti-corrosivo. São construídos para 2500W individualmente, com entrada em flange 7/8, podendo serem feitos arranjos de diagramas conforme a necessidade do cliente. Todas as antenas são acopladas com divisores reativos. Além deste painel, a IDEAL fabrica antena slot para VHF e UHF, antenas parabólicas para links em UHF e SHF até 7 GHz.
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tele j o r nalismo
das principais notícias exibidas e apresentadas pela redação nos idiomas português, inglês e espanhol. Segundo Constant, é o primeiro telejornal do País a apresentar esse tipo de trabalho. “Por meio do site, é possível aprofundar nas notícias apresentadas não somente naquele dia, mas nos anteriores”, acrescenta.
Há dois meses, dez profissionais estão em campo para comercializar as cotas de patrocínio para os telejornais.
no ar A programação visual dos telejornais da Gazeta - cenário, abertura e as vinhetas - foi desenvolvida pelo departamento de computação gráfica da emissora, sob a coordenação de Richieri Joanni Pazzeti Neto e que contou com o apoio de Denise Wuilleumier, que integra o departamento de Comunicação Social. Para completar o time, a trilha sonora ficou a cargo de Sérgio Hinds. Com o tema “Jeito novo de fazer a notícia”, a Publicis Norton assina a campanha para divulgar o lançamento
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dos novos telejornais da TV Gazeta. De acordo com Edson Rocha, diretor comercial da TV Gazeta, a aliança veio num bom momento, pois o que faltava para a TV Gazeta era a volta do telejornalismo. “A união dos dois grupos vai dar muito certo”, ressalta. Para a comercialização dos espaços nos telejornais foi montado um plano e, aproximadamente há dois meses dez profissionais estão em campo para a comercialização. Segundo Castro, o ideal é comercializar pelo menos quatro
TELA VIVA AGOSTO DE 2001
cotas para o “Jornal da Gazeta” e três para os outros dois. Banco do Brasil e BrasilTelecom já fecharam acordo de patrocínio para o “Jornal da Gazeta”. O sinal da TV Gazeta chega a 70% dos municípios do Estado de São Paulo, por meio de 31 retransmissoras e está disponível fora de São Paulo, desde o dia 1º de janeiro, em rede terrestre, na cidade de Belo Horizonte no canal 32, da Rede Itatiaia que após a afiliação passou a se chamar Gazeta Minas, totalizando um universo de quase oito milhões de domicílios com TV e uma população de cerca de 27 milhões de pessoas. A programação da TV Gazeta passou a ser distribuída também pela multioperadora de TV a cabo Canbrás no final de janeiro deste ano, chegando a toda a Baixada Santista. O sinal da emissora também pode ser captado por parabólicas.
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Fernando Lauterjung
TODOS OS MOVIMENTOS Há atualmente no m e r ca d o uma enorme varied a d e d e equipamentos para m o v i m e n t a r câmeras de filmag e m o u g r a v a ç ã o .
As câmeras de cinema não passam muito tempo imóveis desde o fim do século XIX. Pouco depois da invenção do cinema, elas já podiam mover-se com a ajuda de modelos primitivos de travellings. Com a tecnologia atual, o diretor pode tirar proveito da força estética e dramática do movimento e conferir à câmera o status de personagem da história. Foi preciso o desenvolvimento de equipamentos que pudessem facilitar e melhorar a execução dos movimentos. Hoje, pode-se controlar a câmera à distância, e ainda repetir o processo de forma idêntica, programando os movimentos com o auxílio de um computador: é o motion control. O parque de equipamentos já é bastante diversificado, com dollies hidráulicos, cabeças eletrônicas e steadicams. Essa diversidade é o que permite que se encontre o equipamento ideal para cada tipo de produção e para cada bolso. O steadicam, quando foi criado na década de 70, ganhou o Oscar
de tecnologia. Trata-se de um estabilizador de câmera para operação manual. Composto por molas, amortecedores, contrapesos e um monitor para que o operador não precise olhar no visor, o steadicam permite que o cinegrafista corra em cenas de perseguição, suba escadas e faça movimentos bruscos sem se preocupar com a estabilidade da imagem. As diferenças entre eles são os recursos oferecidos, como o tamanho e as proporções do monitor, o número de molas, o tipo do braço, o indicador de nível eletrônico, entre muitas outras. Algumas das vantagens do uso do steadicam em substituição a outros equipamentos, como os dollies, é a velocidade de preparação para a filmagem e a versatilidade do movimento, permitindo mais liberdade aos atores. As gruas são necessárias para elevar a câmera acima do nível do olhar durante o plano. As opções vão desde gruas elétricas até modelos com contrapeso, com operação manual, e permitem elevação da câmera de 10 cm até 15 m do chão. Os modelos para serem utilizados com o operador de câmera “a bordo” podem suportar, em alguns casos, também um foquista. Mas há também modelos com controle remoto. A Matthews Electronics foi a precursora no desenvolvimento de cabeças eletrônicas que admitem a operação da câmera à distância, sem a necessidade do cameraman
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subir na grua. É possível controlar os movimentos e os controles de foco e zoom. As formas de controle podem ser por manivelas, joystick ou um simulador C.A.T., que consiste num monitor sobre um tripé que, ao ser manipulado, transmite eletronicamente as informações de movimento. A Motion Produções - empresa que atua desde 1994 no mercado, sediada em São Paulo e com uma filial no Rio de Janeiro - conta com equipamentos para motion control. O comando dos eixos é feito por um computador PC e um software específico ligado a pequenos motores instalados nos equipamentos. A LocAll conta com equipamentos como as gruas Giraffe de 3,6 m até 9,5 m. O MRH-20, fabricado no Brasil pela Mattedi, é um equipamento utilizado para a movimentação remota de câmeras de TV ou cinema com peso de até 20 kg. O equipamento é composto por mecanismo com movimentação ilimitada dos ângulos, unidade de comando remoto e unidade de potência de 110 V
ou 220 V. Pode ser instalado em suportes fixo ou móvel, como gruas ou veículos. Como opcionais estão o comando remoto de foco e zoom, monitor preto e branco para retorno da imagem ao operador e monitor colorido para o diretor.
carros e carrinhos Os travellings são “carros” de madeira e ferro que correm sobre trilhos. Podem suportar até 250 kg e são empurrados manualmente. Os trilhos podem ter de 1,6 m a 3 m de comprimento e não permitem curvas fechadas. O travelling TRV 1000 da Mattedi suporta até 200 kg de carga e 45 kg de equipamento. As marcas mais famosas são a Chapman e a Panther, mas existem outras no mercado, como a Matador, alugada pela LocAll. Uma solução muito mais barata são os ligeirinhos, que não suportam muito, correm sobre trilhos de PVC e não podem fazer curvas.
Os dollies, por sua estrutura pesada, são mais usados em estúdios. Por não precisar de trilhos e contar com pneumáticos, os dollies permitem movimentos mais ágeis e consistem em um carro metálico com um braço hidráulico que pode se elevar a quase 2 m de altura e que suporta o peso do operador de câmera e do foquista. Existe uma diferença entre os dollies europeus e os americanos. Enquanto nos americanos, os mais usados no Brasil, há uma única posição para o operador de câmera, nos europeus existe uma coluna central para a sustentação da câmera ao redor da qual gira a cadeira do operador. Para shows são usados o CruiseCam, um dolly motorizado para movimentação em frente ao palco que passa dos 20 km/h, e, para pontos de vista aéreos, é usada a AeroCam, que corre suspensa em trilhos posicionados acima do grid de iluminação. O Doorway, também conhecido como Panther, nome do primeiro fabricante, é uma solução mais barata
do que os dollies. Não conta com o braço de elevação, mas é capaz de manobras em espaços estreitos e, por ser muito mais leve do que um dolly, é muito bom também para ser usado em locações. Para captar cenas de perseguições de carros ou mesmo cenas que se passam no interior de carros em movimento também existe equipamentos específicos. As pranchadas em veículos são pranchas de madeira montadas um pouco acima do solo na frente dos veículos para colocação de câmeras e seus operadores. O problema desse tipo de montagem é a falta de segurança. A Buff Film, de São Paulo, conta com o camera mount, um equipamento para fixação de câmeras em carros. Pode ser utilizado em qualquer modelo de carro, caminhão ou ônibus (interna ou externamente). O sistema usa ventosas de borracha, tubos de alumínio e uma plataforma de câmera que pode ser fixada em qualquer posição e em qualquer parte do veículo, permitindo enquadramentos inusitados.
F IQ U E
P OR
D E N TRO
ANIMAÇÃO EM LONDRES
ROTEIRO
Estão abertas as inscrições para a oitava edição do London Effects and Animation Festival (LEAF), cuja premiação acontece em 13 de novembro, no Hipódromo de Londres. O festival é destinado a exibir e promover o trabalho de pessoas e empresas ligadas ao desenvolvimento dos efeitos visuais e da animação. As inscrições podem ser feitas até 21 de setembro. Mais informações no site da Digital Media World www.digmedia.co.uk. O evento vai de 13 a 15 de novembro.
Teoria e prática do roteiro audiovisual estarão em pauta no Seminário de Roteiro Audiovisual, que será realizado pelo CINUSP e Educine, com coordenação geral da professora Maria Dora Mourão e coordenação pedagógica do professor Newton Cannito. O curso tem 12 aulas de três horas e meia cada, totalizando 42 horas-aula entre expositivas e encontros com roteiristas profissionais. Entre os palestrantes convidados estão Carlos Lombardi, Laís Bodansky, Bráulio Mantovani, Luís Bolognesi e Mauro Alencar. Turma 1: De 15 de agosto a 21 de setembro às quartas e sextas das 19:00 às 22:30 na CEUMA (Centro Universitário Maria Antônia). Rua Maria Antônia, 294. Vila Buarque - São Paulo. Turma 2: De 18 de agosto a 29 de setembro aos sábados das 9:00 às 13:00 e 14:00 às 18:30 no CINUSP. Av. do Anfiteatro, 181, Favo 4- Colméia Cidade Universitária - USP. Preço: R$ 350,00. Mais informações e inscrições: (11) 3818-3152 e (11) 9443-2295.
Serão julgados os melhores trabalhos nas categorias comerciais em computação gráfica, comerciais com efeitos visuais, longas de ficção com efeitos, computação ou animação, videoclipes, curtas, letreiros para TV ou cinema, jogos, animação para web e melhor aplicação em outras áreas, como educação. Também haverá premiação especial para estudantes.
ENCONTRO INTERNACINAL O I Encontro Internacional de Televisão, promovido pelo Instituto de Estudos de Televisão, vai reunir no Sesc-Rio Arte, entre os dias 13 e 15 de setembro, alguns dos mais importantes estudiosos e realizadores de televisão, do Brasil e do mundo, com o propósito de estabelecer uma criteriosa avaliação não apenas dos efeitos da televisão sobre sua audiência, mas sobretudo de suas potencialidades criativas. As inscrições estão abertas e mais informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 2558-2825.
N達o disponivel
A G EN D A A
G
O
S
T
O
1 a 3 SET/Abert - Broadcast & Cable 2001. Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo - SP. Fone: (21) 524-2229. E-mail: b&c@certame.com.br. Internet: www.broadcastcable.com.br. 06 a 21 Curso: “Edição em 3 máquinas - Beta”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722. 7 a 10 Curso: “Adobe Premiere 5.1”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br. 12 a 17 Siggraph 2001. Los Angeles Convention Center, Los Angeles, California. 401 North Michigan Avenue - Chicago - USA - 60611. Fone: (1-312) 644-6610. Fax: (1-312) 245-1083. E-mail: media-s2001@siggraph.org. Internet: www.siggraph.org. 13 a 17 Curso: “Básico de Iluminação”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br. 13 a 17 Curso: “Adobe Premiere 5.1”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br. 13 a 30 Curso: “Produção para TV/ Vídeo”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722. 20 a 24 Curso: “Adobe Premiere 5.1”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br. 23 a 01/09 XII Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. R. Simão
Álvares, 784/2 - São Paulo - SP - 05417-020. Telefax: (11) 3062-9601. E-mail: info@kinoforum.org. Internet: www.kinoforum.org.
27 a 31 Curso: “Edição Linear c/ GC e Efeitos”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: cursos@advideotech.com.br.
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B
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12 a 19 Jornada Internacional de Cinema da Bahia. R. Barão de Geremoabo, S/Nº - Salvador - BA - 40170-290. Fone: (71) 337-1824 / 247-1824. Fax: (71) 235-4392. E-mail jornada@ufba.br.
Editora de Projetos Especiais: Sandra Regina da Silva Coordenador do Site: Fernando Lauterjung Colaboradores: Andrea Manna, Emerson Calvente, Letícia de Castro, Lizandra de Almeida, Mônica Teixeira, Paulo Boccato Sucursal de Brasília: Carlos Eduardo Zanatta, Raquel Ramos
Gerente Comercial: Almir B. Lopes Gerente de Contas Internacionais: Patrícia M. Patah (Escritório de Miami] Publicidade: Alexandre Gerdelmann e Wladimir Porto (Contatos), Ivaneti Longo (Assistente)
Internacional de Arte Eletrônica. R. Fernandes de Abreu, 31 11º andar - 04543070 - São Paulo - SP. Fone: (11) 3845-8454. Fax: (11) 3849-2377. E-mail: info@videobrasil.org.br. Internet: www.videobrasil.org.br.
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Editora Geral: Edylita Falgetano
Diretor Comercial: Manoel Fernandez
19 a 21/10 XIII Videobrasil - Festival
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Diretor Adjunto de Redação: André Mermelstein
Website: Marcelo R. Pressi (Webmaster), Celso Ricardo Rosa (Assistente)
Amsterdam, Holanda. Fone: (44-20) 7611-7500. Fax: (44-20) 7611-7530. E-mail: show@ibc.org. Internet: www.ibc.org.
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Diretor de Internet: Samuel Possebon
Arte: Claudia Intatilo (Edição de Arte e capa), Edgard Santos Jr. (Assistente), Rubens Jardim (Produção Gráfica), Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica)
14 a 18 IBC 2001. RAI Centre,
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Diretor e Editor: Rubens Glasberg
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1 a 3 ABTA 2001 - Feira e Congresso Internacionais de Telecomunicações por Assinatura. Centro de Convenções Transamérica, São Paulo, SP. Fone: (11) 3842-9307. Fax: (11) 3120-5485. E-mail: info@abta2001.com.br. Internet: www.abta2001.com.br.
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