Revista Tela Viva 121 - outubro 2002

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Embratel garante serviço de televisão analógica até fim das eleições

As técnicas químicas e digitais que recuperam o cinema nacional

Uma comparação entre os principais softwares de edição de baixo custo

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ano11nº121outubro2002


N達o disponivel


editorial A regulamentação da emenda constitucional que moderniza a estrutura de capital da radiodifusão brasileira foi feita a toque de caixa por medida provisória assinada este mês pelo presidente Fernando Henrique. Isso poderá resultar em problemas futuros no campo da comunicação de

rubensglasberg glasberg@telaviva.com.br

massa. O Artigo 12 do Decreto 236 de 1967, que estabelece os limites de propriedade no que se refere ao número de concessões de rádio e TV que cada entidade pode ter, foi modificado. É certo que se pôs um fim a uma hipocrisia, em que o limite era de dez emissoras de TV por pessoa física no País (cinco VHF e cinco UHF) e não mais que duas TVs num mesmo estado, com critérios equivalentes para rádio. Esse esquema era burlado na prática com o registro de propriedade em nome de diferentes membros de uma mesma família ou de uma determinada igreja. E mais: se possibilitou com a mudança a abertura em bolsa, o aporte de fundos de pensão ou de private equity e investidores como o BNDES além dos limites do antigo Decreto 236. Ou seja, esses investidores poderão entrar em muitos grupos ou empresas diferentes desde que não ultrapassem 20% do capital de cada. Seria um esquema como o vigente nas telecomunicações - esquema, diga-se de passagem, que vem tendo o seu espírito burlado por manobras judiciais, como as do Opportunity na Telemar e também na Brasil Telecom. Por fim, há mais um aspecto a ponderar: qualquer grupo financeiro que adquirir pequenas participações (o que não é difícil nas circunstâncias atuais) nos principais grupos de mídia nacionais ficará provavelmente livre de qualquer contestação ou investigação de jornalismo crítico que ainda existir no País. Mesmo não tendo qualquer poder formal de decisão nesses grupos, dificilmente, alguma TV ou rádio se atreverá a incomodar um investidor. A MP terá de voltar ao Congresso em 60 dias prorrogáveis por outros 60 para ser validada. Será o momento que restará para eventuais correções.

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CAPA

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J. Hawilla em todos os campos Em entrevista exclusiva, o proprietário da Traffic fala sobre a compra de afiliadas da Globo e da inauguração da produtora TV7

ano11nº121outuBRO2002

ARTIGO

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A complexidade do MPEG-4

Gustavo Blengini Faria, analista de sistemas do Estúdio Multimeios, fala sobre o novo padrão multimídia

CASE

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Climatempo procura parceiros RADIODIFUSÃO Eleições 2002 via Embratel

A empresa quer co-produzir séries sobre o meio-ambiente, com recursos da Condecine

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No último momento, a tele decide adiar mais uma vez o fim do serviço de transmissão analógica até o final do segundo turno

PUBLICIDADE

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Bypass preocupa o setor PRODUTOS Softwares de baixo custo

Anunciantes se justificam, alegando que o que ocorre é apenas um novo modelo de parceria

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Com qualidade broadcast, empresas colocam no mercado produtos de edição não-linear para todos os bolsos

CINEMA As técnicas para a restauração de filmes

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Conheça os métodos usados para recuperar as imagens e o áudio de filmes antigos danificados

SCANNER

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upgrade 8

figuras

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agenda

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N達o disponivel


Acor­do de co-pro­du­ção Ins­ti­tu­cio­nal Um filme ins­ti­tu­cio­nal de 90” foi cria­do pela ­McCann para a Gene­ ral ­Motors, com o obje­ ti­vo de refor­çar o com­ pro­mis­so da mon­ta­do­ ra com o Bra­sil. O filme mos­tra o pre­si­den­te da empre­sa, Wal­ter Wie­land, e o vice-pre­si­den­te, Pinhei­ro Neto, em tes­te­mu­nhal ao lado de ­outros dire­to­res e fun­cio­ná­rios. O cená­rio são as fábri­cas e ­linhas de mon­ta­gem da empre­ sa. A cria­ção é assi­na­da por Eduar­do Her­nan­dez, Mar­cio Silva e Mar­ce­lo Luca­to e a pro­du­ção é da Cons­pi­ra­ção Fil­mes, com dire­ção de Breno Sil­vei­ra.

Ins­cri­ções para o Oscar

A pro­du­to­ra O2 Fil­mes e a Rede Globo fecha­ram acor­do de co-pro­du­ção. Segun­do a dire­to­ra exe­cu­ti­va da O2, ­Andrea Bara­ta Ribei­ro, as duas empre­sas esta­vam nego­cian­do desde janei­ro. O con­tra­to é váli­do por três anos. Pelo acor­ do, os tra­ba­lhos da O2 para TV aber­ta têm exi­bi­ção exclu­ si­va pela Globo. Os tra­ba­lhos podem ser ofe­re­ci­dos pela pro­du­to­ra ou enco­men­da­dos pela Globo.

Con­cor­rên­cia digi­tal A Micro­soft e os Estu­dios­Me­ga anun­cia­ram um acor­do para dis­tri­bui­ção de con­teú­do para cine­ma digi­tal. As duas empre­sas estão desen­vol­ven­do um sis­te­ma de geren­cia­ men­to de aqui­si­ção e dis­tri­bui­ção para salas de cine­ma digi­tal. Toda a tec­no­lo­gia será basea­da na nova pla­ta­for­ma Win­dows Media Pla­yer 9 ­Series. Para Paulo Cesar dos San­tos, geren­te de desen­vol­vi­men­ to de negó­cios da Micro­soft, a implan­ta­ção do sis­te­ma de exi­bi­ção digi­tal, alia­do a recur­sos para geren­ciar o licen­cia­men­to e pro­te­ger os direi­tos auto­rais dos pro­du­ tos audio­vi­suais, dará maior fle­xi­bi­li­da­de ao mer­ca­do de exi­bi­ção. Além disso, o custo das ­cópias pode­rá incen­ti­ var a aber­tu­ra de novas salas de cine­ma em peque­nas e ­médias cida­des.

A Anci­ne publi­cou, atra­vés da Casa Civil, a Ins­tru­ção Nor­ma­ti­va nº 8, esta­be­le­cen­do o prazo (até 15 de outu­bro) para que os fil­mes bra­si­lei­ros par­ti­ci­pem do pro­ces­so de sele­ção ao Oscar. As obras nacio­nais de longa-metra­gem deve­rão ter sido exi­bi­das com fins comer­ciais em salas de cine­ma entre os dias 1º de novem­bro de 2001 e 15 de outu­bro de 2002. As cinco ­cópias em VHS devem ser entre­gues na sede da Anci­ ne, no Rio, inclu­si­ve por cor­reio, cum­prin­do preen­chi­men­to de for­mu­lá­rio espe­cí­fi­co.

Ani­ma­ção em Chi­ca­go Super ­kitsch Como um Super 15 só não faz verão, a Tele­fo­ni­ca está com uma nova cam­ pa­nha no ar. A nova safra de fil­mes — cria­dos pela DM9 DDB e pro­du­zi­ dos pela Cia de Cine­ma — mos­tra pes­soas ten­tan­do as mais esdrú­xu­las adap­ta­ções para con­se­gui­rem falar ao tele­fo­ne. Quem assi­na a dire­ção dos fil­mes, que lem­bram anti­gos comer­ciais ­kitsch, é Cláu­dio Bor­rel­li.

tela viva outubro de 2002

O curta de ani­ma­ção “A Traça Teca”, pro­du­zi­do por alu­nos do curso de Ima­gem e Som da Uni­ver­si­da­de Fede­ral de São Car­los (UFS­Car), foi sele­cio­na­do para par­ti­ci­par do 19º Fes­ti­ val Inter­na­cio­nal de Filme Infan­til de Chi­ca­go (CICFF), o mais anti­go fes­ti­val de cine­ma para crian­ças dos EUA, que acon­te­ce de 24 de outu­bro a 3 de novem­bro. Diri­gi­ do por Diego M. Doimo, o vídeo conta a his­tó­ria de uma peque­na traça de roupa que, per­se­guin­do seu ácaro de esti­ma­ção Tuti, vai parar em uma biblio­te­ca, onde conhe­ce ­outros inse­tos e vive uma gran­de aven­tu­ra.

Fotos: divulgação


Refres­cân­cia no vídeo Comer­cial filan­tró­pi­co O comer­cial filan­tró­pi­co da ONG Visão Mun­ dial que des­ta­ca a impor­tân­cia do voto na vida dos bra­si­lei­ros foi pro­du­zi­do em par­ce­ria entre a agên­cia Arcos Comu­ni­ca­ção e a pro­du­to­ra Aca­de­mia de Fil­mes. O filme retra­ta situa­ções do coti­dia­no, onde pes­soas recla­mam da vio­ lên­cia, desem­pre­go, preço das men­sa­li­da­des esco­la­res, ruas ­cheias de bura­cos. O dife­ren­ cial está nas vozes dos per­so­na­gens, que são com­ple­ta­men­te dife­ren­tes e dão des­ta­que ao filme. Uma ­ mulher, por exem­plo, apa­re­ ce com sua voz dubla­ da por um homem, e uma crian­ça tem voz de adul­to. O comer­cial fecha com a frase “No dia 6 de outu­bro, faça valer a sua voz. Vote”. A dire­ção foi de Kari­na Adese o som ficou por conta da Juke­box.

O drops Halls, da Adams, está com nova cam­pa­nha de tele­vi­são, cria­da pela J.W. Thomp­son. São três fil­mes que mos­tram os per­ so­na­gens em situa­ção real de con­su­mo, degus­tan­do a bala e demons­tran­do sua sen­sa­ ção re­fres­can­te. A pro­du­ ção foi feita pela Dína­mo Fil­mes, que tam­bém se encar­re­gou dos efei­tos espe­ciais que aju­dam a mos­trar os efei­tos da bala sobre a gar­gan­ta. Cria­dos por Vitor Pata­la­na, os fil­ mes têm dire­ção e mon­ta­ gem de Edu Cama.

Pre­mia­dos da Pre­fei­tu­ra A Pre­fei­tu­ra de São Paulo divul­gou no dia 25 de setem­bro os fil­mes e ­vídeos que rece­be­rão co-patro­ cí­nio da Secre­ta­ria Muni­ci­pal de Cul­tu­ra. Os prê­ mios foram para lon­gas, cur­tas, tele­fil­mes e desen­ vol­vi­men­to de rotei­ro. Entre os ven­ce­do­res, estão vete­ra­nos como Ser­gio Bian­chi e ­ Andréa Tonac­ci, que volta à dire­ção de um longa-metra­gem ­depois de mais de 20 anos. A rela­ção de todos os pre­mia­ dos está no site www.pre­fei­tu­ra.sp.gov.br.

ET nas elei­ções O ET do por­tal Terra, per­so­na­ gem cria­do pela Vetor Zero, está nos prin­ci­pais even­tos do País. Em setem­bro, ­ estreou sua ver­são poli­ti­za­da, cor­ren­do atrás dos can­di­da­tos a pre­si­den­te para conhe­cer suas pla­ta­for­mas elei­to­rais. A cam­pa­nha, cria­da por Clau­dia Bor­to­lot­ti e Paulo Hen­ri­que Gomes, da ­Ogilvy, foi pro­du­zi­da pela Net Fil­mes e diri­gi­da por Gláu­cia Noguei­ra.

Regu­la­men­ta­ção por M.P. O pre­si­den­te Fer­nan­do Hen­ri­que Car­do­so publi­cou no Diá­rio Ofi­cial da União do dia 2 deste mês uma medi­da pro­vi­só­ria (MP 70/2002) regu­la­men­tan­do a par­ti­ci­pa­ção de pes­soas jurí­di­cas e enti­da­des de capi­tal estran­gei­ro em empre­sas de comu­ni­ca­ção. O texto está bem dife­ren­te do que o envia­do pelo Minis­té­rio das Comu­ni­ca­ções para a Casa Civil. A prin­ci­pal alte­ra­ção foi uma modi­fi­ca­ção que tor­nou pos­sí­vel a abert­ ur­ a do capi­tal das empre­sas de comu­ni­ca­ção em bolsa. O Arti­go 12 do Decre­to 236/67, que esta­be­le­ce os limi­tes de pro­prie­da­de no que se refe­re ao núme­ro de con­ces­sões de rádio e TV que cada enti­da­de pode ter, foi modi­fi­ca­do. Agora, ele se apli­ca­rá ape­nas para os ­ sócios, acio­nis­tas ou cotis­tas que tive­rem uma par­ti­ci­pa­ção supe­rior a 20% em ­outras empre­sas de radio­di­fu­são. Os limi­ tes esta­be­le­ci­dos no Arti­go 12 tam­bém não valem para inves­ti­men­tos em car­tei­ra de ações se o seu titu­lar não indi­car admi­nis­tra­dor em mais de uma empre­sa de radio­di­fu­são ou em suas con­tro­la­ do­ras e nem dete­nha mais de uma par­ti­ci­pa­ção socie­tá­ria que con­fi­gu­re con­tro­le ou coli­ga­ção em tais empre­sas. Na prá­ti­ca, a alte­ra­ção feita pela Medi­da Pro­ vi­só­ria no Decre­to 236 pro­mo­ve uma sen­sí­vel flexibilização nas ­ regras de con­tro­le dos meios de radio­di­fu­são. Além disso, como pedi­ram os radio­di­fu­so­res, foi reti­ra­da da lei a exi­gên­cia de apro­va­ção pré­via do Minis­té­rio das Comu­ni­ca­ ções das mudan­ças no capi­tal que não impli­quem mudan­ças no con­tro­le.


Producer 2

Burn A Discreet anunciou durante a IBC, que aconteceu em setembro na Holanda, o novo renderizador Burn. Trata-se do primeiro software da empresa desenvolvido para a plataforma Linux, que roda em estações PC com o sistema Red Hat Linux 7.2 e renderiza em rede para os softwares Inferno 5, Flame 8 e Flint 8. O software permite que a renderização seja feita em PCs de baixo custo, deixando livre o sistema online. O Burn precisa do Backburner para poder operar, um software gratuito da Discreet que gerencia a renderização em rede, priorizando e distribuindo os trabalhos a serem renderizados pela rede. O Backburner roda em uma estação baseada em Windows 2000, que não é usada para renderização. O Burn será vendido em pacotes com uma, cinco, dez, 15 e 20 licenças. www.discreet.com

A empresa norte-americana Lasergraphics lançou o The Producer 2. O gravador de película trabalha com imagens em HD (1920 x 1080), faz o transfer de cada frame em um segundo (para filmes de 35 mm) e tem resolução de cores de 42 bits (14 bits por canal de cor). Através da tecnologia de calibragem FullCircle, pode-se compensar variações químicas de filmes de diferentes séries. O produto vem acompanhado de um PC com o sistema operacional Windows XP e o software de operação do gravador. Com isso, é possível trabalhar em rede e, inclusive, monitorar o trabalho via Internet. www.lasergraphics.com

Softimage Connect A Softimage anunciou o Softimage Connect, um novo pacote de ferramentas para transporte de dados entre o Softimage XSI e outras aplicações 3D. A solução suporta o Maya, da Alias|Wavefront; o 2d3 Boujou; o Filmbox e o Motionbuilder, da Kaydara; LightWave; Discreet 3DS Max; Macromedia Director 8.5; Realviz MatchMover; e ImageModeler. Para os usuários do Maya, a Softimage liberou uma versão beta gratuita do plug-in dotXSI xchange for Maya, que permite exportar conteúdo do Maya para o Softimage XSI. www.softimage.com

tela viva outubro de 2002

Windows Media Player 9 A Microsoft lançou a versão beta da plataforma Windows Media 9 Series. Entre as principais novidades estão a possibilidade de produzir vídeos em HD, streaming de áudio 5.1 ou 7.1 e transmissão na web com qualidade mais próxima da TV. Além disso, a tecnologia permite compactar ainda mais o conteúdo em áudio e vídeo, um conteúdo audiovisual com a mesma qualidade do Mpeg-4 com metade do bit-rate.A Avid já anunciou planos de incluir um suporte ao Windows Media 9 na próxima geração de produtos da família Avid/DS. Isso deve permitir que os usuários do DS distribuam conteúdo streaming para as centenas de milhares de usuários do Windows Media Player. A tecnologia pode ser usada também como uma solução para comunicação corporativa, treinamentos e até aprovação de comerciais. O lançamento da próxima versão do Avid/DS HD está prevista para o último trimestre do ano. www.microsoft.com.br www.avid.com

Fotos: divulgação


Cinema portátil nova cÂmera da panasonic chega Ao mercado trazendo uma revolução A Pana­so­nic lança neste mês de outu­bro a pri­mei­ra câme­ra Mini-DV do mer­ca­do que tra­ba­lha com var­re­du­ra pro­gres­si­va a 24 fra­mes por segun­do (24p). A AGDVX100 conta com a tec­no­lo­gia exclu­si­ va Cine­­Switch, que dá ao equi­pa­men­to a pos­si­bi­li­da­de de tra­ba­lhar em 480i/60 fps (NTSC), 480p/24 fps e 480p/30 fps. Trata-se de uma rede­fi­ni­ção do for­ma­to Mini-DV, visto que a pos­si­bi­li­da­de de tra­ba­lhar em 24p traz um aspec­to mais pró­xi­mo ao da pelí­cu­la. Cer­ta­men­te não é a subs­ti­tui­ção de pelí­ cu­la e nem mesmo do cine­ma digi­tal, mas é uma alter­na­ti­va às pro­du­ções que pre­ ci­sam de baixo custo e alta mobi­li­da­de, como docu­men­tá­rios. A câme­ra é equi­pa­da com três CCDs de

características

• 3 CCDs de 1/3” com tec­no­lo­gia CineS­witch • Sen­si­bi­li­da­de de luz: F11 em 2000 lux • Ilu­mi­na­ção míni­ma: 3 lux (+18dB) • For­ma­tos: 480i/60 fps (NTSC), 480p/24 fps e 480p/30 fps

• Len­tes wide-angle com zoom ele­trô­ni­co/manual • Foco auto­má­ti­co/­manual f1.6 com supor­te para fil­tros 72 mm • Íris ­manual e auto­má­ti­ca • Aspec­tos 4:3 e 16:9 let­ter­box • Modo de con­tro­le de gama con­ven­cio­nal para vídeo e Cine-like Gamma • 2 entra­das de áudio com conec­tor XLR e ajus­te ­manual • Tela LCD de 3.5” com movi­men­to de 270° • Medi­dor de áudio no LCD e no View­fin­der • Entra­da e saída em S-Video, vídeo e áudio esté­reo • Inter­fa­ce IEEE-1394 (Fire­Wi­re) • Peso em ope­ra­ção de apro­xi­ma­da­men­te 2 kg

Além da portabilidade e da relação custo/benefício dos equipamentos Mini-DV, a AG-DVX100 trabalha com varredura progressiva e a 24 fps 1/3” com var­re­du­ra pro­gres­si­va e 410 mil ­pixels de reso­lu­ção, o que resul­ta em ima­gens com mais de 500 ­linhas hori­zon­ tais. Os CCDs com var­re­du­ra pro­gres­si­va nati­va eli­mi­nam os pro­ble­mas gera­dos na con­ver­são de inter­la­ça­do para pro­gres­si­ vo. Além do aspec­to 4:3, o equi­pa­men­to supor­ta 16:9, no modo let­ter­box. Os três modos de ope­ra­ção CineS­witch garan­tem ao equi­pa­men­to ver­sa­ti­li­da­de, já que pos­si­bi­li­ta seu uso em dife­ren­tes apli­ ca­ções. No modo 480i/60, a AG-DVX100 pode ser usada para broad­cast, ­vídeos ins­ti­ tu­cio­nais ou para pro­du­ções semi-pro­fis­sio­ nais, como casa­men­tos. No modo 480p/30, a câme­ra tra­ba­lha em sua reso­lu­ção ver­ti­cal máxi­ma e é ideal para pro­du­ções mul­ti­mí­dia, strea­ming para Inter­net e até para pro­du­ção de DVDs. Já o modo 480/24p dá uma ima­gem seme­lhan­te à do filme e pode ser uma solu­ção para pro­ du­ções de baixo custo vol­ta­da aos cine­mas, docu­men­tá­rios, video­cli­pes. Além disso, é uma opção para esco­las audio­vi­suais. Além da var­re­du­ra pro­gres­si­va em 24 fps, a câme­ra conta com a fun­ção Cine-like Gamma, um con­tro­le de con­tras­te de gama que tam­bém aumen­ta a seme­lhan­ça da ima­ gem com a da pelí­cu­la. Para isso, a câme­ra

simu­la o espec­tro de cores entre o bran­co e o preto carac­te­rís­ti­co da pelí­cu­la. A sen­si­bi­li­da­de de luz da câme­ra é maior quan­do tra­ba­lha em 24p, por­tan­ to é ­ melhor usar uma ilu­mi­na­ção mais pró­xi­ma à usada para pro­du­ções em pelí­ cu­la. Para dar maior defi­ni­ção às som­ bras, pode-se con­fi­gu­rar a câme­ra para uma aber­tu­ra maior da íris. Gra­van­do dessa manei­ra, a ima­gem fica ainda mais seme­lhan­te à da pelí­cu­la. Para ope­ra­ção no aspec­to wides­creen (16:9), a AG-DVX100 usa o modo de gra­va­ção let­ter­box, um arti­fí­cio que “força” duas tar­jas pre­tas de 30 ­ pixels cada, uma no topo e outra no pé da ima­ gem. Com isso, a defi­ni­ção de 720x480 ­pixels cai para 720x360. Outra opção é usar um adap­ta­dor exter­ no de len­tes ana­mór­fi­cas, que man­tém a reso­lu­ção de 480 ­linhas porém dis­tor­ce a visua­li­za­ção no view­fin­der. Para que o vídeo cap­ta­do em 24p possa ser visto em um moni­tor NTSC ou gra­va­do em um VTR Mini-DV, a pró­pria câme­ra faz um pull down 3:2, dando saída em NTSC. www.pana­so­nic.com fer­nan­do­lau­ter­jung


Cláudio Meyer é um diretor de publicidade convicto. Sua trajetória começou muito cedo, quaseporacaso,masduranteosúltimos 30 anos tem se mantido firme na criação de imagens de produtos, acumulando prêmios e experiências. Hoje, vol­tan­do para o mer­ca­do como free-lan­cer ­ depois de admi­nis­trar sua pró­pria pro­du­to­ra e de pas­sar qua­tro anos na 5.6, de Wel­ling­ton Ama­ral, pensa em diver­si­fi­car, em criar con­ teú­do para TV e Inter­net. Mas não pre­ten­de se afas­tar da publi­ ci­da­de. Mui­tas pes­soas da minha gera­ção estão fazen­do cur­tas, lon­gas. Mas eu real­men­te gosto de falar sobre massa de toma­te, de fazer aqui­lo pare­cer ver­da­dei­ro. Eu não sabe­ria o que fazer com tanto tempo...

Cláudio Meyer 1

O pro­du­tor e dire­tor Jode­le Lar­cher (1), em par­ce­ria com Phil­li­pe Neiva(2), dos Estu­dios­Me­ ga, está tra­ba­lhan­do para tra­zer pela pri­mei­ra vez ao Bra­sil o fes­ti­val mun­ dial de mídia digi­tal Res­ fest. Trata-se de um even­ to que acon­te­ce em ­várias cida­des do mundo desde 1997. Além de mos­trar novos talen­tos da cine­ma­to­ gra­fia, o Res­fest sem­pre apre­sen­ta novi­da­des tec­no­

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Seu tra­ba­lho na pro­pa­gan­da come­çou em 1963, quan­do foi con­tra­ta­do como reda­tor no ser­vi­ço de impren­sa da Ford ­Motors. De lá, foi para a Alcân­ta­ra Macha­do, aten­den­do a conta da Volks­wa­gen, da qual se tor­nou fun­cio­ná­rio em segui­da. Vol­tou a tra­ba­lhar para a Ford em 1968, desta vez na J.W. Thomp­son. Apro­xi­mou-se, então, da área de RTV e daí tro­cou as ­letras pelas ima­gens, defi­ni­ti­va­men­te.

ló­gi­cas. O fes­ti­val foi, por exem­ plo, o pri­mei­ro a usar pro­je­to­res digi­tais DLP, já con­­si­de­ra­do ­padrão nas salas di­gi­tais. Além do fes­ti­val, Jode­le está fazen­do um DVD temá­ti­co em home­na­gem ao Rio de Janei­ro, o “F.S.O.R.” (Futu­re Sound of Rio), trazendo imagens de bairros ca­rio­ cas feitas por designers.

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A Movi&Art está com atendimento novo. Mar­cia Sut­ ter, que cui­da­rá do ­núcleo Natu­ra, e Simo­ni de Men­don­ ça, responsável ao atendimento às ­outras agên­cias.

tela viva

outubro de 2002

Fotos: Gerson Gargalaka (Claudio Meyer), arquivo (Phillipe Neiva) e divul­ga­ção


Come­cei a aju­dar o dire­tor de RTV que tinha vindo de fora e pas­sei a dar pal­pi­tes nos fil­mes. Foi esse o meu pri­mei­ro con­ta­to.

Em 1969, tor­nou-se sócio da Última Fil­mes, ao lado de Oli­ vier Per­roy e Ronal­do Cam­pos Morei­ra. Em 1975, asso­ciouse a   nio Mai­nar­di para fun­dar a Black & White & Color, onde real­men­te ­ estreou na dire­ção de fil­mes. Dois anos ­depois, abriu a Nova Fil­mes, a pro­du­to­ra com a qual se fir­ mou no mer­ca­do publi­ci­tá­rio, que fun­cio­nou até 1997. Nessa época, o mer­ca­do esta­va mudan­do. Os pro­ces­sos de fina­li­za­ção se tor­na­vam mais sofis­ti­ca­dos e as pro­du­to­ras ques­tio­na­vam a neces­si­da­de de man­ter uma estru­tu­ra com­ ple­ta, como a da Nova Fil­mes, onde tudo era abso­lu­ta­men­ te orga­ni­za­do, com méto­dos pre­ci­sos de tra­ba­lho e muito res­pei­to pela equi­pe, que tam­bém era fixa. Do story board (dese­nha­do pelo pró­prio dire­tor) até a entre­ga do tra­ba­lho, estou­ro de orça­men­to ou de cro­no­gra­ma não ­faziam parte do rotei­ro. Os cus­tos fixos, porém, não eram mais viá­veis. Foi então que rece­beu um con­vi­te para atuar ao lado de Wel­ling­ton Ama­ral, que tinha sido seu assis­ten­te tem­pos atrás. Na 5.6 fez um pouco de tudo. Duran­te esse perío­do, porém, viveu tra­gé­dias pes­soais que ainda emo­cio­nam, mas que trou­xe­ram ­lições e não aba­la­ram seu eter­no alto ­astral. Enfren­tei mui­tas doen­ças, perdi minha ­mulher e meu pai, e apren­di que pas­sa­do e futu­ro não impor­tam. Só impor­ta o pre­sen­te. Todas as nos­sas expe­riên­ cias devem ser­vir para nos levar para a fren­te. E é

para a fren­te que Cláu­dio Meyer está seguin­do.

Deni­se Daier é a nova con­tra­ta­da da Pro­di­go Films, de São Paulo. Ela vem refor­çar o aten­di­men­to da pro­du­to­ ra. Deni­se já foi sócia da Cen­tral Bra­si­ lei­ra de Cine­ma e Tele­vi­são e vinha atuan­do na Jerê Morei­ra Fil­mes. Ina­gu­ra­da ofi­cial­men­te em agos­to, a Sen­ti­men­tal Filme — de Pedro Bec­ker, Mau­rí­cio Gui­ma­rães, Lucia­ no Zuffo, Mar­cos Arau­jo, Lula Fran­co e Bill Queen — está com­ple­tan­do aos pou­cos sua equi­pe. A mais recen­te aqui­si­ção é o pre­mia­do dire­tor Gus­ta­vo Leme, que dei­xou a Dueto Fil­mes.

O dire­tor de pro­du­ção de “Macu­ naí­ma” e “Como era Gos­to­so o meu Fran­cês”, Chris Rodri­gues, lan­çou no final de setem­bro no Rio de Janei­ro o livro “O cine­ma e a pro­du­ção”. Rodri­ gues uti­li­za sua expe­riên­cia como pro­du­tor para expli­car como fun­cio­na a cons­tru­ção de uma obra audio­vi­ sual. O pre­fá­cio ficou por conta de Nel­son Perei­ra dos San­tos. O livro pode ser en­con­­tra­do no site da edi­to­ra DP&A (www.dpa.com.br). A Cine­ma Ani­ma­do­res com­ple­ta qua­tro anos de ati­vi­da­ des e anun­cia novi­da­des. A pro­du­to­ra con­tra­tou Fla­vio del Car­los (Flip Fil­mes) para ser o dire­tor artís­ti­co e Fabrí­cio Navar­ro, ani­ma­dor de 3D. Além disso, ­fechou uma par­ce­ria com a pro­du­to­ra espe­cia­li­za­da em stop ­motion @Rede.

Hugo Prata, da Aca­de­mia de Fil­mes, rece­beu o prê­mio de ­melhor clipe no con­ cur­so pro­mo­vi­do pela Nic­ke­lo­deon por seu vídeo “O Amor Faz”, da dupla Sandy e ­Júnior. É a ter­cei­ra vez con­se­cu­ti­va que o dire­tor empla­ca o prê­mio - ganhou em 2001 com “A Lenda” e em 2000 com “Imor­ tal”, todos de Sandy e ­ Júnior. A entre­ga dos “Meus Prê­mios Nick” foi feita no par­ que Hopi Hari, em São Paulo, no dia 28 de setem­bro. O video­cli­pe pode ser visto no site www.aca­de­mia­de­fil­mes.com.br. O dire­tor de ani­ma­ção da pro­du­to­ra gaú­cha Ani­ma­ho­ lics, Rodri­go Was­hing­ton, está de mudan­ça para Holly­ wood, para fazer o curso Cer­ti­fi­ca­te Pro­gram in 3D Ani­ma­ tion and ­Visual ­Effects, da Gno­mon ­School. Ele fica­rá lá no míni­mo dois anos estu­dan­do com os mes­tres da ani­ma­ção no mundo. A má notí­cia é que a Ani­ma­ho­lics fica­rá fecha­ da, man­ten­do ape­nas uma estru­tu­ra em Porto Ale­gre com todos os backups e matri­zes Beta­cam.

­ Depois de cinco anos diri­gin­do ape­nas para a TVC, de Dodi Tater­ka, o dire­tor Rogé­rio Uti­mu­ra está diver­si­fi­ can­do suas ati­vi­da­des. Agora, passa a inte­grar a equi­pe da Movi&Art, sem dei­xar o prin­ci­pal clien­te da TVC — ­McDonald’s — para quem diri­ge a maio­ria dos fil­mes. “A TVC é minha casa, mas que­ria abrir meu reper­tó­rio para ­ outros tipos de clien­tes”, conta Rogé­rio. A pri­mei­ra expe­riên­cia na pro­du­to­ra de Paulo Dan­tas foi para o Extra Super­mer­ca­dos — seu debut na área de vare­jo. “São fil­mes capri­cha­dos, em 35 mm, mas foi uma ver­da­dei­ra gin­ca­na.”


J. Hawilla em t Empresário inaugura produtora e compra afiliadas da Globo, sem abandonar a atuação no ramo do marketing e direito esportivos.

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O empre­sá­rio J. Hawil­la, dono da Traf­fic, cujo nome virou sinô­ni­mo de mar­ke­ting e direi­tos espor­ti­vos, resol­veu diver­ si­fi­car seus negó­cios para além do cená­rio do fute­bol. Par­ tin­do para a pro­du­ção de con­teú­do de TV no seu sen­ti­do mais amplo, ele acaba de inau­gu­rar a mega­pro­du­to­ra TV7, que pre­ten­de apro­vei­tar um nicho segundo ele ainda pouco explo­ra­do: a neces­si­da­de que os ­canais aber­tos e pagos têm de con­teú­do de qua­li­da­de a um custo mais razoá­vel do que a pro­du­ção inter­na. Ao mesmo tempo, Hawil­la apro­vei­tou o momen­to em que as Orga­ni­za­ções Globo deci­di­ram se des­ fa­zer de ­alguns de seus ati­vos e adqui­riu três das suas mais impor­tan­tes afi­lia­das — a TV Mode­lo, de Bauru; a TV Alian­ ça, de Soro­ca­ba; e a TV Pro­gres­so, de S. José do Rio Preto. As três juntas retrans­mi­tem para 304 cida­des. Com esse clus­ter de ope­ra­ções, J. Hawil­la ­estréia no ramo de empre­sá­rio de TV aber­ta com um qui­la­te sig­ni­fi­ca­ti­vo da jóia da coroa que é o rico inte­rior do Esta­do de São Paulo. “Resol­ve­mos sair só do espor­te e par­tir pra tudo que fosse pro­du­ção de con­teú­do; abri­mos mui­tas fren­tes ao mesmo tempo”, diz o empre­sá­rio. A ­ seguir, Hawil­la fala em entre­vis­ta exclu­si­va sobre estes novos empreen­di­men­tos e, é claro, tam­bém sobre fute­bol, o core busi­ness da Traf­fic. Tela Viva: Como sur­giu a idéia de criar a TV7, vol­ta­ da à pro­du­ção de todo tipo de con­teú­do?

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J. Hawil­la: O Bra­sil é um dos pou­cos paí­ses do mundo onde todas as pro­du­ções são fei­tas den­tro de casa, nas emis­so­ras. E como a Globo é a prin­ci­pal emis­so­ra, todo mundo resol­veu ­seguir a mesma linha: SBT, ­Record, Ban­ dei­ran­tes. Todos enten­diam que a pro­du­ção casei­ra saía com ­melhor qua­li­da­de e no menor custo. E isto foi duran­ te 20 anos. Agora a pró­pria Globo come­çou a enxer­gar um outro cená­rio, viu que pode ­ fechar ­ alguns estú­dios no Pro­jac — isto é, não abrir todos eles todos os dias ao

mesmo tempo —, fazen­do muito ­ melhor algu­ma coisa fora, e este foi o fator deter­mi­nan­te para enten­der­mos que este era um mer­ca­do que ia se esten­der vio­len­ta­men­ te no Bra­sil. Daí resol­ve­mos abrir para todos os seg­men­ tos, desde que seja pro­du­ção de con­teú­do. Nos EUA, 80% do que vai ao ar pelas TVs aber­tas é feito fora; eles pro­du­zem 20% em casa e ainda assim, 18%, 17% é jor­ na­lis­mo. Na Euro­pa, eles fazem 62%, 63% fora. Tem até emis­so­ra euro­péia impor­tan­te que faz jor­na­lis­mo fora — o que é até um absur­do, do ponto de vista edi­to­rial. Então, come­ça­mos a enxer­gar que era um seg­men­to que ia cres­cer muito. Mas há mer­ca­do para tanto?

Obvia­men­te, a gente se ­baseia em pes­qui­sas, dados, levan­ta­ men­to, mas acho que 70% ou 80% vai mesmo no fee­ling. Par­ti­mos para esse seg­men­to e as coi­sas feliz­men­te têm da­do certo, e acho que vai cres­cer muito. E se a gente não vin­gar vai ser por incom­pe­tên­cia nossa. O mer­ca­do vai cres­ cer. Não quero nem dis­pu­tar comer­ciais aí na praça. Quero dis­pu­­tar mesmo é espa­ço no con­teú­do. Tem muita emis­so­ra sem con­teú­do, que não sabe pro­du­zir con­teú­do ba­ra­­to. Dá para fazer um “Globo Repór­ter” com o dire­tor, o ro­tei­ris­ta, os locu­to­res e o repór­ter da Globo. Aliás, é o que tem de ser feito. Você pode fazer a minis­sé­rie com os ato­res, os auto­res, sem o custo da Globo. Por outro lado, enxer­ga­mos que este é um mer­ca­do em expan­são no Bra­sil. Agora que a Globo come­çou a mudar a sua visão, tenho a impres­são de que o mer­ca­do como um todo vai tam­bém mudar. En­quan­­to isso per­sis­tiu, todas as pro­du­to­ras se enco­lhe­ram, se aco­­mo­da­ ram, e o mer­ca­do ini­biu o sur­gi­men­to de ­outras pro­­du­to­ras. No Bra­sil, ter um canal de TV é fácil, mas a pro­gra­­ma­ção é cara. A pró­pria Globo — o seu gigan­tis­mo a im­pe­de de fazer uma coisa mais bara­ta — não tem como fazer ali. Fotos: Marcelo Rudini


todos os campos edianezparente edianez@paytv.com.br

A com­pra das afi­lia­das da Globo tem algo a ver com isso?

Não. Quan­do sur­giu a opor­tu­ni­da­de de ne­gó­­cios das afi­lia­das, já tínha­mos deco­ la­do com o pro­je­to da TV7. De qual­quer forma, já está­va­mos de olho no mer­ca­do — quase com­­pra­mos uma tele­vi­são na Argen­ti­na. Che­­ga­mos até a ­fechar o negó­ cio; ­depois não deu certo. Qual emis­so­ra?

O canal 9, TV Azul, que era da Tele­fó­ni­ ca. Eles, que já ­ tinham a Tele­fé, foram obri­ga­dos pelo gover­no a ficar com ape­ nas uma rede nacio­nal. Quan­to duraram as nego­cia­ções?

Foram qua­tro meses de nego­cia­ções para­le­ las, com o canal da Argen­ti­na, as afi­lia­das da Globo e ­ outras opor­tu­ni­da­des no mer­ ca­do. Você adqui­riu afi­lia­das numa ­ região muito impor­tan­te. Pre­ten­de desen­vol­ ver algu­ma pro­gra­ma­ção local, uma vez que há uma polí­ti­ca rígi­da da Globo com rela­ção a isso?

Nós já temos pro­du­ção local. As afi­lia­das con­tam com um espa­ço peque­no, mas acho que é o que com­por­ta cada uma das ­regiões. É algo em torno de oito ou nove horas sema­ nais: jor­nal da hora do almo­ço; no sába­do e

domin­go há jane­las de duas horas com pro­ gra­mas ­locais na cida­de. Acho que tem-se de con­vi­ver mais com a comu­ni­da­de, que sente falta disso. Por isso é que a Globo dá esta aber­tu­ra de se pro­du­zir algu­ma coisa local­men­te. Pre­ten­de­mos aumen­tar na medi­da do pos­sí­vel, na medi­da da neces­ si­da­de, do inte­res­se comer­cial, por­que tudo tem obje­ti­vos comer­ciais a serem alcan­ça­ dos. E para pro­du­zir con­teú­do no Inte­rior, não se pode fazer qual­quer coisa, por­que a Globo não vai per­mi­tir, tem de fazer con­teú­do de boa qua­li­da­de e este con­teú­do teria de ser­vir para as três emis­so­ras para se pagar. Quan­do vocês assu­mem a ges­tão? E qual será a marca de atua­ção neste seg­men­to?

óti­mos even­tos. No seg­men­to de fute­bol, não se tem 20 ou 30 pro­du­tos, temos qua­tro ou cinco even­tos ao ano; ou a cada qua­tro anos, no caso de Copa do Mundo. E com isso a gente cria­va, fazia o mar­ke­ting, ou seja, dava uma enve­lo­pa­da no negó­cio, ade­quan­do-o à TV e ao clien­te, e ­ depois comer­cia­li­za­va. Mas este valor de direi­tos de TV cres­ceu muito no mundo intei­ro; ba­teu no teto. Não tinha mais pra onde subir, os clu­­bes, as fede­ra­ções e as con­fe­de­ra­ções iam que­ren­do cada vez mais, e explo­diu. Hoje, eles vêm a ­níveis, não sei se re­ais ou com­pa­tí­veis com o mer­ca­do, que bai­­xa­ram de 70% a 100% em mui­tos casos. Mui­­tas empre­sas na Euro­pa de­vol­ve­ram di­rei­­tos impor­tan­tes, rom­pe­ram con­­tra­tos, ­ou­tras fali­ram e o mer­ca­do ­so­freu essa trans­­for­ma­ção. Aqui, a mudan­ça foi mais dra­má­ti­ca.

Final de setem­bro e iní­cio de outu­bro. Esta­ mos pen­san­do em mudar os nomes das três emis­so­ras para um só, a exem­plo de EPTV, RBS. Vamos enco­men­dar para uma empre­ sa de cria­ção o logo, o nome... Não vamos Por quê? apro­vei­tar as mar­cas já exis­ten­tes, como Por­que no Bra­sil havia um gran­de inves­ti­ Traf­fic e TV7. dor/com­pra­dor que era a Globo, que tam­ bém reti­rou seus inves­ti­men­tos do fute­bol. E A Traf­fic é a prin­ci­pal clien­te da TV7? o fute­bol não tem para onde cor­rer — tem de Sim, mas espe­ra­mos que no futu­ro não cair no colo da Globo mesmo. E nós tam­­bém seja. É só no come­ço. demos uma recua­da nos inves­ti­men­tos que fazía­mos no setor, por­que não in­ter­me­diá­va­ Esse dire­cio­na­men­to para novas mos sim­ples­men­te: com­prá­va­­mos, pre­pa­rá­ fren­tes sig­ni­fi­ca uma con­cen­tra­ va­mos, melho­rá­va­mos o pro­­du­to para ­depois ção de esfor­ços fora do setor ven­der. Mas com es­ses pre­ços — de um lado es­por­ti­vo? Qual o cená­rio, hoje, se pedin­do muito e do outro que­ren­do pagar depois da ex­plo­são dos direi­tos muito pouco —, re­sol­ve­mos estra­te­gi­ca­men­ dos even­tos? te parar com is­so um pouco e recua­mos com Vai muito mal e já está­va­mos pre­ven­do o que tinha si­do o gran­de negó­cio dos 20 isso. Esta empre­sa (a Traf­fic) tra­ba­lhou 20 anos da empre­sa. anos com direi­tos. Não é tão sim­ples como as pes­soas acham; não é ape­nas com­pra e Mas ainda é seu negócio principal? venda. Tra­ba­lhá­va­mos os direi­tos de um Sim. Mas é impor­tan­te falar que são empre­ even­to, mas fazen­do o mar­ke­ting deste sas dife­ren­tes. Cada qual com sua vida even­to antes de comer­cia­li­zá-lo. E este pró­pria. As emis­so­ras serão con­tro­la­das por mode­lo deu certo duran­te este tempo todo; uma hol­ding que vai se for­mar, com sede em tive­mos opor­tu­ni­da­de de criar gran­des e São Paulo, que vai admi­nis­trar as três afi­lia­

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das. São cor­pos dife­ren­tes, com atua­ção dife­ren­tes. Temos tam­bém, há 16 anos, uma empre­sa nos EUA.

Como assim?

Em que seg­men­to essa empre­ sa ame­ri­ca­na atua?

Espor­tes, o mesmo que a Traf­fic. É a In­ter­Fo­re­ver ­ Sports, com sede em Miami, pois atua­mos muito no mer­ ca­do lati­no. Como foi a par­ti­ci­pa­ção do fundo Hicks, Muse, Tate & Furst como sócio da Traf­fic?

Ven­de­mos 49% para eles em 99 e agora no come­ço do ano recom­pra­mos estes 49%, o que nos foi favo­rá­vel do ponto de vista de negó­cios. Só que a troco dos 49% demos uma outra empre­sa que tínha­mos em socie­da­de com os argen­ti­nos. Era a TyT (Tor­ neos y Traf­fic) para atua­ção no mer­ ca­do sul-ame­ri­ca­no, com pro­du­ção de even­tos, como a Copa Mer­co­sul, um gran­de suces­so que aca­bou. Com a emen­da cons­ti­tu­cio­nal do Arti­go 222, você con­tem­pla a pos­

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“Da forma como foi redigido o Artigo 222, não vejo possibilidade de nenhum investidor internacional entrar no Brasil.”

si­bi­li­da­de de anga­riar um sócio estran­gei­ro no negó­cio da TV aber­ta?

A curto prazo não. Por­que, da forma como foi redi­gi­da a lei, não vejo pos­si­bi­li­da­de de ­nenhum inves­ti­dor inter­na­cio­nal ­ entrar em meios de comu­ni­ca­ção do Bra­sil. Nin­ guém seria irres­pon­sá­vel a ponto de pôr dinhei­ro sem poder opi­nar sobre o seu des­ti­no — o que é o mais absur­do de tudo. Você colo­ca uma for­tu­na e não pode par­ti­ ci­par do con­se­lho que vai deci­dir pra onde vai essa verba. Só se hou­ver uma mudan­ça na lei. A mesma coisa acon­te­ceu com o fute­bol.

No fute­bol, enquan­to teve aber­tu­ra, as empre­sas vie­ram. Daí, foram a Bra­sí­lia, fize­ ram um tru­que qual­quer com os polí­ti­cos e cria­ram uma nova regu­la­men­ta­ção que o ­fechou para inves­ti­do­res inter­na­cio­nais. O que acon­te­ceu? Os inves­ti­do­res inter­na­cio­ nais saí­ram do fute­bol do Bra­sil e o fute­bol do Bra­sil vai ficar nessa mín­gua aí, pas­san­do fome o resto da vida, por­que não vai haver ­nenhum inves­ti­dor inter­na­cio­nal que vai inves­tir no fute­bol do Bra­sil. Aca­ba­ram até com a Lei do Passe, que era uma pos­si­bi­li­ da­de de ren­ta­bi­li­da­de. Vejo essa emen­da como mais ou menos o mode­lo que fize­ram com o fute­bol. E pode esque­cer: enquan­to não mudar isso, nin­guém vai inves­tir no fute­bol bra­si­lei­ro e, por isso, o mer­ca­do está para­do. O acor­do com a Rede ­ Record, de repas­se de direi­tos da Globo com inter­mé­dio da Traf­fic, é uma ino­va­ ção neste seg­men­to, não?

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Isso foi novo na Ban­dei­ran­tes. Tive­mos por três anos a pro­gra­ma­ção espor­ti­va da Ban­dei­ran­tes, e a res­pon­sa­bi­li­da­de era nossa. Pro­du­zi­mos even­tos impor­tan­tes, demos uma outra cara para o espor­te da Band, para a pró­pria TV, o espor­te todo.


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A dife­ren­ça com a ­ Record é que agora não temos pro­gra­ma­ção, temos um ou outro pro­gra­me­te, temos o even­to. Na Ban­dei­ran­tes, tínha­mos o con­tro­le sobre toda a pro­gra­ma­ção espor­ti­va, era uma coisa mais ampla. Agora, na ­ Record, a nego­cia­ção comer­cial é con­jun­ta. (N.E.: Após esta entre­vis­ta, a Traf­fic anun­ciou par­ce­ria com a Rede Ban­dei­ran­tes e com o joga­dor Ronal­do para a trans­mis­são do Cam­peo­na­to Espa­nhol de Fute­bol). Houve certa con­fu­são com os acer­tos da exi­bi­ção dos jogos com a Globo. As divi­sões das trans­mis­sões ao vivo, video­ tei­pe...

“Enquanto ele (o Campeonato Brasileiro) não se organizar, não tiver um calendário decente, não dá para vender no exterior.”

Pode­mos, como pode­mos tam­bém fazer even­tos espo­rá­di­cos, even­tuais, não pegar a pro­gra­ma­ção do ano intei­ro. Pode­mos fazer um even­to aqui, outro ali... enfim, tudo está em estu­do. Pode­mos criar ou pegar um even­to já exis­ten­te com qual­quer TV. Nosso con­tra­to com a ­Record não é exclu­si­vo, por exem­plo. Mas, por uma ques­tão ética, resol­ ve­mos fazer só lá. Quais even­tos a Traf­fic detém hoje?

Copa Amé­ri­ca de Fute­bol, Pré Olím­pi­co, Sub-17, Sub-20, todos os tor­neios sul-ame­ no dia-a-dia, você tem um certo des­gas­te ri­ca­nos. Temos ­outros direi­tos, estes inter­ É uma briga per­ma­nen­te, que não acaba nas coi­sas, o que é muito natu­ral. Sem­pre na­cio­nais: Liber­ta­do­res da Amé­ri­ca, Copa nunca... A gente vai fazen­do o que é exis­tiu e vai exis­tir em qual­quer moda­li­ Pan-Ame­ri­ca­na. pos­sí­vel fazer. Houve uma nego­cia­ção, da­de. ­depois houve um con­tra­to, e o con­tra­to E o Cam­peo­na­to Bra­si­lei­ro no ex­te­ saiu de uma forma que nos per­mi­te bri­ O con­tra­to deve ser reno­va­do rior, vocês nego­ciam por quê? gar até um certo ponto, mas o enten­di­ para ao pró­xi­mo ano? Não nego­cia­mos, mas pre­ten­de­mos ne­go­ men­to com a Rede Globo tem sido bom É váli­do para este ano, mas pode ser ciar. Enquan­to ele não se orga­ni­zar, não neste ins­tan­te. Não temos recla­ma­ção. que se repi­ta. Ainda esta­mos em estu­do tiver um calen­dá­rio decen­te, não dá pra Só que na ope­ra­cio­na­li­da­de do negó­cio, para ver o que vamos fazer em 2003. ven­der, até por­que a Euro­pa e a Ásia não Não temos defi­ni­ção. Tanto de um lado com­pram. Só com­pram se tiver um fute­bol com a Globo, como do outro lado com orga­ni­za­do. É tudo muito bagun­ça­do, nin­ tela viva a ­Record. guém se inte­res­sa por isso. outubro de 2002

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Vocês podem repas­sar os direi­ tos a outra rede, que não a ­Record?

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N達o disponivel


TV7: foco na ter­cei­ri­za­ção

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A TV7 foi inau­gu­ra­da em setem­bro com o obje­ti­vo nada modes­to de abas­te­cer o mer­ca­do bra­si­lei­ro de tele­vi­são (as redes aber­tas e fecha­das) com con­teú­do nacio­ nal e total­men­te ter­cei­ri­za­do. J. Hawil­la, o seu empreen­de­dor, conta que a pro­du­to­ra come­çou a par­tir das pró­prias neces­si­da­des da sua prin­ci­pal empre­sa até então, a Traf­fic. “Faze­mos de 300 a 350 jogos de fute­bol por ano e come­ça­mos a fazer high­lights des­ses jogos, por­que temos um depar­ta­men­to de ven­das inter­ na­cio­nais que vende fute­bol para 160 paí­ ses do mundo. E esses jogos e essas ven­das pre­ci­sam de pro­du­ção e de pós-pro­du­ção”, afir­ma. Ele conta que tudo vinha sendo enco­men­da­do fora. Tão logo con­cluiu o novo pré­dio da Traf­fic — na Vila Nova Con­cei­ção, bair­ro pau­lis­ta­no —, cons­truiu um pré­dio exa­ta­men­te ao lado: “Falam que sou louco por causa disso: em vez de pegar um pré­dio velho e refor­mar, eu pre­fi­ro cons­truir. Foi isso o que fize­mos. Aca­bou uma sede e cons­truí­mos a outra”.

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Pro­gra­mas pró­prios para venda, pro­gra­ mas sob deman­da, ins­ti­tu­cio­nais e comer­ ciais publi­ci­tá­rios serão obje­to da TV7, além de pro­du­tos para o con­su­mi­dor final (­vídeos, DVD etc.). Game-shows, dra­ma­ tur­gia, docu­men­tá­rios e shows musi­cais são for­ma­tos já em nego­cia­ção. O mer­ca­ do inter­na­cio­nal tam­bém inte­gra o busi­ ness plan da pro­du­to­ra. “Temos um pro­ je­to junto à EBU (Euro­pean Broad­cas­ting Union) que envol­ve a comer­cia­li­za­ção inter­na­cio­nal em 26 paí­ses”, afir­ma o dire­ tor de pla­ne­ja­men­to, Fer­nan­do ­ D’Avila. Ivan Maga­lhães, com uma expe­riên­cia de 30 anos em TV (gran­de parte na Rede Ban­dei­ran­tes), é o dire­tor exe­cu­ti­vo à fren­ te da pro­du­to­ra, cuja estru­tu­ra ele defi­ne como enxu­ta (até 40 fun­cio­ná­rios) e que vai atuar com a maior parte da mão-deobra ter­cei­ri­za­da. “Nosso sis­te­ma é o de con­tra­ta­ção por pro­je­to”, diz. Na TV7 não se comen­tam valo­res, mas no mer­ca­do cor­reu como certo um inves­ti­ men­to ini­cial de mais de US$ 3 ­milhões. A cifra, não con­fir­ma­da pela empre­sa, pode em parte ser jus­ti­fi­ca­da pelas ins­ta­

la­ções de pri­mei­ra e equi­pa­men­tos de últi­ ma gera­ção que inte­gram o pré­dio da TV7, que ainda tem chei­ro de tinta nova. Por exem­plo, foi implan­ta­do um sis­te­ma de rotea­men­to de pro­du­ção e edi­ção de jor­na­lis­mo e espor­tes, cujo con­jun­to é com­pos­to por um sis­te­ma Digi­tal News Pro­duc­tion, da Thom­son, que ­ inclui os equi­pa­men­tos Feed Clip (inges­tão), News Edit (edi­ção) e o NewsQ Pro (repro­du­ ção no ar), este rodan­do em um ser­vi­dor Thom­son Pro­fi­le da série PVS 1100. Tam­bém foram adqui­ri­dos modu­la­res da Thom­son como o rou­ter swit­cher Con­cer­ to, o sis­te­ma de con­tro­le de rotea­men­to Enco­re e o swit­cher de pro­du­ção ­Zodiak (com 64 entra­das), além de sis­te­ma de multi-ima­gens da Miran­da, boto­nei­ras da Isis Group, sis­te­ma under­mo­ni­tor dis­play da Image Vídeo, e gera­dor de carac­te­res Deko. Implan­ta­do pela Video­da­ta, o pro­ je­to con­tou com a asses­so­ria da Olym­ pic Enge­nha­ria. Todo o trá­fe­go dá-se em sis­te­ma digi­tal. “O sis­te­ma está pron­to para uma futu­ra expan­são”, conta Paulo ­Simões, geren­te téc­ni­co da TV7.

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Jogo de cintura

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Trans­mis­são ana­ló­gi­ca da Embra­tel está

com os dias con­ta­dos, mas cober­tu­ra Neste mês de outu­bro acon­te­cem as elei­ções 2002, ao vivo das elei­ções 2002 está garan­ti­da. quan­do os bra­si­lei­ros vão às urnas para dar seu voto aos can­di­da­tos para os car­gos de pre­si­den­te da Repú­ bli­ca, sena­do­res, gover­na­do­res, depu­ta­dos fede­rais e esta­duais. São dias de expec­ta­ti­va e muita gente cos­tu­ ma parar em fren­te aos tele­vi­so­res para acom­pa­nhar exi­gi­do pelo mer­ca­do inter­na­cio­nal, for­ça­ram a Embra­ as notí­cias de boca de urna e, em segui­da, da apu­ra­ção tel a ado­tar um upgra­de neste pro­du­to”, afir­ma Levy, dos votos, vin­das de todo o País. Esse acom­pa­nha­men­to que com­ple­ta: “Ela (a TV Pro­gra­ma­da) tem mais de 20 ao vivo só foi garan­ti­do este ano no últi­mo momen­to, anos de bons ser­vi­ços pres­ta­dos, mas não há mais con­ quan­do a Embra­tel deci­diu adiar o fim do seu ser­vi­ço di­ções de con­ti­nuar ope­ran­do”. de trans­mis­são de vídeo ana­ló­gi­co, “A TV pro­gra­ma­da aca­bou por si só cha­ma­do TV Pro­gra­ma­da. É atra­vés por­que é um ser­vi­ço inviá­vel eco­no­mi­ca­men­ desse ser­vi­ço que a maio­ria das notí­ te, cria­do por­que era uma época em que a cias de todos os pon­tos do Bra­sil che­ Embra­tel era esta­tal, havia ­outras variá­veis, gam às cabe­ças-de-rede. “A Embra­tel inte­res­se de Esta­do. Agora é uma empre­sa garan­te aos radio­di­fu­so­res que não que pre­ci­sa dar lucro”, reco­nhe­ce Geral­do inter­rom­pe­rá a pres­ta­ção de ser­vi­ço Cesar de Oli­vei­ra, coor­de­na­dor de famí­lia da TV Pro­gra­ma­da, basea­da na pla­ de ser­vi­ços da Embra­tel, res­pon­sá­vel pelos ta­for­ma ana­ló­gi­ca, antes do segun­do links ofe­re­ci­dos aos radio­di­fu­so­res. “O preço turno das elei­ções 2002”, garan­tiu que cobra­mos pelo ana­ló­gi­co é muito baixo, Eduar­do Levy, dire­tor-pre­si­den­te da com­ple­ta­men­te sub­si­dia­do.” Embra­tel Empre­sas. Assim, as emis­so­ras ganha­ram ape­ Nego­cia­ções nas mais algum tempo para toma­rem Segun­do o dire­tor-pre­si­den­te da Embra­tel uma deci­são sobre o que fazer sem a “A TV Pro­gra­ma­da tem mais Empre­sas, os radio­di­fu­so­res vêm sendo avi­ TV Pro­gra­ma­da da Embra­tel, ser­vi­ de 20 anos de bons sersa­dos há algum tempo do fim do ser­vi­ço. ço que foi cria­do na época em que a “Com­preen­den­do que a situa­ção envol­via a viços, mas não há con­di­ções empre­sa era esta­tal e inte­res­sa­va ao pres­ta­ção de um impor­tan­te ser­vi­ço para ter­ de con­ti­nuar ope­ran­do”, diz Esta­do man­ter um rela­cio­na­men­to cei­ros, a Embra­tel infor­mou aos radio­di­fu­so­ Levy, da Embratel. com as emissoras, mesmo que o custo res, já em julho de 2001, que, a par­tir de 15 fosse sub­si­dia­do. Agora é dife­ren­te. de janei­ro de 2002, a TV Pro­gra­ma­da seria Prin­ci­pal­men­te em um momen­to em desa­ti­va­da. Na oca­sião, apro­vei­ta­mos para que a con­tro­la­do­ra da Embra­tel, a norte-ame­ri­ca­na apre­sen­tar a pla­ta­for­ma digi­tal SmarT­Vi­deo. Desde World­Com, está pres­tes a anun­ciar a rees­tru­tu­ra­ção de então, temos dedi­ca­do todos os esfor­ços pos­sí­veis na suas ope­ra­ções inter­na­cio­nais, com a para­li­sa­ção de ati­ nego­cia­ção desta troca, inclu­si­ve pos­ter­gan­do ­ várias vi­da­des não-lucra­ti­vas. vezes o prazo final para desa­ti­va­ção da TV Pro­gra­ma­da, É de se espe­rar, por­tan­to, que a Embra­tel, deten­ que segue em ope­ra­ção”, relem­bra Eduar­do Levy. to­ra da maior malha de dis­tri­bui­ção do País, bus­que O ser­vi­ço de trans­mis­são de vídeo digi­tal SmarT­Vi­deo ser ren­tá­vel, e o ser­vi­ço de TV Pro­gra­ma­da está longe está dis­po­ní­vel em 11 capi­tais — São Paulo, Rio de disso. “Essa pla­ta­for­ma (ana­ló­gi­ca) está sendo subs­ti­ Janei­ro, Porto Ale­gre, Flo­ria­nó­po­lis, Curi­ti­ba, Belo tuí­da, por­que o desen­vol­vi­men­to da tec­no­lo­gia digi­tal Hori­zon­te, Bra­sí­lia, Goiâ­nia, Sal­va­dor, Reci­fe e For­ta­ tor­nou inviá­vel a manu­ten­ção da TV Pro­gra­ma­da. A le­za —, jus­ta­men­te naque­las que apre­sen­ta­ram retor­no ausên­cia de peças de repo­si­ção e a queda da qua­li­da­de comer­cial, pelos estu­dos da com­pa­nhia. A pro­pos­ta da do ser­vi­ço, em com­pa­ra­ção com o ­padrão de qua­li­da­de Embra­tel é a exten­são do SmarT­Vi­deo para ­outras loca­


san­dra­re­gi­na­sil­va* san­dra@tela­vi­va.com.br

li­da­des de inte­res­se das emis­so­ras, com divi­são de cus­tos. “Esta­mos pron­tos para colo­car em prá­ti­ca o con­tra­to que foi acor­da­do para o SmarT­Vi­deo, mas falta a assi­na­tu­ra das emis­so­ras. Sem con­tra­to, nós não vamos inves­tir. Por ser um ser­vi­ço de TV, as des­pe­sas com geren­cia­men­to, moni­to­ra­men­to etc. ficam mais altas, por­que tem de ser ofe­re­ci­do 24 horas por dia, todos os dias da sema­na”, afir­ ma Geral­do Oli­vei­ra. Quei­xa dos broad­cas­ters Para as emis­so­ras que ade­ri­ram ao SmarTVideo nas 11 capi­tais, o ser­vi­ço digi­tal é muito mais caro do que o ana­ ló­gi­co. Além disso, os radio­di­fu­so­res se quei­xam que os valo­res pedi­dos pela tele em novas pra­ças ­seriam usados para pra­ ti­ca­men­te ban­car a expan­são dos links. As emis­so­ras inte­res­sa­das terão que pagar uma espé­cie de alu­guel men­sal para uti­li­zar deter­mi­na­dos pon­tos de pre­sen­ça que não sejam as 11 capi­tais. A Embra­tel esta­be­le­ceu valo­res dife­ren­cia­dos para ins­ ta­lar o SmarTVideo em cada muni­cí­pio, que varia de R$ 8 mil para cida­des como Uber­lân­dia/MG ou João Pes­soa a R$ 49.416 para Petro­li­na/PE, pas­san­do por exem­plo por R$ 33 mil se o inte­res­se for São José do Rio Preto/SP ou Gover­na­dor Vala­da­res/MG. Os mon­tan­tes refe­rem-se ao caso de uma única emis­so­ra ade­rir à pro­pos­ta, mas ele não é divi­do pelo núme­ro de inte­res­sa­das no pro­je­to. Por

exemplo, em uma cida­de onde o valor indi­vi­dual do ser­vi­ço seja R$ 46 mil para uma rede, ­ seriam cobra­dos R$ 37 mil para duas e R$ 32 mil para três (e não os R$ 46 mil divi­di­dos por três, o que daria R$ 15,3 mil para cada um). Romeu Paris, dire­tor de ope­ra­ções do SBT, expli­ca que o con­tra­to que a emis­so­ra assi­nou nas 11 capi­tais tem vali­da­de de dois anos e prevê 10 mil minu­tos de uti­li­za­ção por mês — o exce­ den­te é pago à parte, com des­con­tos pro­gres­si­vos. Porém, no iní­cio do ano o valor da minu­ta­gem, pre­vis­to no con­ tra­to do SmarTVideo, subiu de R$ 1,00 para R$ 4,00 com velo­ci­da­de de 4 Mbps — os valo­res cobra­dos para trans­mis­são mais veloz são de R$ 8,00 para 8 Mbps e R$ 11 para 15 Mbps. Deci­sões toma­das “Acre­di­to que, em prin­cí­pio, fica­re­mos ape­nas com as 11 capi­tais e encon­tra­re­ mos algu­ma alter­na­ti­va para tra­zer o mate­rial das ­ outras pra­ças para o SBT em São Paulo”, diz Paris. A TV Alte­ro­sa, afi­lia­da ao SBT, deci­ diu cons­truir o pró­prio link ana­ló­gi­co de microon­das ligan­do Belo Hori­zon­te a Juiz de Fora, em Minas ­Gerais. “Enten­ do o pro­ble­ma e a deci­são da Embra­tel, mas o valor para ins­ta­lar o sis­te­ma digi­tal em Juiz de Fora invia­bi­li­za o negó­cio, repre­sen­ta muito na recei­ta da gera­do­ra local”, expli­ca Getu­lio Mala­ faia, supe­rin­ten­den­te cor­po­ra­ti­vo da TV Alte­ro­sa. De acor­do com o exe­cu­ti­ vo, o inves­ti­men­to (não reve­la­do) nesse link próprio se paga em dois anos, con­ si­de­ran­do aí a redu­ção de cus­tos com tele­fo­nia, ser­vi­ço que será agre­ga­do à rede — as liga­ções inte­rur­ba­nas entre as TVs pas­sam a ser inter­nas. As ­demais gera­do­ras da Rede Alte­ro­ sa, loca­li­za­das em Var­gi­nha e Divi­nó­po­ lis, já estão liga­das por links pró­prios.

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Quan­to ao envio do sinal do canal de BH para as gera­do­ras, con­ti­nua sendo via saté­li­te pela Sta­rO­ne (uma empre­sa da Embra­tel). Tam­bém não há pro­ble­mas com a con­tri­bui­ção de notí­cias e even­tos da TV Alte­ro­sa para o SBT em São Paulo, já que Belo Hori­zon­te conta com o SmarTVideo. A TV Cul­tu­ra de São Paulo resol­ veu o pro­ble­ma em parte. Seu único con­tra­to com Embra­tel no Esta­do de São Paulo é em Apa­re­ci­da — nas ­demais cida­des pau­lis­tas uti­li­za a rede da Tele­fô­ni­ca, saté­li­te e rotas pró­prias. “Já temos um ­ uplink em Apa­re­ci­da. Agora só falta con­tra­tar o seg­men­to espa­cial”, diz o enge­nhei­ ro José ­ Munhoz, dire­tor téc­ni­co da Cul­tu­ra. Ele conta que a alter­na­ti­va esco­lhi­da é um pouco mais cara que aque­la até então uti­li­za­da via Embra­ tel, mas com­pen­sa, pois a fre­qüên­cia de uso é de ape­nas uma vez por sema­ na — a emis­so­ra trans­mi­te a missa

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aos domin­gos. Sain­do do Esta­do de São Paulo, a TV Cul­tu­ra tem a garan­tia das 11 pra­ças com o SmarTVideo. Para as ­demais cida­des bra­si­lei­ras, no entan­to, a emis­so­ra ainda não encon­trou uma alter­na­ti­va viá­vel. “O fim do ser­vi­ço ana­ló­gi­co da Embra­tel afeta o jor­na­lis­ mo. E mui­tas con­tri­bui­ções vin­das de fora do Esta­do ficam com­pro­me­ti­das”, com­ple­ta ­Munhoz.

­ lheias ao pro­ble­ma A O fim do ser­vi­ço da Embra­tel não afeta algu­mas emis­so­ras. A Rede Bahia está até mesmo numa posi­ção con­for­tá­vel. A TV Bahia, em Sal­va­dor, é o nó da rede ATM pró­pria, que inter­li­ga as cinco emis­so­ras regio­nais — Feira de San­ta­na, Jua­zei­ro, Ita­bu­na, Vitó­ria da Con­quis­ta e Bar­rei­ras (veja maté­ria na Tela Viva de agos­to de 2002). “O trans­por­te do sinal até o cen­tro de TV da Embra­tel em Sal­va­dor é feito por nós, por um link de fibra ópti­ca”, conta Anto­nio Paoli, dire­tor de tec­no­lo­gia da Rede Bahia. Da capi­tal baia­na, a afi­lia­da uti­li­za o SmarTVideo para che­gar à Globo. O link de fibra ópti­ca foi feito há cerca de três meses e conta ainda com dois enla­cesreser­va de microon­das. “Deci­di­mos fazer esse inves­ti­men­to em fun­ção da baixa qua­ li­da­de do ser­vi­ço da Embra­tel, que esta­va obso­le­to e era mais pro­ble­ma do que solu­ ção”, con­clui Paoli. A RBS, afi­lia­da à Globo, tam­bém conta com uma rede moder­na, com ampla capa­ci­da­de, que corta os três esta­dos da ­Região Sul do País. A EPTV, afi­lia­da à Globo no inte­


rior de São Paulo, tem infra-estru­tu­ra pró­pria até o Pico do Jara­guá, onde se conec­ta com links per­ten­cen­tes à Globo São Paulo ou Rio de Janei­ro. Com gera­ do­ras em Cam­pi­nas, Ribei­rão Preto, São Car­los e Var­gi­nha/MG, inter­li­ga­das atra­ vés de rota ana­ló­gi­ca pró­pria de rádio, que ocupa 20 MHz de banda, a EPTV já faz isso há algum tempo, mas uti­li­za­va o link ana­ló­gi­co da Embra­tel como opção redun­dan­te, pois era bara­to. Segun­do uma fonte inter­na da emis­so­ra, pagar o que a Embra­tel pede para a exten­são digi­tal é total­men­te inviá­vel. ­Outras alter­na­ti­vas Geral­do Cesar de Oli­vei­ra, da Embra­tel, diz que optar pela trans­mis­são por saté­li­te custa muito mais do que o SmarTVideo. “Nosso preço é R$ 960 por um even­to de qua­tro horas, se for numa cida­de com SmarTVideo ins­ta­la­do. Se a emis­so­ra optar pelo saté­li­te, vai pagar R$ 12 mil pelo ser­vi­ ço, pelas mes­mas qua­tro horas.” As emis­so­ras já con­si­de­ra­ram alu­gar ­uplink de saté­li­te, que além de mais caro é ope­ra­cio­nal­men­te mais com­pli­ca­do. Outra ten­ta­ti­va foi fazer acor­dos com a Tele­mar, mas, além de não estar pre­sen­te em todo o Bra­sil, a tele uti­li­za modu­la­dor de áudio e não de vídeo. Sua adap­ta­ção exige inves­ ti­men­tos rela­ti­va­men­te altos. Enquan­to isso, as prin­ci­pais cabe­ ças-de-rede continuam a buscar ­ outras saí­das. Ten­tam che­gar a um acor­do com a Embra­tel, ofe­re­cen­do per­mu­ta para algu­mas cida­des e tal­vez ban­cando o SmarTVideo em ­ outras. Inva­ria­vel­men­ te, porém, algu­mas retrans­mis­so­ras terão de dei­xar de con­tri­buir com entra­das ao vivo para os tele­jor­nais e com a trans­mis­são de even­tos espor­ti­vos. E as notí­cias podem vol­tar a ser des­pa­cha­das por avião ou ôni­bus, depen­den­do de sua impor­tân­cia. E redes de emis­so­ras que estão aí, como a da RBS e da Rede Bahia, podem ser o ­embrião de um gran­de back­ bo­ne de TV, se todos deci­di­rem inves­tir em sua pró­pria infra-estru­tu­ra e car­re­gar o sinal de seus con­cor­ren­tes ao mesmo tempo que aumen­tam suas recei­tas. Será que isso acon­te­ce­rá um dia?

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* Cola­bo­rou ­Samuel Pos­se­bonr


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Qua­li­da­de para todos os bol­sos

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os soft­wa­res de edi­ção não-­linear de

baixo custo estão cada vez mais Mon­tar uma ilha de edi­ção com qua­li­da­de broad­cast popu­la­res. Tanto no mer­ca­do está cada vez mais aces­sí­vel. Hoje peque­nas pro­du­to­ras, semi­pro­fis­sio­nal, quan­to nas gran­des emis­so­ras em peque­nas cida­des e até mesmo usuá­rios resi­den­ciais já podem ter um equi­pa­men­to pro­fis­sio­nal. pro­du­to­ras e emis­so­ras de TV. A popu­la­ri­za­ção dos for­ma­tos DV e do ­padrão de comu­ni­ca­ ção IEEE 1394 (tam­bém conhe­ci­do comer­cial­men­te como Fire­Wi­re ou iLink) e o bara­tea­men­to dos dis­cos rígi­dos e memó­ria RAM foram os fato­res que pos­si­bi­li­ta­ram essa res que abri­gam os paco­tes são ven­di­das sepa­ra­da­men­te demo­cra­ti­za­ção do vídeo não-­linear. por pre­ços que ultra­pas­sam o valor total Os paco­tes de soft­wa­res que inte­gram do paco­te. esses sis­te­mas tam­bém estão com pre­ Veja as carac­te­rís­ti­cas e as prin­ci­pais ços mais bai­xos e aumen­ta­ram sig­ni­fi­ca­ qua­li­da­des de ­ alguns dos pro­du­tos que ti­va­men­te a qua­li­da­de e a pro­du­ti­vi­da­de. fazem parte dessa cate­go­ria. ­Alguns deles, como o Adobe Pre­mie­re, por exem­plo, são dis­tri­buí­dos acom­pa­nhan­do Edi­tion DV pla­cas de vídeo para uso resi­den­cial. Isso O Edi­tion DV é o pri­mei­ro soft­wa­re de não dimi­nui o méri­to des­ses soft­wa­res, edi­ção pro­prie­tá­rio da Pin­na­cle para ven­di­dos por pre­ços entre US$ 700 e US$ EditionDV:oprimeirosoftwareda essa faixa de mer­ca­do. Foi cria­do a par­ 1 mil. Ao con­trá­rio, mos­tram como eles Pinnacleparaessafaixademercado tir do know-how da empre­sa alemã Fast, são ­fáceis de usar, com inter­fa­ce ami­gá­vel. com­pra­da pela Pin­na­cle e conhe­ci­da O que defi­ne a qua­li­da­de pro­fis­sio­nal ou pelos pro­du­tos high-end Sil­ver e Pur­ple. ama­do­ra do pro­du­to final acaba sendo o Segun­do o geren­te de supor­te da Pin­na­cle, usuá­rio, pro­fis­sio­nal ou ama­dor. Emer­son Jor­dão, a prin­ci­pal carac­te­rís­ti­ A pro­du­ti­vi­da­de aumen­tou quan­do ca do pro­du­to está na sua con­cep­ção. “A os soft­wa­res de baixo custo ganha­ram inter­fa­ce do pro­du­to é ami­gá­vel, por­que foi con­tro­les mais pre­ci­sos e auto­ma­ti­za­dos; cria­do por edi­to­res. Com o tecla­do e a inter­ área de tra­ba­lho mais orga­ni­za­da, com fa­ce com­ple­ta­men­te cus­to­mi­zá­veis, ele é mais infor­ma­ções, fácil visua­li­za­ção e que se adap­ta ao usuá­rio, não o con­trá­rio”, com­ple­ta­men­te cus­to­mi­zá­vel; novas fer­ Premiere:oúnicoquetrabalhanas expli­ca Jor­dão. ra­men­tas; e menor ou ­ne­nhum tempo de plataformas Windows e Mac Uma das novi­da­des do Edi­tion DV é o ren­de­ri­za­ção. Esses soft­wa­res ­ incluem Ins­tant-Saver. Com isso, tudo o que é feito recur­sos sofis­ti­ca­dos que anti­ga­men­te no pro­gra­ma é salvo auto­ma­ti­ca­men­te, não ­faziam parte nem dos pro­du­tos highnão haven­do ris­cos de perda do tra­ba­lho. end. Fer­ra­men­tas que eram ven­di­das O soft­wa­re edita o vídeo em for­ma­to AVI sepa­ra­da­men­te hoje estão inte­gra­das à e pode expor­tar para ­outros for­ma­tos dire­ maio­ria dos pro­gra­mas, como com­po­ ta­men­te do time­li­ne. Com o Back­ground si­ção, movi­men­to, pin­tu­ra, gera­ção de ren­der, o soft­wa­re pode tra­ba­lhar com ren­ carac­te­res, cor­re­ção de cores, impor­ta­ção de­ri­za­ção em tempo real. Outra novi­da­de e expor­ta­ção para diver­sos for­ma­tos e, no pro­ces­so de ren­de­ri­za­ção é o sub-pixel em ­alguns casos, auto­ria de DVDs. Algu­ FinalCutPro:oprimeirocapazde ren­der. Para que não haja perda de qua­li­da­ mas das fer­ra­men­tas, plug-ins ou soft­wa­ rodar em laptops em tempo real de duran­te o pro­ces­so de ren­de­ri­za­ção de


fernandolauterjung fernando@telaviva.com.br

efei­tos, o pro­gra­ma “cria” um pixel entre os ­pixels ori­gi­nais da ima­gem. O paco­te conta com ­outros pro­du­tos pro­fis­sio­nais da Pin­ na­cle, como o Impres­sion DVD-Pro, o top de linha para auto­ria de DVDs da empre­sa; o Holly­wood FX, que conta com ­vários efei­tos em 3D pron­tos; e o Title Deko RT, gera­dor de carac­te­res em tempo real. O soft­wa­re de com­po­si­ção da Pin­ na­cle, o Com­mo­tion, tam­bém faz parte do paco­te. Ele não esta­va incor­po­ra­do no lan­ça­ men­to. Além dos soft­wa­res incor­po­ra­dos, o edi­tor conta com fer­ra­men­tas para cria­ção de efei­tos 2D e 3D, de cor­re­ção de cores e acei­ta plug-ins do Pre­mie­re. O pro­du­to custa, no Bra­sil, US$ 700 e vem acom­pa­nha­ do de uma placa IEEE 1394. Pre­mie­re Já na ver­são 6.5, o Adobe Pre­mie­re tra­ba­lha nos sis­te­ mas ope­ra­cio­nais Win­dows e Mac, inclusive o OS X. Um dos pri­mei­ros a apro­xi­ mar os soft­wa­res ama­do­res dos pro­fis­sio­nais, o Pre­mie­ re tor­nou-se um clás­si­co. Seus usuá­rios vão do con­ su­mi­dor ama­dor até pro­du­ to­ras de todos os por­tes. A popu­la­ri­da­de do soft­wa­re fez com que sua inter­fa­ce se tor­nas­se “conhe­ci­da” dos edi­to­res. Mesmo assim, o edi­tor conta com dife­ren­tes pré-defi­ni­ções da área de tra­ba­ lho e ainda per­mi­te que sejam cria­das novas defi­ni­ções. Todas as carac­te­rís­ti­ cas do tra­ba­lho, desde a defi­ni­ção até o for­ma­to do arqui­vo, podem ser vis­tas atra­vés do Set­tings Vie­wer. Os efei­tos que fazem parte do palet­ te do soft­wa­re podem ser exi­bi­dos em tempo real na jane­la Moni­ tor. Além de per­mi­tir criar esti­los de texto e obje­tos, o soft­wa­re conta com cen­ te­nas de esti­los pré-defi­ni­ dos. Além disso, o sis­te­ ma já vem com fil­tros do After ­ Effects e conta com a fer­ra­men­ta Title Desig­ ner, que per­mi­te criar

seqüên­cias de títu­lo. ­Vários equi­pa­men­tos DV capa­zes de trans­fe­rir dados ao com­pu­ta­dor via porta Fire­Wi­re são supor­ ta­dos pelo soft­wa­re, que os reco­nhe­ce assim que conec­ta­dos ao micro (plug and play). O Pre­mie­re pode edi­tar ­ vídeos em for­ma­to 4:3 e 16:9, inclu­si­ve ­ vídeos gra­va­dos com len­tes ana­mór­fi­cas. Os ­vídeos podem ser impor­ ta­dos do Win­dows Media e ren­de­ri­za­dos para ­vários for­ma­tos, como DVD, Super Video CD e Video CD (VCD). O soft­wa­ re tam­bém pode gra­var nos for­ma­tos de strea­ming mais popu­la­res (Win­dows Media, Real­Me­dia e Quick­Ti­me). Para a auto­ria de DVDs, o Pre­mie­re, na ver­são Win­dows, pas­sou a ser dis­tri­buí­do acom­pa­nha­ do do Sonic DVDit!. Uma das van­ta­gens do soft­wa­re é a inte­gra­ção com ­outros pro­du­tos da Adobe, como o After ­ Effects, Pho­ tos­hop, Ilus­tra­tor e GoLi­ ve. Seu preço no mercado nacional é de US$ 890. Final Cut Pro O Final Cut Pro 3, da Apple, que tra­ba­ lha no OS X, foi o pri­mei­ro soft­wa­re capaz de rodar em com­pu­ta­do­res por­ tá­teis e ainda fazer ren­de­ri­za­ção em tempo real. Cus­tan­do R$ 3,5 mil, ele é tam­bém um dos que mais cres­ce no mer­ca­do, che­gan­do a pro­du­to­ras pro­ fis­sio­nais de cine­ma e publi­ci­da­de e a emis­so­ras de gran­de porte. O pro­gra­ma usa arqui­vos DV mas, para pre­view, usa arqui­vos redu­zi­dos em for­ma­to RT, que ocu­pam menos espa­ ço. Ele faz a ren­de­ri­za­ção des­tes arqui­vos redu­zi­dos e grava uma EDL para fina­li­zar pos­te­rior­men­te em alta reso­lu­ção. “Com isso, cada Gb de espa­ço em disco pode abri­gar 40

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Compare os principais softwares Edition DV

Premiere

Final Cut Pro

Pinnacle

Adobe

Apple

Acompanha placa IEEE 1394

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Customização de teclado

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Adesivos para teclado

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Correção de cores

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Geração de efeitos

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Geração de caracteres

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TitleDeko

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Impression

Sonic DVDit!

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DVD-Pro

(Versão Windows)

US$ 700

US$ 890

Desenvolvedor Plataforma Controle de dispositivos FireWire

Software para autoria de DVD Preço sugerido

glossário IEEE 1394 - ­ Porta de comu­ni­ca­ção entre dis­po­si­ti­vos ele­trô­ni­cos e o com­pu­ ta­dor. Tam­­bém conhe­ci­do como Fire­Wi­re ou iLink. AVI - Audio Video Inter­lea­ve. For­ma­to usado pelo Win­dows Media Pla­yer. Plug and play - Dis­po­si­ti­vos que podem tra­ba­lhar sem a ins­ta­la­ção de dri­vers EDL - Edit Deci­sion List: arqui­vo gera­do na edi­ção off-line que ­ depois é usa­do para a mon­ta­gem final do mate­rial MPEG-2 - ­ Padrão de com­pres­são audio­vi­sual desen­vol­vi­do pelo ­Moving Pic­ tu­re ­Experts Group

MPEG-4 - ­Padrão de com­pres­são mul­ ti­mí­dia desen­vol­vi­do pelo ­Moving Pic­tu­re ­Experts Group (ver artigo na pág. 30) 24p - Vídeo cap­ta­do em 24 qua­dros por segun­do, com var­re­du­ra pro­gres­si­va flx - Extensão dos arqui­vos usa­dos pelos tele­ci­nes

R$ 3,5 mil

minu­tos de vídeo”, expli­ca Rodri­go Pel­lic­ cia­ri, geren­te de pro­du­tos da Apple. O Final Cut Pro é basea­do no Quick Time, que fun­cio­na como uma pla­ta­for­ma. Ele já vem com a ver­são seis do Quick Time, e por­tan­to tra­ba­lha em for­ma­to MPEG-4. Tam­bém já vem com ­ codecs para ­outros for­ma­tos e ainda acei­ta novos ­codecs. Dá saída de vídeo em MPEG-4, MPEG-2 e qual­quer outro for­ma­to, inclu­ si­ve AVI. O pro­gra­ma vem com con­fi­gu­ ra­ção de ­ teclas Avid, mas conta tam­bém com pre­sets de ­outros soft­wa­res de edi­ção e ainda pode criar novas con­fi­gu­ra­ções. Além disso, ele vem com um con­jun­to de eti­que­tas que podem ser cola­das no tecla­ do, assim não é neces­sá­rio com­prar um tecla­do pro­fis­sio­nal. O paco­te conta com o gera­dor de efei­tos Boris FX e uma série de fer­ra­men­tas, como o Quick­view, que apli­ca os efei­tos e mos­tra em uma jane­la em tempo real; fer­ra­men­ta para cor­re­ção de cores; plug-in para cria­ção de efei­tos espe­ciais. A maio­ria dos plug-ins de­sen­vol­vi­dos para o After ­ Effects tam­bém tra­ba­lha no soft­wa­re da Apple. O paco­te Cine­ma Tools dá ao Final Cut Pro a pos­si­bi­li­da­de de tra­ba­lhar em 24p e fazer edi­ções para cine­ma. Com o paco­te, pode-se dar entra­da e saída e ainda tra­ba­ lhar em 24p. Além disso, é com­pa­tí­vel com o for­ma­to flx, usado nos tele­ci­nes, e pode gerar batch lists e cut­ting lists.

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N達o disponivel


artigo

MPEG-4: revolução

O

Complexo, o novo padrão multimídia permite interações entre os objetos que

O mundo do vídeo passa por uma revo­lu­ção. A tran­si­ção do ana­ló­gi­co para o digi­tal vem sendo feita em diver­sas áreas, como a edi­ção, o arqui­va­men­to e agora a trans­mis­ são de conteúdos. No cen­tro desta revo­lu­ção está o ­padrão MPEG-2, desen­vol­vi­do em mea­dos da déca­da pas­sa­da. O MPEG-2 é o ­padrão de fato para a codi­fi­ca­ ção e trans­mis­são de vídeo, sendo lar­ga­men­te uti­li­za­do em soft­wa­res de edi­ção e arqui­va­men­to e tam­bém está pre­sen­ te nos três sis­te­mas de TV digi­tal em teste no Bra­sil, nos DVDs e nas TVs por saté­li­te. Após o desen­vol­vi­men­to do MPEG-2, o grupo MPEG come­çou a tra­ba­lhar em um novo ­padrão para a trans­mis­são de vídeo. Logo per­ce­be­u que o novo ­padrão não deve­ria ser somen­te um ­ melhor codi­fi­ca­ dor de áudio e de vídeo, ele pre­ci­sa­va ter carac­te­rís­

Figura 1

Figura 2

Figura 3

As figu­ras mos­tram a capa­ci­da­de do MPEG-4 em tra­ba­lhar e inte­ra­gir com múl­ti­plos obje­tos. Na figu­ra 1, o usuá­rio abriu um menu para inte­ra­gir com o vídeo; na figu­ra 2, ele está visua­li­zan­do fotos dis­po­ní­veis; e na figu­ra 3 ele está vendo um vídeo sob deman­da.

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compõem a cena - vídeos, sons, imagens ou textos - de forma independente.

ti­cas novas, deve­ria ser um ­ padrão mul­ti­mí­dia. Com isso sur­giu o MPEG-4. A gran­de dife­ren­ça do MPEG-4 em rela­ção aos seus ante­ces­so­res é o con­cei­to de cena. A cena do MPEG-4 é o que será visto em um pla­yer. A cena é for­ma­da por obje­tos, que podem ser ­vídeos, sons, ima­gens ou tex­tos (um vídeo MPEG-2 é for­ma­do por dois obje­tos: o vídeo pro­pria­men­te dito e seu áudio asso­cia­do). O MPEG-4 per­mi­te que sejam fei­tas inte­ra­ções entre esses obje­tos inde­pen­den­te­men­te. Por exem­plo, em uma cena com dois ­ vídeos simul­tâ­neos na tela, o cli­que em uma das janelas pode aumen­tar o volu­me deste vídeo e aumen­ tar seu tama­nho na tela, ao mesmo tempo em que o outro vídeo tem seu volu­me e tama­nho dimi­nuí­dos. Com­ple­xi­da­de Pelo fato de o MPEG-4 con­tar com essas novas fun­cio­ na­li­da­des, ele se tor­nou um ­ padrão bas­tan­te com­ple­ xo. A imple­men­ta­ção do ­padrão intei­ro levaria muito tempo, e quan­do ficas­se pron­ta o ­ padrão já esta­ria obso­le­to. O MPEG-2 tam­bém enfren­tou este pro­ble­ma quando se dividiu o ­ padrão em per­fis (pro­fi­les). O HDTV é um exem­plo de per­fil do MPEG-2. Seguin­do o suces­so dessa divi­são ocor­ri­da no MPEG-2, o MPEG4 tam­bém divi­diu seu ­padrão em per­fis. Enquan­to no MPEG-2 exis­tem seis per­fis, no MPEG-4 eles são 38 (divi­di­dos em per­fis de áudio, de vídeo, de grá­fi­cos e de cena). Empre­sas como Apple, Phi­lips, Cisco e IBM, entre ­outras, apos­tam no ­padrão e já têm codi­fi­ca­do­res e pla­yers de MPEG-4.

PARA SABER MAIS mpeg.tele­co­mi­ta­lia­lab.com

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www.apple.com/mpeg4 |


Dupla uti­li­za­ção Por ser um ­ padrão mul­ti­mí­dia, ele foi cria­do para ser uti­li­za­do tanto em tele­ vi­são quan­to em com­pu­ta­do­res. No caso da trans­mis­são para a tele­vi­são, ele con­se­gue uti­li­zar a infra-estru­tu­ ra exis­ten­te de MPEG-2 e ­ enviar o vídeo MPEG-4 encap­su­la­do em paco­tes MPEG-2 (MPEG-2 TS). No entan­to, ele não é limi­ta­do à trans­mis­são via MPEG2 TS, mas pode tam­bém ser trans­mi­ti­do via IP pela Inter­net. Além de ­ incluir as novi­da­des apre­ sen­ta­das nos pará­gra­fos ante­rio­res, o MPEG-4 tam­bém usa novos méto­dos para a codi­fi­ca­ção tanto de vídeo quan­ to de áudio. Para o vídeo, ele subs­ ti­tuiu a codi­fi­ca­ção ante­rior, basea­da na trans­for­ma­da do co-seno dis­cre­to (DCT), pelas trans­for­ma­das wave­let,

glossário Pla­yer Soft­wa­re que reproduz um vídeo (por exem­plo Quick­Ti­me, Win­dows Media Pla­yer e Real Pla­yer). Codi­fi­ca­do­res Soft­wa­re ou hard­wa­re que trans­for­ma o vídeo e áudio de ana­ló­gi­cos para digi­tais. MPEG-2 TS MPEG-2 Trans­port ­Stream, meio de trans­por­te de dados defi­ni­do pelo ­padrão MPEG-2. IP Protocolo de paco­tes de da­dos usado na Inter­net. Trans­for­ma­das Fun­ções mate­má­ti­cas que são apli­ca­das às matri­zes que repre­ sen­tam o vídeo. PDA Per­so­nal Digi­tal Assis­tant, são os “com­pu­ta­do­res de mão”.

www.m4if.com

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www.envi­vio.com |

telaviva@telaviva.com.br

Foto: Gerson Gargalaka

o à vista

gustavoblenginifaria*

* Gustavo Blengini Faria é formado em ciência da computação pelo ICMC/USP e mestre em ciência da computação pelo ICMC/USP com dissertação sobre TV interativa. Atualmente é analista de sistemas do Estúdio Multimeios - CCE/USP (www.emm.usp.br).

que são um con­jun­to de fun­ções uti­li­za­das na com­pac­ta­ção do vídeo. No MPEG-4 é pos­sí­vel a codi­fi­ca­ção de ­ vídeos com for­ma­to arbi­trá­rio, e não somen­te retan­gu­la­res. Além disso, é pos­sí­vel codi­fi­car o vídeo com “cama­das de apri­mo­ra­men­to”. Então, ele ini­cial­men­te manda um vídeo com qua­li­da­de baixa e vai melho­ran­do o sinal quan­to mais rápi­da esti­ver a rede ou depen­den­ do do deco­di­fi­ca­dor. Para o áudio, ele criou codi­fi­ca­ções dife­ren­tes para fala (CELP) ou para ­ outros sons em geral (MPEG-4 Advan­ced Audio ­Coding). Com todas essas carac­te­rís­ti­cas, o MPEG-4 mos­tra que tem chan­ce de se tor­nar um ­ padrão que esta­rá pre­sen­te em desde os apa­re­lhos por­ tá­teis, como celu­la­res e PDAs, até nas TVs de alta defi­ni­ção.

www.mpeg-4.phi­lips.com

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m ­ aking of O S R I S­ C O S D A S Q U E I­ M A­ D A S Anual­men­te, a for­ne­ce­do­ra de ener­gia do Para­ná, a Copel, divul­ga uma men­sa­gem pre­ven­ti­va con­tra as quei­ma­das. Nesta época de seca, mui­tos agri­cul­to­res recor­rem a essa téc­ni­ca na pre­pa­ra­ção do ter­re­no para o plan­tio. E, mui­tas vezes, o fogo se alas­tra e perde o con­tro­le, atin­gin­do a rede elé­tri­ca e cau­san­do falta de ener­gia. Por isso, a empre­sa pro­cu­rou cha­mar a aten­ ção das pes­soas para as con­se­qüên­cias do fogo pró­xi­mo às ­linhas de alta ten­são. A idéia da cria­ção era a de mos­trar uma torre de alta ten­são e um fio em close, por onde pas­sa­vam os let­te­rings que repro­du­ziam a nar­ra­ção infor­ma­ti­va. O enqua­dra­men­to, porém, era inviá­vel por causa da radia­ção emi­ti­da pela torre e pelos fios. “A fil­ma­gem teria de ser feita de heli­cóp­te­ro, a uma dis­tân­cia segu­

ra, mas o regis­tro seria muito difí­cil mesmo com len­tes espe­ciais”, expli­ca o dire­tor exe­cu­ti­vo da Ama­zing Gra­phics, Rodri­go Mar­tins. “Pro­pu­se­mos rea­li­zar o filme em ani­ma­ção, inclu­si­ve por causa do fogo, que tam­bém não pode­ria ser fil­ma­do de perto”, acres­cen­ta Caí­que Maza­nek, dire­tor de arte da agên­cia Fis­cher Ame­ri­ca Heads. “Che­gou-se à con­clu­são de que o filme só pode­ria ser rea­li­za­do em com­pu­ta­ção grá­fi­ca, mas não pode­ ría­mos dar um ar cari­ca­to, pre­ci­sá­va­mos man­ter o rea­lis­mo, pois o texto fala sobre as con­se­qüên­cias dire­tas do pro­ble­ma, como a falta de luz em cida­des, esco­las e hos­pi­tais”, comen­ta Rodri­go. “Con­se­gui­mos um resul­ta­do muito bom e pude­mos fazer o filme com mais liber­da­de”, diz Caí­que.

Paisagem ideal Uma vez fecha­da a opção pela com­pu­ta­ção grá­fi­ca, a pro­du­to­ra Film­cen­ter bus­cou no inte­ rior do Para­ná uma pai­sa­gem seca, pro­pí­cia às quei­ma­das, e um campo neu­tro, que pudes­se simu­lar o ângu­lo neces­sá­rio à cena. O local foi docu­men­ta­do em still para que com­pu­ses­se o cená­rio do filme. O filme mos­tra uma torre de alta ten­são ao fundo, de onde saem os cabos que estão em pri­ mei­ro plano e por onde pas­sam os let­te­rings, que simu­lam a pró­pria pas­sa­gem da ener­gia. Enquan­to a locu­ção adver­te para o peri­go das quei­ma­das, o fogo come­ça a se alas­trar e atin­ gir os cabos.

f icha téc­ni­ca Clien­te Copel • Agên­cia Fis­cher Ame­­ri­ca Heads • Dire­ção de Cria­ ção Kiko Bor­rell, Ser­gio Ces­cat­to e José Buffo • Cria­ção Caíque Maza­ nek e Ser­­gio Macha­do • Pro­du­ção Film­cen­ter e Ama­zing Gra­phics • Dire­ção Pau­lo ­ Koglin e Car­los Yaeda • Tri­lha Jamute

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lizan­dra­deal­mei­da lizan­dra@tela­vi­va.com.br

Elementos virtuais ­ epois de tra­ba­lha­da a ima­gem do fundo, D come­çou o pro­ces­so de mode­la­gem dos ele­ men­tos vir­tuais em 3D. Toda a estru­tu­ra das tor­res de alta ten­são, assim como os cabos e ­demais ele­men­tos da estru­tu­ra foram mode­ la­dos a par­tir de plan­tas for­ne­ci­das pela Copel, garan­tin­do o rea­lis­mo das dimen­sões e tex­tu­ras. Em esta­ções SGI, a equi­pe de com­pu­ta­ção da Ama­zing Gra­phics, lide­ra­da por Car­los Yaeda, uti­li­zou os recur­sos do Maya Unli­mi­ted, da Alias|Wave­front, para a mode­la­gem e a ani­ma­ção.

Montagem final A fuma­ça e o fogo que come­çam a se alas­trar foram cria­dos com sis­te­mas de par­tí­cu­las, tam­bém do Maya. Uma vez mode­la­dos todos os ele­men­tos, teve iní­cio o pro­ces­so de com­po­si­ção, tra­ta­men­to e edi­ção das ima­gens, com o Maya Com­po­ser. As tor­res foram colo­ca­das sobre a ima­ gem de fundo, em ­ layers com focos dife­ren­tes, o que con­fe­riu pro­fun­di­da­de à cena e per­mi­tiu que se simu­las­se o afas­ ta­men­to da câme­ra (zoom out). A tri­lha sono­ra acom­pa­nha o clima da nar­ra­ção, crian­do um clima de sus­pen­se.


case

Climatempo de olho em recursos da Condecine

A

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Especializada em meteorologia, empresa

A Cli­ma­tem­po, empre­sa busca parceiros para co-produzir rádio com MP3 e outro maior de con­sul­to­ria e de pro­du­ de tele­vi­são com câme­ra digi­ séries sobre meio ambiente e obter ção na área meteo­ro­ló­gi­ca, tal Pana­so­nic, onde são gra­va­ vê nas novas ­ regras para a verbas junto à Ancine. dos cerca de 30 bole­tins por pro­du­ção audio­vi­sual uma dia. Há ainda sala de pre­vi­são opor­tu­ni­da­de para expan­ do tempo, sala de edi­ção com dir seus negó­cios. Ampa­ra­da pela expe­riên­cia como três ilhas não-linea­res ­ Matrox, além dos equi­pa­men­ pro­du­to­ra, ela está agora ofe­re­cen­do para emis­so­ras tos de exter­na (outra câme­ra digi­tal Pana­so­nic e duas broad­cast e ­ canais da TV por assi­na­tu­ra con­teú­dos Mini-DV da Sony) e mais 22 câme­ras espa­lha­das em exclu­si­vos e focados em meio ambien­te. Temas como pon­tos estra­té­gi­cos pelo Bra­sil, cujas ima­gens são envia­ polui­ção, quei­ma­das, chu­vas de verão e mor­tan­da­de das para a sede em São Paulo pela Inter­net. A Cli­ma­ de pei­xes na Lagoa Rodri­go de Frei­tas, entre mui­tos tem­po uti­li­za um ser­vi­dor FTP, para a trans­fe­rên­cia de ­outros, ren­dem ­ séries inte­res­san­tes para a tele­vi­são, dados, atra­vés do qual o clien­te aces­sa a ima­gem com como expli­ca Car­los Magno do Nas­ci­men­to, dire­tor o texto, pro­du­zi­do exclu­si­va­men­te para ele, ao digi­tar exe­cu­ti­vo da Cli­ma­tem­po. “Esta­mos nego­cian­do com seu login e senha. Tem tam­bém um link Frame Relay, ­várias emis­so­ras aber­tas e fecha­das.” da Tele­fô­ni­ca, para ­enviar o mate­rial gra­va­do e com­pac­ A idéia ini­cial, conta Magno, era ban­car a pro­du­ ta­do até a Tec­sat, ope­ra­do­ra de DTH em São José dos ção das ­séries com recur­sos da TV Cli­ma­ Tem­po (canal Campos, da qual aluga a estru­tu­ra de ­uplink para levar por assinatura da empre­sa), para serem ven­di­das seus ­sinais até o saté­li­te Intel­sat 709. pron­tas. Porém o mer­ca­do de TV por assi­na­tu­ra não des­lan­chou como o espe­ra­do e a única forma de via­bi­ His­tó­ria li­zá-las é atra­vés de co-pro­du­ções com as emis­so­ras. A empre­sa Cli­ma­tem­po nas­ceu em 1988, encu­ba­da no A fór­mu­la é sim­ples: faz-se um con­tra­to de co-pro­du­ Séti­mo Dis­tri­to de Meteo­ro­lo­gia, órgão de São Paulo ção, que é sub­me­ti­do à Anci­ne (Agên­cia Nacio­nal do do Ins­ti­tu­to Nacio­nal de Meteo­ro­lo­gia, do Minis­té­rio Cine­ma) para obter a libe­ra­ção de verba da Con­de­ci­ne da Agri­cul­tu­ra. Logo no iní­cio, pas­sou a for­ne­cer infor­ (Con­tri­bui­ção para o Desen­vol­vi­men­to da Indús­tria ma­ções meteo­ro­ló­gi­cas para a rádio Eldo­ra­do e, em Cine­ma­to­grá­fi­ca Nacio­nal), que ban­ca­ria os cus­tos de segui­da, para cerca de 25 jor­nais, atra­vés da Agên­cia pro­du­ção. ­Depois de pron­to, é a vez de bus­car patro­cí­ Esta­do. Em 90, ­fechou acor­do com a Rede Globo, mon­ nio para a exi­bi­ção, o que tor­na­ria o pro­du­to ren­tá­vel tan­do uma equi­pe inter­na na emis­so­ra. “No nosso foco para ambas as par­tes. prin­ci­pal sem­pre esti­ve­ram os meios de comu­ni­ca­ção”, “Temos pes­soal e infra-estru­tu­ra para pro­du­zir diz Car­los Magno do Nas­ci­men­to, ape­sar de a empre­sa mate­rial de boa qua­li­da­de.” Atual­men­te, a equi­pe é tam­bém pres­tar ser­vi­ços para empre­sas e ­órgãos, como com­pos­ta por 15 meteo­ro­lo­gis­tas, oito téc­ni­cos de Nes­tlé e ­Cetesb. meteo­ro­lo­gia, além de agrô­no­mos e jor­na­lis­tas, tota­li­ A expan­são con­ti­nuou e hoje é for­ne­ce­do­ra de zan­do 35 pes­soas dire­ta­men­te - incluin­do o pes­soal das infor­ma­ções para 25 retrans­mis­so­ras Globo, 28 do áreas de tec­no­lo­gia, comer­cial e de admi­nis­tra­ção da SBT, cinco da Ban­dei­ran­tes, entre ­outras TVs, e para empre­sa - e ­outros cinco cola­bo­ra­do­res. 60 emis­so­ras de rádio. É a for­ne­ce­do­ra tam­bém para o ser­vi­ço 132 da Tele­fô­ni­ca. “Pela expe­riên­cia em meteo­ Dis­po­ni­bi­li­da­de ro­lo­gia e em tele­vi­são, deci­di­mos lan­çar um canal para A infra-estru­tu­ra, ins­ta­la­da pró­xi­mo ao Par­que da Acli­ o mer­ca­do de TV por assi­na­tu­ra. Assim, em outu­bro ma­ção, em São Paulo, ­ inclui um peque­no estú­dio de de 1999, nas­ceu a TV Clima Tempo.” Magno conta


EM PAUTA Poluição Programa sobre a poluição nas cidades brasileiras. Por que ocorre? A influência da topografia, as épocas favoráveis, as doenças que surgem como conseqüência e o impacto ao meio ambiente urbano e rural com as queimadas são os pontos analisados. Chuva de verão O objetivo é mostrar por que as cidades brasileiras são tão vulneráveis à chuva de verão. O tema é analisado sob a óptica meteorológica. O que é ruim e o que é possível fazer para alertar a população na sua prevenção? Mortalidade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas Além da ocupação urbana, são analisados outros fatores que vêm provocando a morte dos peixes nessa lagoa carioca. Entre eles, estão a influência da lua e das marés sobre o fato. Incêndios florestais no Brasil Por que os incêndios em nossas reservas florestais são inevitáveis no período do inverno? O programa visa ainda mostrar o impacto da influência do homem e da agricultura. A pesca sabida Programa instrutivo para o pescador aprender a usar o conhecimento do impacto da lua, passagens de frentes frias, marés, pressão atmosférica, entre outros tópicos, na pesca e no tipo de peixe que se pretende pescar nos rios e no litoral brasileiros.

Foto: Arquivo

que o canal foi for­ma­ta­do con­si­de­ran­do os “aspec­tos cul­tu­rais” do bra­si­lei­ro e, por isso, ele tem enfo­ques em turis­mo, lazer, espor­tes, agri­cul­tu­ra, con­di­ção dos aero­por­tos etc., além dos bole­tins com a pre­vi­são nor­mal. “Que­ría­mos uma iden­ti­da­de pró­pria e que satis­fi­ zes­se o bra­si­lei­ro, que tem como hábi­ to, dife­ren­te­men­te de ­ outros povos, ir ao canal para fazer uma con­sul­ta e ir embo­ra.” Pre­ci­sa­va ser ágil e a esco­lha foi uma tela mul­ti­mí­dia, nos mol­des da Bloom­berg, per­mi­tin­do que se obte­nha rapi­da­men­te a infor­ma­ção pro­cu­ra­da.

Carlos Magno, da Climatempo: equipe de 35 pessoas e contratos em real.

A TV Clima Tempo está no line-up de sete ope­ra­do­ras, tota­li­zan­do 200 mil assi­ nan­tes. Apos­tas Mas as ini­cia­ti­vas da empre­sa Cli­ma­tem­ po não para­ram por aí. Desde dezem­bro de 2001, está com um canal inte­ra­ti­vo na Sky, ope­ra­do­ra de DTH, atra­vés do qual o espec­ta­dor busca, por exem­plo, a pre­vi­ são do tempo em uma cida­de espe­cí­fi­ca, cli­can­do com seu con­tro­le remo­to nas ­opções da tela do tele­vi­sor. Outra apos­ ta foi na Inter­net. Segun­do Magno, a Cli­ma­tem­po está pre­sen­te em 85% dos gran­des por­tais, além de ter seu pró­prio site — www.cli­ma­tem­po.com.br —, que rece­be em média 35 mil visi­tan­tes por dia. Para com­ple­tar, é a fonte de infor­ma­ção meteo­ro­ló­gi­ca aces­sa­da atra­vés dos tele­ fo­nes celu­la­res. O sócio da Cli­ma­tem­po afir­ma que tem con­tra­to com todas as ope­ra­do­ras de celular que atuam com tec­no­lo­gias SMS e WAP. E a empre­sa tam­bém está pra­ti­ca­men­te pron­ta para for­ne­cer as infor­ma­ções na futu­ra terceira gera­ção (G3). “Esta­mos nos dife­ren­cian­do pelo for­ ma­to e pela inte­ra­ti­vi­da­de. Nossa estru­tu­ ra é enxu­ta, resul­tan­do num custo menor de pro­du­ção”, afir­ma Car­los Magno, que des­ta­ca como outro gran­de dife­ren­cial o fato de nego­ciar con­teú­dos em real, der­ ru­ban­do assim as bar­rei­ras cam­biais.

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O cine­ma é famo­so por imor­ta­li­zar do labo­ra­tó­rio de res­tau­ra­ção da Cine­ per­so­na­gens, enre­dos e cenas. Mas, ma­te­ca Bra­si­lei­ra. mesmo que as his­tó­rias nunca enve­ A par­tir daí, o mate­rial está pron­ lhe­çam, os rolos de filme não estão to para o pri­mei­ro tipo de res­tau­ra­ imu­nes à ação do tempo. O calor e ção pela qual um filme passa, a físi­ca a umi­da­de ata­cam dire­ta­men­te as ou ópti­ca. Essa etapa é total­men­te pelí­cu­las, dete­rio­ran­do o mate­rial e ­manual e sua prin­ci­pal fun­ção é fazen­do com que todo seu con­teú­do fazer com que a pelí­cu­la tenha con­di­ seja per­di­do. A má con­ser­va­ção agra­ ções de pas­sar pelo pro­je­tor. va ainda mais esse qua­dro. No Bra­ O pri­mei­ro pro­ble­ma a ser enfren­ sil exis­te ape­nas um local ade­qua­do ta­do é a “sín­dro­me do vina­gre”. A para o arma­ze­na­men­to des­ses rolos, o expo­si­ção dos rolos ao calor e à umi­da­ Depó­si­to Cli­ma­ti­za­do da Cine­ma­te­ca de pro­vo­ca a libe­ra­ção de ácido acé­ti­co Bra­si­lei­ra, inau­gu­ra­do há um ano e (daí o nome). Com isso, o ace­ta­to de meio. Se um filme novo for guar­da­do que são fei­tas as pelí­cu­las se dete­rio­ra. nesse depó­si­to, que conta com um Além disso, essa rea­ção tam­bém faz acer­vo de 100 mil rolos, pode sobre­vi­ com que o plas­ti­fi­can­te do mate­rial ver por até 200 anos. Porém, gran­de Técnicas artesanais e se cris­ta­li­ze, for­man­do “pla­cas” que parte da fil­mo­gra­fia bra­si­lei­ra está gru­dam nos foto­gra­mas. Se a dete­rio­ esque­ci­da em salas úmi­das e quen­tes, softwares de última ra­ção do rolo for muito gran­de, ele e mui­tos fil­mes da déca­da de 60 já geração conseguem não pode nem ser desen­ro­la­do e o estão total­men­te des­truí­dos. mate­rial está per­di­do. Quan­do ainda Mas, em mui­tos casos, há sal­va­ recuperar filmes há sal­va­ção, a pro­vi­dên­cia é lim­par a ção. ­Depois de pas­sar por vá­rios pro­ pelí­cu­la com sol­ven­te para reti­rar os danificados pelo tempo. ces­sos, que vão desde la­va­gem e lim­ cris­tais mais gros­sos. pe­za ­manuais até tra­ta­­men­to digi­tal, o O pró­xi­mo passo é veri­fi­car as filme pode vol­tar a ter as mes­mas carac­te­­rís­ti­cas do dia de emen­das e as per­fu­ra­ções dos foto­gra­mas e medir seu enco­ sua pri­mei­ra exi­bi­ção. A Cine­ma­te­ca Bra­­si­lei­ra já tra­ba­lha lhi­men­to — já que os rolos dimi­nuem com o tempo e já há quase 30 anos com a res­tau­ra­ção ­ ma­nual de mate­rial não cabem no pro­je­tor. Algu­mas máqui­nas da Cine­ma­te­ca audio­vi­sual. Agora, duas empre­sas pau­lis­tas estão inves­tin­ foram adap­ta­das para acei­tar rolos que sofre­ram enco­lhi­ do na res­tau­ra­ção digi­tal de fil­mes, os EstudiosMega, que men­to, mas, mesmo assim, às vezes é neces­sá­rio acer­tar as recu­pe­ra­ram “Deus e o Diabo na Ter­ra do Sol”, de Glau­ber per­fu­ra­ções para que elas pos­sam pas­sar pelo apa­re­lho de Rocha, e a TeleI­ma­ge, res­pon­sá­vel pelo tra­ta­men­to de ima­ pro­je­ção. gens para um docu­men­tá­rio sobre Pelé. ­Depois disso, falta dar um últi­mo banho no rolo. Ele é lava­do em uma máqui­na de ultra-som, que vibra a pelí­cu­la Tra­ba­lho arte­sa­nal para sol­tar todas as par­tí­cu­las de sujei­ras. Antes mesmo de se ini­ciar a res­tau­ra­ção de um filme, é pre­ci­ Agora, o filme já está pron­to para ser copia­do para so fazer o levan­ta­men­to de todo o mate­rial que exis­te sobre outra pelí­cu­la, crian­do uma nova ­ matriz, ou então para ele. Nega­ti­vos ori­gi­nais, matri­zes inter­me­diá­rias e ­cópias ser­ pas­sar pela res­tau­ra­ção digi­tal. vem de base e guia para a remas­te­ri­za­ção — cria­ção de um novo mas­ter, a ­matriz a par­tir da qual são fei­tas as ­cópias do Lim­pe­za digi­tal filme. Tam­bém é impor­tan­te pes­qui­sar docu­men­tos, crí­ti­cas A res­tau­ra­ção físi­ca não con­se­gue aca­bar com todos os e qual­quer regis­tro que pos­sam dar pis­tas sobre as carac­te­rís­ defei­tos do filme. Algu­mas vezes, a poei­ra gruda na pelí­ ti­cas ori­gi­nais da obra. “É pre­ci­so enten­der o filme, senão eu cu­la e não é pos­sí­vel remo­vê-la sem dani­fi­car o mate­rial. dou minha inter­pre­ta­ção, e a inter­pre­ta­ção do res­tau­ra­dor Tam­bém não é pos­sí­vel remo­ver os ris­cos ou qual­quer não pode apa­re­cer”, diz Patrí­cia De Filip­pi, coor­de­na­do­ra defei­to impres­so no supor­te. Esse tipo de pro­ble­ma só

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Fotos: Divulgação


Antes

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Fil­mes ata­ca­dos pela “sín­dro­me do vina­gre”: lavagem com ultra-som e limpeza com solvente resolvem a cristalização.

pode ser resol­vi­do digi­tal­men­te. Os EstudiosMega de São Paulo mon­ ta­ram a infra-estru­tu­ra para esse tipo de tra­ba­lho no iní­cio deste ano, mas só agora come­ça­ram a mexer com um longa-metra­gem. A empre­sa é a pri­mei­ ra da Amé­ri­ca Lati­na a res­tau­rar digi­ tal­men­te as ima­gens de um filme, já come­çan­do com um tra­ba­lho de peso: o clás­si­co “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, filme de 1964 do dire­tor Glau­ber Rocha. Os EstudiosMega mon­ta­ram o ­núcleo Res­to­re, que conta com o soft­ wa­re Revi­val, pro­du­zi­do pela empre­sa ame­ri­ca­na daVin­ci e que é pro­du­zi­do espe­cial­men­te para a res­tau­ra­ção de mate­rial audio­vi­sual. Além disso, o sis­ te­ma ainda tra­ba­lha com pro­gra­mas que fazem a cor­re­ção de cor e a mar­ca­ção de

luz digi­tal, ou tape to tape. A TeleI­ma­ge, por sua vez, tra­tou no ano pas­sa­do o filme “Limi­te”, de 1931, adap­tan­do-o para 24 qua­dros e 35 mm (ele fora fil­ma­do em 18 qua­dros e em tela qua­dra­da). Porém, só no meio deste ano a empre­sa come­çou a tra­ba­lhar com a res­tau­ra­ção digi­tal, recu­pe­ran­do ima­gens para um docu­men­tá­rio sobre Pelé, pro­du­ zi­do pela Cinear­te e que tem ­estréia pre­ vis­ta para o iní­cio de 2003. Em breve, a TeleI­ma­ge come­ça­rá o pro­ces­so de recu­pe­ra­ção de toda a obra do dire­tor Cacá Die­gues. Para tanto, ela mon­tou seu pró­prio sis­te­ma de res­tau­ra­ção, inti­ tu­la­do TeleI­ma­ge Res­to­re ­ System. Ele con­tém um con­jun­to de pro­gra­mas, como fer­ra­men­tas de cor­re­ção auto­má­ ti­ca de defei­tos, de ajus­te de luz e de

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cor­re­ção ­manual. Para poder ser tra­ta­do no com­pu­ta­ dor, o rolo tem de pas­sar pelo tele­ci­ne — equi­pa­men­to que trans­fe­re o filme para o meio digi­tal. Nessa etapa já é pos­sí­vel fazer ajus­tes de cor e ilu­mi­na­ção. No caso de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, os EstudiosMega con­ta­ram com uma con­sul­to­ ria muito espe­cial: “O dire­tor de foto­gra­fia do filme, Wal­de­mar Fer­rei­ra, nos aju­dou a dosar a cor­re­ção de luz e cor, para ficar o mais pró­xi­mo pos­sí­vel daqui­lo que ele fez ori­gi­nal­men­te”, conta Ely Silva, colo­ris­ta ­sênior dos EstudiosMega. Já den­tro do meio digi­tal, o filme com pro­ble­mas vai para um pro­gra­ma de res­ tau­ra­ção. Pri­mei­ro, é feita uma cor­re­ção auto­má­ti­ca. O pro­gra­ma com­pa­ra cada foto­ gra­ma com os ante­rio­res e suces­so­res e loca­li­za ele­men­tos “estra­nhos”, preen­ chen­do-os. Mas essa var­re­du­ra auto­má­ ti­ca nem sem­pre é efi­caz, já que, “em ­alguns casos, o com­pu­ta­dor não con­se­gue dis­tin­guir o que é um defei­to e o que faz parte do filme”, expli­ca Mar­ce­lo Siquei­ra, super­vi­sor de res­tau­ra­ção da TeleI­ma­ge. A solu­ção, então, é par­tir para a rotos­co­pia, lim­pe­za ­manual das ima­gens. Tanto o Revi­ val quan­to o TeleI­ma­ge Res­to­re ­ System mes­clam a ima­gem de um foto­gra­ma dani­ fi­ca­do com a ima­gem de algum outro que pos­sua os mes­mos cená­rios e per­so­na­gens. Dessa forma, é pos­sí­vel ­cobrir o defei­to com ele­men­tos do pró­prio filme. “O mais inte­res­ san­te dessa téc­ni­ca é que não há nenhu­ma dife­ren­ça de tex­tu­ra. Nada é adi­cio­na­do ao filme, só usa­mos aqui­lo que já está lá”, diz Ely Silva. Sem con­sen­so Ainda no com­pu­ta­dor, tam­bém é pos­sí­vel acer­tar o con­tras­te, rea­vi­var as cores, ajus­ tar o balan­ço da ima­gem, enfim, é pos­sí­vel mexer em quase todos os ele­men­tos do

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Fotos: Patrí­cia De Filip­pi

Rolos de fil­mes per­di­dos: recu­pe­ra­ção impossível

filme. O limi­te é ape­nas o da fide­li­ da­de à obra ori­gi­nal. É certo ou não ajus­tar o balan­ço pro­du­zi­do por uma câme­ra que esta­va na arqui­ban­ca­da do está­dio? “Ainda há muita dis­cus­são sobre até que ponto se deve inter­fe­ rir em um filme e não há ­ nenhum con­sen­so quan­to ao assun­to”, ana­li­sa Fábio Frac­ca­rol­li, res­tau­ra­dor digi­tal dos EstudiosMega. Por causa disso, o jul­ga­men­to fica a cargo do pró­prio res­ tau­ra­dor. Para Patrí­cia De Filip­pi, “a esté­ti­ca não pode trair a ética”. Com todos os defei­tos remo­vi­dos da ima­gem, ela está pron­ta para ser trans­ fe­ri­da para uma nova ­ matriz. Até cerca de dois anos atrás era impos­sí­vel trans­por­tar um filme digi­tal de volta à pelí­cu­la. Hoje, gra­ças à tele­ci­na­gem em alta reso­lu­ção, um docu­men­to audio­vi­ sual digi­ta­li­za­do pode ir do com­pu­ta­ dor de volta ao rolo e ser exi­bi­do em qual­quer sala de cine­ma. O tempo que esse pro­ces­so demo­ra

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varia de acor­do com o esta­do de degra­da­ ção do filme. Um rolo de filme leva, em média, três meses para ser recu­pe­ra­do na Cine­ma­te­ca. A TeleI­ma­ge demo­rou uma sema­na para lim­par uma cena de qua­tro segun­dos com ima­gens de Pelé. Já os EstudiosMega con­se­gui­ram res­tau­rar “Deus e o Diabo na Terra do Sol” em dois meses. O áudio Não é pos­sí­vel res­tau­rar o áudio opti­ca­ men­te. Isso por­que os ruí­dos e chia­dos só apa­re­cem quan­do há ris­cos na pelí­ cu­la ou por causa das limi­ta­ções dos equi­pa­men­tos anti­gos. Pou­cas empre­sas bra­si­lei­ras fazem a res­tau­ra­ção de áudio. Uma delas é a Rob Fil­mes, do Rio de Janei­ro, que pres­ta o ser­vi­ço há qua­tro anos e recu­pe­ra todos os ­ áudios de fil­ mes tra­ta­dos na Cine­ma­te­ca. A pri­mei­ra etapa pela qual passa a

cópia ou o nega­ti­vo de um filme que chega à empre­sa é a digi­ta­li­za­ção. Todo o con­teú­do da pelí­cu­la é trans­fe­ri­do para um DAT. De lá, o som vai para den­tro do com­pu­ta­dor. Nesse ambien­te, o áudio é tra­ba­lha­ do no pro­gra­ma Sonic Solu­tion, em um pro­ces­so com­ple­ta­men­te ­manual. O téc­ ni­co ouve o mate­rial e loca­li­za os sons “estra­nhos”, como esta­los e chia­dos, e os remo­ve um por um. ­Depois, é hora de mexer na equa­li­za­ ção. Nesse pro­ces­so é pos­sí­vel remo­ver dis­tor­ções e ajus­tar os gra­ves e agu­dos. “Em mui­tos casos, há um som grave de fundo que não per­ten­ce à gra­va­ção”, expli­ca ­Damião Lopes, ope­ra­dor de áudio da Rob Fil­mes. Mas nem todos os pro­ble­mas podem ser solu­cio­na­dos. ­ Lopes conta que, às vezes, “o som está tão baixo em rela­ção aos ruí­dos que a única coisa que pode­mos fazer é ate­nuar isso”. Por ser total­men­te ­ manual, a res­tau­ ra­ção digi­tal de um áudio é demo­ra­da. O tempo varia de acor­do com o esta­do do mate­rial. Por exem­plo, o som do filme “Alô, Alô, Car­na­val!”, de 1936, demo­rou três meses para ser recu­pe­ra­do. Ter­mi­na­da a lim­pe­za, o áudio está pron­to para se jun­tar às ima­gens. É neces­sá­rio sin­cro­ni­zar os dois com muito cui­da­do. Às vezes, um foto­gra­ma de ima­gem é per­di­do e o som pre­ci­sa ser edi­ta­do para casar com o vídeo. Só ­depois disso é que o áudio está pron­to para gerar novas matri­zes, sejam elas digi­tais ou em pelí­cu­la.

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Parceria ou bypass?

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O assun­to é tra­ta­do com reser­vas pelos anun­cian­tes, que ale­gam Anunciantes falam em novos modelos estar ape­nas desen­vol­ven­do “um novo tipo de rela­cio­na­men­to” de parceria na escolha de suas produtoras. com agên­cias e pro­du­to­ras de publi­ci­da­de. Mas a prá­ti­ca do ­bypass — em que o anun­cian­te cria seu pró­ Temor é que estejam na prio grupo de mídia, desen­vol­ve cam­pa­nhas verdade pulando as agências. e con­tra­ta as pro­du­to­ras de fil­mes sem pas­sar pela agên­cia — tem cau­sa­do preo­cu­pa­ção no mer­ca­do de agên­cias de publi­ci­da­de, que vê na prá­ti­ca uma opção peri­go­sa tanto do ponto de empre­sa e suas mar­cas, aumen­tan­do, assim, sua vista da cria­ção, quan­to do cor­po­ra­ti­vo. ren­ta­bi­li­da­de final. Os rela­cio­na­men­tos a longo Nem o lan­ça­men­to recen­te de um guia de prazo bene­fi­ciam a saúde da marca”. rela­cio­na­men­to, em que a Asso­cia­ção Bra­si­lei­ O dire­tor de aten­di­men­to da pro­du­to­ra Jodaf, ra dos Anun­cian­tes (ABA) con­si­de­ra a sele­ção Sér­gio Tikho­mi­roff, julga que o ­ bypass é pre­ e manu­ten­ção de agên­cias como essen­cial para ju­di­cial para todos na ­ cadeia da publi­ci­da­de. a ges­tão de comu­ni­ca­ção das empre­sas, pare­ce “O que alguns anunciantes Segun­do ele, a agên­cia vê inva­di­da sua capa­ci­ ter sido sufi­cien­te para ­esfriar os âni­mos. da­de his­tó­ri­ca de esco­lher ou indi­car para cada O pre­si­den­te da Asso­cia­ção Bra­si­lei­ra estão fazendo de Agên­cias de Publi­ci­da­de (Abap), Sér­gio é selecionar empresas com job o ­ melhor dire­tor/pro­du­to­ra para as dife­ren­ tes carac­te­rís­ti­cas de um deter­mi­na­do tra­ba­lho. Amado, garan­te que ­nenhum anun­cian­te está a participação das suas “Este é um momen­to fun­da­men­tal do pro­ces­so, já con­tra­tan­do pro­du­to­ras pas­san­do por cima das agências.” que dire­to­res e pro­du­to­ras, assim como médi­cos agên­cias. “O que ­alguns anun­cian­tes — gran­ Sér­gio Amado, presidente em suas espe­cia­li­da­des, ou che­fes em seus res­tau­ des anun­cian­tes — estão fazen­do é sele­cio­nar da Abap ran­tes, pos­suem dife­ren­tes carac­te­rís­ti­cas tam­bém empre­sas com a par­ti­ci­pa­ção das suas agên­cias na manei­ra de con­ce­ber e rea­li­zar fil­mes e cam­pa­ e reco­men­da­das por elas para esta­be­le­cer um nhas. Nin­guém ­ melhor que uma boa agên­cia, um mode­lo de ope­ra­ção que seja com­pa­tí­vel com bom dire­tor de cria­ção e seu time para saber quais a rea­li­da­de de mer­ca­do atual e que garan­ta as reais neces­si­da­des de um pro­du­to e obje­ti­vos de qua­li­da­de. São pro­du­to­ras de alto nível de qua­ sua cam­pa­nha publi­ci­tá­ria e então suge­rir ou até li­da­de que já tra­ba­lha­vam e tra­ba­lham para esco­lher o ­melhor talen­to para exe­cu­tá-la”, diz. estes clien­tes”, expli­ca. Para Tikho­mi­roff, o que está em dis­cus­são é a A nova estra­té­gia, segun­do a Abap, tem “com­pra” de talen­tos ade­qua­dos pelo preço pos­ como obje­ti­vo oti­mi­zar cus­tos, “dian­te da rea­ sí­vel com a fina­li­da­de de atin­gir o máxi­mo de li­da­de da amea­ça da crise que esta­mos viven­ efi­ciên­cia. Ele insis­te que este é um conhe­ci­men­to do e vamos viver ainda por algum tempo. O adqui­ri­do e um talen­to tam­bém, e que o anun­cian­ obje­ti­vo é pra­ti­ci­da­de. A sele­ção sim­pli­fi­ca te, ao des­pre­zar esta capa­ci­da­de de sua agên­cia, o pro­ces­so e visa pre­ser­var as rela­ções entre des­pre­za tam­bém uma his­tó­ria de hie­rar­quia agên­cias, mer­ca­do e for­ne­ce­do­res. A agên­cia con­ti­nua sendo quem cria e reco­men­da os for­ “Toda a relação criativa de pro­fis­sio­nal e expe­riên­cia da equi­pe cria­ti­va, via infor­ma­ções cons­tan­te­men­te atua­li­za­das, muni­ ne­ce­do­res: o clien­te esco­lhe, por­que a esco­lha roteiro e produção é mancia­das por seu depar­ta­men­to de RTVC. “Isso é um direi­to dele. A sele­ção e manu­ten­ção da tida com a agência.” agên­cia certa são essen­ciais para o clien­te, por Andréa Barata Ribeiro, diretora tudo além do poder de nego­cia­ção que um pro­du­ tor de RTVC tem, pelo sim­ples fato de estar em causa do papel-chave que a agên­cia de comu­ executiva da O2 cons­tan­te con­ta­to com pro­du­to­ras em fun­ção de ni­ca­ção pode desem­pe­nhar para pro­mo­ver a

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em cons­tan­te con­ta­to com pro­du­to­ras em fun­ção de ­outros clien­tes.” O dire­tor acre­di­ta que o ­bypass causa a sen­sa­ção ilu­só­ria de que finan­cei­ra­ men­te será con­se­gui­da uma gran­de van­ta­gem. “O tra­ba­lho con­jun­to de agên­cias e pro­du­to­ras for­ne­ce um volu­ me de tra­ba­lho poten­cial muito supe­ rior a um clien­te iso­la­do, seja ele qual for. Isto para não men­cio­nar a impor­ tân­cia da manei­ra como as infor­ma­ ções devem ser bem dis­tri­buí­das entre todos os envol­vi­dos. Nin­guém ­melhor que a agên­cia para con­ti­nuar sendo o elo entre clien­te e for­ne­ce­dor”, con­clui Sér­gio Tikho­mi­roff. Pool Entre as pro­du­to­ras, o ­bypass é uma rea­li­da­de, por enquan­to, apa­ren­te­ men­te des­co­nhe­ci­da. A O2 Fil­mes, que pro­duz peças para a Uni­le­ver, já con­vi­ve (bem) com a nova estra­té­gia, que não alte­rou sig­ni­fi­ca­ti­va­men­te a sua forma ori­gi­nal de tra­ba­lho. A dire­to­ra exe­cu­ti­va da O2, ­ Andréa Bara­ta Ribei­ro, afir­ma que a Uni­le­ver con­sul­tou sua agên­cia de publi­ci­da­de sobre quais pro­du­to­ras ­seriam inte­res­ san­tes para rea­li­zar seus fil­mes. For­ mou um pool de qua­tro pro­du­to­ras e, de acor­do com a neces­si­da­de, esco­lhe a que mais lhe con­vém. “Mas toda a rela­ção cria­ti­va de rotei­ro e pro­du­ção é man­ti­da com a agên­cia. O clien­te bus­cou uma agên­cia que ao longo do tempo tenha conhe­ci­men­to mais apro­fun­da­do de suas mar­cas; que conhe­ça suas neces­si­da­des; que fosse coo­pe­ra­ti­va e mais inte­gra­da com a comu­ni­ca­ção do clien­te.” Para ­ Andréa, as agên­cias estão mais envol­vi­das na comu­ni­ca­ção com os anun­cian­tes. “Quem sabe criar é a agên­ cia, e a Uni­le­ver não dis­pen­sa o tra­ba­lho das agên­cias. Os fil­mes que pro­du­zi­mos para este clien­te foram rea­li­za­dos a par­tir de con­sul­tas que a Uni­le­ver fez às suas agên­cias. Den­tro desse pool exis­te a pre­fe­rên­cia pela O2, mas se o cria­ti­vo qui­ser tra­ba­lhar com outra pro­du­to­ra, pode tra­ba­lhar. Mas deve dar pre­fe­rên­cia às pro­du­to­ras que inte­gram o pool. Aqui rece­be­mos

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outubro de 2002

O Guia da ABA Veja algu­mas dicas sobre o rela­cio­na­ men­to entre agên­cia, clien­te e pro­du­to­ ra suge­ri­das pela Asso­cia­ção Bra­si­lei­ra de Anun­cian­tes: • Deci­da (em uma troca de agên­cia) posi­ ti­va­men­te por uma lista de con­cor­ren­tes de até três agên­cias, no máxi­mo. Se a titu­lar pre­sen­te for con­vi­da­da, a lista pode che­gar até qua­tro agên­cias, no total. • Não con­vi­de a agên­cia titu­lar para con­ cor­rer se você não tiver a inten­ção de sele­cio­ná-la nova­men­te. Se você deci­dir não con­vi­dá-la, con­ver­se com ela sobre o moti­vo pelo qual você não a está incluin­do na lista de pré-sele­cio­na­das. • Uma con­tri­bui­ção finan­cei­ra (anun­cia­da aber­ta­men­te e sendo a mesma ofer­ta

rotei­ros, faze­mos reu­nião de pro­du­ção, con­ti­nua tudo igual.” Guia A ABA lan­çou em agos­to o “Guia da ­Melhor Prá­ti­ca”, uma série de orien­ta­ ções para melho­rar o rela­cio­na­men­to entre anun­cian­tes, agên­cias e pro­du­ to­ras que prevê, como afir­ma Sér­gio Amado, da ABAP, a oti­mi­za­ção de cus­tos sem pre­juí­zo na rela­ção entre anun­cian­tes, agên­cias e pro­du­to­ras. O rotei­ro foi todo cria­do com vis­tas a redu­zir gas­tos sem com­pro­me­ti­men­to da qua­li­da­de dos ser­vi­ços. Entre as orien­ta­ções está a de asse­ gu­rar-se que mudar de agên­cia está den­tro dos melho­res inte­res­ses da(s) marca(s) ou da orga­ni­za­ção e que isso aumen­ta­rá o valor para os acio­nis­tas. Antes de ini­ciar a busca por uma nova agên­cia, con­vém se cer­ti­fi­car de que foi feito todo o pos­sí­vel para res­ ta­be­le­cer a saúde do rela­cio­na­men­to clien­te/agên­cia exis­ten­te, con­si­de­ran­ do, ainda, a pos­si­bi­li­da­de de se usar con­sul­to­res exter­nos para faci­li­tar o pro­ces­so de mudan­ça. A mudan­ça de agên­cia, entre­tan­to,

para todas as agên­cias cons­tan­tes na lista de pré-sele­cio­na­das) de­mons­tra com­pro­ mis­so e a serie­da­de de seu pro­pó­si­to. O obje­ti­vo é moti­var as agên­cias e asse­gu­rar um pro­ces­so pro­fis­sio­nal, já que a con­tri­ bui­ção não pre­ci­sa ­cobrir todos os cus­tos de ter­cei­ros, fun­cio­ná­rios e asso­cia­dos en­vol­vi­dos. • Asse­gu­re a cola­bo­ra­ção da agên­cia titu­lar ante­rior para a nova agên­cia, cer­ti­fi­can­dose de que todos os mate­riais que per­ten­ cem ao clien­te se­jam devol­vi­dos de acor­do com o con­tra­to. • Depois da sele­ção da nova agên­cia, asse­ gu­re-se de que o con­tra­to entre clien­te e agên­cia seja real­men­te nego­cia­do, acor­ da­do e assi­na­do. Os con­tra­tos devem ser segui­dos ao longo do rela­cio­na­men­to, até e incluin­do a res­ci­são.

não pode ocor­rer sem con­sul­ta aos depar­ ta­men­tos jurí­di­co e de mar­ke­ting das empre­sas. Reco­men­da-se, antes de tro­ car de agên­cia, exa­mi­nar as cláu­su­las per­ti­nen­tes do con­tra­to com a agên­cia titu­lar, par­ti­cu­lar­men­te com rela­ção ao perío­do de noti­fi­ca­ção, tér­mi­no da rela­ção e even­tuais inde­ni­za­ções con­ tra­tuais. E avisá-la do novo pro­ces­so de sele­ção “pesan­do a neces­si­da­de de con­fi­den­cia­li­da­de do pro­ces­so con­ tra a pos­si­bi­li­da­de de a agên­cia ficar saben­do por outra fonte que não seu clien­te atual”. O guia prevê as melho­res manei­ras de fazer con­cor­rên­cias, e alega que a forma tra­di­cio­nal de con­cor­rên­cia pode ser vicia­ da por indi­ca­ções, repu­ta­ção, “quí­mi­ca pes­soal” e ­outros atra­ti­vos. Suge­re works­ hops de aná­li­ses e pro­je­tos expe­ri­men­tais que dêem uma visão prá­ti­ca do tipo de ser­vi­ço que a agên­cia pode ofe­re­cer. Sobre o rela­cio­na­men­to clien­te/ agên­ cia, afir­ma que “é muito valio­so e pre­ci­sa de uma ges­tão ativa: reve­ja e rein­vis­ta regu­ lar­men­te no rela­cio­na­men­to atra­vés do uso estra­té­gi­co de brains­torms, dias de ava­ lia­ção e pla­ne­ja­men­to fora do escri­tó­rio e reno­van­do a equi­pe com ­outras pes­soas”.

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outu­bro 01 a 22/11 — Curso: Da Pro­du­ ção de Campo à Pro­du­ção Exe­ cu­ti­va no Mer­ca­do Inter­na­cio­nal. Escue­la Inter­na­cio­nal de Cine y TV, Cuba. Infor­ma­ções no Pro­je­to Proar­te Bra­sil. Fone: (22) 2629—1493. E-mail: ­alfrec@uol.com.br. 05 a 11/01 — Curso: Ilu­mi­na­ção para Vídeo. Cen­tro de Comu­ni­ca­ção e Artes do Senac/RJ. R. 24 de maio, 543 — Bl. 1 — 1º andar — Ria­chue­lo — Rio de Janei­ro. Fones: (21) 2582—5519/ 2582—5570. E-mail: comu­ni­car­te@rj.senac.br. Inter­net: www.rj.senac.br. 7 a 11 — Works­hop — Rotei­ro e Dire­ção — Módu­lo II — Avan­ça­do. Esco­la Pau­lis­ta Cul­tu­ra & Arte. Av. Pau­lis­ta, 2518 / Cj. 51 — São Paulo. Fone: 3257—4472. E-mail: esco­la­pau­lis­ta@hot­mail.com. Works­hop — Story Board para Cine­ ma: Módu­lo II. Esco­la Pau­lis­ta Cul­tu­ra & Arte. Av. Pau­lis­ta, 2518 / Cj. 51 São Paulo. Fone: 3257—4472. E-mail: esco­la­pau­lis­ta@hot­mail.com. 07 a 23/10 — Curso: Solu­ções para Sis­te­mas Não—Linea­res — Módu­lo Placa de Cap­tu­ra. Cen­tro de Comu­ni­ca­ção e Artes do Senac/RJ. R. 24 de maio, 543 — Bl. 1 — 1º andar — Ria­chue­lo — Rio de Janei­ro. Fones: (21) 2582—5519/ 2582—5570. E-mail: comu­ni­car­te@rj.senac.br. Inter­net: www.rj.senac.br. 08 a 12/11 — Curso: Rotei­ro de Fic­ção para TV. Cen­tro de Comu­ni­ca­

ção e Artes do Senac/RJ. R. 24 de maio, 543 — Bl. 1 — 1º andar Ria­chue­lo — Rio de Janei­ro. Fones: (21) 2582—5519/ 2582—5570. E-mail: comu­ni­car­te@rj.senac.br. Inter­net: www.rj.senac.br. 09 a 29/11 — Curso: Pro­du­ção de Arte para TV. Cen­tro de Comu­ni­ca­ ção e Artes do Senac/RJ. R. 24 de maio, 543 — Bl. 1 — 1º andar Ria­chue­lo — Rio de Janei­ro. Fones: (21) 2582—5519/ 2582—5570. E-mail: comu­ni­car­te@rj.senac.br. Inter­net: www.rj.senac.br. 12 e 13 — Works­hop — Inter­pre­ta­ ção para Cine­ma. Esco­la Pau­lis­ta Cul­ tu­ra & Arte. Av. Pau­lis­ta, 2518 / Cj. 51 — São Paulo. Fone: 3257—4472. E-mail: esco­la­pau­lis­ta@hot­mail.com.

[ abta 2002 ] Estão aber­tas as ins­cri­ções para o con­ gres­so ABTA 2002, que acon­te­ce de 15 a 17 de outu­bro. O tema cen­tral deste ano é a defi­ni­ção de uma pro­pos­ ta real de um novo mode­lo de negó­cios pa­ra o setor de TV por assi­na­tu­ra. Estão con­­fir­ma­das as pre­sen­ças do minis­tro das comu­ni­ca­ções, Jua­rez Qua­dros; do pre­­si­den­te da Ana­tel, Luiz Gui­lher­me Schymu­ra; do con­se­lhei­ro Anto­nio Va­len­ te; e do supe­rin­ten­den­te de comu­ni­ca­­ ção de massa da agên­cia, Ara Apkar Mi­nas­sian. News Corp., Abril, Orga­ni­za­ ções Globo, BNDES, ­ DirecTV, Neo TV, Sky, TVA, Adel­phia, Glo­bo­sat, Can­brás, Ele­tros, Tur­ner, TV Filme e TV Globo tam­ bém são empre­sas que par­ti­ci­pam dos deba­tes cen­trais. Nos semi­ná­rios, serão cerca de 60 apre­

sen­ta­ções dis­tri­buí­das ao longo de três dias, com 19 temas dife­ren­tes sobre es­tra­té­gias de mar­ke­ting e ope­ra­ção, tec­no­­lo­gia, regu­la­men­ta­ção, finan­ças e mer­­ca­do, pro­gra­ma­ção e audiên­cia, entre ­outras. A orga­ni­za­ção do even­to ofe­re­ce paco­ tes espe­ciais para empre­sas. Infor­ma­ções: fone (11) 3120—2351 ou E-mail info@con­ver­gee­ven­tos.com.br. O pro­gra­ma com­ple­to pode ser visto no site www.abta2002.com.br. 18 a 31 — XXVI Mos­tra Inter­na­cio­nal de Cine­ma de São Paulo. Fones: (11) 3141—2548 / 1068 / 0413. Fax: (11) 3266—7066. E-mail: info@mos­tra.org. Inter­net: www.mos­tra.org. 28 a 22/11 — Curso: Ofi­ci­na de Rea­li­za­ção Cine­ma­to­grá­fi­ca. Escue­la Inter­na­cio­nal de Cine y TV, Cuba. Infor­ma­ções no Pro­je­to Proar­te Bra­sil. Fone: (22) 2629—1493. E-mail: ­alfrec@uol.com.br. 29 a 31 — Tech­noi­ma­ge 2002. Senac/SP. R. Faus­to­lo, 1.347 Lapa, São Paulo. E-mail: tech­noi­ma­ge@sp.senac.br. Inter­ net: www.tech­noi­ma­ge.com.br.

novembro 11 a 29 — Curso: Dire­ção de Cena. Escue­la Inter­na­cio­nal de Cine y TV, Cuba. Infor­ma­ções no Pro­je­to Proar­te Bra­sil. Fone: (22) 2629—1493. E-mail: ­alfrec@uol.com.br.


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