Revista Tela Viva 129 - julho 2003

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TV Tem investe em marca única para atender mercado local

Nova rede quer espalhar o cinema digital pelo País

Mudanças na legislação de comunicação ficam para daqui a dois anos

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ano12nº129julho2003


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editorial

A partir desta edição de TELA VIVA, com o apoio das produtoras, emissoras de TV, entidades organizadas do setor e fornecedores de equipamentos, daremos início a uma campanha pública pela redução da carga tributária sobre os equipamentos de produção e pelo fim do contrabando. Entendemos que a atividade audiovisual, seja em cinema, publicidade ou televisão, tem um caráter fundamental para a formação cultural do País, bem como

rubensglasberg

para a educação, informação e integração nacionais. Mais que isso, é grande

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fomentadora de emprego e renda, além de potencial geradora de divisas internacionais, pela exportação tanto de serviços quanto de conteúdos acabados, sem mencionar a importância da difusão da cultura brasileira no exterior. No entanto, boa parte dos insumos para esta atividade que se pretende industrial, mesmo não tendo similares nacionais, são onerados com uma carga tributária violenta, que prejudica a competição interna, o aumento nos investimentos e a democratização dos meios de produção. A importação de equipamentos de áudio e vídeo, bem como de acessórios, iluminação etc., sofre uma enxurrada de impostos em cascata, além dos custos de transporte e seguro, que podem aumentar em até 70% o valor de um bem, sem falar na conversão cambial. Peguemos um exemplo hipotético: um determinado equipamento de vídeo que custe US$ 100 mil no exterior (preço FOB) chegará ao País por US$ 110 mil, aproximadamente, após pagamento de frete, seguro e outras despesas. Sobre este valor incide o Imposto de Importação (cerca de 13,9%). Em cima do novo valor, paga-se IPI (14%). Ao total, soma-se o ICMS, que no caso do Rio de Janeiro, por exemplo, chega a 18% mais 1% para o Fome Zero. Arredondando, o equipamento chega ao usuário por nada menos que US$ 170 mil. O resultado: muitas produtoras e até emissoras acabam apelando para o contrabando, que não oferece garantias, seguro, assistência técnica ou suporte, além de não poder ser financiado ou adquirido na forma de leasing. Sem mencionar as questões éticas e o risco de quem comete uma contravenção. TELA VIVA quer ajudar a mudar este quadro. Com uma tributação mais justa, as perdas para os estados e a União seriam mínimas, pois o contrabando não paga impostos, os volumes destas importações são irrelevantes na balança comercial brasileira, e seriam amplamente compensadas pela geração de renda, emprego e divisas proporcionados pela atividade audiovisual. E no final sairemos com uma indústria de conteúdo nacional mais madura, sadia, profissional e transparente.

Diretor e Editor Rubens Glasberg Diretor Editorial André Mermelstein Diretor Editorial Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski Gerente de Marketing Mariane Ewbank Administração Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Editora de Projetos Especiais Sandra Regina da Silva Redação Lizandra de Almeida (Colaboradora) Sucursal Brasília Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal), Raquel Ramos (Repórter)

Arte Clau­dia G.I.P. (Edi­ção de arte e Pro­je­to grá­fi­co), ­ Douglas Turri (Assis­ten­te e Ilustração de Capa), ­Rubens Jar­dim (Pro­du­ção grá­fi­ca), Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção ele­trô­ni­ca) Depar­ta­men­to Comer­cial Almir Lopes (Geren­te), Ale­xan­dre Ger­del­mann e Cris­tia­ne Peron­di (Con­ta­tos), Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te)

Editor Fernando Lauterjung Webmaster Marcelo Pressi Webdesign Claudia G.I.P.

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zona Norte A Tec Cine pro­du­ziu o comer­cial do dia dos namo­ra­dos para o Norte Shop­ping, dando con­ti­nui­da­de à cam­pa­nha de valo­ri­za­ção da Zona Norte cario­ca, cria­da pela Resen­de & Resen­de. A pro­ta­go­nis­ta foi a atriz Flá­via Ales­san­dra, que morou na Tiju­ ca. Diri­gi­da por Ronal­do Uzeda, ela gra­vou o comer­cial em fren­te à facha­da, na Praça ­ Xavier de Brito, do lado de fora do Mara­ca­ nã e den­tro do pró­prio shop­ping. A cria­ção é de Sér­gio Resen­de, que tam­bém assi­na a dire­ção de cria­ção. O filme foi tele­ci­na­do e fina­li­za­do na Link Digi­tal. Ronal­do Uzeda e Flá­via Ales­san­dra

Inver­no com cap­puc­ci­no O pri­mei­ro filme da cam­pa­nha do cap­puc­ci­no Três Cora­ções, “Con­vi­ te”, foi diri­gi­do por Clau­dio Bor­rel­ li, da Com­pa­nhia de Cine­ma, com cenas que mos­tram um homem iná­bil, num bar, ten­tan­do sedu­zir ­várias mulhe­res com con­vi­tes inde­ co­ro­sos. Até que, num lam­pe­jo, ele con­vi­da uma delas para um cap­puc­ci­no e o con­vi­te é pron­ta­ men­te acei­to. A estra­té­gia da cam­pa­nha, cria­da pela Fal­lon PMA, é apro­vei­tar a che­ ga­da do inver­no, perío­do em que cres­ce con­si­de­ra­vel­men­te a deman­ da do pro­du­to.

Cul­tu­ra japo­ne­sa

Off road

A Radar TV come­ça a gra­var no se­gun­ do semes­tre uma nova série sobre gas­ tro­no­mia. Trata-se do espe­cial “Raí­zes For­tes: uma via­gem com Jun Saka­mo­ to”. A série irá ao ar ainda este ano no canal de TV por assi­na­tu­ra GNT. Serão seis epi­só­dios iné­di­tos com 25 minu­tos de dura­ção cada, que mis­tu­ra­rão o requin­te da culi­ná­ria japo­ne­sa com a cul­tu­ra, hábi­ tos e pecu­lia­ri­da­des do Japão. Com dire­ção de Gil Ribei­ro, foto­gra­fia de Cris­tian Lesa­ge e dire­ção de arte de Ricar­do Van Steen, a série será apre­sen­ ta­da pelo mes­tre da culi­ná­ria japo­ne­sa Jun Saka­mo­to. O docu­men­tá­rio terá tam­bém ima­gens de impor­tan­tes cida­ des do mundo gas­tro­nô­mi­co, como Los Ange­les, Bar­ce­lo­na e São Paulo.

A Lowe foi a res­pon­sá­vel pela cria­ção da cam­pa­nha de lan­ ça­men­to do Xter­ra, veí­cu­lo pro­du­zi­do pela Nis­san do Bra­sil. A mon­ta­do­ra está inves­tin­do R$ 7 ­milhões na publi­ci­da­de do novo veí­cu­lo, R$ 2 ­ milhões só para o vare­jo. A cam­pa­nha ­estréia no pró­xi­­ mo dia 15 nas redes Glo­bo, SBT, ­Record e Ban­dei­ran­tes. Todo o con­cei­to da cam­pa­ nha foi desen­vol­vi­do a par­tir da idéia de que o mode­lo uti­li­tá­rio espor­ti­vo é des­ti­na­ do a pes­soas ousa­das, com esti­lo de vida out­door, que gos­tam de viver inten­sa­men­ te junto à natu­re­za. O filme foi pro­du­zi­do pela O2 Fil­mes com dire­ção de Rena­to Rossi e dire­ção de foto­gra­fia de André Modug­no.

Dez anos A Casa­blan­ca come­mo­rou em junho dez anos com a festa “Can­nes Pre­dic­tions”. Com deco­ra­ção ins­pi­ra­da na déca­da de 50, o even­to con­ tou ainda com outra atra­ção: o can­tor Supla can­tan­do “As Time Goes By”, acom­pa­nha­do por uma big band.

tela viva julho de 2003

Rap jovem Pro­du­zi­do pela Aca­de­mia de Fil­ mes, o comer­cial para o dia dos namo­ra­dos da Vivo mos­trou ­jovens em belas loca­ções com muita músi­ca - na voz do rap­per ­Gabriel, o Pen­ sa­dor. A peça tem lin­gua­gem de video­cli­pe e foi diri­gi­da por Hugo Prata, com tri­lha sono­ra de Julia Petit. A cria­ção é da agên­cia DPZ.

Fotos: Divul­ga­ção


Even­tos high-tech Uma nova empre­sa de even­tos come­ çou a atuar em São Paulo em junho, a CorpE Even­tos Cor­po­ra­ti­vos. Socie­da­de de Celso Antu­nes, da área de cria­ção, e Elia­na Santa Rita, do aten­di­men­to, que vêm da AV Pro­du­ções, a empre­sa con­tou com inves­ti­men­to ini­cial de R$ 2 ­milhões, e pre­ten­de se des­ta­car na pro­du­ção de even­ tos que envol­vam todos os tipos de ­mídias, incluin­do pro­je­ção, ilu­mi­na­ção, sono­plas­ tia e inte­ra­ti­vi­da­de. “Esta­mos pes­qui­san­do todos os tipos de for­ne­ce­do­res e ten­tan­ do esta­be­le­cer par­ce­rias sóli­das com os melho­res do mer­ca­do”, expli­ca Celso. A empre­sa conta com 12 fun­cio­ná­rios fixos, e expec­ta­ti­va de fatu­ra­men­to de R$ 3,5 ­milhões. O anda­men­to dos tra­ba­lhos pode­rá ser acom­pa­nha­do pelos clien­tes dire­ta­men­te no site da empre­sa, em área res­tri­ta com senha. Os dois ­ sócios são par­cei­ros de longa data. Tra­ba­lham jun­tos desde 1997, tendo se conhe­ci­do na Mik­som. Mais tarde foram para a AV Pro­du­ções. Em ambas as pro­­du­to­ras, desen­vol­ve­ ram tra­­ba­lhos para gran­des in­dús­trias de seg­men­tos co­mo auto­mó­veis, ali­men­ tos, bebi­das, tec­no­lo­gia, te­le­­ co­mu­ni­ca­ções e ­outros.

Nação Zumbi A Dína­mo Fil­mes é a res­pon­sá­vel pela pro­du­ção do novo video­cli­pe da banda Nação Zumbi, com a músi­ca “Blunt of Judah”. O vídeo ­ estreou dia 23 de junho na MTV e é ins­pi­ra­do em “Roc­kers”, filme jamai­ca­no da déca­da de 70 e nas pro­du­ ções dos dire­to­res David Lynch e Spike Lee. O clipe é um dos indi­ca­dos ao VMB — Video Music Bra­sil 2003, o qual con­cor­ re nas cate­go­rias “edi­ção de video­cli­pe”, “dire­ção de arte em video­cli­pe” e “video­ cli­pe de rock”. Fil­ma­do em Reci­fe e em São Paulo duran­ te o mês de maio, o vídeo foi diri­gi­do por Ricar­do Carel­li, dire­tor de arte e ani­ma­ ção da Dína­mo Fil­mes. A co-dire­ção é de Edu Cama e a dire­ção de foto­gra­fia é de Car­los Zala­sik.

Celso Antunes e Eliana Santa Rita

Bio­di­ver­si­da­de em docu­men­tá­rio

Apoio holan­dês Cinco pro­je­tos cine­ma­to­grá­fi­cos bra­si­lei­ros foram sele­cio­na­dos pelo ­ Hubert Bals Fund, fundo holan­dês de fomen­to ao cine­ma liga­ do ao Fes­ti­val de Roter­dã. Anual­men­te, o fundo sele­cio­na pro­je­tos que rece­bem apoio em dinhei­ro e este ano, entre os 30 esco­ lhi­dos, estão: “Dead ­ Girl’s Party”, do ator ­Matheus Nach­ter­gae­le; “Fim da Linha”, do dire­tor gaú­cho Gus­ta­vo Stein­berg; e “Migui­lim”, da video­ma­ker cario­ca radi­ca­da na Fran­ça San­dra Kogut, pre­mia­dos com o incen­ti­vo ao desen­vol­vi­men­to de rotei­ro e pro­je­to. “Nina”, de Hei­tor Dha­lia, em fase de fina­li­za­ção pela pro­du­to­ra Gul­la­ne Fil­mes, rece­beu o prê­mio de pós-pro­du­ção; e “33”, do dire­tor e antro­pó­lo­go Kiko Goif­man, obte­ ve incen­ti­vo em dis­tri­bui­ção.

A GW Comu­ni­ca­ção, pro­du­to­ra com sedes em São Paulo, Bra­sí­lia e Curi­ti­ba, foi anun­cia­da ven­ce­do­ra do 1º Con­cur­so Bio­di­ver­si­da­de Bra­sil Docu­men­tá­rio, pro­mo­vi­do pela TV Cul­tu­ra e Natu­ra Cos­mé­ ti­cos. Con­cor­ren­do com ­ outros 153 pro­je­tos, a GW apre­sen­tou o pro­je­to “Bio­co­ne­xão — A Vida em Frag­men­tos”, que será gra­va­do em cinco esta­dos. O docu­men­tá­rio terá dire­ção musi­cal de Nel­son Ayres, dire­ção de arte de Guto Lacaz e nar­ra­ção de Paulo Gou­lart. A pre­vi­são é a de que o pro­gra­ma seja exi­bi­do em Cine­ma e tec­no­lo­gia dezem­bro. A ASC, asso­cia­ção que reúne os dire­to­ res de foto­gra­fia para cine­ma nos EUA, está pre­pa­ran­do uma série de reco­men­da­ções sobre o uso de tec­no­lo­gias emer­gen­tes rela­cio­na­das à cine­ma­to­gra­fia. A ini­cia­ti­va visa esta­be­le­cer ­padrões para os pro­fis­sio­nais de cine­ma e conta com um fórum de dis­cus­sões onde ­ alguns nomes da indús­tria cine­ma­to­grá­fi­ca deba­tem sobre a con­ver­gên­cia de filme e tec­no­lo­gias digi­tais. As reco­men­da­ções da asso­cia­ção devem par­tir des­tes diá­lo­gos. Entre os temas abor­da­dos nas reco­men­da­ções estão a evo­lu­ção das câme­ras de pelí­cu­ la e digi­tais, inter­me­dia­ção digi­tal e tec­no­lo­gias para cine­ma digi­tal.


Pala­vras ao vento Dis­ca­gem à dis­tân­cia

Pre­mia­do como des­ta­que de expres­são poé­ti­ca na últi­ ma edi­ção do Fes­ti­val de Cine­ma Uni­ver­si­tá­rio de Nite­ A Tele­mar está vei­cu­lan­do uma cam­pa­nha para esti­mu­lar o rói, de 28 de maio a 8 junho, o curta “His­tó­ria Ale­gre”, uso do 31 nas liga­ções de longa dis­tân­cia agora pelo celu­lar. de Clau­dia Pucci, é uma adap­ta­ção de conto homô­ni­mo Para isso, conta com o humor e a ima­gem irre­ve­ren­te do ator do escri­tor russo Anton Tche­kov. O desa­fio do filme Pedro Car­do­so. São dois — rea­li­za­do como tra­ba­lho de con­clu­são de curso da fil­mes, cria­dos por Erfi­lio ECA-USP — foi, nas pala­vras da dire­to­ra, “dizer o indi­zí­ Tran­jan, André Havt e vel”. No conto, o casal de pro­ta­go­nis­tas desce uma mon­ Rena­ta Giese, da Next, ta­nha em um trenó, na neve. Duran­te a des­ci­da, a garo­ta e diri­gi­dos por Paula Tra­ tem a impres­são de ouvir o rapaz dizer “eu te amo”. bul­si, da JX Plu­ral. A dúvi­da per­ma­ne­ce no curta, que trans­fe­re a ação da Rús­sia neva­da para uma ladei­ra, e o trenó para um car­ri­nho de roli­mã. “Ten­ta­mos con­tar a his­tó­ria ape­nas atra­vés das ima­gens e da edi­ção de som, sem dei­xar tudo explí­ci­to”, afir­ma Clau­dia. Para che­gar ao resul­ta­ do, pas­sa­ram-se anos desde a fil­ma­gem, con­cre­ti­za­da em 98. “Já que não con­se­gui­mos con­cluir Adver­tain­ment lati­no-ame­ri­ca­no rápi­do, resol­vi que tinha de sair o ­melhor pos­ sí­vel.” O curta agora deve per­cor­rer os prin­ci­ Seguin­do a linha do adver­tain­ment — que une publi­ci­da­de e entre­te­ni­ pais fes­ti­vais bra­si­lei­ros. men­to —, a ­Synapsys Inter­na­tio­nal ­fechou con­tra­to com a Whirl­pool para pro­du­zir pro­gra­mas com as mar­cas Bras­temp e Con­sul. O pro­je­to deve abran­ger toda a Amé­ri­ca Lati­na, com ações simul­tâ­neas em TV a cabo e saté­li­te, redes de TV ­locais e regio­nais, Inter­net e pon­tos-devenda. O lan­ça­men­to das ações está pre­vis­to para agos­to.


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Preo­cu­pa­ção com Glo­bo­par [26/06]

Flo­ris­bal ainda é o prin­ci­ pal exe­cu­ti­vo [30/06]

expec­ta­ti­va era de que o mar­te­lo fosse bati­ do em favor do MinC.

A lei­tu­ra dos balan­ços da Glo­bo­par e da TV Globo refe­ren­tes a 2002 mos­tra ­ alguns deta­ lhes da com­pli­ca­da situa­ção finan­cei­ra por que passa o prin­ci­pal grupo de mídia bra­si­lei­ ro. Não se trata ape­nas da dívi­da con­tra­ta­da ou garan­ti­da dire­ta­men­te pela Glo­bo­par ou pela TV Globo (que tota­li­zou US$ 1,35 ­bilhão em 2002) ou o pre­juí­zo acu­mu­la­do no grupo que che­gou a R$ 5,7 ­bilhões no ano pas­sa­do (por conta de todo o custo da des­va­lo­ri­za­ção cam­bial de 2002). A preo­cu­pa­ção maior mani­ fes­ta­da pelos audi­to­res da Glo­bo­par é com rela­ção à sobre­vi­vên­cia do grupo. Ao que pare­ce, as situa­ções finan­cei­ras da Glo­bo­par e de suas sub­si­diá­rias não tra­zem con­fian­ça aos audi­to­res de que as ope­ra­ções serão man­ti­das. Sobre a TV Globo, que garan­tia R$ 4,9 ­bilhões das dívi­das da Glo­bo­par no final de 2002, segun­do o balan­ço, a pre­vi­são dos audi­to­res é tam­bém nega­ti­va. Eles não acre­di­ tam que a TV tenha con­di­ções de ban­car as dívi­das da Glo­bo­par e mesmo assim man­ter suas ope­ra­ções. Outra preo­cu­pa­ção mani­fes­ta­da por audi­ to­res que ana­li­sa­ram os núme­ros da Glo­bo­ par é com rela­ção à Net Bra­sil. Segun­do um pare­cer cita­do no balan­ço cuja auto­ria não é reve­la­da, o pro­ble­ma da Net Bra­sil está em algu­mas pen­dên­cias e na difi­cul­da­de de ­alguns de seus clien­tes em qui­tar as dívi­das exis­ten­tes (o rela­tó­rio fala nomi­nal­men­te da Net Ser­vi­ços, cuja pen­dên­cia che­ga­ria a R$ 113 ­milhões em 19 de março). Vale lem­brar que todos os dados do rela­tó­ rio finan­cei­ro da Glo­bo­par são de 2002. De lá para cá, a hol­ding ­entrou em pro­ces­so de rene­go­cia­ção de suas dívi­das, e busca jus­ ta­men­te mais prazo para o cum­pri­men­to de obri­ga­ções. Os balan­ços de 2002 não fazem refe­rên­cia a que tipo de pro­pos­ta foi feita aos cre­do­res. Dizem ape­nas que a rene­go­cia­ção deve ser con­cluí­da ainda em 2003, mas não se com­pro­me­tem com datas mais pre­ci­sas. A Net Ser­vi­ços tam­bém está em pro­ces­so de rene­go­cia­ção de sua dívi­da.

Segun­do fonte alta­men­te gra­dua­da do grupo Globo, Mar­lu­ce Dias da Silva não cui­da­rá do pro­ces­so de rees­tru­tu­ra­ção da dívi­da do grupo, tam­pou­co reas­su­mi­rá o cargo de dire­ to­ra geral das orga­ni­za­ções. Para este ano e para o pró­xi­mo, a exe­cu­ti­va, que pros­se­gue em tra­ta­men­to con­tra o cân­cer, será asses­ so­ra de Rober­to Iri­neu Mari­nho. O prin­ci­pal exe­cu­ti­vo ope­ra­cio­nal do grupo é, e con­ti­ nua­rá sendo em 2004, Octá­vio Flo­ris­bal, expli­ca a fonte. O principal ponto estra­té­gico agora é o equa­­cio­na­men­to da dívi­da da Glo­bo­par com seus cre­do­res inter­na­cio­nais, uma dívi­ da de US$ 1,35 ­bilhão, da qual a TV Globo é a prin­ci­pal fia­do­ra. Assim, a Globo terá de se empe­nhar para expli­car a esses cre­do­ res que as cres­cen­tes mar­gens de lucro da TV, resul­tan­tes dos for­tes ajus­tes de cus­tos soma­dos a uma agres­si­va polí­ti­ca comer­ cial, per­mi­tem pagar sem pro­ble­mas os juros da dívi­da. Por­tan­to, se essa dívi­da for alon­ga­da, a Globo terá con­di­ções de pagar tam­bém o prin­ci­pal, por meio de um IPO (lan­ça­men­to de ações), assim que o mer­ca­do mun­dial de bol­sas con­ se­guir se recu­pe­rar. Comen­ta-se no mer­ca­ do que a pro­pos­ta envol­va uma carên­cia de dois anos para come­çar a pagar a dívi­da e dez anos de alon­ga­men­to nos pra­zos. A difi­ cul­da­de, segun­do os mes­mos comen­tá­rios, está prin­ci­pal­men­te no gran­de núme­ro (e dife­ren­tes per­fis) de deben­tu­ris­tas.

R$ 9 ­milhões

Futu­ro da Anci­ne

[12/06]

Em reu­nião rea­li­za­da entre os minis­té­rios do Desen­vol­vi­men­to, Indús­tria e Comér­cio (MDIC), Cul­tu­ra (MinC) e Casa Civil para deci­ dir o futu­ro da Anci­ne, che­gou-se a ape­nas uma con­clu­são: a pala­vra final será do pre­ si­den­te Lula. A sur­pre­sa foi a mani­fes­ta­ção do minis­tro do Desen­vol­vi­men­to no sen­ti­do de que há enti­da­des do cine­ma que dese­jam que a Anci­ne fique sob o MDIC. Até então a

[11/06]

As pro­gra­ma­do­ras estran­gei­ras de TV por assi­na­tu­ra já têm depo­si­ta­dos, nas con­tas refe­ren­tes aos 3% sobre as remes­sas ao exte­rior, R$ 9 ­milhões. Estes recur­sos ficam depo­si­ta­dos em con­tas em nome das empre­ sas, mas super­vi­sio­na­das pela Anci­ne. Cabe à agên­cia a libe­ra­ção dos recur­sos para pro­ je­tos de co-pro­du­ção, o que pres­su­põe apro­ va­ção pré­via.

Eco­no­mia

[12/06]

A Por­ta­ria 493/03 da Casa Civil esta­be­le­ceu uma série de limi­tes aos gas­tos de recur­sos pro­ve­nien­tes de dota­ções orça­men­tá­rias dos ­órgãos liga­dos ao gabi­ne­te de José Dir­ceu. Com a medi­da, a Anci­ne terá um novo limi­te de uso de suas dota­ções orça­men­tá­rias esse ano. Se­gun­do as tabe­las ane­xas à por­ta­ria, a Anci­ne pode­rá movi­men­tar ou empe­nhar ape­nas R$ 16,13 ­ milhões de sua dota­ção orça­men­tá­ria em 2003. O pre­vis­to em lei era R$ 53,8 ­milhões.

Pro­je­to Jan­di­ra

[26/06]

Foi rejei­ta­da a reda­ção final do pro­je­to 256/91, de auto­ria da depu­ta­da Jan­di­ra Feg­ ha­li (PCdoB/RJ), que trata da regu­la­men­ta­ ção do arti­go 221 da Cons­ti­tui­ção e esta­be­ le­ce cri­té­rios e ­regras para a regio­na­li­za­ção da pro­gra­ma­ção de tele­vi­são. O texto esta­va na Comis­são de Cons­ti­tui­ção e Jus­ti­ça (CCJ) ape­nas para ter sua reda­ção final apro­va­da antes de ­seguir para o Sena­do. O novo rela­tor, o depu­ta­do Rober­to Maga­lhães Melo (PTB/ PE), pro­me­teu entre­gar a mesma reda­ção. Se hou­ver atra­so na nova vota­ção, o enca­mi­nha­ men­to do texto ao Sena­do corre o risco de ficar ape­nas para agos­to, quan­do o Con­gres­so volta do reces­so, já que duran­te o mês de julho serão tra­ta­dos ape­nas temas refe­ren­tes às refor­mas pre­vi­den­ciá­ria e tri­bu­tá­ria.

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Pacote pós-produção

Liquid Chrome: quatro streams de vídeo em tempo real e número ilimitado de layers.

Nas alturas A DMS lançou a nova grua Lança 4,8/5,3. Semelhante ao modelo anterior, Grua DMS, o novo produto ganhou um tripé mais alto e um quarto segmento na lança. Com isso, pode atingir de 4,8 metros a 5,3 metros. A grua é toda feita em alumínio e, desmontada, pode ser transportada em bolsa acolchoada de 1,5 metro de comprimento. Na extremidade, pode-se acoplar uma cabeça com interface de 100 mm ou ainda uma girocam. Além disso, para facilitar sua locomoção no estúdio, a grua pode ser montada sobre um dolly. O equipamento já está disponível para comercialização e custa RS 5.670. www.dmsvideo.com.br

A Pinnacle já está distribuindo o sistema de edição e pós-produção Liquid Chrome, apresentado em abril na NAB. O Chrome completa a linha de softwares para trabalho em rede Liquid, também composta pelo Blue, para ambientes broadcast com multi-formatos; Silver, para edição em formato MPEG-2; e Purple, para edição em DV. O Chrome foi criado para o mercado de pós-produção e conta com codecs para MPEG-2 para compressão 4:2:2 em até 50 Mbps, formato DV25 sem compressão. Conta ainda com quatro streams de vídeo em tempo real, número ilimitado de layers e um processo de renderização de efeitos capaz de processar várias layers sem interromper o trabalho. O pacote traz também o gerador de caracteres TitleDeko Pro, o compositor e editor de imagens Commotion Pro, o software de autoração Impression DVD Pro e o corretor de cores Pinnacle Liquid CX. O preço do produto nos Estados Unidos varia, conforme a configuração, entre US$ 14.995 e US$ 24.995. www.pinnaclesys.com

Novo Power Mac

A Apple apresentou o novo Power Mac G5, que incorpora o primeiro processador desktop de 64 bit do mundo. O computador pode ter até 8 Gb de memória e é capaz de processar em 64 bit, enquanto roda aplicações existentes de 32 bits de maneira nativa. Além disso, a memória usada pelo computador é O Power PC G5 Dual traz dois DDR SDRAM 128 bit de 400 MHz. processadores de 2 GHz com A linha Power Mac G5 traz processabus frontal de 1 GHz. dores PowerPC G5 dual de 2 GHz, cada um com um bus frontal independente de 1 GHz. Além disso, traz como padrão a placa NVIDIA GeForceFX 5200 ou a ATI Radeon 9600 Pro. O novo gabinete de alumínio conta com sistema de refrigeração controlado pelo computador para operação silenciosa. A expansão do hardware pode ser feita através de uma interface PCI de 133 MHz e duas interfaces de 100 MHz. Para conectividade externa o Power Mac G5 oferece uma porta Gigabit Ethernet, uma FireWire 800, duas portas FireWire 400, três portas USB 2.0 e suporte para dois monitores, enA Lança 4,8/5,3, trada e saída de áudio digital e analógico e saída para fones de ouvido. A versão quando desmontada, bi-processada vem com disco rígido de 160 Gb Serial ATA e SuperDrive de pode ser transportada quatro velocidades. em case de 1,5 metro de O Power Mac G5 estará disponível no Brasil em meados de outubro. comprimento. www.apple.com.br

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SOFTWARE ANIMADO Novo Maya traz novidades para web e criadores de jogos, além de renderização mais eficiente. A Alias|Wave­front lan­çou a ver­são 5 do Fer­ra­men­tas soft­wa­re de ani­ma­ção Maya. Além de novas Outro des­ta­que está na área de mode­la­gem, fer­ra­men­tas, o pro­du­to conta com mais agi­li­ que pas­sou por mudan­ças nas fer­ra­men­ da­de no pro­ces­so de ren­de­ri­za­ção. Trata-se da tas de extru­são de faces e edges. Agora a oita­va evo­lu­ção do pro­du­to. Segun­do Car­los fer­ra­men­ta extru­de tam­bém pode ser usada Mene­zes, geren­te de ven­das da AWBr, res­ em super­fí­cies cur­vas, tor­nan­do-se mais A ferramenta de fluídos gera ondulações pon­sá­vel pela polí­ti­ca de comer­cia­li­za­ção da efi­cien­te na cria­ção de cau­das, trom­bas, e espuma na supercície de líquidos pela Alias|Wave­front no Bra­sil, a maior parte das ten­tá­cu­los, ­galhos etc. movimentação de um objeto sobre a água. ino­va­ções do soft­wa­re visa aten­der os mer­ca­ Já o Paint FX ­ganhou novos brus­hes, mais dos de jogos e web. rápi­dos e com qua­li­da­de supe­rior, devi­ obje­tos; e o Axes Cons­traint, que per­mi­te Entre as novi­da­des está uma maior inte­gra­ do aos novos algo­rit­mos de ren­der que res­trin­gir o vín­cu­lo de um obje­to a outro em ção com o ren­de­ri­za­dor Men­tal Ray, que foram incor­po­ra­dos à fer­ra­men­ta. Assim é ape­nas um ou dois eixos se for neces­sá­rio. agora acom­pa­nha o soft­wa­re. Além disso, pos­sí­vel fazer cabe­los e pêlos mais rea­lis­ Outra novi­da­de impor­tan­te é a pos­si­bi­li­da­de o Maya traz dois novos tipos de ren­der: o tas com menos tempo de ren­de­ri­za­ção, de alter­nar a ani­ma­ção dos per­so­na­gens de Vec­tor Ren­der e o Hard­wa­re Ren­der. O “pin­tar” uma cida­de com tex­tu­ras como cine­má­ti­ca dire­ta para cine­má­ti­ca inver­sa, pri­mei­ro pos­si­bi­li­ta pré­dios, além de em qual­quer ponto da ani­ma­ção, sem ­sofrer a saída de ima­gens novas plan­tas e pin­céis per­das e ainda con­tan­do com um recur­so de e ani­ma­ções dire­ de efei­tos espe­ciais de tran­si­ção entre a mudan­ça. ta­men­te do Maya fogo e fuma­ça. Agora O pro­du­to já está dis­po­ní­vel na ver­são nos for­ma­tos Flash, tam­bém é pos­sí­vel Com­ple­te para as pla­ta­for­mas PC, Mac, Adobe Ilus­tra­tor EPS con­ver­ter o Paint FX Linux e Irix e custa US$ 2 mil ou US$ 900 ou Sca­la­ble e Vec­tor em obje­tos poli­go­nais, para o upgra­de a par­tir da últi­ma ver­são. Gra­phics (SVG). O man­ten­do o his­tó­ri­co Já a ver­são Unli­mi­ted, que conta com as Vec­tor Ren­der tam­ e seu vín­cu­lo com o fer­ra­men­tas Fur, Live, Fluid e Clo­the, está bém tra­ba­lha com Paint FX ori­gi­nal. dis­po­ní­vel para PC, Linux e Irix. A ver­são recur­sos de som­bra, O Paint FX pode converter para polígonos, Com isso, pode-se para Mac deve ser lan­ça­da em breve. A possibilitando o uso dos pincéis em outros refle­xão e gra­dien­ criar inte­ra­ções entre Unli­mi­ted custa US$ 7 mil ou US$ 1,3 mil renderes, como o Mental Ray. tes na cria­ção das este recur­so e ­outros para o upgra­de. Os usuá­rios de ambas as ima­gens em vetor. O obje­tos, mesmo que ver­sões que este­jam em dia com a taxa de Hard­wa­re Ren­der, dife­ren­te do Hard­wa­re haja per­so­na­gens, dinâ­mi­cas, ren­de­ri­za­ção manu­ten­ção anual têm upgra­de gra­tui­to. Ren­der Buf­fer que acom­pa­nha­va o Maya, com o Men­tal Ray. Já o Maya PLE (Per­so­nal Lear­ning Edi­ usa as fun­ções de pixel sha­ding da nova Quan­to à ani­ma­ção de per­so­na­gens, o Maya tion), ver­são gra­tui­ta vol­ta­da ape­nas para gera­ção de pla­cas de vídeo, tor­nan­do pos­sí­ tam­bém pas­sou por mudan­ças. Foram estu­dos e trei­na­men­to, está pre­vis­to para vel a ren­de­ri­za­ção de cenas com qua­li­da­de intro­du­zi­dos ao soft­wa­re três novos tipos de o iní­cio de setem­bro. broad­cast numa velo­ci­da­de pró­xi­ma a cons­traints: o ­Parent Cons­traint, que faci­li­ta a Por enquan­to, a AWBr conta com duas tempo real. Além disso, ele está inte­gra­do inte­ra­ção de per­so­na­gens com obje­tos; reven­das no Bra­sil, a Tec­no­ví­deo e a Media com os sha­ders, luzes, par­tí­cu­las, geo­me­ o Off­set Cons­traint, recur­so pre­sen­te em Place, esta últi­ma tam­bém res­pon­sá­vel pelo tria, refle­xão, bump todos os tipos de trei­na­men­to ofi­cial, com entre­ga de cer­ti­­map­ping, som­bras, cons­traints e que pode fi­ca­do da Alias|Wave­front. todos os tipos de high­ con­tro­lar a posi­ção, www.alias­wa­ve­front.com lights, ­motion blur, rota­ção e esca­la de obje­ entre ­outros efei­tos. tos vin­cu­la­dos a ­outros fer­nan­do­lau­ter­jung

O Paint FX possibilita a criação de pincéis com a aparência quadrada e sem cantos arredondados.


Mais conhecido como intérprete de grandes eventos, principalmente depois que começou a fazer tradução simultânea de prêmios como o Oscar e o Grammy, Malcolm Forest tem um currículo e uma gama de atividades de tirar o fôlego. Em sua empre­sa, a MDK, pres­ta ser­vi­ços de tra­du­ção e intér­pre­ te para todos os tipos de even­tos, e tam­bém atua como apre­sen­ ta­dor de tele­vi­são e ­ vídeos ins­ti­tu­cio­nais. Mas seus inte­res­ses cul­tu­rais são tan­tos que desen­vol­veu uma car­tei­ra inve­já­vel de pro­je­tos. E, além de todos os pro­je­tos audio­vi­suais e do tra­ba­lho com idio­mas, ainda se dedi­ca a cau­sas ambien­tais e à músi­ca, sua gran­de pai­xão. Filho de um ame­ri­ca­no e uma bra­si­lei­ra, sem­pre teve faci­li­da­de com idio­mas. Mas desde a época de colé­gio par­ti­ci­pou de ban­das de rock. Aos 13 anos, toca­va em fes­ti­nhas e clu­bes aos fins de sema­na. Na esco­la tive aulas de músi­ca, mas o pro­fes­sor era tão rigo­ro­so que aca­ bei fican­do meio blo­quea­do em escri­ta musi­cal.

Quan­do ter­mi­nou a esco­la, deci­diu estu­dar mate­má­ti­ca. ­ Entrou na USP, mas em pouco tempo resol­veu ir para os Esta­dos Uni­dos. Matri­ cu­lou-se em enge­nha­ria, só que em pouco tempo se envol­veu com gru­pos de tea­tro e viu que a músi­ca pode­ria ser uma opção, muito mais do que um hobby. Naquel­ a época a músi­ca não era uma ati­vi­da­

Mal­colm ­ orest F Doug Swee­tland, dire­tor ­ inglês de fil­mes da Pixar, é um dos con­vi­da­ dos do 11º Fes­ti­val Inter­na­cio­nal de Ani­ma­ção Anima Mundi, que acon­te­ce neste mês de julho. Swee­tland fará um works­hop no Rio, nos dias 17 e 18, e outro em São Paulo, no dia 23. Podem par­ti­ci­par do works­hop pes­soas com expe­riên­cia em com­pu­ta­ção grá­fi­ca e ani­ma­ção 3D. Mais infor­ma­ções no site www.ani­ma­mun­di.com.br.

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de ‘­séria’, então deci­di optar por uma car­rei­ra ‘útil’, ima­gi­na­va que o Bra­sil era caren­te de pro­fis­sio­nais. Mas a pai­xão falou mais alto:

tro­cou então as exa­tas pela músi­ca, na Uni­ver­si­da­de da Cali­fór­nia - Los Ange­les (UCLA). Ao vol­tar para o Bra­sil, esta­va deci­di­do a se dedi­car à músi­ca. Lan­çou o selo Pira­te ­ Records, dis­tri­buí­do pela CBS. Come­ça­va a ten­tar se lan­çar como can­tor. Nessa época, as nove­las já eram o

Foi for­ma­da no dia 25 de junho últi­mo a repre­sen­ta­ção pau­lis­ta da ABPI-TV (Asso­cia­ção Bra­­ si­lei­ra das Pro­du­to­ras In­de­pen­den­tes de TV). 1 2 3 4 5 Re­pre­sen­tan­tes de cer­ca de 20 pro­du­to­ras par­ti­ci­ pa­ram do encon­tro, no Museu da Ima­ Fer­nan­do Dias (Grifa) (5), que assu­miu a gem e do Som (MIS), além do pre­si­den­te fun­ção de repre­sen­tan­te da ABPI-TV pau­ da asso­cia­ção, Marco Alt­berg (3), que lis­ta, e mais Cacá Vical­vi (Docu­men­ta veio do Rio para o even­to. Foi cria­da uma Vídeo Bra­sil) (1), Rober­to ­D’Ávila (Moons­ comis­são para con­du­zir a for­ma­ção da hot Pic­tu­res) (2), Fábio Ribei­ro (Radar) e asso­cia­ção em São Paulo, com­pos­ta por Ricar­do Aidar (Canal Azul) (4). Fotos: Ger­son Gar­ga­la­ka (Mal­colm ­Forest) e Divul­ga­ção


gran­de veí­cu­lo de divul­ga­ção de novos talen­tos musi­cais. E a moda de gra­var músi­cas ame­ri­ca­nas com pseu­dô­ni­ mo tam­bém esta­va no auge. Mor­ris ­Albert gra­va­ra “Fee­ lings”, e na seqüên­cia, Mal­colm lan­çou “Ecs­tasy”, que fez parte da tri­lha sono­ra da nove­la “Gina”, da Rede Globo. ­Ganhou um com­pac­to de ouro com a músi­ca, e ­ depois ainda empla­cou uma série de suces­sos, incluin­do “We”, da nove­la “Meu Bem, Meu Mal”. Mas man­ter um selo musi­cal não era tão sim­ples. Con­ ver­san­do com um amigo, foi con­vi­da­do para tra­ba­lhar na área de pro­je­tos acús­ti­cos da Gra­dien­te, mas aca­bou não pegan­do a vaga. Só que foi indi­ca­do para tra­ba­lhar no Anhem­bi, que pre­ci­sa­va de ­ alguém com per­fil pare­ci­do. Mais uma vez a vaga tinha sido preen­chi­da. Entre­tan­to, des­co­briu a pro­fis­são de tra­du­tor. Por sua expe­riên­cia com lín­guas e sua faci­li­da­de em tran­si­tar no mundo das exa­tas e das huma­nas, além dos cur­sos de tea­tro, foi con­vi­da­do para ficar na área de tra­du­ção para even­tos. Minha expe­riên­cia com a músi­ca e o estu­do de voz e inter­ pre­ta­ção para tea­tro foram essen­ciais, pois não basta o conhe­ci­men­to do idio­ma. É pre­ci­so ter mais do que reper­ tó­rio e voca­bu­lá­rio.

Em para­le­lo, sem­pre este­ve aten­to a ques­tões cul­tu­rais e ambien­tais. Lan­çou ­livros como “Cine­mú­si­ca”, que fala de tri­lhas sono­ras de fil­mes, e “Auto­mó­veis de São Paulo”, uma pes­qui­sa his­tó­ri­ca que resul­tou em um livro reple­to de ima­gens da cida­de. Na área ambien­tal, é res­pon­sá­vel por diver­sos pro­je­tos. O mais recen­te é a ins­ti­tui­ção do Dia da Reser­va da Bios­fe­ra do muni­cí­pio de São Paulo, cujo obje­ti­vo é aler­tar para a neces­si­da­de de pre­ser­va­ção de áreas ver­des da cida­de, como a Serra da Can­ta­rei­ra e o Cin­tu­rão Verde. ­Idéias não fal­tam. Desde peque­no, tem um cader­no delas, no qual vai ano­tan­do seus pro­je­tos. Den­tro de cada uma de suas prin­ci­pais áreas de inte­ res­se — cine­ma, his­tó­ria, meio ambien­te, músi­ca, lite­ra­tu­ra — tem pro­je­tos audio­vi­suais, para os quais vem bus­can­do patro­cí­nio.

O dire­tor Rodri­go Lew­ko­wicz é o novo con­tra­ta­do da pro­du­to­ ra cario­ca TV Zero. Ele vem da Movi&Art, de São Paulo, onde diri­giu recen­te­men­te a cam­pa­ nha “Banco da Sua Vida”, para o Banco Real.

A GW con­tra­tou um novo dire­tor exe­ cu­ti­vo para a ­re­gião Sul: o publi­ci­tá­rio Dino Camar­go. Ex-dire­tor de aten­di­ men­to das agên­cias de publi­ci­da­de DM9 e Mas­ter Co­mu­ni­ca­ção, Camar­go res­pon­de pelos negó­cios da pro­du­to­ra nos esta­dos do Para­ná, Santa Cata­ri­na e Rio Gran­de do Sul, além de Argen­ti­ na, Uru­guai e Chile. O Grupo Seqüên­cia — que ­ inclui Seqüên­cia Cine­ma­to­grá­fi­ca, Manu­fac­tu­ra de Fil­mes, uebtv e Canal Kids — tem novo dire­tor comer­cial. É Eduar­do Ver­gei­ro, tam­bém conhe­ci­do como Sabiá, que vem da Sar­di­nha Pro­du­ções, pro­du­to­ra de Ana Sardinha. No grupo, ele assu­me a parte comer­cial das qua­tro pro­du­to­ras, vol­ta­das para as áreas de publi­ci­da­de, Inter­net e pro­du­ção de con­teú­do inte­ra­ti­vo. “Esta­mos fina­li­zan­do ­ vários pro­du­tos que vamos ofe­re­cer pron­tos para o mer­ca­do, sem­pre unin­do ima­gens e inte­ra­ti­vi­da­de. Esta­mos nos pre­pa­ran­do para a TV digi­tal e inte­ra­ti­va”, afir­ma. A dire­to­ra Lea Van Steen (foto) e o aten­di­men­to Mar­cio Car­ri­lho são os novos refor­ços da equi­pe da Arma­zém de Fil­ mes, pro­du­to­ra de

Ser­gio Horo­vitz A TV1.Com anun­ciou a indi­ca­ção de Nagib Nas­sif Filho para o cargo de dire­tor de aten­ di­men­to. A pro­mo­ção do exe­cu­ti­vo faz parte do novo mo­de­lo de negó­cios da em­pre­sa que rede­fi­ne o orga­ no­gra­ma com fo­co na inte­gra­ção do aten­­di­men­to ao clien­ te com o geren­cia­ men­to de pro­je­tos. O pro­fis­sio­­nal está na TV1.Com des­de de 2002, e já pas­sou pelo aten­di­men­to de empre­sas como Volks­ wa­gen, Mi­cro­­soft e Saint ­Gobain.

ins­ta­la­da no Rio de Janei­ro. Fun­da­da em 2001, a pro­du­ to­ra já tra­ba­lha­va com Eduar­do Vais­man na dire­ção, com coor­de­na­ção de pro­du­ção de Isa­be­la De Napo­li.

O enge­nhei­ro Alfon­so Aurin pediu demis­são do SBT no iní­cio de junho. Aurin foi, duran­te anos, dire­tor de tec­ no­lo­gia e mais recen­te­men­te atua­va como con­sul­tor de Síl­vio San­tos. Ele tam­bém era res­pon­sá­vel por pro­gra­ mas como o “Show do ­Milhão”.

Fla­vio Fer­nan­des assu­miu a dire­ção exe­cu­ti­va da y2knet­work mul­ti­mí­dia, em­pre­sa do grupo Casa­blan­ca, no qual atua desde 2001. Fla­vio, que come­çou a car­rei­ra como assis­ten­te de pro­ du­ção em cine­ma publi­ci­tá­rio no ini­cio da déca­da de 80, pas­ sou tam­bém pela Ban­dei­ran­tes, onde foi pro­du­tor exe­cu­ti­vo, e pela Rede Mato-gros­sen­se de Tele­vi­são. Em 99 vol­tou a São Paulo para tra­ba­lhar na então TV Senac, atual STV. “Meu obje­ ti­vo agora é tor­nar a pro­du­ção do vídeo digi­tal mais pró­xi­ma do mer­ca­do publi­ci­tá­rio.” A y2knet­ work é a divi­são do grupo vol­ta­ da às pro­du­ções para a Inter­net e mul­ti­mí­dia, res­pon­sá­vel entre ­outros pelos web­si­tes da Suzu­ki, Nic­ke­lo­deon, Cer­ve­ja Cerpa e Young Crea­ti­ves.


política

Ves­pei­ro, só em 2005

S

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Crise nos gru­pos de mídia joga

todas as ini­cia­ti­vas impor­tan­tes Se em algum momen­to pare­ceu que o gover­no do PT daria mais prio­ri­da­de às ques­tões de comu­ni­ca­ção do que o gover­ do gover­no na área de comu­ni­ca­ções no ante­rior, já é hora de pen­sar dife­ren­te. O balan­ço do para daqui a dois anos. pri­mei­ro semes­tre da ges­tão Miro Tei­xei­ra deixa claro uma coisa: Lei de Comu­ni­ca­ção ­ Social, se vier, será só daqui a dois anos. TV digi­tal só virá ­depois de uma longa série de (cre­dit­watch) nega­ti­va a ava­lia­ção do risco do grupo gaú­cho. estu­dos (leia maté­ria nesta edi­ção), tam­bém para daqui a Para os ana­lis­tas da S&P, a dívi­da total da RBS, de US$ 158 dois anos. A vin­cu­la­ção e refor­ma­ta­ção da estru­tu­ra da ­milhões em março de 2003, passa a ser preo­cu­pan­te em fun­ Anci­ne estão em outro tema que não é para já, assim como ção do desem­pe­nho ope­ra­cio­nal ruim nos pri­mei­ros meses, os pro­je­tos de regio­na­li­za­ção da TV aber­ta. colo­can­do sob amea­ça inclu­si­ve a capa­ci­da­de da RBS de Como pano de fundo para todos estes fatos, segun­do hon­rar seus com­pro­mis­so este ano. O lei­tu­ras de inte­gran­tes do gover­no, está uma grupo teria que pagar até o pri­mei­ro crise sem pre­ce­den­tes nos gru­pos de mídia e tri­mes­tre de 2004 cerca de US$ 47 uma deli­ca­da rela­ção entre estes gru­pos e o ­milhões em dívi­das. A S&P des­ta­ca o gover­no. impac­to do aumen­to do PIS e o mer­ Na ques­tão da revi­são da regu­la­men­ta­ção ca­do publi­ci­tá­rio ainda sem ­sinais de de comu­ni­ca­ção, o que sem­pre foi uma ban­ recu­pe­ra­ção desde 2001. dei­ra den­tro de diver­sos seg­men­tos do PT, Outro sinal de aler­ta veio da o reca­do de Miro Tei­xei­ra dado no iní­cio de Globo. O balan­ço refe­ren­te ao ano junho foi claro: “só daqui a um ano e meio ou 2002 é preo­cu­pan­te. Tanto que os dois, quan­do tiver­mos clara a ques­tão da TV audi­to­res da Ernst & Young, que ana­ digi­tal”. Por trás dessa afir­ma­ção do minis­tro li­sa­ram os núme­ros para a pró­pria no Con­gres­so está, na visão de ana­lis­tas, a Glo­bo­par (hol­ding do grupo) foram preo­cu­pa­ção de não mexer com a regu­la­men­ta­ bas­tan­te taxa­ti­vos: a situa­ção finan­cei­ ção do setor de tele­vi­são. ­Alguns dias ­depois, Miro Teixeira: regulamentação só ra do grupo e de suas sub­si­diá­rias não tam­bém no Con­gres­so, repre­sen­tan­tes das será revista depois de definida a traz con­fian­ça aos audi­to­res de que emis­so­ras de TV apro­vei­ta­ram para tor­nar TV digital. as ope­ra­ções serão man­ti­das. Sobre mais cla­ras as suas posi­ções. Paulo Macha­do a TV Globo, que garan­tia R$ 4,9 de Car­va­lho Neto, pre­si­den­te da Abert, fala­va b ­ ilhões das dívi­das da Glo­bo­par no final de 2002, segun­do espe­ci­fi­ca­men­te sobre um pro­je­to em tra­mi­ta­ção no Sena­ o balan­ço, a pre­vi­são dos audi­to­res é tam­bém nega­ti­va. Eles do, de auto­ria do sena­dor Satur­ni­no Braga (PT/RJ), que não acre­di­tam que a TV tenha con­di­ções de ban­car as dívi­ pede a des­ti­na­ção de 2% da recei­ta das TVs para com­pra e das e ainda man­ter suas ope­ra­ções. co-pro­du­ção de con­teú­do nacio­nal. Mas aca­bou retra­tan­do A situa­ção finan­cei­ra do grupo Globo fez com que a sua a forma como os gru­pos de mídia se vêem hoje no cená­rio dire­to­ra supe­rin­ten­den­te, Mar­lu­ce Dias da Silva (afas­ta­da eco­nô­mi­co bra­si­lei­ro: “as TVs vivem hoje o aumen­to nas por ques­tões de saúde), fosse alo­ca­da ape­nas para resol­ alí­quo­tas de PIS, ­Cofins e ISS, enfren­tam a crise no mer­ca­ ver o pro­ble­ma da dívi­da do grupo. Ela bus­ca­rá expli­car do publi­ci­tá­rio, não têm ­linhas de cré­di­to, não têm apor­tes aos cre­do­res do grupo que as cres­cen­tes mar­gens de lucro finan­cei­ros exter­nos e enfren­tam a pul­ve­ri­za­ção das ver­bas da TV Globo per­mi­tem pagar sem pro­ble­mas os juros da de publi­ci­da­de com ­outras ­mídias”. Em resu­mo, dizia o diri­ dívi­da. Por­tan­to, se essa dívi­da for alon­ga­da, a Globo terá gen­te, não era hora de criar mais uma dor de cabe­ça para os con­di­ções de pagar tam­bém o prin­ci­pal, por meio de um gru­pos radio­di­fu­so­res. IPO (lan­ça­men­to de ações), assim que o mer­ca­do mun­dial de bol­sas con­se­guir se recu­pe­rar. Em 2002, con­tu­do, o Crise lucro da TV Globo che­gou a ape­nas um quar­to do que a As pala­vras do diri­gen­te da Abert encon­tram res­pal­dos em empre­sa pre­ci­sa ter neste ano (cerca de R$ 800 ­milhões). O núme­ros. O pri­mei­ro sinal de aler­ta de 2003 veio com a fatu­ra­men­to total da TV Globo no ano pas­sa­do foi de R$ 3 aná­li­se de risco da RBS feita pela agên­cia de clas­si­fi­ca­ção de ­bilhões, con­tra R$ 2,77 ­bilhões em 2001. Líqui­da (ou seja, risco Stan­dard & ­Poor’s (S&P) que colo­cou em pers­pec­ti­va Foto: Carlos Humberto/BG Press/AJB


des­con­ta­das as comis­sões e paga­men­tos de agên­cias), a recei­ta da Globo foi de R$ 2,55 ­bilhões em 2002. O lucro da emis­so­ra ficou em R$ 220 ­milhões (con­tra R$ 156 ­milhões em 2001). As maio­res des­­pe­sas foram com pro­du­ção (R$ 1,53 ­ bilhão), ven­das (R$ 314,6 ­milhões) e com a Copa do Mundo (R$ 243,5 ­milhões). Aces­so A crise nos gru­pos de mídia nacio­nais, con­ tu­do, tam­bém se refle­te em outra dis­cus­são: esta­be­le­cer cri­té­rios para tor­nar a TV aber­ta mais aces­sí­vel à pro­du­ção inde­pen­den­te ou a gru­pos de mídia com­pe­ti­do­res. Miro acha que a TV bra­si­lei­ra não é con­cen­tra­da, já que há pelo menos cinco gran­des redes nacio­nais em con­di­ções de com­pe­tir. O pro­ble­ma, colo­cam ­ alguns ana­lis­tas (inclu­ si­ve do gover­no), é que estas gran­des redes pro­du­zem seu pró­prio con­teú­do, não dando espa­ço para que o mer­ca­do audio­vi­sual dis­ po­nha desta au­diên­cia. Por­tan­to, a con­cen­ tra­ção, se exis­te, não está no con­tro­le das con­ces­sões, mas na grade. A pró­pria Globo decla­ra que pro­duz 70% de seu con­teú­do, sendo que 100% do horá­rio nobre (quan­do a audiên­cia é maior) são fei­tos “in house”. Pro­je­tos como os da depu­ta­da Jan­di­ra Feg­ha­li (PCdoB/RJ), que pro­põe a regio­na­ li­za­ção do con­teú­do da TV aber­ta, ou do sena­dor Satur­ni­no Braga são focos de forte resis­tên­cia por parte dos radio­di­fu­so­res e, por isso, não andam no Con­gres­so. Ale­gam as TVs que estas pro­pos­tas não encon­tra­ riam via­bi­li­da­de nos caren­tes mer­ca­dos publi­ci­tá­rios regio­nais. Dizem ainda, no

caso da des­ti­na­ção de 2% do fatu­ra­men­to em pro­du­ção inde­pen­den­te, que isso cau­ sa­ria uma trans­fe­rên­cia de recur­sos das redes regio­nais para os gran­des cen­tros, onde exis­te esta pro­du­ção. Paulo Tonet Car­va­lho, asses­sor da Abert e da RBS, decla­rou em even­to recente que “pro­du­ ção inde­pen­den­te tem que ter qua­li­da­de e preço para ser adqui­ri­da”. Não é a posi­ção de Orlan­do Senna, secre­tá­rio do Audio­vi­sual do MinC, nem de Gus­ta­vo Dahl, pre­si­den­te da Anci­ne. Senna apos­ta que o ­ melhor cami­nho seria criar uma agên­cia do audio­vi­sual (Anci­nav) para subs­ti­tuir a Anci­ne. Dahl defende a tese de que a TV tem a con­ces­ são não só de uma fre­qüên­cia, mas do olhar do cida­dão, e que esse “olhar” pre­ci­ sa ser demo­cra­ti­za­do. Por incrí­vel que pare­ça é jus­ta­men­te a ques­tão da TV que, no fundo, atra­pa­lha a defi­ni­ção sobre a vin­cu­la­ção da Anci­ne. Expli­ca-se: o MinC quer ter sob si a agên­

samuelpossebon samuca@paytv.com.br

cia de cine­ma e, para isso, busca for­mas de con­ven­cer o gover­no de que a Anci­ne é neces­sá­ria. Um dos prin­ci­pais argu­men­tos é que a Anci­ne seria o ­ embrião de uma agên­cia audio­vi­sual. É essa ban­dei­ra que foi leva­da ao pre­si­den­te Lula no final de junho. O movi­men­to de resis­tên­cia vem de ­alguns cineas­tas, que temem duas coi­sas: que a preo­cu­pa­ção do MinC em trans­for­mar a Anci­ne em Anci­nav crie novo emba­te com a TV, pre­ju­di­can­do o fun­cio­na­men­to da agên­cia como ela é hoje; e que o MinC não desenvolva o cine­ma como, acre­di­ta-se, o Minis­té­rio do Desen­vol­vi­men­to teria con­ di­ções de fazer. É por estas ­razões, inclu­si­ ve, que, mesmo ­depois dos seis pri­mei­ros meses de gover­no, não se sabe ainda o fim que será dado ao único meca­nis­mo de Esta­do capaz de fomen­tar e regu­lar a ati­vi­da­de audio­vi­sual: a Anci­ne.

Nos EUA, concentração

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No Bra­sil, a opi­nião do gover­no é de que não exis­te con­cen­tra­ção na mídia, como mani­fes­tou o minis­tro Miro Tei­xei­ra. Nos EUA, a opi­nião é de que essa con­ cen­tra­ção exis­te, em algu­ma esca­la, e vai se tor­nar ainda maior na medi­da em que as ­regras de con­tro­le à pro­prie­da­de cru­ za­da foram fle­xi­bi­li­za­das. Mesmo assim, pensa o gover­no norte-ame­ri­ca­no, é pre­

ci­so afrou­xar as ­ regras para garan­tir a sobre­vi­vên­cia dos gru­pos de mídia. No mês pas­sa­do a FCC (órgão regu­la­ dor das comu­ni­ca­ções nos EUA) tomou uma deci­são para lá de polê­mi­ca: tor­nou mais fle­xí­veis algu­mas das ­regras his­tó­ ri­cas que impe­diam a con­cen­tra­ção dos meios de comu­ni­ca­ção naque­le país. O argu­men­to é de que os gru­pos de mídia

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As novas regras de propriedade nos EUA Controle das redes Nenhum grupo pode controlar mais de uma das quatro redes nacionais de TV abertas (ABC, NBC, CBS e Fox). Controle de rádios Para o limite de propriedade de rádios, vale o seguinte critério: 1) em mercados com mais de 45 emissoras, uma mesma empresa pode ter oito, mas apenas cinco em uma mesma classe (AM ou FM); 2) em mercado com um total de emissoras variando de 30 a 44, uma mesma empresa pode controlar sete, mas apenas quatro em uma mesma classe (AM e FM); 3) em mercados com um total de emissoras de rádio variando entre 15 e 29, uma mesma empresa pode ter seis emissoras, sendo apenas quatro em uma única classe; 4) em mercados com menos de 14 emissoras, uma mesma empresa pode controlar até cinco delas, mas apenas três na mesma classe (AM ou FM). Controle de diferentes meios As regras de propriedade cruzada entre diferentes meios de comunicação (TV, rádio e jornais) foram flexibilizadas. Elas agora seguem os seguintes critérios: 1) em mercados com menos de três emissoras de TV não é permitida a propriedade cruzada de TVs, rádios ou jornais, mas uma exceção pode ser aberta se a empresa provar que a cobertura desses meios não atinge a mesma área de uma mesma localidade; 2) em mercados com número de emissoras de TV variando entre quatro e oito, o controle cruzado de meios por uma mesma empresa é permitido nas situações em que a empresa tenha participação em: a) uma emissora de TV, um jornal e metade do limite permitido de rádios; b) um jornal e o número máximo de rádios permitidas; c) duas TVs (desde que dentro dos limites previstos) e o número de rádios permitido. 3) em mercados com mais de nove emissoras de TV, os limites de propriedade TV-jornal e TV-rádio estão eliminados. Fonte: FCC

pre­ci­sa­riam se for­ta­le­cer dian­te de situa­ções finan­cei­ras com­pli­ca­das e das novas tec­no­lo­gias. As ­ regras revis­tas pela FCC (veja tabe­la) são tão polê­mi­ cas que des­per­ta­ram um inten­so deba­te nos EUA sobre o risco que repre­sen­ta­ va para a liber­da­de de expres­são daque­ le país a pos­si­bi­li­da­de de con­cen­tra­ção.

16 política

julho de 2003

Até par­la­men­ta­res repu­bli­ca­nos (por­tan­ to, da base de apoio ao pre­si­den­te Bush, que indi­ca o pre­si­den­te da FCC) estão se opon­do à amplia­ção da fle­xi­bi­li­da­de. No Bra­sil, con­tu­do, todas as ­ regras de con­cen­tra­ção de meios de comu­ni­ca­ ção cabem em pou­cas ­linhas. Elas estão na Cons­ti­tui­ção, no Decre­to-lei 236/67 e na Lei 10.610/2002. Por aqui, per­mi­te-se que até 100% do capi­tal das empre­sas

per­ten­ça a pes­soas jurí­di­cas, até 30% a estran­gei­ros e, no caso de inves­ti­do­res finan­ cei­ros com par­ti­ci­pa­ções infe­rio­res a 15% do capi­tal, não se apli­cam as res­tri­ções à pro­prie­da­de cru­za­da de outor­gas de radio­di­ fu­são, que são no máxi­mo dez TVs, sendo até cinco em VHF e duas por esta­do. Além disso, a ges­tão das empre­sas e o con­tro­le edi­to­rial sobre o con­teú­do têm que per­ ten­cer a bra­si­lei­ros.

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broadcast

Força-tarefa digital

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Se tudo cor­rer como espe­ra o Minis­té­rio das Comu­ni­ca­ções, neste mês de julho será for­­mal­men­te cria­do, por decre­to, o gru­po de tra­ba­lho que se empe­nha­rá so­bre o estu­do da TV digi­tal no Bra­sil. A equi­pe tem um nome ofi­cial: Grupo Exe­­ cu­ti­vo do Pro­je­to de TV Digi­tal (GET). Uma minu­ta do decre­to de cria­ção do GET, do anexo com as dire­tri­zes de tra­­ba­lho e da expo­si­ção de moti­vos para a cria­ção do grupo foi colo­ca­da em con­ sul­­ta públi­ca no final de junho. O tempo de con­sul­ta, de ape­nas uma se­ma­na, suge­ria que o Mini­com já tinha cer­­te­za do que esta­va pre­pa­ran­do. Na prá­ti­ca, a cria­ção do grupo subs­ ti­tui uma ambi­ção mais ampla do mi­nis­ té­rio de Miro Tei­xei­ra que havia si­do mani­fes­ta­da em abril: criar um de­cre­to com a “polí­ti­ca de TV digi­tal”. O que o Mini­com fez foi trans­por os itens pre­vis­ tos para aque­la polí­ti­ca para as di­re­tri­ zes a serem segui­das pelo GET. As fun­ções do grupo de tra­ba­lhos são acom­pa­nhar “o desen­vol­vi­men­to dos estu­ dos e pes­qui­sas, pro­por aos inte­res­sa­dos ou enca­mi­nhar à deci­são dos pode­res com­pe­ ten­tes e ainda imple­men­tar, se esti­ver em sua alça­da, as ini­cia­ti­vas ou pro­ce­di­men­tos que per­mi­tam deci­sões públi­cas ou pri­va­ das no sen­ti­do de criar con­di­ções que pos­ si­bi­li­tem o desen­vol­vi­men­to de sis­te­ma tec­ no­ló­gi­co, mode­lo de negó­cios, alter­na­ti­vas regu­la­tó­rias e ­demais aspec­tos neces­sá­rios à imple­men­ta­ção da tec­no­lo­gia digi­tal no ser­vi­ço de radio­di­fu­são de sons e ima­gens”, segun­do o decre­to. Na prá­ti­ca, o GET vai ali­men­tar uma deci­são polí­ti­ca, pos­te­rior, a ser toma­da pelo Exe­cu­ti­vo. É esta deci­são que impor­ta, pois é dali que sairá o sis­te­ma tec­no­ló­gi­co, o mode­lo a ser segui­do pelos radio­di­fu­so­res etc. Na opi­nião de Mar­cos Dan­tas, subsecre­tá­rio de pla­ne­ja­men­to do Minis­té­rio

Minicom prepara criação de grupo de trabalho que iniciará as pesquisas do atual governo sobre TV digital.

das Comu­ni­ca­ções e tam­bém res­pon­sá­ vel pela coor­de­na­ção dos tra­ba­lhos rela­ ti­vos às ques­tões de TV digi­tal, em qua­ tro anos o Bra­sil rea­li­za­rá as pri­mei­ras trans­mis­sões de TV digi­tal, ainda como expe­riên­cias-pilo­to. Para o minis­tro Miro Tei­xei­ra, fal­tam ainda de 18 meses a dois anos para que os aspec­tos polí­ti­cos da TV digi­tal este­jam deci­di­dos. De fato, assim que o GET for cria­do, ele terá 12 meses para apre­sen­tar suas con­clu­sões, sobre as quais o Mini­com tra­ba­lha­rá. Facul­ta­ti­vo A prin­cí­pio, a idéia do Ministério das Comunicações é colo­car no GET repre­sen­ tan­tes do pró­prio Mini­com, Casa Civil, Secom, minis­té­rios da Jus­ti­ça, Rela­ções Exte­rio­res, Ciên­cia e Tec­no­lo­gia e Cul­tu­ra, além do BNDES, Finep, CPqD e Ina­tel. ­Entram ainda no GET um con­sór­cio de uni­ver­si­da­des ainda a ser for­ma­do e um seg­men­to indus­trial rela­cio­na­do à pes­qui­ sa e ao desen­vol­vi­men­to de TV digi­tal no Bra­sil (pos­si­vel­men­te o Ins­ti­tu­to ­Genius). Tam­bém ­ entram enti­da­des explo­ra­do­ras de ser­vi­ço de radio­di­fu­são de sons e ima­ gens além de, “facul­ta­ti­va­men­te”, Ana­tel,

Abert e um repre­sen­tan­te do Con­se­lho de Comu­ni­ca­ção ­ Social. Trata-se de uma mudan­ça rele­van­te, já que no texto divul­ga­ do em abril, quan­do o Mini­com ambi­cio­na­ va um decre­to para esta­be­le­cer “polí­ti­cas”, a Ana­tel nem era cita­da. A par­ti­ci­pa­ção da agên­cia no pro­ces­so é rele­van­te por dois moti­vos: é ela quem faz o geren­cia­men­to do espec­tro e quem via­bi­li­zou os ­ canais neces­sá­rios para a fase de tran­si­ção, que prevê que cada con­ces­sio­ná­ria tenha um canal adi­cio­nal. Tam­bém é a Ana­tel quem tem o acer­vo de pes­qui­sas, troca de infor­ma­ções, nego­ cia­ções, rela­tó­rios e estu­dos rea­li­za­dos nos últi­mos anos. Um outro aspec­to que foi dura­men­te ques­tio­na­do quan­do o Mini­com tor­nou públi­cas suas inten­ções sobre o pro­ces­so de esta­be­le­ci­men­to de uma polí­ti­ca de TV digi­tal dizia res­pei­to à pro­prie­da­de do conhe­ci­men­to acu­mu­la­do nos estu­dos a serem rea­li­za­dos. As uni­ver­si­da­des colo­ca­ ram sua preo­cu­pa­ção com o tema. Agora, o Mini­com deixa claro que tudo o que for pro­ du­zi­do no âmbi­to do GET e todo o conhe­ci­ men­to que ali for apor­ta­do pelos dife­ren­tes par­ti­ci­pan­tes per­ten­ce­rá à União. Com essa ini­cia­ti­va, o minis­té­rio acaba com a dúvi­da das uni­ver­si­da­des sobre como fica­ria a dis­ tri­bui­ção de royal­ties sobre o que vier a ser desen­vol­vi­do. Por outro lado, o Mini­com corre o risco de ter tira­do o prin­ci­pal atra­ti­ vo para que cen­tros de pes­qui­sa cola­bo­rem com o gover­no no levan­ta­men­to de dados para TV digi­tal. A inter­me­dia­ção entre as uni­ver­si­da­des e o gover­no será feita pelo CPqD, pelo Ins­ti­tu­to ­ Genius e por ­ outras ins­ti­tui­ções reco­nhe­ci­das, segun­do a expo­si­ ção de moti­vos, mas isso não está no texto do decre­to ou no seu anexo colo­ca­do em con­sul­ta públi­ca.

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samuel­pos­se­bon


N達o disponivel


N達o disponivel


Som para todas Com a proliferação do DVD, mixagem tem que considerar todas as condições de exibição de um filme.

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O Bra­sil tinha cerca de dois ­milhões de apa­re­lhos de DVD no final de 2002, e a expec­ta­ti­va é de que este valor dobre em 2003. Com isto, abriu-se pra­ti­ca­men­te uma nova jane­ la na exi­bi­ção de fil­mes no País. Pelo menos no que­si­to áudio, ao con­trá­rio do limi­ta­do VHS, o DVD per­mi­te, espe­cial­men­te se aco­pla­do a um equi­pa­men­to ade­qua­do, a repro­du­ção de um som tão bom ou até ­melhor que o dos cine­mas. Isso por­que a maio­ria dos apa­re­lhos traz embu­ti­da a capa­ci­da­de de deco­di­fi­car os ­sinais de áudio Dolby Digi­tal 5.1 ou DTS, os ­padrões de codi­fi­ca­ção mais usa­dos em cine­ma (há ainda o SDDS, da Sony). No Bra­sil, o pri­mei­ro é de longe o mais uti­li­za­do em cinema. Uma das dife­ren­ças essen­ciais é que enquan­to no Dolby a infor­ma­ção de áudio é gra­va­da na pró­pria pelí­cu­la, como nos sis­te­mas tra­di­cio­nais, no DTS a tri­ lha fica em um CD, que é repro­du­zi­do em um apa­re­lho sepa­ra­do, sin­cro­ni­za­do com a ima­gem pelo time code. Entre as even­tuais van­ta­gens do sis­te­ma DTS estaria a

Para José Luiz Sasso, da JLS, é pre­fe­rí­vel fazer uma mixa­gem mais sim­ples, que possa ser

20 capa

julho de 2003

repro­du­zi­da em qual­quer ambien­te.

fle­xi­bi­li­da­de. Pelo fato da tri­lha ser gra­va­da em um CD, e não na pelí­cu­la, em tese é mais fácil fazer mudan­ças “de últi­ma hora”, a pou­cos dias do lan­ça­men­to. A sepa­ra­ção entre som e ima­gem tam­bém per­mi­ti­ria, por exem­plo, usar ­cópias exi­bi­das em ­outros paí­ses, tro­can­do ape­nas o CD de áudio, sem a neces­si­da­de de se fazer ­cópias ­locais ape­nas para subs­ti­tuir a banda de som. Ainda assim, a maio­ria das pro­du­ções no País usa o Dolby, seja pela faci­li­da­de de uso (e de exi­bi­ção), seja pelo menor custo de uso e manu­ten­ção. Além disso, a empre­sa é a única que man­tém no Bra­sil uma estru­tu­ra para manu­ten­ção e con­sul­to­ria da tec­no­lo­gia. Repro­du­ção ruim Que impac­to este novo cená­rio trou­xe à pro­du­ção de fil­mes com som 5.1 que serão exi­bi­dos em ­ mídias tão dife­ren­tes quan­to salas de cine­ma (das mais dife­ren­tes qua­li­da­des), DVD, VHS, TVs esté­reo de últi­ma gera­ção e até mesmo anti­gos apa­re­lhos de TV mono? Segun­do o espe­cia­lis­ta José Luiz Sasso, da JLS Faci­ li­da­des Sono­ras, o Bra­sil enfren­ta uma rea­li­da­de muito pecu­liar neste aspec­to: enquan­to nos gran­des cen­tros se encon­tram salas de exi­bi­ção de alta qua­li­da­de, capa­ ci­ta­das para repro­du­ção em Dolby Digi­tal 5.1 e DTS, na maio­ria dos casos o que exis­te são salas com equi­pa­ men­tos mais anti­gos, ou muito mal cali­bra­das, que con­ se­guem repro­du­zir ape­nas o Dolby esté­reo ana­ló­gi­co Fotos: Arquivo


s as mídias andrémermelstein andre@telaviva.com.br

ou sim­ples­men­te o sinal mono. “Aque­la his­tó­ria de que filme bra­ si­lei­ro tem som ruim não exis­te mais, é coisa do pas­sa­do”, diz Sasso. “O que exis­te”, com­ple­ta, “são salas mal pre­pa­ra­das. A prova é que quan­do você assis­te ao mesmo filme no DVD, per­ce­be que o som é bom, e é feito a O que é 5.1 Quan­do se fala em uma mixa­gem em 5.1, sig­ni­fi­ca que o som de um filme será envia­do para cinco ­canais e mais um sub­woo­fer, que repro­duz as fai­xas mais bai­xas de fre­qüên­cia. Os cinco ­canais prin­ci­pais são o cen­tral, que nor­mal­men­te repro­duz os diá­lo­gos, os late­rais esquer­do e direi­to, e os ­canais sur­round esquer­do e direi­to, nor­mal­men­te reser­va­dos para ruí­dos de fundo, ambien­ta­ção e efei­tos pano­râ­mi­cos e de tri­di­men­sio­na­li­da­de.

par­tir da mesma mas­ter”. Segun­do Sasso, a mixa­gem tem que levar em conta as pos­sí­veis defi­ciên­cias na hora da exi­bi­ção. Não adian­ta, expli­ ca, usar um monte de recur­sos sofis­ti­ca­ dos que em uma sala ruim ou em uma TV mono não vão apa­re­cer. É pre­fe­rí­ vel, com­ple­ta, fazer uma mixa­gem mais “cer­ti­nha”, mais sim­ples, que possa ser repro­du­zi­da em qual­quer ambien­te. Isto acon­te­ce por­que no Bra­sil (outra pecu­lia­ri­da­de) não se faz como no exte­rior, onde se cria, após a mixa­ gem “com­ple­ta” para cine­ ma, uma segun­da mixa­gem, espe­cí­fi­ca para a TV (que con­te­ria, por exem­plo, uma banda inter­na­cio­nal, para dubla­gem). Como em geral os recur­sos são escas­sos, fazse uma única mixa­gem que tem que ser­vir para todas as ­mídias. De qual­quer forma, Sasso diz que usa os recur­sos de sur­round do 5.1, mas con­si­de­ra isso um “bonus track”, uma melho­ria para quem vai ver o filme em uma sala (ou um home thea­ter) de qua­li­da­de. “O que não pode é colo­car no sur­round uma fala com o nome do assas­si­no, por­que aí quase nin­ guém vai ouvir”, expli­ca. Simu­la­ção A edi­to­ra de som ­ Miriam Bider­man, da ­Effects, segue outra linha. Para ela, o tra­ba­lho em 5.1 é feito con­si­de­ran­do uma con­di­ção ideal de exi­bi­ção. “Quan­ do esse filme for para uma sala ruim, ou uma TV mono, ­ alguns deta­lhes serão

mesmo per­di­dos”, con­for­ma-se. Ainda assim, ela cos­tu­ma usar no estú­dio um apa­re­lho para simu­lar a exi­bi­ção em Dolby ana­ló­gi­co ou mono, “para evi­tar per­der algu­ma coisa nas situa­ ções-limi­te”. Com um cur­rí­cu­lo que ­inclui fil­mes como “Caran­di­ru”, ela diz que o 5.1 tor­nou o tra­ba­lho de edi­ção muito mais inte­res­san­te, por­que per­ mi­tiu uma rique­za de deta­lhes muito “O trabalho é feito para as condições ideais de exibição. Se a sala for ruim alguns detalhes serão mesmo perdidos” diz Miriam Biderman, da Effects.

maior. “Pode­mos tra­ba­lhar muito mais com a tri­di­men­sio­na­li­da­de dos sons, criar ambien­tes”, conta. “O espec­ta­dor con­se­gue usu­fruir com muito mais cla­re­za a músi­ca do filme, os efei­tos, tem muito mais envol­ vi­men­to”, com­ple­men­ta José ­ Moreau Lou­zei­ro, téc­ni­co de som e edi­tor res­ pon­sá­vel, entre ­outros, por “Xuxa e os Duen­des 2” e “A Par­ti­lha”. Lou­zei­ro con­cor­da quan­to à téc­ni­ca de mixa­gem: “o sur­round é um plus, você colo­ca lá sons que se o sujei­to assis­tir em mono não vai per­der nada essen­cial”. ­Miriam Bider­man conta que desde a ado­ção do 5.1, há cerca de três

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anos, mudou muito a expec­ta­ti­va dos dire­to­res e pro­du­to­res em rela­ ção ao áudio. “Antes não se dava tanta impor­tân­cia, não havia dinhei­ ro, tempo e inte­res­se em fazer uma coisa mais tra­ba­lha­da.” Isso melho­ rou muito, expli­ca, e a prova é que sur­gi­ram neste tempo mais estú­dios e edi­to­res. Tam­bém aca­bou, segun­do ela, a quase obri­ga­to­rie­da­de de se mixar fora do País, pois com a tec­no­ lo­gia atual já se con­se­guem exce­len­ tes resul­ta­dos aqui. Lou­zei­ro apon­ta ainda a van­ta­gem da con­fia­bi­li­da­de dos equi­pa­men­tos. No ana­ló­gi­co, conta, pro­ble­mas de regu­la­gem, de azi­mu­te, pre­ju­di­ca­vam o resul­ta­do. No digi­tal “ou é ou não é”, quer dizer, ou se tem o som per­fei­ to, ou não apa­re­ce nada. Infor­ma­ção Para Car­los Klach­quin, con­sul­tor para apli­ca­ções em cine­ma da Dolby no Bra­sil, ainda há muita desin­for­ma­ção no uso da tec­no­lo­gia. “Muita gente ainda mixa para cine­ma como se fosse para músi­ca (CD), e são coi­sas com­ ple­ta­men­te dife­ren­tes”, expli­ca. “Um show gra­va­do para DVD pode ser mixa­do em 5.1 em uma sala peque­na, pois vai ser exi­bi­do na TV, em uma repro­du­ção domés­ti­ca. Mas quan­do se mixa para cine­ma, a faixa dinâ­mi­ca é muito maior. A sala de cine­ma é gran­ de, com ­ níveis de ruído mais bai­xos que em casa, e a potên­cia do som é muito maior. Então a mixa­gem tem Dolby em números ›› 47 paí­ses mixam fil­mes em Dolby. ›› Há no mundo 139,02 ­milhões de apa­re­lhos de DVD com deco­di­fi­ca­ção Dolby Digi­tal. ›› 39,5 mil salas de cine­ma no mundo estão equi­pa­das com sis­te­mas 5.1. No Bra­sil são cerca de 400 salas (e mais cerca de 400 com Dolby SR). ›› Foram lan­ça­dos 4,54 mil fil­mes com codi­fi­ca­ção Dolby Digi­tal. No Bra­sil, foram 35 lon­gas no perío­do de julho/02 a maio/03. Fonte: Dolby, núme­ros de junho/03.

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a questão dos royalties No mode­lo de negó­cios da Dolby, para cada pro­du­ ção são cobra­dos royal­ties, de acor­do com o tipo de filme. Um longa, por exem­plo, paga US$ 3 mil. Isso ­inclui o uso da tec­no­lo­gia, da marca e dois dias de con­sul­to­ria. Mas há uma pres­são no mer­ca­do para que a empre­sa baixe os cus­tos para cur­tas, fil­mes de arte e pro­du­ções de baixo orça­men­to. A Dolby já redu­ziu de US$ 500 para US$ 250 a taxa para cur­tas (ini­cial­men­te este valor seria ape­nas para paco­tes Carlos Klachquin, de pelo menos cinco fil­mes. Hoje vale para fil­mes da Dolby iso­la­dos tam­bém). Agora, a Secre­ta­ria do Audio­vi­ sual do Minis­té­rio da Cul­tu­ra quer nego­ciar com a empre­sa para que haja um des­con­to maior ou mesmo uma isen­ção para os cur­tas e fil­mes de arte fina­li­za­ dos no CTAV. Segun­do o chefe de gabi­ne­te da SeAV/MinC, Leo­pol­do Nunes, a ini­cia­ti­va de redu­zir os cus­tos com a mixa­gem em Dolby come­çou na ABD (da qual é ex-pre­si­den­te), e agora deve ser assu­mi­da pela Secre­ta­ria. Do outro lado, o con­sul­tor da Dolby Car­los Klach­quin diz que o valor de US$ 250 já é bem baixo, cobrin­do ape­nas os cus­tos ope­ra­cio­nais da empre­sa, e que não dá para fazer “de graça”. Ele diz, no entan­to, que pode sim ofe­re­cer cur­sos e semi­ná­rios gra­tui­ta­ men­te para a SeAV ou ­outras enti­da­des.

que ser feita em uma sala gran­de, em do que sepa­rar”, brin­ca. O tama­nho ­outras con­di­ções.” da sala tam­bém conta muito, diz o Falan­do tec­ni­ca­men­te, ele conta con­sul­tor. Para se mixar para cine­ma, que em uma sala de cine­ma hoje se expli­ca, a sala de mixa­gem tem que tra­ba­lha com picos de 103 dB em cada ser gran­de, para que se tenha a mesma canal, 113 dB no sub­woo­fer. Soman­ per­cep­ção da sala de exi­bi­ção, com as do-se tudo, chega-se a 122 dB no total. rever­be­ra­ções etc. Como o ruído da sala atin­ge cerca de Outro pro­ble­ma fre­qüen­te apon­ 25 a 30 dB, tem-se ta­do por Klach­quin está uma faixa de mais no mate­rial que é envia­do ou menos 90 dB. Em para a mixa­gem. “Mui­tas casa, onde o ruído é vezes man­dam uma DAT maior e a potên­cia ou Beta gra­va­da em esté­ menor, tem-se uma reo. Só que não exis­te esté­ faixa de cerca de 40, reo (com dois ­ canais) em 50 dB. Ou seja, se a cine­ma. Desde o pri­mei­ro mixa­gem para a TV filme cha­ma­do de esté­reo é feita com toda a (“Fan­ta­sia”, 1940) o cine­ potên­cia, o trans­mis­ ma tem pelo menos três sor vai cor­tar, com­ ­canais: esquer­do, direi­to e pri­mir o sinal, mas JoséMoreauLouzeiro,editor cen­tro”, expli­ca. Isso por­ é pos­sí­vel assis­tir. Já e técnico de som que, ao con­trá­rio do que o con­trá­rio, a mixa­ acon­te­ce em casa (onde gem para TV ou CD que vai para a com dois ­ canais pode-se obter um sala de cine­ma, fica ruim, pois os ter­cei­ro canal “vir­tual”, já que o espec­ chia­dos ficam evi­den­tes e o som fica ta­dor está bem no cen­tro da sala), na “cha­pa­do”. “É o que acon­te­ce com os sala de cine­ma quem não está sen­ta­do comer­ciais que pas­sam no cine­ma”, no cen­tro não vai ouvir os diá­lo­gos conta Klach­quin. A dica, explica, é sain­do da tela, mas sim do lado em que fazer a mixa­gem sem­pre em 5.1, e está sen­ta­do. “Nesse casos, é ­ melhor ­depois adap­tar para a exi­bi­ção domés­ man­dar o mate­rial em mono que em ti­ca. “É mais fácil mis­tu­rar (os ­canais) dois ­canais”, diz o con­sul­tor.

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N達o disponivel


tecnologia

Chuva de filmes

A

A Rain Net­works, uma socie­da­de entre os Estu­dios­Me­ga, Fabio Lima e José Eduar­do Fer­rão, está crian­do no Bra­sil um novo con­cei­to de dis­tri­bui­ção e exi­bi­ção digi­tal. A empre­sa criou um sis­te­ma de dis­tri­bui­ção, geren­cia­men­ to e exi­bi­ção de cine­ma digi­tal, o Kino­Cast. Basea­da na pla­ta­for­ma Micro­soft.Net, a solu­ção dis­tri­bui via saté­li­te con­teú­do em for­ma­to Win­dows Media 9 com tec­no­lo­gia DRM (Digi­tal ­Rights Mana­ge­ment), geren­cia as licen­ças de exi­bi­ção de con­teú­do e ainda é capaz de agen­dar remo­ ta­men­te ses­sões de cine­ma, criar play­lists auto­ma­ti­za­das e até con­tro­lar da pro­je­ção à ilu­mi­na­ção das salas. Tudo isso atra­vés de uma rede VPN que pode ser aces­sa­da por qual­quer com­pu­ta­dor liga­do à Inter­net. O que a empre­sa pre­ten­de é rever­ter a situa­ção do mer­ca­do de exi­bi­ção de fil­mes no Bra­sil, que hoje conta com cerca de 1,7 mil salas, pouco menos da meta­de do que havia no final dos anos 70 (3,5 mil). Segun­do Fabio Lima, COO (dire­tor de ope­ra­ções) da Rain, não se trata ape­nas de uma “empol­ga­ção com a tec­no­lo­gia digi­tal”, mas uma manei­ra de via­bi­li­zar as salas de cine­ma para as clas­ses C e D dos gran­des cen­tros e para as cida­des do inte­rior. Para Lima, o núme­ro redu­zi­do de salas no País devese ao preço das ­ cópias em pelí­cu­la: cerca de US$ 2 mil por uni­da­de. “A trans­mis­são digi­tal é a única manei­ra de levar o cine­ma aos que não são aten­di­dos atual­men­te”,

Tecnologia de distribuição de cinema via satélite, com gerenciamento de licenças online, chega com a responsabilidade de viabilizar o mercado exibidor nacional.

diz o COO. A idéia é que o Kino­Cast redu­za os cus­tos de dis­tri­bui­ção de fil­mes e que os lan­ça­men­tos ocor­ram simul­ta­nea­men­te em todo o País. Assim, as peque­nas salas ou aque­las do inte­rior podem exi­bir o filme enquan­ to a cam­pa­nha de lan­ça­men­to está sendo vei­cu­la­da e não pre­ci­sam espe­rar que o filme saia de car­taz nas gran­des salas para rece­ber uma cópia. Além disso, a tec­no­lo­gia pode aju­dar a redu­zir o preço do pró­prio ingres­so. “Espe­ ra­mos tra­ba­lhar com ingres­sos cus­tan­do entre R$ 3 e R$ 5”, afir­ma Lima. No iní­cio, a empre­sa pre­ten­de fazer fren­te ao mer­ca­ do dos mul­ti­plex, atrain­do, prin­ci­pal­men­te, os peque­nos exi­bi­do­res e dis­tri­bui­do­res. O pro­je­to prevê inves­ti­men­to de U$ 100 ­milhões e um custo de implan­ta­ção por sala infe­rior ou igual a uma implan­ta­ção de 35 mm. Mas o bene­fí­cio está no baixo custo de dis­tri­bui­ção e, pos­te­rior­ men­te, na inclu­são de um mer­ca­do maior no cir­cui­to lan­ ça­dor. A expec­ta­ti­va é atin­gir, em curto e médio prazo, cerca de 300 cida­des no Bra­sil, e em longo prazo cerca de duas mil loca­li­da­des. Outro ponto impor­tan­te é que estas salas esta­rão pre­pa­ra­das para even­tos como ensi­no à dis­tân­cia, trei­

José Eduardo Ferrão e Fabio Lima, CEO e COO da Rain Networks, respectivamente, querem levar o cinema às classes C e D.

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Foto: Arquivo


fernandolauterjung fernando@telaviva.com.br

na­men­to cor­po­ra­ti­vo, tele­con­fe­rên­cias e even­tos espor­ti­vos ou musi­cais. Ape­sar de ser uma empre­sa nacio­nal, a Rain Net­works come­çou a nego­ciar sua tec­no­lo­gia nos EUA. Ela será for­ne­ce­do­ ra de soft­wa­re para a rede de salas de cine­ma norte-ame­ri­ca­na Land­mark, que está trans­for­man­do 200 de suas salas em digi­tais. Tec­no­lo­gia O sis­te­ma Kino­Cast dis­tri­bui fil­mes via saté­li­te a ser­vi­do­res loca­li­za­dos nas salas de cine­ma. A com­pres­são Win­dows Media 9 é supor­ta­da pelo novo ser­vi­dor de strea­ming con­ti­do no Micro­soft Win­dows Ser­ver 2003, e pelo ser­vi­dor de DRM, res­pon­sá­vel pelo con­tro­le de direi­to auto­ral. Usan­do essa com­pres­são, é pos­sí­vel arqui­var lon­ gas-metra­gens em alta defi­ni­ção em ape­nas 5 Gb. Além disso, gra­ças à tec­no­lo­gia DRM, é pos­sí­vel fazer o geren­cia­men­to remo­to de agen­da­men­to de ses­sões, play­lists auto­ má­ti­cas, fil­tros de per­fil de pro­pa­gan­da, rela­tó­rios em tempo real e ainda o con­tro­le de direi­to auto­ral. O con­teú­do crip­to­gra­fa­do, após ser envia­do para os ser­vi­do­res via saté­li­te, só pode ser repro­du­zi­do após o envio das licen­ças DRM, atra­vés da VPN. Além dos ser­vi­do­res das salas, está conec­ta­do na rede um ser­vi­dor cen­tral, loca­li­za­do na sede da Rain, em São Paulo. Assim, a Rain pode­rá visua­li­zar e con­tro­lar remo­ ta­men­te as salas, dis­pon­do de todas as

infor­ma­ções ­locais: qual filme está sendo exi­bi­do, as gra­des de horá­rio ou quan­do a licen­ça vai expi­rar. Gra­ças a este geren­cia­men­to remo­to e ao baixo custo por cópia, as salas pode­ rão ser cobra­das por perío­do (com­pram o filme para exi­bir duran­te uma sema­na, por exem­plo) ou por núme­ro de exi­bi­ções. Tudo depen­de da nego­cia­ção entre as salas e os dis­tri­bui­do­res. Outra van­ta­gem é que o sis­te­ma pode apa­gar o con­teú­do do HD sem­pre que as licen­ças expi­ram. Outro ponto impor­tan­te é que o exi­bi­ dor pode saber com cer­te­za se os trai­lers estão sendo exi­bi­dos ou não. Além disso, a venda de publi­ci­da­de tam­bém sai ganhan­ do, já que é pos­sí­vel vei­cu­lar em salas de todo o País sem ter o alto custo das ­cópias em pelí­cu­la. Se e quan­do as salas qui­se­rem exi­bir um filme que está em pelí­cu­la, o ser­ vi­dor pode exi­bir os trai­lers e a publi­ci­da­de pelo pro­je­tor digi­tal e, auto­ma­ti­ca­men­te, ligar o pro­je­tor de pelí­cu­la. Atra­vés de rela­tó­rios gera­dos perio­di­ ca­men­te, os dis­tri­bui­do­res e as agên­cias de publi­ci­da­de podem ter cer­te­za do que foi vei­cu­la­do e quan­do. “Hoje, os dis­tri­bui­ do­res ficam saben­do da pro­gra­ma­ção das salas atra­vés dos jor­nais”, diz Lima. Para garan­tir o baixo custo de ins­ta­la­ ção das salas e gra­ças à sim­pli­ci­da­de do Win­dows Media 9, os ser­vi­do­res ­ locais serão PCs ­comuns, equi­pa­dos com pla­cas de áudio Sound­Blas­ter 5.1 e pro­ces­sa­do­ res AMD de 2,5 GHz, que se conec­tam

dire­ta­men­te ao pro­je­tor, for­ne­ci­do pela Pana­so­nic. O custo final por sala, segun­ do Fabio Lima, fica­rá entre US$ 40 mil e US$ 50 mil (mais as ins­ta­la­ções físi­cas da sala em si). Con­teú­do Para o COO da Rain, a tec­no­lo­gia de dis­ tri­bui­ção digi­tal é uma manei­ra efi­cien­te de difun­dir o cine­ma nacio­nal. “A gran­de massa gosta de tele­dra­ma­tur­gia nacio­nal, está acos­tu­ma­da a ver tele­no­ve­las. Só pre­ci­sa­mos levar o con­teú­do nacio­nal até eles”, argu­men­ta. Quan­to aos fil­mes inter­na­cio­nais, os lan­ça­men­tos para as salas popu­la­res devem ser dubla­dos, para satis­fa­zer o públi­co acos­tu­ma­do à tele­vi­são. A Rain Net­works e os Estu­dios­Me­ ga devem relan­çar nas salas digi­tais 43 fil­mes bra­si­lei­ros que já estão fora de car­taz. “‘O ­Invasor’ (de Beto Brant) teve públi­co de cem mil pes­soas com ape­nas oito ­cópias. Ima­gi­ne como seria com uma dis­tri­bui­ção maior”, empol­ga-se Fabio Lima. Além disso, a Rain e os Estu­dios­ Me­ga pre­ten­dem inves­tir em co-pro­du­ ções de fil­mes nacio­nais. Ainda no que se refe­re a relan­ça­men­ tos, a empre­sa vis­lum­bra a pos­si­bi­li­da­de de fazer exi­bi­ções temá­ti­cas, como ses­são Vera Cruz ou Car­li­tos, por exem­plo. “É claro que o núme­ro de relan­ça­men­tos deve cair con­for­me cres­ça a ofer­ta de títu­los nacio­nais iné­di­tos”, fina­li­za Fabio Lima.

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m ­ aking of Na moda até debaixo ­d’água A nova cam­pa­nha de ofer­tas da C&A para vei­cu­la­ção no Nor­des­ te duran­te as ­férias de julho inova na apre­sen­ta­ção das mode­los e dos mode­li­tos. Estão todos embai­xo ­d’água, exi­bin­do biquí­nis, maiôs e rou­pas de praia. As fil­ma­gens foram fei­tas no Con­jun­to Baby Bario­ni, da Secre­ta­ria de Espor­tes de São Paulo, em uma pis­ci­na com pro­fun­di­da­de entre três e qua­tro ­metros. Como num balé suba­quá­ti­co, ­homens, mulhe­res e crian­ças - ao todo 20 mode­

los - mos­tram as rou­pas entre sor­ri­sos e ­ bolhas, num cená­rio ­irreal e plas­ti­ca­men­te ele­gan­te. A idéia, expli­ca a dire­to­ra Dai­na­ra Tof­fo­li, era valo­ri­zar o efei­to da água sobre os cor­pos, brin­can­do tam­bém com a falta de gra­vi­ da­de. Mesmo embai­xo ­d’água, os mode­los dan­çam sorrindo, com­ ple­ta­men­te sub­mer­sos, ao som de uma tri­lha ani­ma­da, ins­pi­ra­da em can­ções de Dean Mar­tin dos anos 50.

Fundo infi­ni­to Jus­ta­men­te para des­ta­car os pro­du­tos, a dire­to­ra optou por for­rar

o fundo e as late­rais da pis­ci­na com pano preto, crian­do um fundo infi­ni­to e favo­re­cen­do o con­tras­te entre os cor­pos dos mode­los e as rou­pas con­tra o cená­rio. O pano foi fixa­do no fundo com pesos, que o man­ti­nham bem ajus­ta­do. Para agre­gar um pouco de cor ao fundo, além do pano preto foram incluí­dos ele­men­tos ceno­grá­fi­cos, como lon­gos cor­dões de péro­las e estan­dar­tes de reta­lhos colo­ ri­dos, ins­pi­ra­dos no mara­ca­tu. “O obje­ti­vo maior do filme é valo­ri­zar e mos­trar bem as peças, mas acha­mos inte­res­san­te colo­car um pouco mais de cor em algu­mas peças”, diz Dai­na­ra Tof­fo­li.

Escolha do cas­ting f icha téc­ni­ca Clien­te C&A • Pro­du­to ins­ti­tu­cio­nal • Agên­cia Avan­ti • Pro­du­to­ra O2 Fil­mes • Cria­ção e dire­ção Dai­na­ra Tof­fo­li • Dire­ção de arte Cláu­dia Aze­ ve­do • Dire­çao de foto­gra­fia André Modug­no • Mon­ta­gem Tamis Lus­tre • Tri­lha Dr. DD/Raw • Fina­li­za­ção O2 • Fina­li­za­dor José Beluz­zo

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A sele­ção dos mode­los pri­vi­le­giou pes­soas que se sen­tis­sem à von­ta­de na água. O teste ­incluiu pro­fis­sio­nais de nado sin­cro­ni­za­do, mas nem sem­pre o resul­ta­do tinha a ver com a pro­pos­ta do filme. “Não está­va­mos pro­cu­ran­ do tanto ­alguém que fizes­se pirue­tas, mas ­alguém que se sen­tis­se à von­ta­de para fazer movi­men­tos com ele­gân­cia, com os olhos bem aber­tos e uma expres­são boni­ta, sor­ri­den­te”, expli­ca Dai­na­ra. Por isso, a maio­ria dos esco­ lhi­dos aca­bou sendo mesmo de mode­los, que sor­riem até debai­xo ­d’água. O tra­ba­lho suba­quá­ti­co foi feito por uma equi­pe de qua­tro mer­gu­lha­do­ res pro­fis­sio­nais, que tam­­bém par­ti­ci­pou das fil­ma­gens para aten­der os mode­los, caso ­ alguém se atra­pa­lhas­se den­tro da água. Na pis­ci­na, foi mon­ta­da uma estru­tu­ra de ferro a meio metro de pro­fun­di­da­de, na qual os mode­los ­podiam se ­apoiar para des­can­sar entre os pla­nos. Isso faci­li­ta­va a reto­ma­da das fil­ ma­gens, pois evi­ta­va que os mode­ los saís­sem de suas mar­ca­ções.


lizan­dra­deal­mei­da lizan­dra@tela­vi­va.com.br

Liber­dSobre a­da pis­ci­na e efoi m o b i­li­d a­d e Além da caixa, dois refle­to­res suba­quá­ti­cos mon­ta­da uma caixa de luz de 3 x 9 ­metros, que deli­mi­ta­va o espa­ ço da cena e pra­ti­ca­ men­te ilu­mi­na­va todo o set. A mar­ca­ção dos mode­los embai­xo da água era feita com o uso de box trans, estru­tu­ras metá­li­cas usa­das nor­mal­men­te na mon­ta­gem de even­tos. Os mer­gu­lha­do­res des­lo­ca­vam os box trans, ins­ta­la­dos sobre tri­pés, no fundo da pis­ci­na, orien­tan­do os movi­men­tos dos mode­los.

de tungs­tê­nio foram posi­cio­na­dos den­tro da pis­ci­na, e três do lado de fora. A câme­ra foi ope­ra­da na mão, com bas­ tan­te liber­da­de. O dire­tor de foto­gra­fia, André Modug­no, que tam­bém é mer­gu­lha­ dor, reve­zou na ope­ra­ção da câme­ra, diver­ tin­do-se com a mobi­li­da­de. “Den­tro da água, pode­mos virar a câme­ra à von­ta­de”, diz ­D’Aguiar. Em uma das cenas, inclu­si­ve, três meni­nas nadam para­le­las, hori­zon­tal­men­te ao vídeo. Na rea­li­da­de, as três fize­ram um movi­men­to ascen­den­te, tanto que um olhar mais aten­to per­ce­be que as ­ bolhas tam­bém cor­rem numa dire­ção impro­vá­vel.

Dif i­ cu l­ d a­des Toda a cap­ta­ção de ima­gens foi feita de uma vez, mas para defi­nir as posi­ções de cada um, houve um ­ensaio geral na vés­pe­ra das fil­ma­gens. Dai­na­ra, equi­pa­da de más­ca­ra e snor­kel, acom­pa­nhou as evo­ lu­ções de cada um, para deter­mi­nar suas posi­ções. No dia da fil­ma­gem, porém, ficou fora da pis­ci­na, acom­pa­nhan­do tudo pelo videoas­sist. “A difi­cul­da­de de comu­ni­ca­ção foi um dos maio­res pro­ble­mas. O ope­ra­dor de câme­ra podia ouvir as ins­tru­ções, mas não res­pon­der. E do videoas­sist, a ima­gem é muito dife­ren­te”, expli­ca a dire­to­ra. Na ver­da­de, o gran­de gar­ga­lo era mesmo a troca dos chas­sis da câme­ra. O blimp para fil­ma­gem sub­a­quá­ti­ca só com­por­ta um chas­sis nor­mal, de qua­tro minu­tos. O filme, porém, foi roda­do a 48 qua­dros por segun­do, e por isso ter­mi­na­va em dois minu­tos. Só que a troca de chas­sis exi­gia que a câme­ra fosse remo­vi­da da água e tira­da de den­tro do blimp, que ­ depois tinha de ser enxu­to e lacra­do nova­men­te. “Esse pro­ces­so todo leva­ va cerca de 20 minu­tos, e roda­mos 18 rolos...”, comen­ta Dai­na­ra.

Logos f lu­t u an­ t e s A fina­li­za­ção, feita na pró­pria O2, con­tou com os recur­sos do After ­ Effects para valo­ri­zar as ­bolhas e real­çar as ima­gens. Na maio­ria das cenas, junto com as ­bolhas - cria­das pelo pró­prio movi­men­to das pes­soas e tam­bém por uma máqui­na espe­cial - sur­gem peque­nos logo­ti­pos da C&A, flu­tuan­do junto aos mode­los.


televisão

Presença local

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emis­so­ras do empre­sá­rio J. Hawil­la jun­ta­m-se em uma mesma marca, a TV Tem,

e tra­ba­lham em rede para dar maior As afi­lia­das da Rede Globo com­pra­das das Orga­ni­za­ções Globo em setem­bro do ano pas­sa­do pelo empre­sá­rio J. visi­bi­li­da­de ao anun­cian­te local. Hawil­la, dono da empre­sa de mar­ke­ting espor­ti­vo Traf­ fic e da pro­du­to­ra TV7, inau­gu­ra­ram no mês de maio suas novas mar­cas, logo­mar­ca e pro­gra­ma­ção ­visual. TV mídia do inte­rior pau­lis­ta­no, prin­ci­pal­men­te as agên­cias Tem passa a ser a deno­mi­na­ção das anti­gas TV Pro­gres­ de publi­ci­da­de, visan­do a per­ma­nên­cia do anun­cian­te so (São José do Rio Preto), TV Alian­ça (Soro­ca­ba) e TV na ­região. Outra ação é a com­pra de cotas de pro­du­ção Mode­lo (Bauru), além da nova emis­so­ra em Ita­pe­ti­nin­ga junto às pro­du­to­ras ­ locais para ven­der aos peque­nos que inau­gu­rou sua ope­ra­ção ofi­cial­men­te no dia 29 do anun­cian­tes. Outra ini­cia­ti­va para ­atrair mais anun­cian­ mês pas­sa­do. tes é mos­trar a impor­tân­cia des­ses mer­ca­dos na capi­tal. A idéia foi jun­tar as qua­tro TVs em uma rede, poden­ do ofe­re­cer maior esca­la para os anun­cian­tes do inte­rior Pro­du­ção local pau­lis­ta. As qua­tro retrans­mi­tem o sinal da Globo com Com o obje­ti­vo de aumen­tar a iden­ti­fi­ca­ção com o públi­ inser­ções de pro­gra­ma­ção local para 47% da área do co e com o anun­cian­te, a rede está pro­du­zin­do cada Esta­do de São Paulo, atin­gin­do 7,5 ­ milhões de habi­tan­ vez mais local­men­te. Quan­to ao jor­na­lis­mo, a rede vem tes. A cober­tu­ra abran­ge cerca de 5,5% do IPC (­Índice noti­cian­do os pro­ble­mas do dia-a-dia local. No esti­lo do Poten­cial de Con­su­mo) nacio­nal. “Com a estru­tu­ra­ção “SPTV”, pro­du­zi­do pela TV Globo de São Paulo, o jor­ em rede, pode­mos fazer ven­das inter­pra­ças. Antes não na­lis­mo da TV Tem faz cobran­ças junto às havia foco para o anun­cian­te médio auto­ri­da­des ­locais sobre polí­ti­ca, pro­ble­mas poder se desen­vol­ver na ­região”, expli­ ­sociais e de infra-estru­tu­ra etc. Além disso, ca André Bar­ro­so, dire­tor exe­cu­ti­vo as pau­tas bus­cam tam­bém levar oti­mis­mo da TV Tem. para a ­região e ainda par­ti­ci­par dos noti­ciá­ Para poder atin­gir o mer­ca­do rios nacio­nais. anun­cian­te diluí­do em 318 muni­cí­ Ainda em fase expe­ri­men­tal, Bar­ro­so pios, a rede criou uni­da­des de pro­ diz estar crian­do uma equi­pe de vídeodu­ção e ven­das nas prin­ci­pais cida­ repór­te­res. Todos eles rece­bem um trei­na­ des que estão dis­tan­tes do muni­cí­pio men­to que abran­ge o tra­ba­lho de reda­ção, gera­dor. Além de uma uni­da­de que já pro­du­ção e até o manu­seio dos equi­pa­men­ exis­tia em Marí­lia, a rede está abrin­ tos. Tra­ba­lhan­do com um “kit-repór­ter”, do uni­da­des em Ouri­nhos, Botu­ca­tu, for­ma­do por câme­ras digi­tais e ilhas de Jun­diaí, Ara­ça­tu­ba e Votu­po­ran­ga. edi­ção por­tá­teis Vaio, da Sony, os repór­te­ Segun­do Bar­ro­so, a TV Tem pre­ten­ “Com a estru­tu­ra­ção em res podem che­gar à reda­ção com a maté­ria de abrir ainda mais uni­da­des. “Dessa rede, pode­mos fazer ven­das já edi­ta­da e fina­li­za­da. “Que­re­mos que­brar manei­ra as equi­pes comer­ciais estão inter­pra­ças. Antes não havia ­alguns para­dig­mas. Não adian­ta tra­ba­lhar mais pró­xi­mas do empre­sá­rio local, foco para o anun­cian­te se com equi­pa­men­tos moder­nos num pro­ces­so têm maior afi­ni­da­de com o mer­ca­do”, desen­vol­ver na ­região” anti­qua­do”, expli­ca o dire­tor exe­cu­ti­vo. diz. Tam­bém para aumen­tar a cober­ André Barroso A rede tam­bém desen­vol­ve con­teú­ tu­ra comer­cial, 14 novos con­ta­tos dos que ­ tenham força na ­ região, como os foram con­tra­ta­dos, jun­tan­do-se aos r ­ odeios. Outro exem­plo de pecu­lia­ri­da­de local é a cober­ 22 que já esta­vam na rede. tu­ra de even­tos liga­dos ao vôo de asa delta — Bauru é a Enquan­to isso, a TV Tem vem tra­ba­lhan­do junto à

28 tela viva julho de 2003

Foto: Divulgação


capi­tal nacio­nal do vôo a vela. Tam­bém para refor­çar sua marca e sua pre­sen­ça na ­ região, a TV Tem está crian­do ­núcleos espor­ti­vos para o públi­co jovem, além de ­outras ações espor­ti­vas, e rea­li­za cada vez mais even­tos. Cada emis­ so­ra da rede rea­li­za, no míni­mo, cem even­tos por ano. Além disso, a con­ces­são da nova emis­so­ra, em Ita­pe­ti­nin­ ga, exige 3,5 horas diá­rias de pro­gra­ma­ção local, sem espe­ci­fi­ca­ção de horá­rio. A regra passa a valer a par­tir de agos­to. Para cum­pri-la, Bar­ro­so diz que deve lan­çar mão de pro­du­ções ter­cei­ri­ za­das, “além de muita cria­ ti­vi­da­de”. Segun­do o empre­sá­rio e pro­prie­tá­rio da rede, J. Hawil­la, a pro­du­to­ra TV7 e a pro­mo­to­ra de even­tos espor­ti­vos Traf­fic, ambas de sua pro­prie­da­de, devem come­ çar a tra­ba­lhar com a rede TV Tem em

breve. Além da pro­du­ção de con­teú­do, por parte da TV7, a Traf­fic deve pro­mo­ver even­tos espor­ti­vos ­locais. Inves­ti­men­tos A nova emis­so­ra de Ita­pe­ti­nin­ga, que retrans­mi­tia o sinal da Rede Globo desde o dia 6 de maio, ini­ciou no dia 30 de junho sua pro­gra­ma­ção com a segun­da edi­ção do jor­nal “Tem Notí­cias”. A sede, loca­li­za­da no Shop­ ping Ita­pe­ti­nin­ga, inte­gra num mesmo ambien­te de tra­ba­lho enge­nha­ria, ope­ra­ção, estú­dio e ilhas de edi­ção. Segun­do o geren­te regio­nal Val­dir Reis, foram inves­ti­dos R$ 4 ­ milhões nas ins­ta­la­ções e equi­pa­men­tos da emis­so­ra. A Flo­ri­pa Tec­no­lo­gia foi a for­ne­ce­do­ra do sis­te­ma inte­gra­do digi­tal de jor­na­lis­mo da emis­ so­ra, o E-News. O site­ma é com­pos­to de duas ilhas de edi­ção Velox/Inci­te inte­gra­

das a dois vídeo ser­vi­do­res redun­dan­tes News­Wa­re e um gera­dor de carac­te­res Ins­­cri­ber. As câme­ras são DVCAM Sony e o con­tro­le mes­tre e a exi­bi­ção ope­ram com dois vídeo ser­vi­do­res Spot­Wa­re e a me­sa mes­tre MCM8000Pro, tam­bém da Flo­ri­pa Tec­no­lo­gia. Para atin­gir todos os obje­ti­vos, serão inves­ti­dos R$ 6 ­ milhões só neste ano. Parte do dinhei­ro deve ser usada para refa­zer o par­que téc­ni­co. Outra parte do inves­ti­men­to vai para a con­tra­ta­ção de pes­soal (para a nova emis­so­ra foram con­tra­ta­dos 39 pro­fis­sio­nais) e para infra-estru­tu­ra. Como o inves­ti­men­to ainda não é o ideal, já que, para André Bar­ro­so, o valor deve­ria ser de R$ 30 ­ milhões, a rede deve bus­car alter­na­ti­vas menos cus­to­sas e fazer uma pro­gra­ma­ção do inves­ti­men­to. “Vamos rever os mode­los de tra­ba­lho”, diz.

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fernandolauterjung


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Estrutura e diversão

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Quem olha de fora a facha­da cor-de-abó­bo­ra da casa no bair­ro do Broo­klin, em São Paulo, não ima­gi­na a estru­ tu­ra que se escon­de por trás. ­ Depois dos escri­tó­rios de praxe, logo de saída, um estú­dio, uma ofi­ci­na e um ate­liê aco­lhem o tra­ba­lho de cerca de dez pro­fis­sio­nais. O que eles estão fazen­do? Dese­nhan­do, cons­truin­do bone­cos e cená­rios para cli­pes e comer­ciais de ani­ma­ção. O tra­ba­lho do dese­nhis­ta indus­trial Paolo Conti e do publi­ci­tá­rio ­Arthur Medei­ros come­çou há mais de cinco anos, quan­do se encon­tra­ram na Trat­to­ria di Frame. Paolo vinha da área de dese­nho ani­ma­do, tendo pas­sa­ do por ­vários estú­dios, e ­Arthur tra­ba­lha­va com edi­ção. Lá toma­ram con­ta­to com os ele­men­tos em 3D, den­tro e fora do com­pu­ta­dor.

O comercial da rádio 89 agradou tanto que acabou gerando uma banda virtual feita em animação.

Um tempo ­depois, cada um foi para um canto, mas d­ epois se reen­con­tra­ram na Toro Fil­mes, pro­du­to­ra mon­ta­da por diver­sos pro­fis­sio­nais egres­sos da Trat­to­ ria. A pro­du­to­ra com­bi­na­va ani­ma­ção com pro­du­ção ao vivo e casa de edi­ção. Nessa época, fize­ram um clipe pre­mia­do para a banda Char­lie Brown Jr. e o vídeo de segu­ran­ça que ainda pode ser visto nos ­aviões da TAM. Já esta­vam come­çan­do a se dedi­car ao que seria o gran­ de foco da atual Ani­ma­king: a ani­ma­ção stop ­ motion, com bone­cos e ­outras téc­ni­cas. Den­tro da Toro, a dupla sen­tiu que a pro­du­to­ra come­ça­va a viver uma crise de iden­ti­da­de. ­ Arthur

30 tela viva julho de 2003

Os ­sócios da Ani­ma­king encon­tra­ram uma fór­mu­la para unir seus talen­tos cria­ti­vos e pro­du­zir comer­ciais e video­cli­pes em stop ­motion.

come­çou a tra­ba­lhar como aten­di­men­to, e per­ce­beu a difi­cul­da­de visi­tan­do agên­cias. “Come­cei a bata­lhar as agên­cias e quan­do mos­tra­va nosso rolo, o pes­soal per­ gun­ta­va: ‘mas onde devo colo­car a fita, em ani­ma­ção, pro­du­ção ou edi­ção?’ Daí per­ce­be­mos que pre­ci­sá­va­mos achar um foco”, diz ­Arthur. Dois anos e meio de Toro ­depois, Paolo e ­Arthur resol­ve­ ram par­tir para o vôo pró­prio. Inves­ti­ram em equi­pa­men­tos de fina­li­za­ção e na mon­ta­gem de ofi­ci­nas que per­mi­tis­sem a pro­du­ção com­ple­ta dos fil­mes, desde a cria­ção dos per­so­ na­gens até a fita de exi­bi­ção. “Nosso tra­ba­lho exige muito tempo e cui­da­do, para a mode­la­gem e estru­tu­ra dos bone­ cos, mas tam­bém de fil­ma­gem. Mui­tos orça­men­tos aca­ba­ vam invia­bi­li­za­dos por causa do núme­ro de diá­rias. Então inves­ti­mos no estú­dio, com ilu­mi­na­ção para a fil­ma­gem de ani­ma­ção, em uma câme­ra 35 mm e outra de vídeo, tri­pés... Tam­bém fize­mos as ofi­ci­nas, com todas as fer­ra­men­tas”, conta Paolo. O equi­pa­men­to mais dife­ren­cia­do da pro­du­to­ra, porém, é bas­tan­te pre­ci­so, mas passa longe dos bits e chips. É, na ver­da­de, um gran­de hard­wa­re: uma grua cons­ truí­da espe­cial­men­te para a fil­ma­gem de ani­ma­ção qua­ dro a qua­dro. Cons­truí­da com pro­je­to de Paolo e seu pai, que é enge­nhei­ro, a “jabi­ra­ca” é uma grua que sobe a até 4,5 ­metros de altu­ra, com con­tro­le de velo­ci­da­de, altu­ra e movi­men­tos de rota­ção hori­zon­tal e ver­ti­cal. Fun­cio­na tam­bém como ligei­ri­nho, e per­mi­te ao todo oito movi­ men­tos dife­ren­tes. “A idéia é trans­for­mar aos pou­cos a ‘­jabiraca’ num mini-­motion con­trol para fil­ma­gem qua­dro a qua­dro. Toda a estru­tu­ra mecâ­ni­ca está pron­ta e já fun­ cio­na muito bem, mas agora esta­mos come­çan­do a criar a parte ele­trô­ni­ca, para poder pro­gra­mar os movi­men­tos sin­cro­ni­za­dos com o com­pu­ta­dor”, expli­ca Paolo. Além dos estú­dios, estão as duas ofi­ci­nas onde tra­ba­ lham as equi­pes que criam os cená­rios, as estru­tu­ras inter­ nas dos bone­cos e sua apa­rên­cia final. Em geral, os bone­cos têm estru­tu­ra metá­li­ca, for­ma­da por seg­men­tos encai­xa­ dos de ferro. “Faze­mos muita pes­qui­sa e desen­vol­ve­mos


lizandradealmeida lizandra@telaviva.com.br

Muitas das técnicas de construção de bonecos foram desen­ volvidas internamente.

algu­mas téc­ni­cas. Para a parte exter­na dos bone­cos, por exem­plo, usa­mos foam látex e sili­co­ne, e já faze­mos mol­des que pro­du­zem bone­cos quase sem emen­das”, conta Paolo. Um dos pro­je­tos em anda­men­to é a ani­ma­ção em stop ­motion dos bone­cos da Turma do Pere­rê, do car­tu­nis­ta Ziral­do. ­Depois de uma apre­sen­ta­ção de reper­tó­rio na O2 Fil­mes, no qual conhe­ce­ram a dire­ to­ra Fabri­zia Pinto — filha do car­tu­nis­ta —, a equi­pe da Ani­ma­king foi con­vi­da­da a desen­vol­ver o pro­je­to. Gran­de parte dos bone­cos já está pron­ta, tendo pas­sa­do pelo crivo rigo­ro­so de Ziral­do. A série deve ren­der 51 epi­só­dios de sete minu­tos e está come­çan­do a ser roda­da. Outro pro­je­to que pro­me­te tra­zer fru­ tos é um des­do­bra­men­to dos comer­ciais que a pro­du­to­ra vem desen­vol­ven­do para a rádio pau­lis­ta­na 89 FM, que tam­bém tem retrans­mis­so­ras em ­outras cida­des. A

dire­ção da rádio pen­sou em pro­du­zir um comer­cial com bone­cos, ­ depois de a emis­ so­ra ficar ­ vários anos afas­ta­da da mídia. Como a rádio não tinha agên­cia, os con­ta­ tos foram fei­tos dire­ta­men­te entre clien­tes e pro­du­to­ra, assim como a cria­ção. A prin­cí­pio, seria ape­nas uma banda que can­tas­se o jin­gle da rádio. Duran­te o pro­ces­so, os inte­gran­tes da banda aca­ba­ ram refle­tin­do as ­várias tri­bos que ouvem a rádio, espe­cia­li­za­da em rock e pop. O suces­so do filme no ar moti­vou outro filme e uma idéia: e se crias­sem um clipe e uma banda vir­tual a par­tir des­ses per­so­ na­gens, como a banda Goril­laz, em que os inte­gran­tes são de dese­nho ani­ma­do?

Paolo e ­ Arthur pro­pu­se­ram o pro­je­to para a rádio. A idéia foi pegan­do e a 89 FM apre­sen­tou-a para o pro­du­tor Rick Bona­ dio, na época na Sony Music, que ado­rou. “De cara, ele pro­du­ziu sete músi­cas e gra­ vou um CD, crian­do o demo da banda”, diz ­Arthur. Agora, a banda já tem inte­gran­tes, músi­cas pró­prias e até uma certa expo­si­ção na mídia. Falta só a gra­va­do­ra para come­ çar suas tur­nês. Segun­do Paolo e ­ Arthur, as nego­cia­ções estão avan­ça­das e em pouco tempo a nova banda deve estou­rar.

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AGOSTO

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As revistas Tela Viva, Pay-TV e Teletime promovem dias 13 e 14 de agosto o Se­­minário “Soluções em telecom: as aplicações via satélite”, no Paulista Plaza, São Paulo, SP. Serão apre­sen­ta­dos ca­ses com as aplicações do sa­télite, de telemedicina a cinema digital, para usuá­rios, opera­do­ras e provedores de serviços em TV aber­ta, produção de conteúdo, TV paga, empresas de telecomunicações, entre outros. Fone (11) 3120-2351. Fax: (11) 3120-5485, e-mail: info@convergeeventos.com.br ou no site www.convergeeventos.com.br

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13 a 18 Catarina Festival de Documentários - Edição 2003 Balneário Camboriú, Itajaí - SC. Inscrições 27 de julho a 5 de agosto de 2003. Fone/fax: (41) 336-1539. E-mail: araucaria@araucariaproducoes.com.br. Internet: www.araucariaproducoes.com.br.

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São Paulo São Paulo - SP. Fone: (11) 3034-5538. Fax: (11) 3815-9474. E-mail: spshort@kinoforum.org. Internet: www.kinoforum.org.

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[ Minuto para a mãe ] Estão abertas as inscrições para o X Fes­tival Mundial do Minuto, que acon­tece entre os dias 17 e 22 de no­vembro. Inscrições até o dia 20 de setembro. In­formações no site www.uol. com.br/minuto.


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