Revista Tela Viva 132 - outubro 2003

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case................................. 24 Teatro: um novo nicho para a produção

SET 2003 ................ 26 Congresso aponta as indefinições da TV digital

radiodifusão... 28 Anatel quer distribuir software de análise topográfica

Evento........................ 30 Produção barata dá o tom no IBC 2003

Sempre na Tela Editorial.............................................. 3 News................................................... 4 Scanner.............................................. 6 Figuras............................................. 10 Upgrade.......................................... 12 Making of....................................... 22 Agenda............................................ 34

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A campanha pela desoneração da importação de equipamentos de produção deu um passo importante nesse começo de outubro. No dia 1º de outubro, a Comissão de Educação do Senado realizou uma discussão sobre o impacto da reforma tributária no setor de comunicação. A audiência contou com representantes da Abert, ANJ, Aner, UniTV, ABTA, Fittert (Federação dos Trabalhadores em Rádio e TV) e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Entre as propostas comuns colocadas por todos os representantes setoriais e que tendem a ser acatadas pela comissão, está um pedido para se evitar, no texto da reforma, a taxação sobre a importação de insumos para a atividade de comunicação. A preocupação central de radiodifusores é com a importação de equipamentos e, no caso das empresas de mídia impressa, a preocupação é com a taxação sobre importação de papel. Não custa lembrar que o próprio governo já sinalizou diversas vezes sua intenção de desonerar a importação de bens de capital, incentivar a produção audiovisual e as exportações. As negociações sobre a reforma tributária até agora apontaram no sentido praticamente oposto. Correse sim o risco de aumento de impostos (especialmente os estaduais) para diversos serviços, com o congelamento dos benefícios fiscais. Esperamos que da discussão no Senado Federal saia uma garantia de que as vontades manifestadas por todos, governo e indústria, prevaleçam sobre a gula fiscalista dos estados.

Finalmente ouvem-se, da parte do governo, notícias animadoras para o audiovisual. O presidente Lula deve anunciar em meados de outubro a tão aguardada definição do futuro da Ancine. A agência deve mesmo virar Ancinav, um órgão para cuidar de todo o audiovisual, e ficará sob a batuta do MinC. Também, o ministério de Gil anunciou a criação, a partir de 2004, das film commissions, que trabalharão nos níveis federal, estadual e municipal. São dois passos importantes, que acreditamos que se implementados ajudarão finalmente a deslanchar a produção audiovisual nacional, tanto em relação ao mercado interno quanto às exportações.

É com tristeza e saudade que nos despedimos de nossa ex-editora e . colaboradora Edylita Falgetano de Moreira Porto, que morreu no dia 22 de setembro último, vítima de um AVC. À família e amigos, fica nossa homenagem.

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Acompanhe aqui as notícias que foram destaque no último mês no noticiário online Tela Viva News.

Ana­tel cobra canal de . fil­mes nacio­nais no cabo [08/09] No final de agos­to, ope­ra­do­res de TV a cabo rece­be­ram da Ana­tel um ato em que a agên­cia deter­mi­na que cum­pram a regu­ la­men­ta­ção e ­ tenham em seu line-up um canal de fil­mes dedi­ca­do exclu­si­va­men­te a con­teú­do bra­si­lei­ro. A agên­cia pede aos ope­ra­do­res de cabo que infor­mem sobre o cum­pri­men­to deste dis­po­si­ti­vo da regu­la­ men­ta­ção e dá prazo de 90 dias para que as empre­sas se mani­fes­tem. Atual­men­te, ape­nas o Canal Bra­sil tem o regis­tro neces­sá­rio no MinC para ser o canal exi­gi­do na regu­la­men­ta­ção. Ope­ra­ do­res que rece­be­ram a carta da Ana­tel dizem, infor­mal­men­te, que pre­ten­dem recor­ rer e que não podem ser obri­ga­dos a levar um canal espe­cí­fi­co. Tam­bém houve quem espe­ras­se do Minis­té­rio da Cul­tu­ra pro­vi­ dên­cias para via­bi­li­zar um “com­pe­ti­dor” ao Canal Bra­sil, o que não ocor­reu.

Sena­dor quer man­ter incen­ti­vos via ICMS [09/09] O pre­si­den­te da Comis­são de Edu­ca­ção do Sena­do Fede­ral, sena­dor Osmar Dias (PDT/ PR), após audiên­cia públi­ca sobre os impac­ tos da refor­ma tri­bu­tá­ria no setor de cul­tu­ ra, anun­ciou a ela­bo­ra­ção de uma emen­da à pro­pos­ta para garan­tir aos Esta­dos a pos­ si­bi­li­da­de de man­ter a renún­cia fis­cal do ICMS para incen­ti­vos cul­tu­rais por prazo inde­ter­mi­na­do, e não ape­nas por mais três anos, como deter­mi­na o texto apro­va­do na Câma­ra. O prin­ci­pal argu­men­to dos sena­do­res que ­apóiam a rei­vin­di­ca­ção se pren­de à neces­si­da­de de man­ter para as uni­da­des da Fede­ra­ção as mes­mas pos­si­ bi­li­da­des admi­ti­das para a União e para os muni­cí­pios. Na opi­nião de Assun­ção Her­nan­des, pre­si­den­ te do Con­gres­so Bra­si­lei­ro de Cine­ma, com o obje­ti­vo de evi­tar a guer­ra fis­cal entre os Esta­

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dos, o gover­no aca­bou com as pos­si­bi­li­da­des de con­ces­são de incen­ti­vos fis­cais esta­duais, valo­res que hoje estão em torno de R$ 180 ­milhões por ano e que são essen­ciais para o desen­vol­vi­men­to do setor.

Emis­so­ras públi­cas par­ti­ci­ pa­rão do GET [11/09] A Abe­pec (Asso­cia­ção Bra­si­lei­ra das Emis­so­ ras Públi­cas, Edu­ca­ti­vas e Cul­tu­rais) re­ce­­beu do Minis­té­rio das Comu­ni­ca­ções ga­ran­tias de que par­ti­ci­pa­rá do grupo de es­tu­dos da TV digi­tal (GET). Esta é a pri­mei­ra de uma série de ações con­jun­tas que a asso­cia­ção pre­ten­de rea­li­zar com o Mini­com. Para a asso­cia­ção, é fun­da­men­tal par­ti­ci­par da dis­cus­são sobre a implan­ta­ção da TV digi­tal no Bra­sil para que as tele­vi­sões públi­cas não cor­ram o risco de ficar de fora ou de serem pre­ju­di­ca­das duran­ te a digi­ta­li­za­ção das trans­mis­sões.

MinC lança con­cur­sos para lon­gas [12/09] O Minis­té­rio da Cul­tu­ra publi­cou no Diá­rio Ofi­cial da União do dia 12 de setem­bro duas por­ta­rias lan­çan­do con­cur­sos públi­cos. O pri­mei­ro con­cur­so, ins­ti­tuí­do pela Por­ta­ria nº 380/2003, é des­ti­na­do a ­ apoiar a rea­li­ za­ção de pro­je­tos audio­vi­suais de longametra­gem iné­di­tos, de baixo orça­men­to, dos gêne­ros fic­ção e/ou ani­ma­ção. Os pro­je­ tos devem abor­dar temas da cul­tu­ra bra­si­lei­ ra. Para este con­cur­so serão sele­cio­na­dos sete pro­je­tos. O valor total de recur­sos des­ ti­na­dos será de R$ 4,8 ­milhões. O segun­do con­cur­so públi­co, ins­ti­tuí­do pela Por­ta­ria nº 381/2003, será des­ti­na­do à fina­li­za­ção de fil­mes de longa-metra­gem. O orça­men­to total desde con­cur­so é de R$ 1,5 ­milhão.

Edu­ca­ti­vas pode­rão trans­ mi­tir even­tos espor­ti­vos [16/09] O depu­ta­do Edson Duar­te (PV/BA) apre­sen­ tou um pro­je­to de lei (nº 1.878/2003) auto­ ri­zan­do as emis­so­ras edu­ca­ti­vas esta­tais a

trans­mi­ti­rem, sem cus­tos, even­tos espor­ ti­vos de inte­res­se nacio­nal. O pro­je­to de lei será apre­cia­do em cará­ter ter­mi­na­ti­vo (não pre­ci­sa ser apre­cia­do pelo Ple­ná­rio) pelas comis­sões de Ciên­cia e Tec­no­lo­gia, Comu­ni­ca­ção e Infor­má­ti­ca (CCTI) e de Cons­ti­tui­ção e Jus­ti­ça e Reda­ção (CCJ).

São Paulo terá polí­ti­ca audio­vi­sual esta­dual e muni­ci­pal [18/09] O dia 17 de setem­bro foi agi­ta­do para o cine­ma em São Paulo. Pela manhã, o gover­na­dor Geral­do Alck­min, em um café da manhã com uma comi­ti­va de cineas­tas pau­lis­tas, assi­nou o decre­to que cria o Con­se­lho Pau­lis­ta de Cine­ma. O con­se­lho tem a fun­ção de ela­bo­rar pro­ pos­tas, o pla­ne­ja­men­to e a pro­gra­ma­ção da polí­ti­ca audio­vi­sual pau­lis­ta. Além da reu­nião com o gover­na­dor Alck­ min, ­alguns cineas­tas encon­tra­ram-se na noite do mesmo dia 17 com a pre­fei­ta de São Paulo, Marta ­ Suplicy. No encon­tro foram empos­sa­dos os mem­bros da Comis­ são de Cine­ma de São Paulo (Coci­ne). A Coci­ne foi cria­da pela Por­ta­ria 25/2003 da Secre­ta­ria de Cul­tu­ra, publi­ca­da no Diá­rio Ofi­cial do Muni­cí­pio do dia 6 de setem­bro. No máxi­mo em 180 dias, essa comis­são irá ela­bo­rar e apre­sen­tar polí­ti­ cas públi­cas para a pro­du­ção pau­lis­ta­na.

Anci­ne divul­ga levan­ta­ men­to sobre o cine­ma nacio­nal [22/09] A Anci­ne divul­gou um pano­ra­ma com o desem­pe­nho eco­nô­mi­co do cine­ma nacio­nal nos últi­mos dez anos. Segun­do o pano­ra­ma, a per­cen­ta­gem de fil­mes de longa-metra­gem nacio­nais lan­ça­dos aumen­tou de 1,27% do total de títu­los lan­ ça­dos no País, em 1992, para 26,90% ao fim de 2002. No mesmo perío­do, o núme­ ro de espec­ta­do­res dos fil­mes bra­si­lei­ros aumen­tou de 36.093 (0,05% de um total de 75 ­milhões) para 7.299.988 (8% de um

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total de quase 91 ­milhões). Além disso, foram divul­ga­dos núme­ros do ano de 2003 (até 31 de agos­to), com a estréia de 14 lon­gas bra­si­lei­ros e 37 estão pron­tos, aguar­dan­do lan­ça­men­to. Há 52 em fina­li­za­ção e 34 em fil­ma­gem. O núme­ro de lon­gas em pré-pro­du­ção, com pro­je­tos apro­va­dos para cap­ta­ção publi­ ca­dos no Diá­rio Ofi­cial da União até 31 de agos­to, é de 256 títu­los, incluin­do fic­ ção e docu­men­tá­rios. Soman­do-se todos os núme­ros do ano chega-se ao núme­ ro de 393 fil­mes de longa-metra­gem em pro­du­ção ou pro­du­zi­dos este ano com o uso de incen­ti­vos fis­cais. Além disso, segun­do o docu­men­to, estão em pro­du­ ção ­outros 95 fil­mes que ainda não soli­ci­ ta­ram qual­quer incen­ti­vo fis­cal. Outro dado divul­ga­do foi o valor inves­ti­do no cine­ma bra­si­lei­ro este ano atra­vés da Lei do Audio­vi­sual e Lei Roua­net: R$ 12,512 ­milhões. Os dez maio­res inves­ti­do­res no cine­ ma bra­si­lei­ro em 2003, até setem­bro, foram: BR Dis­tri­bui­do­ra, Ele­tro­brás, Lafar­ge Bra­sil, Fina­me, Bra­sil Tele­com, Uni­cap Uni­ban­co, Uni­ban­co, Banco Ban­dei­ran­tes, Fede­ral Capi­ta­li­za­ção e João Car­los di Gênio.

Anci­ne tem prazo para ana­li­sar incen­ti­vos . cul­tu­rais [22/09] A dire­to­ria da Anci­ne publi­cou no Diá­rio Ofi­cial da União do dia 22 a Deli­be­ra­ção nº 115/2003, esta­be­le­cen­do pra­zos para que a agên­cia ana­li­se os pedi­dos para a uti­li­za­ção de incen­ti­vos basea­dos nas leis do Audio­vi­sual, Roua­net e Arti­go 39 da MP 2.228/01. A reso­lu­ção esta­be­le­ceu

um prazo de até 45 dias para ana­li­sar os pro­je­tos de obras audio­vi­suais, con­ta­dos a par­tir da data em que o pedi­do for pro­to­ co­la­do na agên­cia. Se hou­ver dili­gên­cia de docu­men­tos, o prazo de 45 dias será sus­pen­so na data em que a pro­po­nen­te rece­ber o aviso da Anci­ne. Após o cum­ pri­men­to das exi­gên­cias, o prazo segue pelo perío­do rema­nes­cen­te. A deli­be­ra­ ção deter­mi­na ainda o arqui­va­men­to do pro­je­to caso não haja res­pos­ta às exi­gên­ cias em até 30 dias após o rece­bi­men­to do comu­ni­ca­do de dili­gên­cia da agên­cia. Por fim, a Anci­ne não será obri­ga­da a ana­ li­sar no mesmo exer­cí­cio de sua apre­sen­ ta­ção os pro­je­tos pro­to­co­la­dos ­depois do dia 15 de novem­bro de cada ano.

Lula anuncia Ancine sob o MinC [01/10] O chefe de gabinete do Ministério da Cultura, Sergio Sá Leitão, representando o ministro Gilberto Gil, afirmou dia 1º de outubro, durante o rioseminars, que o presidente Lula anunciará no dia 13 de outubro a ida da Ancine para o MinC e sua transformação em Ancinav. Sá Leitão completou depois que será anunciada uma política federal para o setor audiovisual e que “houve muita pressão do ‘cinema hegemônico’ para que a Ancine fosse para o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio”. Segundo o chefe de gabinete da secretaria para o desenvolvimento das artes audiovisuais do Ministério da Cultura, Leopoldo Nunes, haverá ainda uma revisão da MP 2.228/01.

A criação de film comis­ sions [01/10] O projeto Brazilian Film Comission foi apre­sen­ta­do duran­te o rio­se­mi­nars. Ele prevê a cria­ção de ins­ti­tui­ções vol­ta­das à pro­mo­ção de ­regiões bra­si­lei­ras e do País como loca­ção e for­ne­ce­dor de infra-estru­ tu­ra e mão de obra para pro­du­ções nacio­ nais e inter­na­cio­nais, visan­do aumen­tar o turis­mo e a pro­du­ção audio­vi­sual no Bra­sil. A ação reúne os minis­té­rios da Cul­tu­ra, do Turis­mo, da Inte­gra­ção Nacio­ nal, de Rela­ções Exte­rio­res, além dos gover­nos fede­ral, esta­duais e muni­ci­pais, enti­da­des pri­va­das de cul­tu­ra e turis­mo enti­da­des repre­sen­ta­ti­vas e agên­cias regu­la­do­ras. Os recur­sos virão do gover­no fede­ral, atra­vés de minis­té­rios e agên­cias, gover­nos esta­duais e muni­ci­pais e ainda de ins­ti­tui­ções pri­va­das, quan­do pos­sí­vel. No futu­ro, espe­ra-se que elas se tor­nem auto-sus­ten­tá­veis, arre­ca­dan­ do taxas sobre pro­du­ções audio­vi­suais e sobre o turis­mo. O tra­ba­lho das film comis­sions será o de criar nor­mas e pro­ce­di­men­tos refe­ren­tes à pro­du­ ção audio­vi­sual, cata­lo­gar fato­res de atra­ção em sua ­região, pro­mo­ver e divul­gar a ­região atuan­do como uma espé­cie de ­ bureau, e moni­to­rar resul­ta­dos e incen­ti­var o desen­ vol­vi­men­to da infra-estru­tu­ra exis­ten­te. Vale lem­brar que hoje parte des­sas fun­ções, sobre­tu­do em rela­ção a auto­ri­za­ções para uso da ima­gem do Bra­sil, ca­bem à Anci­ne, o que colo­ca um pro­vá­vel con­fli­to de com­pe­tên­ cias a ser resol­vi­do. As pri­mei­ras film comis­sions deve­rão come­ çar a fun­cio­nar já no iní­cio de 2004.


Bra­sil­zão Não tem cha­vão maior do que dizer que o Bra­sil é um país de dimen­sões con­ti­nen­tais. Mas a equi­pe da pro­du­to­ra pau­lis­ta­na OKA Comu­ni­ca­ções sen­tiu na pele o tama­nho dessa terra para rea­li­zar o vídeo da IV Sema­na da Alfa­be­ti­za­ção, pro­mo­vi­da pela Alfa­be­ti­za­ ção Soli­dá­ria. A equi­pe da OKA, for­ma­da pelo dire­tor Rogé­rio Zagal­lo, o cine­gra­fis­ta Mar­ce­lo Miyao, o som dire­to Alfre­do Guer­ra e o ele­tri­cis­ta Deda, per­cor­re­ram em seis dias mais de 8,4 mil km — dis­tân­cia do Rio de Janei­ro à Fló­ri­da, nos Esta­dos Uni­dos. A equi­pe pas­sou por Ita­piú­na (CE), Boni­to de Santa Fé (PB) e Araci (BA) para gra­var depoi­men­tos de alu­nos, alfa­be­ti­za­do­res e coor­ de­na­do­res da ONG. Os tes­te­mu­nhos serão uti­li­za­dos para con­tar a his­tó­ria de três per­so­na­gens que tive­ram suas vidas muda­das pelo pro­je­to. O rotei­ro é de Ricar­do Zagal­lo, coor­de­na­ção de pro­du­ção de Érika Scar­pi­nel­la, com­pu­ta­ção grá­fi­ca do Elec­tro­Lady­Land Stu­dio, tri­lha de Feli­pe Vas­são, edi­ção e fina­li­za­ção de Geor­ge Safra­nov e Rogé­rio Zagal­lo.

Sufo­co no bumba O sufo­co das pes­soas no trans­por­te cole­ti­vo é o mote da nova cam­pa­nha das motos Yama­ha YBR 125. O filme “Tá Espe­ran­do o Quê?” mos­tra cenas claus­tro­fó­bi­cas das pes­soas em ôni­ bus, lota­ção e metrô para mos­trar que a solu­ção é sair por aí de moto. A cria­ção é da equi­pe da FAM, de Fábio Siquei­ra, e a pro­du­ção é da Can­vas 24p, com dire­ção de ­ Wiland Pins­dorf, pro­du­ção de Ale­xan­dra Alon­so e foto­ gra­fia de Eduar­do Ruiz.

Arqui­te­tu­ra na TV

Fuji na fita Qua­tro novos comer­ciais da Fuji Film estão sendo vei­cu­la­dos, em duas novas cam­pa­nhas. Todos eles foram cria­dos pela Grey World­wi­de e pro­du­zi­dos pela Pro­ di­go Films, com dire­ção de Rodri­ go Fer­ra­ri. Uma das cam­pa­nhas, ins­ti­tu­cio­nal, divul­ga toda a linha de pro­du­tos e as lojas digi­tais. A ­outra divul­ga a pro­mo­ção que vai sele­cio­nar fotos de pes­soas ­comuns para o pró­xi­mo comer­ cial da empre­sa. O ganha­dor será apre­sen­ta­do no “Domin­gão do Faus­tão”.

Um novo pro­gra­ma com pro­du­ção inde­pen­den­te, espe­cia­li­za­ do em deco­ra­ção e arqui­te­tu­ra, ­estreou em setem­bro em São Paulo, com exi­bi­ção em três ­canais — Canal 21, Canal Comu­ni­ tá­rio e Canal São Paulo. O pro­gra­ma “Morar com Requin­te” traz entre­vis­tas com pro­fis­sio­nais da área e é apre­sen­ta­do por Pris­ci­la Aspert­ti e Rena­ta Jaba­li. A pro­du­ção é da WRC Pro­du­ ções, com dire­ção de Wag­ner Lan­zot­ti.

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Fotos: Divul­ga­ção


Con­ta­do­res de his­tó­ria O longa de Elia­ne Caffé “Nar­ra­do­res de Javé” mos­tra a mudan­ça na roti­na do peque­no vila­re­jo de Javé cau­sa­da por uma amea­ça re­pen­ti­na de sua extin­ção: Javé deve­rá desa­pa­re­cer inun­da­do pelas águas de uma gran­de hi­dre­lé­tri­ca. Dian­te da notí­cia, a comu­ni­da­de deci­de ir em defe­sa de sua exis­tên­cia pondo em prá­ti­ca uma estra­té­ gia bas­tan­te inu­si­ta­da e ori­gi­nal: es­cre­ver um dos­siê que do­cu­men­te o que con­si­de­ram ser os “gran­des” e “no­bres” acon­te­ci­men­tos da his­tó­ ria do povoa­do e as­sim jus­ti­fi­car a sua pre­ser­va­ ção. O filme, que se­rá tema de deba­te no pró­­ xi­mo Encon­tro com o Cine­ma Bra­si­lei­ro, no dia 29 de novem­bro no Cen­tro Cul­tu­ral Banco do Bra­sil, em São Paulo, conta com os ato­res José ­Dumont (foto) e ­Mateus Nach­ter­gae­le.

Pro­du­ções ­locais

Pas­sa­re­la

A HBO vai anun­ciar este mês os de­ta­ lhes de três pro­du­ções ori­gi­nais fei­ tas no Bra­sil. São os seria­dos “Man­ dra­ke”, “Epi­tá­fios” e “Sexo Urba­no”. “Man­dra­ke” é uma pro­du­ção local a cargo da pro­du­to­ra Cons­pi­ra­ção Fil­mes; “Epi­tá­fios” é uma série de sus­pen­se. “Sexo Urba­no” abor­da a vida notur­na liga­da ao ero­tis­mo em ­várias capi­tais lati­no-ame­ri­ca­nas, entre elas, cida­des bra­si­lei­ras. O res­ pon­sá­vel pelos seria­dos é o vice-pre­ si­den­te de pro­du­ção da HBO Latin Ame­ri­ca, Luiz Peraz­za.

A nova cam­pa­nha estre­la­da por Gise­le Bünd­chen cria um cami­ nho sem obs­tá­cu­los para a super­ mo­de­lo. Ao som da músi­ca “Slow­ mo­tion Bossa Nova”, hit que pulou dos comer­ciais para o disco, a mode­lo des­fi­la as san­dá­lias Ipa­ne­ ma pelo Rio de Janei­ro. Enquan­to anda, as pes­soas, des­lum­bra­das, se encar­re­gam de tirar da fren­te tudo o que apa­re­ce. Com cria­ ção da W/Bra­sil, o filme tem dire­ ção de Andru­cha Wad­ding­ton, da Cons­pi­ra­ção Fil­mes.

Fim da moeda Pro­ta­go­ni­za­do pelo ator Luiz Fer­nan­ do Gui­ma­rães, está no ar desde o final de setem­bro a cam­pa­nha do Banco Cen­tral que anun­cia o reco­lhi­men­to da moeda anti­ga de R$ 1,00. O filme, cria­do pela Gio­van­ni, FCB de Bra­sí­lia, pro­cu­ra dar um tom bem-humo­ra­do ao comu­ni­ca­do, fugin­do ao tom ofi­cial que cos­tu­ma apa­re­cer nesse tipo de filme. A dire­ção é de René Sam­paio, da pro­du­to­ra cario­ca Cara­de­Cão Fil­mes.


Alta defi­ni­ção

Bai­xan­do a bola As agru­ras de um dire­tor de cine­ma de pri­mei­ra via­ gem são retra­ta­das no longa “Samba-Can­ção”, do tam­ bém estrean­te em lon­gas-metra­gens ­Rafael Conde. Pre­ mia­do em ­ vários fes­ti­vais de curta-metra­gem, o tema é recor­ren­te na car­rei­ra do dire­tor, que tam­bém diri­giu “A Hora Vaga­bun­da”, curta que abor­da as difi­cul­da­des do cineas­ta na cida­de de Belo Hori­zon­te. No longa, que já rece­beu o prê­mio de reve­la­ção no Fes­ti­val de Santa Maria da Feira, em Por­tu­gal, o dire­ tor vai tendo que redu­zir a bito­la do filme — até che­gar ao vídeo — para poder pro­du­zir. As agru­ras retra­ta­das são ­comuns à car­rei­ra da maio­ria dos dire­to­res. Conde tam­bém usou todas as bito­las, até con­se­guir trans­por todo o mate­rial para 35 mm. O filme teve pré-­estréia em São Paulo em setem­bro e, agora, bata­lha por um lugar nas salas.

Mis­tu­ra de téc­ni­cas A pro­du­to­ra de ani­ma­ção Arte Ani­ma­da é a res­pon­sá­ vel pelos fil­mes da cam­pa­nha dos chi­cle­tes Big Big, da Arcor. O pro­du­to traz figu­ri­nhas com curio­si­da­des do Guia dos Curio­sos, e o filme mis­tu­ra téc­ni­cas de ani­ ma­ção 2D e 3D. O pri­mei­ro filme apre­ sen­ta o pro­du­to, en­quan­to o segun­ do lan­ça uma pro­ mo­ção de sor­teio. A dire­ção dos fil­mes é de Celso Soldi.

A pro­du­to­ra e fina­li­za­do­ra VBC está tra­ba­lhan­do, desde o mês de agos­to, com supor­te de alta defi­ni­ ção na cap­ta­ção, mon­ta­gem, fina­li­za­ção e pós-pro­ du­ção. Para se adap­tar à nova tec­no­lo­gia, a empre­ sa rea­li­zou no final de julho para seus fun­cio­ná­rios e cola­bo­ra­do­res um works­hop sobre alta defi­ni­ção. A VBC inves­tiu na com­pra de uma câme­ra HDW F900 e um VT HDW F500, ambos da Sony, além de len­tes prime e um fina­li­za­dor on-line Mis­ti­ka HD.

Far­má­cias Já está em vei­cu­la­ção o pri­mei­ro filme da nova cam­pa­ nha da Ultra­med. Cria­da pela CCZ Elé­tri­ca e pro­du­zi­da pela GW Comu­ni­ca­ção, a cam­pa­nha comu­ni­ca com muito humor os pre­ços ofe­re­ ci­dos pela rede de far­má­cias. O filme foi diri­gi­do por Calix­ to Hakim e teve dire­ção de foto­gra­fia de Mar­ce­lo Bizz.

Ampla atua­ção A Cine­gra­fi­ka está se jun­tan­do à Cine­ ma, amplian­do assim seu leque de ser­vi­ ços. A Cine­gra­fi­ka, de Mar­ce­lo Pre­sot­to e Giu­lia­no Saade, entra com sua atua­ ção que vai da cria­ção à exe­cu­ção de fil­mes com ele­men­tos grá­fi­cos, como pack shots, assi­na­tu­ras, letrei­ros, vinhe­ tas e até fil­mes total­men­te exe­cu­ta­dos na pós-pro­du­ção. Com a jun­ção, o novo sócio Mar­ce­lo Lepia­ni traz a expe­riên­cia de 15 anos em efei­tos espe­ciais e fina­li­za­

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ção. Para com­ple­tar, uma uni­da­de de 3D a cargo de Fabri­cio Navar­ro passa a dar apoio ao tra­ba­lho da nova fase da empre­sa. Dessa forma, surge um ­bureau com capa­ci­da­de de cria­ção em dire­ção de arte, efei­tos e pós-pro­du­ção com equi­pa­ men­tos de últi­ma gera­ção para atender os mer­ca­dos publi­ci­tá­rio e de cine­ma. Toda a infra-estru­tu­ra da Cine­gra­fi­ka rece­be agora da Cine­ma um tele­ci­ne

spi­rit HD com uma mesa de colo­ri­za­ção DaVin­ci 2K Plus, um smoke HD para pós-pro­du­ção e o film recor­der, além do seu labo­ra­tó­rio. A equi­pe é com­pos­ta por Mar­cio Pas­ qua­li­no (Mar­ci­nho), colo­ris­ta; Mani­nho, 2º colo­ris­ta; Zeca, coor­de­na­dor téc­ni­co; ­Andrea Nero, coor­de­na­do­ra; Clau­dia Tava­res, aten­di­men­to; ­ Andreia Anaya e David Gar­roux, desig­ners; e Fabri­cio Navar­ro, desig­ner 3D.


N達o disponivel


Anna

Van Steen

A carreira profissional da maquiadora Anna Van Steen começou motivada por uma contradição.Aprincípio,elapensavaemseratriz.EnteadadocríticodeteatroSábato Magaldi, e cheia de artistas na família, Anna cursou a Escola de Arte Dramática (EAD), participou do grupo de teatro infantil Vento Forte e se preparou de todas as maneiras. Mas havia uma coisa de que ela definitiva­ mente não gostava: a transformação desuaimagem,impostapelofigurinoepelamaquiagem. “Fui percebendo que não gostava de me expor, não gos­ tava de ser tocada, penteada.” Então deci­diu mudar, lar­gar o tea­tro, mas não sabia ainda o que fazer. Foi para Paris, onde come­çou a fazer os mais varia­dos cur­sos. Sabia que tinha algu­ma coisa a ver, que­ria con­ti­nuar na área, só não sabia exa­ta­men­te o quê. Entre eles, um era de maquia­gem ilu­sio­nis­ta, com uma pro­fis­sio­nal

que tra­ba­lha­va no circo. Os efei­tos que pro­du­zia ser­viam de supor­te para o mági­co e até uma “Monga” ela já tinha cria­do. Me apai­xo­nei pela pro­fes­ so­ra e pela maquia­gem. Per­ce­bi que não gos­ta­va de um certo tipo de maquia­gem, as pes­soas são tão boni­tas, por que escon­der isso atrás de uma más­ca­ra?

Empol­ga­da, se ins­cre­veu em outro curso, este de maquia­gens étni­cas, um tipo de estu­do antro­po­ló­gi­co a par­tir da maquia­gem. Aqui­lo para mim fazia sen­

ti­do, as trans­for­ma­ções ­tinham todo um sim­bo­lis­mo, eram parte de uma cul­tu­ra. Daí em dian­te des­co­briu que era real­men­te essa a pro­fis­são que que­ ria ter. Hoje não troco por nada, já me ofe­re­ce­ram para fazer dire­ção de arte, tenho dois ­irmãos dire­to­res [Ricar­do e Lea Van Steen], mas não quero.

Ao vol­tar de Paris, seu pri­mei­ro tra­ba­lho foi no longa “Besa­me Mucho”, de Fran­cis­co Rama­lho Jr. (1987), como assis­ten­te do maquia­dor Jack Mon­tei­ro, com quem tra­ba­lha­ ria em mui­tas ­outras pro­du­ções. Em segui­da, fez “Feliz Ano Velho”, de Rober­to Ger­vitz (1987), e, ­ alguns fil­mes ­ depois, “Brin­can­do nos Cam­pos do ­ Senhor”, de Hec­tor Baben­co (1991). Pass­ am ­ os oito

José Rei­nal­do Gomes é o novo dire­tor comer­cial da Video­max Pro­du­ções - pro­du­to­ ra do pro­gra­ma “Show Busi­ ness”, apre­­sen­ta­do por João Doria - e da edi­to­ra Doria Asso­ cia­dos. Go­mes foi dire­tor de mar­­ke­ting publi­ci­tá­rio do jor­nal Va­lor Eco­nô­mi­co nos últi­mos três anos. Antes disso, acu­mu­ lou 21 anos de expe­riên­cia em ­várias agên­cias do mer­ca­do.

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A ABD (Asso­cia­ção Bra­si­lei­ra de Docu­men­ta­ris­tas) ele­geu sua nova dire­to­ria, com man­da­to de dois anos. Para a pre­si­dên­cia foi re­e­lei­to Marc­ el­o Laf­fit­te (RJ). Além disso, as ABDs regio­nais fo­ram redi­ vi­di­das em sete ­ regiões (eram cinco), cada uma repre­sen­ta­­da na dire­to­ria. Para as vota­ções em assem­bléia, deci­diu-se que ca­da Esta­do terá direi­to a um voto (e não mais por ­regiões, como antes).

Carla Ponte é a nova inte­gran­te da equi­pe da Porão Fil­mes. Jor­na­lis­ta, for­ma­da pela ECA/USP, ela assu­me o aten­di­men­to na pro­du­to­ra e tam­bém atua em ­alguns pro­je­tos como rotei­ris­ta e assis­ten­te de dire­ ção. Com 12 anos de pro­fis­ são, tra­ba­lhou na Rede Ban­ dei­ran­tes, Music­Country, TV Tri­bu­na e MTV Bra­sil; e foi free lan­cer nas pro­du­to­ ras Vídeo & Cia., Canal Azul, na Folha de S. Paulo e na Fun­da­ção Padre Anchie­ta.

Fotos: Gerson Gargalaka (Anna Van Steen) e Divul­ga­ção


meses na Ama­zô­nia, e tive que lidar com aque­les seres huma­nos exó­ ti­cos, ato­res estran­gei­ros ­ cheios de medos, com ­ receio dos inse­tos, da água, de encos­tar nas pes­soas... Mas a expe­riên­cia foi mara­vi­lho­ sa, tive­mos três meses só para pes­qui­sar, tra­ba­lhan­do junto com o dire­tor de arte Cló­vis Bueno e o dire­tor de foto­gra­fia Lauro Esco­rel. Meu tra­ba­lho só acon­te­ce em abso­lu­ta depen­dên­cia da arte e da foto­gra­fia. A maquia­gem depen­de total­men­te da luz e do enqua­dra­ men­to. Por isso, sem­pre peço que a maquia­gem, espe­cial­men­te a de efei­tos, seja tes­ta­da antes. Mas nem sem­pre con­se­gui­mos...

Um pouco can­sa­da da expe­riên­cia e dian­te de um perío­do de incer­te­zas, em pleno gover­no Col­lor, Anna resol­veu via­jar nova­men­te. Foi para a Euro­pa, se casou com um fran­cês, tra­ba­lhou em publi­ci­da­de na Bél­gi­ca. Quan­do vol­tou, tra­ba­lhou em “Anahy de las Misio­nes”, de Sér­gio Silva (1997), e reto­mou sua car­rei­ra no cine­ma, na publi­ci­da­de e no tea­tro. Aos pou­cos, foi poden­do exer­cer o natu­ra­lis­mo que sem­pre defen­deu, um jeito “Dogma 95” de enca­rar o cine­ma. Não é o dogma pelo mani­fes­to, mas pelo resul­ta­do, por um cine­ma mais ver­da­dei­ro e cheio de emo­ção. As pes­soas têm pele, têm espi­nhas, têm olhei­ras... No filme “Domés­ti­cas”

Antonio Athay­de ­ (1) fechou ­ con­tra­to com o SBT para assu­ mir a supe­rin­ten­dên­cia comer­cial da emis­so­ra de Sil­vio San­tos. Athay­de diri­giu no pas­sa­do a área co­mer­cial da Globo. ­De­pois ocu­pou os car­gos de CEO da Net Bra­sil e de dire­tor da Glo­bo­par. Teve ainda uma breve pas­sa­gem pela TV Ban­dei­ran­tes. O exe­cu­ti­ vo es­tá levan­do pa­ra a emis­so­ra Cláud­ io San­tos (2) (até então dire­tor comer­cial da Glo­bo­sat) e Adalb­ ert­ o Vian­na (3), que atuou na Net, Sky, Ame­ri­cel e Direct­Net.

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(2001), de Fer­nan­do Mei­rel­les e Nando Oli­val, isso ficou paten­te. Atri­zes e empre­ga­das domés­ti­cas se mis­tu­ram — todas sem maquia­gem. Con­ven­ci as atri­zes a não usar maquia­gem. Meu tra­ba­lho foi refor­çar as olhei­ras, criar hema­to­mas, des­ca­be­lar, colo­car five­li­nhas. A maquia­gem tem que pare­cer como se tives­se sido feita pelo pró­prio per­so­na­gem. Então, não fazia sen­ti­do usar cor­re­ti­vos nas atri­zes...

­ epois, fez “Cida­de de Deus” (2002), de Fer­nan­do Mei­rel­les e Kátia Lund, e D “Caran­di­ru” (2003), de Hec­tor Baben­co — ambos com o mesmo tom. Em “Caran­di­ru”, dese­nhou os per­so­na­gens ao lado da dire­ção de arte e mon­ tou a equi­pe que atuou no dia-a-dia das fil­ma­gens. Uma gran­de pes­qui­sa foi feita sobre as tatua­gens dos deten­tos e, para criá-las, Anna desen­vol­veu uma tinta espe­cial — feita a base de tinta de cane­ta Bic com fixa­dor de maquia­gem. Além disso, tam­bém criou carim­bos com os dese­nhos, para faci­li­tar a vida. Dian­te da visão muito par­ti­cu­lar que tem de seu tra­ba­lho, Anna encon­tra difi­cul­da­de para tra­du­zi-lo em pala­vras. Anda em busca de ter­mos que o defi­nam para colo­car nos cré­di­tos dos fil­mes. A linha que gosto de

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A pro­du­to­ra Pro­di­go Films re­for­mu­lou seu de­par­­ta­ men­to de aten­­di­men­­to com as con­tra­ta­ções de duas pro­fis­sio­nais: Renat­ a Ara­nha (5) e Elis Pedro­so (4). Rena­ta re­pre­­sen­­tou a 5 revis­ta ofi­­cial do Fes­­­ti­val Inter­na­cio­nal de Can­­nes, “Daily”, e foi uma das res­pon­sá­veis pelos pa­tro­­ci­na­do­ res e con­vi­da­dos para a divul­ga­ção do Film­Bra­­zil no even­to. Elis pas­­sou pela Tele­film e Mik­som.

s­ eguir é a de usar a maquia­gem para cons­truir o cará­ter do per­ so­na­gem, não para cor­ri­gir imper­fei­ções esté­ti­cas. Então não gosto do termo maquia­gem, nem de carac­te­ri­za­ ção, que tam­bém ­inclui o figu­ri­no. Ainda estou O Pro­je­to Film­Bra­zil, que visa trans­for­mar o Bra­sil em um pólo inter­na­ pro­cu­ran­do... cio­nal de pro­du­ção audio­vi­sual, ­entrou em sua segun­da fase con­cen­

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tran­do esfor­ços em Bra­sí­lia. Uma comis­são do pro­je­to e da Apro for­ma­ da por Eitan Rosen­thal (11), pre­si­den­te do Film­Bra­zil; a pre­si­den­te da Apro, Leyla Fer­nan­des (10); os con­se­lhei­ros da asso­cia­ção Paulo ­Schmidt (8) e Lucian­ o Tral­di (6); e João Paulo Morel­lo, asses­sor jurí­di­co da Apro e do Film­Bra­zil, tive­ram uma série de reu­niões em Bra­ sí­lia em busca de apoio para o pro­je­to. A pri­mei­ra reu­nião da comis­são, agen­da­da com a ajuda do depu­ta­do fede­ral Car­los Sam­paio (PSDB/SP) (7), foi com Juan Quei­roz, pre­ si­den­te da Agên­cia de Apoio às Expor­ta­ções (APEX), do Minis­té­rio do Desen­vol­vi­men­to, Indús­tria e Comér­cio, a quem a equi­pe pe­diu o apoio para as ações pro­gra­ma­das para o pró­xi­mo ano. Em encon­tro com a depu­ta­da fede­ral ­ Zulaiê Cobra (PSDB/ SP) (9), pre­si­den­te da Comis­são de Rela­ções Exte­rio­res da Câma­ra, os inte­gran­ tes da comis­são pro­pu­se­ram sim­pli­fi­ca­ções nos pro­ce­di­men­tos para con­ces­são de visto tem­po­rá­rio de tra­ba­lho a téc­ni­cos estran­gei­ros e na impor­ta­ção pro­vi­só­ria de equi­pa­men­tos e mate­riais de fil­ma­gem.


Processamento 64 bits

HD e SD A Thomson apresentou na IBC o mixer Kalypso Duo. Trata-se do primeiro mix­ er que pode ter upgrade de SD para HD por software. Uma vez feito o upgrade, ele pode ser configurado tanto para produções SD quanto HD. Além disso, suporta vários formatos HD, incluindo 1080i e 720p. O produto está disponível em versões para dois, três e quatro M/E (mix/effects) e pode suportar um, dois ou quatro controles. Além da vantagem de passar pela tran­ sição de SD para HD sem a necessidade de trocar placas, o modelo Duo traz todas as funções do Kalypso anterior. O preço do produto é a partir de Ü 400 mil. www.thomsongrassvalley.com

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A AMD lançou o primeiro processador de 64 bits para PC compatível com Windows, o Athlon 64 FX. O processador, projetado para entusiastas e criadores de conteúdo digital, apresenta melhor performance em 32 bits, para aplicações atuais, e ainda computação de 64 bits para a próxima geração de software. A AMD lançou ainda uma versão para notebooks do processador, o Athlon 64, projetado para alta performance e conectividade wireless. Contém gerenciamento avançado de energia com a tecnologia AMD PowerNow!, consumo de potência reduzido e vida da bateria estendida. Os novos processadores da AMD ganharam o apoio da Microsoft, que anunciou uma versão beta do Windows XP 64-Bit Edition. Além disso, a fabricante HP anunciou que planeja ter sistemas com os novos processadores ain­ da neste quarto trimestre de 2003. A Fujitsu, Fujitsu-Siemens e NEC-CI também anunciaram a disponibilidade de sistemas para o processador AMD Athlon 64. www.amd.com

Novo finalizador A Pinnacle trouxe para a exposição de equipamentos do Congresso da SET o sistema de edição e pós-produção Liquid Chrome. A nova solução reúne três produtos da Pinnacle, o Targa 3000, o Liquid Studio e o K-2. O Chrome completa a linha Liquid de editores em rede, que inclui os produtos Liquid Blue, para ambientes broadcast que utilizam vários formatos; o Liquid Chrome, para correções em tempo real; Liquid Silver, para pós-edição no formato MPEG-2, e o Liquid Purple, para aplicativos de edição de vídeos digitais baseado em software. Projetado para pós-produção, o Liquid Chrome oferece uma suíte de software de aper­ feiçoamento formada pelo gerador de caracteres TitleDeko Pro; o Commotion Pro, para edição e composição de imagens; o Impression DVD Pro, para autoria; e o Pinnacle Liquid CX, para correção de cores. O produto tem preço sugerido nos Estados Unidos de US$ 14.995. www.pinnaclesysla.com


Tripé para digitais A Mattedi mostrou na exposição de equipamentos do Congresso da SET, que aconteceu em setembro, no Rio de Janeiro, o tripé M-10.K. Projetado para câmeras digitais, o tripé tem um novo sistema de ajuste gradual e linear de pressão nos movimentos tilt e pan, além de maior inclinação de tilt (até 90 graus). O equipamento é composto por um tripé feito de duralumínio com ligas anodizado, cabeça hidráulica, base em meia esfera, manche emborrachado e estrela de solo extensível escamoteável. Além disso, conta com estrela de rodas Dolly com freios como acessório opcional. A altura do equipamento vai de 0,8 metro até 1,73 metro e pesa 8,8 kg, suportando até 8 kg. www.mattedi.com.br

Mais customizável A Debetec está trazendo para o País a lente teleobjetiva da Canon J22ex 7.6B. O equipamento é baseado na tecnologia da nova série eIFxs, que traz todos os recursos da tecnologia anterior da fabricante, a série IFxs, e ainda um display que traz as informações de configu­ ração. Outra novidade da tecnologia é um seletor digital de funções, que permite configurar e customizar a lente de maneira mais fácil. É possível ainda salvar novas configurações, para usuários diferentes ou uso em diversos ambientes. Entre as configurações, está a possibilidade de memorizar duas posições de zoom, e a lente “salta” de uma posição para outra automaticamente, sem a necessidade de mar­ cadores ou a velha fita crepe para ajudar no serviço. Também é pos­ sível pré-estabelecer uma velocidade de zoom e salvar na memória. Com um cabo adaptador, é possível usar controladores de lentes de estúdio. A lente está disponível em versões com proporção 4:3 e 16:9 e há ai­ nda uma versão crossover (que funciona nas duas proporções). Outra opção para os três modelos é o extensor de 2X. As lentes têm zoom de 7.6 até 168 mm, sem o extensor, e de 15.2 até 336 mm, com o exten­ sor. O peso do equipamento varia entre 1,79 kg e 1,89 kg. www.debetec.com.br

Edição no Linux A Discreet anunciou na International Broadcasting Convention, em Amsterdã, Holanda, realizada entre 12 e 16 de setembro, um sistema de edição e acabamento para o sistema operacional Linux, o Smoke 6. Segundo a empresa, o desempenho das estações PC atuais com as recém-lançadas capacidades do sistema operacional Linux propiciam suporte avançado para as demandas de desempenho de acabamento e edição do Smoke. O software trab­ alha com resolução standard, foi desenvolvido para trabalhar com o Red Hat Linux 8 e será comercializa­ do como uma solução chave na estação IntelliStation Z Pro 6221 da IBM. O sistema IBM/Smoke 6 inclui gráficos OpenGL, entradas e saídas PAL e NTSC e várias opções de armazenamento, entre elas a opção de soluções de hardware RAID 5 totalmente redundantes. A Discreet pretende lançar o smoke 6 para Linux no início de 2004. www.discreet.com


Com a casa Rede ­Record com­ple­ta 50 anos com as con­tas em dia e come­ça a mexer na pro­gra­ma­ção em busca do segun­do lugar na audiên­cia.

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A ­ Record chega à matu­ri­da­de com porte de “cin­ qüen­to­na enxu­ta”. A emis­so­ra da Barra Funda, berço de ­ alguns dos momen­tos mais memo­rá­veis da TV bra­si­lei­ra, como os Fes­ti­vais da Can­ção e a “Famí­lia Trapo” e tram­po­lim de talen­tos como Cha­ cri­nha e Sil­vio San­tos, pas­sou nos últi­mos anos por uma refor­ma admi­nis­tra­ti­va e quer vol­tar a inves­tir na pro­gra­ma­ção com uma meta muito defi­ni­da: con­ quis­tar o segun­do lugar da audiên­cia. É da emis­so­ra que veio, este ano, a mais rele­van­ te notí­cia de inves­ti­men­to em equi­pa­men­tos de pro­ du­ção, quan­do adqui­riu da Sony 17 cam­cor­ders e mais de 20 VTs, entre ­outros equi­pa­men­tos, ­alguns já da nova gera­ção da fabri­can­te japo­ne­sa, equi­pa­ dos com dis­cos ópti­cos. Hoje, segun­do a empre­sa, 80% do par­que de pro­du­ção já está digi­ta­li­za­do. A ­Record tam­bém vem ino­van­do na pro­gra­ma­ ção. Investiu em co-pro­du­ções como o game show “Role­ta Russa”, com a Sony, e o seria­do “Turma

do Gueto”, com a Casa­blan­ca, e em par­ce­rias como a que tem com os ­canais Fox, de quem exibe seria­dos e os docu­men­tá­rios da Natio­nal Geo­gra­ phic. E agora sina­li­za uma volta à tele­dra­ma­tur­ gia, com uma nove­la de ­padrão “glo­bal”. A emissora anunciou investimentos de R$ 20 milhões para o próximo ano em programação. É neste con­tex­to que o pre­si­den­te da emis­so­ra, Den­nis ­Munhoz, con­ver­sou com TELA VIVA. Ele vem con­du­zin­do há quase três anos a rees­tru­tu­ra­ ção da empre­sa, per­ten­cen­te à Igre­ja Uni­ver­sal do Reino de Deus. ­ Munhoz é advo­ga­do e diri­giu o depar­ta­men­to jurí­di­co da Rede ­ Mulher (tam­bém per­ten­cen­te à igre­ja) até 1999. Em segui­da, tor­ nou-se asses­sor jurí­di­co da Rede ­Record, acu­mu­ lan­do tam­bém a par­tir de 2000 os depar­ta­men­tos de recur­sos huma­nos e de con­ta­bi­li­da­de. Em feve­ rei­ro de 2002 assu­miu a vice-pre­si­dên­cia da Rede ­Record, e em janei­ro deste ano, a pre­si­dên­cia.

TELA VIVA - A ­Record chega aos 50 anos. Como a emis­so­ra se po­si­cio­na atual­men­te no mer­ca­do? Den­nis ­Munhoz - Esta­mos na ter­cei­

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ra fase de um pro­je­to que come­çou em 2001. Come­çou com o sanea­men­ to das finan­ças. Fize­mos bem a lição de casa e agora esta­mos em ordem. O segun­do passo foi o pla­ne­ja­men­to estra­té­gi­co, defi­nir no que vale mais a pena inves­tir. Agora vamos inves­ tir em pro­gra­ma­ção para che­gar ao se­gun­do lugar em audiên­cia. Quan­do assu­mi­mos a rede, os salá­rios esta­vam

atra­sa­dos e devía­mos para os for­ne­ce­ do­res. Em menos de cinco anos vira­ mos a ter­cei­ra rede do País. Dian­te disso, não é uto­pia que­rer che­gar a esta posi­ção. O que será a ter­cei­ra etapa?

Agora temos estru­tu­ra para inves­tir em pro­gra­ma­ção, a base está mon­ta­ da. E para o públi­co, o que apa­re­ce não são as finan­ças da empre­sa, mas o que ele vê na tela, então vamos reno­var a pro­gra­ma­ção. Vamos inves­tir em dra­ma­tur­gia, adqui­rir

Fotos: Divul­ga­ção (Dennis Munhoz e imagens de programação) e arquivo pessoal de Reynaldo P. Bräscher


arru­ma­da andré­mer­mels­tein andre@tela­vi­va.com.br

linha do tempo

Foi divul­ga­do que a nove­la que vo­cês farão será uma pro­du­ção inde­pen­den­te. Por que esta deci­são?

Sou fã da pro­du­ção inde­pen­den­te, as pro­du­to­ras têm con­di­ção de pro­du­zir ­melhor e mais bara­to. Acre­di­to muito na par­ce­ria. E este pro­je­to não é para fazer “mais uma nove­la”. É uma coisa muito ela­bo­ra­da, o pro­je­to exis­te desde junho e será lan­ça­do em março, será uma coisa com ­padrão equi­va­len­te ao da Globo. Isso não é bara­to, tem que ser muito bem tra­ ba­lha­do. E quem será a pro­du­to­ra?

Tudo indi­ca que será a Casa­blan­ca (N. da R.: a ­ Record já tem par­ce­ria com a pro­du­to­ra na série “Turma do Gueto”, cam­peã de audiên­cia da emis­so­ra). A ­ Record obte­ve há ­ alguns anos uma licen­ça para DTH (TV por assi­na­tu­ra via saté­li­te). Pre­ten­dem ope­rar este ser­vi­ço?

Não há pla­nos para isso no curto prazo. Pre­fe­ri­mos pen­sar ­melhor no assun­to para, quan­do for fazer, fazer direi­to.

E quais são os pla­nos para a ­ Record Inter­na­cio­nal (canal trans­mi­ti­do via saté­li­te para o exte­rior)? Há infor­ma­ ções sobre a audiên­cia do canal?

A res­pos­ta que temos dos EUA e Cana­dá é muito boa. Come­ça­mos agora a trans­mi­ tir tam­bém para o Japão (desde junho) e até o fim do ano esta­re­mos em Por­tu­gal e na Ingla­ter­ra. Este mer­ca­do ainda pode cres­cer muito. Por isso esta­mos até trans­ fe­rin­do a repre­sen­tan­te do canal para os EUA (Delma Andra­de, que fica­rá em Nova York). E em rela­ção à rede nacio­nal, há pla­nos para uma amplia­ção?

Hoje cobri­mos 95% do ter­ri­tó­rio nacio­nal, as afi­lia­das estão satis­fei­tas. Mas ainda pode­ mos cres­cer em algu­mas capi­tais. Ogover­nofede­ralanun­ciouquevaidis­tri­ buir suas ver­bas de publi­ci­da­de basea­do no share das emis­so­ras, mas admi­te que tam­bém usará ­outros cri­té­rios. Como o sr. vê isso?

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A dis­tri­bui­ção das ver­bas pelo share é mais justa que o que se pra­ti­ca­va ante­rior­men­te, mas os “­outros” cri­té­rios são muito sub­je­ti­ vos. Toda dis­cus­são que passa por share é bem-vinda, não tem outro jeito.

Capitão 7 - 1955

um paco­te de fil­mes bem ­melhor e ­ampliar nos­sos even­tos espor­ti­vos.

Déca­da de 50 Em novem­bro de 1950, o empre­sá­rio Paulo Macha­do de Car­va­lho, sócio das ­ rádios Excel­sior e Jovem Pan (na época Pana­me­ ri­ca­na), con­se­gue a con­ces­são para uma emis­so­ra de TV. No dia 27 de setem­bro de 1953, às 20h, a TV ­Record entra ofi­cial­men­te no ar, como a ter­cei­ra emis­so­ra de tele­vi­são a sur­gir na capi­tal de São Paulo. Fun­da­da por Macha­do de Car­va­lho, o Canal 7 de São Paulo era equi­pa­do com a tec­no­lo­gia mais avan­ça­da para a época. Essa déca­da foi mar­ ca­da pelas pro­du­ções ao vivo, basea­das no

impro­vi­so, pois ainda não havia video­tei­pe dis­po­ní­vel. Na pro­gra­ma­ção, des­ta­que para os musi­cais, espor­tes e tele­jor­nais. A ­Record faz a pri­mei­ra trans­mis­são exter­na de um even­to espor­ti­vo ao vivo. Déca­da de 60 A emis­so­ra con­ti­nua a regis­trar exce­len­tes índi­ces de audiên­cia, com diver­sos pro­gra­ mas e agre­ga à sua grade humo­rís­ti­cos, pro­gra­mas de calou­ros e de entre­vis­tas, infan­tis. Porém, nessa déca­da, a emis­so­ra sofre qua­tro incên­dios. Em julho de 1966, um incên­dio des­trói estú­dios e a cen­tral téc­ ni­ca das ins­ta­la­ções no bair­ro do Aero­por­to. Foram mais de 300 mil fil­mes e equi­pa­men­ tos des­truí­dos. No iní­cio de 1969, o edi­fí­cio Gran­de Ave­ni­da, onde esta­va ins­ta­la­da a

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A Família Trapo - 1967

Mas não há o risco de se repe­tir a situa­ ção que se vê no mer­ca­do, de que a emis­so­ra que tem 50% da audiên­cia fica com 70% das ver­bas?

Em rela­ção a isso, a res­pos­ta é tempo e tra­ ba­lho. Quan­do o pro­du­to é bom, não falta anun­cian­te.

torre de trans­mis­são do canal 7 pega fogo e deixa a emis­so­ra fora do ar por algu­mas horas. Em março desse mesmo ano, o Tea­tro ­Record na rua da Con­so­la­ ção foi con­su­mi­do pelas cha­mas e em, em julho, o novo tea­tro da ­Record, o mais bem equi­pa­do da TV bra­si­lei­ra na época, foi des­truí­do em outro incên­dio. Déca­da de 70 A ­Record passa por uma grave crise finan­ cei­ra no iní­cio dessa déca­da, em decor­ rên­cia dos pre­juí­zos com os incên­dios e da con­cor­rên­cia com as emis­so­ras que sur­giam no mer­ca­do. Passa a dar ênfa­se tam­bém ao jor­na­lis­mo. Em 19 de feve­rei­ro de 1972, ela exibe a pri­mei­ra trans­mis­são ofi­cial em cores, com ima­gens gera­das pela TV Difu­so­ra de Porto Ale­gre. Em segui­da, com­pra um gran­de paco­te de ­séries e fil­mes do exte­rior. Em 1977, Sil­vio San­tos (então dono da TVS do Rio de Janei­ro) se asso­cia à famí­lia Macha­do de Car­va­lho. Há, porém, uma outra ver­são: a com­pra teria ocor­ri­do ­alguns anos antes do divul­ga­do ofi­cial­men­te, com Sil­vio San­ tos com­pran­do as ações (50% do total da ­Record) que per­ten­ciam a João Batis­ta Ama­ral. Sil­vio teria colo­ca­do o empre­sá­rio Joa­quim Cin­tra Gor­di­nho como testa-deferro. Isso por­que Sil­vio San­tos teria um con­tra­to com a Globo de exi­bi­ção de seu pro­gra­ma e uma cláu­su­la impe­dia que fosse acio­nis­ta de algu­ma outra emis­so­ra de TV. Déca­da de 80 Momen­to de expan­são, visan­do a cober­tu­ ra total do Esta­do de São Paulo. Em 1980, ocor­re a extin­ção da Rede Tupi. Um ano ­depois, Sil­vio San­tos ganha a con­ces­são de algu­mas emis­so­ras que per­ten­ciam à Tupi, entre elas, o canal 4 de São Paulo, e inau­gu­ra o SBT. Duran­te um longo tempo, ­Record e SBT exi­biam a mesma pro­gra­ ma­ção. A con­cor­rên­cia se acir­ra­va ainda mais com o SBT e a Ban­dei­ran­tes. Em

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16 tela viva

outubro de 2003

A qua­li­da­de da TV aber­ta vem sendo muito ques­tio­na­da, e a dis­cus­são se acen­tuou com o caso recen­te envol­ven­ do o “Domin­go Legal”, do SBT (acu­sa­ do de trans­mi­tir uma entre­vis­ta for­ja­ da com ban­di­dos do PCC). Deve haver um con­tro­le sobre a pro­gra­ma­ção?

Há uma linha muito tênue entre regu­la­men­ ta­ção e cen­su­ra, tem que ser muito cui­da­ do­so com isso. Um caso como o do Gugu envol­ve a Jus­ti­ça, então temos que cui­dar para não jul­gar antes. Agora, em se con­fir­ man­do que a entre­vis­ta foi mon­ta­da, e que ele tinha conhe­ci­men­to disto, a pena­li­da­de apli­ca­da foi justa (N. da R.: a Jus­ti­ça tirou o pro­gra­ma do ar na sema­na seguin­te). Nós toma­mos muito cui­da­do com este tipo de coisa, não colo­ca­mos nada no ar sem che­car. A vio­lên­cia e a bai­xa­ria são neces­ sá­rias para se obter uma boa audiên­cia?

Do Rio a SP via tela de gali­nhei­ro

A

Além de toda sua his­tó­ria artís­ti­ca, a ­ Record tam­bém pas­sou nes­tes 50 anos por todas as ino­va­ções téc­ni­cas da TV, do preto e bran­co ao digi­tal. Vale a pena lem­brar os tem­pos em que o pio­nei­ris­mo e a cria­ti­vi­da­de davam o tom. O impro­vi­so tão carac­te­rís­ti­co do iní­cio da tele­vi­são não se refe­re ape­nas aos artis­tas e jor­na­lis­tas que apa­re­ciam na tela ainda em preto e bran­co. Ele tam­bém era neces­sá­rio para aque­les que esta­vam nos bas­ti­ do­res, por trás das câme­ras. Um bom exem­plo disso acon­te­ceu na pri­mei­ra trans­mis­são ao vivo dire­to do Rio de Janei­ro para São Paulo. Uma equi­pe téc­ni­ca teve de recor­rer a muita cria­ ti­vi­da­de, alia­da ao conhe­ci­men­to da físi­ca, para levar até a capi­tal pau­lis­ta o sinal da par­ti­da de fute­bol Bra­sil x Itá­lia, que acon­te­cia em maio de 1956 no Estádio do Mara­ca­nã. Naque­la época, o res­pon­sá­ vel téc­ni­co pelas trans­mis­sões exter­nas da TV ­ Record, Rey­ nal­do Paim Bräs­cher, esta­va deci­di­do a rom­per o êxito da TV Tupi de ter trans­mi­do um jogo da Vila Bel­mi­ro, em San­ tos, para São Paulo, ou seja, a levar o sinal por uma dis­ tân­cia de cerca de 70 km. Ao con­ver­sar com o fun­da­dor e então prin­ci­pal exe­cu­ti­vo do

canal 7 de São Paulo, Paulo Macha­do de Car­va­lho, Bräs­cher obte­ve sinal verde. “Pri­mei­ro fize­mos uma trans­mis­são de Cam­pi­nas, a 100 km de São Paulo, e no mesmo mês par­ti­mos para o Rio”, relem­ bra Bräs­cher, hoje com 76 anos. De acor­do com ele, ini­cial­men­te era neces­sá­rio encon­trar os pon­tos mais altos para a retrans­mis­são do sinal de TV. O téc­ni­co alu­gou um avião e sobre­ voou o tra­je­to, loca­li­zan­do o Morro do Cor­co­va­do, pró­xi­mo à Ilha­be­la. O segun­do passo foi via­jar com sua equi­ pe, em duas “via­tu­ras”, diz ele, até o local. Para che­gar ao topo do morro, tive­ram que ir a pé acom­pa­nha­dos de bur­ros, que car­re­ga­vam no lombo toda a para­fer­ná­lia que pre­ci­sa­riam no cume. Bräs­cher conta que ante­nas de microon­das foram ins­ta­la­das no Morro do Cor­co­va­do, mas era pre­ci­so ter refle­

Reynaldo Bräscher hoje (esq.) e operando um VT nos anos 60 (acima).


Sou favo­rá­vel à idéia, mas não sei se o cami­nho é atra­vés das emis­so­ras. É mais uma ques­tão de bom senso. E o pro­ble­ma não é só a vio­lên­cia. Há tam­bém ques­tões como o apelo ­sexual, você vê pro­gra­mas mos­tran­do fotos de revis­tas mas­cu­li­nas no horá­rio ves­per­ti­no.

A ques­tão dos des­ti­la­dos já está bem defi­ni­da, mas em rela­ção à cer­ve­ja, o mer­ca­do (fabri­can­tes) diz que a gra­dua­ ção alcoó­li­ca é baixa, pare­ci­da até com ­alguns sucos ofe­re­ci­dos no mer­ca­do. Acho que bebi­da tem que ter uma moni­ to­ra­ção sim, mas dos pais. A TV não pode fazer apo­lo­gia da bebi­da, mas tam­ bém não podem proi­bir a publi­ci­da­de, por­que afi­nal a bebi­da é libe­ra­da. A crian­ ça não vai ver a pro­pa­gan­da na TV, mas vai ver o pai toman­do. Então é algo que a socie­da­de tem que olhar.

sandrareginasilva sandra@tela­vi­va.com.br

Silvio Luiz entrevista banhista na praia de Copacabana.

to­res de sinal para cap­ta­ção do sinal VHF da TV Rio - canal 13. “Uti­li­za­mos sar­ra­fos e rolos de tela fina de gali­nhei­ ro”, lem­bra o téc­ni­co. Esses refle­to­res foram encra­va­dos no morro e, ­ depois de uti­li­za­dos, ali foram aban­do­na­dos. Outro sis­te­ma para cap­tar e refle­tir o sinal foi ins­ta­la­do no Morro do Ita­pe­ti, em Mogi das Cru­zes. As ima­gens foram cap­ta­das com ante­nas espe­ciais de alto ganho para recep­ção da TV Rio, que inte­gra­va as Emis­so­ras Uni­das ao lado da TV ­Record e das ­rádios ­Record e Pana­me­ri­ ca­na (hoje Jovem Pan). O sinal em VHF foi demo­du­la­do e trans­fe­ri­do para o pri­ mei­ro link (no Morro do Cor­co­va­do) de microon­das RCA de 0,5 W de potên­cia ali­men­tan­do uma ante­na para­bó­li­ca de 1,8 m de diâ­me­tro, dire­cio­na­da ao

segun­do link (na Serra do Ita­pe­ti). Ali, nova­men­te demo­du­la­do, o vídeo passou a ali­men­tar o segun­do microon­das RCA dire­cio­na­do à Torre da TV ­Record em São Paulo ins­ta­la­da a Rua Frei Cane­ca (Mater­ni­da­de de São Paulo). Nos tele­vi­ so­res em São Paulo, viu-se o nar­ra­dor espor­ti­vo Sil­vio Luiz nas ­praias cario­cas entre­vis­tan­do banhis­tas com um micro­ fo­ne volan­te RCA val­vu­la­do, ali­men­ta­ do a bate­ria, que pesa­va cerca de dois qui­los. ­ Depois, a sele­ção bra­si­lei­ra não decep­cio­nou e ven­ceu por dois a zero a equi­pe ita­lia­na nessa que foi a pri­mei­ra trans­mis­são inte­res­ta­dual de tele­vi­são no Bra­sil. Duran­te uma sema­na a equi­pe téc­ni­ ca da ­Record, for­ma­da ainda por Geral­ do Cam­pos, José Alves Perei­ra, Jacob de Abreu (já fale­ci­do), Seve­ri­no Verar­do e Johns­ton Viana da Silva (atual­men­te dire­tor téc­ni­co da Jovem Pan), entre ­outros, rea­li­zou qua­tro trans­mis­sões do

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Equipe técnica na primeira transmissão de TV ao vivo de Campinas.

Hebe e Golias - Déc.

A auto-regu­la­men­ta­ção seria uma boa solu­ção para evi­tar este tipo de pro­ble­ma?

Como o sr. vê a dis­cus­são da proi­bi­ ção da publi­ci­da­de de bebi­das alcoó­ li­cas na TV?

1988, assu­me a ter­cei­ra gera­ção da famí­lia Macha­do de Car­va­lho, que junto com Sil­ vio San­tos (que nessa época já era sócio majo­ri­tá­rio) colo­cam a emis­so­ra à venda. No final da déca­da, o bispo Edir Mace­do, líder da Igre­ja Uni­ver­sal do Reino de Deus, com­pra a ­Record. Déca­da de 90 Arrelia e Pimentinha - 1956

Um pro­gra­ma como o “Cida­de Aler­ta” é jor­na­lis­mo poli­cial, que cobra ati­tu­des das auto­ri­da­des. A vio­lên­cia está aí, não é a TV que inven­ta, o jor­nal mos­tra para a popu­la­ção poder ­cobrar.

Em 1991, o foco da pro­gra­ma­ção passa a ser o jor­na­lis­mo e a nova ges­tão come­ça a for­mar uma rede nacio­nal de emis­so­ ras. Até 1993, já conta com emis­so­ras pró­prias no Rio de Janei­ro, Bra­sí­lia, Belo Hori­zon­te e Goiâ­nia. Em 1995, a ­ Record com­pra o pré­dio e os equi­pa­men­tos da TV Jovem Pan de São Paulo, na Barra Funda, e muda sua sede para lá. Nessa déca­da con­ti­nua o pro­ces­so de expan­são no Bra­ sil e con­quis­ta ­ várias afi­lia­das da extin­ta Rede Man­che­te. A par­tir de 1996, a ­Record passa a inves­tir bas­tan­te em pro­fis­sio­nais, em pro­gra­ma­ção (incluin­do fil­mes e ­séries) e em equi­pa­men­tos. Em 1997, a potên­cia do trans­mis­sor ins­ta­la­do no topo do edi­fí­ cio Gran­de Ave­ni­da, na Ave­ni­da Pau­lis­ta, passa de 30 kW para 60 kW, e, no mesmo ano, ocor­re a implan­ta­ção do ­ Núcleo de Tele­dra­ma­tur­gia. Em segui­da, a emis­so­ra firma par­ce­ria com a TVM Pro­du­ções, para minis­sé­ries e nove­las. Em outu­bro de 1998, a ­ Record adqui­re sua pri­mei­ra uni­da­de móvel total­men­te digi­tal, com­pos­ta por um cami­nhão com qua­tro câme­ras, um swit­ cher e três apa­re­lhos de edi­ção video­ta­pe com stop ­ motion. Além disso, há a troca

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N達o disponivel


N達o disponivel


digi­tal, com­pos­ta por um cami­nhão com qua­tro câme­ras, um swit­cher e três apa­re­ lhos de edi­ção video­ta­pe com stop ­motion. Além disso, há a troca da frota de veí­cu­los, a infor­ma­ti­za­ção de todos os depar­ta­men­ tos da emis­so­ra, entre ­ outros inves­ti­men­ tos. Entre 1999 e 2000, é implan­ta­da uma cober­tu­ra jor­na­lís­ti­ca inter­na­cio­nal com cor­res­pon­den­tes.

Inezita Barroso - Déc. 50

Sécu­lo 21 O pro­ces­so de expan­são se man­te­ve e hoje são 63 emis­so­ras, entre pró­prias e afi­lia­das, além de cen­te­nas de retrans­mis­so­ras espa­ lha­das pelo Bra­sil. No iní­cio de 2003 foi inau­gu­ra­do o novo Cen­tro Exi­bi­dor Digi­tal, subs­ti­tuin­do as fitas para exi­bir comer­ciais por um moder­no sis­te­ma de auto­ma­ção de exi­

bi­ção. Para a cober­tu­ra jor­na­lís­ti­ca em São Paulo, a ­ Record conta com o Águia Dou­ra­da I (heli­cóp­te­ro do tipo Esqui­lo), equi­pa­do com qua­tro câme­ras, sendo duas inter­nas e duas exter­nas. Uma das câme­ras exter­nas per­mi­te movi­men­tos de 360 graus, apro­xi­man­do as ima­gens em até 70 vezes, e a outra câme­ra está ins­ta­la­da na tra­sei­ra que faci­li­ta ima­gens pano­râ­mi­cas. Sob o heli­cóp­te­ro está um trans­mis­sor de microon­das (para trans­ mis­sões ao vivo) e um recep­tor (para rece­ber ima­gens das cinco Moto­links que bus­cam notí­cias nas ruas de São Paulo). Há ainda o Águia Dou­ra­da II (heli­cóp­te­ro Rob­son 44), um pouco menor mas com as mes­mas carac­te­rís­ti­cas do pri­mei­ro. Ainda para o depar­ta­men­to de jor­na­lis­mo, a emis­so­ra inves­tiu no iní­cio de 2003 mais de US$ 2,5 ­ milhões em equi­pa­men­tos para cap­ta­ção exter­na. São câme­ras da nova tec­no­lo­gia Digi­tal IMX da Sony com uni­da­des de gra­va­ção em disco ópti­co, o que agre­ga qua­li­da­de e mais velo­ci­da­de à pro­du­ção de maté­rias.

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Rio: as entre­vis­tas com banhis­tas, a par­ti­ da de fute­bol, o Gran­de Prê­mio de Turfe dire­to do ­Jóquei Clube e um show come­ mo­ra­ti­vo pelo feito a par­tir do estú­dio do canal 13. Ino­va­ções Bräs­cher guar­da ­outras gran­des lem­bran­ ças dos pri­mór­dios da tele­vi­são. “Mes­ mo antes de exis­tir o video­tei­pe no País, a ­ Record ino­va­va mos­tran­do lan­ ces das par­­ti­das de fute­bol na ho­ra.” Havia duas câme­ras ins­­tan­tâ­neas Pola­ roid, cada uma atrás de um gol. Quan­do neces­sá­rio, a foto ins­tan­tâ­nea do lance era colo­ca­da à fren­te da câme­ra de TV (então val­vu­la­da), que sozi­nha pesa­va perto de 35 kg, além do visor (des­ta­ ca­do) de cerca de 10 kg, com lente de 50 mm (geral) até 1000 mm (close) — “eram len­tes fixas, pois não exis­­tia ainda a famo­sa zoo­mar”, afir­ma ele. No inter­va­lo do jogo, o teles­pec­ta­dor podia ver os melho­res lan­ces. “Um fotó­gra­fo cap­ta­va as ima­gens em filme de 16 mm. Rapi­da­men­te, ele reve­la­va ape­nas no nega­ti­vo. As ima­gens eram pro­je­ta­das (no nega­ti­vo) em uma tela na pare­de e uma câme­ra modi­fi­ca­da com a pola­ri­da­ de inver­ti­da colo­ca­va a ima­gem no ar”, relem­bra Bräs­cher. A ­ Record tam­bém trans­mi­tia a cor­ ri­da de São Sil­ves­tre pelas ruas de São Paulo. Para isso, uti­li­za­va um ôni­bus adap­ta­do, com uma máqui­na de video­tei­ pe, man­ten­do uma câme­ra ins­ta­la­da na fren­te e outra na tra­sei­ra do veí­cu­lo. A che­ga­da do VT preto e bran­co faci­li­tou o tra­ba­lho em ­ vários aspec­tos. Mas o trans­por­te da máqui­na para as exter­nas exi­gia uma gran­de ope­ra­ção. O apa­ra­to pesa­va apro­xi­ma­da­men­te 1 ton., uti­li­za­va fitas de duas po­le­ga­das e os car­re­téis ­tinham 16 pole­ga­­das de diâ­ me­tro. “Para cap­tar ima­gens nas ruas,

Câmera valvulada posicionada no Jóquei Clube do Rio.

Um dos primeiros carros de externa, em frente ao Jóquei Clube do RJ.

era neces­sá­rio um cami­nhão só para levar a máqui­na de VT”, diver­te-se Bräs­ cher, nas­ci­do em Lages (SC). Da Aero­náu­ti­ca para a TV O cata­ri­nen­se se envol­veu com ele­trô­ni­ ca quan­do come­çou sua car­rei­ra mili­tar na Base Aérea de Flo­ria­nó­po­lis, em 1944. Que­ria ser pilo­to, mas foi parar na Esco­la Téc­ni­ca de Avia­ção em São Paulo, for­man­do-se em téc­ni­co de manu­ ten­ção ele­trô­ni­ca de aero­na­ves. Fez está­ gio na Base Aérea de Santa Cruz (RJ) e aper­fei­çoou-se em rádio nave­ga­ção. Em 1947 dei­xou a Força Aérea e pas­sou a atuar na avia­ção civil. A entra­da no mer­ca­do tele­vi­si­vo foi em 1952, ao ser con­tra­ta­do para a ins­ ta­la­ção da Rádio e TV Pau­lis­ta (canal 5), de São Paulo. Na ­Record ­entrou em 1954, e ali tra­ba­lhou duran­te 18 anos. Em 1960, fez curso de video­tei­pe na CBS, em Nova York (EUA). ­ Depois da ­Record, tra­ba­lhou no Obje­ti­vo, que foi o pri­mei­ro colé­gio do País a ter cir­cui­to fecha­do de TV a cores. Pelo Obje­ti­vo, em 72, foi apren­der sobre os equi­pa­ men­tos de gera­ção de ima­gem de TV colo­ri­da no Japão. No ano seguin­te, fez está­gio na Inter­na­tio­nal Video Cor­po­ra­ tion (IVC), em Utah (EUA), fabri­can­te de equi­pa­men­tos de TV em cores. Em 1976, Bräs­cher aju­dou a mon­tar a Rádio FM Jovem Pan 2 e, em 78, par­ti­ci­pou da ins­ta­la­ção do novo trans­mis­sor da Jovem Pan 1, da marca Har­ris com 50 mil W de potên­cia. Hoje apo­sen­ta­do, con­ti­nua pres­tan­do ser­vi­ços de manu­ten­ção em equi­pa­men­tos ele­trô­ni­cos para a Uni­ver­si­da­de Pau­lis­ta, do Grupo Obje­ti­vo.

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m ­ aking of C L I P E D E R A P A L T O ­ A S T R A L Pre­mia­do no últi­mo Video Music Bra­sil (VMB), da MTV, nas cate­go­rias ­ Melhor Video­cli­pe, ­ Melhor Clipe de Rap e ­Melhor Dire­ção, o clipe do rap­per Mar­ce­lo D2 é resul­ta­do da empa­tia ime­dia­ta entre o músi­co e o dire­tor, e da per­fei­ta sin­to­nia Rio-São Paulo que sur­giu na equi­pe. “Fui indi­ca­do pela geren­te de mar­ke­ting da gra­va­do­ra, por­que o Mar­ce­lo que­ria um aca­ba­men­to impe­cá­vel na pro­du­ção e pediu um dire­tor que tives­se expe­riên­cia em publi­ci­da­de”, expli­ca o dire­tor ­Johnny Araú­jo. ­Depois de rece­ber o CD e o brie­fing, ­Johnny par­tiu para uma ampla pes­qui­sa de refe­rên­cias. Por sua for­ma­ção de mon­ta­dor,

ele sem­pre pre­fe­re tra­ba­lhar com ima­gens — e res­pon­der ao brie­fing visual­men­te. “Às vezes a gente con­ver­sa e a outra pes­ soa fica pen­san­do uma coisa, enquan­to a gente pensa outra. Então deci­di mon­tar uma fita com as refe­rên­cias ­visuais que ima­gi­nei que esti­ves­sem den­tro do que ele que­ria”, diz ­Johnny. Den­tro des­sas refe­rên­cias, mui­tos fil­mes de Spike Lee e um clipe de Jen­ni­fer Lopez que, assim como ima­gi­na­va o músi­co, tra­ta­va da peri­fe­ria de uma forma mais alto ­astral. “A maio­ria dos cli­pes de rap tem um clima de vio­lên­cia, mas o Mar­ce­lo que­ria mos­trar algu­ma coisa da infân­cia dele na peri­fe­ria sem ficar muito pesa­do”, conta o dire­tor.

A g i­ l i­ d a­ d e Para isso, foi mon­ta­da uma equi­pe híbri­da, de pau­lis­tas e cario­ cas. De São Paulo saí­ram o dire­tor, o dire­tor de arte, a pro­ du­ção e o figu­ri­no. No Rio, foram recru­ ta­dos os pro­fis­sio­nais de foto­gra­fia, elé­tri­ca e maqui­na­ria. “Pela pri­ mei­ra vez tra­ba­lhei com um platô no set, que é uma figu­ra que não exis­te em São Paulo. Aqui o pro­du­tor de set acu­mu­la mui­tas fun­ções e o set acaba fican­do por conta de um assis­ten­te que não tem auto­no­mia. Com o platô, a fil­

ma­gem foi mais ágil”, comen­ta ­Johnny. A verba curta — como é praxe nos cli­pes — limi­tou o tama­nho da equi­pe e tam­bém seu con­for­ to. O lado pau­lis­ta da equi­pe se hos­pe­dou em um peque­no apar­ ta­men­to em Copa­ca­ba­na, duran­ te dez dias — que incluí­ram pré-pro­du­ção e fil­ma­gem. “Foi uma imer­são total, duran­te esses dez dias só con­ver­sa­mos e vive­mos o clipe. E isso fez com que as coi­sas rolas­sem muito mais ­fáceis”, con­ti­nua. “Qual­ quer pro­ble­ma na pré-pro­du­ção era dis­cu­ti­do e resol­vi­do na hora.”

Entre duas r e a­ l i­ d a­ d e s

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outu­bro 2003 maio dede2004

A prin­cí­pio, o brie­fing de Mar­ce­lo D2 rela­cio­na­va a músi­ca com cenas no subúr­bio, num dia de sol. As loca­ções esco­lhi­das foram no bair­ro de Madu­rei­ra, que man­tém até hoje as carac­te­rís­ti­cas do bair­ro onde ele morou quan­do crian­ça. “Na mesma hora pen­sei nos fil­mes do Spike Lee, que eu adoro e que têm essa carac­te­rís­ti­ca. Mas suge­ri tam­bém que fizés­se­mos ima­gens à noite, para mos­trar um outro lado dele, que é o da bala­da. Então fil­ma­mos numa boate em Copa­ca­ba­na”, diz o dire­tor. Para entre­mear as duas rea­li­da­des, foram fei­tas ima­gens em uma bar­bea­ria no ­Leblon, que man­ti­nha as carac­te­rís­ti­cas de bar­bea­ria anti­ga, com a cadei­ra tra­di­cio­nal e azu­le­jos bran­cos na pare­de. Os cená­rios exi­gi­ram uma boa pes­qui­sa de loca­ção, pois a verba res­tri­ta obri­gou a equi­pe a tra­ba­lhar com loca­ções quase pron­tas, sem ade­re­ços e obje­tos de cena.


lizan­dra­deal­mei­da lizan­dra@tela­vi­va.com.br

Em paz com o samba

Além de relem­brar a infân­cia, Mar­ce­lo D2 tam­bém que­ria home­na­gear seu pai, anti­go sam­bis­ta. Em todo o disco, o rap­per res­sal­ta a impor­tân­cia do samba de raiz na músi­ca bra­si­lei­ra, ao con­trá­rio da maio­ria dos rap­pers que rene­ga o samba. Então, o can­tor suge­riu que ­vários sam­bis­tas fos­ sem reu­ni­dos no pago­de de sua tia, que aos do­min­ gos serve uma fei­joa­da cario­ca da ­ melhor qua­­ li­da­de, rega­da a mui­ta cer­ve­ja e samba. En­tre os con­vi­da­dos, es­ta­vam Bezer­ra da Silva e Arlin­do Cruz, além de Fal­cão, do gru­po O Rappa. “Tra­ba­lha­­mos na ­Miguel loca­ção, sem in­ter­fe­rir em nada — o pago­de é exa­ta­men­te da­que­le jei­ to”, conta ­Johnny.

icha téc­ni­ca fTítu­lo Qual é? • Gra­va­do­ra Sony Music • Banda Mar­ce­lo D2 • Pro­du­to­ra JX Plu­ral • Dire­ção ­Johnny Araú­jo • Foto­ gra­fia Jac­ques Cheui­che • Dire­ção de Arte Yukio Sato • Pro­du­ção Equi­pe JX Plu­ral • Figu­ri­no Gabi Ramos • Cas­ting Carla Chue­ke • Edi­ção ­Johnny Araú­jo • Fina­li­za­ção Equi­pe JX Plu­ral


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Sensações em três dimensões

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Um novo nicho está sur­gin­do para as pro­du­to­ras de con­ teú­do audio­vi­sual: o tea­tro. As per­for­man­ces em tabla­do com cená­rio está­ti­co estão dando lugar a peças que usam recur­sos audio­vi­suais. De per­so­na­gens vir­tuais a cená­rios ani­ma­dos, vale tudo para con­tar a his­tó­ria. A Casa de Vídeo & Cria­ção resol­veu unir um pro­je­to seu para tele­vi­são e o know-how em ­telões 3D para fazer a peça infan­til “Acam­pa­men­to Legal em 3D — As Bru­ xas Estão Sol­tas”. A idéia era jun­tar his­tó­rias, can­ções, dan­ças e brin­ca­dei­ras aos efei­tos espe­ciais só vis­tos em cine­ma e tele­vi­são para ­ atrair a aten­ção das crian­ças. “Trata-se de um upgra­de na ima­gi­na­ção das crian­ças”, expli­ca o sócio da pro­du­to­ra Hel­der Pei­xo­to. “Acam­pa­men­to Legal” era um pro­gra­ma infan­til exi­ bi­do pela Rede ­ Record. Idea­li­za­do para ser um seria­do, aca­bou viran­do nove­la, a pedi­do da pró­pria emis­so­ra. Resol­veu-se então usar o argu­men­to e os per­so­na­gens em uma aven­tu­ra no tea­tro. O espe­tá­cu­lo, que este­ve em car­ taz no ano pas­sa­do em São Paulo, vol­tou aos pal­cos, no Tea­tro Folha, de maio até agos­to. A his­tó­ria tem iní­cio com o plan­tão jor­na­lís­ti­co anun­cian­do a des­co­ber­ta de uma rara espé­cie de “semen­te ori­gi­nal”. A par­tir daí, a peça mos­tra que uma des­co­ber­ta pode cau­sar uma revi­ra­ vol­ta eco­ló­gi­ca para a Terra. Os ato­res divi­dem a cena com per­so­na­gens vir­tuais que, atra­vés da tec­no­lo­gia de pro­je­ção 3D, levi­tam e voam. Para visua­li­zar, o públi­co rece­be ócu­los em 3D que são usa­dos em ­alguns momen­tos, como para acom­pa­nhar as via­gens pelas caver­nas ou flo­res­tas do acam­pa­men­to, por exem­plo. Não se trata daque­les anti­gos ócu­los com uma lente ver­me­lha e outra azul, mas de um sis­te­ma que pola­ri­za as ima­gens, mos­tra­das por dois pro­je­to­res. Gra­ças a isso, os ócu­los não atra­pa­lham a visão da parte “real” da cena e não pre­ci­sa ser reti­ra­do nas par­tes da peça

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outubro de 2003

Casa de Vídeo & Criação busca novos nichos e usa seu conhecimento em projeções 3D em peça teatral infantil.

Seriado da Record virou novela, chegando depois aos palcos teatrais.

sem pro­je­ções. O pro­ble­ma da tec­no­lo­gia é que exige uma tela espe­cial e cara. Além disso, cada ócu­los custa cerca de US$ 10. Como ao final da peça o públi­co ganha­va um brin­de do patro­ci­na­dor (a Par­ma­lat), a pro­du­ção tinha um meio de garan­tir o reco­lhi­men­to dos ócu­los, já que o públi­co tinha que devol­ver a peça para ­ganhar o brin­de. “Mesmo assim, tem um custo alto, por­que boa parte das peças retor­na­vam para nós com um dos supor­tes que­bra­dos”, conta o pro­du­tor. Fotos: Divul­ga­ção


fernandolauterjung fernando@telaviva.com.br

Pro­du­ção Os ­ vídeos exi­bi­dos mis­tu­ram ato­res com car­toon. Nos casos em que a pro­je­ção na tela serve ape­nas para fazer o cená­rio, o que, a prin­cí­pio, deve­ria ser uma ima­gem still, ­ ganhou algu­mas ani­ma­ções. Sem­pre tem um mor­ce­go voan­do ou algum tipo de movi­men­to na tela. As pro­je­ções que con­ tam com ato­res — mui­tas vezes os mes­mos ato­res que estão no palco, mas após atra­ves­ sar um porta ou algo assim — cor­res­pon­dem a cerca de 35% dos 55 minu­tos de dura­ção da peça. Para criar os ­ vídeos, foram usa­dos os soft­wa­res de ani­ma­ção 3D Maya, 3D Stu­dio Max e Sof­ti­ma­ge. Para a edi­ção e fina­li­za­ção do vídeo, são neces­sá­rios ócu­los espe­ciais, liga­dos ao moni­tor de vídeo. Os ócu­los con­ tam com telas de cris­tal líqui­do em cada uma das len­tes. Estas telas pis­cam inter­ca­la­da­ men­te, dando a sen­sa­ção 3D. Não é o caso dos ócu­los usa­dos na sala de tea­tro. Estes con­tam com len­tes que inter­po­ lam a luz, assim como as len­tes ins­ta­la­das nos dois pro­je­to­res de vídeo. Assim, a sen­sa­ção 3D chega a um rea­lis­mo que causa rea­ções na pla­téia como ten­tar des­viar de uma pedra que avan­ça para cima do públi­co. A tec­no­lo­gia levou dois anos para ama­ du­re­cer den­tro da pro­du­to­ra, até que foi Na peça, personagens e objetos virtuais usada em um even­to cor­po­ra­ti­vo, prin­ci­pal em terceira dimensão área de atua­ção da empre­sa. Por isso a pro­ se misturam com os atores. du­to­ra já tinha um bom esto­que de ócu­los e

icha téc­ni­ca fRea­li­ za­ção Casa de Vídeo e Cria­ção • Dire­ção Geral Hel­der Pei­xo­to • Dire­ção de Pro­du­ção João Bru­nel­li • Dire­ção do Espe­tá­cu­lo Nori­val Rizzo • Autor Ar­man­ do Liguo­ri • Elen­co Fábio Di Mar­ti­no, Luah Gal­vão, Mar­cos Tei­xei­ra, Nori­val Rizzo, Sale­te Fra­ca­rol­li, Sil­via Mena­bó, Vera Kowals­ka, Valé­ria Sân­da­lo, Ju Colom­bo, Natha­lia Ponce, Bruno Cam­pos, Anna Tere­za Pei­xo­to, Jés­si­ca Fer­nan­des de Car­va­lho, Agata Kissa e Gabrie­la Pires. • Ceno­gra­fia Élcio Braga • Coreo­gra­fia Mar­ cos Tei­xei­ra • Desig­ner Vídeo 3D César ­Bidoia • Dire­ção de Vídeo Luana Goze • Edi­ção Fili­pe Godoy • Figu­ri­no Cris­ti­na Gui­ma­rães • Maquia­gem Jea­ni­ne Pimen­ ta • Ilu­mi­na­ção Hel­der Pei­xo­to • Tri­lha Sono­ra Mar­co Boa­ven­tu­ra e Gus­­ta­vo Ber­ nar­do • ­Design Grá­fi­co André Araujo

havia apren­di­do a fazer uma das peças mais caras da pro­je­ção 3D, a tela. Expli­ca-se: a tela usada neste tipo de pro­je­ção custa em torno de US$ 10 mil, mas o sócio da pro­du­to­ra e cenó­gra­fo Élcio Braga, mis­tu­ran­do tin­tas e tex­tu­ras, con­se­guiu criar uma tela que pro­ duz o mesmo efei­to.

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set 2003

TV de alta indefinição

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outubro de 2003

Radiodifusores lutam por participação

na escolha de um padrão de TV digital. O Con­gres­so da SET 2003, 15ª edi­ção do even­to anual Enquanto isso, a definição parece que acon­te­ceu entre os dias 3 e 5 de setem­bro, con­tou estar cada vez mais longe. com deba­tes polí­ti­cos e téc­ni­cos sobre radio­di­fu­são. Mais uma vez, o prin­ci­pal assun­to em pauta foi a TV digi­tal. E, nova­men­te, a esco­lha por um ­padrão se mos­ trou difí­cil de ser con­cre­ti­za­da no curto prazo. Ape­sar da von­ta­de do gover­no A pro­pos­ta foi dura­men­te cri­ti­ca­da em todo fede­ral de que o País tenha TV digi­tal o even­to, sendo que a anti­ga Lei de Infor­má­ti­ca, até a Copa de 2006, a pro­ba­bi­li­da­de de cria­da para “pro­te­ger” a indús­tria de soft­wa­re que isso acon­te­ça é peque­na. Segun­do nacio­nal, foi cita­da em ­ vários momen­tos. O os radio­di­fu­so­res, para que seja viá­vel pre­si­den­te da SET, Rober­to Fran­co, afir­mou na a ins­ta­la­ção e o fun­cio­na­men­to da TV aber­tu­ra que os enge­nhei­ros “­jamais acei­ta­ram digi­tal nos gran­des cen­tros até a pró­xi­ ado­tar ­ padrões que pres­tem ser­vi­ços de ter­cei­ ma Copa do Mundo, o ­ padrão pre­ci­sa ro mundo no Bra­sil”, numa clara exi­gên­cia estar defi­ni­do até abril de 2004. de poder ado­tar no País um sis­te­ma capaz de Enquan­to o pre­si­den­te da Ana­tel, usar todos os bene­fí­cios tec­no­ló­gi­cos já desen­ Luiz Gui­lher­me Schymu­ra — igno­ran­do vol­vi­dos. Já Fer­nan­do Bit­ten­court, do grupo a pro­pos­ta do gover­no de criar um novo Para Schymura, testes já SET/Abert, ­cobrou maior par­ti­ci­pa­ção do grupo ­padrão —, pre­ga­va que, com todos os feitos pelo governo são sufi­ nas dis­cus­sões refe­ren­tes à TV digi­tal junto ao tes­tes que já foram fei­tos, o gover­no Lula cientes para se escolher um gover­no. “Os radio­di­fu­so­res não podem ser coad­ tem sub­sí­dio sufi­cien­te para esco­lher o padrão. ju­van­tes em rela­ção à esco­lha de um ­padrão de ­padrão mais ade­qua­do, Mar­cio Woh­lers TV digi­tal”, disse. ten­ta­va defen­der o gover­no. O asses­sor espe­cial do Minis­té­rio das Comu­ni­ca­ções des­ta­cou que Van­ta­gens as aten­ções do gover­no estão vol­ta­das ao incen­ti­vo, ao Para Rober­to Fran­co, a clas­se dos enge­nhei­ros vem desen­vol­vi­men­to da digi­ta­li­za­ção e con­ver­gên­cia das desen­vol­ven­do e pro­pon­do solu­ções à tele­vi­são, mas ­mídias. Segun­do Woh­lers, o Mini­com está se esfor­çan­do sem o devi­do reco­nhe­ci­men­to. Com a deci­são do minis­ para criar uma opor­tu­ni­da­de aos seto­res comer­cial e de tro Miro Tei­xei­ra de desen­vol­ver um sis­te­ma nacio­nal, pes­qui­sa para desen­vol­ver um novo ­padrão e que o sis­te­ Fran­co vê o espe­ra­do reco­nhe­ci­men­to. “Mas a pro­pos­ta ma regu­la­tó­rio deve criar ­regras para o setor sem ini­bir levan­ta ques­tões sobre quais são as van­ta­gens em se pro­ o desen­vol­vi­men­to. O asses­sor espe­cial defen­deu ainda por um novo ­padrão”, com­ple­tou. a cria­ção do sis­te­ma bra­si­lei­ro de TV digi­tal (SBTVD) Fer­nan­do Bit­ten­court afir­mou que, caso o Bra­sil opte como uma manei­ra de redu­zir a depen­dên­cia tec­no­ló­gi­ por desen­vol­ver sis­te­mas de com­pres­são de vídeo e/ou ca do Bra­sil e “rein­se­rir a ciên­cia e a tec­no­lo­gia bra­si­lei­ uma modu­la­ção de sinal, não have­ria esca­la e nem capa­ci­ ras nos con­sór­cios inter­na­cio­nais”. Woh­lers defen­deu da­de para fabri­car cir­cui­tos inte­gra­dos. Com isso, o País a ado­ção de um novo ­ padrão até a pró­xi­ma Copa do seria for­ça­do a enco­men­dar os chips de fora. Para ele, o Mundo, como vem defen­den­do publi­ca­men­te o minis­tro ­melhor é fazer uso da esca­la mun­dial dos ­outros ­padrões. Miro Tei­xei­ra. Bit­ten­court lem­brou ainda que “nin­guém gas­tou menos Fotos: Arquivo


de US$ 500 ­milhões e cinco anos no desen­vol­ vi­men­to de ­padrões”. Quan­to ao desen­vol­vi­men­to local de mid­ dle­wa­re (o sis­te­ma ope­ra­cio­nal dos apa­re­lhos recep­to­res), pode acon­te­cer simul­ta­nea­men­ te à ado­ção de um ­padrão. “­Nenhum mid­dle­ wa­re dos ­padrões inter­na­cio­nais já ado­ta­dos está real­men­te pron­to”, afir­mou. A urgên­cia na ado­ção de um ­padrão seria para garan­tir a trans­mis­são digi­tal na pró­xi­ma Copa do Mundo. Segun­do Bit­ten­court, a deci­são pre­ci­ sa ser toma­da até abril de 2004. Presença A expo­si­ção de equi­pa­men­tos para­le­la ao SET 2003 con­tou com 4,5 mil visi­tan­tes. ­Alguns expo­si­to­res, mais oti­mis­tas, come­mo­ ram poder encon­trar o mer­ca­do e mos­trar as novi­da­des em tec­no­lo­gia e equi­pa­men­tos. ­Outros mos­tra­ram-se desa­ni­ma­dos com o momen­to do mer­ca­do e acre­di­tam que a rea­li­ za­ção do even­to este ano repre­sen­tou ape­nas mais um custo.

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fernandolauterjung do Rio de Janeiro

TV digital no satÉLITE

O CEO da Sky, Ricar­do Miran­da, afir­ pró­xi­mos 24 meses. mou no even­to que a ope­ra­do­ra de Vale lem­brar que, nos EUA, antes DTH tem pla­nos de trans­mi­tir em mesmo que as emis­so­ras aber­tas ini­ alta defi­ni­ção (HD) até 2005. Segun­do cias­sem trans­mis­sões em alta defi­ni­ Mi­ran­da, os dois ­canais em que a ope­ ção, ­ alguns ­ canais pagos lan­ça­ram ra­do­­ra trans­mi­te pro­gra­ma­ção wides­ suas ver­sões em HD jus­ta­men­te para creen (para apa­re­lhos com pro­por­ção apro­vei­tar a dis­po­ni­bi­li­da­de téc­ni­ca 16:9) têm feito suces­so dos DTHs. Essa pos­si­bi­li­da­ entre os assi­nan­tes e “o de, entre­tan­to, passa pela HDTV é o su­ces­sor dire­to defi­ni­ção do ­ padrão de TV do vídeo em te­la larga”. digi­tal aber­ta para que haja Para o CEO, ainda há falta uma pa­dro­ni­za­ção dos equi­pa­ de pro­gra­ma­ção em alta men­tos recep­to­res. Já exis­tem de­fi­ni­ção. Além disso, é hoje moni­to­res de alta de­fi­ni­ neces­sá­rio esca­la para ção sendo ven­di­dos no mer­ca­ impor­tar os IRDs apro­pria­ do bra­si­lei­ro, mas sem capa­ci­ Ricardo Miranda, dos para a tec­no­lo­gia. da Sky: planos da­de de recep­ção dos ­sinais, o Mesmo assim, ga­ran­te que de transmitir que não se­ria pro­ble­ma para o a ope­ra­do­ra deve se dedi­car em alta definição DTH já que a deco­di­fi­ca­ção do até 2005. à implan­ta­ção do HD nos sinal é feita pelo pró­prio IRD.


radiodifusão

Análise topográfica

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outubro de 2003

Anatel estuda um meio de disponibilizar para engenheiros e projetistas seu

software de planejamento de A Ana­tel deve dis­po­ni­bi­li­zar um novo soft­wa­re para pla­ ne­ja­men­to de radio­di­fu­são. Segun­do o supe­rin­ten­den­te radiodifusão, desenvolvido pelo de ser­vi­ços de comu­ni­ca­ção de massa da agên­cia, Ara CPqD para a canalização de TV digital. Apkar Minas­sian, a Ana­tel estu­da a pos­si­bi­li­da­de de dis­po­ni­bi­li­zar aos radio­di­fu­so­res e enge­nhei­ros pro­je­tis­ tas uma fer­ra­men­ta desen­vol­vi­da pelo CPqD para fazer as pro­pos­tas de inclu­são de ­ canais nos pla­nos bási­cos (do ponto de gera­ção para a área de recep­ção, por isso de tele­vi­são e de retrans­mis­são de tele­vi­são. Trata-se ponto/área) não se veri­fi­ca nenhu­ma inter­fe­rên­cia de um soft­wa­re que é, na ver­da­de, um sub­pro­du­to do (man­cha) em sua pro­pa­ga­ção. tra­ba­lho de cana­li­za­ção da TV digi­tal desen­vol­vi­do pela Para a cana­li­za­ção dos 20% res­tan­tes, em que apa­ Fun­da­ção CPqD para a Ana­tel. re­ce­ram as tais man­chas, o pla­ne­ja­dor pre­ci­sou uti­li­zar Para via­bi­li­zar os ­canais de TV digi­tal foram toma­ soft­wa­res mais sofis­ti­ca­dos, ponto/mul­ti­pon­to, ana­li­san­do das pre­li­mi­nar­men­te algu­mas pro­vi­dên­cias, como con­ pon­tos espe­cí­fi­cos de recep­ção para resol­ver o pro­ble­ma ge­la­men­to dos pla­nos de PBTV e PBRTV para todo o das inter­fe­rên­cias. Na ver­da­de, o que se faz é uma espé­cie País, uma vez que em rela­ção às ­ regiões das capi­tais de sin­to­nia fina em que, ao ser alte­ra­do um ou mais parâ­ estes já se encon­tra­vam con­ge­la­dos; revi­são com­ple­ta me­tros (potên­cia do trans­mis­sor, loca­li­za­ção e altu­ra da de todas as pos­si­bi­li­da­des de inter­fe­rên­cias; e com­pa­ti­ ante­na), con­se­gue-se evi­tar as inter­fe­rên­cias. bi­li­za­ção com o plano de FM, que tam­bém inter­fe­re em Com o con­ge­la­men­to dos pro­ces­sos de deter­mi­na­dos ­ canais de tele­vi­são. Para inclu­são nos pla­nos bási­cos de TV e de RTV rea­li­zar esta tare­fa, o CPqD desen­vol­ de novos ­ canais, foram se acu­mu­lan­do diver­ veu uma fer­ra­men­ta de pla­ne­ja­men­to sos pedi­dos (são mais de 300 atual­men­te). de uti­li­za­ção de fre­qüên­cias. Este soft­ A Ana­tel então resol­veu abrir para todos wa­re é ali­men­ta­do por dois ban­cos de os radio­di­fu­so­res e enge­nhei­ros pro­je­tis­ dados: o GTOPO, um banco de dados tas a pos­si­bi­li­da­de de uti­li­zar o soft­wa­re com topo­gra­fia digi­ta­li­za­da, dis­po­ní­vel desen­vol­vi­do pelo CPqD (sem­pre na aná­li­se gra­tui­ta­men­te na Inter­net com mar­gem ponto/área), visan­do faci­li­tar o tra­ba­lho de de erro para os aci­den­tes geo­grá­fi­cos de veri­fi­ca­ção dos pla­nos entre­gues à Ana­tel. até 900 ­ metros, e o SITAR, sis­te­ma de Até agora isso não foi resol­vi­do de forma infor­ma­ções sobre as radio­fre­qüên­cias defi­ni­ti­va, mas há con­sen­so sobre o assun­ uti­li­za­das pelas emis­so­ras auto­ri­za­das to, uma vez que este soft­wa­re faci­li­ta muito a fun­cio­nar pela Ana­tel. Estas infor­ma­ o tra­ba­lho de enge­nha­ria de pro­je­tos e sua ções estão dis­po­ní­veis para qual­quer veri­fi­ca­ção, adian­tan­do todo o tra­ba­lho que pes­soa no site da agên­cia. Ara Apkar Minas­sian, ante­rior­men­te era feito à mão. Ao mesmo Com a uti­li­za­ção desta fer­ra­men­ta, tempo, há um ganho para a Ana­tel, que o CPqD fez 80% da cana­li­za­ção de TV da Anatel, quer tornar a ferramenta pública, tam­bém pode fazer a veri­fi­ca­ção da pro­pos­ di­gi­tal. Foram defi­ni­das as cana­li­za­ções mas pode esbarrar ta uti­li­zan­do um soft­wa­re e eco­no­mi­zan­do pelo sis­te­ma ponto/área, em que, defi­ em questões legais. tempo de seus ana­lis­tas. ni­das as ­ radiais de pro­pa­ga­ção do sinal Foto: Arquivo


carloseduardozanatta zanatta@paytv.com.br

De qual­quer modo, não have­ria a obri­ga­to­rie­da­de de uti­li­zar o soft­wa­re desen­vol­vi­do pelo CPqD, até por­que as gran­des redes e os gran­des con­sul­to­res já dis­põem de soft­wa­res até mais sofis­ ti­ca­dos do que este. Ofer­ta Segun­do a con­sul­to­ra Heloi­sa San­ta­na, estão dis­po­ní­veis no mer­ca­do ­ outros

soft­wa­res para a aná­li­se ponto/mul­ti­ pon­to, por até US$ 17 mil. Além disso, há ban­cos de dados dis­po­ní­veis por pre­ ços bas­tan­te com­pen­sa­do­res, che­gan­do a cus­tar R$ 300 cada plan­ta numa esca­la de um por 50 mil, o que dá uma apro­xi­ma­ção de até 20 ­metros, dife­ren­ te­men­te do GTOPO que tem esca­la de um por um ­ milhão e dá uma mar­gem de erro de até 900 ­metros.

Ape­sar da acei­ta­ção de que o soft­wa­ re do CPqD pode ter algu­ma uti­li­da­de, as áreas em que ele não teria uti­li­da­de visí­ vel são as mais com­pli­ca­das, que exi­gi­rão o soft­wa­re impor­ta­do. Mas não foi feita nenhu­ma lici­ta­ção para com­prar um soft­ wa­re estran­gei­ro que opere no Bra­sil. Antes de qual­quer pro­vi­dên­cia, a Ana­tel terá que deci­dir se pode ofe­re­cer os soft­wa­res aos radio­di­fu­so­res e enge­ nhei­ros pro­je­tis­tas sem ­ cobrar por eles, o que pode ser inter­pre­ta­do como mal­ ver­sa­ção de dinhei­ro públi­co, visto que a agên­cia pagou pelo desen­vol­vi­men­to deste soft­wa­re. Por outro lado, o CPqD não pode ven­der ou até mesmo ofe­re­cer de graça um pro­du­to que não lhe per­ten­ ce (mais uma vez a Ana­tel pagou pelo tra­ba­lho). O soft­wa­re pode ser útil, mas ainda falta dis­po­ni­bi­li­zá-lo.

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evento lucianaosório

de Amsterdã telaviva@telaviva.com.br

Custo menor, produção maior

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outubro de 2003

Lançamentos do IBC 2003 mostram como a queda nos custos de produção

Com uma idéia na cabe­ça, uma câme­ra na mão e pode democratizar a produção recur­sos da tec­no­lo­gia de pro­du­ção digi­tal para TV, é audiovisual e incentivar novos talentos. pos­sí­vel fazer pro­gra­mas cria­ti­vos, com boa qua­li­da­de de ima­gem e com razoa­vel­men­te pouco dinhei­ro. São equi­pa­men­tos leves, ­fáceis de ope­rar e aces­sí­veis para vi­são. Mas esse é ape­nas um dos impac­tos da tec­no­lo­gia pro­du­to­res inde­pen­den­tes, que há ­ alguns anos vêm digi­tal no futu­ro da pro­du­ção de TV. revo­lu­cio­nan­do o mer­ca­do tele­vi­si­vo. O IBC 2003, even­to anual que acon­te­ceu em setem­bro últi­mo em Menor custo Ams­ter­dã, na Holan­da, é uma ver­da­dei­ra vitri­ne des­tes “A mudan­ça mais sig­ni­fi­ca­ti­va dos últi­mos anos é o equi­pa­men­tos, além de um fórum para deba­ter ques­ menor custo de pro­du­ção. O preço dos equi­pa­men­tos caiu tões como o impac­to des­tas tec­no­lo­gias no futu­ro da tanto que vai tra­zer demo­cra­cia para a tele­vi­são”, opina o pro­gra­ma­ção. A tese é de que máqui­nas mais bara­tas con­sul­tor de mídia Ken­neth Tiven, que aju­dou a fun­dar podem aumen­tar o núme­ro de pro­du­ções. Essa varie­ a CNN na Ale­ma­nha, na Tur­quia e a CNN en Espa­ñol. da­de pode sig­ni­fi­car mais ­idéias sendo exe­cu­ta­das e “Por um longo perío­do só algu­mas pes­soas ­tinham aces­ isso pode aca­bar em mais cria­ti­vi­da­de para o con­teú­do so à pro­du­ção para tele­vi­são. Agora pro­du­ções muito das TVs. boas podem ser fei­tas por qual­quer um com boas ­idéias O pri­mei­ro impac­to do avan­ço tec­no­ló­gi­co é a qua­li­ e pouco dinhei­ro. E ama­nhã mais e mais pes­soas esta­rão da­de da ima­gem. A Arri tes­tou no IBC uma no meio”, prevê Tiven. Jacob Rosen­berg, câme­ra de vídeo com defi­ni­ção de 72 qua­ da Adobe, tam­bém acre­di­ta na diver­si­da­de. dros por segun­do (fps). Para esse resul­ta­do, “O ­melhor de tudo será a varie­da­de, o fato foi usado na cap­ta­ção da ima­gem um CMOS, de que mais pes­soas terão a opor­tu­ni­da­de ao invés do CCD uti­li­za­do na maio­ria das de se expres­sar”, diz. câme­ras digi­tais. A máqui­na está em fase de Con­for­me o con­sul­tor da Thom­son tes­tes e ainda não exis­te um for­ma­to de arma­ Grass Val­ley (TGV) Bob Cri­tes, “com o ze­na­men­to defi­ni­do. Por enquan­to, todas as avan­ço dos equi­pa­men­tos e a queda nos infor­ma­ções são guar­da­das num hard disk. pre­ços, pes­soas que nunca tive­ram a opor­ A expec­ta­ti­va é que em dois anos sejam lan­ tu­ni­da­de de tra­ba­lhar com esse equi­pa­men­ ça­dos apa­re­lhos para cap­tar a 150 fps. to agora podem pro­du­zir con­teú­do”. “Na tela gran­de não há nada mais boni­ Por um custo muito menor do que há to do que um filme em 35 mm. Mas há coi­ ­alguns anos hoje é pos­sí­vel com­prar equi­ sas que podem ser fei­tas digi­tal­men­te que “Há coi­sas que podem pa­men­tos para mon­tar uma esta­ção de nunca pode­riam ser rea­li­za­das com filme, ser fei­tas digi­tal­men­te pro­du­ção de TV. A TGV lan­çou duran­te como a agi­li­da­de de pro­du­ção”, diz o con­sul­ que nunca pode­riam ser o IBC paco­tes por menos de Ü 60 mil para tor digi­tal do Con­se­lho Bri­tâ­ni­co de Fil­mes, rea­li­za­das com filme”, pro­du­ções em estú­dio. Estão incluí­dos no ­Richard Mor­ris. Com essa câme­ra da Arri, diz Richard Morris, do kit três esta­ções de edi­ção não-­linear Grass o avan­ço da tec­no­lo­gia digi­tal per­mi­ti­rá um Conselho Britânico de Val­ley com PCs, sis­te­ma de edi­ção de notí­ aumen­to da qua­li­da­de de ima­gens na tele­ Filmes. cias NewsQ™ Pro e o iVDR M-­Series com

>> Fotos: Divulgação


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pro­du­ções em estú­dio. Estão incluí­dos no kit três esta­ções de edi­ção não-­linear Grass Val­ley com PCs, sis­te­ma de edi­ção de notí­cias NewsQ™ Pro e o iVDR M­Series com oito horas de arma­ze­na­gem. “A tec­no­lo­gia digi­tal de baixo custo per­mi­ te muito mais fle­xi­bi­li­da­de e muito mais aces­so para pro­du­to­res inde­pen­den­tes e dire­to­res do que cinco anos atrás”, diz Bob Cri­tes. E a pre­vi­são é de que o preço dos equi­pa­men­tos caia ainda mais. Segun­do o con­sul­tor de trei­na­men­to ­Jeremy Gould, “hoje é muito fácil fazer uma pro­du­ção de Holly­wood a par­tir de algu­mas cenas fil­ma­das com uma câme­ra DV”. “Mui­tas pes­soas que têm gran­des com­pa­nhias de pro­du­ção come­ça­ram com uma câme­ra peque­na”, conta o pro­du­tor da Glo­bal Digi­tal Video­gra­phers Club Jan Van. Ele prevê que as chan­ces de sur­gir um Ste­ven Spiel­berg, que come­çou a fil­mar com a câme­ra 8 mm do pai, podem aumen­ tar. “O maior aces­so a equi­pa­men­tos de pro­du­ção per­mi­ti­rá que mais estre­las apa­re­ çam”, con­cor­da Bob Cri­tes. Cria­ti­vi­da­de Com mais pro­du­to­res tendo aces­so a equi­ pa­men­tos de pro­du­ção, o futu­ro da pro­ gra­ma­ção de TV será mais cria­ti­vo, dizem ­alguns espe­cia­lis­tas. “Com o baixo custo, pes­soas com boas ­idéias e que sai­bam fil­ mar e edi­tar cada vez mais vão poder ten­tar coi­sas novas”, diz a dire­to­ra de moder­ni­za­ ção de pro­du­ção da BBC, Michè­le Romai­ ne. “Algu­mas téc­ni­cas nos per­mi­tem tes­tar coi­sas bem dife­ren­tes.” E esses méto­dos

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são uma fer­ra­men­ta para tan­to, o que vemos é que esses colo­car em prá­ti­ca novos pro­du­tos de baixo custo não con­cei­tos. são usa­dos por causa dessa Um des­ses ins­tru­men­ melho­ra, mas sim por­que per­ tos é o ­Skylink, que per­mi­ mi­tem uma gran­de liber­da­de te trans­mis­sões ao vivo de de cria­ti­vi­da­de para o pro­du­ um carro em velo­ci­da­de tor”, afir­ma o geren­te geral da de até 40 km/h, com trans­ JVC, Ian Scott. Um exem­plo é mis­são atra­vés de um a pro­du­ção com câme­ras Mini avião voan­­do a nove mil DV meno­res e mais leves, que ­metros de alti­tu­de. Uma per­mi­tem ângu­los antes impos­ ante­na da marca Qine­tiQ sí­veis com as pesa­das câme­ras ins­ta­la­da na aero­na­ve usa ana­ló­gi­cas. “Você não pre­ci­sa “Em cinco anos vamos tec­no­lo­gia de radar mili­tar de uma equi­pe gran­de para ir à cele­brar o ani­ver­sá­rio da capaz de cap­tu­rar ima­gens rua fil­mar. Com isso pode não con­quis­ta do Eve­rest ao atra­vés de mul­ti­câ­me­ras. cha­mar a aten­ção das pes­soas e vivo, de cima da mon­ta­ Na terra, um trans­mis­sor con­se­guir um sen­ti­men­to muito nha, para todo o mundo”, Tand­berg 3W é usado mais real para a pro­du­ção”, com­ diz Michè­le, da BBC. até que o carro atin­ja a ple­ta Scott. Segun­do o dire­tor velo­ci­da­de de 10 km/h. O da Ether TV, Rodri­go Saba­ti­ni, sis­te­ma é com­pa­tí­vel com no Bra­sil esse aumen­to de pos­ trans­mis­são ana­ló­gi­ca e digi­tal ao mesmo si­bi­li­da­des de cria­ção deve­ria refle­tir no tempo e não pre­ci­sa de GPS para ras­trea­ desen­vol­vi­men­to de recur­sos huma­nos e men­to. Essa tec­no­lo­gia tam­bém per­mi­te polí­ti­cas de incen­ti­vo à pro­du­ção inde­pen­ pro­du­ção em qual­quer con­di­ção meteo­ro­ den­te. “Deve­mos nos tor­nar expor­ta­do­res ló­gi­ca e a emis­são do sinal tam­bém não é de cria­ti­vi­da­de”, afir­ma. pre­ju­di­ca­da por rele­vos. O ser­vi­ço já foi Com maior aces­so à tec­no­lo­gia, mais usado para a cober­tu­ra de um Grand Prix fer­ra­men­tas para cria­ção e resul­ta­dos pela com­pa­nhia TPC, da Suíça. com ­ melhor qua­li­da­de de ima­gem, no Tal­vez com tec­no­lo­gias como essa o fu­tu­ro exis­ti­rão mais pro­du­to­res, mais futu­ro da pro­du­ção de TV seja o de cada expe­riên­cias e dife­ren­tes for­ma­tos. Mas vez mais colo­car em prá­ti­ca ­idéias que a essên­cia do con­teú­do nunca será deter­ antes pare­ciam impos­sí­veis. “Daqui a cinco mi­na­da pelo tipo de câme­ra que você anos nós vamos cele­brar o ani­ver­sá­rio da terá na mão. con­quis­ta do Eve­rest ao vivo, de cima da Segun­do Ken­neth Tiven, “a ques­tão mon­ta­nha, para todo o mundo”, prevê será sem­pre a mesma: ­alguém tem algu­ma Michè­le. coisa pra mos­trar que ­alguém quer ver? A “Na teo­ria, equi­pa­men­to digi­tal per­mi­ tec­no­lo­gia não aju­da­rá a ter boas ­idéias. te uma boa qua­li­da­de de ima­gem. Entre­ Só aju­da­rá a rea­li­zá-las”.

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OUTUBRO

de Cinema de Juiz de Fora. Juiz de Fora

- MG. Fone: (32) 3212-3399. 7 a 9 — ABTA 2003. Expo Center Norte. Fax: (32) 3215-8291. E-mail: primeiroplano@groiafilmes.com.br. Internet: São Paulo - SP. www.groiafilmes.com.br. Fone: (11) 3120-2351. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Internet: www.abta2003.com.br.

(A vez das crianças)

Em outu­bro, acon­te­ce a pri­mei­ra edi­­ ção do Fes­ti­val Inter­na­cio­nal BR de Cine­ma Infan­til, que vai levar uma pro­ gra­ma­ção de fil­mes infan­tis a 14 cida­des bra­si­lei­ras, em 51 salas do Cine­mark. No pro­gra­ma, fil­mes de ­ várias par­tes do mundo e duas pré-­estréias: o nacio­ nal “Ilha Rá-Tim-Bum em O Mar­te­lo de Vul­ca­no”, de Elia­na Fon­se­ca, e “Mamãe, Virei um Peixe”, co-pro­du­ção alemã, dina­ mar­que­sa e irlan­de­sa. 7 a 12 — III Goiânia Mostra Curtas.

Goiânia - GO. Fones: (62) 229-4397 / 229-3130. E-mail: goianiamostracurtas@hotmail.com. Internet: www.goianiamostracurtas. com.br.

NOVEMBRO (Mais tempo para o Minuto)

Para quem ainda não criou seu vídeo de um minuto sobre o tema “Mãe”, ainda dá tempo: as inscrições para o Festival do Minuto deste ano foram prorrogadas até o dia 10 de outubro. O Festival acontece de 17 a 22 de novembro e seu regulamento completo está no site www.festivaldominuto.com.br 3 a 28 — Curso: Oficina de Realização Cinematográfica. Escuela

Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: alfrec@uol.com.br / patriciamartin@uol.com.br.

3 a 28 — Curso: Direção de Cena. 21 a 25 — Primeiro Plano - 2º Festival Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba.

Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: alfrec@uol.com.br. 13 a 23 — Mix Brasil - XI Festival da

Diversidade Sexual. São Paulo - SP. Fone: (11) 3812-7390. Fax: (11) 3819-5360. E-mail: mixfest@uol.com.br. Internet: www.mixbrasil.com.br. 18 a 25 — XXXVI Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Brasília - DF.

Fone: (61) 325-7777. Fax: (61) 325-5366. E-mail: festbrasilia@sc.df.gov.br. Internet: www.sc.df.gov.br.

27 a 07/12 — XIII Mostra Curta Cinema - 9º Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro.

Fones: (21) 2553-8918/ 2553-2033. Fax: (21) 2554-9059. E-mail: program@curtacinema.com.br. Internet: www.curtacinema.com.br.


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