case................................. 24 Teatro: um novo nicho para a produção
SET 2003 ................ 26 Congresso aponta as indefinições da TV digital
radiodifusão... 28 Anatel quer distribuir software de análise topográfica
Evento........................ 30 Produção barata dá o tom no IBC 2003
Sempre na Tela Editorial.............................................. 3 News................................................... 4 Scanner.............................................. 6 Figuras............................................. 10 Upgrade.......................................... 12 Making of....................................... 22 Agenda............................................ 34
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ano12nº132outubro2003
N達o disponivel
editorial rubensglasberg glasberg@telaviva.com.br
A campanha pela desoneração da importação de equipamentos de produção deu um passo importante nesse começo de outubro. No dia 1º de outubro, a Comissão de Educação do Senado realizou uma discussão sobre o impacto da reforma tributária no setor de comunicação. A audiência contou com representantes da Abert, ANJ, Aner, UniTV, ABTA, Fittert (Federação dos Trabalhadores em Rádio e TV) e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Entre as propostas comuns colocadas por todos os representantes setoriais e que tendem a ser acatadas pela comissão, está um pedido para se evitar, no texto da reforma, a taxação sobre a importação de insumos para a atividade de comunicação. A preocupação central de radiodifusores é com a importação de equipamentos e, no caso das empresas de mídia impressa, a preocupação é com a taxação sobre importação de papel. Não custa lembrar que o próprio governo já sinalizou diversas vezes sua intenção de desonerar a importação de bens de capital, incentivar a produção audiovisual e as exportações. As negociações sobre a reforma tributária até agora apontaram no sentido praticamente oposto. Correse sim o risco de aumento de impostos (especialmente os estaduais) para diversos serviços, com o congelamento dos benefícios fiscais. Esperamos que da discussão no Senado Federal saia uma garantia de que as vontades manifestadas por todos, governo e indústria, prevaleçam sobre a gula fiscalista dos estados.
Finalmente ouvem-se, da parte do governo, notícias animadoras para o audiovisual. O presidente Lula deve anunciar em meados de outubro a tão aguardada definição do futuro da Ancine. A agência deve mesmo virar Ancinav, um órgão para cuidar de todo o audiovisual, e ficará sob a batuta do MinC. Também, o ministério de Gil anunciou a criação, a partir de 2004, das film commissions, que trabalharão nos níveis federal, estadual e municipal. São dois passos importantes, que acreditamos que se implementados ajudarão finalmente a deslanchar a produção audiovisual nacional, tanto em relação ao mercado interno quanto às exportações.
É com tristeza e saudade que nos despedimos de nossa ex-editora e . colaboradora Edylita Falgetano de Moreira Porto, que morreu no dia 22 de setembro último, vítima de um AVC. À família e amigos, fica nossa homenagem.
Diretor e Editor Rubens Glasberg Diretor Editorial André Mermelstein Diretor Editorial Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski Gerente de Marketing e Circulação Gislaine Gaspar Administração Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)
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Acompanhe aqui as notícias que foram destaque no último mês no noticiário online Tela Viva News.
Anatel cobra canal de . filmes nacionais no cabo [08/09] No final de agosto, operadores de TV a cabo receberam da Anatel um ato em que a agência determina que cumpram a regu lamentação e tenham em seu line-up um canal de filmes dedicado exclusivamente a conteúdo brasileiro. A agência pede aos operadores de cabo que informem sobre o cumprimento deste dispositivo da regula mentação e dá prazo de 90 dias para que as empresas se manifestem. Atualmente, apenas o Canal Brasil tem o registro necessário no MinC para ser o canal exigido na regulamentação. Opera dores que receberam a carta da Anatel dizem, informalmente, que pretendem recor rer e que não podem ser obrigados a levar um canal específico. Também houve quem esperasse do Ministério da Cultura provi dências para viabilizar um “competidor” ao Canal Brasil, o que não ocorreu.
Senador quer manter incentivos via ICMS [09/09] O presidente da Comissão de Educação do Senado Federal, senador Osmar Dias (PDT/ PR), após audiência pública sobre os impac tos da reforma tributária no setor de cultu ra, anunciou a elaboração de uma emenda à proposta para garantir aos Estados a pos sibilidade de manter a renúncia fiscal do ICMS para incentivos culturais por prazo indeterminado, e não apenas por mais três anos, como determina o texto aprovado na Câmara. O principal argumento dos senadores que apóiam a reivindicação se prende à necessidade de manter para as unidades da Federação as mesmas possi bilidades admitidas para a União e para os municípios. Na opinião de Assunção Hernandes, presiden te do Congresso Brasileiro de Cinema, com o objetivo de evitar a guerra fiscal entre os Esta
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dos, o governo acabou com as possibilidades de concessão de incentivos fiscais estaduais, valores que hoje estão em torno de R$ 180 milhões por ano e que são essenciais para o desenvolvimento do setor.
Emissoras públicas partici parão do GET [11/09] A Abepec (Associação Brasileira das Emisso ras Públicas, Educativas e Culturais) recebeu do Ministério das Comunicações garantias de que participará do grupo de estudos da TV digital (GET). Esta é a primeira de uma série de ações conjuntas que a associação pretende realizar com o Minicom. Para a associação, é fundamental participar da discussão sobre a implantação da TV digital no Brasil para que as televisões públicas não corram o risco de ficar de fora ou de serem prejudicadas duran te a digitalização das transmissões.
MinC lança concursos para longas [12/09] O Ministério da Cultura publicou no Diário Oficial da União do dia 12 de setembro duas portarias lançando concursos públicos. O primeiro concurso, instituído pela Portaria nº 380/2003, é destinado a apoiar a reali zação de projetos audiovisuais de longametragem inéditos, de baixo orçamento, dos gêneros ficção e/ou animação. Os proje tos devem abordar temas da cultura brasilei ra. Para este concurso serão selecionados sete projetos. O valor total de recursos des tinados será de R$ 4,8 milhões. O segundo concurso público, instituído pela Portaria nº 381/2003, será destinado à finalização de filmes de longa-metragem. O orçamento total desde concurso é de R$ 1,5 milhão.
Educativas poderão trans mitir eventos esportivos [16/09] O deputado Edson Duarte (PV/BA) apresen tou um projeto de lei (nº 1.878/2003) auto rizando as emissoras educativas estatais a
transmitirem, sem custos, eventos espor tivos de interesse nacional. O projeto de lei será apreciado em caráter terminativo (não precisa ser apreciado pelo Plenário) pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTI) e de Constituição e Justiça e Redação (CCJ).
São Paulo terá política audiovisual estadual e municipal [18/09] O dia 17 de setembro foi agitado para o cinema em São Paulo. Pela manhã, o governador Geraldo Alckmin, em um café da manhã com uma comitiva de cineastas paulistas, assinou o decreto que cria o Conselho Paulista de Cinema. O conselho tem a função de elaborar pro postas, o planejamento e a programação da política audiovisual paulista. Além da reunião com o governador Alck min, alguns cineastas encontraram-se na noite do mesmo dia 17 com a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. No encontro foram empossados os membros da Comis são de Cinema de São Paulo (Cocine). A Cocine foi criada pela Portaria 25/2003 da Secretaria de Cultura, publicada no Diário Oficial do Município do dia 6 de setembro. No máximo em 180 dias, essa comissão irá elaborar e apresentar políti cas públicas para a produção paulistana.
Ancine divulga levanta mento sobre o cinema nacional [22/09] A Ancine divulgou um panorama com o desempenho econômico do cinema nacional nos últimos dez anos. Segundo o panorama, a percentagem de filmes de longa-metragem nacionais lançados aumentou de 1,27% do total de títulos lan çados no País, em 1992, para 26,90% ao fim de 2002. No mesmo período, o núme ro de espectadores dos filmes brasileiros aumentou de 36.093 (0,05% de um total de 75 milhões) para 7.299.988 (8% de um
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total de quase 91 milhões). Além disso, foram divulgados números do ano de 2003 (até 31 de agosto), com a estréia de 14 longas brasileiros e 37 estão prontos, aguardando lançamento. Há 52 em finalização e 34 em filmagem. O número de longas em pré-produção, com projetos aprovados para captação publi cados no Diário Oficial da União até 31 de agosto, é de 256 títulos, incluindo fic ção e documentários. Somando-se todos os números do ano chega-se ao núme ro de 393 filmes de longa-metragem em produção ou produzidos este ano com o uso de incentivos fiscais. Além disso, segundo o documento, estão em produ ção outros 95 filmes que ainda não solici taram qualquer incentivo fiscal. Outro dado divulgado foi o valor investido no cinema brasileiro este ano através da Lei do Audiovisual e Lei Rouanet: R$ 12,512 milhões. Os dez maiores investidores no cine ma brasileiro em 2003, até setembro, foram: BR Distribuidora, Eletrobrás, Lafarge Brasil, Finame, Brasil Telecom, Unicap Unibanco, Unibanco, Banco Bandeirantes, Federal Capitalização e João Carlos di Gênio.
Ancine tem prazo para analisar incentivos . culturais [22/09] A diretoria da Ancine publicou no Diário Oficial da União do dia 22 a Deliberação nº 115/2003, estabelecendo prazos para que a agência analise os pedidos para a utilização de incentivos baseados nas leis do Audiovisual, Rouanet e Artigo 39 da MP 2.228/01. A resolução estabeleceu
um prazo de até 45 dias para analisar os projetos de obras audiovisuais, contados a partir da data em que o pedido for proto colado na agência. Se houver diligência de documentos, o prazo de 45 dias será suspenso na data em que a proponente receber o aviso da Ancine. Após o cum primento das exigências, o prazo segue pelo período remanescente. A delibera ção determina ainda o arquivamento do projeto caso não haja resposta às exigên cias em até 30 dias após o recebimento do comunicado de diligência da agência. Por fim, a Ancine não será obrigada a ana lisar no mesmo exercício de sua apresen tação os projetos protocolados depois do dia 15 de novembro de cada ano.
Lula anuncia Ancine sob o MinC [01/10] O chefe de gabinete do Ministério da Cultura, Sergio Sá Leitão, representando o ministro Gilberto Gil, afirmou dia 1º de outubro, durante o rioseminars, que o presidente Lula anunciará no dia 13 de outubro a ida da Ancine para o MinC e sua transformação em Ancinav. Sá Leitão completou depois que será anunciada uma política federal para o setor audiovisual e que “houve muita pressão do ‘cinema hegemônico’ para que a Ancine fosse para o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio”. Segundo o chefe de gabinete da secretaria para o desenvolvimento das artes audiovisuais do Ministério da Cultura, Leopoldo Nunes, haverá ainda uma revisão da MP 2.228/01.
A criação de film comis sions [01/10] O projeto Brazilian Film Comission foi apresentado durante o rioseminars. Ele prevê a criação de instituições voltadas à promoção de regiões brasileiras e do País como locação e fornecedor de infra-estru tura e mão de obra para produções nacio nais e internacionais, visando aumentar o turismo e a produção audiovisual no Brasil. A ação reúne os ministérios da Cultura, do Turismo, da Integração Nacio nal, de Relações Exteriores, além dos governos federal, estaduais e municipais, entidades privadas de cultura e turismo entidades representativas e agências reguladoras. Os recursos virão do governo federal, através de ministérios e agências, governos estaduais e municipais e ainda de instituições privadas, quando possível. No futuro, espera-se que elas se tornem auto-sustentáveis, arrecadan do taxas sobre produções audiovisuais e sobre o turismo. O trabalho das film comissions será o de criar normas e procedimentos referentes à produ ção audiovisual, catalogar fatores de atração em sua região, promover e divulgar a região atuando como uma espécie de bureau, e monitorar resultados e incentivar o desen volvimento da infra-estrutura existente. Vale lembrar que hoje parte dessas funções, sobretudo em relação a autorizações para uso da imagem do Brasil, cabem à Ancine, o que coloca um provável conflito de competên cias a ser resolvido. As primeiras film comissions deverão come çar a funcionar já no início de 2004.
Brasilzão Não tem chavão maior do que dizer que o Brasil é um país de dimensões continentais. Mas a equipe da produtora paulistana OKA Comunicações sentiu na pele o tamanho dessa terra para realizar o vídeo da IV Semana da Alfabetização, promovida pela Alfabetiza ção Solidária. A equipe da OKA, formada pelo diretor Rogério Zagallo, o cinegrafista Marcelo Miyao, o som direto Alfredo Guerra e o eletricista Deda, percorreram em seis dias mais de 8,4 mil km — distância do Rio de Janeiro à Flórida, nos Estados Unidos. A equipe passou por Itapiúna (CE), Bonito de Santa Fé (PB) e Araci (BA) para gravar depoimentos de alunos, alfabetizadores e coor denadores da ONG. Os testemunhos serão utilizados para contar a história de três personagens que tiveram suas vidas mudadas pelo projeto. O roteiro é de Ricardo Zagallo, coordenação de produção de Érika Scarpinella, computação gráfica do ElectroLadyLand Studio, trilha de Felipe Vassão, edição e finalização de George Safranov e Rogério Zagallo.
Sufoco no bumba O sufoco das pessoas no transporte coletivo é o mote da nova campanha das motos Yamaha YBR 125. O filme “Tá Esperando o Quê?” mostra cenas claustrofóbicas das pessoas em ôni bus, lotação e metrô para mostrar que a solução é sair por aí de moto. A criação é da equipe da FAM, de Fábio Siqueira, e a produção é da Canvas 24p, com direção de Wiland Pinsdorf, produção de Alexandra Alonso e foto grafia de Eduardo Ruiz.
Arquitetura na TV
Fuji na fita Quatro novos comerciais da Fuji Film estão sendo veiculados, em duas novas campanhas. Todos eles foram criados pela Grey Worldwide e produzidos pela Pro digo Films, com direção de Rodri go Ferrari. Uma das campanhas, institucional, divulga toda a linha de produtos e as lojas digitais. A outra divulga a promoção que vai selecionar fotos de pessoas comuns para o próximo comer cial da empresa. O ganhador será apresentado no “Domingão do Faustão”.
Um novo programa com produção independente, especializa do em decoração e arquitetura, estreou em setembro em São Paulo, com exibição em três canais — Canal 21, Canal Comuni tário e Canal São Paulo. O programa “Morar com Requinte” traz entrevistas com profissionais da área e é apresentado por Priscila Aspertti e Renata Jabali. A produção é da WRC Produ ções, com direção de Wagner Lanzotti.
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Fotos: Divulgação
Contadores de história O longa de Eliane Caffé “Narradores de Javé” mostra a mudança na rotina do pequeno vilarejo de Javé causada por uma ameaça repentina de sua extinção: Javé deverá desaparecer inundado pelas águas de uma grande hidrelétrica. Diante da notícia, a comunidade decide ir em defesa de sua existência pondo em prática uma estraté gia bastante inusitada e original: escrever um dossiê que documente o que consideram ser os “grandes” e “nobres” acontecimentos da histó ria do povoado e assim justificar a sua preserva ção. O filme, que será tema de debate no pró ximo Encontro com o Cinema Brasileiro, no dia 29 de novembro no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, conta com os atores José Dumont (foto) e Mateus Nachtergaele.
Produções locais
Passarela
A HBO vai anunciar este mês os deta lhes de três produções originais fei tas no Brasil. São os seriados “Man drake”, “Epitáfios” e “Sexo Urbano”. “Mandrake” é uma produção local a cargo da produtora Conspiração Filmes; “Epitáfios” é uma série de suspense. “Sexo Urbano” aborda a vida noturna ligada ao erotismo em várias capitais latino-americanas, entre elas, cidades brasileiras. O res ponsável pelos seriados é o vice-pre sidente de produção da HBO Latin America, Luiz Perazza.
A nova campanha estrelada por Gisele Bündchen cria um cami nho sem obstáculos para a super modelo. Ao som da música “Slow motion Bossa Nova”, hit que pulou dos comerciais para o disco, a modelo desfila as sandálias Ipane ma pelo Rio de Janeiro. Enquanto anda, as pessoas, deslumbradas, se encarregam de tirar da frente tudo o que aparece. Com cria ção da W/Brasil, o filme tem dire ção de Andrucha Waddington, da Conspiração Filmes.
Fim da moeda Protagonizado pelo ator Luiz Fernan do Guimarães, está no ar desde o final de setembro a campanha do Banco Central que anuncia o recolhimento da moeda antiga de R$ 1,00. O filme, criado pela Giovanni, FCB de Brasília, procura dar um tom bem-humorado ao comunicado, fugindo ao tom oficial que costuma aparecer nesse tipo de filme. A direção é de René Sampaio, da produtora carioca CaradeCão Filmes.
Alta definição
Baixando a bola As agruras de um diretor de cinema de primeira via gem são retratadas no longa “Samba-Canção”, do tam bém estreante em longas-metragens Rafael Conde. Pre miado em vários festivais de curta-metragem, o tema é recorrente na carreira do diretor, que também dirigiu “A Hora Vagabunda”, curta que aborda as dificuldades do cineasta na cidade de Belo Horizonte. No longa, que já recebeu o prêmio de revelação no Festival de Santa Maria da Feira, em Portugal, o dire tor vai tendo que reduzir a bitola do filme — até chegar ao vídeo — para poder produzir. As agruras retratadas são comuns à carreira da maioria dos diretores. Conde também usou todas as bitolas, até conseguir transpor todo o material para 35 mm. O filme teve pré-estréia em São Paulo em setembro e, agora, batalha por um lugar nas salas.
Mistura de técnicas A produtora de animação Arte Animada é a responsá vel pelos filmes da campanha dos chicletes Big Big, da Arcor. O produto traz figurinhas com curiosidades do Guia dos Curiosos, e o filme mistura técnicas de ani mação 2D e 3D. O primeiro filme apre senta o produto, enquanto o segun do lança uma pro moção de sorteio. A direção dos filmes é de Celso Soldi.
A produtora e finalizadora VBC está trabalhando, desde o mês de agosto, com suporte de alta defini ção na captação, montagem, finalização e pós-pro dução. Para se adaptar à nova tecnologia, a empre sa realizou no final de julho para seus funcionários e colaboradores um workshop sobre alta definição. A VBC investiu na compra de uma câmera HDW F900 e um VT HDW F500, ambos da Sony, além de lentes prime e um finalizador on-line Mistika HD.
Farmácias Já está em veiculação o primeiro filme da nova campa nha da Ultramed. Criada pela CCZ Elétrica e produzida pela GW Comunicação, a campanha comunica com muito humor os preços ofere cidos pela rede de farmácias. O filme foi dirigido por Calix to Hakim e teve direção de fotografia de Marcelo Bizz.
Ampla atuação A Cinegrafika está se juntando à Cine ma, ampliando assim seu leque de servi ços. A Cinegrafika, de Marcelo Presotto e Giuliano Saade, entra com sua atua ção que vai da criação à execução de filmes com elementos gráficos, como pack shots, assinaturas, letreiros, vinhe tas e até filmes totalmente executados na pós-produção. Com a junção, o novo sócio Marcelo Lepiani traz a experiência de 15 anos em efeitos especiais e finaliza
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ção. Para completar, uma unidade de 3D a cargo de Fabricio Navarro passa a dar apoio ao trabalho da nova fase da empresa. Dessa forma, surge um bureau com capacidade de criação em direção de arte, efeitos e pós-produção com equipa mentos de última geração para atender os mercados publicitário e de cinema. Toda a infra-estrutura da Cinegrafika recebe agora da Cinema um telecine
spirit HD com uma mesa de colorização DaVinci 2K Plus, um smoke HD para pós-produção e o film recorder, além do seu laboratório. A equipe é composta por Marcio Pas qualino (Marcinho), colorista; Maninho, 2º colorista; Zeca, coordenador técnico; Andrea Nero, coordenadora; Claudia Tavares, atendimento; Andreia Anaya e David Garroux, designers; e Fabricio Navarro, designer 3D.
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Anna
Van Steen
A carreira profissional da maquiadora Anna Van Steen começou motivada por uma contradição.Aprincípio,elapensavaemseratriz.EnteadadocríticodeteatroSábato Magaldi, e cheia de artistas na família, Anna cursou a Escola de Arte Dramática (EAD), participou do grupo de teatro infantil Vento Forte e se preparou de todas as maneiras. Mas havia uma coisa de que ela definitiva mente não gostava: a transformação desuaimagem,impostapelofigurinoepelamaquiagem. “Fui percebendo que não gostava de me expor, não gos tava de ser tocada, penteada.” Então decidiu mudar, largar o teatro, mas não sabia ainda o que fazer. Foi para Paris, onde começou a fazer os mais variados cursos. Sabia que tinha alguma coisa a ver, queria continuar na área, só não sabia exatamente o quê. Entre eles, um era de maquiagem ilusionista, com uma profissional
que trabalhava no circo. Os efeitos que produzia serviam de suporte para o mágico e até uma “Monga” ela já tinha criado. Me apaixonei pela profes sora e pela maquiagem. Percebi que não gostava de um certo tipo de maquiagem, as pessoas são tão bonitas, por que esconder isso atrás de uma máscara?
Empolgada, se inscreveu em outro curso, este de maquiagens étnicas, um tipo de estudo antropológico a partir da maquiagem. Aquilo para mim fazia sen
tido, as transformações tinham todo um simbolismo, eram parte de uma cultura. Daí em diante descobriu que era realmente essa a profissão que que ria ter. Hoje não troco por nada, já me ofereceram para fazer direção de arte, tenho dois irmãos diretores [Ricardo e Lea Van Steen], mas não quero.
Ao voltar de Paris, seu primeiro trabalho foi no longa “Besame Mucho”, de Francisco Ramalho Jr. (1987), como assistente do maquiador Jack Monteiro, com quem trabalha ria em muitas outras produções. Em seguida, fez “Feliz Ano Velho”, de Roberto Gervitz (1987), e, alguns filmes depois, “Brincando nos Campos do Senhor”, de Hector Babenco (1991). Pass am os oito
José Reinaldo Gomes é o novo diretor comercial da Videomax Produções - produto ra do programa “Show Busi ness”, apresentado por João Doria - e da editora Doria Asso ciados. Gomes foi diretor de marketing publicitário do jornal Valor Econômico nos últimos três anos. Antes disso, acumu lou 21 anos de experiência em várias agências do mercado.
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A ABD (Associação Brasileira de Documentaristas) elegeu sua nova diretoria, com mandato de dois anos. Para a presidência foi reeleito Marc elo Laffitte (RJ). Além disso, as ABDs regionais foram redi vididas em sete regiões (eram cinco), cada uma representada na diretoria. Para as votações em assembléia, decidiu-se que cada Estado terá direito a um voto (e não mais por regiões, como antes).
Carla Ponte é a nova integrante da equipe da Porão Filmes. Jornalista, formada pela ECA/USP, ela assume o atendimento na produtora e também atua em alguns projetos como roteirista e assistente de dire ção. Com 12 anos de profis são, trabalhou na Rede Ban deirantes, MusicCountry, TV Tribuna e MTV Brasil; e foi free lancer nas produto ras Vídeo & Cia., Canal Azul, na Folha de S. Paulo e na Fundação Padre Anchieta.
Fotos: Gerson Gargalaka (Anna Van Steen) e Divulgação
meses na Amazônia, e tive que lidar com aqueles seres humanos exó ticos, atores estrangeiros cheios de medos, com receio dos insetos, da água, de encostar nas pessoas... Mas a experiência foi maravilho sa, tivemos três meses só para pesquisar, trabalhando junto com o diretor de arte Clóvis Bueno e o diretor de fotografia Lauro Escorel. Meu trabalho só acontece em absoluta dependência da arte e da fotografia. A maquiagem depende totalmente da luz e do enquadra mento. Por isso, sempre peço que a maquiagem, especialmente a de efeitos, seja testada antes. Mas nem sempre conseguimos...
Um pouco cansada da experiência e diante de um período de incertezas, em pleno governo Collor, Anna resolveu viajar novamente. Foi para a Europa, se casou com um francês, trabalhou em publicidade na Bélgica. Quando voltou, trabalhou em “Anahy de las Misiones”, de Sérgio Silva (1997), e retomou sua carreira no cinema, na publicidade e no teatro. Aos poucos, foi podendo exercer o naturalismo que sempre defendeu, um jeito “Dogma 95” de encarar o cinema. Não é o dogma pelo manifesto, mas pelo resultado, por um cinema mais verdadeiro e cheio de emoção. As pessoas têm pele, têm espinhas, têm olheiras... No filme “Domésticas”
Antonio Athayde (1) fechou contrato com o SBT para assu mir a superintendência comercial da emissora de Silvio Santos. Athayde dirigiu no passado a área comercial da Globo. Depois ocupou os cargos de CEO da Net Brasil e de diretor da Globopar. Teve ainda uma breve passagem pela TV Bandeirantes. O executi vo está levando para a emissora Cláud io Santos (2) (até então diretor comercial da Globosat) e Adalb ert o Vianna (3), que atuou na Net, Sky, Americel e DirectNet.
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(2001), de Fernando Meirelles e Nando Olival, isso ficou patente. Atrizes e empregadas domésticas se misturam — todas sem maquiagem. Convenci as atrizes a não usar maquiagem. Meu trabalho foi reforçar as olheiras, criar hematomas, descabelar, colocar fivelinhas. A maquiagem tem que parecer como se tivesse sido feita pelo próprio personagem. Então, não fazia sentido usar corretivos nas atrizes...
epois, fez “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, e D “Carandiru” (2003), de Hector Babenco — ambos com o mesmo tom. Em “Carandiru”, desenhou os personagens ao lado da direção de arte e mon tou a equipe que atuou no dia-a-dia das filmagens. Uma grande pesquisa foi feita sobre as tatuagens dos detentos e, para criá-las, Anna desenvolveu uma tinta especial — feita a base de tinta de caneta Bic com fixador de maquiagem. Além disso, também criou carimbos com os desenhos, para facilitar a vida. Diante da visão muito particular que tem de seu trabalho, Anna encontra dificuldade para traduzi-lo em palavras. Anda em busca de termos que o definam para colocar nos créditos dos filmes. A linha que gosto de
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A produtora Prodigo Films reformulou seu departa mento de atendimento com as contratações de duas profissionais: Renat a Aranha (5) e Elis Pedroso (4). Renata representou a 5 revista oficial do Festival Internacional de Cannes, “Daily”, e foi uma das responsáveis pelos patrocinado res e convidados para a divulgação do FilmBrazil no evento. Elis passou pela Telefilm e Miksom.
s eguir é a de usar a maquiagem para construir o caráter do per sonagem, não para corrigir imperfeições estéticas. Então não gosto do termo maquiagem, nem de caracteriza ção, que também inclui o figurino. Ainda estou O Projeto FilmBrazil, que visa transformar o Brasil em um pólo interna procurando... cional de produção audiovisual, entrou em sua segunda fase concen
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trando esforços em Brasília. Uma comissão do projeto e da Apro forma da por Eitan Rosenthal (11), presidente do FilmBrazil; a presidente da Apro, Leyla Fernandes (10); os conselheiros da associação Paulo Schmidt (8) e Lucian o Traldi (6); e João Paulo Morello, assessor jurídico da Apro e do FilmBrazil, tiveram uma série de reuniões em Bra sília em busca de apoio para o projeto. A primeira reunião da comissão, agendada com a ajuda do deputado federal Carlos Sampaio (PSDB/SP) (7), foi com Juan Queiroz, pre sidente da Agência de Apoio às Exportações (APEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a quem a equipe pediu o apoio para as ações programadas para o próximo ano. Em encontro com a deputada federal Zulaiê Cobra (PSDB/ SP) (9), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, os integran tes da comissão propuseram simplificações nos procedimentos para concessão de visto temporário de trabalho a técnicos estrangeiros e na importação provisória de equipamentos e materiais de filmagem.
Processamento 64 bits
HD e SD A Thomson apresentou na IBC o mixer Kalypso Duo. Trata-se do primeiro mix er que pode ter upgrade de SD para HD por software. Uma vez feito o upgrade, ele pode ser configurado tanto para produções SD quanto HD. Além disso, suporta vários formatos HD, incluindo 1080i e 720p. O produto está disponível em versões para dois, três e quatro M/E (mix/effects) e pode suportar um, dois ou quatro controles. Além da vantagem de passar pela tran sição de SD para HD sem a necessidade de trocar placas, o modelo Duo traz todas as funções do Kalypso anterior. O preço do produto é a partir de Ü 400 mil. www.thomsongrassvalley.com
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A AMD lançou o primeiro processador de 64 bits para PC compatível com Windows, o Athlon 64 FX. O processador, projetado para entusiastas e criadores de conteúdo digital, apresenta melhor performance em 32 bits, para aplicações atuais, e ainda computação de 64 bits para a próxima geração de software. A AMD lançou ainda uma versão para notebooks do processador, o Athlon 64, projetado para alta performance e conectividade wireless. Contém gerenciamento avançado de energia com a tecnologia AMD PowerNow!, consumo de potência reduzido e vida da bateria estendida. Os novos processadores da AMD ganharam o apoio da Microsoft, que anunciou uma versão beta do Windows XP 64-Bit Edition. Além disso, a fabricante HP anunciou que planeja ter sistemas com os novos processadores ain da neste quarto trimestre de 2003. A Fujitsu, Fujitsu-Siemens e NEC-CI também anunciaram a disponibilidade de sistemas para o processador AMD Athlon 64. www.amd.com
Novo finalizador A Pinnacle trouxe para a exposição de equipamentos do Congresso da SET o sistema de edição e pós-produção Liquid Chrome. A nova solução reúne três produtos da Pinnacle, o Targa 3000, o Liquid Studio e o K-2. O Chrome completa a linha Liquid de editores em rede, que inclui os produtos Liquid Blue, para ambientes broadcast que utilizam vários formatos; o Liquid Chrome, para correções em tempo real; Liquid Silver, para pós-edição no formato MPEG-2, e o Liquid Purple, para aplicativos de edição de vídeos digitais baseado em software. Projetado para pós-produção, o Liquid Chrome oferece uma suíte de software de aper feiçoamento formada pelo gerador de caracteres TitleDeko Pro; o Commotion Pro, para edição e composição de imagens; o Impression DVD Pro, para autoria; e o Pinnacle Liquid CX, para correção de cores. O produto tem preço sugerido nos Estados Unidos de US$ 14.995. www.pinnaclesysla.com
Tripé para digitais A Mattedi mostrou na exposição de equipamentos do Congresso da SET, que aconteceu em setembro, no Rio de Janeiro, o tripé M-10.K. Projetado para câmeras digitais, o tripé tem um novo sistema de ajuste gradual e linear de pressão nos movimentos tilt e pan, além de maior inclinação de tilt (até 90 graus). O equipamento é composto por um tripé feito de duralumínio com ligas anodizado, cabeça hidráulica, base em meia esfera, manche emborrachado e estrela de solo extensível escamoteável. Além disso, conta com estrela de rodas Dolly com freios como acessório opcional. A altura do equipamento vai de 0,8 metro até 1,73 metro e pesa 8,8 kg, suportando até 8 kg. www.mattedi.com.br
Mais customizável A Debetec está trazendo para o País a lente teleobjetiva da Canon J22ex 7.6B. O equipamento é baseado na tecnologia da nova série eIFxs, que traz todos os recursos da tecnologia anterior da fabricante, a série IFxs, e ainda um display que traz as informações de configu ração. Outra novidade da tecnologia é um seletor digital de funções, que permite configurar e customizar a lente de maneira mais fácil. É possível ainda salvar novas configurações, para usuários diferentes ou uso em diversos ambientes. Entre as configurações, está a possibilidade de memorizar duas posições de zoom, e a lente “salta” de uma posição para outra automaticamente, sem a necessidade de mar cadores ou a velha fita crepe para ajudar no serviço. Também é pos sível pré-estabelecer uma velocidade de zoom e salvar na memória. Com um cabo adaptador, é possível usar controladores de lentes de estúdio. A lente está disponível em versões com proporção 4:3 e 16:9 e há ai nda uma versão crossover (que funciona nas duas proporções). Outra opção para os três modelos é o extensor de 2X. As lentes têm zoom de 7.6 até 168 mm, sem o extensor, e de 15.2 até 336 mm, com o exten sor. O peso do equipamento varia entre 1,79 kg e 1,89 kg. www.debetec.com.br
Edição no Linux A Discreet anunciou na International Broadcasting Convention, em Amsterdã, Holanda, realizada entre 12 e 16 de setembro, um sistema de edição e acabamento para o sistema operacional Linux, o Smoke 6. Segundo a empresa, o desempenho das estações PC atuais com as recém-lançadas capacidades do sistema operacional Linux propiciam suporte avançado para as demandas de desempenho de acabamento e edição do Smoke. O software trab alha com resolução standard, foi desenvolvido para trabalhar com o Red Hat Linux 8 e será comercializa do como uma solução chave na estação IntelliStation Z Pro 6221 da IBM. O sistema IBM/Smoke 6 inclui gráficos OpenGL, entradas e saídas PAL e NTSC e várias opções de armazenamento, entre elas a opção de soluções de hardware RAID 5 totalmente redundantes. A Discreet pretende lançar o smoke 6 para Linux no início de 2004. www.discreet.com
Com a casa Rede Record completa 50 anos com as contas em dia e começa a mexer na programação em busca do segundo lugar na audiência.
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A Record chega à maturidade com porte de “cin qüentona enxuta”. A emissora da Barra Funda, berço de alguns dos momentos mais memoráveis da TV brasileira, como os Festivais da Canção e a “Família Trapo” e trampolim de talentos como Cha crinha e Silvio Santos, passou nos últimos anos por uma reforma administrativa e quer voltar a investir na programação com uma meta muito definida: con quistar o segundo lugar da audiência. É da emissora que veio, este ano, a mais relevan te notícia de investimento em equipamentos de pro dução, quando adquiriu da Sony 17 camcorders e mais de 20 VTs, entre outros equipamentos, alguns já da nova geração da fabricante japonesa, equipa dos com discos ópticos. Hoje, segundo a empresa, 80% do parque de produção já está digitalizado. A Record também vem inovando na programa ção. Investiu em co-produções como o game show “Roleta Russa”, com a Sony, e o seriado “Turma
do Gueto”, com a Casablanca, e em parcerias como a que tem com os canais Fox, de quem exibe seriados e os documentários da National Geogra phic. E agora sinaliza uma volta à teledramatur gia, com uma novela de padrão “global”. A emissora anunciou investimentos de R$ 20 milhões para o próximo ano em programação. É neste contexto que o presidente da emissora, Dennis Munhoz, conversou com TELA VIVA. Ele vem conduzindo há quase três anos a reestrutura ção da empresa, pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus. Munhoz é advogado e dirigiu o departamento jurídico da Rede Mulher (também pertencente à igreja) até 1999. Em seguida, tor nou-se assessor jurídico da Rede Record, acumu lando também a partir de 2000 os departamentos de recursos humanos e de contabilidade. Em feve reiro de 2002 assumiu a vice-presidência da Rede Record, e em janeiro deste ano, a presidência.
TELA VIVA - A Record chega aos 50 anos. Como a emissora se posiciona atualmente no mercado? Dennis Munhoz - Estamos na tercei
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ra fase de um projeto que começou em 2001. Começou com o saneamen to das finanças. Fizemos bem a lição de casa e agora estamos em ordem. O segundo passo foi o planejamento estratégico, definir no que vale mais a pena investir. Agora vamos inves tir em programação para chegar ao segundo lugar em audiência. Quando assumimos a rede, os salários estavam
atrasados e devíamos para os fornece dores. Em menos de cinco anos vira mos a terceira rede do País. Diante disso, não é utopia querer chegar a esta posição. O que será a terceira etapa?
Agora temos estrutura para investir em programação, a base está monta da. E para o público, o que aparece não são as finanças da empresa, mas o que ele vê na tela, então vamos renovar a programação. Vamos investir em dramaturgia, adquirir
Fotos: Divulgação (Dennis Munhoz e imagens de programação) e arquivo pessoal de Reynaldo P. Bräscher
arrumada andrémermelstein andre@telaviva.com.br
linha do tempo
Foi divulgado que a novela que vocês farão será uma produção independente. Por que esta decisão?
Sou fã da produção independente, as produtoras têm condição de produzir melhor e mais barato. Acredito muito na parceria. E este projeto não é para fazer “mais uma novela”. É uma coisa muito elaborada, o projeto existe desde junho e será lançado em março, será uma coisa com padrão equivalente ao da Globo. Isso não é barato, tem que ser muito bem tra balhado. E quem será a produtora?
Tudo indica que será a Casablanca (N. da R.: a Record já tem parceria com a produtora na série “Turma do Gueto”, campeã de audiência da emissora). A Record obteve há alguns anos uma licença para DTH (TV por assinatura via satélite). Pretendem operar este serviço?
Não há planos para isso no curto prazo. Preferimos pensar melhor no assunto para, quando for fazer, fazer direito.
E quais são os planos para a Record Internacional (canal transmitido via satélite para o exterior)? Há informa ções sobre a audiência do canal?
A resposta que temos dos EUA e Canadá é muito boa. Começamos agora a transmi tir também para o Japão (desde junho) e até o fim do ano estaremos em Portugal e na Inglaterra. Este mercado ainda pode crescer muito. Por isso estamos até trans ferindo a representante do canal para os EUA (Delma Andrade, que ficará em Nova York). E em relação à rede nacional, há planos para uma ampliação?
Hoje cobrimos 95% do território nacional, as afiliadas estão satisfeitas. Mas ainda pode mos crescer em algumas capitais. Ogovernofederalanunciouquevaidistri buir suas verbas de publicidade baseado no share das emissoras, mas admite que também usará outros critérios. Como o sr. vê isso?
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A distribuição das verbas pelo share é mais justa que o que se praticava anteriormente, mas os “outros” critérios são muito subjeti vos. Toda discussão que passa por share é bem-vinda, não tem outro jeito.
Capitão 7 - 1955
um pacote de filmes bem melhor e ampliar nossos eventos esportivos.
Década de 50 Em novembro de 1950, o empresário Paulo Machado de Carvalho, sócio das rádios Excelsior e Jovem Pan (na época Paname ricana), consegue a concessão para uma emissora de TV. No dia 27 de setembro de 1953, às 20h, a TV Record entra oficialmente no ar, como a terceira emissora de televisão a surgir na capital de São Paulo. Fundada por Machado de Carvalho, o Canal 7 de São Paulo era equipado com a tecnologia mais avançada para a época. Essa década foi mar cada pelas produções ao vivo, baseadas no
improviso, pois ainda não havia videoteipe disponível. Na programação, destaque para os musicais, esportes e telejornais. A Record faz a primeira transmissão externa de um evento esportivo ao vivo. Década de 60 A emissora continua a registrar excelentes índices de audiência, com diversos progra mas e agrega à sua grade humorísticos, programas de calouros e de entrevistas, infantis. Porém, nessa década, a emissora sofre quatro incêndios. Em julho de 1966, um incêndio destrói estúdios e a central téc nica das instalações no bairro do Aeroporto. Foram mais de 300 mil filmes e equipamen tos destruídos. No início de 1969, o edifício Grande Avenida, onde estava instalada a
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A Família Trapo - 1967
Mas não há o risco de se repetir a situa ção que se vê no mercado, de que a emissora que tem 50% da audiência fica com 70% das verbas?
Em relação a isso, a resposta é tempo e tra balho. Quando o produto é bom, não falta anunciante.
torre de transmissão do canal 7 pega fogo e deixa a emissora fora do ar por algumas horas. Em março desse mesmo ano, o Teatro Record na rua da Consola ção foi consumido pelas chamas e em, em julho, o novo teatro da Record, o mais bem equipado da TV brasileira na época, foi destruído em outro incêndio. Década de 70 A Record passa por uma grave crise finan ceira no início dessa década, em decor rência dos prejuízos com os incêndios e da concorrência com as emissoras que surgiam no mercado. Passa a dar ênfase também ao jornalismo. Em 19 de fevereiro de 1972, ela exibe a primeira transmissão oficial em cores, com imagens geradas pela TV Difusora de Porto Alegre. Em seguida, compra um grande pacote de séries e filmes do exterior. Em 1977, Silvio Santos (então dono da TVS do Rio de Janeiro) se associa à família Machado de Carvalho. Há, porém, uma outra versão: a compra teria ocorrido alguns anos antes do divulgado oficialmente, com Silvio San tos comprando as ações (50% do total da Record) que pertenciam a João Batista Amaral. Silvio teria colocado o empresário Joaquim Cintra Gordinho como testa-deferro. Isso porque Silvio Santos teria um contrato com a Globo de exibição de seu programa e uma cláusula impedia que fosse acionista de alguma outra emissora de TV. Década de 80 Momento de expansão, visando a cobertu ra total do Estado de São Paulo. Em 1980, ocorre a extinção da Rede Tupi. Um ano depois, Silvio Santos ganha a concessão de algumas emissoras que pertenciam à Tupi, entre elas, o canal 4 de São Paulo, e inaugura o SBT. Durante um longo tempo, Record e SBT exibiam a mesma progra mação. A concorrência se acirrava ainda mais com o SBT e a Bandeirantes. Em
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A qualidade da TV aberta vem sendo muito questionada, e a discussão se acentuou com o caso recente envolven do o “Domingo Legal”, do SBT (acusa do de transmitir uma entrevista forja da com bandidos do PCC). Deve haver um controle sobre a programação?
Há uma linha muito tênue entre regulamen tação e censura, tem que ser muito cuida doso com isso. Um caso como o do Gugu envolve a Justiça, então temos que cuidar para não julgar antes. Agora, em se confir mando que a entrevista foi montada, e que ele tinha conhecimento disto, a penalidade aplicada foi justa (N. da R.: a Justiça tirou o programa do ar na semana seguinte). Nós tomamos muito cuidado com este tipo de coisa, não colocamos nada no ar sem checar. A violência e a baixaria são neces sárias para se obter uma boa audiência?
Do Rio a SP via tela de galinheiro
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Além de toda sua história artística, a Record também passou nestes 50 anos por todas as inovações técnicas da TV, do preto e branco ao digital. Vale a pena lembrar os tempos em que o pioneirismo e a criatividade davam o tom. O improviso tão característico do início da televisão não se refere apenas aos artistas e jornalistas que apareciam na tela ainda em preto e branco. Ele também era necessário para aqueles que estavam nos basti dores, por trás das câmeras. Um bom exemplo disso aconteceu na primeira transmissão ao vivo direto do Rio de Janeiro para São Paulo. Uma equipe técnica teve de recorrer a muita cria tividade, aliada ao conhecimento da física, para levar até a capital paulista o sinal da partida de futebol Brasil x Itália, que acontecia em maio de 1956 no Estádio do Maracanã. Naquela época, o responsá vel técnico pelas transmissões externas da TV Record, Rey naldo Paim Bräscher, estava decidido a romper o êxito da TV Tupi de ter transmido um jogo da Vila Belmiro, em San tos, para São Paulo, ou seja, a levar o sinal por uma dis tância de cerca de 70 km. Ao conversar com o fundador e então principal executivo do
canal 7 de São Paulo, Paulo Machado de Carvalho, Bräscher obteve sinal verde. “Primeiro fizemos uma transmissão de Campinas, a 100 km de São Paulo, e no mesmo mês partimos para o Rio”, relem bra Bräscher, hoje com 76 anos. De acordo com ele, inicialmente era necessário encontrar os pontos mais altos para a retransmissão do sinal de TV. O técnico alugou um avião e sobre voou o trajeto, localizando o Morro do Corcovado, próximo à Ilhabela. O segundo passo foi viajar com sua equi pe, em duas “viaturas”, diz ele, até o local. Para chegar ao topo do morro, tiveram que ir a pé acompanhados de burros, que carregavam no lombo toda a parafernália que precisariam no cume. Bräscher conta que antenas de microondas foram instaladas no Morro do Corcovado, mas era preciso ter refle
Reynaldo Bräscher hoje (esq.) e operando um VT nos anos 60 (acima).
Sou favorável à idéia, mas não sei se o caminho é através das emissoras. É mais uma questão de bom senso. E o problema não é só a violência. Há também questões como o apelo sexual, você vê programas mostrando fotos de revistas masculinas no horário vespertino.
A questão dos destilados já está bem definida, mas em relação à cerveja, o mercado (fabricantes) diz que a gradua ção alcoólica é baixa, parecida até com alguns sucos oferecidos no mercado. Acho que bebida tem que ter uma moni toração sim, mas dos pais. A TV não pode fazer apologia da bebida, mas tam bém não podem proibir a publicidade, porque afinal a bebida é liberada. A crian ça não vai ver a propaganda na TV, mas vai ver o pai tomando. Então é algo que a sociedade tem que olhar.
sandrareginasilva sandra@telaviva.com.br
Silvio Luiz entrevista banhista na praia de Copacabana.
tores de sinal para captação do sinal VHF da TV Rio - canal 13. “Utilizamos sarrafos e rolos de tela fina de galinhei ro”, lembra o técnico. Esses refletores foram encravados no morro e, depois de utilizados, ali foram abandonados. Outro sistema para captar e refletir o sinal foi instalado no Morro do Itapeti, em Mogi das Cruzes. As imagens foram captadas com antenas especiais de alto ganho para recepção da TV Rio, que integrava as Emissoras Unidas ao lado da TV Record e das rádios Record e Panameri cana (hoje Jovem Pan). O sinal em VHF foi demodulado e transferido para o pri meiro link (no Morro do Corcovado) de microondas RCA de 0,5 W de potência alimentando uma antena parabólica de 1,8 m de diâmetro, direcionada ao
segundo link (na Serra do Itapeti). Ali, novamente demodulado, o vídeo passou a alimentar o segundo microondas RCA direcionado à Torre da TV Record em São Paulo instalada a Rua Frei Caneca (Maternidade de São Paulo). Nos televi sores em São Paulo, viu-se o narrador esportivo Silvio Luiz nas praias cariocas entrevistando banhistas com um micro fone volante RCA valvulado, alimenta do a bateria, que pesava cerca de dois quilos. Depois, a seleção brasileira não decepcionou e venceu por dois a zero a equipe italiana nessa que foi a primeira transmissão interestadual de televisão no Brasil. Durante uma semana a equipe técni ca da Record, formada ainda por Geral do Campos, José Alves Pereira, Jacob de Abreu (já falecido), Severino Verardo e Johnston Viana da Silva (atualmente diretor técnico da Jovem Pan), entre outros, realizou quatro transmissões do
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Equipe técnica na primeira transmissão de TV ao vivo de Campinas.
Hebe e Golias - Déc.
A auto-regulamentação seria uma boa solução para evitar este tipo de problema?
Como o sr. vê a discussão da proibi ção da publicidade de bebidas alcoó licas na TV?
1988, assume a terceira geração da família Machado de Carvalho, que junto com Sil vio Santos (que nessa época já era sócio majoritário) colocam a emissora à venda. No final da década, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, compra a Record. Década de 90 Arrelia e Pimentinha - 1956
Um programa como o “Cidade Alerta” é jornalismo policial, que cobra atitudes das autoridades. A violência está aí, não é a TV que inventa, o jornal mostra para a população poder cobrar.
Em 1991, o foco da programação passa a ser o jornalismo e a nova gestão começa a formar uma rede nacional de emisso ras. Até 1993, já conta com emissoras próprias no Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Goiânia. Em 1995, a Record compra o prédio e os equipamentos da TV Jovem Pan de São Paulo, na Barra Funda, e muda sua sede para lá. Nessa década continua o processo de expansão no Bra sil e conquista várias afiliadas da extinta Rede Manchete. A partir de 1996, a Record passa a investir bastante em profissionais, em programação (incluindo filmes e séries) e em equipamentos. Em 1997, a potência do transmissor instalado no topo do edifí cio Grande Avenida, na Avenida Paulista, passa de 30 kW para 60 kW, e, no mesmo ano, ocorre a implantação do Núcleo de Teledramaturgia. Em seguida, a emissora firma parceria com a TVM Produções, para minisséries e novelas. Em outubro de 1998, a Record adquire sua primeira unidade móvel totalmente digital, composta por um caminhão com quatro câmeras, um swit cher e três aparelhos de edição videotape com stop motion. Além disso, há a troca
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N達o disponivel
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digital, composta por um caminhão com quatro câmeras, um switcher e três apare lhos de edição videotape com stop motion. Além disso, há a troca da frota de veículos, a informatização de todos os departamen tos da emissora, entre outros investimen tos. Entre 1999 e 2000, é implantada uma cobertura jornalística internacional com correspondentes.
Inezita Barroso - Déc. 50
Século 21 O processo de expansão se manteve e hoje são 63 emissoras, entre próprias e afiliadas, além de centenas de retransmissoras espa lhadas pelo Brasil. No início de 2003 foi inaugurado o novo Centro Exibidor Digital, substituindo as fitas para exibir comerciais por um moderno sistema de automação de exi
bição. Para a cobertura jornalística em São Paulo, a Record conta com o Águia Dourada I (helicóptero do tipo Esquilo), equipado com quatro câmeras, sendo duas internas e duas externas. Uma das câmeras externas permite movimentos de 360 graus, aproximando as imagens em até 70 vezes, e a outra câmera está instalada na traseira que facilita imagens panorâmicas. Sob o helicóptero está um transmissor de microondas (para trans missões ao vivo) e um receptor (para receber imagens das cinco Motolinks que buscam notícias nas ruas de São Paulo). Há ainda o Águia Dourada II (helicóptero Robson 44), um pouco menor mas com as mesmas características do primeiro. Ainda para o departamento de jornalismo, a emissora investiu no início de 2003 mais de US$ 2,5 milhões em equipamentos para captação externa. São câmeras da nova tecnologia Digital IMX da Sony com unidades de gravação em disco óptico, o que agrega qualidade e mais velocidade à produção de matérias.
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Rio: as entrevistas com banhistas, a parti da de futebol, o Grande Prêmio de Turfe direto do Jóquei Clube e um show come morativo pelo feito a partir do estúdio do canal 13. Inovações Bräscher guarda outras grandes lembran ças dos primórdios da televisão. “Mes mo antes de existir o videoteipe no País, a Record inovava mostrando lan ces das partidas de futebol na hora.” Havia duas câmeras instantâneas Pola roid, cada uma atrás de um gol. Quando necessário, a foto instantânea do lance era colocada à frente da câmera de TV (então valvulada), que sozinha pesava perto de 35 kg, além do visor (desta cado) de cerca de 10 kg, com lente de 50 mm (geral) até 1000 mm (close) — “eram lentes fixas, pois não existia ainda a famosa zoomar”, afirma ele. No intervalo do jogo, o telespectador podia ver os melhores lances. “Um fotógrafo captava as imagens em filme de 16 mm. Rapidamente, ele revelava apenas no negativo. As imagens eram projetadas (no negativo) em uma tela na parede e uma câmera modificada com a polarida de invertida colocava a imagem no ar”, relembra Bräscher. A Record também transmitia a cor rida de São Silvestre pelas ruas de São Paulo. Para isso, utilizava um ônibus adaptado, com uma máquina de videotei pe, mantendo uma câmera instalada na frente e outra na traseira do veículo. A chegada do VT preto e branco facilitou o trabalho em vários aspectos. Mas o transporte da máquina para as externas exigia uma grande operação. O aparato pesava aproximadamente 1 ton., utilizava fitas de duas polegadas e os carretéis tinham 16 polegadas de diâ metro. “Para captar imagens nas ruas,
Câmera valvulada posicionada no Jóquei Clube do Rio.
Um dos primeiros carros de externa, em frente ao Jóquei Clube do RJ.
era necessário um caminhão só para levar a máquina de VT”, diverte-se Bräs cher, nascido em Lages (SC). Da Aeronáutica para a TV O catarinense se envolveu com eletrôni ca quando começou sua carreira militar na Base Aérea de Florianópolis, em 1944. Queria ser piloto, mas foi parar na Escola Técnica de Aviação em São Paulo, formando-se em técnico de manu tenção eletrônica de aeronaves. Fez está gio na Base Aérea de Santa Cruz (RJ) e aperfeiçoou-se em rádio navegação. Em 1947 deixou a Força Aérea e passou a atuar na aviação civil. A entrada no mercado televisivo foi em 1952, ao ser contratado para a ins talação da Rádio e TV Paulista (canal 5), de São Paulo. Na Record entrou em 1954, e ali trabalhou durante 18 anos. Em 1960, fez curso de videoteipe na CBS, em Nova York (EUA). Depois da Record, trabalhou no Objetivo, que foi o primeiro colégio do País a ter circuito fechado de TV a cores. Pelo Objetivo, em 72, foi aprender sobre os equipa mentos de geração de imagem de TV colorida no Japão. No ano seguinte, fez estágio na International Video Corpora tion (IVC), em Utah (EUA), fabricante de equipamentos de TV em cores. Em 1976, Bräscher ajudou a montar a Rádio FM Jovem Pan 2 e, em 78, participou da instalação do novo transmissor da Jovem Pan 1, da marca Harris com 50 mil W de potência. Hoje aposentado, continua prestando serviços de manutenção em equipamentos eletrônicos para a Universidade Paulista, do Grupo Objetivo.
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m aking of C L I P E D E R A P A L T O A S T R A L Premiado no último Video Music Brasil (VMB), da MTV, nas categorias Melhor Videoclipe, Melhor Clipe de Rap e Melhor Direção, o clipe do rapper Marcelo D2 é resultado da empatia imediata entre o músico e o diretor, e da perfeita sintonia Rio-São Paulo que surgiu na equipe. “Fui indicado pela gerente de marketing da gravadora, porque o Marcelo queria um acabamento impecável na produção e pediu um diretor que tivesse experiência em publicidade”, explica o diretor Johnny Araújo. Depois de receber o CD e o briefing, Johnny partiu para uma ampla pesquisa de referências. Por sua formação de montador,
ele sempre prefere trabalhar com imagens — e responder ao briefing visualmente. “Às vezes a gente conversa e a outra pes soa fica pensando uma coisa, enquanto a gente pensa outra. Então decidi montar uma fita com as referências visuais que imaginei que estivessem dentro do que ele queria”, diz Johnny. Dentro dessas referências, muitos filmes de Spike Lee e um clipe de Jennifer Lopez que, assim como imaginava o músico, tratava da periferia de uma forma mais alto astral. “A maioria dos clipes de rap tem um clima de violência, mas o Marcelo queria mostrar alguma coisa da infância dele na periferia sem ficar muito pesado”, conta o diretor.
A g i l i d a d e Para isso, foi montada uma equipe híbrida, de paulistas e cario cas. De São Paulo saíram o diretor, o diretor de arte, a pro dução e o figurino. No Rio, foram recru tados os profissionais de fotografia, elétrica e maquinaria. “Pela pri meira vez trabalhei com um platô no set, que é uma figura que não existe em São Paulo. Aqui o produtor de set acumula muitas funções e o set acaba ficando por conta de um assistente que não tem autonomia. Com o platô, a fil
magem foi mais ágil”, comenta Johnny. A verba curta — como é praxe nos clipes — limitou o tamanho da equipe e também seu confor to. O lado paulista da equipe se hospedou em um pequeno apar tamento em Copacabana, duran te dez dias — que incluíram pré-produção e filmagem. “Foi uma imersão total, durante esses dez dias só conversamos e vivemos o clipe. E isso fez com que as coisas rolassem muito mais fáceis”, continua. “Qual quer problema na pré-produção era discutido e resolvido na hora.”
Entre duas r e a l i d a d e s
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A princípio, o briefing de Marcelo D2 relacionava a música com cenas no subúrbio, num dia de sol. As locações escolhidas foram no bairro de Madureira, que mantém até hoje as características do bairro onde ele morou quando criança. “Na mesma hora pensei nos filmes do Spike Lee, que eu adoro e que têm essa característica. Mas sugeri também que fizéssemos imagens à noite, para mostrar um outro lado dele, que é o da balada. Então filmamos numa boate em Copacabana”, diz o diretor. Para entremear as duas realidades, foram feitas imagens em uma barbearia no Leblon, que mantinha as características de barbearia antiga, com a cadeira tradicional e azulejos brancos na parede. Os cenários exigiram uma boa pesquisa de locação, pois a verba restrita obrigou a equipe a trabalhar com locações quase prontas, sem adereços e objetos de cena.
lizandradealmeida lizandra@telaviva.com.br
Em paz com o samba
Além de relembrar a infância, Marcelo D2 também queria homenagear seu pai, antigo sambista. Em todo o disco, o rapper ressalta a importância do samba de raiz na música brasileira, ao contrário da maioria dos rappers que renega o samba. Então, o cantor sugeriu que vários sambistas fos sem reunidos no pagode de sua tia, que aos domin gos serve uma feijoada carioca da melhor qua lidade, regada a muita cerveja e samba. Entre os convidados, estavam Bezerra da Silva e Arlindo Cruz, além de Falcão, do grupo O Rappa. “Trabalhamos na Miguel locação, sem interferir em nada — o pagode é exatamente daquele jei to”, conta Johnny.
icha técnica fTítulo Qual é? • Gravadora Sony Music • Banda Marcelo D2 • Produtora JX Plural • Direção Johnny Araújo • Foto grafia Jacques Cheuiche • Direção de Arte Yukio Sato • Produção Equipe JX Plural • Figurino Gabi Ramos • Casting Carla Chueke • Edição Johnny Araújo • Finalização Equipe JX Plural
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Sensações em três dimensões
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Um novo nicho está surgindo para as produtoras de con teúdo audiovisual: o teatro. As performances em tablado com cenário estático estão dando lugar a peças que usam recursos audiovisuais. De personagens virtuais a cenários animados, vale tudo para contar a história. A Casa de Vídeo & Criação resolveu unir um projeto seu para televisão e o know-how em telões 3D para fazer a peça infantil “Acampamento Legal em 3D — As Bru xas Estão Soltas”. A idéia era juntar histórias, canções, danças e brincadeiras aos efeitos especiais só vistos em cinema e televisão para atrair a atenção das crianças. “Trata-se de um upgrade na imaginação das crianças”, explica o sócio da produtora Helder Peixoto. “Acampamento Legal” era um programa infantil exi bido pela Rede Record. Idealizado para ser um seriado, acabou virando novela, a pedido da própria emissora. Resolveu-se então usar o argumento e os personagens em uma aventura no teatro. O espetáculo, que esteve em car taz no ano passado em São Paulo, voltou aos palcos, no Teatro Folha, de maio até agosto. A história tem início com o plantão jornalístico anunciando a descoberta de uma rara espécie de “semente original”. A partir daí, a peça mostra que uma descoberta pode causar uma revira volta ecológica para a Terra. Os atores dividem a cena com personagens virtuais que, através da tecnologia de projeção 3D, levitam e voam. Para visualizar, o público recebe óculos em 3D que são usados em alguns momentos, como para acompanhar as viagens pelas cavernas ou florestas do acampamento, por exemplo. Não se trata daqueles antigos óculos com uma lente vermelha e outra azul, mas de um sistema que polariza as imagens, mostradas por dois projetores. Graças a isso, os óculos não atrapalham a visão da parte “real” da cena e não precisa ser retirado nas partes da peça
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Casa de Vídeo & Criação busca novos nichos e usa seu conhecimento em projeções 3D em peça teatral infantil.
Seriado da Record virou novela, chegando depois aos palcos teatrais.
sem projeções. O problema da tecnologia é que exige uma tela especial e cara. Além disso, cada óculos custa cerca de US$ 10. Como ao final da peça o público ganhava um brinde do patrocinador (a Parmalat), a produção tinha um meio de garantir o recolhimento dos óculos, já que o público tinha que devolver a peça para ganhar o brinde. “Mesmo assim, tem um custo alto, porque boa parte das peças retornavam para nós com um dos suportes quebrados”, conta o produtor. Fotos: Divulgação
fernandolauterjung fernando@telaviva.com.br
Produção Os vídeos exibidos misturam atores com cartoon. Nos casos em que a projeção na tela serve apenas para fazer o cenário, o que, a princípio, deveria ser uma imagem still, ganhou algumas animações. Sempre tem um morcego voando ou algum tipo de movimento na tela. As projeções que con tam com atores — muitas vezes os mesmos atores que estão no palco, mas após atraves sar um porta ou algo assim — correspondem a cerca de 35% dos 55 minutos de duração da peça. Para criar os vídeos, foram usados os softwares de animação 3D Maya, 3D Studio Max e Softimage. Para a edição e finalização do vídeo, são necessários óculos especiais, ligados ao monitor de vídeo. Os óculos con tam com telas de cristal líquido em cada uma das lentes. Estas telas piscam intercalada mente, dando a sensação 3D. Não é o caso dos óculos usados na sala de teatro. Estes contam com lentes que interpo lam a luz, assim como as lentes instaladas nos dois projetores de vídeo. Assim, a sensação 3D chega a um realismo que causa reações na platéia como tentar desviar de uma pedra que avança para cima do público. A tecnologia levou dois anos para ama durecer dentro da produtora, até que foi Na peça, personagens e objetos virtuais usada em um evento corporativo, principal em terceira dimensão área de atuação da empresa. Por isso a pro se misturam com os atores. dutora já tinha um bom estoque de óculos e
icha técnica fReali zação Casa de Vídeo e Criação • Direção Geral Helder Peixoto • Direção de Produção João Brunelli • Direção do Espetáculo Norival Rizzo • Autor Arman do Liguori • Elenco Fábio Di Martino, Luah Galvão, Marcos Teixeira, Norival Rizzo, Salete Fracarolli, Silvia Menabó, Vera Kowalska, Valéria Sândalo, Ju Colombo, Nathalia Ponce, Bruno Campos, Anna Tereza Peixoto, Jéssica Fernandes de Carvalho, Agata Kissa e Gabriela Pires. • Cenografia Élcio Braga • Coreografia Mar cos Teixeira • Designer Vídeo 3D César Bidoia • Direção de Vídeo Luana Goze • Edição Filipe Godoy • Figurino Cristina Guimarães • Maquiagem Jeanine Pimen ta • Iluminação Helder Peixoto • Trilha Sonora Marco Boaventura e Gustavo Ber nardo • Design Gráfico André Araujo
havia aprendido a fazer uma das peças mais caras da projeção 3D, a tela. Explica-se: a tela usada neste tipo de projeção custa em torno de US$ 10 mil, mas o sócio da produtora e cenógrafo Élcio Braga, misturando tintas e texturas, conseguiu criar uma tela que pro duz o mesmo efeito.
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set 2003
TV de alta indefinição
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outubro de 2003
Radiodifusores lutam por participação
na escolha de um padrão de TV digital. O Congresso da SET 2003, 15ª edição do evento anual Enquanto isso, a definição parece que aconteceu entre os dias 3 e 5 de setembro, contou estar cada vez mais longe. com debates políticos e técnicos sobre radiodifusão. Mais uma vez, o principal assunto em pauta foi a TV digital. E, novamente, a escolha por um padrão se mos trou difícil de ser concretizada no curto prazo. Apesar da vontade do governo A proposta foi duramente criticada em todo federal de que o País tenha TV digital o evento, sendo que a antiga Lei de Informática, até a Copa de 2006, a probabilidade de criada para “proteger” a indústria de software que isso aconteça é pequena. Segundo nacional, foi citada em vários momentos. O os radiodifusores, para que seja viável presidente da SET, Roberto Franco, afirmou na a instalação e o funcionamento da TV abertura que os engenheiros “jamais aceitaram digital nos grandes centros até a próxi adotar padrões que prestem serviços de tercei ma Copa do Mundo, o padrão precisa ro mundo no Brasil”, numa clara exigência estar definido até abril de 2004. de poder adotar no País um sistema capaz de Enquanto o presidente da Anatel, usar todos os benefícios tecnológicos já desen Luiz Guilherme Schymura — ignorando volvidos. Já Fernando Bittencourt, do grupo a proposta do governo de criar um novo Para Schymura, testes já SET/Abert, cobrou maior participação do grupo padrão —, pregava que, com todos os feitos pelo governo são sufi nas discussões referentes à TV digital junto ao testes que já foram feitos, o governo Lula cientes para se escolher um governo. “Os radiodifusores não podem ser coad tem subsídio suficiente para escolher o padrão. juvantes em relação à escolha de um padrão de padrão mais adequado, Marcio Wohlers TV digital”, disse. tentava defender o governo. O assessor especial do Ministério das Comunicações destacou que Vantagens as atenções do governo estão voltadas ao incentivo, ao Para Roberto Franco, a classe dos engenheiros vem desenvolvimento da digitalização e convergência das desenvolvendo e propondo soluções à televisão, mas mídias. Segundo Wohlers, o Minicom está se esforçando sem o devido reconhecimento. Com a decisão do minis para criar uma oportunidade aos setores comercial e de tro Miro Teixeira de desenvolver um sistema nacional, pesquisa para desenvolver um novo padrão e que o siste Franco vê o esperado reconhecimento. “Mas a proposta ma regulatório deve criar regras para o setor sem inibir levanta questões sobre quais são as vantagens em se pro o desenvolvimento. O assessor especial defendeu ainda por um novo padrão”, completou. a criação do sistema brasileiro de TV digital (SBTVD) Fernando Bittencourt afirmou que, caso o Brasil opte como uma maneira de reduzir a dependência tecnológi por desenvolver sistemas de compressão de vídeo e/ou ca do Brasil e “reinserir a ciência e a tecnologia brasilei uma modulação de sinal, não haveria escala e nem capaci ras nos consórcios internacionais”. Wohlers defendeu dade para fabricar circuitos integrados. Com isso, o País a adoção de um novo padrão até a próxima Copa do seria forçado a encomendar os chips de fora. Para ele, o Mundo, como vem defendendo publicamente o ministro melhor é fazer uso da escala mundial dos outros padrões. Miro Teixeira. Bittencourt lembrou ainda que “ninguém gastou menos Fotos: Arquivo
de US$ 500 milhões e cinco anos no desenvol vimento de padrões”. Quanto ao desenvolvimento local de mid dleware (o sistema operacional dos aparelhos receptores), pode acontecer simultaneamen te à adoção de um padrão. “Nenhum middle ware dos padrões internacionais já adotados está realmente pronto”, afirmou. A urgência na adoção de um padrão seria para garantir a transmissão digital na próxima Copa do Mundo. Segundo Bittencourt, a decisão preci sa ser tomada até abril de 2004. Presença A exposição de equipamentos paralela ao SET 2003 contou com 4,5 mil visitantes. Alguns expositores, mais otimistas, comemo ram poder encontrar o mercado e mostrar as novidades em tecnologia e equipamentos. Outros mostraram-se desanimados com o momento do mercado e acreditam que a reali zação do evento este ano representou apenas mais um custo.
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fernandolauterjung do Rio de Janeiro
TV digital no satÉLITE
O CEO da Sky, Ricardo Miranda, afir próximos 24 meses. mou no evento que a operadora de Vale lembrar que, nos EUA, antes DTH tem planos de transmitir em mesmo que as emissoras abertas ini alta definição (HD) até 2005. Segundo ciassem transmissões em alta defini Miranda, os dois canais em que a ope ção, alguns canais pagos lançaram radora transmite programação wides suas versões em HD justamente para creen (para aparelhos com proporção aproveitar a disponibilidade técnica 16:9) têm feito sucesso dos DTHs. Essa possibilida entre os assinantes e “o de, entretanto, passa pela HDTV é o sucessor direto definição do padrão de TV do vídeo em tela larga”. digital aberta para que haja Para o CEO, ainda há falta uma padronização dos equipa de programação em alta mentos receptores. Já existem definição. Além disso, é hoje monitores de alta defini necessário escala para ção sendo vendidos no merca importar os IRDs apropria do brasileiro, mas sem capaci Ricardo Miranda, dos para a tecnologia. da Sky: planos dade de recepção dos sinais, o Mesmo assim, garante que de transmitir que não seria problema para o a operadora deve se dedicar em alta definição DTH já que a decodificação do até 2005. à implantação do HD nos sinal é feita pelo próprio IRD.
radiodifusão
Análise topográfica
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Anatel estuda um meio de disponibilizar para engenheiros e projetistas seu
software de planejamento de A Anatel deve disponibilizar um novo software para pla nejamento de radiodifusão. Segundo o superintendente radiodifusão, desenvolvido pelo de serviços de comunicação de massa da agência, Ara CPqD para a canalização de TV digital. Apkar Minassian, a Anatel estuda a possibilidade de disponibilizar aos radiodifusores e engenheiros projetis tas uma ferramenta desenvolvida pelo CPqD para fazer as propostas de inclusão de canais nos planos básicos (do ponto de geração para a área de recepção, por isso de televisão e de retransmissão de televisão. Trata-se ponto/área) não se verifica nenhuma interferência de um software que é, na verdade, um subproduto do (mancha) em sua propagação. trabalho de canalização da TV digital desenvolvido pela Para a canalização dos 20% restantes, em que apa Fundação CPqD para a Anatel. receram as tais manchas, o planejador precisou utilizar Para viabilizar os canais de TV digital foram toma softwares mais sofisticados, ponto/multiponto, analisando das preliminarmente algumas providências, como con pontos específicos de recepção para resolver o problema gelamento dos planos de PBTV e PBRTV para todo o das interferências. Na verdade, o que se faz é uma espécie País, uma vez que em relação às regiões das capitais de sintonia fina em que, ao ser alterado um ou mais parâ estes já se encontravam congelados; revisão completa metros (potência do transmissor, localização e altura da de todas as possibilidades de interferências; e compati antena), consegue-se evitar as interferências. bilização com o plano de FM, que também interfere em Com o congelamento dos processos de determinados canais de televisão. Para inclusão nos planos básicos de TV e de RTV realizar esta tarefa, o CPqD desenvol de novos canais, foram se acumulando diver veu uma ferramenta de planejamento sos pedidos (são mais de 300 atualmente). de utilização de freqüências. Este soft A Anatel então resolveu abrir para todos ware é alimentado por dois bancos de os radiodifusores e engenheiros projetis dados: o GTOPO, um banco de dados tas a possibilidade de utilizar o software com topografia digitalizada, disponível desenvolvido pelo CPqD (sempre na análise gratuitamente na Internet com margem ponto/área), visando facilitar o trabalho de de erro para os acidentes geográficos de verificação dos planos entregues à Anatel. até 900 metros, e o SITAR, sistema de Até agora isso não foi resolvido de forma informações sobre as radiofreqüências definitiva, mas há consenso sobre o assun utilizadas pelas emissoras autorizadas to, uma vez que este software facilita muito a funcionar pela Anatel. Estas informa o trabalho de engenharia de projetos e sua ções estão disponíveis para qualquer verificação, adiantando todo o trabalho que pessoa no site da agência. Ara Apkar Minassian, anteriormente era feito à mão. Ao mesmo Com a utilização desta ferramenta, tempo, há um ganho para a Anatel, que o CPqD fez 80% da canalização de TV da Anatel, quer tornar a ferramenta pública, também pode fazer a verificação da propos digital. Foram definidas as canalizações mas pode esbarrar ta utilizando um software e economizando pelo sistema ponto/área, em que, defi em questões legais. tempo de seus analistas. nidas as radiais de propagação do sinal Foto: Arquivo
carloseduardozanatta zanatta@paytv.com.br
De qualquer modo, não haveria a obrigatoriedade de utilizar o software desenvolvido pelo CPqD, até porque as grandes redes e os grandes consultores já dispõem de softwares até mais sofis ticados do que este. Oferta Segundo a consultora Heloisa Santana, estão disponíveis no mercado outros
softwares para a análise ponto/multi ponto, por até US$ 17 mil. Além disso, há bancos de dados disponíveis por pre ços bastante compensadores, chegando a custar R$ 300 cada planta numa escala de um por 50 mil, o que dá uma aproximação de até 20 metros, diferen temente do GTOPO que tem escala de um por um milhão e dá uma margem de erro de até 900 metros.
Apesar da aceitação de que o softwa re do CPqD pode ter alguma utilidade, as áreas em que ele não teria utilidade visí vel são as mais complicadas, que exigirão o software importado. Mas não foi feita nenhuma licitação para comprar um soft ware estrangeiro que opere no Brasil. Antes de qualquer providência, a Anatel terá que decidir se pode oferecer os softwares aos radiodifusores e enge nheiros projetistas sem cobrar por eles, o que pode ser interpretado como mal versação de dinheiro público, visto que a agência pagou pelo desenvolvimento deste software. Por outro lado, o CPqD não pode vender ou até mesmo oferecer de graça um produto que não lhe perten ce (mais uma vez a Anatel pagou pelo trabalho). O software pode ser útil, mas ainda falta disponibilizá-lo.
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evento lucianaosório
de Amsterdã telaviva@telaviva.com.br
Custo menor, produção maior
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Lançamentos do IBC 2003 mostram como a queda nos custos de produção
Com uma idéia na cabeça, uma câmera na mão e pode democratizar a produção recursos da tecnologia de produção digital para TV, é audiovisual e incentivar novos talentos. possível fazer programas criativos, com boa qualidade de imagem e com razoavelmente pouco dinheiro. São equipamentos leves, fáceis de operar e acessíveis para visão. Mas esse é apenas um dos impactos da tecnologia produtores independentes, que há alguns anos vêm digital no futuro da produção de TV. revolucionando o mercado televisivo. O IBC 2003, evento anual que aconteceu em setembro último em Menor custo Amsterdã, na Holanda, é uma verdadeira vitrine destes “A mudança mais significativa dos últimos anos é o equipamentos, além de um fórum para debater ques menor custo de produção. O preço dos equipamentos caiu tões como o impacto destas tecnologias no futuro da tanto que vai trazer democracia para a televisão”, opina o programação. A tese é de que máquinas mais baratas consultor de mídia Kenneth Tiven, que ajudou a fundar podem aumentar o número de produções. Essa varie a CNN na Alemanha, na Turquia e a CNN en Español. dade pode significar mais idéias sendo executadas e “Por um longo período só algumas pessoas tinham aces isso pode acabar em mais criatividade para o conteúdo so à produção para televisão. Agora produções muito das TVs. boas podem ser feitas por qualquer um com boas idéias O primeiro impacto do avanço tecnológico é a quali e pouco dinheiro. E amanhã mais e mais pessoas estarão dade da imagem. A Arri testou no IBC uma no meio”, prevê Tiven. Jacob Rosenberg, câmera de vídeo com definição de 72 qua da Adobe, também acredita na diversidade. dros por segundo (fps). Para esse resultado, “O melhor de tudo será a variedade, o fato foi usado na captação da imagem um CMOS, de que mais pessoas terão a oportunidade ao invés do CCD utilizado na maioria das de se expressar”, diz. câmeras digitais. A máquina está em fase de Conforme o consultor da Thomson testes e ainda não existe um formato de arma Grass Valley (TGV) Bob Crites, “com o zenamento definido. Por enquanto, todas as avanço dos equipamentos e a queda nos informações são guardadas num hard disk. preços, pessoas que nunca tiveram a opor A expectativa é que em dois anos sejam lan tunidade de trabalhar com esse equipamen çados aparelhos para captar a 150 fps. to agora podem produzir conteúdo”. “Na tela grande não há nada mais boni Por um custo muito menor do que há to do que um filme em 35 mm. Mas há coi alguns anos hoje é possível comprar equi sas que podem ser feitas digitalmente que “Há coisas que podem pamentos para montar uma estação de nunca poderiam ser realizadas com filme, ser feitas digitalmente produção de TV. A TGV lançou durante como a agilidade de produção”, diz o consul que nunca poderiam ser o IBC pacotes por menos de Ü 60 mil para tor digital do Conselho Britânico de Filmes, realizadas com filme”, produções em estúdio. Estão incluídos no Richard Morris. Com essa câmera da Arri, diz Richard Morris, do kit três estações de edição não-linear Grass o avanço da tecnologia digital permitirá um Conselho Britânico de Valley com PCs, sistema de edição de notí aumento da qualidade de imagens na tele Filmes. cias NewsQ™ Pro e o iVDR M-Series com
>> Fotos: Divulgação
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produções em estúdio. Estão incluídos no kit três estações de edição não-linear Grass Valley com PCs, sistema de edição de notícias NewsQ™ Pro e o iVDR MSeries com oito horas de armazenagem. “A tecnologia digital de baixo custo permi te muito mais flexibilidade e muito mais acesso para produtores independentes e diretores do que cinco anos atrás”, diz Bob Crites. E a previsão é de que o preço dos equipamentos caia ainda mais. Segundo o consultor de treinamento Jeremy Gould, “hoje é muito fácil fazer uma produção de Hollywood a partir de algumas cenas filmadas com uma câmera DV”. “Muitas pessoas que têm grandes companhias de produção começaram com uma câmera pequena”, conta o produtor da Global Digital Videographers Club Jan Van. Ele prevê que as chances de surgir um Steven Spielberg, que começou a filmar com a câmera 8 mm do pai, podem aumen tar. “O maior acesso a equipamentos de produção permitirá que mais estrelas apare çam”, concorda Bob Crites. Criatividade Com mais produtores tendo acesso a equi pamentos de produção, o futuro da pro gramação de TV será mais criativo, dizem alguns especialistas. “Com o baixo custo, pessoas com boas idéias e que saibam fil mar e editar cada vez mais vão poder tentar coisas novas”, diz a diretora de moderniza ção de produção da BBC, Michèle Romai ne. “Algumas técnicas nos permitem testar coisas bem diferentes.” E esses métodos
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são uma ferramenta para tanto, o que vemos é que esses colocar em prática novos produtos de baixo custo não conceitos. são usados por causa dessa Um desses instrumen melhora, mas sim porque per tos é o Skylink, que permi mitem uma grande liberdade te transmissões ao vivo de de criatividade para o produ um carro em velocidade tor”, afirma o gerente geral da de até 40 km/h, com trans JVC, Ian Scott. Um exemplo é missão através de um a produção com câmeras Mini avião voando a nove mil DV menores e mais leves, que metros de altitude. Uma permitem ângulos antes impos antena da marca QinetiQ síveis com as pesadas câmeras instalada na aeronave usa analógicas. “Você não precisa “Em cinco anos vamos tecnologia de radar militar de uma equipe grande para ir à celebrar o aniversário da capaz de capturar imagens rua filmar. Com isso pode não conquista do Everest ao através de multicâmeras. chamar a atenção das pessoas e vivo, de cima da monta Na terra, um transmissor conseguir um sentimento muito nha, para todo o mundo”, Tandberg 3W é usado mais real para a produção”, com diz Michèle, da BBC. até que o carro atinja a pleta Scott. Segundo o diretor velocidade de 10 km/h. O da Ether TV, Rodrigo Sabatini, sistema é compatível com no Brasil esse aumento de pos transmissão analógica e digital ao mesmo sibilidades de criação deveria refletir no tempo e não precisa de GPS para rastrea desenvolvimento de recursos humanos e mento. Essa tecnologia também permite políticas de incentivo à produção indepen produção em qualquer condição meteoro dente. “Devemos nos tornar exportadores lógica e a emissão do sinal também não é de criatividade”, afirma. prejudicada por relevos. O serviço já foi Com maior acesso à tecnologia, mais usado para a cobertura de um Grand Prix ferramentas para criação e resultados pela companhia TPC, da Suíça. com melhor qualidade de imagem, no Talvez com tecnologias como essa o futuro existirão mais produtores, mais futuro da produção de TV seja o de cada experiências e diferentes formatos. Mas vez mais colocar em prática idéias que a essência do conteúdo nunca será deter antes pareciam impossíveis. “Daqui a cinco minada pelo tipo de câmera que você anos nós vamos celebrar o aniversário da terá na mão. conquista do Everest ao vivo, de cima da Segundo Kenneth Tiven, “a questão montanha, para todo o mundo”, prevê será sempre a mesma: alguém tem alguma Michèle. coisa pra mostrar que alguém quer ver? A “Na teoria, equipamento digital permi tecnologia não ajudará a ter boas idéias. te uma boa qualidade de imagem. Entre Só ajudará a realizá-las”.
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OUTUBRO
de Cinema de Juiz de Fora. Juiz de Fora
- MG. Fone: (32) 3212-3399. 7 a 9 — ABTA 2003. Expo Center Norte. Fax: (32) 3215-8291. E-mail: primeiroplano@groiafilmes.com.br. Internet: São Paulo - SP. www.groiafilmes.com.br. Fone: (11) 3120-2351. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Internet: www.abta2003.com.br.
(A vez das crianças)
Em outubro, acontece a primeira edi ção do Festival Internacional BR de Cinema Infantil, que vai levar uma pro gramação de filmes infantis a 14 cidades brasileiras, em 51 salas do Cinemark. No programa, filmes de várias partes do mundo e duas pré-estréias: o nacio nal “Ilha Rá-Tim-Bum em O Martelo de Vulcano”, de Eliana Fonseca, e “Mamãe, Virei um Peixe”, co-produção alemã, dina marquesa e irlandesa. 7 a 12 — III Goiânia Mostra Curtas.
Goiânia - GO. Fones: (62) 229-4397 / 229-3130. E-mail: goianiamostracurtas@hotmail.com. Internet: www.goianiamostracurtas. com.br.
NOVEMBRO (Mais tempo para o Minuto)
Para quem ainda não criou seu vídeo de um minuto sobre o tema “Mãe”, ainda dá tempo: as inscrições para o Festival do Minuto deste ano foram prorrogadas até o dia 10 de outubro. O Festival acontece de 17 a 22 de novembro e seu regulamento completo está no site www.festivaldominuto.com.br 3 a 28 — Curso: Oficina de Realização Cinematográfica. Escuela
Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: alfrec@uol.com.br / patriciamartin@uol.com.br.
3 a 28 — Curso: Direção de Cena. 21 a 25 — Primeiro Plano - 2º Festival Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba.
Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: alfrec@uol.com.br. 13 a 23 — Mix Brasil - XI Festival da
Diversidade Sexual. São Paulo - SP. Fone: (11) 3812-7390. Fax: (11) 3819-5360. E-mail: mixfest@uol.com.br. Internet: www.mixbrasil.com.br. 18 a 25 — XXXVI Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Brasília - DF.
Fone: (61) 325-7777. Fax: (61) 325-5366. E-mail: festbrasilia@sc.df.gov.br. Internet: www.sc.df.gov.br.
27 a 07/12 — XIII Mostra Curta Cinema - 9º Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro.
Fones: (21) 2553-8918/ 2553-2033. Fax: (21) 2554-9059. E-mail: program@curtacinema.com.br. Internet: www.curtacinema.com.br.
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