Revista Tela Viva 136 - Março 2004

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ENTREVISTA ��������������� 20 A ofensiva de Athayde no SBT

TECNOLOGIA �������������� 22 Emissora transmite vídeo sobre rede IP

TRIBUTAÇÃO �������������� 28 Fazenda descredencia produtoras do Simples

PRODUÇÃO INDEPENDENTE ������ 30 Iniciante conquista espaço na Record

Sempre na Tela Editorial ��������������������������������������������������� 3 News ������������������������������������������������������� 4 Scanner ��������������������������������������������������� 6 Figuras ������������������������������������������������� 10 Upgrade ����������������������������������������������� 12 Making of ������������������������������������������� 26 Videoshop ������������������������������������������� 32

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editorial Um ano. Esse é o novo prazo mágico, a partir deste mês de março, para que o Brasil tenha uma definição de seu sistema de TV digital terrestre (DTV), determinado pela estrutura montada pelo governo federal e que está detalhada na matéria de capa desta edição. Não há como deixar de lado certo ceticismo, tanto em relação ao prazo quanto aos pos-

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síveis resultados de um trabalho deste porte. A história da DTV brasileira é como um novelo (ou uma novela?) que se desenrola cada hora em uma nova direção. No governo anterior a diretriz era essencialmente técnica. Foi a fase dos estudos do Grupo SET/Abert, da “emissora-piloto”. Os broadcasters lideravam a pesquisa e seus engenheiros

chegaram até a um veredicto sobre a melhor solução: o padrão japonês, que seria flexível o suficiente para oferecer HDTV, SDTV e mobilidade. No governo Lula a coisa se inverteu. Representantes do governo e universidades e associações, em sintonia com o CPqD, passaram a determinar a agenda, com um tom mais interdisciplinar e focado na questão da tão falada “inclusão digital”. Os broadcasters, afinal os maiores interessados e os que em última instância terão que pagar a conta da transição, ficaram afastados, pelo menos por enquanto. No final, nem uma nem outra linha acabam tocando nas questões centrais de uma decisão sobre o uso desta nova tecnologia. O governo deu apenas diretrizes “genéricas” no documento que definiu o funcionamento do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), dizendo que deveria haver espaço para novos entrantes e mecanismos de inclusão social. Fica a dúvida (e a torcida) se as diferentes instâncias de debates instaladas a partir deste mês poderão responder a algumas questões importantes: Quem ocupará os eventuais novos canais que venham a ser criados? Que modelo econômico sustentará a nova programação, seja em HDTV, seja em SDTV multicanal? Quem arcará com os custos da transição, o mercado publicitário, os radiodifusores, o governo? Como será o controle social destes canais? São coisas que nem sempre podem ser determinadas por uma lei ou uma resolução. A tecnologia tem um papel importante, mas a TV aberta, digital ou analógica, é um tema muito mais amplo, para ser discutido no contexto da comunicação social. A televisão, com sua importância na vida cultural, política e econômica brasileira, não pode ser tratada como um assunto de modulações e compressões, ou como um modelo teórico desvinculado da realidade. Só se fala no medo de “um novo PAL-M”. Mas o que será do conteúdo da TV brasileira nas próximas décadas preocupa bem mais.

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Apos­ta na TV digi­tal Em dis­cur­so afi­na­do com o gover­no Lula e com o minis­tro das Comu­ni­ca­ções, Euní­cio de Oli­vei­ra, Pedro Jaime Zil­ler, pre­si­den­te da Ana­tel, duran­te a aber­tu­ra da Telex­po, no dia 2 de março, em São Paulo, res­sal­tou a impor­tân­cia que está sendo dada pelo gover­no ao Ser­vi­ço de Comu­ni­ca­ções Digi­tais (SCD) e ao Sis­te­ma Bra­si­lei­ro de TV Digi­tal (SBTVD), até como fon­tes de inves­ti­men­tos no País. De acor­do com o pre­si­den­te da Ana­tel, com a defi­ni­ção do SBTVD, só para a con­ver­são dos 65 ­milhões de tele­vi­so­res ana­ló­gi­cos (com a com­pra de con­ver­so­res), há um mer­ca­do esti­ma­do em R$ 5,7 ­bilhões. Na conta de Zil­ler, pelo menos 60% dos usuá­rios de tele­vi­so­res ana­ló­gi­cos com­pra­ rão con­ver­so­res para a DTV. Ao preço médio de R$ 150 o con­ver­sor, chega-se ao mer­ca­do men­cio­na­do por Zil­ler. O pre­si­den­te da agên­ cia acres­cen­ta ainda mais US$ 1,5 ­bilhão de inves­ti­men­tos por parte das redes de TV para ade­quar seus equi­pa­men­tos à DTV.

CCS deba­te Lei Jan­di­ra A Comis­são de Regio­na­li­za­ção e Qua­li­da­de da Pro­gra­ma­ção do Con­se­lho de Comu­ni­ca­ ção ­Social (CCS) rea­li­zou no dia 2 de março uma audiên­cia públi­ca para deba­ter o pro­je­ to de lei (PL) que regu­la­men­ta o arti­go 221 da Cons­ti­tui­ção, esta­be­le­cen­do per­cen­tuais para a regio­na­li­za­ção da pro­gra­ma­ção, da depu­ta­da fede­ral Jan­di­ra Feg­ha­li (PC do B/ RJ). A depu­ta­da pediu aos con­se­lhei­ros do CCS que não sugi­ram modi­fi­ca­ções para evi­ tar a volta do pro­je­to à Câma­ra. Como este é um ano elei­to­ral, difi­cil­men­te o pro­je­to con­ se­gui­ria ser apre­cia­do pela Câma­ra, o que atra­sa­ria ainda mais a sua tra­mi­ta­ção. “Eu me com­pro­me­to a rea­li­zar modi­fi­ca­ções na lei ­depois de sua pro­mul­ga­ção, se for neces­ sá­rio, mas, por favor, não impe­çam esta lei de exis­tir”, pediu a depu­ta­da, dizen­do que já está con­ver­san­do com os sena­do­res, incluin­ do os da ban­ca­da evan­gé­li­ca.

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Para o con­se­lhei­ro Rober­to Wag­ner, dois pon­tos do PL são incons­ti­tu­cio­nais. A pri­ mei­ra é a defi­ni­ção de pro­gra­mas cul­tu­rais, artís­ti­cos e jor­na­lís­ti­cos. Neste inci­so, fica esta­be­le­ci­do um per­cen­tual de até 10% para vei­cu­la­ção de pro­gra­mas reli­gio­sos, o que, segun­do Wag­ner, con­tra­ria a Cons­ti­tui­ ção por­que seria uma forma de dis­cri­mi­na­ ção reli­gio­sa. Outro ponto colo­ca­do como incons­ti­tu­cio­nal por Rober­to Wag­ner é a defi­ni­ção de pro­du­ção inde­pen­den­te, que, para ele, con­tra­ria a Cons­ti­tui­ção pois limi­ta o direi­to de tra­ba­lho. Evan­dro Gui­ma­rães, vice-pre­si­den­te de Rela­ções Ins­ti­tu­cio­nais das Orga­ni­za­ções Globo, tam­bém apre­sen­tou incons­ti­tu­cio­na­ li­da­des no texto. Uma delas seria a de se admi­tir a trans­mis­são de vídeo sob deman­ da por empre­sas de tele­co­mu­ni­ca­ções, permitido ape­nas para as ope­ra­do­ras de TV paga. Ele reco­men­dou ainda que o con­se­lho ouça a opi­nião de emis­so­ras regio­nais.

ABTA tam­bém apon­ta pro­ble­mas Ale­xan­dre Annen­berg, dire­tor exe­cu­ti­vo da ABTA, pro­cu­rou mos­trar aos con­se­lhei­ros do CCS que as diver­sas moda­li­da­des de TV paga (cabo, MMDS e DTH) terão difi­cul­ da­de de cum­prir o esta­be­le­ci­do no pro­je­to de lei. Espe­ci­fi­ca­men­te a TV a cabo, na sua opi­nião, já cum­pre a regio­na­li­za­ção ao ofe­ re­cer um canal para pro­gra­mas edu­ca­ti­vocul­tu­rais e um canal comu­ni­tá­rio. Mas até hoje mui­tos des­ses ­canais não são uti­li­za­ dos jus­ta­men­te por falta de pro­gra­ma­ção dis­po­ní­vel. No caso do MMDS, o pro­ble­ma para se cum­prir o que deter­mi­na o pro­je­to de regio­na­li­za­ção está no fato de a tec­no­lo­ gia per­mi­tir o uso de no máxi­mo 31 ­canais e, em ­ outros casos, só podem ser uti­li­za­ dos 15 ou 16 ­canais. Para o DTH o pro­ble­ ma esta­ria no fato de sua auto­ri­za­ção ser para todo o ter­ri­tó­rio nacio­nal. Outro item colo­ca­do em dis­cus­são pela ABTA é a obri­ ga­to­rie­da­de da vei­cu­la­ção de 50% de pro­ gra­mas ou obras audio­vi­suais nacio­nais

nos ser­vi­ços sob deman­da das empre­sas de tele­co­mu­ni­ca­ções. Annen­berg pon­de­rou que, por se tra­tar de ser­vi­ços de deman­da do clien­ te, é impos­sí­vel cum­prir esta meta.

Con­se­lho Supe­rior de Cine­ma Em ceri­mô­nia no Palá­cio do Pla­nal­to, o pre­ si­den­te Lula ins­ta­lou no dia 11 de feve­rei­ro o Con­se­lho Supe­rior do Cine­ma (CSC). Segun­do Orlan­do Senna, secre­tá­rio para o desen­vol­vi­ men­to das artes audio­vi­suais do Minis­té­rio da Cul­tu­ra, a ins­ta­la­ção do con­se­lho é o pri­mei­ro passo rumo à trans­for­ma­ção da Anci­ne em Anci­ nav (Agên­cia do Cine­ma e Audio­vi­sual). Após esta mudan­ça, de acor­do com Senna, o CSC deve ser trans­for­ma­do em Con­se­lho Supe­rior do Cine­ma e Audio­vi­sual. Para que tanto o con­se­lho quan­ to a futu­ra Anci­nav pos­sam de fato tra­ba­lhar com todo o setor audio­vi­sual, Senna ava­lia que será pre­ci­so fazer alte­ra­ções nas leis que regem o setor de cine­ma e o setor de TV. Espe­ci­fi­ca­ men­te no caso da tele­vi­são, Senna acha que a legis­la­ção é pouco abran­gen­te e neces­si­ta ser atua­li­za­da. Além disso, o secre­tá­rio acre­di­ta que a legis­la­ção do setor audio­vi­sual pre­ci­sa levar em conta a con­ver­gên­cia tec­no­ló­gi­ca. Veja a com­po­si­ção do CSC: • Minis­tros de Esta­do: José Dir­ceu (Casa Civil), Már­cio Tho­maz Bas­tos (Jus­ti­ça), Celso Amo­rim (Rela­ções Exte­rio­res), Anto­nio Paloc­ci (Fazen­ da), Gil­ber­to Gil (Cul­tu­ra), Luiz Fer­nan­do Fur­ lan (Desen­vol­vi­men­to, Indús­tria e Comér­cio Exte­rior), Euní­cio Oli­vei­ra (Comu­ni­ca­ções), Tarso Genro (Edu­ca­ção) e Luiz Gus­hi­ken (da Secre­ta­ria de Comu­ni­ca­ção de Gover­no e Ges­tão Estra­té­gi­ca da Pre­si­dên­cia da Repú­bli­ ca/Secom).

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• Repre­sen­tan­tes da área audio­vi­sual: Rober­to ­Farias (titu­lar) e Mari­za Leão (suplen­te); André Sturm (titu­lar) e Alain Fres­not (suplen­te); Giba Assis Bra­sil (titu­lar) e Vla­di­mir Car­va­lho (suplen­te); Car­los Eduar­do (titu­lar) e Rober­to

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Fran­co (suplen­te); ­Gabriel Priol­li (titu­lar) e Nel­son Hoi­neff (suplen­te); e Luiz Seve­ria­no Ribei­ro (titu­lar) e Edina Fujii (suplen­te). • Repre­sen­tan­tes da socie­da­de civil: Coset­te Alves (titu­lar) e Amir Laba­ki (suplen­te); Sil­ vio Da-Rin (titu­lar) e Car­los Ebert (suplen­ te); e Car­los Augus­to Macha­do Calil (titu­ lar) e Hei­tor Capuz­zo (suplen­te).

Novo pro­je­to para o audio­vi­sual O pre­si­den­te Lula foi o con­vi­da­do de honra da pri­mei­ra reu­nião do Con­se­lho Supe­rior de Cine­ma. Ele ouviu uma expo­si­ção sobre o pro­je­to de reor­ga­ni­za­ção ins­ti­tu­cio­nal do setor audio­vi­sual que está sendo con­du­zi­do pelo Minis­té­rio da Cul­tu­ra, apre­sen­ta­da pelo secre­tá­rio do audio­vi­sual, Orlan­do Senna, e pelo seu asses­sor, ­Manoel Ran­gel. Uma das novi­da­des pro­pos­tas é a clara sepa­ ra­ção, legal e regu­la­tó­ria, das pla­ta­for­mas de tele­co­mu­ni­ca­ções e das audio­vi­suais. A idéia de pro­mo­ver essa sepa­ra­ção é garan­tir que, mesmo com as ino­va­ções tec­no­ló­gi­cas ­atuais e futu­ras, os prin­cí­pios cons­ti­tu­cio­nais da comu­ni­ca­ção ­ social sejam garan­ti­dos; e tam­bém garan­tir a pro­te­ção da iden­ti­da­de cul­ tu­ral nacio­nal e das empre­sas bra­si­lei­ras que hoje pro­du­zem con­teú­dos audio­vi­suais. Outro ponto do pro­gra­ma de rees­tru­tu­ra­ção do setor diz res­pei­to à auto-sus­ten­ta­bi­li­da­ de da ati­vi­da­de de pro­du­ção audio­vi­sual. Serão cria­dos novos meca­nis­mos e ajus­ta­ dos meca­nis­mos ­atuais. Estas alte­ra­ções pas­sam por uma legis­la­ção nova (a pro­pos­ta da Lei Geral do Cine­ma e do Audio­vi­sual) e por uma rees­tru­tu­ra­ção ins­ti­tu­cio­nal da Anci­ne e da Secre­ta­ria do Audio­vi­sual. A Secre­ta­ria do Audio­vi­sual do MinC, pela pro­pos­ta colo­ca­da, deve ­ganhar melho­res ins­tru­men­tos de for­mu­la­ção de polí­ ti­cas. E o Con­se­lho Supe­rior de Cine­ma pas­ sa­ria a ser Con­se­lho Supe­rior de Cine­ma e Audio­vi­sual. Lula, segun­do ­ alguns dos par­ti­ci­pan­tes da reu­nião, gosta do dis­cur­so e do pro­je­to do Minis­té­rio da Cul­tu­ra. Os per­cal­ços para a con­so­li­da­ção des­tas ­idéias são mui­tos, entre­ tan­to. Pas­sam, pri­mei­ro, por um arre­don­da­

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men­to da rela­ção com a TV. ­Depois, depen­ dem de diá­lo­go den­tro do setor de cine­ma. Por fim, pre­ci­sam enfren­tar o Con­gres­so Nacio­nal, já que o mode­lo audio­vi­sual atual, do qual a Anci­ne é o prin­ci­pal pilar, está fun­ da­men­ta­do em uma Medi­da Pro­vi­só­ria e em uma Lei que só podem ser alte­ra­das com o aval da Câma­ra e do Sena­do.

Mudan­ças na Lei Roua­net Orlan­do Senna, secre­tá­rio para o desen­vol­vi­ men­to das artes audio­vi­suais do Minis­té­rio da Cul­tu­ra, disse que até o final de março o MinC deve enca­mi­nhar suas suges­tões para aper­fei­çoa­men­to da Lei Roua­net. No segun­do semes­tre o MinC deve pro­por alte­ra­ções na Lei do Audio­vi­sual. Segun­do Orlan­do Senna, as mudan­ças nas leis de incen­ti­vo pro­pos­tas pelo MinC têm como obje­ti­vo res­ga­tar sua fun­ ção pri­mor­dial, que é incen­ti­var a pro­du­ção inde­pen­den­te.

Fun­dos vol­tam à Jus­ti­ça con­tra Glo­bo­par O grupo Globo ainda não está total­men­te livre do ata­que dos fun­dos GMAM Inves­t­ ment Funds Trust I, Foun­da­tion for ­Research e WRH Glo­bal Secu­ri­ties Poo­led Trust. Os três fun­dos avi­sa­ram no dia 8 de março que vão recor­rer à Ban­kruptcy Court de Nova York (uma espé­cie de corte de falên­cias) con­tra a deci­são da juíza Pru­den­ce Car­ter ­Beatty, que negou o pedi­do dos mes­mos fun­ dos para que a rees­tru­tu­ra­ção da dívi­da da Glo­bo­par fosse feita com base no Chap­ter 11. Trata-se de um capí­tu­lo da legis­la­ção de falên­cias dos EUA que esta­be­le­ce uma série de con­di­ções para uma empre­sa em difi­cul­da­des finan­cei­ras. Os fun­dos, que a Glo­bo­par diz serem todos orques­tra­dos pelo “fundo abu­tre” W.R. Huff, recla­mam uma dívi­da com a empre­sa de US$ 95 ­milhões. Em 19 de janei­ro, a juíza deci­diu, em audiên­ cia con­jun­ta, que os argu­men­tos do grupo Globo eram razoá­veis e não acei­tou o pedi­ do dos fun­dos para que o Chap­ter 11 fosse apli­ca­do. No dia 3 de março a ordem foi ofi­cial­men­te publi­ca­da. Os fun­dos que­rem que a Jus­ti­ça dos EUA seja inter­me­diá­ria na rene­go­cia­ção da dívi­da da Glo­bo­par. A defe­

sa do grupo Globo ­ baseia-se no prin­cí­pio de que a legis­la­ção bra­si­lei­ra é que deve ser apli­ ca­da nesse caso e que o grupo não tem ati­vos nos EUA que jus­ti­fi­quem o enqua­dra­men­to no Chap­ter 11. Ainda não há prazo para uma deci­ são sobre a ape­la­ção. A Glo­bo­par não se sur­preen­de com a deci­são dos fun­dos de recor­rer, reco­nhe­ce que esse direi­to é legí­ti­mo e aguar­da os pró­xi­mos pas­sos da Jus­ti­ça norte-ame­ri­ca­na sobre o caso para tra­çar sua estra­té­gia.

Abert espe­ra ter Rede TV! e ­Record A Abert divul­gou nota ofi­cial sobre o des­li­ga­ men­to da Rede TV! e ­ Record de seu qua­dro de asso­cia­dos. A asso­cia­ção diz lamen­tar “pro­ fun­da­men­te” a saída da TV ­ Record de São Paulo e TV Omega do Rio de Janei­ro (Rede TV!), res­sal­tan­do que espe­ra con­tar, em algum “momen­to futu­ro”, com as duas empre­sas em seu qua­dro de asso­cia­dos. ­Record e Rede TV! dei­xa­ram a Abert em fun­ ção de desen­ten­di­men­tos sobre a forma com que a nego­cia­ção com o BNDES vem sendo con­du­zi­da pela asso­cia­ção. ­ Record e Rede TV!, ao lado do SBT e, em menor esca­la, da Ban­dei­ran­tes, enten­dem que o pro­gra­ma de apoio do gover­no aos gru­pos de comu­ni­ ca­ção não deve ser­vir para o paga­men­to de dívi­das, o que bene­fi­cia­ria sobre­tu­do à Globo, segun­do as empre­sas. O dis­cur­so em sen­ti­do con­trá­rio prega que a ajuda do gover­no venha a gru­pos que valo­ri­ zem a pro­du­ção e o con­teú­do nacio­nal, tese que conta com a sim­pa­tia da Secre­ta­ria de Comu­ni­ca­ção (Secom) e do pre­si­den­te do BNDES, Car­los Lessa, e que está em sin­to­nia com a cam­pa­nha de valo­ri­za­ção do con­teú­do nacio­nal pro­mo­vi­da pela Globo. Não é a pri­mei­ra vez que a ­Record deixa a Abert. O pri­mei­ro rom­pi­men­to vem de 1994. Em 1999, a emis­so­ra saiu da asso­cia­ção para fun­ dar a Abra­tel. Há dois anos, ­ Record, SBT e Ban­dei­ran­tes fun­da­ram a UniTV. Todas são asso­cia­ções que repre­sen­tam os inte­res­ses das emis­so­ras de TV.

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Vídeo-cená­rio O Estú­dio Preto e Bran­co vai par­ti­ci­par do Senna in Con­cert, com dire­ção de José Possi Neto. A festa em home­na­gem a Ayr­ ton Senna será rea­li­za­da no dia 20 de março, no está­dio do Pacaem­bu, em São Paulo, para cerca de 30 mil pes­soas. A pro­ du­to­ra será a res­pon­sá­vel pelo vídeo-cená­rio do even­to, que con­ta­rá com 15 ­telões ­móveis (de 3,30 m x 2,50 m cada), para dar supor­te tri­di­men­sio­nal às ima­gens pro­je­ta­das. A pro­du­to­ra esco­lheu, cole­tou, mon­tou e sin­cro­ni­zou as ima­gens do cená­rio que acom­pa­nha­rão os shows e os dis­cur­sos da festa. As telas des­li­zan­tes abri­rão espa­ços que for­mam peque­nos pal­cos para dis­cur­sos de cele­bri­da­des e auto­ri­da­des con­vi­da­das.

Agito em Sal­va­dor A pro­du­to­ra Alte­ro­sa Cine­ví­deo assi­na a cam­ pa­nha para os apa­re­lhos celu­la­res TIM, cria­da espe­cial­men­te para o Fes­ti­val de Verão de Sal­va­dor para a agên­cia Publi­ven­das. Com dire­ ção de cria­ção de Edmun­do Bravo, o filme foi diri­gi­ do por Tha­les Bahia e Lucas Gon­ti­jo, com um gran­ de supor­te de com­pu­ta­ção grá­fi­ca e ani­ma­ção.

Sob nova direção Paulo Men­don­ça assu­miu a dire­ção geral do Canal Bra­sil. Desde a cria­ção do canal, em 1998, ele era o seu dire­tor finan­cei­ro e con­ sul­tor do Grupo Con­sór­cio Bra­sil. O canal é uma joint-ven­tu­re entre a Glo­bo­sat e o Con­ sór­cio Canal Bra­sil — for­ma­do pelos cineas­ tas Luiz Car­los Bar­re­to, Zeli­to Viana, Marco Alt­berg, Aní­bal Mas­sai­ni e Rober­to Faria, além da Casa­blan­ca ­Finish House e do pró­ prio Paulo Men­don­ça. O exe­cu­ti­vo vem do mer­ca­do finan­cei­ro, tendo atua­do nas Bol­ sas de Valo­res de São Paulo e Rio de Janei­ ro, BM&F (Bolsa de Mer­ca­do­rias e Futu­ros), além de ter rotei­ri­za­do e diri­gi­do pro­du­ções de cine­ma. Wil­son Cunha, que acu­mu­la­va a dire­ção do Canal Bra­sil e do Mul­tis­how, dedi­ca-se agora inte­gral­men­te aos pro­je­tos deste últi­mo.

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Cam­pa­nha bene­fi­cen­te Pela pri­mei­ra vez em seus 20 anos de exis­tên­cia a asso­ cia­ção bene­fi­cen­te cario­ca São Mar­ti­nho pro­cu­rou uma agên­cia de publi­ci­da­ de para divul­gar seu tra­ba­ lho e refor­çar sua marca. A agên­cia esco­lhi­da é a ­McCann-Erick­son Rio de Janei­ro, que criou a cam­pa­ nha “O tra­ba­lho pode ser um cami­nho sem volta”. A cam­pa­nha enfo­ca um dos maio­res dife­ren­ciais da asso­cia­ção, o pro­gra­ma “Mundo do Tra­ba­lho”, que pre­pa­ra ado­les­cen­tes caren­ tes para o mer­ca­do de tra­ba­ lho. A pro­du­ção é da Aca­de­ mia de Fil­mes, com dire­ção de Pie­tro Sar­gen­tel­li.

Refor­ma­ta­ção A Quan­ta Bra­sil, tra­di­cio­nal empre­sa de dis­tri­bui­ção de equi­pa­men­tos de áudio, acaba de ­entrar na área de equi­pa­men­tos de pro­du­ção audio­vi­ sual. A empre­sa lan­çou a esta­ção Prav­da, para cria­ção e edi­ção de vídeo, que vem com a solu­ção ­Liquid, da Pin­na­cle. Além disso, a Quan­ta está tra­zen­do para o País a linha de equi­pa­men­tos de áudio para o con­su­mi­dor final da M-Audio, entre eles a placa Revo­lu­tion 7.1, que tra­ba­lha com até oito ­canais de áudio em 24 bits/192 kHz.

Estre­la do Sul Os tes­tes do saté­li­te Estre­la do Sul 1, lan­ça­do pela Loral ­SkyNet no iní­cio do ano, serão encer­ra­dos no final deste mês de março. A par­tir daí, a empre­ sa lança o ser­vi­ço comer­cial­men­te. Lan­ça­do em janei­ro últi­mo, o satélite tem 41 trans­pon­ders, embo­ra ­falhas elé­tri­cas que apa­re­ce­ram após o lan­ ça­men­to ­ tenham redu­zi­do parte da capa­ci­da­de. Seis trans­pon­ders estão des­ti­na­dos à ­Boeing, que uti­li­za um sis­te­ma de comu­ni­ca­ção de dados via saté­li­te nos ­aviões. Qua­tro ou cinco serão ofe­re­ci­dos ao Bra­sil. Fotos: Divul­ga­ção


Shop­ping show

Polans­ki no Bra­sil O cineas­ta polo­nês Roman Polans­ki vem ao Bra­ sil em março para apre­sen­tar a maior retros­pec­ ti­va de sua obra já rea­li­za­da no País. A mos­tra é uma rea­li­za­ção do Sesc São Paulo e da Urs­zu­ la Gros­ka Pro­du­ções e acon­te­ce de 18 a 25 de março no Cine­Sesc, em São Paulo, e no Sesc Santo André. A pro­gra­ma­ção ­inclui sete cur­tasmetra­gens diri­gi­dos por Polans­ki ainda em sua terra natal, de 1957 a 1962, até a mais recen­te pro­du­ção, “O Pia­nis­ta”, pre­mia­do com o Oscar de ­melhor dire­ção. Tam­bém have­rá exi­bi­ções no Rio de Janei­ro, Belo Hori­zon­te e Curi­ti­ba. Mais infor­ma­ções sobre a mos­tra no Cine­Sesc, fone (11) 3082-0213.

O ParkS­hop­ping Bari­güi, de Curi­ti­ba, é o pro­ta­go­nis­ta da nova cam­pa­nha pro­du­zi­da pela Aca­de­mia de Fil­mes para a Loduc­ca. Refor­çan­do os dife­ ren­ciais do shop­ping nas áreas de lazer, gas­tro­no­mia e con­ su­mo, o filme tem dire­ção de Ané­sio ­ Júnior e foto­gra­fia de ‘Rambo’ ­Hebling ­Júnior.

Triân­gu­lo Minei­ro O Grupo Inte­gra­ção com­prou 50% do capi­tal ­social da Rede Inte­gra­ção, for­ma­da pelas emis­so­ras Inte­gra­ção, União e Ideal, afi­lia­das da Rede Globo na área do Triân­gu­lo Minei­ro. O grupo, per­ten­cen­te à famí­lia Siquei­ra Silva, era sócio da famí­lia Mari­nho na rede de afi­lia­das e, com a aqui­si­ção, passa a ter 100% das três emis­so­ras.

Pala­vras

Inter­na­cio­nal

A GW pro­du­ziu o novo comer­cial da Sal­fer, uma rede de lojas de ­móveis e de ele­tro­do­més­ti­cos do Sul do País. O comer­cial ins­ti­tu­cio­ nal “Pala­vras”, cria­do pela agên­ cia Pollo, Equi­pe e Borg­hoff, de Santa Cata­ri­na, mos­tra diver­sos ambien­tes de uma resi­dên­cia. Em cada espa­ço são des­ta­ca­dos peque­nos atos do coti­dia­no que tra­zem pra­zer e feli­ci­da­de às pes­soas.

A pro­du­to­ra pau­lis­ta­na Trat­to­ria está por trás do pri­mei­ro filme de uma cam­pa­nha inter­na­cio­nal cria­da pela Young & Rubi­ cam para a Dano­ne. O comer­cial, diri­gi­do por Gui­lher­me Rama­lho, será vei­cu­la­do em Por­tu­gal.

Canal pago edu­ca­ti­vo A TV Cul­tu­ra quer fazer um canal por assi­na­tu­ra dedi­ca­ do à pro­gra­ma­ção infan­til, total­men­te nacio­nal. Segun­ do o pre­si­den­te da Fun­da­ção Padre Anchie­ta, Jorge da Cunha Lima (foto), os divi­den­dos gera­dos pelo novo canal pago, dese­nha­do ini­cial­men­te sobre o acer­vo da emis­so­ra, serão rever­ti­dos em seu pró­prio bene­fí­cio. O canal deve gerar mais pro­du­ção para a rede aber­ta e fecha­da. “Vamos usar todos esses divi­den­dos para trans­for­mar a TV Cul­tu­ra num gran­de cen­tro de pro­du­ção para a Amé­ri­ca Lati­na”, diz Cunha Lima. O canal — ainda sem nome, até o fecha­men­to desta edi­ção — deve­rá estar total­men­te for­ma­ta­do até abril, de acor­do com Mauro Gar­cia, con­tra­ta­do pela Cul­tu­ra para desen­vol­ver o pro­je­to. Na sua pre­vi­são, a par­tir do pri­mei­ro ­milhão de assi­nan­tes o canal já esta­rá desen­vol­ven­do con­teú­do local iné­di­to em volu­me sig­ni­fi­ca­ti­vo.

Modu­la­dor nacio­nal O pro­je­to de TV digi­tal desen­vol­vi­do em par­ce­ria entre a ­Linear Equi­pa­men­tos Ele­trô­ni­cos e o Ina­tel (Ins­ti­tu­to Nacio­nal de Tele­co­mu­ni­ca­ções) foi apre­sen­ta­do na Telex­po, no iní­cio deste mês de março, em São Paulo. Trata-se de um modu­la­dor desen­vol­vi­do para ser uti­li­za­do em qual­ quer ­ padrão de TV digi­tal. Segun­do o Ina­tel, em tes­tes rea­li­za­dos, o modu­la­dor alcan­çou desem­pe­nho acima dos índi­ces deter­mi­na­dos pela Ana­tel.


Ele se chama Celso Franco Soares de Camargo, mas não tente chamá-lo pelo nome. Para o mercado, ele é o Not Dead, ou simplesmente Not. O apelido vem do tempo que era punk e skatista profissional. Fui me ins­cre­ver numa com­pe­ti­ção de skate e me dis­se­ram que eu pre­ci­sa­va ter um ape­li­do. Como eu era punk, disse Punk Not Dead. Aí virei o Not Dead.

Filho do publi­ci­tá­rio Fer­nan­do Soa­res de Camar­go, sem­pre teve con­ta­to com as áreas de pro­du­ção e cria­ção. Mas vivia do skate. Em 86, era ska­ tis­ta e fui con­vi­da­do para tra­ba­lhar na pro­du­ção do pro­gra­ma “Grito da Rua”. Foi quan­do tive con­ta­to pela pri­mei­ra vez real­men­te com a área. Aí veio o Col­lor e per­de­mos o patro­cí­nio tanto do pro­gra­ma quan­to do espor­te. Então uns agen­tes ven­de­ram umas apre­sen­ta­ções ­minhas para Por­tu­gal e aca­bei fican­do por lá um tempo.

Not dead

Em Por­tu­gal, Not come­çou a tra­ba­lhar num curso téc­ni­co em espe­tá­cu­los, que ofe­re­cia aulas de circo, tea­tro etc. Sua fun­ção era pre­pa­rar os equi­pa­ men­tos neces­sá­rios para as aulas. No curso, conhe­ceu outro Celso, que tinha sido câme­ra da Globo e esta­va tra­ba­lhan­do na equi­pe da nove­la por­ tu­gue­sa “A Ban­quei­ra do Povo”, pro­du­zi­da em sua maio­ria por bra­si­lei­ros. O dire­tor era o Wal­ter Avan­ci­ni e o pro­du­tor, o Luiz Car­los Labor­da. O amigo deu a dica que esta­vam pre­ci­san­do de pes­soas na equi­pe e Not foi lá con­fe­rir. A vaga era de con­tra-regra. Ao che­gar, topou com Labor­da, com­ple­ta­men­te estres­sa­do. Not não tinha a menor idéia do que fosse con­tra-regra e ficou espe­ran­do horas para ser entre­ vis­ta­do. Foi quan­do o pro­du­tor che­gou e gri­tou: “Então, você é mais um con­ tra-regra?” Na hora, Not res­pon­deu: “Não, ­senhor. Se exis­tem ­regras, são para serem cum­pri­das”. Foi enxo­ta­do ime­dia­ta­men­te. Ia sain­do quan­do outro pro­du­tor, deses­pe­ra­do, per­gun­tou se ele conhe­cia

Com pas­sa­gens pela DPZ, Calia Assun­ção e Publi­cis Sal­les Nor­ton, Fabia­no Beral­do (foto) é o novo con­tra­ta­do da Aca­de­mia de Fil­mes Inter­na­cio­nal. Ele vai uti­li­zar seu conhe­ci­men­to em aten­di­men­to na área inter­ na­cio­nal para aumen­tar a fatia de mer­ca­do da pro­du­to­ra.

A pro­du­to­ra pau­lis­ta­na Trat­to­ria con­tra­tou

Rena­to Amo­ro­so, que troca a car­rei­ra de

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dire­tor de arte em agên­cias pela de dire­tor de comer­ciais. A con­tra­ta­ção, segun­do Eitan Rosen­ thal, da Trat­to­ria, “é mais uma opor­tu­ni­da­de do que uma estra­té­gia da empre­sa. Trata-se de um dire­tor que traz expe­riên­cia na esté­ti­ca publi­ci­tá­ria”.

A Digi­tal 21 refor­ça seu time com a con­tra­ta­ ção de André Wal­ler e ­Vivien Har­ris Carel­li. Wal­ler tra­ba­lha­va nos Estú­dios­Me­ ga como super­vi­sor de efei­tos em fil­mes publi­ ci­tá­rios e em lon­gas-metra­gens, tendo par­ti­ci­ pa­do de tra­ba­lhos como a cam­pa­nha “Mediz” (Gra­dien­te) e os fil­mes “Caran­di­ru” e “O Homem do Ano”. Antes, tra­ba­lhou na Cons­pi­ ra­ção Fil­mes e na Casa­blan­ca ­Finish. Já ­Vivien tra­ba­lhou por qua­tro anos na Cen­tral Globo de Pro­du­ção como edi­to­ra de video­gra­fis­mo. Tam­bém acu­mu­la pas­sa­gem pela ­Ogilvy, onde fez está­gio em com­pu­ta­ção grá­fi­ca.

Fotos: Gerson Gargalaka (Not Dead) e Divul­ga­ção


certo hotel e se pode­ria ir lá bus­car uma atriz da nove­la. Not não per­deu tempo. Falei que ia, ­peguei o carro e trou­xe a atriz. Quan­ do vol­tei, esta­vam todos deses­pe­ra­dos, que­ren­do saber quem eu era. Aí expli­quei que tinha sido man­da­do embo­ra, mas que não podia per­der aque­la chan­ce. O Avan­ci­ni gos­tou da minha ini­cia­ti­va e me cha­mou para ser assis­ten­te de pro­du­ção. Ainda

na Deze­no­ve, e em “Bicho de Sete Cabe­ças”, na Buri­ti. Con­ti­nua­va fazen­do de tudo um pouco, mas ­depois que apren­deu o que era, aca­bou gos­tan­do mesmo de ser con­tra-regra. Fico res­

em Por­tu­gal, teve a opor­tu­ni­da­de de tra­ba­lhar em seu pri­mei­ ro longa-metra­gem, “A Casa dos Espí­ri­tos”. Fui assis­ten­te de

pon­sá­vel por admi­nis­trar tudo de obje­tos que tem a ver com os ato­res. O con­tra-regra é um link entre a dire­ção, o elen­co, a dire­ ção de arte e a con­ti­nui­da­de. A gente acaba desen­vol­ven­do uma rela­ção ótima com os ato­res, por­que temos que pas­sar segu­ran­ ça, mos­trar que tudo foi pre­pa­ra­do e que o ator pode con­fiar.

gar­çom, mas conhe­ci a Wyno­na Rider, a Glenn Close, o ­ Jeremy Irons.

Essa expe­riên­cia está fazen­do com que Not tam­bém seja requi­ si­ta­do em pro­du­ções de publi­ci­da­de. ­ Alguns fil­mes são com­

Em 94, vol­tou para o Bra­sil e foi tra­ba­lhar na pro­du­to­ra de even­tos de um cunha­do, onde fazia per­for­man­ces. O pro­du­tor Caio Gul­la­ ne, hoje sócio da Gul­la­ne Fil­mes, tam­bém era ator per­for­má­ti­co por lá. A ami­za­de o apro­xi­mou mais uma vez do cine­ma. Um dos pri­mei­ros fil­mes da pro­du­to­ra foi “Atra­vés da Jane­la”, de Tata Ama­ral, e Not esta­va na equi­pe. Nesse come­ço fiz de tudo, fui ator, pro­du­tor de arte, con­tra-regra, moto­ris­ta, pro­du­tor de loca­ção. ­Depois disso, ficou res­pon­sá­vel pela Man­são Jaf­fet, onde foi fil­ma­ do o “Cas­te­lo Rá-Tim-Bum”. Essa pro­fu­são de fun­ções ren­deu uma piada dos ami­gos, que gerou goza­ções por mais de três anos — e uma mudan­ça na ficha de ins­ cri­ção do nosso Guia Tela Viva. Receb ­ em ­ os a ficha de ins­cri­ção

pli­ca­dos, e em geral a publi­ci­da­de não tem con­ti­nuís­ta. Então ajudo a dire­ção de arte, con­cen­tran­do em mim tudo o que tem a ver com os ato­res, tiran­do a sobre­car­ga do assis­ten­te de dire­ ção. Esse mer­ca­do está sendo muito pro­mis­sor, mas na ver­da­ de o cine­ma é a gran­de pai­xão, por­que é onde a gente colo­ca nosso nome.

do Guia e me pedi­ram para assi­na­lar as fun­ções que desen­vol­via. Mar­quei uns três qua­dra­di­nhos e ­ alguém, para me zoar, foi lá e mar­cou mais um monte, todos de coi­sas que eu esta­va fazen­do no filme. Quan­do o Guia saiu, eu esta­va em onze fun­ções. Quase morri de ver­go­nha. A par­tir daí, o Guia Tela Viva pas­sou a con­fe­rir com

mais rigor as fun­ções que uma mesma pes­soa assi­na­la na ficha de ins­cri­ção. Em 96, deci­diu dar um tempo em Goiâ­nia, onde vive a famí­lia de sua espo­sa. Um ano tra­ba­lhan­do em publi­ci­da­de e a cida­de já come­çou a ficar peque­na. O pes­soal de São Paulo fica­va me ligan­do, pedin­do para eu vol­tar. De volta, fez quase todos os fil­ mes da Gul­la­ne, e tam­bém tra­ba­lhou com Car­los Rei­chen­bach

Marco Alt­berg gra­vou as pri­mei­ras ima­gens da quar­ta tem­po­ra­da da série “Joana e Mar­ce­lo”, pro­du­zi­da pela M.Alt­berg Cine­ma e Vídeo e exi­bi­do no canal Mul­tis­how. As cenas foram gra­va­das no sam­bó­dro­mo, duran­ te o ­ ensaio téc­­ni­co da Man­guei­­ra. No des­fi­le ofi­cial, Ale­xan­ dre Bor­­ges, no papel de Mar­ce­lo na série, saiu como o mari­do de Xica da Silva.

Em para­le­lo com seu tra­ba­lho nos lon­gas, Not man­tém o hobby do skate e come­çou a desen­vol­ver outra habi­li­da­de, diri­gin­do cli­pes para ban­das de Goiâ­nia. Essa inten­sa rela­ção com a cida­de, onde passa todas as ­férias, resul­tou num con­vi­te que já foi acei­ to: em abril, ele se muda para lá, onde pre­ten­de pas­sar seis meses do ano como dire­tor. Nos ­outros seis, vai con­ti­nuar tra­ba­lhan­do em lon­gas em São Paulo. Lá vou tra­ba­lhar com a agên­cia AMP Pro­ pa­gan­da e com a pro­du­to­ra Arte Supre­ma. Enquan­to isso, cole­cio­na his­tó­rias diver­ti­das dos lon­gas em que tra­ ba­lha. Em “Nar­ra­do­res de Javé”, por exem­plo, par­ti­ci­pou da equi­pe de fren­te, que foi para a vila de Game­lei­ra da Lapa, na Bahia, onde o longa foi roda­do. Quand ­ o che­ga­mos lá des­co­bri­mos que o pes­ soal era vizi­nho do lixo. Não tinha cole­ta, então reco­lhe­mos o lixo da cida­de intei­ra e come­ça­mos a fazer um tra­ba­lho de cons­cien­ti­za­ção com a popu­la­ção, ensi­nan­do as pes­soas a ensa­car o lixo. ­Fiquei conhe­ci­do como o gari da Game­ lei­ra. Hoje a pre­fei­tu­ra da cida­de vizi­nha manda o cami­nhão de lixo e a cida­de tem cole­ta.

Com a rees­tru­tu­ra­ção do “Jor­nal da Band”, a emis­so­ra conta com novos pro­fis­sio­nais em seu depar­ta­men­ to de jor­na­lis­mo. Car­los Nas­ci­ men­to (2) é o novo ânco­ra do tele­ jor­nal notur­no. Joel­mir ­Beting (1) ­en­trou como comen­ta­ris­ta eco­ nô­mi­co e Maria­na Fer­rão (3) , como edi­to­ra do tempo.

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A Gemini Video está reestruturando sua matriz no Rio de Janeiro para melhorar sua oferta de serviços de tra­dução em legendagem e dublagem. O núcleo de serviços lingüísticos será coordenado por Sabrina Martinez, que cuidará da área de tradução de documentários e musicais. Nelson Rodrigues passa a coordenar a área de seriados e filmes e Nick Magrath cuidará da área de esportes e versões internacionais.


Cami­nhão de tec­no­lo­gia Pro­gra­ma­som monta uni­da­de móvel totalmente digital A Pro­gra­ma­som pôs na rua seu novo cami­nhão de pro­du­ ção. A uni­da­de móvel foi mon­ta­da no Bra­sil pela Car­bus, sobre um cami­nhão Volks­wa­gen. Inau­gu­ra­do na cober­tu­ra da últi­ma edi­ção do São Paulo Fas­hion Week, a uni­da­de móvel foi “cria­da para ter segu­ran­ça”, diz Mario Luiz Santi, sócio da pro­du­to­ra. A preo­cu­pa­ção foi tanto na segu­ran­ça físi­ca do cami­nhão, que é moni­to­ra­do via saté­li­te e conta com trava ele­trô­ni­ca que pode ser acio­na­da à dis­tân­cia; quan­to na con­fia­bi­li­da­de dos equi­pa­men­tos, que con­tam com fonte redun­dan­te e são ali­men­ta­dos por sis­te­ma elé­tri­co inte­li­gen­te e moni­to­ra­do. Com isso, mesmo no caso de uma pane elé­tri­ca ou falta de ener­gia, tudo den­tro do cami­nhão con­ti­nua fun­cio­nan­do, sem pau­sas. Equi­pa­do com um trans­for­ma­dor de 40 KVAs, o veí­cu­lo des­ti­ na 20 KVAs para os equi­pa­men­tos pró­prios. O res­tan­te pode ser para ali­men­tar equi­pa­men­tos exter­nos, como um video­ wall, por exem­plo. As entra­das de ener­gia supor­tam 380 V, 220 V e ainda gera­dor. O no-break garan­te o fun­cio­na­men­to dos equi­pa­men­tos por ­ alguns minu­tos, enquan­to a fonte de ener­gia é tro­ca­da para gera­dor, em caso de um ble­cau­te. O cami­nhão tem sus­pen­são a ar, para evi­tar cho­ques na parte inter­na, e pés hidráu­li­cos, per­mi­tin­do nive­lar o veí­cu­lo quan­ do esta­cio­na­do em vias incli­na­das. Assim, pode-se cor­ri­gir um des­ní­vel de até 65 cm. Conta ainda com iso­la­men­to tér­mi­co/ acús­ti­co e dois con­di­cio­na­do­res de ar. Quan­to aos equi­pa­men­tos de pro­du­ção, a uni­da­de móvel da O switcher digital da Ross permite a saída de dois sinais independentes.

Mario Luiz Santi e os controles de câmera: capacidade para até 12 unidades.

Pro­gra­ma­som está toda pre­pa­ra­da para pro­du­zir no for­ma­to 16:9, con­tan­do com seis câme­ras Sony D50 e 12 con­tro­les remo­ tos de câme­ras. “O cine­gra­fis­ta só apon­ta a câme­ra, o resto é con­tro­la­do de den­tro do cami­nhão”, expli­ca Santi. Todos os equi­pa­men­tos são man­ti­dos em fase pelo gera­dor de pulso ­Leitch 1601. A moni­to­ra­ção téc­ni­ca é feita por equi­ pa­men­tos Ross. A fabri­can­te foi quem for­ne­ceu o rotea­dor Kon­dor 32 x 32 e o swit­cher digi­tal com pai­nel de con­tro­le ­Synergy 100. Os moni­to­res do swit­cher são todos Sony, de cris­tal líqui­do. O cami­nhão é equi­pa­do ainda com con­ver­so­res ana­ló­gi­co/digi­tal, dois VTRs Beta ana­ló­gi­cos, dois VTRs Beta digi­tal, VTR DVCAM e DVD. “Como o swit­cher Ross per­mi­te dar duas saí­das, uma pode ir com logo­ti­po da emis­so­ra, vinhe­ tas e reló­gio e a outra é gra­va­da ‘­limpa’”. O cami­nhão conta tam­bém com uma ilha de edi­ção Avid ­XPress. Para o futu­ro, Santi pla­ne­ja com­prar oito ­ replays EVS, para gerar sinal ao vivo e ainda gra­var todas as câme­ras em sepa­ra­do. O veí­cu­lo é equi­pa­do com uma sala para áudio, iso­la­da acus­ti­ca­ men­te. Nela, estão a mesa de 40 ­canais Sound­craft e as cai­xas de refe­rên­cia, tudo da Yama­ha, e um CD pla­yer ­Newark. A comu­ni­ca­ção é feita por um equi­pa­men­to Zeus, que pode ter um Nex­tel conec­ta­do para garan­tir que toda a comu­ni­ca­ ção seja feita pelo mesmo equi­pa­men­to. Segun­do Mario Luiz Santi, a pro­du­to­ra inves­tiu no cami­nhão cerca de R$ 2 ­milhões. www.programasom.com.br

Fotos: Divulgação

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N達o disponivel


Contra o relógio O Brasil tem, a partir de agora, um ano para escolher seu sistema de TV digital. Nesse período, um padrão nacional será desenvolvido, comparações com os estrangeiros serão feitas e o modelo de negócios será definido. Essa é a teoria. A prática ninguém conhece.

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Come­çou a cor­rer no dia 10 deste mês de março o aper­ta­dís­si­mo prazo de 12 meses para que seja defi­ ni­do qual ­padrão de TV digi­tal ter­res­tre o Bra­sil ado­ ta­rá. A não ser que haja um novo decre­to mudan­do esse prazo, é a últi­ma data de um pro­ces­so que já se arras­ta desde 1999, quan­do foram ini­cia­dos os pri­ mei­ros tes­tes com os ­padrões inter­na­cio­nais em solo bra­si­lei­ro. Ao final des­ses 12 meses, o gover­no pre­ci­ sa­rá dizer qual o mode­lo de negó­cios da TV digi­tal bra­si­lei­ra, qual a tec­no­lo­gia, qual a polí­ti­ca indus­trial ine­ren­te, quais as par­ce­rias inter­na­cio­nais e quais as mudan­ças regu­la­tó­rias neces­sá­rias. Muita coisa, por­ tan­to, pre­ci­sa­rá acon­te­cer até março de 2005. Mas a pri­mei­ra delas já com­preen­de um pro­ble­ma sem pre­ ce­den­tes na his­tó­ria do País: coor­de­nar o tra­ba­lho de cerca de 32 ins­ti­tui­ções de pes­qui­sa com mais de 130 pes­qui­sa­do­res. E a pri­mei­ra ques­tão que se colo­ca é: será que esse pro­ble­ma tem solu­ção? O pre­si­den­te Lula fez uma opção por desen­vol­ver um sis­te­ma bra­si­lei­ro de TV digi­tal. Quer ter uma opção nacio­nal para com­pa­rar com os três ­padrões de TV digi­tal exis­ten­tes no mundo na hora de esco­lher. Para usar ana­lo­gia de um dos inte­gran­tes do gover­no mais envol­vi­do com o pro­ces­so, não se deci­diu rein­ven­ tar a roda, mas fazer um novo carro, “tal­vez com um motor­zi­nho ­ melhor”. Uma espé­cie de Gur­gel da TV digi­tal (essa com­pa­ra­ção não é do gover­no), desde que, é claro, esse carro encon­tre um futu­ro ­melhor para o seu sis­te­ma do que encon­trou Ama­ral Gur­gel com sua fábri­ca nacio­nal de veí­cu­los.

A pri­mei­ra etapa do tra­ba­lho será, então, coor­de­ nar as pes­qui­sas des­sas 32 ins­ti­tui­ções. Em novem­bro de 2003, o Minis­té­rio das Comu­ni­ca­ções reu­niu todas elas em Cam­pi­nas, clas­si­fi­cou cada pes­qui­sa­dor em rela­ção às suas capa­ci­da­des de desen­vol­ver pro­je­tos em cada uma das áreas das pes­qui­sas e pas­sou a dese­ nhar um mode­lo de como gerir esse tra­ba­lho. A pri­mei­ra cons­ta­ta­ção é que o volu­me de pes­qui­ sas em cada uma das áreas é desi­gual. Por exem­plo, as pes­qui­sas rela­cio­na­das a ter­mi­nais de recep­ção de TV digi­tal têm ape­nas nove pes­qui­sa­do­res capa­ci­ta­dos. As pes­qui­sas de difu­são e aces­so têm bem mais: 75. Já as pes­qui­sas em ser­vi­ços e con­teú­do têm cerca de 45 pes­ soas no Bra­sil que o gover­no iden­ti­fi­cou como capa­zes de desen­vol­ver tra­ba­lhos na área. A idéia do gover­no é tam­bém enco­men­dar pes­ qui­sas com base na capa­ci­da­de de cada ins­ti­tui­ção. Esse tra­ba­lho come­ça agora. A par­tir de março, será dado um prazo muito curto para que as uni­ver­si­da­ des digam o que que­rem e o que podem fazer. O Grupo Ges­tor, que é a ins­tân­cia do gover­no res­pon­ sá­vel por admi­nis­trar o dia-a-dia dos tra­ba­lhos de desen­vol­vi­men­to do ­ padrão bra­si­lei­ro, vai rece­ber essa mon­ta­nha de pro­pos­tas, olhar uma a uma, deci­ dir o que se encai­xa ou não se encai­xa no pro­je­to, qual o prazo neces­sá­rio para cada uma das eta­pas, qual o mon­tan­te de recur­sos a ser alo­ca­do naque­la tare­fa espe­cí­fi­ca e enco­men­dar o rela­tó­rio. É claro que o Grupo Ges­tor, for­ma­do por téc­ni­cos de oito minis­té­rios e Ana­tel, não tra­ba­lha­rá sozi­nho, pois


samuelpossebon samuca@paytv.com.br

seus inte­gran­tes não estão dedi­ca­dos ape­nas à TV digi­tal. Cabe­rá ao CPqD, como ins­ti­tui­ção con­tra­ta­da, ope­ra­cio­ na­li­zar esse tra­ba­lho de rece­bi­men­to de pro­pos­tas, aná­li­se, repas­se de ver­ bas, con­so­li­da­ção dos rela­tó­rios. Pare­ ce lou­cu­ra? O Minis­té­rio das Comu­ ni­ca­ções, que coor­de­na o tra­ba­lho, garan­te que não. Pre­ten­de usar mode­ los infor­ma­ti­za­dos de geren­cia­men­to de pes­qui­sas e ­ cobrar as ins­ti­tui­ções pelo bolso. Ao todo, estão alo­ca­dos do Funt­tel (fundo de pes­qui­sa tec­no­ló­gi­ ca em tele­co­mu­ni­ca­ções) cerca de R$ 65 ­ milhões para essa pri­mei­ra etapa do tra­ba­lho. Além disso, lem­bra um dos inte­ gran­tes do Grupo Ges­tor, já exis­te hoje muita pes­qui­sa em anda­men­to, pra­ti­ ca­men­te con­cluí­da. Do total de pes­qui­ sa­do­res, cerca de 80 são dou­to­res que vêm há ­ alguns anos desen­vol­ven­do seus tra­ba­lhos na área. Esse não é o

momen­to, diz uma fonte do Mini­com, de incen­ti­var novas pes­qui­sas no Bra­ sil sobre TV digi­tal. Não há tempo. “É pre­ci­so apro­vei­tar quem já está tra­ba­ lhan­do”, diz. O que o gover­no faz é, no máxi­mo, enco­men­dar com­ple­men­tos à pes­qui­sa para que ela se encai­xe no que­bra-cabe­ça. Outra coisa que não será ban­ca­da pelo gover­no, pelo menos não nesse momen­ to, é a gera­ção de con­teú­do para TV digi­tal. “É impor­tan­te ter em mente que, sem ­ nenhum inves­ti­men­to do gover­ no, muita coisa já foi pro­du­zi­da”, lem­ bra a fonte do Grupo Ges­tor. Prazo apertado Se todo o que­bra-cabe­ça tem 12 meses para ser mon­ta­do, quan­to tempo terão os 130 aca­dê­mi­cos para entre­gar seus tra­ba­lhos? Segun­do o gover­no, não mais do que qua­tro,

cinco meses. É pro­vá­vel que as ins­ti­ tui­ções de pes­qui­sa se aglu­ti­nem para oti­mi­zar o tra­ba­lho e ­ ampliar as ver­ bas. O gover­no quer que isso acon­te­ ça. Dessa forma, serão menos pro­je­tos e menos rela­tó­rios a serem ana­li­sa­dos. Cada pro­pos­ta de pes­qui­sa entre­gue ao gover­no tem que ter cro­no­gra­ma, orça­men­to, exe­cu­ção orça­men­tá­ria. Mas quem fis­ca­li­za o tra­ba­lho? Essa fun­ção deve ficar com o CPqD, ape­sar das crí­ti­cas que sur­gem nos meios aca­ dê­mi­cos em rela­ção ao espa­ço que o gover­no dá a esse ins­ti­tu­to, que é hoje uma fun­da­ção pri­va­da. Na visão do Grupo Ges­tor, exis­ tem ­ alguns pro­ble­mas poten­ciais que devem sur­gir daqui para fren­te. O pri­mei­ro é gente que apa­re­ce­rá em cima da hora pedin­do dinhei­ro para pes­qui­sar algo que não esta­va con­ tem­pla­do no pro­je­to ini­cial. ­Depois, o gover­no prevê que algu­mas uni­ver­si­da­ des devem ­entrar em con­fli­to duran­te o pro­ces­so, até por uma com­pe­ti­ti­vi­ da­de natu­ral exis­ten­te nesse meio. A rela­ção com o CPqD tam­bém deve ser foco de atri­tos. Tam­bém há o pro­ble­ ma de cap­tu­ra dos pes­qui­sa­do­res bra­ si­lei­ros pelos ­ padrões inter­na­cio­nais, que dis­põem de muito mais recur­sos e enca­ram a ques­tão da TV digi­tal bra­ si­lei­ra não como um pro­je­to de gover­ no, mas sim como um negó­cio em que vão inves­tir o que for neces­sá­rio. No ano pas­sa­do, reve­la uma fonte, ­alguns pes­qui­sa­do­res foram con­vi­da­dos para ir ao exte­rior conhe­cer labo­ra­tó­rios dos ­ outros ­ padrões. Tam­bém foram aber­tas ­ linhas de finan­cia­men­to de pes­qui­sas espe­cí­fi­cas para os ­ padrões

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inter­na­cio­nais, ban­ca­das por seus paí­ses de ori­gem e/ou deten­to­res de royal­ ties. Esse fato em si não é um pro­ble­ma, na visão do gover­no. “Só é impor­tan­te que se man­te­nha o com­pro­ mis­so da neu­tra­li­da­de na pes­qui­sa”, diz um obser­ va­dor do Mi­ni­com. Quem deci­de qual­quer coisa, no final das con­tas, é o Comi­ tê de De­sen­vol­vi­men­to, onde estão dez minis­tros e o pre­si­den­te da Repú­bli­ca.

organograma Projeto SBTVD

Comitê de Desenvolvimento

Grupo Gestor

Órgão executor (CPqD)

Mode­lo de negó­cios Ven­ci­da a etapa de coor­ de­na­ção das pes­qui­sas, pre­ci­sa­rá ser equa­cio­na­da a parte mais com­ple­xa do tra­ba­lho, que é a defi­ni­ção do mode­lo de negó­cios. As esco­lhas tec­no­ló­gi­cas sem dúvi­da influen­ciam nas pos­si­bi­li­da­ des de ser­vi­ços e, por­tan­to, de mode­los eco­nô­mi­cos da TV digi­tal. É por isso que algu­mas dis­cus­sões devem ocor­rer para­le­la­men­te. Mas falar em mode­lo de negó­cios tal­vez não seja a expres­são mais ade­ qua­da. Isso por­que o gover­no não parte da pre­mis­sa que a TV digi­tal tenha que prio­ri­zar o lucro das empre­sas de radio­ di­fu­são. “Trata-se de uma ini­cia­ti­va de gover­no. Por­tan­to, não esta­mos pen­san­ do no jogui­nho em pri­mei­ro lugar, mas

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março de 2004

Comitê Consultivo

sim nas pos­si­bi­li­da­des de edu­ca­ção, saúde e inclu­são digi­tal”, diz a fonte do Grupo Ges­tor, lem­bran­do que exis­ tem ­ outras ­ opções de entre­te­ni­men­to digi­tais. A TV, pensa o gover­no, é uma fer­ra­men­ta de inclu­são. Esse é o ponto onde está o maior pro­ ble­ma poten­cial, que é o rela­cio­na­men­ to com os radio­di­fu­so­res. Até 2002, as redes de TV e suas ins­ti­tui­ções, como a SET (Socie­da­de Bra­si­lei­ra de Enge­nha­ ria de Tele­vi­são) ou a Abert (Asso­cia­ ção Bra­si­lei­ra das Emis­so­ras de Rádio e Tele­vi­são) desem­pe­nha­vam papel cen­ tral no pro­ces­so de estu­dos do ­ padrão de TV digi­tal. Elas con­du­ziam os tes­ tes, ainda sob o acom­pa­nha­men­to da Ana­tel. Elas cria­vam as neces­si­da­des. Mobi­li­da­de e alta defi­ni­ção tor­na­ram-

se as pre­mis­sas bási­cas dos radio­ di­fu­so­res, que enten­dem que esses são os dois úni­cos cami­nhos que po­de­rão garan­tir a exis­tên­cia da TV dian­te da evo­lu­ção tec­no­ló­gi­ca de ­ outros meios, como tele­fo­nia ce­lu­lar e redes banda larga. Para o gover­no, inte­ra­ti­vi­da­de e alter­ na­ti­vas de baixo cus­tos são mais im­por­tan­tes. Os deba­tes sobre o mode­lo serão tra­va­dos no Comi­tê Con­sul­ ti­vo. Trata-se de um órgão auxi­ liar onde o gover­no vai colo­car todo mundo que quer dar pal­pi­te nas pes­qui­sas e nos tra­ba­lhos refe­ren­tes à TV digi­tal. A mon­ ta­gem desse comi­tê come­çou ape­ nas em março deste ano, ape­sar das pres­sões de algu­mas ins­ti­tui­ções que gos­ta­riam de estar envol­vi­das dire­ta­ men­te no tra­ba­lho do Grupo Ges­tor. Para não criar con­fli­tos de cha­mar um e não cha­mar outro, foi cria­do o tal comi­tê, um ­ balaio onde par­ti­ci­ pam desde asso­cia­ções seto­riais até enti­da­des repre­sen­ta­ti­vas da socie­da­ de. Como e o que sairá do tra­ba­lho desse comi­tê, nin­guém ainda sabe. Tam­bém não se sabe se as opi­niões dos “con­sul­to­res” terão algum peso efe­ti­vo, até por­que nem sem­pre deve haver con­sen­so. As ­ opções de mode­lo a serem ana­li­sa­das vão desde uma com defi­ni­ ção ­ padrão de ima­gem (e, por­tan­to, a pos­si­bi­li­da­de de cria­ção de múl­ti­


plos ­ canais com inte­ra­ti­vi­da­de) até uma com alta defi­ni­ção (e, por­tan­to, ape­nas um canal) com mobi­li­da­de e inte­ra­ti­vi­da­de. Entre as ­ opções a serem olha­das pelo gover­no, não há alter­na­ti­va sem inte­ra­ti­vi­da­de. É a “obses­são” do Sis­te­ma Bra­si­lei­ro de TV Digi­tal, para usar a pala­vra pre­fe­ ri­da do pre­si­den­te Lula. ­Depois, vem a etapa de com­pa­ra­ ções, em que o Sis­te­ma Bra­si­lei­ro de TV Digi­tal será com­pa­ra­do com os ­demais ­padrões exis­ten­tes no mundo; e então o Comi­tê de Desen­vol­vi­men­to toma­rá a sua deci­são, orien­tan­do o pre­ si­den­te da Repú­bli­ca. Nessa com­pa­ra­ção, o gover­no não vai tes­tar os dife­ren­tes mode­los no mer­

ca­do, isso é óbvio. Mas como saber se um deter­mi­na­do mode­lo é viá­vel eco­no­ mi­ca­men­te? Não tem como. Quem vai dizer isso é o bom-senso, a expe­riên­cia inter­na­cio­nal e o Comi­tê Con­sul­ti­vo, diz uma fonte. Estudo de cenários O que deve ser ana­li­sa­do são as variá­veis, os cená­rios pos­sí­veis. Esse estu­do de cená­rios havia sido enco­ men­da­do pela Ana­tel ao CPqD em 2001. Pro­va­vel­men­te as mes­mas pre­ mis­sas devem ser rea­pro­vei­ta­das. A aná­li­se teó­ri­ca das ­ cadeias de valor envol­vi­das no negó­cio de tele­vi­são digi­tal é algo que faz parte do pro­je­to de tra­ba­lho do grupo.

os Padrões e seus Mercados

Países

Número atual de TVs* EUA, Canadá e 269 ATSC Coréia do Sul União Européia 207 DVB-T Polônia, Rússia, 147 DVB-T Turquia e Índia 8 Austrália e DVB-T Nova Zelândia 362 Total DVB-T 88 Japão ISDB 282 Indefinido China 54 Brasil Padrão

Lares Lares só com com TV* recepção terrestre* 127 (2,1/lar) 27 (21% dos lares) 148 (1,4) 72 (48%) 147 99 (67%) 8 6 (74%) 303 44 (2,0) 282 39 (1,4)

177 (58%) 20 (46%) 206 (73%) 31 (80%)

Fontes: Informa Media Group, “Global Digital TV”, 2003; e IDATE, “The World Television Market”, 2002

Todos os dados se referem ao ano de 2000

* em milhões

Aliás, o tra­ba­lho, pelo menos na pran­che­ta, está divi­di­do em três ­níveis. Será feita uma aná­li­se socioeco­nô­mi­ca, onde serão con­si­de­ra­dos os usos da TV digi­tal, será feito um mapea­men­to de longo prazo da eco­no­mia, a aná­li­se das ­ cadeias de valor para que então se ima­gi­ne que mode­los pode­rão ser explo­ra­dos. Para­le­la­men­te, será feita uma aná­li­ se tec­no­ló­gi­ca, com o levan­ta­men­to das tec­no­lo­gias, das poten­cia­li­da­des, das neces­si­da­des. Tam­bém será feita uma aná­li­se polí­ti­co-regu­la­tó­ria para que se iden­ti­fi­quem neces­si­da­des de mudan­ças no arca­bou­ço de leis e regu­ la­men­tos deman­da­dos pela rea­li­da­de digi­tal da TV. Daí sai­rão as dire­tri­zes polí­ti­cas e regu­la­tó­rias que orien­ta­ rão o mode­lo de negó­cios. Pare­ce com­ple­xo, e é. Nin­guém sabe como tudo vai aca­bar, mas a apos­ta do gover­no nesse mode­lo de pes­qui­sa, aná­li­se e com­pa­ra­ção é séria. Em ­ outros tem­pos, o gover­no esta­ria pres­sio­na­do pelo tempo e pelo risco de per­der o bonde. Como a TV digi­tal enfren­ta pro­ble­mas em todos os luga­res em que foi implan­ ta­da, o gover­no está tran­qüi­lo. Mas tam­bém há quem ache que está mais do que na hora de o Bra­sil come­çar a viver esses pro­ble­mas na prá­ti­ca, como quem apren­de a andar de bici­ cle­ta, sob o risco de não apren­der nunca como se faz. O cro­nô­me­tro está cor­ren­do. ­

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N達o disponivel


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entre­vis­ta

Ima­gem limpa

A

Anto­nio Athay­de é um homem de TV. ­Depois de idas e vin­das entre dife­ren­tes gru­pos e até de expe­riên­cias fora do setor, o exe­cu­ti­vo assu­miu, em setem­bro do ano pas­sa­do, a supe­rin­ ten­dên­cia comer­cial do SBT. E no final de feve­rei­ro colo­cou suas car­tas na mesa: um plano para res­ga­tar a ima­gem da rede junto ao mer­ca­do anun­cian­te, inves­tin­do em rela­cio­na­men­to e sis­te­mas de aten­di­men­to moder­ni­za­dos. Athay­de diri­giu no pas­sa­do a área comer­cial da Globo. ­ Depois ocu­pou os car­gos de CEO da Net Bra­sil e de dire­ tor da Glo­bo­par. Teve ainda uma breve pas­sa­gem pela TV Ban­dei­ran­tes. Para a emprei­ta­da no SBT, jun­tou uma turma de pro­fis­sio­nais expe­rien­tes, com pas­ sa­gens impor­tan­tes no setor de TV por assi­na­tu­ra, como Cláu­dio San­tos (exdi­re­tor comer­cial da Glo­bo­sat) e Adal­ ber­to Vian­na (ex-dire­tor geral da Sky e da ope­ra­do­ra de celu­lar Ame­ri­cel, e até recen­te­men­te na Direct­Net, pro­ve­dor de aces­so à Inter­net em banda larga). A meta para este ano é cres­cer em 20% o share da emis­so­ra de Sil­vio San­tos sobre um dis­pu­ta­do bolo publi­ci­tá­rio, do qual a Globo detém cerca de 80% (entre as ver­bas para TV). Isso sem per­der de vista o ata­que das ­outras redes, que tam­bém anun­ciam pla­nos para con­quis­tar o segun­do lugar. Tela Viva - O SBT come­ça a por em prá­ti­ca agora algu­mas medi­das que vinha anun­cian­do dede o ano pas­sa­do, para melho­rar o rela­cio­na­men­to com o mer­ ca­do. Quais são elas? Anto­nio Athay­de - Vamos criar o cargo de ombuds­man,

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que será exer­ci­do por uma empre­sa exter­na, de um pro­fis­ sio­nal com trân­si­to no mer­ca­do, nas agên­cias. O nome está sendo defi­ni­do. Esta pes­soa tam­bém fará parte do Con­se­lho de Mer­ca­do, que esta­mos mon­tan­do. Será com­pos­to por 15 pro­fis­sio­nais, entre repre­sen­tan­tes de agên­cias, for­ne­ce­do­ res e asso­cia­ções, com reu­niões tri­mes­trais. O obje­ti­vo é melho­rar a rela­ção da emis­so­ra com o mer­ca­do, ouvir mais as quei­xas e suges­tões. Outra novi­da­de é o MMA (Módu­lo Mer­ca­do Anun­cian­te, sis­te­ma que per­mi­te que as agên­ cias façam reser­va de mídia dire­ta­men­te atra­vés de seus sis­te­mas inter­nos).

A estratégia de Antonio Athayde para melhorar o relacionamento do SBT com o mercado anunciante e aumentar seu share publicitário. ­ utras emis­so­ras, como ­ Record e O Band, estão inves­tin­do em pro­gra­ma­ ção para melho­rar seu share. Como você vê a luta pelo segun­do lugar?

Essa luta ainda não exis­te na prá­ti­ca, por­que não se refle­tiu na audiên­cia. A prin­cí­pio a con­cor­rên­cia é boa, faz a gente agir, mas ainda não deu para sen­tir. E quan­to à Globo? Como ata­car o dese­qui­lí­brio entre a audiên­cia, que em ­alguns horá­rios até empa­ta (com a pro­gra­ma­ção infan­til mati­nal, por exem­plo), e a recei­ta publi­ci­tá­ria?

O share de publi­ci­da­de da Globo vem em boa parte da qua­li­da­de da cober­tu­ra. Não em rela­ção aos domi­cí­lios alcan­ça­ dos, mas na boa rela­ção da rede com a comu­ni­da­de. Parte do suces­so está por trás do vídeo, não na fren­te. Tam­bém se deve ao aten­di­men­to comer­cial. É isso que esta­mos ata­can­do, mon­tan­do uma equi­pe ­melhor, melho­ran­do o aten­di­men­to com estas medi­das cita­das ante­rior­men­te, inclu­si­ve com um sis­te­ma de boni­fi­ca­ções mais inte­li­gen­te. Isso ­inclui mudan­ças na pro­gra­ma­ção?

Dian­te da dis­pa­ri­da­de, quais os nos­sos ati­vos? Temos o paco­te de fil­mes da War­ner e Dis­ney (N.E.: a emis­so­ra reno­vou no ano pas­sa­do e até 2009 o con­tra­to de US$ 100 ­milhões com os estú­dios War­ner, que ­inclui block­ bus­ters como os fil­mes de Harry Pot­ter e seria­dos como “­Friends”, “ER” e “Small­vil­le”. Este ano a rede deve exi­bir suces­sos como “O ­Senhor dos Anéis - A Socie­ da­de do Anel”, “Onze ­Homens e Um Segre­do” e “De Olhos Bem Fecha­dos” entre ­outros). E temos o pró­prio Sil­vio San­tos, que é o maior ven­de­dor da TV bra­si­lei­ra, além dos ­outros apre­sen­ta­do­res da casa, como Hebe, Rati­ nho e Gugu.

Foto: Ger­son Gar­ga­la­ka


Mesmo com audiên­cia, as empre­sas não resis­tem a vin­cu­lar suas mar­cas a nomes “popu­la­res”?

Há um pre­con­cei­to do mer­ca­do publi­ci­tá­rio, mas aí entra o nosso tra­ba­lho, de trans­for­mar audiên­cia em fatu­ra­men­to. Meu obje­ti­vo é aumen­tar nosso share (par­ti­ci­pa­ção no bolo publi­ci­tá­rio das TVs) em 20% no pri­mei­ro ano. No pró­xi­mo ano não sei, uma hora esse cres­ ci­men­to bate num teto. Aí, se não tiver outra pro­gra­ma­ção, como espor­te e jor­na­lis­mo, você não atrai um anun­cian­te que só aparece nestes pro­gra­mas, não atrai uma parte do bolo. E nesse caso não vale a pena inves­tir em pro­du­ção inde­pen­den­te?

Sou a favor, e já temos ­alguns casos aqui, como o SBT Rural (da GGP, pro­du­to­ra do Gugu), o pro­gra­ma da Sônia Abrão (da Câme­ra 5) e a Marí­lia Gabrie­la. Mas a estru­tu­ra da casa hoje está sub-apro­vei­ta­da. Se o Sil­vio qui­ser, dá para pro­du­zir mais inter­na­men­te. Qual sua visão da regio­na­li­za­ção da pro­du­ção?

Esta é uma coisa na qual vamos inves­tir esse ano, em breve tere­mos novi­da­des a anun­ciar.

Será um tra­ba­lho por ­regiões, não por emis­ so­ra. Esta­mos agora na iden­ti­fi­ca­ção das ­regiões. Mas sou con­tra a obri­ga­to­rie­da­de. A regio­na­li­za­ção vai acon­te­cer onde o mer­ ca­do com­por­tar. Nos EUA, a TV aber­ta vem per­den­do audiên­cia, e con­se­qüen­te­men­te re­cei­ ta, para o cabo e ­ outros veí­cu­los. Há futu­ro para o mode­lo tra­di­cio­nal do broad­cast, de con­teú­do sus­ten­ta­do por publi­ci­da­de?

Nossa rea­li­da­de é muito dife­ren­te da ame­ ri­ca­na. Lá não há mais dife­ren­ça entre TV aber­ta e cabo ou saté­li­te, já que quase toda a popu­la­ção rece­be todos os ­canais pela TV paga. O jovem nem sabe mais a dife­ren­ça entre a ABC, CBS e NBC e os ­ canais por assi­na­tu­ra. Mas de qual­quer forma o mode­ lo de TV aber­ta já não é mais o mesmo. Há ­várias for­mas de fatu­ra­men­to “não mídia”, como os ser­vi­ços por tele­fo­ne (tipo 0300). É só ver a força das ações de mer­chan­di­sing. Anti­ga­men­te, um deter­mi­na­do pro­du­to apa­ re­cia casual­men­te numa nove­la ou pro­gra­ ma. Hoje o ator ou apre­sen­ta­dor inter­rom­ pe o texto para falar da marca.

andré­mer­mels­tein andre@tela­vi­va.com.br

Como fica­ria então o mode­lo para a TV digi­tal ter­res­tre? Há espa­ço para mais ­ canais? O mer­ca­do ban­ca­ria uma pro­gra­ma­ção em HDTV?

Pri­mei­ro, eu acho que o gover­no, com essa sua pro­pos­ta de inter­na­cio­na­li­za­ ção, tem uma opor­tu­ni­da­de de ouro. Deve­ria pro­cu­rar a Índia, a China, o Paquis­tão e os ­ outros paí­ses da Amé­ ri­ca Lati­na e criar um ­ padrão único. Faria assim pres­são sobre os fabri­can­ tes para cons­truir fábri­cas nes­ses paí­ ses, trans­fe­rir tec­no­lo­gia, redu­zir royal­ ties. Agora, nessa comis­são que foi mon­ta­da para dis­cu­tir a TV digi­tal não tem nin­guém do negó­cio. Mas quem é que vai pagar a conta disso? As emis­ so­ras, que vão ter que moder­ni­zar seu par­que, não estão sendo cha­ma­das. Quan­to ao mode­lo, ima­gi­no que a saída seria um híbri­do, com parte em SDTV mul­ti­ca­nal e parte em HD, prin­ci­pal­ men­te fil­mes, por­que já exis­te um acer­ vo, e trans­mis­sões ao vivo.

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tecnologia fernandolauterjung

Verão via rede IP

fernando@telaviva.com.br

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Rede paranaense usa a infra-estrutura

Para fazer a cober­tu­ra jor­na­lís­ti­ca duran­te o verão no lito­ral do Para­ná, a RPC - Rede Para­naen­se de Comu­ ni­ca­ção, afi­lia­da à Rede Globo, usou um recur­so tec­ no­ló­gi­co sim­ples e bara­to. As maté­rias pro­du­zi­das nas ­praias de Mati­nhos e Gua­ra­tu­ba, do perío­do de alta tem­po­ra­da até o Car­na­val, foram envia­das à emis­so­ra, em Curi­ti­ba, usan­do a rede da Bra­sil Tele­com. Tanto as repor­ta­gens pré-gra­va­das quan­to as entra­das ao vivo foram trans­mi­ti­das atra­vés de rede IP, usan­do com­pac­ ta­ção MPEG-2. “Como não há enla­ces de microon­das entre Mati­ nhos e Curi­ti­ba, a solu­ção encon­tra­da foi uti­li­zar trans­ mis­são por canal de dados de uma car­rier (a Bra­sil Tele­com) uti­li­zan­do vídeo codi­fi­ca­do MPEG-2 sobre IP conec­ta­do a uma rede ether­net”, expli­ca o supe­rin­ ten­den­te de enge­nha­ria da RPC, Enio Ser­gio Jaco­mi­no. projeto verão 2004

Tráfego de vídeo sobre ip

Microondas Par trançado Fibra óptica

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de telefÔnica para transmitir vídeo sobre IP e faz a cobertura jornalística no litoral sem investir em links de microondas.

Assim, o depar­ta­men­to de enge­nha­ria da RPC optou por usar a Bra­sil Tele­com como car­rier do sinal. “Mas eles só pode­riam ofe­re­cer o ser­vi­ço se a trans­mis­são fosse atra­vés de uma rede ether­net”, expli­ca Jaco­mi­no, que cha­mou a Ster­ling do Bra­sil para tra­ba­lhar con­jun­ ta­men­te na solu­ção. Foram usa­dos dois equi­pa­men­tos para fazer a trans­ mis­são: o Codec VRX-8100, um enco­der de vídeo/áudio MPEG-2 com pro­to­co­lo IP fabri­ca­do pela Ai-Pixel, e o deco­der tipo set-top box Ami­NET103, da Amino. O equi­pa­men­to Ai-Pixel, segun­do o dire­tor da Ster­ling do Bra­sil, Nes­tor Almei­da, conta com qua­tro ­canais para strea­ming, cada um com sto­ra­ge sepa­ra­do, tota­li­zan­do entre 320 Gb e 1 Tb, con­for­me a ver­são do equi­pa­men­to. Usan­do esses qua­tro ­canais, o equi­pa­ men­to trans­mi­te o vídeo em uma banda de até 8 Mbps. Para atin­gir esta velo­ci­da­de, a RPC con­tra­tou da Bra­sil Tele­com qua­tro ­ linhas E1. “Como a últi­ma milha da Bra­sil Tele­com usa rede de par tran­ça­do, pois demo­ra­ ria muito para ins­ta­lar fibra ópti­ca, foram neces­sá­rios ­vários ajus­tes. Os rotea­do­res tive­ram de ser tro­ca­dos e ‘­afinados’”, expli­ca Jaco­mi­no. Na ope­ra­ção “Pro­je­to Verão” o sinal do strea­ming passa por um rotea­dor e é trans­for­ma­do em qua­tro flu­ xos E1 que, atra­vés de ­modems, são enca­mi­nha­dos ao POP da car­rier em Mati­nhos para entra­rem na rede. Da mesma forma, em Curi­ti­ba, do POP da BrT qua­ tro flu­xos E1 vão até a sede da emis­so­ra e, atra­vés de ­modems e de um rotea­dor, trans­for­mam-se num fluxo

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só de entra­da no deco­der Amino. Jaco­ mi­no expli­ca que nesta con­fi­gu­ra­ção, para este tipo de ope­ra­ção, é impor­tan­ te que a car­rier dis­po­ni­bi­li­ze uma cone­ xão E1 de boa qua­li­da­de, assim como rotea­do­res com boa capa­ci­da­de de pro­ ces­sa­men­to, para que o sis­te­ma fique oti­mi­za­do e se ­extraia toda a qua­li­da­de pos­sí­vel de vídeo com o VRX-8100. Jun­ta­men­te com o enco­der MPEG2 veio o soft­wa­re Ai-Pixel Con­trol, que fica ins­ta­la­do num com­pu­ta­dor local ou remo­to da rede e é uti­li­za­do como um con­so­le de con­tro­le para o VRX-8100, per­mi­tin­do que se ajus­te as con­fi­gu­ra­ ções de vídeo e áudio (tipo da fonte de vídeo, for­ma­to do vídeo, qua­li­da­de da taxa de trans­por­te, esco­lha da fonte de entra­da, taxa de dados para o áudio, taxa de amos­tra­gem do áudio etc.). Nele se con­fi­gu­ra tam­bém o ende­re­ço de IP do equi­pa­men­to. Além disso, vem com ­outros dois con­tro­les para gra­va­ção e repro­du­ção de vídeo que não foram uti­li­za­dos den­tro do pro­je­to pro­pos­to. São eles: o Ai-Pixel Pla­yer, ins­ta­la­do

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nos com­pu­ta­do­res remo­tos da rede que estão rece­ben­do ou moni­to­ran­do os flu­ xos mul­ti­cast, que tem a fun­ção de cap­ tu­rar esses flu­xos per­mi­tin­do que se moni­to­re o vídeo num VGA e tam­bém a taxa do fluxo que está sendo trans­mi­ ti­da; e o Info Value Soft­wa­re Deco­der, que, ins­ta­la­do num com­pu­ta­dor com uma placa de vídeo de boa qua­li­da­de, per­mi­te a deco­di­fi­ca­ção e con­ver­são do sinal em ana­ló­gi­co. O enge­nhei­ro da RPC expli­ca ainda que, com os qua­tro ­ canais de entra­da, o VRX-8100 per­mi­te que se faça o strea­ ming por um canal enquan­to o usuá­rio tra­ba­lha com os ­ outros três, inclu­si­ve gra­van­do e/ou edi­tan­do atra­vés do recur­so do sto­ra­ge de 80 Gb por canal, o que dá ver­sa­ti­li­da­de ao equi­pa­men­to e múl­ti­plas pos­si­bi­li­da­des ao usuá­rio, que pode efe­tuar todas estas ope­ra­ções remo­ta­men­te. A cober­tu­ra com­preen­dia dois bal­ neá­rios, o de Mati­nhos e o de Gua­ra­ tu­ba, mas as duas cida­des são sepa­ra­ das por uma baía. Para com­ple­tar a ope­ra­ção foi neces­sá­rio ainda um link de microon­das entre as duas cida­des,

usan­do equi­pa­men­tos por­tá­teis. Entre emis­so­ras O plano de Enio Jaco­mi­no agora é usar este sis­te­ma para fazer a trans­mis­são entre as emis­so­ras da rede no Esta­do do Para­ná. “A qua­li­da­de e a faci­li­da­de que o equi­pa­men­to pro­por­cio­na estão ple­na­men­te com­pa­tí­veis com o ­padrão que é exi­gi­do para trans­mis­sões de jor­na­lis­mo, aí incluí­dos even­tos espor­ti­ vos”, garan­te o enge­nhei­ro. “Com isto con­se­gui­mos via­­bi­li­zar a trans­mis­são de maté­rias ao vi­vo e pré-gra­va­das, a qual­quer momen­to do dia ou da noite”, com­ple­ta. Além disso, Jaco­mi­no diz que, no ca­so das trans­mis­sões fei­tas a par­tir do lito­ral, seria neces­sá­rio um inves­ti­men­ to de cerca de R$ 90 mil só na aqui­si­ ção dos enla­ces de microon­das. “Com esse sis­te­ma, não pre­ci­sa­mos com­prar os enla­ces e nem arcar com os cus­tos de manu­ten­ção das tor­res”, diz. Com o sis­te­ma usado, a RPC inves­tiu na com­ pra do deco­der Amino (US$ 250 FOB) e do enco­der AiPi­xel com 320 Gb (US$ 6,8 mil FOB).

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m ­ aking of PRAIA PELO RALO Seguin­do o mesmo espí­ri­to da pre­mia­da cam­pa­nha dos apa­re­lhos celu­la­res Nokia, vol­ta­da para o públi­co jovem, a agên­cia Lew, Lara criou um filme espe­cial para a divul­ga­ção do even­to Nokia ­Trends, que levou o DJ Fat­boy Slim para uma apre­sen­ ta­ção no Rio de Janei­ro. O públi­co, afi­nal, é o mesmo. “Assim

como nos ­ demais fil­mes, opta­mos pela lin­gua­gem do humor, mas neste caso cria­mos um clima para a festa, enfa­ti­zan­ do o even­to e não exa­ta­men­te o con­vi­da­ do”, expli­ca o dire­tor de aten­di­men­to à Nokia, Ricar­do Al Makul. O filme mos­tra a equi­pe de pro­du­ção do show, que está mon­tan­do o palco numa

praia deser­ta. Quan­do tudo está quase pron­to, dois pro­du­to­res per­ce­bem que a faixa de areia é muito estrei­ta. Os dois con­fa­bu­lam, até que um sai reso­lu­to: cami­nha até a água e tira a tampa do ralo do mar. A água escoa, a praia fica mais ampla e logo ­depois come­ça o show, com muita ani­ma­ção.

Clima do sho w O filme foi roda­do numa praia deser­ta, na reser­va da Maram­baia, no Rio de Janei­ro. No local, a pro­du­to­ra cons­truiu um esque­le­to do palco, ape­nas como refe­ rên­cia para a pós-pro­du­ção. Em dois dias de fil­ma­gem, foram roda­das as cenas rela­ti­vas ao show (duran­te o dia, com cerca de cem figu­ran­tes), e tam­bém a cena do ralo. Para a pós-pro­du­ção, foram ­outros 25 dias. Foi aí que todo o palco foi reto­ca­do, rece­ben­do a ilu­mi­na­ ção pro­fis­sio­nal do show e tam­bém o telão, que repro­duz ­vídeos. A gale­ra da pla­téia foi mul­ti­pli­ca­da e toda a luz foi tra­ba­lha­da em com­pu­ta­ção grá­fi­ca, para dar o clima do show. “Pre­fe­ri­mos fil­mar o palco e as pes­soas duran­te o dia para apro­vei­tar a diá­ria e tam­bém para con­se­guir cap­tar mais infor­ma­ções na pelí­cu­la”, expli­ca o dire­tor de efei­tos espe­ciais, Rodol­fo Patro­cí­nio. “Fica mais fácil con­tro­lar tudo no com­pu­ta­dor”, conta. Como o show foi no Ater­ro do Fla­men­go e a loca­ção era total­men­te deser­ta, tam­bém foi cria­do um skyli­ne do Rio de Janei­ro em com­pu­ta­ção grá­fi­ca.

S é r i e d e e f ei­ t o s A cena do ralo exi­giu um tra­ba­lho de efei­tos mecâ­ni­cos e ele­trô­ ni­cos. Em pri­mei­ro lugar, foram cons­truí­dos o mock-up do ralo e da tampa, com quase um metro de diâ­me­tro. O ralo era super­fi­ cial e foi ins­ta­la­do na praia, para a fil­ma­gem ao vivo. Na pró­pria praia, foi ins­ta­la­da uma caixa ­d’água de dez mil ­litros, com uma bomba aco­pla­da. De den­tro da caixa ­d’água, o pro­du­tor que vem tirar a tampa do ralo é fil­ma­do, como numa fil­ma­gem sub­ma­ri­ na, e com isso se criou o efei­to do nível da água bai­xan­do.

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lizan­dra­deal­mei­da lizan­dra@tela­vi­va.com.br

Cap­ ta­ção das i ma­ g e n s Para dar a dimen­são das dis­tân­cias e do skyli­ne da praia, foram cap­ta­das ima­gens a par­tir de uma ponte a 30 ­metros de altu­ra. ­Depois, em estú­dio, foi man­ti­da a mesma rela­ção de câme­ra, com os ele­men­tos na mesma pro­por­ção. “A maré, na ver­da­de, esta­va bem mais baixa do que apa­re­ce no filme. Ins­ta­la­mos o ralo em um lugar seco, onde a água não che­ga­va, e toda a água foi cria­da em com­pu­ta­ção grá­fi­ca”, expli­ca Rodol­fo. Para isso, foi uti­li­za­do o soft­wa­re Sof­ti­ma­ge XSI, que aju­dou a criar as par­tí­cu­las e o rede­moi­nho, já que o ralo super­fi­cial não tinha suc­ção. “Cap­ta­mos a água tam­bém em ­ várias situa­ções, para criar tex­tu­ras. Fize­mos ­várias ima­gens da água em sala preta, para cap­tar os high­lights. Na hora da com­po­si­ção, usa­mos as ima­gens da praia, ima­gens cria­das em 3D e os high­ lights de estú­dio”, con­ti­nua.

icha téc­ni­ca fClien­te Nokia • Agên­cia Lew, Lara • Pro­du­to Nokia T­ rends • Dire­ção de Cria­ção ­ Jaques Lew­ko­wicz e Marco Ver­so­la­to • Cria­ção André Lau­ren­ti­no, Bráu­ lio Kuwa­ba­ra, Mar­git Jun­gin­ger, Nando Zena­ri • Pro­ du­ção (vivo) Cine • Pro­du­ção (efei­tos ­visuais) Digi­ tal 21 • Dire­ção Jean ­ Benoit • Dire­ção de Efei­tos ­Visuais Rodol­fo Patro­cí­nio • Foto­gra­fia Jean ­Benoit • Fina­li­za­ção Digi­tal 21 • Tri­lha Sax Anp

S u p or­t e n a w e b Toda a cam­pa­nha de Nokia ­Trends tem um forte supor­te na Inter­net. Além das infor­ma­ções de praxe, o site tam­bém ofe­re­ce brin­des ele­trô­ni­cos como músi­cas, ima­gens e salva-telas para quem o aces­sa. Um dia ­depois do show, o site já tra­zia fotos e ­ vídeos. “É no site que tudo acon­te­ce, é uma nova forma de con­teú­do, reu­nin­do arte digi­ tal e músi­ca ele­trô­ni­ca”, afir­ma Ricar­do.


tributação raquelramos raquel@paytv.com.br

Complicação no Simples

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O pro­ble­ma não é exclu­si­vo do setor audio­vi­sual, mas está acer­tan­do em cheio as pro­du­to­ras de vídeo: a Recei­ta Fede­ ral está cor­ren­do atrás de todas as empre­sas cadas­tra­das no sistema Sim­ples e reven­do o regi­me de con­tri­bui­ção. Com isso, as pro­du­to­ras estão cain­do em uma cate­go­ria em que os impos­tos são mais ele­va­dos e, como se isso não bas­tas­se, ainda pre­ci­sam pagar supos­tas dívi­das atra­sa­das com o Fisco. Após rece­ber esta noti­fi­ca­ção, as pro­du­to­ras ten­tam se recu­ pe­rar do susto e orga­ni­zar uma ação de defesa. As noti­fi­ca­ções come­ça­ram a ser rece­bi­das entre agos­to e setem­bro de 2003. Segun­do a asses­so­ria de impren­sa da Recei­ta Fede­ral, esta fis­ca­li­za­ção é uma ati­vi­da­de de roti­na. As empre­sas que se cadas­tram no Sim­ples estão sujei­tas a uma fis­ca­li­za­ção. Quem não esti­ver den­tro de qual­quer um dos cri­té­rios de enqua­dra­men­to é auto­ma­ti­ca­men­te noti­fi­ca­do do seu des­ca­das­tra­men­to. A asses­so­ria infor­ma ainda que qual­quer empre­sa des­ca­das­tra­da pode recor­rer da deci­são por meio das dele­ga­cias esta­duais da Recei­ta. ­Por exem­plo, não podem optar pelo Sim­ples empresas com fatu­ra­men­to acima de R$ 120 mil para microem­pre­sas e R$ 1,2 ­milhão para peque­nas empre­sas; empre­sas cons­ti­tuí­das sob forma de socie­da­de por ações; quan­do o titu­lar ou sócio par­ti­ci­par de mais de 10% do capi­tal de outra empre­sa e a recei­ta glo­bal ultra­pas­se o limi­te de R$ 1,2 ­milhão; empre­sa que pres­te ser­vi­ços pro­fis­sio­nais de ator, empre­sá­rio, dire­ tor ou pro­du­tor de espe­tá­cu­los e de qual­quer pro­fis­são cujo exer­cí­cio depen­da de habi­li­ta­ção pro­fis­sio­nal legal­men­te exi­gi­da etc. O site da Recei­ta Fede­ral usa, inclu­si­ve, a ati­vi­ da­de de pro­du­ção de vídeo para exem­pli­fi­car aque­las que não pode­riam nunca ter se cadas­tra­do no Sim­ples. Segun­do a pro­du­to­ra de cine­ma Assun­ção Her­nan­des, nas noti­fi­ca­ções rece­bi­das não está claro qual foi o cri­té­rio usado para o des­ca­das­tra­men­to. Além disso, a noti­fi­ca­ção pede o paga­men­to de impos­tos retroa­ti­vos. Até agora, a empre­sá­ria con­se­guiu con­ta­tar pelo menos 105 pro­du­to­ras que estão com o pro­ble­ma, mas é pos­sí­vel que este núme­ro seja até maior. “O que que­re­mos é con­se­guir che­gar até a Recei­ta Fede­ral para expli­car que somos empre­sas pro­du­ti­

Receita Federal descredencia produtoras do sistema especial de impostos.

vas. Além disso, que­re­mos enten­der qual foi o cri­té­rio usado para esse des­ca­das­tra­men­to. Se nosso fatu­ra­men­to não supe­ ra R$ 1,2 ­milhão eu enten­do que nós esta­mos enqua­dra­dos no Sim­ples”, argu­men­ta Assun­ção. Para rever­ter a situa­ção foi for­ma­da uma comis­são, che­fia­da pelo cineas­ta Rojer Madru­ga. Além disso, os pro­ du­to­res con­se­gui­ram apoio do MinC e da Anci­ne para que pos­sam vol­tar a ser enqua­dra­dos. Segun­do Assun­ção, todas as pro­du­to­ras noti­fi­ca­das recor­re­ram da deci­são, mas ainda não obti­ve­ram res­pos­ta. A Recei­ta está ainda cobran­do retroa­ti­va­men­te os impos­ tos que em tese dei­xa­ram de ser pagos, já que o Sim­ples per­ mi­te a isen­ção de uma série de con­tri­bui­ções ­sociais. ­Alguns tri­bu­ta­ris­tas con­sul­ta­dos pelas pro­du­to­ras argu­men­tam que esta cobran­ça retroa­ti­va é incons­ti­tu­cio­nal. Mas na ava­lia­ ção de um advo­ga­do ouvi­do por TELA VIVA, esta cobran­ça seria per­ti­nen­te, uma vez que na ver­da­de o que se cons­ta­tou é que as empre­sas esta­vam inde­vi­da­men­te cadas­tra­das no Sim­ples, e por­tan­to ­ teriam que ter pago os impos­tos. As ­regras do Sim­ples não estão sendo alte­ra­das, diz a fonte. A cobran­ça seria incons­ti­tu­cio­nal se o impos­to não fosse devi­do pelas empre­sas. “É mais um pro­ble­ma de con­ta­dor do que de advo­ga­do”, diz a fonte. Quan­do o Sim­ples foi regu­la­men­ta­ do, as pró­prias empre­sas preen­che­ram seus cadas­tros no pro­gra­ma, explica o advogado. Agora a Recei­ta pas­sou a fazer a veri­fi­ca­ção e cons­ta­tou irre­gu­la­ri­da­des. Mui­tas empre­sas, segun­do ele, se ins­cre­vem em uma ati­vi­da­de que pode­ria ser enqua­dra­da no Sim­ples, mas na ver­da­de exer­cem outra. As empre­sas, diz, resol­ve­rão a situa­ção arru­man­do uma forma de se enqua­drar sem ferir a regu­ la­men­ta­ção do Sim­ples. ­Outras empre­sas estão recor­ren­do à Jus­ti­ça e algu­ mas têm con­se­gui­do limi­na­res para pelo menos evi­tar o paga­men­to dos atra­sa­dos, ainda que isso não eli­mi­ne o aumen­to da carga tri­bu­tá­ria.

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produção independente

Cenários do mundo

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Em maio de 2003, os ami­gos Henry Ajl e Mar­kus Bruno con­se­gui­ram empla­car na revis­ta sema­nal de domin­go da Globo, o “Fan­tás­ti­co”, uma série de três repor­ta­gens. Tendo essa série como vitri­ne de sua capa­ci­da­de, os dois jun­ta­ram-se a um ter­cei­ro amigo, Eduar­do ­Talans, cria­ ram a ­Baboon Pro­du­ções e nego­cia­ram com a ­Record a pro­du­ção de uma série de 14 docu­men­tá­rios. Tudo come­çou quan­do Henry Ajl, após vol­tar de uma via­gem de quase dois anos “mochi­lan­do” pela Ásia con­ vi­dou Mar­kus Bruno para fazer um docu­men­tá­rio sobre os 50 anos da con­quis­ta do Eve­rest. “O pro­je­to havia sido apro­va­do pelo Natio­nal Geo­gra­phic Chan­nel, mas depen­dia de cap­ta­ção de recur­sos para que pudes­se ser via­bi­li­za­do”, lem­bra Ajl. Mar­kus mos­trou o pro­je­to ao

Patrocínio da KLM ajudou a Baboon a captar nos locais mais exóticos do planeta.

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Após ter o “Fantástico” como vitrine de seu trabalho, produtora iniciante fecha contrato para produção de série de 14 episódios com a TV Record.

apre­sen­ta­dor Zeca Camar­go, que levou a pauta à equi­pe do “Fan­tás­ti­co”. Com um patro­cí­nio da com­pa­nhia aérea KLM, os dois acha­ram ainda outra fonte de finan­cia­men­ to: o turis­mo. Um grupo de turis­tas bra­si­lei­ros foi leva­do junto. “Além de pagar pelo paco­te turís­ti­co, eles entra­ram como per­so­na­gens nas repor­ta­gens”, conta Ajl. O pri­mei­ro pro­gra­ma foi ao ar no dia 24 de maio e mos­ trou as tri­lhas que levam ao Eve­rest. O segun­do pro­gra­ma, que foi ao ar no dia 31 de maio de 2003, fez a cober­tu­ra das fes­tas de come­mo­ra­ção aos 50 anos da con­quis­ta, o que acon­te­ce no dia 29 de maio. “Com­bi­na­mos de ­enviar o mate­rial via banda larga, de Kat­man­du (no Nepal), ainda sába­do”, diz Ajl. Mas, ape­sar de a ­ região nor­mal­men­te con­tar com aces­so banda larga, um levan­te maoís­ta havia des­truí­do parte da infra-estru­tu­ra de tele­co­mu­ni­ca­ções. “Alu­ga­mos o único ponto dis­po­ní­vel com banda larga, o busi­ness cen­ter do hotel Hyatt, por 24 horas e pas­sa­mos este tempo moni­to­ran­do a trans­mis­são de cerca de 16 minu­tos de vídeo”, conta empol­ga­do Ajl. Como se não bas­tas­se o pro­ble­ma para ­enviar o mate­ rial ao Bra­sil, o ter­cei­ro e últi­mo pro­gra­ma da série, com o tema pro­pos­to, tor­nou-se inviá­vel. “O tema Eve­rest já esta­va esgo­ta­do, então a idéia era fazer uma via­gem pelo Tibet”, diz Ajl. “Mas, por conta da febre asiá­ti­ca, o país esta­va fecha­do”, lamen­ta. Deci­di­ram então fazer uma maté­ria sobre a ­região de Mus­tang, no Nepal. Troca de rede Após a aven­tu­ra no Hima­laia, jun­tou-se ainda à dupla Eduar­do ­ Talans, crian­do assim a ­ Baboon Pro­du­ções. Agora com um pro­je­to inti­tu­la­do “Cená­rios do Mundo”, a pro­du­to­ra con­se­guiu nova­men­te o patro­cí­nio da KLM, que esta­va inte­res­sa­da em divul­gar rotas não muito

Fotos: Divul­ga­ção


mos mais tempo nos des­lo­can­do do que gra­van­do”, expli­ca Bruno. A ­Baboon envia para a ­Record uma pré-edi­ção do mate­rial, com cerca de três horas de dura­ção, e ainda os tex­tos da nar­ra­ção em off. A emis­so­ra edita e fina­li­za cada pro­gra­ma.

conhe­ci­das por seus clien­tes. A idéia era cap­tar dife­ren­tes cená­rios e ainda os per­so­na­gens pito­res­cos que habi­ta­vam os ­ locais, “como se adap­ta­ram ao meio ambien­te e como isso influen­ciou a cria­ ção de uma cul­tu­ra espe­cí­fi­ca”, diz Ajl. A ­ Record se inte­res­sou pelo pro­je­to e aca­bou fechan­do um con­tra­to para que a ­Baboon pro­du­zis­se 14 epi­só­dios ao redor do mundo. Vei­cu­la­do men­sal­men­te den­tro do pro­gra­ma “Repór­ter ­Record”, o pro­je­to ­ganhou o nome “Volta ao Mundo”. A emis­ so­ra tem o direi­to a três exi­bi­ções de cada epi­só­dio e ainda exclu­si­vi­da­de em TV aber­ ta, sendo que o mate­rial pode ser ven­di­do para a TV por assi­na­tu­ra um mês após a exi­bi­ção pela ­Record. Tendo em vista o públi­co da TV aber­ta, as pro­du­ções - fei­tas em paí­ses como Laos, Cam­bo­ja, Tur­quia, Mon­gó­lia, ­ Israel, Irã, Quê­nia, Tan­zâ­nia, Ugan­da, Saara, Paquis­ tão e Quir­quis­tão - bus­cam sem­pre temas varia­dos den­tro da cul­tu­ra de cada país. Desde a seda da Índia até o mer­gu­lho na Indo­né­sia, os pro­gra­mas tra­zem infor­ ma­ções inte­res­san­tes para todo tipo de teles­pec­ta­dor. “Que­re­mos pas­sar as infor­ ma­ções usan­do uma lin­gua­gem e apelo popu­lar, mas sem dei­xar de lado a cul­tu­ra e a his­tó­ria das ­regiões”, afir­ma Ajl. Ape­nas Henry Ajl e Mar­kus Bruno via­jam, fican­do Eduar­do ­ Talans no Bra­ sil, res­pon­sá­vel pela admi­nis­tra­ção da pro­ du­to­ra. Nas via­gens, levam duas câme­ras

Sony PD-150, um Apple Power­book, um disco-rígi­do exter­no, um car­re­ga­dor solar de bate­rias, caixa-estan­que para ima­gens sub­ma­ri­nas e cases e mochi­las à prova ­d’água. Ambos ope­ram as câme­ras, mas na maio­ria das vezes a fun­ção fica a cargo de Mar­kus Bruno, enquan­to Henry Ajl faz a repor­ta­gem. Cada pro­gra­ma leva, no míni­mo, 20 dias para ser pro­du­zi­do. “Geral­men­te fica­mos três sema­nas fora e não mais do que duas sema­nas no Bra­sil”, diz Mar­ kus Bruno. Tudo isso para pro­du­zir um pro­gra­ma de cerca de 50 minu­tos. “Per­de­

Novos negócios Com essa série, o trio tem tra­ba­lho para um ano. Mas mesmo assim, já pro­cu­ra por ­ outros negó­cios. Com o patro­cí­nio da KLM e a com­pra de direi­tos por parte da ­ Record, a pro­du­ção se paga, mas a ­Baboon não des­car­ta novas for­mas de comer­cia­li­za­ção. “Pode­mos usar as ima­ gens em pro­gra­ma para ­ canais pagos, DVDs e que­re­mos explo­rar o mer­chan­di­ sing”, diz Eduar­do ­Talans. Tendo em vista essas opor­tu­ni­da­des, em todas as via­gens são gra­va­dos temas mais espe­cí­fi­cos, que pos­sam ser usa­dos em TV por assi­na­tu­ra. “Já esta­mos nego­ cian­do com outra pro­du­to­ra bra­si­lei­ra, que fica­rá res­pon­sá­vel pela edi­ção e fina­li­za­ção do mate­rial”, conta ­Talans. A par­ce­ria tem em vista o mer­ca­do de TV por assi­na­tu­ra.

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fer­nan­do­lau­ter­jung


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MARÇO 27 a 28 MipDOC 2004. Hotel Martinez, Cannes, França. Fone: (33-1) 4190-4456. E-mail: andre.vaillant@reedmidem.com. Internet: www.mipdoc.com. 29 a 2/4 MipTV 2004. Palais des Festivals. Cannes, França. Fone: (33-1) 4190-4456. E-mail: andre.vaillant@reedmidem.com. Internet: www.miptv.com.

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MAIO 4 a 9 Cine Esquema Novo. Porto Alegre, RS. Internet: www.cineesquemanovo.org. 19 a 24 8º Festival de Cinema Vídeo e D-Cine de Curitiba. Curitiba, PR. Inscrições até 26 de março. Internet: www. araucariaproducoes.com.br. 26 e 27 V Fórum Brasil de Programação e Produção, ITM Expo, São Paulo, SP. Fone: (11) 3120-2351. Fax: (11) 3120-5485. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Internet: www.convergeeventos.com.br.

17 a 22 NAB 2004. Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Fone: (202) 429-5429. E-mail: kanderson@nab.org. 1º a 6 1º Festival do Minuto de São Paulo. Internet: www.nab.org. Inscrições até 30 de abril. Internet: www. festivaldominuto.com.br. 21 a 25 3º Ecocine - Festival Nacional de Cinema e Vídeo Ambiental. São Sebastião, SP. Fone: (12) 3892-4186. 8 a 12 SIGGRAPH 2004. San Diego E-mail: ecocine@povosdomar.com.br. Convention Center, San Diego, USA. Fone: Internet: www.povosdomar.com.br. (1-719) 599-3734.

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E-mail: cmg@siggraph.org. Internet: www.siggraph.org. 10 a 12 ABTA 2004. ITM, São Paulo, SP. Fone: (11) 3120-2351. Fax: (11) 3120-5485. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Internet: www.convergeeventos.com.br.

SETEMBRO 10 a 14 IBC 2004 - International Broadcasting Convention. Amsterdam RAI, Amsterdã, Holanda. Fone: (44-20) 7611-7500. E-mail: show@ibc.org. Internet: www.ibc.org.

OUTUBRO 4 a 8 MipCom 2004. Palais des Festivals, Cannes, França. Fone: (33-1) 4190-4567. Fax: (33-1) 41904558. E-mail: karine.safarti@reedmidem.com. Internet: www.mipcom.com.


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