Revista Tela Viva 151- julho 2005

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 14_#151_julho2005

O desafio das TVs por assinatura na oferta de serviços múltiplos

triple play

PROGRAMAÇÃO A busca dos canais nacionais por mais espaço nos line-ups

PUBLICIDADE Novos formatos são bom negócio para produtoras e anunciantes


N達o disponivel


N達o disponivel


Foto: marcelo kahn

(editorial )

Diretor e Editor Diretor Editorial Diretor Editorial Diretor Comercial Diretor Financeiro Gerente de Marketing e Circulação Administração

Editora de Programação e Conteúdo Editor Tela Viva News Redação Sucursal Brasília Arte

Depar­ta­men­to Comer­cial Webmaster Central de Assinaturas

Rubens Glasberg André Mermelstein Samuel Possebon Manoel Fernandez Otavio Jardanovski Gislaine Gaspar Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

H

á anos falamos em convergência, seja a tecnológica, seja de serviços. E sabíamos que cedo ou tarde essa convergência chegaria também a nós, observadores que somos de mercados tão diversos como a TV aberta, a televisão por assinatura, as telecomunicações, o cinema e a produção independente. Pois esta hora chegou, e a edição que você tem em mãos é a demonstração deste novo momento. A começar pela matéria de capa, que traz um assunto familiar a quem acompanha a indústria de TV por assinatura. A partir de agora, TELA VIVA passará a dar maior cobertura a este segmento do audiovisual, absorvendo a equipe, o know how e a experiência adquiridos em mais de dez anos de edição da revista Pay-TV. Esta edição traz também a estréia de novas colunas, como a “No Ar”, da editora de Programação e Conteúdo, Edianez Parente, que mostrará as novidades em produção e distribuição no mundo da TV aberta e por assinatura. A audiência dos canais pagos também ganha uma análise mensal, com o ranking dos mais assistidos em cada segmento. Acreditamos que está cada vez mais difícil separar as diferentes vertentes do audiovisual, da mídia e do entretenimento eletrônico. Embora as economias de cada segmento sejam diferentes, cada um com seus valores e práticas, entendemos que é o momento de todos olharem o que o vizinho está fazendo. As tecnologias de distribuição vão impactar o negócio dos produtores. A digitalização muda o modelo de quase todos os segmentos. E todos, de quem produz a quem distribui conteúdos de todo o tipo, precisam de informações sobre a nova realidade do mercado. O melhor desta convergência editorial é que ninguém sai perdendo. O leitor de TELA VIVA continuará encontrando aqui toda a cobertura dos setores de produção, TV aberta, cinema e mídia. E o leitor de Pay-TV, além de ainda contar com o noticiário online PAY-TV News cobrindo diariamente as notícias específicas da atividade, tem agora uma visão mais ampla de todo o mercado de televisão. Ganha também nosso anunciante, que passa a atingir um mercado maior e com possibilidades ampliadas de negócios. E mais ainda: chegando a um público altamente qualificado, com circulação auditada.

Fernando Lauterjung Daniele Frederico, Lizandra de Almeida (Colaboradora) Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal) Carlos Edmur Cason (Edi­ção de Arte) Debora Harue (Assistente) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção Ele­trô­ni­ca) Almir Lopes (Geren­te), Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Marcelo Pressi 0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira www.telaviva.com.br subscribe@telaviva.com.br

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(11) 2123-2600 telaviva@telaviva.com.br

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Ipsis Gráfica e Editora S.A.

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por André Mermelstein

Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903. Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A Os artigos da Broadcast Engineering® (www.broadcastengineering.com), da Millimeter® (www. millimeter.com) e da Video Systems® (www.videosystems.com) são republicados sob licença da Primedia Business Magazines & Media Inc. Todos os direitos são reservados pela Primedia Inc.

ilustração de capa: ricardo bardhal

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(índice)

(cartas) Correção Na matéria “Espaço Independente”, publicada na edição de junho de 2005 (TELA VIVA 150), o programa “Auto Esporte” foi equivocadamente relacionado como sendo um programa jornalístico. Octávio Florisbal pede a correção posto que o “Auto Esporte” é um programa de variedades e entretenimento, cuja produção não é de responsabilidade da Central Globo de Jornalismo. Atenciosamente, Luis Erlanger Central Globo de Comunicação Fórum Sou estudante da área de rádio e TV e gostei muito da cobertura do evento VI Fórum de Produção e Programação na revista Tela Viva de junho (TELA VIVA 150), pelas discussões que surgiram dali. Gostaria de saber quando haverá mais um evento destes e aproveito para parabenizar toda a equipe.

Os desafios do triple play

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As armas da TV por assinatura para brigar com as teles

scanner figuras programação

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Roberto C. Marques, São Bernardo do Campo, SP.

10 18 30

Canais nacionais querem seu espaço

Roberto,

no ar

O Fórum é um evento anual organizado por TELA VIVA, e acontece novamente em maio de 2006. Mas os debates ocorridos ali refletem-se todos os meses em nossas matérias na revista.

36

Nova coluna traz o mundo da programação

audiência

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Os números da TV por assinatura

negócios

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A associação da Intel com emissoras de TV

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas@ telaviva.com.br.

convergência

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Conteúdos chegam pra valer na tela do celular

tecnologia

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Por que o datacasting ainda não decolou nos EUA 48

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investimentos Fundos para cinema se retraem

making of publicidade

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Produtoras apostam no branded entertainment

produtoras

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O casamento de JX e Made na Bossa Nova Films

produção

Como é produzido o “American Idol” em HDTV

equipamentos

As características da linha ProHD

upgrade agenda

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80

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br

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( scanner ) Visual jovem A CCE lança um novo filme publicitário desenvolvido pela Luminas, inspirado no conceito da marca “É mais, é você”. A criação fica por conta de Angela Ribeiro e Marcelo Greco, que também dirige o filme. A produção é do Vovó Studio e a trilha da Back to Back. O filme, que tem som de drum’n’bass, utiliza cores vibrantes, grafismos e os novos designs dos produtos, com o objetivo de mostrar ao mercado uma nova cara, com mais tecnologia. A peça será exibida nas telas do cinema e na abertura do DVD do “Clã das Adagas Voadoras”, em uma parceria da CCE com a Paris Filmes.

Trabalho voluntário

Novos apresentadores A TV Cultura reformulou dois de seus mais tradicionais programa. O “Vitrine”, atração dirigida por Marcelo Sirangelo, recebe como apresentadores Sabrina Parlatore e Rodrigo Rodrigues em cenário novo, aos sábados e domingos. Entre as novidades no conteúdo, destacam-se a ênfase nos bastidores das grandes produções do cinema, da televisão e da TV Cultura e a criação de novos quadros como “Profissão”, que conta o que fazem os profissionais de diferentes mídias; “Retrato”, sobre fotografia; “Rede”, trazendo novidades da Internet; “7 Dias”, com música e imagens da mídia da semana, “Memória”, para relembrar comerciais antigos, “Diretores”, mostrando o trabalho desses profissionais da mídia e “Vitrine 15 Anos”, lembrando grandes acontecimentos, entrevistas e imagens da história do programa. Já o “Metrópolis” passa a ser apresentado por outra ex-VJ da MTV, Cuca Lazzarotto. Ao lado de Cunha Jr, envolvido com o programa há 14 anos (os últimos cinco como apresentador), ela comanda a atração diária dedicada a artes e espetáculos, que também ganhou cenários, vinhetas e quadros novos. Buscando mais informalidade e dinamismo, Cuca chega ao “Metrópolis” após uma carreira focada principalmente na área musical.

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Com o slogan “Vamos falar sério, chega de Pânico”, o humorista Bola, do grupo Pânico (Rádio Jovem Pan e Rede TV!), gravou comercial para a Casa Hope. A ação de marketing social tem a participação das lojas Ri Happy e Cartão Visa. A agência Trade criou a campanha, sendo que o filme de 30” foi produzido pela produtora Paula Monteiro e SP Telefilm. A direção é de Fábio Molinari e foi ao ar nas emissoras abertas e nos canais a cabo Nickelodeon e Cartoon Network. No filme, Bola esclarece aos consumidores que na compra de produtos com o cartão Visa nas lojas Ri Happy, somando mais R$ 2,00 (que são doados à Casa Hope), o cliente ganha como brinde um relógio de mesa do personagem “Solzinho”, símbolo da rede de lojas.

Copa em HDTV A Infront Sports e a HBS (Host Broadcast Services), geradora das imagens para a TV da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, anunciaram que o evento será todo captado em alta definição (HDTV). Sua transmissão, no entanto, será tanto em HDTV quanto no formato padrão. A modalidade já foi utilizada também em todos os jogos da Copa das Confederações. A Philips, um dos maiores fabricantes mundiais de aparelhos de TV e também um dos patrocinadores oficias da próxima Copa do Mundo, quer aproveitar o evento para promover a experiência da HD. Embora os países que atualmente tenham transmissões no formato sejam poucos (Japão, Coréia, EUA e Canadá), a HBS espera que a partir desta estréia da Alemanha no formato a opção se estenda no próximo ano também pela Europa, América Latina e demais países da Ásia. V iva

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Aventura no aeroporto Após lançar a revista Gênios no mercado editorial em abril, a 141 Worldwide cria nova campanha para anunciar a coleção Grandes Clássicos, uma série de dez livros de capa dura e ilustrados que serão comercializados quinzenalmente pela revista. A ação de lançamento inclui anúncios duplos em jornais, filme em 3D e divulgação em ponto-de-venda nas praças de São Paulo e Rio de Janeiro. A novidade da ação é o filme de 30” em 3D produzido pela Digital 21. A tecnologia utilizada foi a do software Softimage XSI, responsável por fotografar e modelar os elementos presentes no filme, que se passa em uma esteira do aeroporto na qual estão passando algumas malas. Ao longo da ação elas são substituídas por bandeira de pirata, baú de tesouro, arco e flecha, luneta, espadas e escudo. Neste momento entra a locução “Ler virou uma grande aventura, Gênios apresenta Coleção Grandes Clássicos, você vai viajar com essas histórias incríveis”.

Desembarque na Europa

Aniversário na web Em 16 de agosto, o “allTV Tevê” completa um ano. Criado com o objetivo de discutir a televisão brasileira de modo interativo, o programa aborda assuntos como história da TV, qualidade da programação, inovações tecnológicas e legislação, contando com a partici­pação dos internautas por meio de chat. Por sua mesa de debates já passaram convidados como Daniel Ortiz, escritor e roteirista de novelas; Roberto Manzoni, que dirigiu o programa “Domingo Legal” durante 17 anos; Álvaro de Moya, profissional com passagens pelas TVs Tupi, Paulista, Excelsior e Bandeirantes; Ricardo Miranda, presidente da Sky; e Henrique Washington, consultor da Accenture. O programa, apresentado por Daniele Monteiro, é transmitido (somente via Internet) pela allTV, às segundas-feiras, às 20hs.

A Laruccia Animação & Efeitos e a Fischer América assinaram seu primeiro trabalho no mercado europeu com campanha de lançamento da UZO, nova operadora virtual de telefonia celular da TMN, empresa do grupo Portugal Telecom. A Laruccia desenvolveu um trabalho de motion graphics, animação de lettering composto em 2D, aplicando sobre fundos coloridos letras contrastantes. Em um dos comerciais, as letras de um longo texto giram, em outro elas caem, deixando visível na tela palavras mais diretas, como “descomplicado”, por exemplo. Em uma das peças, ainda, as letras são despedaçadas e caem, formando na tela apenas a palavra UZO. A direção de animação é de Marcello Laruccia, coordenação de finalização de Luiz Fernando Silva.

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( scanner ) Floripa debate a TV digital A cidade de Florianópolis recebeu, nos dias 14 e 15 de julho, o “1° Fórum TViBR — Televisão independente interativa”, promovido pela Ether TV e patrocinado pela Acaert e Rede SC. O evento reuniu palestrantes como André Barbosa, da Casa Civil; Roberto d’Avila, da ABPI-TV; Paulo Markun, do Santa Cine; e Gabriel Priolli, da ABTU (foto), para a discussão da TV digital sob dois aspectos: a produção independente e a TV interativa. O encontro levou a uma reflexão sobre a influência do novo modelo digital sobre a produção independente e sobre os novos caminhos que TV digital abre para a programação, com o aumento do número de canais, a melhora de sinal e a interatividade.

Vinhetas animadas

Curta brasileiro em Montreal

O programa “TV Xuxa” ganhou 13 vinhetas para a abertura de seus quadros. Produzidas pela Campo 4, as animações foram feitas utilizando técnicas de tinta sobre vidro, areia, desenho animado, computação gráfica, animação de objetos e massa de modelar, pixilation e flip-book. A criação de “Keka Tóke Xôu”, “Conquista de Titan”, “Notícia da Hora”, “TV Xuxa”, “Xuxa Responde”, “Sessão X”, “Triangulo em Ação”, “Tema no Mundo” e “Xuxa Mix” ficou a cargo de Cesar Coelho, enquanto a “Casa X” foi criada por Aída Queiroz, ambos diretores da Campo 4 e também do Anima Mundi. Eles contaram com uma equipe de cerca de 20 artistas, durante dois meses, para a realização desse trabalho.

O curta-metragem “06 tiros, 60 ml”, do cineasta André Kapel, foi o único filme brasileiro selecionado para participar do Fantasia Festival, em Montreal, no Canadá. O filme concorreu na categoria Curta-metragem independente, no evento que teve início no dia 7 de julho e premia obras do chamado “Cinema Fantástico”. Em seus 16 minutos de duração, o filme de terror conta a história de um traficante baleado que acorda em um hospital repleto de mortos-vivos, sem saber que ele também está morto.

Novidade local O Canal 20 da Net de Porto Alegre ganhou novas vinhetas, chamadas e programação visual criados pela Lumiere Vídeo Comunicação. O trabalho, que consumiu mais de seis meses, foi desenvolvido para representar a diversidade da programação, com uma proposta visual moderna, mas com traços da identidade local. A nova cara do canal, que tem como responsável o designer Filipe Ferreira, utiliza uma linguagem baseada na mistura de elementos tridimensionais com imagens da cidade, buscando reforçar o conceito “Canal 20, o Canal de Porto Alegre”.

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Recorde na MTV A transmissão do mega-show “Live 8”, em 2 de julho, durante 12 horas, pela MTV brasileira, deu à emissora a sua maior audiência deste ano. Ao todo, a exibição atingiu 5,5 milhões de espectadores no Brasil; já no target da MTV (dos 15 aos 29 anos de idade), o alcance foi de um milhão de jovens. Em termos de índice de audiência, a emissora atingiu, no seu pico 3 pontos, com um share (participação) no seu target de 22%, o que é considerado excelente pela emissora.

Pai adivinho A Claro lançou o comercial “Bola de Cristal”, na televisão e no cinema, para anunciar o Claro SuperControle, opção que permite saber antecipadamente o valor da conta a ser recebida no mês. A ferramenta serve para limitar o uso do celular em valores que vão de R$ 35 a R$ 200. Caso o cliente queira falar mais, basta inserir créditos. A peça, dirigida por Clóvis Mello, da Cine, faz parte da campanha criada pela AlmapBBDO que conta também com anúncios em revista. A finalização ficou por conta da Digital 21. No comercial, um pai de família “prevê” o valor da conta do celular, antes mesmo de abri-la. Diante do espanto de todos, arrisca outras adivinhações quanto ao namoro da filha, enquanto o locutor, em off, explica como funciona o serviço.

Novidades no Shoptime

Menção honrosa

Não há Ibope que meça individualmente suas audiências, mas TV Câmara e TV Senado têm prestado um grande serviço a todas as redes nacionais ao disponibilizar as imagens das CPIs a quem quiser baixar os sinais, que ficam disponíveis no Brasilsat B1. A emissora de cada uma das Casas do Legislativo Federal sobe dois sinais simultaneamente, ficando a critério do receptor qual vai exibir, a depender da relevância dos depoimentos. O streaming de vídeo também é possível nos websites dos canais mas, dado o grande volume de acessos e a insuficiência de banda, nem sempre esta é a melhor alternativa para se assistir às sessões.

Novidade no canal de vendas diretas Shoptime, o programa “Avant Premiére” traz em primeira mão lançamentos de produtos nacionais e importados, antes que eles cheguem às lojas. Foi um acordo fechado com empresas de diversas marcas (Siemens, JVC e Benq por exemplo). Assim, os espectadores do canal puderam, por exemplo, ver e comprar antes uma nova câmera digital da Sony com espessura de 0,98 mm e que só chegaria às lojas posteriormente. O canal garante que a entrega se dá no mesmo prazo dos demais produtos. Presente nos line-ups da Net, Sky e aberto às parabólicas na banda C, o Shoptime estima atingir mais de 10 milhões de domicílios.

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( scanner ) foto: band/fÁbio nunes

Lançamento na França O lançamento do DVD da série “Cidade dos Homens” na França foi marcado pela exibição da produção, no dia 7 de julho, no MK2 Biblioteque, cinema que pertence à distribuidora MK2. Os DVDs da série produzida pela O2 Filmes e exibida no Brasil pela Globo são comercializados em versões dubladas e legendadas e abrangem os dois primeiros anos da série. Os protagonistas, Darlan Cunha e Douglas Silva, acompanharam a exibição em Paris. A França é um dos 16 paises que compraram “Cidade dos Homens”. Os demais são Estados Unidos, Inglaterra, Grécia, Austrália, Nova Zelândia, Luânia, Letônia, Estônia, Irlanda, Portugal, Noruega, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Islândia.

Plano de alocação para TV digital

Batalha vencida O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu por três votos a dois, que os exibidores de obras audiovisuais não estão mais sujeitos à apreensão de equipamentos ou bloqueio da exibição no caso de não terem a autorização do Ecad ou dos representantes legais para a exibição de obra sincronizada. O STJ entendeu que a autorização do autor da obra para ser incluída na obra audiovisual configura autorização prévia para exibição. Ou seja, quando a questão envolver obra audiovisual e o pagamento dos direitos autorais das músicas, decorrente da exibição, não é possível apreender ou proibir nada. Não significa, contudo, que não se deva pagar pelos direitos autorais, mas com a decisão os exibidores ficam em situação mais confortável para discutirem os valores de remuneração para a obra musical sem o risco de terem seus equipamentos lacrados. A ação era movida pelo Ecad. O advogado Marcos Bitelli defendeu os exibidores.

A Anatel publicou no final de junho o Plano Básico de Distribuição de Canais de Televisão Digital. Trata-se do mapa de onde cada um dos atuais canais de televisão brasileiros, e também os futuros, serão organizados quando a TV digital for uma realidade. Estão previstos 1,893 mil canais ao todo, já viabilizados. A preocupação da Anatel foi organizar a distribuição do espectro UHF no Brasil de modo a assegurar que, seja qual for a modulação do sistema de TV digital adotado (VSB ou COFDM), haja espaço para todos.

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mpossado no Ministério da Comunicações no início do mês de junho, o senador Hélio Costa (PMDB/MG) chegou em seu novo posto criando polêmica. O novo ministro das Comunicações mostrou em seu discurso de posse uma postura diferente da defendida anteriormente no ministério sobre a questão da TV digital. Para Hélio Costa é fundamental que o Brasil defina rapidamente um padrão, mas não defendeu que seja necessariamente um padrão nacional (o Sistema Brasileiro de TV Digital). Para Hélio Costa as pesquisas em curso avaliam inclusive os três padrões estrangeiros e será, portanto, perfeitamente possível que o Brasil adote um desses padrões. Costa disse que irá convidar os demais países da América do Sul para discutir a questão. Além disso, em entrevista coletiva realizada após a cerimônia de transmissão

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foto: bgpress

Entrada ruidosa de cargo, o ministro afirmou que pretende conversar com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para que a discussão sobre a nova Lei de Comunicação Eletrônica seja coordenada pelo Minicom, e não mais pela Casa Civil. “Eu não sei porque é que este assunto foi parar na Casa Civil”, disse Costa. Ainda em relação à lei, o ministro considerou inadequados alguns pontos da proposta que criava a Ancinav, como a taxação de 4% do faturamento bruto das empresas de televisão com vistas a obter recursos para a produção nacional, e a possibilidade de ingerência no conteúdo da produção audiovisual. Além da discussão sobre a proposta de Lei de Comunicação Eletrônica, Hélio Costa afirmou que pretende trazer para o Ministério das Comunicações a coordenação de outros projetos importantes conduzidos pela Casa Civil. Ele quer que seu ministério coordene o T ela

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Hélio Costa, ministro das Comunicações.


Caetano no mundo Durante sua turnê por Nova York, Caetano Veloso homenageou Michelangelo Antonioni, de quem é fã. De posse das imagens, o cineasta e também admirador do diretor italiano Fernando Andrade foi a Roma mostrar as imagens a Antonioni. Para chegar até ele, Fernando foi persistente. Foram dois meses de muitas conversas e trocas de e-mails com a mulher do diretor, Enrica, que durante a visita. Fernando registrou ainda quadros inéditos do cineasta, que hoje ocupa seu tempo pintando. Tudo isso para o documentário “Caetano e o Mundo”, que também conta com depoimento de Pedro Almodôvar, que diz que o objetivo era fazer os homens chorarem quando pediu para Caetano cantar “Cucurucucu Paloma”, no filme “Fale com Ela”. O documentário, que traz ainda as participações de Gisele Bündchen, David Byrne e Julie Taymor (diretora do filme “Frida”), retrata o olhar do cantor brasileiro sobre três importantes metrópoles do mundo: São Paulo, Nova York e Tóquio. O lançamento oficial do filme deve ocorrer até o final deste ano.

Programa Brasileiro de Inclusão Digital, que incluí o Projeto Casa Brasil, a proposta do Sistema Brasileiro de TV Digital e os projeto do PC Conectado e do computador de US$ 100 apresentado pelo MIT ao governo brasileiro. Questionado sobre o fato de serem todos projetos interministeriais, razão pela qual foram alocados na Casa Civil, o novo ministro afirmou que esta questão é irrelevante porque os outros ministérios não deixarão de participar, “mas a coordenação deve ser do Ministério das Comunicações”.

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A campanha publicitária da Axor, nova linha de caminhões extrapesados da Mercedes Benz, conta com três filmetes exclusivos para a Internet. A Ilustrada Filmes, do Grupo Academia, produziu os vídeos, com direção de Alex Miranda, com o intuito de enfatizar a robustez da linha Axor. O primeiro filme mostra o esforço de um vendedor ambulante para tentar entregar uma garrafa d’água até o alto da cabina. O segundo sugere que até uma boiada respeita a placa que indica “Axor na pista”, e o último indica que um motorista é capaz de pegar um coco diretamente do coqueiro, sem qualquer esforço. Os filmetes estão disponíveis no endereço www.mercedes-benz.com.br/axor.

de conhecimento na área. A questão da TV digital é delicada porque seus objetivos estão estabelecidos em decreto, e não dependem apenas da opinião do Minicom. Em relação à Lei de Comunicação Social Eletrônica, também não são recebidas sem contestação as declarações de Hélio Costa, que quer levar a questão para o Minicom. Primeiro, porque a decisão de deixar o tema na Casa Civil, sendo tratado de forma inter-ministerial, foi objeto de decreto presidencial. De novo, seria necessário convencer Lula de que a discussão deve voltar para um âmbito mais restrito. Depois, porque colocar na Casa Civil o projeto de uma Lei de Comunicação foi a alternativa encontrada para evitar focos de pressão excessivos. Vale lembrar que um dos fatores que fizeram com que o projeto da Ancinav fosse praticamente abortado foi justamente o fato de ele ter sido concebido apenas no Ministério da Cultura. Críticas pesadas dos ministérios da Fazenda, Comunicações e Justiça deram a Lula a dimensão do problema e a idéia de tratá-lo de forma mais ampla.

Mal estar Há setores importantes do governo se mobilizando para ajustar o discurso entre o ministro das Comunicações e o que está sendo feito no grupo gestor, Comitê de Desenvolvimento e Comitê Consultivo do Sistema Brasileiro de TV Digital. A avaliação é que o ministro expressou suas opiniões pessoais, mas ainda não está devidamente informado sobre o que o projeto do SBTVD representa para os planos de desenvolvimento industrial e T ela

Só para Internet

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Começa a disputa pela Copa

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presidente da Rede Record, Alexandre Raposo, afirma que a emissora está interessada, sim, em ter a Copa do Mundo de Futebol 2006, e pretende negociar com a Globo para também ter os direitos. “Eles disseram que vão conversar sobre isto em agosto”, diz. No entanto, Raposo garante que o preço especulado no mercado que a Globo cobraria para o evento, algo em torno de US$ 15 milhões, seria muito alto para a emissora e para os possíveis anunciantes. Por enquanto, na TV aberta, o evento está apenas com a Rede Globo; na TV fechada, SporTV e BandSports vão exibir o Mundial.

Cotas Os anunciantes que adquiriram as cotas são: Philips, Ambev, HSBC, McDonald’s, Speedy e Vivo - cada cota tinha como preço de tabela R$ 14 milhões. Em geral, os valores negociados são abaixo do preço de mercado, mas a Globosat não revela o valor da cota negociada. De acordo com Fred Müller, diretor comercial da Globosat, tais patrocinadores têm também preferência na compra do pacote de futebol extra-Copa para 2006. foto: arquivo

SporTV O SporTV anunciou que, para a Copa do Mundo de Futebol de 2006, terá um canal extra. Estréia em 1º de maio de 2006 o canal SporTV Copa, com conteúdos adquiridos junto à Fifa e BBC, entre outros, e também programação própria, de história do evento, história do futebol e partidas célebres. Iniciado o evento - que terá transmissões direto e ao vivo dos jogos no SporTV e SporTV 2, mesmo de jogos da seleção que estarão também sendo exibidos pela Rede Globo -, o canal extra SporTV Copa terá o sinal para telas em wide-screen, além de som em Dolby Digital. Este canal tem espaço garantido nas plataformas digitais (Sky e operações digitais da Net Serviços). O SporTV participa, junto à própria TV Globo,

do pool de emissoras que vão contar com imagens simultâneas, mas não planeja desta vez formatar canais diferenciados para cada câmera - no máximo, um canal com um mosaico das diferentes imagens fornecidas. “Vimos que não há sentido em manter um canal com o sinal de uma única câmera que, por exemplo, fica o tempo todo focalizando o banco de reservas”, diz Pedro Garcia, diretor de novos negócios do SporTV.

foto: divulgação

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Nacional no Cartoon

“Pixcodelics” é o nome da nova produção nacional do Cartoon Network, que estréia no canal em toda a América Latina a partir de 13 de agosto. As estréias de cada episódio de cinco minutos de duração acontecem aos sábados, ao meio-dia, com reapresentações durante a semana nos interstícios, ou intervalos de programação. O desenho animado, feito pela MoP Brasil Digital, produtora de animação que começou em Salvador/BA e migrou para São Paulo, é produzido em computação gráfica. A criação é de Marco Alemar e Caio Mário Paes de Andrade, que se inspiraram nos “emoticons” (símbolos conhecidos dos usuários de serviços de mensagens instantâneas na Internet) para desenvolver os personagens. Caio de Andrade diz que desenvolveu um produto global, daí a possibilidade de ser exibido também em outros países. São 65 episódios. O projeto inicial foi financiado a partir de recursos recolhidos pela programadora com base no Artigo 39 da MP 2228-1/01, aprovado em 2004 e com valor alocado de R$ 278 mil. O Cartoon não revela o custo total dos 65 episódios. É a segunda investida do canal em produção de animação nacional a partir destes recursos mobilizados via Artigo 39. No ano passado, estreou o “Projeto Cartum Netiuorque”, a partir de personagens de três cartunistas brasileiros. Está nos planos do canal uma segunda etapa daquele projeto, mas a vice-presidente de programação de aquisições do Cartoon Network para a América Latina, Cindy Kerr, não dá mais detalhes no momento. De acordo com Rafael Davini Neto, vice-presidente de vendas de publicidade da Turner no Brasil, os anunciantes brasileiros se interessam por produtos de animação nacional. Ele cita o exemplo dos episódios da “Turma da Mônica”, adquiridos pelo canal e que levaram pela primeira vez o patrocinador Perdigão à TV paga. Anthony Doyle, vice-presidente de distribuição da Turner no Brasil, lembra que desde 2000 o Cartoon começou a ter algum projeto de animação nacional - à época, foi com um especial sobre os 500 anos do Descobrimento do País. “Pixcodelics” estréia com uma frente de 20 episódios prontos - pelo menos nos três primeiros meses, as estréias serão semanais.

Alexandre Raposo, da Record

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Fotos: divulgaçÃo

(figuras)

ÂNGELA SANTOS

Filha de peixe

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ão são poucas as famílias, na área do audiovisual, que transferem seus conhecimentos de geração para geração. Foi também o que aconteceu com Ângela Santos, montadora de negativos e revisora de cópias da LaboCine, no Rio

de São Cristóvão. Ela fazia revisão de cópias de filmes telecinados. Meu pai, brasileiro, já trabalhava lá na revelação. Quando sua mãe soube que um novo laboratório estava sendo criado no bairro da Vila Isabel — na época, a Líder Rio — indicou a filha. Ângela então fez um teste e foi contratada. Não saiu

“ Ninguém sabe o que está na lata, e quando o material filmado chega, temos que revisá-lo logo depois de revelado ”. de Janeiro. Tanto seu pai quanto sua mãe sempre trabalharam em laboratório de cinema. E ela também está no ramo há mais de 30 anos. Minha mãe veio da Itália para o Brasil e foi trabalhar na CineLab, laboratório que existia no bairro

mais do emprego. Fui treinada por uma profissional francesa, contratada para formar a equipe na época da abertura do laboratório. O nome dela era Josianne Marchand. A inauguração da sede da Vila Isabel representou um salto de qualidade para o laboratório, antes 18

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instalado em um imóvel alugado em Botafogo. Hoje responsável pela área de revisão de cópias da LaboCine, Ângela acompanhou toda a evolução da tecnologia de processamento de imagem. Ao chegarem ao laboratório, porém, as cópias continuam sendo revisadas manualmente. É um trabalho muito minucioso, que mexe com o patrimônio de cada filme. Ninguém sabe o que está na lata e quando o material filmado chega, temos que revisálo logo depois de revelado. Com essa revisão conseguimos ver se há riscos, se está fora de foco, se houve problemas com o obturador da câmera. Com o treino que temos, podemos ver tudo isso no exame visual. Muitas vezes já entramos em contato com o diretor ou o fotógrafo, para explicar. Às vezes a cena tem de ser refeita, então não passamos o material adiante. Uma vez revisada a cópia, o material é preparado para ser copiado em positivo ou para telecinagem. Essa montagem inclui o levantamento dos números dos rolos e de borda, usados como referência para a montagem final. Depois que o filme passa por todos os processos eletrônicos de edição e efeitos especiais, o laboratório recebe uma lista de corte ou um copião montado. A partir dos números da lista ou da borda do positivo, o negativo é cortado e montado para gerar as cópias finais de exibição. Outra responsabilidade tremenda, já que é a matriz do filme que está sendo manipulada. Montamos o negativo com uma coladeira especial. As emendas têm de ser firmes e impecáveis. Se o negativo for estragado, não tem como restaurar... Para fazer esse trabalho é preciso ter delicadeza, concentração e paciência.


Representante exclusivo A Pramer, produtora, distribuidora e comercializadora de conteúdos para TV por assinatura na América Latina, anunciou a contratação de Fernando Garcia Medina (foto) como o novo representante exclusivo de vendas afiliadas para o canal Film&Arts no Brasil. Ele tem como meta estabelecer acordos de longo prazo com os operadores e diversificar a oferta de canais, visando aumentar os negócios com o mercado brasileiro. Medina substitui a Media Mundi, que atuou como representante da Pramer no Brasil até junho. Em seu currículo constam passagens pela TV Cidade, em Niterói e pela Cablevisión Comunicaciones, no Paraguai.

Novos vice-presidentes

O grupo MTV Networks América Latina anunciou três contratações de especialistas em marcas para comandar os esforços de programação, produção, criação e marketing de seus três canais na América Latina: MTV, Nickelodeon e VH1. A MTV recebe Josh Greenberg como vice-presidente sênior de Programação e Estratégia de Criação, executivo responsável por lançar a MTV na região, em 1993. Tatiana Rodriguez e Vicente Solis assumem o cargo de vice-presidente de Programação e Estratégia de Criação do Nickelodeon e do VH1, respectivamente. A MTV Networks América Latina é proprietária e opera a MTV América Latina, o Nickelodeon América Latina, o Nickelodeon Brasil, o VH1 América Latina e a Plataforma Digital da MTVN, um pacote com cinco canais digitais - MTV Jams, MTV Hits, VH1 Soul, VH1 Mega Hits e Nickelodeon’s GAS (Games and Sports for Kids).

Atendimento A RPM Produtora contratou Karina Oliva (foto) para a sua área de atendimento. A profissional já passou pela empresa de bebidas Sagatiba e pelas agências FabraQuinteiro e Young & Rubicam, onde atendeu a Ford.

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Atuação global A Voy Pictures, divisão de TV e cinema do grupo Voy — empresa de mídia e entretenimento focada no mercado latino —, anunciou a contratação de Lourdes Diaz como sua nova presidente. Seu objetivo principal será liderar os esforços da companhia para conquistar, desenvolver e finalizar filmes nos Estados Unidos, América Latina e Espanha. Lourdes, com mais de 12 anos de experiência em direção e produção, foi a fundadora e presidente do grupo Água Entertainment, trabalhou no desenvolvimento e produção de filmes independentes e de séries para a televisão. A profissional agora se dedica à promoção de “Favela Rising”, documentário que marcou a estréia da empresa no cinema e foi premiado este ano no Festival de Tribeca, em Nova York. A divulgação, do longa-metragem que foi filmado na favela Vigário Geral, consiste em um road show, com sessões especiais nos Estados Unidos (em Nova York, Miami e Los Angeles) e no Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte).

Mudanças na Band

A Band realizou mudanças em sua diretoria em julho. Cris Moreira, ex-diretor comercial da Editora Simbolo, assumiu a direção comercial, subordinado ao diretor-geral do canal, Frederico Nogueira. O diretor artístico Juca Silveira assume os assuntos referentes à direção de programação no lugar de Mauro Lissoni, que se desliga da emissora.

Comercial e licenciamento A divisão de licenciamento do SBT se tornou independente. Quem assumiu o SBT Licensing foi o executivo Marcos Macêdo (no alto). O executivo traz para a emissora sua bagagem no assunto: ele trabalhou durante quatro anos como diretorgeral de licenciamentos e produtos de consumo da Warner Bros. Afonso Silva (abaixo) é o novo gerente comercial do SBT no Rio de Janeiro. Durante dez anos, ele trabalhou como executivo de contas da TV Globo no Rio, e tem em seu currículo a comercialização de projetos de comunicação como Fórmula I, Rally Paris-Dakar e “Big Brother Brasil”. A contratação faz parte da estratégia comercial da emissora, que visa aprimorar os processos de venda no mercado carioca.

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Fotos: divulgaçÃo

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por Samuel Possebon

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Quase convergentes

Entre as empresas de telecomunicações, as operadoras de TV por assinatura são as que estão mais perto da oferta integrada de TV digital, voz e dados. Os desafios, contudo, ainda são gigantescos. das promessas que podem chegar em algum momento por aqui. E talvez não estejam tão distantes. No Brasil, o principal desafio continua sendo não o que fazer, mas para quem, já que a desigualdade social limita a TV por assinatura a pouco mais de 3,8 milhões de abastados, em um cenário de quase 50 milhões de domicílios com televisão. Para tentar ajudar a entender o cenário que está por vir, os serviços, a realidade dos operadores, os desafios, as oportunidades e o ambiente em que a convergência sobre redes de TV por assinatura se manifesta, elaboramos um roteiro de análise, que você acompanha a seguir.

N

ão é nova a promessa de que um dia redes digitais oferecerão serviços de televisão integrados com dados e voz. Este é um cenário que permeia os exercícios de futurologia há pelo menos dez anos. A diferença é que esse cenário começa, agora, a dar sinais concretos de que já é uma realidade. Pelo menos quando se fala em redes de TV por assinatura. As empresas, inclusive no Brasil, já estão bem perto de oferecer o que se chama de triple-play, que é justamente a integração destes três universos (imagens, voz e dados). As maiores operadoras de cabo estão avançando sobre esse terreno (como é o caso da TVA), ou estão muito próximas disso (como é o caso da Net Serviços). As operadoras de TV por

assinatura via satélite têm no seu próprio meio físico uma dificuldade, o que não significa que não estejam vislumbrando um cenário convergente. E para aqueles que já adotaram a nova expressão da moda, o “quádruplo-play”, que é o tripleplay somado à mobilidade, note-se que também isso é algo que está perto da TV por assinatura, sobretudo por meio das redes do MMDS. Hoje, é normal às operadoras de cabo e MMDS do Brasil a oferta de serviços de vídeo e acesso à Internet em banda larga (dados). São, portanto, empresas com o “dual-play” consolidado. Telefonia é algo que começou a surgir, aos poucos, nos últimos meses. Mas a TV por assinatura tem até, se quiser (e se conseguir vencer uma séries de obstáculos), potencial para ir além do triple-play. Serviços como TV em alta definição, serviços sob demanda, TV interativa são algumas 22

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Os serviços Hoje a TV por assinatura no Brasil é em parte analógica, em parte digital. Os sinais que chegam por cabo e pela maior parte das redes de MMDS (wireless) ainda são convencionais, analógicos. O DTH, via satélite, é 100% digital desde 1996, quando as operações da Sky e da DirecTV começaram a funcionar. Nos serviços analógicos, o máximo que se tem em relação a serviços diferentes da TV aberta são as ofertas de programação pay-per-view. Já as operações digitais oferecem guias de programação eletrônicos (EPG), informações adicionais sobre o que é transmitido, serviços com algum grau de interatividade, opções de áudio, opções de legenda, mosaico de canais etc. Mas o leque de serviços de vídeo que podem ser oferecidos em um ambiente digital (e as operadoras de cabo e MMDS também caminham para a digitalização) é muito maior, e envolvem canais em alta definição, conteúdos sob-demanda e sistemas


os que mais crescem entre 6 mil até o fechamento aqueles oferecidos pelas desta edição). Mas operadoras de cabo, e são os tem como acionista a únicos que, por enquanto, Telmex/Em­bratel, que não podem ser oferecidos comprou a empresa pelas empresas de TV paga declarada­mente para via satélite, que hoje têm um ter acesso e oferecer terço do mercado total. Por telefonia local. Quando essa razão, tudo o que possa isso vai acontecer é impulsionar o mercado de algo guardado sob banda larga é bem visto pelas o máximo sigilo, empresas de TV paga, o que mas sabe-se que a envolve home networking empresa está testando (ou seja, a criação de redes a tecnologia, inclusive A Net Serviços, de Francisco domésticas para que o Valim, já testa o serviço de com linhas já instaladas telefonia, mas estuda com na casa de funcionários serviço de banda larga esteja cuidado a entrada no mercado. da empresa. A parte disponível a mais de um ponto) e, agora, telefones técnica não é mais que funcionam em cima da plataforma problema, o desafio, segundo se diz de dados. No Brasil, ainda é muito restrita informalmente, é encontrar uma forma a experiência de telefonia em redes de de ganhar dinheiro. “Existe hoje um cabo, mas nos EUA, onde o mercado é excesso de linhas fixas em oferta no mais maduro que o brasileiro, já há 3,5 mercado. É preciso levar isso em conta milhões de assinantes com serviços de voz ao planejar o time to market dessa entregues por redes de TV a cabo, mas a tecnologia. Temos que oferecer um tendência é que com a simplificação da produto com uma boa relação custo/ tecnologia, sobretudo com as plataformas benefício”, lembra Francisco Valim, que permitem transformar redes de acesso presidente da operadora. à Internet (redes IP) em redes telefônicas, É nisso que Net e Embratel esse número comece a crescer de forma trabalham, até porque é um processo mais acelerada. No Brasil não tem porque que deve passar pelo compartilha­ ser muito diferente. mento das redes ópticas das empresas em grandes centros e por um modelo Operadoras de remuneração complicado. Não A Net Serviços, maior operadora de se pode dizer que a Net seja uma TV paga no Brasil, com 1,4 milhão de operadora de triple-play porque falta a assinantes, é também a grande expectativa perna da voz, mas certamente quando se fala em triple-play. A empresa por pouco tempo. Mas a Net é quem é de longe a maior operadora de acesso tem, entre as operadoras de cabo, o à Internet por redes de cabo e iniciou sua maior poder de fogo. digitalização este ano, não registrando Além disso, ainda que os discursos ainda números expressivos da Net sejam evasivos, são recorrentes de assinantes digitais as informações de técnicos da empresa (estima-se que sejam e da Embratel de que o produto combinado já esteja desenhado para ser lançado em setembro, em várias “Nossa experiência cidades brasileiras, a um preço fixo que na integração incluiria acesso local e longa distância, com celular é uma com numeração da Embratel. mostra do que vai Menos complicada é a TVA, com ser possível fazer 295 mil assinantes, que já lançou seu serviço digital e logo em seguida no momento em começou a oferecer para assinantes que o MMDS residenciais também a telefonia e, estiver digital.” agora, alguns serviços integrando Leila Loria, da TVA fotos: arquivo

de gravação digital de conteúdo (DVR). Hoje, por exemplo, os assinantes da Sky têm acesso a DVRs e, em breve, a TVA também lançará o seu modelo (com atraso, já que o sistema estava prometido para junho. Aparentemente haveria um problema com a entrega das caixas pelo fornecedor). A operadora de DTH também planeja, discretamente, algumas transmissões em alta definição, provavelmente na Copa do Mundo de 2006, o que obviamente terá caráter experimental num primeiro momento. Mas nos EUA, onde displays de alta definição são mais comuns, canais em HD são alguns dos serviços que as operadoras oferecem. Também os conteúdos sob demanda são algo que, hoje, apenas as redes de TV por assinatura têm condições de oferecer em condições comerciais. No Brasil, apesar dos mais de 15 anos de TV por assinatura, ainda não existem serviços de vídeo-ondemand em que se possa livremente escolher o conteúdo e assisti-lo, mas essa é uma promessa para a realidade digital. Grandes acervos, como os da TV Globo, por exemplo, tornam-se peças preciosas nesse cenário. Além dos serviços de vídeo, as redes de TV paga prometem ampliar ainda mais a oferta de serviços de banda larga. É certo que hoje existem no Brasil não muito mais do que 400 mil assinantes de serviços de banda larga por redes de TV paga (precisamente 401 mil no final do primeiro trimestre do ano, segundo a empresa PTS), o que significa uma penetração de apenas um pouco mais de 10% sobre a base de assinantes. Os serviços de acesso banda larga das teles, oferecidos por ADSL, por exemplo, e que concorrem com a banda larga da TV paga, chegam a quase 2,5 milhões de usuários (o que dá uma penetração de menos de 7% sobre o total de linhas de telefone em serviço). Hoje, os serviços de acesso à Internet são

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( capa) “O fundamental é ter uma plataforma que faça a Sky convergente com redes IP.”

venda de produtos como pay-per-view e oferta de canais à la carte (vendidos individualmente) por meio de celular, além de jogos em celular com conteúdos da operadora. Os serviços de voz da TVA são oferecidos por uma tecnologia simples e em parceria com outras empresas (Net2Phone e Primeira Escolha). Ainda é cedo para dizer se voz sobre redes de cabo, no Brasil, será um serviço de sucesso, mas é algo que existe. A rede de cabo da TVA, contudo, está limitada à cidade de São Paulo. A empresa tem que apostar, portanto, no MMDS como forma de conseguir integrar serviços digitais. Só que as redes de MMDS da operadora estão analógicas, pelo menos por enquanto. A rede digital em São Paulo deve ser lançada ainda este ano, e talvez no próximo ano o mesmo aconteça no Rio de Janeiro. A grande esperança da TVA chama-se

Ricardo Miranda, da Sky

play”, já que a mobilidade é uma das possibilidades do WiMax. “A nossa estratégia sempre foi oferecer antes todas as possibilidades de serviço. Nossa experiência com integração com celular é uma mostra do que vai ser possível fazer no momento em que o MMDS estiver digital, quando uma rede WiMax estiver disponível. Nesse momento é que seremos de fato quádruplo-play”, diz Leila Loria, CEO da TVA. Ela desassocia essa estratégia da busca de um sócio em telecomunicações, contudo. “Temos conversas, mas nosso trabalho segue independentemente disso”. Outra grande operadora de cabo, a Vivax, com 275 mil assinantes, também tem o projeto triple-play desenhado, mas uma postura bem diferente das concorrentes. A Vivax prefere esperar os

“não é um problema de tecnologia, mas de modelo de negócios”, diz torto, da vivax. WiMax, um serviço de acesso banda larga wireless semelhante aos serviços Wi-Fi já bastante comuns hoje em dia, mas com uma área de cobertura maior, como uma cidade inteira. A operadora, assim como a maior parte das empresas de MMDS, aposta que suas freqüências serão o caminho para o WiMax no Brasil. Assim, chegariam pela primeira vez ao “quádruplo-

movimentos das outras empresas, ver o que dá certo e o que dá errado, para só então entrar. Hoje, a empresa, presente basicamente no interior de São Paulo e em Manaus, aposta muito na cobertura da rede banda larga, mas é cautelosa em relação à digitalização (o projeto-piloto, em Manaus, ainda não foi lançado comercialmente) e prefere olhar melhor o modelo de voz para ver qual é a forma de oferecer um serviço

Raio-X das maiores operadoras de cabo

Net Serv. TVA Cabo SP

Assinantes

1.408.943

149.015

“Homes passed”

Vivax 274.576

Big TV TV Cidade 48.080

66.456

1.107.307 330.963

1.006.938

6.748.000

668.191

Extensão de rede (km)

35.800

2.502

6.789

563

4.571

Índice de penetração

20,88%

22,30%

24,80%

14,53%

6,60%

Ass. banda larga (mil)

217,3

31,59*

60,90

15,2

26,5

* Número total Brasil.

Fonte: PTS, base março de 2005

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mais rentável. “Não é um problema de tecnologia. É uma questão de encontrar um modelo de negócios”, diz Chris Torto, presidente da operadora. As duas principais operadoras de DTH, Sky e DirecTV (com respectivamente 820 mil e 455 mil assinantes), que tendem a se tornar uma só companhia quando (e se) a fusão entre elas for aprovada pelas autoridades brasileiras (algo previsto para 2006), vivem uma situação diferente do mercado de TV por assinatura em geral. A rigor, elas não estão hoje nem no “dual-play”, já que não podem oferecer serviços de acesso banda larga por uma questão tecnológica (o acesso por satélite seria economicamente inviável) e serviços de voz são absolutamente distantes, mas duas considerações devem ser feitas. A primeira é que ambas as operadoras estão muito adiante das demais na exploração de serviços digitais de vídeo. A segunda é que elas caminham para modelos alternativos e criativos e não descartam a idéia de também chegarem ao triple-play. Sky e DirecTV são serviços digitais desde meados da década de 1990, quando foram lançadas no Brasil. Guia de programação eletrônico (EPG), informações adicionais em texto, TV interativa, mosaicos, opções de áudio entre outros serviços típicos de uma realidade digital são conhecidos de longa data destas operadoras e de seus assinantes. Portanto, se existe um ambiente em que alguns dos potenciais da TV digital já são conhecidos, estamos falando das operações de DTH. Grande parte dos desafios tecnológicos que a TV aberta ou outras operadoras de TV por assinatura viverão ao se tornarem digitais já são enfrentados no Brasil há quase uma década no DTH. Mas as duas operadoras, assim como qualquer operadora de TV por assinatura via satélite, ainda não sabem ao certo como responder satisfatoriamente ao mantra do triple-play. O satélite está a

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( capa) 36 mil quilômetros de altitude, e sua capacidade de transmissão é limitada. Com isso, não dá para oferecer serviços de acesso à Internet de forma bidirecional, muito menos serviços de voz, a custos razoáveis. Nos EUA, o caminho que as operadoras de DTH têm seguido para complementarem sua oferta de serviços com dados e voz tem sido a associação com empresas de telefonia, que também têm limitações técnicas para entregarem sinais de TV. Assim, uma empresa complementa a outra e é possível dar ao cliente uma oferta completa de TV, voz e dados. No Brasil, a Sky já adota esta estratégia. Mas a operadora tem planos mais ousados. Desenvolveu, por exemplo, um protótipo de um receptor que integra ao seu sistema de recepção dos sinais de TV via satélite uma plataforma que permite também receber informações de redes IP. Assim, um assinante da Sky que tenha um acesso banda larga em casa (pode ser operado por uma empresa de telefonia, por exemplo) poderá ligar tudo em um único set-top. Pelo satélite chegarão os canais normais do serviço de TV paga. Pela rede banda larga chegarão serviços sob-demanda, conteúdos interativos etc. Ainda é um projeto experimental, mas é uma forma de ter uma solução para o triple-play. “O fundamental é ter uma plataforma que possa fazer os serviços Sky convergentes com redes IP”, diz Ricardo Miranda, presidente da Sky.

O triple-play da TVA Serviço

Custo mínimo

Custo máximo

TV digital*

R$ 58,90

R$ 124,80

Cable modem** R$ 68,80

R$ 549,90

Voz***

R$ 0

R$ 35,00

* Não contados adicionais como revista e canais à la carte ** Valor para o serviço via cabo, em São Paulo. Há ainda uma taxa de R$ 19,90 por mês pelo aluguel do modem *** Valor referente apenas à assinatura, excluído os créditos referentes aos minutos falados e à aquisição do adaptador de voz, vendido por R$ 399,00 Fonte: empresa

viabilizar suas operações em comunidades onde pagar R$50 por mês para ter acesso a alguns canais já é um luxo e tanto, quanto mais para gastar outros R$ 60 para ter acesso à Internet em banda larga. Nesses locais, para os empresários que lá exploram TV paga e para seus consumidores, tripleplay é uma expressão estrangeira que não é muito mais do que um modismo de cidade grande. Para as empresas de TV por assinatura, há basicamente três

telefonia, imensamente maiores em termos econômicos do que o setor de TV paga. Para se ter uma idéia, a indústria de TV por assinatura faturou, brutos em 2004, algo perto de R$ 4 bilhões. A Brasil Telecom, terceira operadora de telefonia do Brasil, faturou sozinha R$ 3,6 bilhões só no segundo trimestre deste ano. É por estas razões que apenas nesse momento, em que as operadoras de TV por assinatura começam a efetivamente se aproximar de empresas de telefonia, que é possível colocar algumas fichas de que a promessa do triple-play sairá do papel. A Net Serviços tem como segundo maior acionista a Telmex/Embratel, que declaradamente diz que vai usar a rede da operadora de cabo para dar acesso telefônico a seus clientes. A TVA vem flertando com investidores da área de telecomunicações, enquanto isso, mostra um pouco do que poderia fazer em termos de serviços convergentes. A verdade, contudo, é que a TV por assinatura precisa de dinheiro para

concorrência direta é com as telefônicas, que têm muito mais capacidade econômica. desafios a serem vencidos quando se fala em oferta de serviços de voz, dados e TV de forma integrada. O maior deles, naturalmente, é financeiro. Viabilizar uma operação desta natureza é algo caro, envolve melhoria das redes, subsídios de equipamentos, mudanças na estrutura das centrais (headends), sistemas de cobrança e atendimento diferenciado e, acima de tudo, capacidade de marketing, já que a concorrência direta é com empresas de

Desafios A realidade da TV por assinatura no Brasil é cruel, entretanto. Para os 3,8 milhões de assinantes, todas estas promessas de oferta integrada de serviços soam atraentes. Mas a massa de telespectadores do Brasil sequer sonha em ter TV por assinatura, ou se sonha, talvez espere pelo dia em que os custos serão mais adequados à realidade brasileira. Pequenos e médios operadores de TV paga estão hoje muito mais preocupados em

chegar ao triple-play. Com as empresas saneadas economicamente, fica mais fácil. A Net declarou moratória de suas dívidas no final de 2002. Passou 2003 e 2004 negociando com os credores e apenas este ano saiu do buraco, agora com fôlego para crescer, ainda que sem nenhuma disposição para ousadias. Um segundo desafio é regulatório. As regras do setor de telecomunicações permitem que

Market share de tecnologias Satélite

Cabo

34,4%

59,5%

1.310.386*

2.261.884*

MMDS

6,1% 231.491* *Assinantes - total: 3.803.761

Fonte: PTS - mar/05

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( capa) mesma empresa preste todos os tipos penetração da tv nas regiões metropolitanas Market share depaga tecnologias de serviço? É um ambiente complexo. São necessárias múltiplas licenças, Cidade Domicílios Cabo com TVMMDS Nº de assinantes Satélite Total Penetração pois cada uma dá o direito a um tipo Assinantes São Paulo 2.261.884 5.267.754 231.491 638.406 1.310.386 3.803.761 12% de serviço. Alguns tipos de licença (%) de Rio do Janeiro total 59,5% 3.622.004 6,1% 335.000 34,4% 9% têm prerrogativas que outras não Belo Horizonte 1.279.658 132.639 Fonte: PTS, 10% base março de 2005 têm. Por exemplo, há várias formas de oferecer serviços de voz, mas nem Porto Alegre 1.190.210 109.489 9% todas dão o direito a um número Recife 883.676 23.994 3% próprio. A interconexão entre as redes Salvador 821.682 21.672 3% de telecomunicações é obrigatória Curitiba 812.447 80.687 10% por lei, mas na prática esta negociação Fortaleza 765.175 39.814 5% é difícil, demorada e estas condições difíceis podem fazer com que um Brasília 608.489 71.002 12% determinado serviço se torne inviável. Belém 434.165 12.983 3% Por outro lado, a questão Fonte: PTS, base março de 2005 regulatória tende a beneficiar as empresas de TV por assinatura. Hoje, no Brasil, é muito mais flexível e fácil a qualquer empresa ter o direito de sinais de vídeo sobre redes IP de banda do que valiam em 2000, quando a fazer serviços de voz do que oferecer larga. No Brasil, não há projetos como o bolha da internet estourou”, disse serviços de televisão. A Lei de TV a da operadora de telefonia fixa Verizon o consultor da Accenture Henrique Cabo exige uma concessão específica nos EUA, no qual as residências de grande Washinton durante o VI Fórum para o serviço, o que depende de um parte dos assinantes são conectadas Brasil de Programação e Produção, processo aberto de licitação. E mesmo a redes de fibras ópticas para poder organizado pela TELA VIVA em que uma empresa de telefonia queira entregar também vídeo. Mas as três teles maio deste ano. A tese de oferecer serviços esporádicos, fixas brasileiras estudam com Washington é que elas precisam como pay-per-view (eventos carinho a entrega de sinais de encontrar alternativas para pagos individuais) ou serviços TV por meio de redes ADSL. verem de volta os recursos que sob demanda, há sérias A Telefônica já tem serviços investiram em suas redes. dúvidas jurídicas sobre a dessa natureza em pleno Não por acaso, no Brasil as teles já possibilidade de fazê-lo sem funcionamento na Espanha e defendem abertamente uma revisão uma outorga para alguns dos os testa no Brasil. A Telemar no modelo regulatório para que elas serviços de TV por assinatura. realiza testes no Rio de Janeiro tenham mais liberdade de integrarem Já o serviço de voz é acessível e em Minas Gerais. A Brasil vários serviços em um só modelo questão por uma simples autorização. regulatÓria Telecom também anunciou de negócios. Querem, por exemplo, E os serviços de voz sobre IP, planos nesse serviço. No poder oferecer pay-per-view, canais deve por exemplo, são totalmente caso da Brasil Telecom, há sob demanda e mesmo oferecer beneficiar investimentos em conteúdos desregulamentados no Brasil, continuamente programação a as empresas de TV paga em seu portal e assim devem permanecer. seus clientes. Isso é bom para a de tv O terceiro desafio a ser banda larga, o BRTurbo, onde indústria de TV por assinatura? Para vencido para que empresas oferece inclusive conteúdo operadores de cabo, MMDS e DTH de TV por assinatura cheguem ao típico de TV por assinatura. não, pois amplia-se imediatamente triple-play é competitivo. Também as As empresas de telefonia não fazem a concorrência na oferta de serviços teles estão caminhando rapidamente este movimento só porque acreditam de TV, concorrência esta que seria nesse sentido, e por isso o setor de no bonito discurso da convergência. Elas exercida por TV paga não pode dizer que tem a buscam a oferta de triple-play porque empresas com muito mais poder prerrogativa da oferta de voz, dados e precisam rentabilizar suas redes, precisam de fogo econômico. imagens. Mas tem a vantagem recuperar investimentos monstruosos já Do ponto de vista dos produtores, de já oferecer a parte mais difícil, que feitos, porque a telefonia por IP ameaça programadores e canais, o triple-play a parte de vídeo. erodir suas receitas, porque perdem pleno, ou seja, aquele em que as As teles já têm serviços de voz e dinheiro com o aumento na concorrência teles também participarão dados, e querem também oferecer com as empresas de celular e com a é o melhor cenário, pois amplia-se a conteúdos audiovisuais. Como? A longa distância. “Hoje estas empresas competição e a oportunidade para maior expectativa é o transporte de de telecomunicações valem a metade a oferta de conteúdos. 28

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(programação)

Edianez Parente

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Canais nacionais brigam por espaço Está em plena ebulição a discussão que envolve as programadoras nacionais e as maiores operadoras da televisão por assinatura.

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FOTO: divulgação

anais com produção brasi­ leira estão soltan­ do o verbo contra os operadores de TV por assinatura que não os carregam em seus line-ups. Primeiro foi o presidente da Band, Johnny Saad, quem lançou a questão, durante o VI Fórum Brasil de Progra­mação de Produção - promovido por TELA VIVA. Na ocasião, o radiodifusor tornou públicas suas preocupações diante do quadro que se antevê na distribuição de TV paga no Brasil, com uma iminente concentração do DTH a partir da fusão entre a Sky e a DirecTV. Saad, como se sabe, teme pela exclusão de seus canais pagos BandSports, BandNews e mesmo das redes abertas Bandeirantes e Rede 21, atualmente presentes na plataforma da DirecTV mas sem garantias de permanecer no DTH quando a fusão sair da esfera empresarial e se configurar na base instalada de clientes. A questão, por enquanto, corre no âmbito do direito econômico e da regulamentação; portanto, ainda não chegou à Net Brasil, que é quem representa a Sky para a compra de programação nacional. Poucos dias depois, foi a vez de Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura e do canal por assinatura voltado ao público infantil TV Rá-Tim-Bum. Em dois eventos para a imprensa, em julho, ele

Marcos Mendonça diz não acreditar que o entrave para a entrada do canal seja uma questão de preço: “Nossa proposta comercial é boa e sempre podemos conversar”, afirmou.

Espaço A Net Brasil, por meio de seu diretor executivo, Fernando Ramos, diz que “sempre demonstrou interesse em relação à TV “Baú de Histórias”, da TV Rá-Tim-Bum Rá-Tim-Bum”. A empresa é responsável pela aquisição reclamou da barreira encontrada pelo seu de programação nacional para as canal infantil para ingressar nos maiores operadoras Net e Sky. O diretor vai sistemas de TV paga do País: Net e Sky. mais além: “Inclusive, fomos nós “A maior operadora ainda não nos abriu que os procuramos inicialmente espaço; assim, ficamos de fora de quase para que pudéssemos receber 70% do mercado”, disse. “É uma questão informações sobre o conteúdo do de patriotismo ter este canal para concorrer canal. As negociações continuam em com os produtos feitos lá fora, que não andamento e há uma boa perspectiva, têm nada a ver com a realidade do Brasil. já que as operadoras representadas E nossa produção é de alta qualidade; se pela Net Brasil estão interessadas no entrarmos na Net, nossos recursos para canal”. No entanto, de acordo com produzir mais programação infantil vão o diretor executivo, há limitações aumentar”, diz ele. como a falta de espaço no line-up e Com a Cultura sem fazer nada de uma constante movimentação das novo desde 2002 para o segmento operadoras na busca da redução voltado às crianças, foi a TV Rá-Tim-Bum dos seus custos com aquisição de que viabilizou a produção de 52 novos programação. episódios do programa “Cocoricó” (o Sobre outro ponto citado por orçamento de cada capítulo está em R$ Marcos Mendonça, o de que os 60 mil). A atração estreou na TV Rá-Timoperadores carregam tantos canais Bum e só agora chega à TV aberta. O canal infantis estrangeiros, com conteúdo pago da Cultura soma 600 mil assinantes, adverso da cultura nacional para as nas operações associadas à Neo TV. Em crianças brasileiras, a Net Brasil justificaalgumas delas, como a Vivax, está no se. Diz que tais contratos são anteriores pacote básico; na TVA, o canal é vendido à existência da TV Rá-Tim-Bum, que mediante mensalidade extra de R$ 1,00. muitos datam da década de 90 e que 30

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( programação) há ainda o aspecto do “bundle” - a venda casada de diversos canais, num pacote em que o infantil se torna obrigatório para a aquisição de um outro canal de interesse mais geral. “Portanto, não se pode falar em privilégio”, afirma Fernando Ramos, que aproveita para defender o que chama de “papel histórico da Net Brasil” no fomento de canais de conteúdo nacional. Lembra que em 1994 a empresa contratou a ex-deputada Irma Passoni e outros especialistas na formatação e lançamento de canais comunitários e outros de acesso público como educativo, cultural e legislativo. “Foram mais de 20 canais lançados com a participação direta da Net Brasil. De modo que estamos absolutamente confortáveis no equilíbrio de canais estrangeiros e nacionais.” A Net Brasil representa os canais nacionais da programadora Globosat - alguns exclusivos aos sistemas Net/ Sky (SporTV, GNT, Multishow); outros disponíveis a todo o mercado, como o Universal Channel, o Canal Brasil e o Canal Futura. Sobre estes dois últimos, aliás, a Net Brasil enfrenta no mercado as mesmas resistências comerciais de que os demais canais do mercado também se queixam. O Futura, por exemplo, canal da Fundação Roberto Marinho que é bancado pela iniciativa privada, tem sinal aberto no satélite (em banda C). No entanto, isto não dá direito às operadoras de TV paga a distribuí-lo sem uma contratação específica para o meio. Fernando Ramos conta que a Vivax tem contrato de distribuição com o canal.

Fernando Ramos, da Net Brasil.

assim, as negociações mais recentes se estendem há mais de três anos.” O diretor geral do Canal Brasil, Paulo Mendonça, diz que é sempre com perplexidade que vê o mercado: “Oscarito não é menos importante do que Jerry Lewis!”, compara, a respeito da aceitação de canais de produções estrangeiros em detrimento do seu, de conteúdo audiovisual nacional. Na maior parte das praças, o Canal Brasil está no pacote Advanced da Net; no entanto, já figura em algumas operadoras em pacote imediatamente inferior; na Sky, os novos assinantes têm acesso ao Canal Brasil a partir do pacote Família. Segundo o diretor, todo um esforço tem sido feito a fim de se tornar o canal mais atraente, dentro das “condições possíveis”. Ele diz que o Canal Brasil recebe muitos e-mails

Canal Brasil Já para o Canal Brasil, o diretor executivo da Net Brasil lembra que as operadoras ligadas à Neo TV não se interessam pelo canal. “Por enquanto, não fechamos nenhum acordo importante de distribuição do Canal Brasil fora do âmbito das operações Net e Sky. A diferença significativa é que o Canal Brasil está buscando essa distribuição desde 1998 e, mesmo

Para Tereza, do Cinebrasil TV, população deveria ter mais acesso ao conteúdo nacional, muitas vezes produzido com renúncia fiscal.

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de pessoas interessadas em assinálo e que há “telespectadores que se sentem lesados por não tê-lo”. Mendonça nem gosta de lembrar a questão da obrigatoriedade do canal - ele é certificado no Ministério da Cultura na condição de canal de produção audiovisual nacional independente de presença obrigatória prevista na Lei do Cabo. “O Canal Brasil tem de ser visto pela sua qualidade”. Segundo o diretor do canal, a procura de um consenso financeiro é um desafio: “Temos tentado encontrar um denominador comum. Há boa vontade, e nós podemos proporcionar um preço compatível. O cinema brasileiro tem atratividade, sim, e o canal não é exclusivamente de cinema.” Paulo Mendonça diz que 70% da programação é formada por filmes nacionais, mas o canal envereda por outros ramos da cultura nacional. O Canal Brasil, que somava 1,2 milhão de assinantes ao final de 2004, espera que em breve possa estar numa base mais ampla, atingindo as operadoras independentes também. Neo TV Já a Neo TV vê a produção nacional como um dos seus maiores trunfos. “Inclusive, ajudamos a viabilizar vários canais nacionais”, destaca sua diretora geral, Neusa Risette, enumerando a própria TV Rá-Tim-Bum, o Cinebrasil TV, entre outros. Ao contrário do que afirma a Net Brasil, Neusa diz que a Neo TV tem, sim, interesse em carregar também o Canal Brasil, pela sua importância e qualidade: “Só não o temos ainda por uma questão comercial. Mas a gente continua negociando, conversando com eles, cada lado cedendo um pouquinho, e tentamos chegar a um acordo”. Neusa Risette chama atenção para outro ponto: a importância dos canais locais, todos com programação nacional e regional. “Eles estabelecem um relacionamento estreito com a comunidade, têm conteúdos das universidades, e isso só há nas operações da Neo TV”, afirma. Dos

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( programação) demais canais nacionais do mercado, apenas os da Globosat não estão com a Neo TV, sendo esta uma das maiores bandeiras da associação, que desde o seu surgimento prega o interesse pelos canais da programadora, em especial os canais de conteúdo esportivo (leia-se futebol brasileiro, competição exclusiva na TV paga na Globosat). “Por serem canais exclusivos, não temos acesso”, lamenta Neusa. STV O canal STV (Rede SescSenac de TV) viu seu número de assinantes baixar em quase 750 mil clientes, diante dos 2,6 milhões que registrava ao fim de 2004. Isto porque a Net Serviços tirou o canal de sua base analógica em São Paulo e Rio de Janeiro, deslocandoo para a plataforma digital do cabo, que ainda cresce a passos lentos - o último número era da ordem de seis mil assinantes .“Foi uma perda muito grande para a STV”, admite o diretor de programação do canal, Robson Moreira, que afirma não pararem de chegar e-mails de telespectadores desolados com a saída do canal. “Mas, dos males, o menor: pelo menos já estamos no digital, subindo e descendo o sinal para este sistema”, afirma. Sobre a STV, Fernando Ramos, da Net Brasil, afirma que “o canal está na Net e Sky pelo menos desde 1998, e o contrato foi renovado em outubro de 2004.” “Aumentamos as parcerias com as TVs da rede pública, fazendo troca de programação. É um jeito de os nossos programas serem vistos por um público maior”, diz Robson Moreira. A STV, que pleiteia no momento a classificação de canal educativo-cultural, espera que a partir do certificado tenha maiores chances nas negociações com operadoras. A equipe da STV é bem reduzida: são 47 funcionários. O canal é viabilizado totalmente com produção terceirizada. Band Nem tudo são reclamações. Da parte da BandNews e BandSports, Silvia Jafet, diretora de novos negócios dos

Migração para o digital da Net foi uma grande perda, diz Robson Moreira, da STV.

canais, diz que a aceitação destas emissoras nas operações onde está presente é muito boa. O único porém, segundo ela, diz respeito à programação, pela falta do Brasileiro de Futebol, “cujo monopólio está com a Globo”, o que prejudicaria um pouco o BandSports. Mesmo assim, Silvia conta que o canal cresceu muito depois da cobertura feita nas Olimpíadas de Atenas, ano passado. Segundo a diretora, o conteúdo nacional é sempre muito bem visto pelos operadores. Também na linha esportiva, o canal ESPN Brasil tem crescido. Com dez anos no mercado brasileiro, seu diretor geral, German Von Hartenstein, conta que a projeção do canal é de crescimento, e destaca que tem obtido um bom desempenho na base de assinantes. Tanto que, pelo terceiro ano consecutivo, o canal já alcançou a rentabilidade no país - a ESPN Brasil é totalmente produzida localmente. O diretor diz que em 2004 o canal cresceu acima da média do mercado. Ainda no gênero esportes, o NSC que, a despeito do nome em inglês (National Sports Channel), é outro canal de produção local que briga por espaço entre os operadores independentes. O canal tem como trunfo alguns importantes torneios estaduais de futebol. Cinebrasil TV Canal que acaba de completar um ano de vida, o Cinebrasil TV surgiu como alternativa de canal de conteúdo audiovisual independente, previsto como obrigatório segundo a Lei do Cabo. Conta atualmente com 500 mil assinantes, a 34

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maioria nas operações associadas à NeoTV. “O mercado brasileiro deveria ser cheio de canais nacionais, é o que o público pede; o telespectador gosta de ter acesso a si mesmo”, afirma a diretora e fundadora do Cinebrasil TV, Teresa Trautman. Ela reclama por não ter acesso aos maiores operadores do mercado brasileiro com um argumento plausível: “A maior parte da produção audiovisual independente nacional tem se viabilizado por incentivos fiscais; e o que acontece é que a população não tem acesso a uma programação que é ela mesma quem subsidia”. Ainda, Teresa compartilha do mesmo temor manifestado pelo presidente do grupo Bandeirantes, sobre a fusão entre Sky e DirecTV: “Como se vai permitir que um grupo fique com 75% do mercado de TV paga no País?”, questiona, completando que “quem não for carregado por esses sistemas não vai sobreviver no mercado”. Teresa revela que estava prestes a fechar a entrada do Cinebrasil no line-up da DirecTV com um formato especial de 80 horas em pay-perview, quando todas as compras de programação da operadora tiveram de ser interrompidas, por conta da venda da operação. O Cinebrasil não se vê como concorrente do “similar” Canal Brasil, mas sim como um canal complementar, desenhado para os pacotes mais básicos e até sub-básicos. O preço de tabela do canal está em R$ 0,52/assinante, o que segundo Teresa permite um fechamento bem apertado das contas. “Cerca de 50% dos nossos gastos são da conta engenharia”, afirma ela, que projeta o quanto menos poderia custar o canal caso fosse acertado com a Net Brasil: R$ 0,32, pois chegaria a mais 2,5 milhões de assinantes. Neste aspecto, a Net Brasil foi bem clara: “Quanto ao Cinebrasil TV, estamos seguindo a orientação das operadoras que não têm interesse no canal do mesmo modo que as operadoras da Neo TV não se interessaram pelo canal Brasil”, conforme afirmou o diretor executivo, Fernando Ramos.

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Edianez Parente

Esta coluna aborda, a partir desta edição, assuntos de programação e conteúdo nos seus diversos canais de exibição.

e d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

Fotos: divulgaçÃo

Canal GNT do P

A minissérie “Taken”

Canal Sci-Fi vem aí

O Brasil será contemplado com a versão para a América Latina do canal Sci-Fi, derivado do canal USA nos Estados Unidos (que se chama Universal Channel no resto do mundo) e isso deve sair até o final deste ano. Mas, diferentemente do Universal Channel, cujo sócio brasileiro é a Globosat, a programadora brasileira não irá repetir a joint-venture neste novo canal, que deve entrar aqui com o

mesmo parceiro do nível pan-regional. Desse acordo de distribuição depende também o próprio nome com que o canal deve entrar no mercado. Só para se ter uma idéia do que o canal tem, o Sci-Fi nos Estados Unidos engloba uma série de atrações que aqui estão ou já estiveram distribuídas em várias emissoras: “Arquivo X”, “Andromeda”, “Battlestar Galactica”, “Stargate”, “Stargate Atlantis”, “Taken” etc. O bloco sci-fi do Universal Channel brasileiro é uma das grandes audiências do canal - ali está reunida toda a franquia de “Star Trek”, e suas novas gerações.

Enquanto as novelas atuais da Globo na SIC de Portugal perdem audiência na TV aberta daquele país para a TVI, no cabo português o único canal da Globosat remanescente no mercado vai muito bem, pois pois. O GNT feito especialmente para Portugal (no line-up da TV Cabo) exibe sucessos antigos da Globo como as novelas “Vamp”, “O Dono do Mundo” e o humorístico “Viva o Gordo”. É de dar inveja ao telespectador de TV aberta e ao assinante de TV paga no Brasil, que não têm acesso a tais atrações. Com o fim do Canal Brasil naquele mercado, o GNT português também tem sido uma janela importante para os filmes nacionais. Em julho, por exemplo, foi exibido “Como ser Solteiro”, de Rosane Svartman. O diretor de programação do GNT português é Roberto Petti, e a direção geral é de Letícia Muhana, que é também a diretora geral do GNT do Brasil.

Pânico dá uma força

Que o “Pânico na TV” mudou a cara e a audiência dos programas de auditório de domingo não é novidade. Mas até a TV por assinatura pegou carona no sucesso da trupe da rádio Jovem Pan FM na Rede TV!. O Prêmio Multishow de Música Brasileira 2005, por exemplo, teve uma visibilidade na rede aberta que jamais sonhara; sequer na Rede Globo mereceu tanto destaque. No domingo imediatamente pós-evento, que aconteceu em 5 de julho, a turma do “Pânico na TV” fez uma grande cobertura do lado de fora da festa, e não parou de citar tanto o canal pago quanto o seu prêmio. Como no mesmo programa a atração fez uma sátira aos escândalos políticos, lembrando o fatídico episódio do dinheiro na cueca, o “Pânico” Marcelo D2 e o senador teve uma audiência média de 9,4 pontos e pico de 13,4 Suplicy no Prêmio Multishow. pontos no Ibope (Telereport - Grande São Paulo). Ou seja: mais de 600 mil domicílios (público de quase 2 milhões de pessoas). Já na medição do prêmio propriamente dito, no canal pago Multishow, o alcance total da atração foi de 485 mil pessoas (Fonte: Ibope Telereport - GRSP + GRRJ).

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Dona Helena, seu Francisco, Zezé e Luciano

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Chega este mês às telas de cinema a mais nova investida com a marca Globo Filmes. Uma produção da Conspiração Filmes, ZCL Produções (empresa de Zezé di Camargo e de Luciano) e Columbia TriStar do Brasil, “2 Filhos de Francisco” teve orçamento de R$ 5,9 milhões. A direção é de Breno Silveira. Vale lembrar que outra dupla de sucesso estrelou um dos grandes fiascos brasileiros na tela grande com aval da mesma Globo Filmes: “Acquaria”, com Sandy & Júnior.

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) Adulto básico

Adulto em alta

Os canais adultos têm se mostrado um dos segmentos mais promissores na TV paga, desde sempre. Agora, com a proliferação de canais em PPV propiciados pela digitalização do cabo, verifica-se um crescimento maior ainda. A Claxson (canais Playboy TV, Venus e G Channel), por exemplo, registrou um aumento de sua base no Brasil, em um ano (entre abril de 2004 e abril de 2005) de 27%, ou 163 mil novos assinantes - somente para os canais adultos. A programadora credita a expansão à entrada no PPV da TVA e na plataforma da Vivax, entre outras.

Telecine estréia seriado

Pela primeira vez em sua grade, o Telecine Premium estréia em agosto a série “Numb3rs” (numbers, ou números, escrito assim mesmo, com o “3” no lugar da letra “e”), exibida na TV americana pela CBS. O seriado, sobre um matemático que trabalha para o FBI usando equações para ajudar a resolver crimes, será atração nas noites de domingo (22h) no canal, com exibição também no Telecine Pipoca, dublado em porElenco de tuguês, às quintas“Numb3rs” feiras (21h). Outro canal tradicional de longas-metragens que também ingressou este ano no mundo dos seriados foi a TNT.

Mais adulto

Em pesquisa interna, a Sky detectou que, do volume total de vendas de programação adulta comercializado pela operadora, 50% dos telespectadores são mulheres.

O Multishow, que tornou célebre sua faixa da madurgada “Sexytime’”, passa a investir um pouco mais no filão do erotismo. Agora em agosto, estréia o programa “Intervalo Sexy”, que importa a apresentadora Carolyne Ferreira (foto) do Sexy Hot. Ela continua no programa “Zona Quente”, em cartaz desde 2004 no canal à la carte de sexo explícito da Globosat. Ente os quadros do novo programa, um deles “Sexo Verbal”, no Multishow, ela vai às ruas falar com o público. O programa é feito pela produtora ProSol.

Muito mais adulto

Até o MGM, quem diria, dedica algumas madrugadas de agosto ao erotismo. O canal da Metro que tem a marca (e o rugido) do leão, promete a quem não tem pay-per-view de canais adultos uma programação mais “caliente”. O canal apresenta em agosto a faixa “Hot Ticket”, com filmes com doses de erotismo. São eles: “Pecado Original”, com Antonio Banderas e Angelina Jolie; “Tryst”, “Incontrolável Desejo”, com Brigitte Nielsen; e o picante “De Sade”.

TV Cultura cresce

A TV Cultura projeta fechar 2005 com um faturamento de publicidade de R$ 18 milhões - em 2004, foram R$ 8 milhões no total. Só neste primeiro semestre, a meta já foi atingida em 50%. Cícero Feltrin, diretor de marketing da Cultura, diz que as inovações na programação tiveram um reflexo imediato na audiência, alcance e na ampliação comercial da emissora, que tem avançado um pouco mais com seus novos programas em direção ao público jovem, mulheres e também à classe C.

Conteúdo nacional

A discussão sobre a importância do conteúdo nacional na programação de TV não é uma exclusividade brasileira, onde o campeão de audiência é a novela das 21h da Rede Globo. Basta dar uma olhada nos campeões de audiência na TV em diversos países para ver que, na esmagadora maioria dos casos (à exceção da TV australiana), o produto local é o líder nas emissoras abertas. Levantamento que une pesquisas feitas em diversos países, aglomerados sob a sigla NOTA International TV Trends (Austrália, França Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suécia, Reino Unido e EUA) mostra que os maiores sucessos de audiência de set/2004 a abr/2005 são programas de ficção (e não os reality shows) com algo em comum: produções locais. Veja a tabela:

Maiores audiências na TV País Título Austrália França Alemanha Itália Países Baixos Espanha Suecia Reino Unido USA

(por países - set/2004 a abr/2005)

“Desperate Housewives” (EUA) “Dartagnan e os 3 Mosqueterios” (FRA) “O Reino da Floresta Negra” (ALE) “Minissérie sobre o Papa João Paulo II” (ITA) “Koefnoen” (comédia local) (Hol) “Aída” (drama local) (ESP) “Saltón” (drama local) (SWE) “Doctor Who” (drama local) (GB) “Numb3rs” (drama local) (EUA)

Market Share 39,1% 34,3% 32,3% 44,3% 26,4% 35,8% 62,0% 44,8% 21,3%

Fonte: NOTA - Interantional TV Trends 2004/2005 Survey - Copyright Médiametrie & IMCA, OzTAM/MédiametrieMdiamat/ÁGF/GFK/ Auditel-AGB Italia/SKO/YNS Audiencia de Medios Spain/MMS/BRB/Nielsen Media Research.

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(audiência - TV paga)

TNT lidera em alcance na TV por assinatura

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Foto: divulgaçÃo

m maio, o canal TNT repetiu o desempenho de abril, ocupando a primeira colocação no quesito alcance diário médio total entre os canais da TV por assinatura aferidos pelo Ibope Mídia. O canal de filmes e entretenimento da Turner é seguido pelo Multishow e SporTV. O levantamento considera o total de indivíduos de 18 anos ou mais com TV por assinatura (Universo Grande São Paulo + Grande Rio de Janeiro + Porto Alegre + Curitiba + Belo Horizonte + Distrito federal = 4,3 milhões de indivíduos). Nele, os canais de TV por assinatura apresentaram um alcance diário médio de 52,2% do total de assinantes ou 2,2 milhões de pessoas por dia, com um tempo médio diário de audiência de duas horas e 5 minutos. Já entre o público que vai dos 4 aos 17 anos com TV por assinatura (nas mesmas praças citadas acima, totalizando 865,5 mil indivíduos), os canais Cartoon Network, Nickelodeon e TNT foram, nesta ordem, os que apresentaram o melhor alcance em maio. No seu conjuntos, os canais pagos tiveram junto a este público um alcance diário médio de 57,7%, ou 499 mil pessoas por dia, e um tempo médio diário de audiência de duas horas e 25 minutos.

“Pearl Harbour”

alcance e tempo médio diário

De 4 a 17 anos*

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio Total canais pagos 52,2 2255,9 2:05:42 TNT 15,8 684,1 0:33:42 MULTISHOW 11,8 508,1 0:16:41 SPORTV 11,4 490,7 0:46:57 GLOBONEWS 10,8 466,7 0:39:03 DISCOVERY 10,6 457,3 0:26:39 WARNER CHANNEL 9,9 426,6 0:27:56 AXN 9,8 425,4 0:23:52 UNIVERSAL CHANNEL 9,6 413,2 0:27:04 FOX 8,7 375,1 0:23:39 SONY 8,6 373,6 0:23:17 CARTOON NETWORK 8,6 373,4 0:36:34 GNT 8,3 359,5 0:18:03 NATIONAL GEOGRAPHIC 7,6 329,3 0:20:43 SPORTV 2 7,3 317,1 0:19:18 TELECINE PREMIUM 7,1 304,9 0:26:37 ESPN 6,9 298,4 0:22:10 NICKELODEON 6,2 266,0 0:27:03 PEOPLE + ARTS 6,1 265,0 0:17:51 ESPN BRASIL 6,0 260,1 0:26:53 *Universo 4.323.200 indivíduos

*Universo 865.500 indivíduos

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(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio Total canais pagos 57,7 499,2 2:25:46 CARTOON NETWORK 28,6 247,8 1:08:41 NICKELODEON 25,2 218,0 0:58:26 TNT 12,7 109,7 0:30:36 DISCOVERY KIDS 11,8 102,4 1:13:13 JETIX 11,1 95,8 0:54:24 MULTISHOW 10,7 92,9 0:26:27 DISCOVERY 7,8 67,4 0:28:44 SPORTV 7,7 66,9 0:29:10 FOX 7,4 63,6 0:31:59 WARNER CHANNEL 7,0 60,6 0:22:31 BOOMERANG 5,7 49,3 0:31:19 SONY 5,5 47,6 0:18:09 TELECINE PREMIUM 5,3 45,5 0:33:30 UNIVERSAL CHANNEL 5,1 44,2 0:19:17 AXN 4,9 42,2 0:17:03 DISNEY CHANNEL 4,8 42,0 0:59:12 SPORTV2 4,7 40,3 0:15:46 ESPN 4,6 39,8 0:20:39 NATIONAL GEOGRAPHIC 4,3 37,3 0:17:57

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Fonte: Ibope/ Telereport - Tabela Minuto a Minuto - Maio/2005

Acima de 18 anos*


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Foto: divulgaçÃo

(negócios)

Intel inside Por que a maior empresa de processadores do mundo se aproxima de grupos de comunicação e investe na distribuição de conteúdos digitais? É o jeito de transformar as ondas tecnológicas em realidade (e vender mais chips).

Elber Mazaro

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futuro não acontece por acaso. Se hoje, quando se pensa em convergência tecnológica, a imagem do indivíduo 100% conectado vem à mente, juntamente com a imagem das casas inteligentes, das mídias integradas, da troca instantânea de informação, tudo isso só acontece porque alguém quer que aconteça. E provavelmente o quer com o objetivo de ganhar com isso. Não há erro caso se aposte que a Intel, gigante mundial do mundo dos chips, é uma das que trabalham para que essa realidade aconteça. Hoje ela está por trás de praticamente tudo o que possa dizer respeito à realidade digital, cada vez mais presente. Simplesmente porque seus componentes estão em todos os dispositivos necessários a essa realidade. É, em essência, o que a Intel chama de conceito de “casa digital”, ou seja, o conceito de que as pessoas terão, no futuro, acesso pleno a informações e comunicação

em qualquer lugar. Para que isso aconteça (e para que, portanto, a Intel venda mais chips para mais fabricantes de dispositivos digitais), é necessário que essa visão tenha sentido. Sentido esse que só vem com utilidade, e conteúdo gera utilidade. Essa é a lógica. É isso que está por trás, por exemplo, das parcerias firmadas com os dois maiores grupos de mídia da América Latina, Globo e Televisa. “Estas parcerias estão motivadas por um novo modelo de uso de entretenimento e vida digital. É nossa visão. A curto e médio prazos o conteúdo será todo digital”, diz Elber Mazaro, diretor de marketing da Intel do Brasil. Em abril deste ano, a Intel e as Organizações Globo assinaram acordo para desenvolver projetos em conjunto. Segundo o abstrato comunicado divulgado pelas empresas, o objetivo do acordo é acelerar a disponibilidade de conteúdo digital para PCs e terminais móveis, distribuindo conteúdos e produtos da Globo por meio de dispositivos equipados com tecnologia Intel. Mazaro explica: 44

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“não adianta ter a infra-estrutura, os dispositivos, se o conteúdo não estiver lá. Se a Globo, por exemplo, não estiver confortável em fazer isso dentro de um modelo de negócios, com segurança, essa realidade digital não acontece. Por isso nossa cooperação é para que ela se sinta bem em acelerar o desenvolvimento e entrega desses conteúdos em mídias digitais”. Trata-se de uma parceria sem foco precisamente definido. Tudo está no âmbito do que pode ser feito em conjunto pelas empresas. Desde marketing conjunto de marcas, com a Intel promovendo processadores e para isso usando o apelo dos conteúdos digitais da Globo, como o Globo Media Center, por exemplo, até o desenvolvimento de ferramentas de segurança, proteção de direitos autorais, compressão e armazenamento. “A parceria é um acordo guardachuva de cooperação em várias áreas de interesse. Todas elas estão

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relacionadas à tecnologia. Não necessariamente desenvolvimento de novas tecnologias, mas sim de implementação”, diz o executivo. Quando a Globo e a Intel fecharam o acordo, o objetivo do maior grupo de mídia do Brasil era desenvolver conhecimento especialmente para a migração de seus conteúdos para plataformas móveis. Esse momento chegou. A Globo finalmente celebrou acordos de distribuição de conteúdo com operadoras de telefonia celular (veja matéria à pág. 48). Acertou com a Claro e com a Vivo a distribuição de gols do Campeonato Brasileiro, notícias selecionadas do GloboNews, conteúdos do Globo.com e material de arquivo ainda a ser definido. A decisão do grupo Globo de partir para um estratégia de distribuição via celular foi demorada sobretudo porque não havia encontrado, ainda, um formato adequado. Mas também porque, na visão futura, a Globo

ainda não tem claro como a TV digital se casará com a telefonia móvel. Será que as teles celulares serão como que “afiliadas” da Globo na distribuição dos sinais? Ou os handsets simplesmente receberão os sinais em UHF, como se fossem televisores portáteis? Discussões como essa passam pela parceria com a Intel. “De quem é o conteúdo, isso é uma questão transparente para a Intel. Se o

colocar todo o seu conteúdo digital disponível para a transmissão digital. Isso vai demandar armazenamento e processamento, assuntos esses que discutimos no escopo de nossa parceria”. Em relação ao desenvolvimento da tecnologia específica de TV digital, a Intel participa de forma indireta. “No que se refere a padrões, influenciamos

A parceria é um acordo guarda-chuva de cooperação em várias áreas de interesse. Todas elas estão relacionadas à tecnologia. Não necessariamente desenvolvimento de novas tecnologias, mas sim de implementação sinal chegará pelo UHF ou pelo celular, elas decidem. Nossa orientação é sempre pelo padrão aberto, pelo ganho de escala. Modelos fechados em geral arriscam o modelo de negócios. Crescemos com essa filosofia”, diz Elber Mazaro. O que a maior empresa de chips do mundo busca é estar nas plataformas que transmitirão o sinal e nos aparelhos de recepção. “Uma hora a Globo vai ter que

no que for possível para que empresas e governo caminhem sempre para soluções abertas, e não proprietárias, pelas economias de escala que isso gera. No caso específico das empresas que estão desenvolvendo a tecnologia, discutimos a questão dos componentes, da tecnologia Intel disponível, então temos sim uma participação”, diz o executivo,

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( negócios) lembrando que hoje é crescente também a presença de componentes de processamento fabricados pela empresa em telefones celulares avançados (chamados de smartphones). Estrategicamente neutra, a Intel não fecha portas. “Não entramos na briga entre teles e TVs. Desenvolvemos a tecnologia que é encomendada. Na tecnologia 3G, WiMax, há milhares de padrões surgindo e todos eles têm que conviver. A Intel faz dispositivos inteligentes que podem trabalhar com esses padrões para que a escolha seja do usuário”. Segundo Mazaro, “a questão da TV digital é um dos itens previstos dentro do nosso acordo com a Globo, mas não é o item que estamos desenvolvendo agora. A Globo tem prioridades nesse momento como o desenvolvimento de games e aplicações para celular. São demandas mais imediatas que são abordadas nesse momento pelo nosso acordo”. Mas se a parceria entre a Intel e a Globo é apenas para desenvolvimento de conhecimento e tecnologia, quem paga a conta do que é desenvolvido? E quem é o dono? Elber Mazaro explica que os custos são divididos projeto a projeto, e que o know-how pode ser compartilhado ou permanecer sigiloso. “O que aprendemos no Brasil pode

Não entramos na briga entre teles e TVs. Desenvolvemos a tecnologia que é encomendada. Na tecnologia 3G, WiMax, há milhares de padrões surgindo e todos eles têm que conviver. ser compartilhado no resto do mundo, mas há restrições. Algumas coisas devem sim ser mantidas sob reserva, confidencialidade. Mas o desenvolvimento de melhores práticas, isso sim pode ser compartilhado. O fato de termos vários projetos como esses pelo mundo, isso acelera e ajuda no desenvolvimento das parcerias isoladas”. Mais parceiros De fato, depois de fechar a parceria com a Globo, a Intel procurou a Televisa, maior grupo de comunicação latino-americano, para fazer a mesma coisa. O grupo mexicano usará a tecnologia da Intel para

Não é de hoje que a Intel busca fomentar o desenvolvimento de tecnologias de comunicações que possam demandar novas necessidades de processamento e, portanto, novos processadores da empresa. Já é assim com a tecnologia Wi-Fi e com a futura tecnologia WiMax, por exemplo. A empresa tem até um braço de investimen­tos voltado para o desenvolvi­mento de operações nesse setor. No setor de jogos (outro filão que de­man­da alta capacidade de processamen­to), a empresa desenvolve várias ações, sobretudo de marketing. No segmento profissional, de produção de conteúdos audiovisuais, os processadores da empresa estão na maior parte dos PCs em uso, mas a realidade começa a ficar diferente a partir de 2006, quando a Apple passa a entregar

Até tu, Mac?

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aumentar seu acervo de conteúdo na Internet, telefones celulares e outros dispositivos digitais. Entre os primeiros projetos anunciados pelas empresas está a criação de um site, semelhante ao iTunes, da Apple, para vender músicas e vídeos de programas de TV aos usuários finais. A Televisa pretende disponibilizar em um futuro próximo todo o seu acervo de 800 mil horas de programação na Internet. No começo de julho, a Intel criou ainda uma nova empresa voltada à distribuição de filmes pela Internet. A nova empresa, chamada de ClickStar, foi criada pela Revelations, do ator Morgan Freeman e do produtor Lori McCreary, com investimentos da Intel. A empresa criará um serviço online que possibilita aos clientes pagar pelo download de filmes antes mesmo do lançamento em DVD ou mesmo ainda em exibição nos cinemas. A estratégia é desenvolver o conhecimento de marketing para distribuir conteúdo diretamente para os dispositivos da Intel. Além disso, a empresa aposta na nova modalidade de distribuição como uma maneira de combater a pirataria de filmes, que acabam sendo distribuídos ilegalmente na web simultaneamente à exibição nas salas de cinema. samuel possebon

computadores com processadores da Intel. Impensável até há alguns meses? É verdade. Os chips da Intel estão extremamente associados à parceria com a Microsoft e com os sistemas que rodam Windows. Não é o tipo de coisa que a Apple e os “applemaníacos” apreciassem tradicionalmente, mas a Intel tem escala, e, portanto, custos mais baixos e capacidade de entrega. Por essa razão a empresa de Steve Jobs resolveu criar versões do Macintosh com Intel. E a partir de 2007, todos os computadores da Apple terão chips da fabricante, no lugar dos processadores atuais da IBM. A princípio, não muda muita coisa, pois não existe a intenção de tornar a tecnologia tão acessível a ponto de que se tenha um Macintosh montado na lojinha da esquina. Mas a Intel pretende trabalhar com tecnologias padrão, com chips já desenvolvidos. Essencialmente, o processador do PC será o mesmo do Mac. E com isso, não deve demorar muito até que alguém consiga fazer o sistema operacional da Apple (o Mac OS X Tiger) rodar em máquinas sem, digamos, o glamour de um Apple original. É isso o que dizem os principais analistas norte-americanos.

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(convergência)

Televisão de bolso

Vivo anuncia mega-pacote com novidades para download no celular; gols do Brasileirão estão disponíveis também na Claro. fotos: divulgação

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operadora de telefonia celular Vivo fez um grande barulho no início de julho com o lançamento de um pacote de serviços para celular de terceira geração, o chamado Vivo Play 3G. O que no começo era uma misteriosa campanha de marketing com celebridades como garotospropaganda (de Gisele Bündchen ao craque Robinho, passando por Ed Motta e até a dupla de repórteres Vesgo e Silvio do “Pânico na TV”), virou um mega-lançamento da operadora em parceria com aSamsung e a Qualcomm para um novo serviço aos seus clientes, com várias opções em vídeo para download e streaming no celular. De uma só vez, a operadora anunciou um pacote de oferta de vídeos que envolve grandes players do negócio de produção de conteúdo, do Brasil e também internacionais. Daqui, o maior fornecedor e o principal acordo foi com a própria Rede Globo que, através de seu braço Globo.com, será um dos principais fornecedores de conteúdo para a tela pequena da operadora. Ainda, a Fox traz direto dos EUA um seriado feito já no formato específico para a telinha; a Nickelodeon fornece seus sucessos junto ao público infantil; a Band disponibiliza seus conteúdos de notícias e esportes. Há ainda outros fornecedores, como o Terra (pertencente ao mesmo grupo sócio da Vivo, a Telefónica), a rede de varejo Pão de Açúcar, a gravadora Trama (para streaming e download de música), a revista Sexy (para conteúdo erótico) e a programadora Discovery.

O acordo para carregar conteúdo da Globo é, de cara, o que chama mais a atenção, embora não seja o primeiro. A Claro se antecipou, e já oferecia antes os gols do Brasileirão de futebol, que estão disponíveis para download em mais de 20 modelos de celulares Claro com tecnologia GSM. Cada vídeo sai por R$ 2,00, mesmo preço do download de fotos do site Paparazzo, da Globo.com, com fotos sensuais de celebridades da emissora de TV. Tudo que é feito pela Globo, até parar na tela pequena do celular, passa obrigatoriamente pela Globo.com, 48

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braço de Internet, banda larga e conteúdos digitais do grupo Globo. A empresa demonstra total visão multiplataforma neste projeto, adequando seus diversos conteúdos que surgem a partir de um núcleo único de produção para as diferentes mídias que complementariam a TV aberta: TV paga, Internet e telefonia móvel. Para esta última, o fornecimento de vídeo é antes de tudo visto como uma parceria estratégica. Enquanto na Internet o modelo é o de fornecimento de conteúdo via provedor, no celular a

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( convergência) Globo tem trabalhado com o modelo direto com o operador. Juarez Queiroz, diretor executivo da Globo.com, explica que o conceito da empresa é levar o conteúdo da TV Globo a 100% da população, daí o caráter de não-exclusividade em nenhum acordo para esta nova plataforma. “O nosso desenho vai no sentido de enriquecer o conteúdo fornecido para a maior parte da população; gostaríamos de atingir a maior parte do usuários, o maior volume possível de pessoas”, diz Queiroz. “Eventualmente, poderemos até formatar algum conteúdo para um fornecimento mais premium”. Segundo ele, nesta primeira fase do projeto, a percepção do vídeo é muito boa, uma vez que a qualidade e manutenção do padrão da empresa na ponta da recepção era uma das maiores preocupações. “Vamos colocar o maior esforço possível neste momento em que a qualidade é garantida pelo download; foi tudo muito bem montado junto ao departamento de engenharia”, afirma. Queiroz conta que a adaptação e edição do conteúdo obedece às característica da própria

“O objetivo é levar o conteúdo a 100% da população, daí o caráter de não-exclusividade.” Juarez Queiroz, da Globo.com

mídia: “Não estamos simplesmente transferindo um conteúdo da TV para o celular; há todo um trabalho de seleção, tratamento e disponibilização das imagens”. Assim, os primeiros conteúdos disponíveis na Vivo serão: os gols do Brasileirão (que estão também na Claro, com a promessa de “entrega” em 15 minutos após a sua marcação). Da GloboNews, canal pago do grupo Globo, a Globo.com também vai adaptar o conteúdo noticioso. Depois, também virá conteúdo do canal SporTV. “Num momento seguinte, queremos disponibilizar mais produtos da linha de entretenimento, como novelas”, diz Juarez Queiroz. Haverá ainda conteúdos do site Paparazzo (como no acordo com a Claro). E em janeiro do próximo ano, acontece novamente o “Big

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Conteúdo oferecido pela Vivo vai de música a programas infantis. Mas a base de celulares capazes de receber os serviços ainda é pequena.

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Brother Brasil” que, ao que tudo indica, deve chegar ao celular com novidades de vídeo que não estavam disponíveis na última edição. Isso sem falar da Copa do Mundo da Alemanha, cujos direitos estão com a Globo para TV aberta, TV paga, Internet e telefonia móvel celular no Brasil. Segundo Juarez Queiroz, os formatos de adaptação destes canais seguem em estudo. “Eventualmente, podemos até ter um apresentador; não será um simples bloco de informação, mas sim um conteúdo desenhado especificamente para o veículo”. Quanto à rentabilidade, este novíssimo meio ainda não é visto com uma eminente fonte de receitas. “Estamos encarando tudo isso como um mercado-teste. Não temos histórico ainda do mercado, não sabemos como vai se comportar, não temos o padrão de consumo”. De acordo com Queiroz, enquanto não se entende qual será o padrão do consumo, a regra é ir desenvolvendo a qualidade do produto, para a evolução do modelo. Nesse universo, tudo é embrionário. A própria Vivo coloca o Vivo Play 3G como gratuito até o

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TV é o terceiro objeto do desejo no celular dos jovens americanos

Um levantamento de abril deste ano da NOP World, divulgado pela e-Marketeer, mostra que o feature mais desejado entre os usuários jovens de celular nos Estados Unidos (onde há 16 milhões deles, entre 10 e 18 anos de idade) é o tocador de MP3, com 71% das preferências. Em seguida, vem a câmera digital (com 70%). A TV aparece em terceiro lugar, empatada com o localizador (61%). Videoclipes têm 57% das preferências, enquanto 54% preferem os games e 53%, as trocas de mensagens de texto.

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( convergência) “Trata-se de um produto diferente, que não concorre com os meios tradicionais de distribuição.” Gustavo Leme, da Fox

final do ano - há poucos handsets no mercado para a recepção e o modelo da Samsung, em promoção, está custando R$ 1 mil. Como regra geral, o download de produtos tem especificidades para cada caso. Por exemplo, na compra de gols do Campeonato Brasileiro de Futebol (que a Claro oferece ao custo de R$ 1,00 por gol), o download é permanente. No caso da Internet, o campeonato tem ficado disponível por toda a sua duração; neste mesmo ambiente, o “Jornal Nacional” fica até três semanas disponível no portal de streaming da Globo.com, o Globo Media Center.

© 2004 Viacom

Fox Da Fox, a Vivo terá o seriado “Conspiracy”, inspirado no sucesso do Canal Fox “24 Horas”. Trata-se de uma produção feita especialmente para execução em celular. São

“Dora - Aventura no Surf” e a dupla Patrick e Bob Esponja, conteúdos da Nickelodeon para os celulares da Vivo.

24 episódios, de um minuto cada, batizado de “mobisodes” nos EUA, ou “mobisódios”, no Brasil. Cada um deles terá dublagem em português. Conforme explica Gustavo Leme, diretor geral dos canais Fox no Brasil e representante para o mercado nacional deste tipo conteúdo feito pela Fox Mobile lá fora, cada mobisódio baixado poderá ser assistido por uma semana inteira. Assim como os demais conteúdos ofertados pela Vivo nesta fase inicial, também aqui não há cobrança, ao menos por enquanto. Mas de acordo com Leme, a perspectiva é boa. “A Vivo nos mostrou números de estimativa do mercado muito interessantes. Trata-se de um mercado bem significativo. Estamos começando da base zero; o 3G está no começo, não dá ainda 52

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para ganhar dinheiro”. No entanto, a Fox já planeja também este tipo de conteúdo específico para a telinha para os seus demais canais, como National Geographic, FX etc. Para Leme, esta parceria, com a programadora sendo a primeira a ter uma produção específica de ficção para a telefonia móvel celular, não encerra em si nenhum conflito com os demais meios de distribuição do conteúdo Fox. “Trata-se de um produto completamente diferente, que não tem nada a ver com os canais pagos”, diz. Para ele, é mais que tudo um movimento de marketing, promovendo o próprio seriado “24 Horas” e o canal. “Isso só tem a agregar para o mercado de TV por assinatura”, opina. Outro campo enorme neste aspecto é o de animação, e Gustavo Leme garante que as portas estão abertas para outras negociações de produtos também com as demais operadoras - como Claro e Oi. Há na Fox Mobile diversos formatos para celular em desenvolvimento, como mais mobisódios de um minuto, ringtones e imagens. Infantil Não é novidade que as crianças se identificam muito e lidam facilmente com os formatos digitais. Portanto, o conteúdo infantil não poderia deixar de ser contemplado. De acordo com Luis Goicouria, vice-presidente de novas mídias da MTV Networks América Latina, a parceria com a Vivo vem desde dezembro de 2004. “Primeiramente, fizemos a promoção para ‘Bob Esponja — O Filme’, na qual tivemos grande sucesso”, diz. Na ocasião, também foram oferecidos ringtones, os chamados “Crazy Tones” e games do Bob Esponja, um dos personagens mais famosos do canal Nickelodeon. Entraram também wallpapers (protetores de tela) de personagens como Ginger, Thornberrys, Rocket Power, Ei! Arnold, Dora e Os Anjinhos - todos disponíveis também agora no catálogo da operadora. Para o

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( convergência) “Nossa intenção no segundo momento é começar a produzir especificamente para o celular.” Luis Goicoria, da MTV Networks

Os vídeos da Nick são preparados pela equipe do canal, sediada em Miami, e são enviados para o escritório do Brasil, que os encaminha para a Vivo. Ainda, na própria grade do canal haverá uma promoção dos serviços, dentro de programas locais como o “Patrulha Nick” e “Nick TôNicko”. Nestes programas, já há quadros de interação que estimulam a votação também via celular, por meio de mensagem de texto. “A idéia é tornarmos o canal cada vez mais interativo”, explica o VP de novas mídias da MTV Networks. Vivo Play3G, foram disponibilizados episódios do Bob Esponja, que podem ser vistos em streaming. A Nick envia à operadora episódios de dois e dez minutos, nos formatos AVI ou MPEG4. “Nessa primeira etapa, estamos utilizando um conteúdo que já existia para televisão, mas nossa intenção é começar a produzir conteúdos específicos para celular”, explica o executivo.

Band A Band, que já estava com Oi e TIM para os canais BandNews e BandSports, também não ficou de fora do Vivo Play 3G. “Estamos convencidos de que, para a telefonia celular, temos de oferecer um formato específico”, afirma Silvia Jafet, diretora de desenvolvimento dos canais. Ela lembra que, diferentemente da TV, no celular tais canais não podem exibir as “letrinhas” características dos

informativos. Silvia explica que nos estúdios dos canais são feitas gravações específicas para a telinha, que ficam armazenadas num servidor nas instalações da Band, e que a partir daí são enviadas para a operadora. “É tudo muito novo, estamos testando muito”, explica ela. A executiva destaca que, para esta nova janela andar, ainda falta encaixar algumas peças no caminho, como a questão regulatória e o modelo de negócios. “Nessa parceria com a Vivo, ainda não tem um real sequer envolvido”, assinala, ao destacar que a base também ainda é muito pequena. “Não é só a questão da tecnologia; precisamos ver que tipo de negócio é este; trata-se de um desafio para os dois lados, tanto do produtor do conteúdo quanto da operadora. Tudo é uma fase de experimentação”. Ainda, sobre um eventual conflito com os operadores de TV paga, ela opina que a produção específica para telefonia móvel não se configura de forma alguma uma concorrência ao serviço da TV por assinatura: “Entendo a preocupação do setor, mas são produtos extremamente diferentes e que não concorrem entre si”.

produtoras no celular A O2 Filmes, uma das maiores produtoras do mercado publicitário, anunciou no mês de junho a criação de um novo departamento para atender exclusivamente à produção de filmes para Internet, telefones celulares e novas mídias. O novo braço da produtora assume a marca O2 Dois, que era usada para fazer a publicidade convencional para TV num nicho intermediário de mercado e ainda formar novos talentos para a O2 Filmes. “Além disso, começou a haver demanda de filmes para Internet”, explica a sócia da O2 Andréa Barata Ribeiro. Mas o desafio agora é criar conteúdos para celular e explorar os produtos audiovisuais em todas as mídias. Até porque, na renovação de seu contrato com a TV Globo, para quem a O2 produz a série “Cidade dos Homens”, foi incluída a parte de serviços interativos para Internet e celular. “Não podemos mais pensar em produtos só para a TV aberta”, diz Andréa. “A TV aberta é o canhão de lançamento, mas podemos explorar outras mídias, mas pensando em camadas, sem interfirir na história principal (que está na TV)”, completa. A O2 espera disponibilizar nas operadoras de telefonia móvel um conteúdo exclusivo para a telinha dos telefones ligado à última temporada de “Cidade dos Homens”, que vai ao ar em breve pela TV Globo. Para conteúdos de entretenimento para celular, a produtora já tem um acordo de exclusividade com a Globo, que se encarregará de distribuir esse conteúdo para as operadoras. “Com isso, aprenderemos a desenvolver essa linguagem para, no futuro, aplicá-la à publicidade”, explica Andréa. E a tendência, diz ela, é que o conteúdo de publicidade nos celulares seja “mais ligada ao entretenimento”, para atrair a atenção dos usuários de telefones celulares.

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( tecnologia)

Michael Groticelli

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Os desafios do datacasting Radiodifusores norte-americanos ainda não acharam o modelo ideal para oferecer serviços de dados por suas redes digitais terrestres.

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Copyright Broadcast Engineering 2005

Além disso, as emissoras de TV comerciais estão preocupadas em usar de 2 Mbps a 4 Mbps de seu espectro para enviar dados em MPEG-2, o que poderia afetar sua transmissão simultânea de programação HDTV.

omo acontece com a TV interativa (iTV), também a possibilidade de enviar dados juntamente ao sinal de TV de uma emissora, o chamado datacasting, vem sendo por anos exaltado como um modelo de negócios viável para a TV digital terrestre (DTV). Infelizmente, como no caso da iTV, vários fatores levaram ao fracasso uma série de tentativas de negócios nos EUA, com grande desperdício de recursos. Especificamen­ te, os fatores foram o funcionamento da modulação 8-VSB, a construção da infra-estrutura de DTV para atender às determinações da FCC e a competição com empresas de fora da indústria. Embora alguns desses falecidos serviços (como Geocast, DTVPlus, iBlast, Spectra Rep e Wavexpress) estivessem à frente de seu tempo, a tecnologia que eles usavam evoluiu muito e agora está prontamente disponível. Usando transmissores digitais padrão, alguns serviços business-to-business estão funcionando e crescendo. Serviços de entrega de conteúdos em carrossel como o Moviebeam, da Walt Disney Company, também sobrevivem, embora não com muito sucesso. Também é digna de nota a WRAL-TV, de Raleigh, na Carolina do Norte, que oferecer a centenas de assinantes o serviço AccessDTV, com arquivos enviados a PCs equipados com placa de recepção e antena. O crescimento da Internet também prejudicou os serviços de transmissão de dados baseados em assinatura fixa. Os serviços de dados do começo da indústria, que ofereciam informações de esportes, tempo e notícias para os desktops foram usurpados em larga escala pela informação gratuita disponível na web.

educação e segurança pública. Há uma demanda crescente por conteúdos educacionais e alertas de segurança enviados e recebidos como arquivos digitais (veja figura na página 58). A Kentucky Educational Television atinge PCs e redes em todo o Estado com seus transmissores. A emissora também transmite ao vivo streamings de encontros governamentais para os PCs de funcionários públicos, disseminando informações importantes a custos baixos. Também falam em enviar boletins escolares diretamente para os lares. Dentro do segmento comercial, há mais atividade (e oportunidades) do que muitos imaginam. Uma empresa de Maryland chamada Cident

Alternativas O sucesso comercial é possível. Basta perguntar à PBS, que percebeu que com a miríade de canais disponíveis no ar, simplesmente distribuir uma programação padrão não é a melhor saída para o sucesso do datacasting. A maioria de suas emissoras estão usando o Trivini Digital’s SkyScraper Data Broadcast System para inserir pacotes de dados em seu espectro digital. A PBS percebeu que seu verdadeiro ativo é sua freqüência de broadcast e a possibilidade de entrega, a baixos custos, de material ligado a

interesse em tv interativa e suas funções 3,3 3,0

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Escala de interesse

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Fonte: Lyra Research (www.lyra.com)

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( tecnologia)

Fonte: Harris Sistema de transmissão de alertas de segurança pública e emergências.

Entertainment está construindo uma rede de datacasting para enviar programação cultural diretamente aos DVRs (gravadores digitais baseados em disco rígido) dos assinantes. A empresa está alugando espectro de um radiodifusor local em Washington, e logo deve expandir-se para outros mercados. Trata-se de um serviço eficiente e barato que pode levar programação em vários idiomas aos assinantes, gerando nova receita para o broadcaster local.

o serviço usava o telefone como canal de retorno e cerca de 3 Mbps a 4 Mbps do sinal digital da emissora. Os 15 Mbps a 16 Mbps restantes eram usados para o conteúdo local e a programação HDTV da CBS. A esta altura, usando um transmissor de estado-sólido da Thales Broadcast em potência total e um encapsulador IP da SkyStream, o serviço de banda larga cobria cerca de 500 assinantes nas áreas rurais de Kentucky, Indiana e Ohio. No entanto, depois de 18 meses, os provedores de acesso por ADSL e cable modem chegaram à região. Hundemmer diz que foi uma batalha desigual. As teles entraram agressivas nas áreas servidas pela WKRC, e o Web-Hopper. com era mais lento e caro que o ADSL. O serviço mostrou-se muito caro para uma emissora de TV, e a Clear Channel, dona da estação, simplesmente cancelou-o. Embora esteja claro que os transmissores atuais e os sistemas de encapsulamento IP para transmissão terrestre sejam bons e confiáveis, as primeiras implantações baseadas em ATSC tiveram problemas sérios de recepção em muitas áreas urbanas. Melhorias no protocolo de correção de erros e cancelamento de ruído na especificação enhanced-VSB fizeram grande diferença. Também houve avanços na criação de canais auxiliares para os radiodifusores, o que se mostrou a chave para o sucesso do datacasting bidirecional.

Competição aguerrida É duro para as emissoras bater a concorrência. A WKRC-TV, afiliada da CBS em Cincinnati, Ohio, começou seu datacasting com a Geocast em 1999, mas o serviço mostrou-se falho à medida em que eles não tinham acesso ao tipo de conteúdo que interessava aos espectadores. As assinaturas sumiram e a manutenção do serviço tornou-se inviável. Em 2001, a direção da emissora resolveu oferecer acesso à Internet em banda larga para comunidades rurais. O diretor de engenharia Hank Hundemmer trabalhou duro com os engenheiros de software para desenvolver o serviço WebHopper.com. Além da antena de microondas, 58

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Aplicações A fabricante de transmissores Harris esteve envolvida no desenvolvimento do datacasting desde o final da década de 90, fornecendo sistemas para a Dotcast, Geocast, IBlast e outros. A empresa trabalha hoje com diversas emissoras afiliadas à PBS (pública), mas nenhuma comercial. Isto porque mesmo após anos de discussões e testes, ainda não se chegou a um modelo de negócios claro, ou uma “killer application” que as emissoras podem perseguir. Sinalização digital é uma oportunidade que os radiodifusores podem e devem experimentar em seus mercados locais. Trata-se da possibilidade de enviar dados com publicidade a 2-3 Mbps pelo ar para múltiplos receptores (outdoors, monitores) espalhados por uma cidade. É uma alternativa barata e viável para quem transmite em digital. A Axcera, outro fabricante de transmissores analógicos e digitais, trabalha com várias estações da PBS, incluindo a KERA-TV, em Dallas, Texas, para enviar dados aos órgãos municipais através de datacasting terrestre. Com um transmissor de estado-sólido Innovator de 28 kW, a emissora consegue inserir um stream de programas digitais, levando informações aos usuários mais rapidamente que a Internet. Escolas públicas, por exemplo, recebem pacotes de informação durante a noite, e pela manhã já está tudo disponível na rede local. Transmitir abaixo da potência total para manter os custos baixos, algo que muitas emissoras fazem, também contribuiu para brecar o desenvolvimento do datacasting. A Axcera anunciou recentemente que está fazendo um projeto para a Crown Castle Media para oferecer um serviço direto aos usuários usando uma freqüência em 1,7 GHz para transmitir para celulares e outros dispositivos móveis na cidade de Pittsburgh e arredores. A Axcera está fornecendo 20 transmissores digitais baseados no sistema europeu DVB-H para os testes.


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( investimentos)

por Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

Dinheiro escasso

Retração no mercado cinematográfico esfria as ações do governo federal para aproximar o mercado financeiro e a indústria de produção. Mas surgem alternativas na iniciativa privada.

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“choque de capitalismo”, tão falado em algumas instâncias do governo, começou a tomar forma desde a criação dos Funcines (Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica) e com a criação da linha de crédito para exibidores no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas a percepção do setor, que mostrava empolgação no primeiro momento, começa a se tornar mais realista em relação aos investimentos privados. Por outro lado, começam a surgir iniciativas privadas independentes da legislação de incentivos fiscais. Segundo fonte do mercado financeiro, o Banco do Brasil não conseguiu cumprir a meta inicial de captar R$ 7 milhões para o seu Funcine. Já o fundo da Rio Bravo, que tinha meta de captar R$ 30 milhões no mercado, conseguiu captar até o momento R$ 6 milhões. Tem que captar até o final deste ano pelo menos R$ 10 milhões. Segundo Thierry Perrone, consultor do fundo da Rio Bravo, já existem investidores comprometidos com o fundo, que deve captar mais que o mínimo necessário. Há quem defenda que o investimento privado na produção cinematográfica só seja possível com o crescimento e a “profissionalização” das empresas do setor. “O investimento por projeto, trabalhado individualmente, só inflaciona o mercado e não traz ganhos e nem garantias”,

diz uma fonte da área cultural. “A aglutinação significa ganho de escala. Se as produtoras desenvolvessem vários projetos, conseguiriam preços melhores na infra-estrutura e mão-deobra para cada filme”, completa. Assim, as produtoras poderiam formar suas próprias carteiras de filmes e diminuir o risco para o investidor. Mas não seria essa a função do Funcine? A mesma fonte diz que a dificuldade na captação de investimentos nos fundos teria se dado por conta da retração na bilheteria cinematográfica, mas principalmente por conta da concorrência com os outros mecanismos de incentivo. “O Funcine oferece um desconto de 34% do capital investido. Muito menos do que a Lei do 60

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Audiovisual oferece”, disse uma fonte. Vale lembrar que, pela regulamentação, os investimentos nos Funcines ainda estão restritos às pessoas jurídicas. Essas empresas têm ainda um segundo atrativo em mecanismos como a Lei Rouanet e a Lei do Audiovisual, que é o marketing cultural. Ao investir nas produções, suas marcas ganham visibilidade na projeção do filme, assim como em todos o material promocional do lançamento. Isso seria impossível com os investimentos através dos Funcines, que exigem um volume maior de recursos. Um dos maiores passos do governo federal para dar o tal choque de capitalismo no setor audiovisual se deu em novembro de 2004, com o lançamento de uma linha de crédito no BNDES para o setor de exibição. Para garantir que a política de financiamento na exibição não fosse momentânea, ela foi integrada às políticas operacionais do banco e o segmento de exibição de filmes foi incluído entre os setores prioritários para apoio com recursos do BNDES. No lançamento, o presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras de Cinema (Feneec), Ricardo Difini, afirmou que as empresas de exibição deveriam solicitar aproximadamente R$ 100 milhões em empréstimos diretamente ao BNDES em 2005. Segundo a assessoria de comunicação do BNDES, já houve várias consultas por parte do

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( investimentos) exibidores, mas nenhum pedido de crédito foi concluído. Segundo Difini, presidente da rede de salas GNC, “houve uma retração no investimento em salas por conta da redução de público, pelo menos por parte do exibidor de médio e pequeno portes”. Mas ele destaca que não se trata de um problema relacionado ao BNDES. “Nós mesmos (GNC) pretendemos solicitar empréstimos ao BNDES, mas o momento é de cautela. Precisamos esperar para ver como se comportará o público”, explica. Em entrevista à Folha de São Paulo, o diretor da Ancine Manoel Rangel afirmou que o governo tem um projeto para capitalizar produtoras através de investimentos de recursos públicos em distribuidoras e, através delas, alavancar carteiras de produção de filmes. Seria um fundo público, gerido pelo BNDES ou pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que receberia os valores pagos ao Condecine.

“O mundo busca por novidades, para tirar o cinema da ‘mesmice’, e a América Latina tem talento a oferecer. É isso que queremos negociar. Mas queremos atingir um ‘mercado real’, que corre riscos para buscar um retorno no futuro”.

Iniciativa privada Um novo tipo de fundo começa a tomar forma no Brasil. E seu primeiro representante é a Life in the Tropics Entertainment (Lite), que anunciou no último Festival de Cannes o lançamento da empresa. Ela atuará em todo o mercado cinematográfico latinoamericano, captando recursos para o desenvolvimento de roteiros que, posteriormente, serão vendidos a produtoras para filmagem e comercialização no mercado internacional. Sediada em São Paulo, a Lite começa a operar no mês de agosto e espera captar US$ 1 milhão para cada fundo, com expectativa de um rendimento anual de 10%. Cada fundo desenvolverá até dez projetos com orçamentos médios de US$ 100 mil, sendo que os projetos terão um prazo médio de até um ano e meio para conclusão. Todo o investimento se dará sem incentivo fiscal e somente com recursos

Roberto d’Avila, da Life in the Tropics Entertainment

privados. “O investimento é alto, por isso precisamos ter em vista o mercado internacional”, explica um dos sócios da empresa, o produtor Roberto d’Avila. Ele lembra que esse investimento em cada projeto é cerca de quatro vezes o que costuma ser investido no Brasil no desenvolvimento de roteiros. Cada projeto escolhido pela Lite deverá ter a aprovação do conselho de diretores do fundo, que inclui o roteirista Bráulio Mantovani (“Cidade de Deus”), a jornalista e produtora cultural Ana Maria Bahiana, e o produtor mexicano Matthias Ehrenberg (“Sexo, Pudor e Lágrimas”). O fundo terá ainda o roteirista Newton Cannito como gerente de desenvol­ vimento. A empresa controlará ao menos duas ou três equipes de projeto/desen­ volvimento simultaneamente, com o objetivo de concluir entre seis a oito roteiros por ano. Alguns projetos deverão ser vendidos parcialmente empacotados, como é o 62

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caso do primeiro projeto, o thriller psicológico “Epoxy”, que entrará em produção em novembro próximo. O longa já tem o comprometimento de alguns talentos artísticos, como o diretor estreante Ricardo Akershtein, e o elenco formado por Cecilia Roth (“Tudo Sobre Minha Mãe”), Jordi Mollà ( “Bad Boys II”), Angela Molina (“Carne Trêmula”) e Dario Grandinetti (“Fale com Ela”). Será uma coprodução entre Brasil, Argentina e Espanha. “Os roteiros são voltados para produções com orçamentos de US$ 3 milhões a US$ 3,5 milhões. Por isso, algumas vezes, será fundamental agregar algum talento artístico para conseguirmos negociar os projetos”, explica d’Avila. “O fato é que o mundo busca por novidades, para tirar o cinema da ‘mesmice’, e a América Latina tem talento a oferecer. É isso que queremos negociar”, diz. “Mas queremos atingir um ‘mercado real’, que corre riscos para buscar um retorno no futuro”. Talvez seja esse “mercado real” que esteja faltando no País. “Aqui (no Brasil), é possível captar recursos sem que o investidor sequer leia o roteiro do filme. Muitas vezes basta fazer uma boa apresentação com um material de apoio bem produzido”, conluiu o sócio da Lite.


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( making of )

por Lizandra de Almeida

fotos: divulgação

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Correndo atrás do sol

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ma passeata percorre as ruas de uma cidade, anunciando a revolução das comunicações via celular. O filme contou com um casting de mais de cem pessoas, subdivididas em quatro “pelotões” diferentes. O primeiro era formado pelos atores e modelos contratados, que são os que mais aparecem no filme. Depois vinham os coadjuvantes e em seguida a figuração. O último pelotão não

usava nem o figurino, só estava ajudando a reforçar a “massa”. “Os enquadramentos é que dão a sensação de multidão. Com a lente, tentava evitar o pelotão de trás. Mas não usamos recursos de computação gráfica para multiplicar pessoas”, explica o diretor Gustavo Leme. Com experiência em fotografia, o diretor optou por usar câmeras 16 mm para obter um registro quase documental das cenas. “Escolhi um tom realista e uma imagem mais suja. Além disso, toda a produção

envolvida na filmagem em 16 mm é muito mais fácil. Os cases das câmeras são menores, o equipamento de luz também. Conseguíamos rodar 30 posições de câmera em um dia. Sempre tento planejar o filme para conseguir o máximo de takes possível.” Em dois dias de filmagem, a equipe estava sempre correndo atrás de réstias de luz. “Montamos uma estrutura itinerante de filmagem e íamos parando onde havia luz do

Futurismo retrô

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ma divertida paródia de filmes e antigos enlatados exibidos no Brasil há mais de 20 anos dá início ao filme do comunicador on-line Messenger, da Microsoft. São cenas inspiradas nos filmes e seriados que lembram perfeitamente os originais, mas não os reproduzem. Em todas elas, há uma tentativa

Visual ”sujo” foi usado para ilustrar as formas ultrapassadas de comunicação.

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A captação em 16 mm deu agilidade à produção e um toque mais documental ao filme.

sol”, conta Gustavo. As locações foram feitas principalmente no Centro de São Paulo e no bairro do Brás, que também fica na região central da cidade. “Adoro filmar no Centro, porque os mesmos lugares rendem ângulos muito diferentes. Sempre que posso tento filmar por lá, o Centro é muito rico”, afirma o diretor. A identidade visual dos elementos da passeata também exigiu um trabalho a mais da direção de arte. Foram criadas camisetas, bottons, bandeiras e banners para decorar o Centro. “Foram mais de vinte itens,

incluindo dois banners gigantes e reais que foram colocados na rua e outro virtual, aplicado sobre o edifício Martinelli na pós-produção.” A equipe de computação gráfica da Laruccia foi responsável pela inclusão do personagem da Vivo em todo o filme. O bonequinho também participa da manifestação, dançando, pregando cartazes e interagindo com as pessoas. O boneco foi adaptado para o filme, ganhando uma consistência gelatinosa e tornando-se translúcido.

de comunicação por meio de um aparelho aparentemente moderno mas que nunca funciona muito bem. Primeiro um super-herói japonês tenta conversar por um relógio-comunicador. Depois um detetive fala por um telefonesapato, muito pouco prático. Na antena, uma esponja de aço. E por fim um personagem recebe uma mensagem cheia de chuviscos de uma transmissão à distância. “Reunimos ícones de vários estilos de seriados e filmes. Tentamos reproduzir as texturas de cada um e construímos os artefatos. A idéia era mostrar que tudo o que era futurista era muito desconfortável, com imagens que pudessem ser entendidas por todo mundo. O pessoal mais jovem, de

20 anos hoje, não chegou a assistir esses seriados, mas tem a referência”, explica o diretor Marcus Baldini. No caso do herói japonês, as filmagens foram feitas em fundo de chroma key. Os demais cenários foram todos construídos para o filme. “Algumas imagens são bem detonadas porque quisemos reproduzir o que seria assisti-las em VHS”, completa Marcus. “A fotografia foi toda pensada para reconstituir as imagens antigas. A luz é chapada, muito mais de televisão do que de cinema. A direção de arte também trabalhou com cores da época, mas dessaturadas. Nada podia ser muito elaborado, trabalhamos com ‘defeitos especiais’. E nem sempre é fácil fazer isso, com a qualidade que temos hoje”, brinca o diretor. Na segunda parte do filme, que apresenta o produto, a coisa toda

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ficha técnica Cliente Produto Dir. de Criação Criação Produtora Direção Fotografia Figurino Montagem Pós-produção Computação gráfica

Vivo Messaging Jader Rosseto, Pedro Cappeletti e Flavio Casarotti Gustavo Diehl, Flavio Casarotti e Ricardo “Big” Passos Republika Filmes Gustavo Leme Hebling Jr. Carlos Alberto Gardim e David Loretti Carlos Milanez Casablanca/Pix Post

Trilha

Dr Dd Raw

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Laruccia

muda de figura. Uma linguagem bem diferente é caracterizada por uma fotografia mais quente, e por pessoas bonitas e antenadas que se comunicam pelo Messenger.

ficha técnica Cliente Produto Agência Dir. de Criação Criação Produtora Direção Fotografia Montagem Pós-produção Trilha

Microsoft Informática Messenger McCann Erickson Wagner Brenner Pedro Pereira e Alessandra Zanetti TvZero Marcus Baldini e Homero Olivetto Marcelo Corpanni Valéria Barros Tribbo S de Samba (Dimi Kireeff)


(publicidade)

Abaixo o “jabazão”

Fotos: divulgação

Anunciantes buscam formas de aparecer em conteúdo personalizado e dirigido ao seu público alvo, mesmo que tenham que criar um novo programa para isso.

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a contramão do que é defendido pelos grandes grupos de mídia, que temem ver a grade de programação de suas redes loteada, alguns anunciantes buscam formas de produzir seus próprios programas. Muitas vezes esse conteúdo acaba agregando valor à grade dos canais e deixam de lado o perfil invasor de seus primos mais pobres, os infomerciais no estilo “catorze-zero-meia”, privilegiando a fixação da marca contra o “varejão”. Trata-se de uma nova modalidade de comercialização de espaço para as emissoras de televisão, assim como um nicho em ascensão para as produtoras de vídeo. Os formatos dos programas e programetes são os mais variados, passando por talk shows, reality shows, campeonatos esportivos e até ficção. Assim como os anunciantes, que vão desde lojas de produtos para marcenarias até multinacionais

Com o “Joga 10”, exibido na Band, Nike espera encontrar o próximo “camisa 10” da seleção.

de produtos esportivos ou operadoras de telefonia. As produtoras envolvidas também vão desde empresas especializadas neste tipo de publicidade até as grandes produtoras da publicidade tradicional, passando por empresas produtoras de conteúdo independente para televisão. Em relação à relutância em abrir esse tipo de espaço em algumas redes, Sandra Jonas, sócia da produtora Estação 8, lembra que existem anunciantes “que não tem na novela das oito o target principal para seu público”. A produtora, que já realizou programas como o “Oi Brasil”, veiculado pela Band até o final de 2003, produz atualmente, entre outros, o programa “Leo Amigo Marceneiro”, veiculado semanalmente nas manhãs de domingo em rede nacional pela RedeTV! “Trata-se de um anunciante novo na televisão, não alguém que migrou da publicidade convencional para esse formato”, esclarece Sandra citando a Leo Madeiras, revenda de materiais para marcenaria e construção seca. “Nosso marketing se resumia a campanhas direcionadas, usando mala 66

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direta, e-mail marketing e evento”, conta a gerente de marketing da Leo Madeiras, Fernanda Canal. Com uma rede espalhada no estado de São Paulo e em mais três cidades (Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador), a empresa queria expandir sua área de atuação e ainda fazer um trabalho de formação para seu público. “O mercado dos marceneiros encolheu muito com o crescimento das lojas de móveis modulados e queríamos ajudar a fazer esse mercado crescer”, explica a gerente de marketing. Num primeiro momento, a Leo Madeiras criou em parceria com o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo uma escola voltada aos marceneiros. “Mas precisávamos atingir um público maior de marceneiros e preparar o marketing para a expansão da empresa em outras cidades”, diz Fernanda. O programa de 30 minutos, veiculado desde o dia 3 de julho, apresentado por Marta Meola, foi criado pela agência Agnelo Pacheco, com produção da Estação 8, roteiro de Dani Patarra e direção de Lu Teófilo. Em reuniões de pauta semanais entre o marketing da Leo Madeiras e roteiristas da Estação 8 é definido o conteúdo de dois programas, produzidos em um estúdio montado em uma das lojas da rede e com cenas externas. “O programa tem que resolver as exigências da agência e do cliente, ser uma ferramenta para resolver os problemas de comunicação, mas não precisa ser um ‘jabazão’”, explica Sandra Jonas. Dividido em cinco blocos, o programa busca, além de anunciar os produtos da casa, dar noções de gestão e design aos marceneiros. Assim, no bloco Leo Entrevista, é

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Foto: arquivo

exibida uma entrevista com algum designer ou arquiteto de renome; o História de Marceneiro conta a trajetória de profissionais de sucesso, com uma linguagem mais emotiva; o Soluções Sob Medida mostra projetos realizados em casas, estandes de feiras ou empresas; o Vivendo e Aprendendo aborda técnicas e tecnologias que podem ser utilizadas pelas marcenarias, além de temas relacionados à gestão do empreendimento; já no bloco O Que Tem de Novo são mostrados novos produtos e equipamentos comercializados na rede. Até mesmo o horário do programa foi pensado tendo em vista os costumes do público alvo. “Escolhemos os domingos para veicular o programa porque os marceneiros costumam acordar cedo, mas trabalham de segunda a sábado. Após as 9h00, teríamos de concorrer com os momentos de lazer do marceneiro e com os programas das outras redes”,

Andréa Barata Ribeiro, da O2 Filmes, busca distribuidoras estrangeiras para vender documentário encomendado pela Nike.

conta Fernanda Canal. A negociação com a Rede TV! envolveu ainda a compra de chamadas para o programa durante a programação do canal, de 5” e 15”. Programação esportiva No final de 2004, a O2 Filmes foi contratada para produzir e transmitir para TVs de todo o mundo o Red Bull Giants of Rio, primeiro evento de competição de resistência promovido pela marca de

bebida energética. O evento contou com uma infra-estrutura que incluiu 40 câmeras digitais, distribuídas em pontos fixos do percurso, três barcos, dois helicópteros, sete motocicletas, três quadriciclos e três jet ski. Um avião com equipamento de captação e geração de imagens rebateu os sinais de todas as câmeras sem fio em direção à estação de transmissão de TV, uma central com 1000 m2 de área construída que a produtora ergueu na praia de Copacabana. Da estação, as imagens foram retransmitidas ao vivo para a Internet e para as 40 emissoras de televisão ao redor do mundo que exibiram o evento, incluindo a Rede Bandeirantes, que exibiu, através do BandSport, a íntegra da competição. Para operar toda essa estrutura, foram mobilizados aproximadamente 400 profissionais. Mais recentemente, a O2 Filmes terminou a produção de documentário encomendado pela

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Wieden + Kennedy Entertainment, o filme conta com os jogadores Robinho, do Santos, e Falcão, da Seleção Brasileira de Futsal, e mais cinco personagens/jogadores em seis cidades mostrando a marca registrada do brasileiro nos campos de futebol, a ginga. O documentário é uma das ferramentas que integra o programa da empresa de material esportivo na apresentação mundial do conceito de mesmo nome. O programa conta ainda com ações de grafite, música e fotografia. “O documentário é um apoio para lançar a campanha”, explica Andréa Barata Ribeiro, sócia da O2 Filmes. “A Nike pediu para não aparecer no filme. Os meninos que participaram da filmagem aparecem com a roupa que eles costumam usar para jogar bola, não pedimos para usarem tênis Nike, por exemplo”, conta. A única mudança que fizeram foi apagar na a marca de um concorrente também multinacional que aparecia em uma das bolas. O documentário exigiu uma pesquisa que durou seis meses, para responder à pergunta feita pela Nike à O2 Filmes: Por que os brasileiros são os melhores jogadores de futebol do mundo? Durante essa fase, a equipe estudou e analisou jovens jogadores em 12 cidades nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Bahia e Santa Catarina. O filme levou sete meses para ser concluído e tem duração de cerca de uma hora. Para conseguir abordagens distintas e variadas no documentário, a produtora optou por escalar três diretores: Hank Levine, Marcelo Machado e Tocha Alves. Usado em um evento de lançamento da campanha, o “Ginga” deve se desdobrar em outros produtos de cinema e DVD. “Pode ser até que vá para a TV”, conta Andréa. Os direitos de exibição do filme serão comercializados junto a distribuidoras estrangeiras que se encarregarão de negociar sua veiculação em emissoras de televisão assim como sua venda em DVD. “Esse tipo de produto ainda é sub-utilizado, mas

Foto: arquivo

( publicidade)

Cynthia e Sandra Jonas, da Estação 8: know-how em publicidade e programas de TV para atender o novo mercado.

deve abrir um bom espaço para as produtoras”, finaliza Andréa Barata Ribeiro. Segundo a gerente de comunicação da Nike, Katia Gianone, desde que a empresa passou a patrocinar a Seleção Brasileira de Futebol, a cultura nacional passou a influenciar os designers internacionais da empresa. A partir disso surgiu a idéia de criar uma iniciativa internacional inspirada no Brasil. “Um dos diretores internacionais havia se impressionado muito com o filme ‘Cidade de Deus’ e resolveu vir ao Brasil conversar com o Fernando Meirelles. A partir dessa conversa, apresentamos a idéia de um documentário mostrando a ginga brasileira à O2, que retornou com a proposta do ‘Ginga’”, conta. A Nike também encomendou para exibição no Brasil o reality show “Joga 10”, desta vez com a produtora de televisão RGB Entertainment. Exibido pela Band, o reality show fez uma seleção nacional de garotos

entre 14 e 15 anos para descobrir um jovem talento do futebol que resgatará a essência do “camisa 10”. Com várias etapas de seleção onde os garotos são treinados e avaliados por uma comissão técnica. O intuito é avaliar estes jovens talentos dentro de todos os fundamentos do futebol para encontrar um futuro “camisa 10”. O finalista terá a oportunidade de treinar em dois grandes times do futebol brasileiro e ser visto por profissionais. “A Nike sempre fez ações para inspirar os meninos a jogarem futebol mais e melhor, trabalhando com um target de garotos de 12 a 18 anos”, conta a gerente de propaganda da fabricante, Patrícia Shaccur. A idéia de fazer um reality show surgiu da realidade encontrada pelos jovens que tentam entrar nos clubes profissionais, uma seleção chamada de “peneira”. “Quantos Cafus existem por aí (o ex-comandante da Seleção Brasileira passou por 17 peneiras)? Resolvemos fazer uma grande peneira”, conta Patrícia. Com a idéia ainda crua, a multinacional esportiva procurou a RGB, produtora com know-how na produção de reality shows, para desenvolverem o programas juntas. “Procuramos a Band por ser uma TV aberta e ligada ao esporte”, explica. Quanto à negociação com a rede, a Nike não abre números. “Não foi apenas compra de espaço, mas uma parceria com o canal”, explica Patrícia. O programa dá à Band hoje uma média de 4 pontos de audiência, com picos de 7. A gerente de propaganda explica que, caso a Nike não tivesse investido no “Joga 10”, não diminuiria as verbas para a publicidade convencional. “Trata-se de uma estratégia para somar à publicidade convencional”. Mesmo assim, diz que está satisfeita com a nova forma de anunciar. “O break de 30 segundos concorre com os outros anunciantes, o controle remoto, o telefone tocando etc.”

“Leo Amigo Marceneiro”: serviços e formação para marceneiros em rede nacional.

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(produtoras)

André Mermelstein

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Isso é muito natural... JX e Made se unem e criam a Bossa Nova Films. Proposta é desenvolver projetos em parceria com cliente, agência e veículo.

em qualquer língua. Também tinha que passar ao mesmo tempo uma noção de brasilidade e de presença mundial. O nome Bossa Nova veio quase naturalmente”, conta Denise. O nome também reflete outra característica do grupo. Assim como a bossa nova transformou o tradicional samba em um novo estilo, a Bossa Nova quer mostrar que tem “berço”. “Não estamos começando agora. A idéia que queremos transmitir é de algo novo, mas que vem de algum lugar, que tem uma tradição. Na verdade juntamos duas empresas com bastante experiência no mercado e criamos uma terceira cujo resultado é maior que a simples soma das partes”, explica. Branded entertainment As atividades da produtora dividem-se em três áreas: publicidade, entretenimento (produção de documentários e programas Foto: divulgaçÃo

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oi tudo muito rápido. As conversas entre alguns dos sócios começaram em abril deste ano. A consultoria Sperio Business Transformation foi chamada para modelar o negócio. Em maio o projeto foi apresentado a todos os sócios e decidiu-se que o anúncio seria realizado no festival de publicidade de Cannes, na França, no mês de junho. E estava feito: em três meses de conversas e entendimentos, duas importantes produtoras do mercado publicitário, a JX Plural e a Made to Create, se fundiram para criar a Bossa Nova Films. A produtora começou suas atividades oficialmente no dia 1º de julho. A escolha de Cannes para o lançamento não foi casual. A Bossa Nova nasceu com um foco no mercado internacional tão grande quanto no mercado local, explica Denise Gomes, sócia e produtora executiva do Núcleo de Conteúdo da empresa. A produtora tem entre suas sócias a mexicana Irma Palma (a “Jimmy”), ex-JX, que tem atuação no mercado latino-americano e ibérico, e uma executiva, Anna Martinez, dedicada exclusivamente à área de production services, a venda de serviços no mercado externo. Nos Estados Unidos a empresa tem parceria com a produtora executiva Graciella Creazzo, da Gogogo Films. Os outros sócios são Eduardo Tibiriçá e Willy Biondani, até então sócios na Made, Julio Xavier e Paula Trabulsi, antigos sócios da JX. A preocupação com o mercado internacional também apareceu na escolha do nome. “Queríamos um nome que fosse reconhecido tanto aqui quanto lá fora, e pronunciável

de TV) e o branded entertainment, modalidade que mescla publicidade e conteúdo. Trata-se da criação de projetos audiovisuais ligados a um anunciante, mas sem necessariamente fazer propaganda ou expor produtos (veja matéria à página 66). É nesta atividade que a Bossa Nova quer se diferenciar. “No Brasil é difícil as agências trabalharem conteúdo. Em geral, elas não têm profissionais especializados na produção de entretenimento, como roteiristas e diretores. O modelo de negócios também não ajuda, porque quase ninguém trabalha com ‘fee’ (pagamentos fixos). Então, falta uma atitude pró-ativa, de alguém que chegue com um projeto de entretenimento para o cliente, que provoque esse movimento no mercado”, diz Denise. Esta proposta não criará conflito com as agências, que podem sentir “invadido” seu espaço junto ao cliente? “De forma alguma”, responde a diretora, “qualquer trabalho desse tipo tem que ser levado primeiro à agência, e tem que ter o envolvimento desde o primeiro momento tanto da agência quanto do cliente e do veículo”, explica. Esse envolvimento em todo o processo é fundamental, conta Denise, para que o conteúdo final consiga ser interessante e atrativo para o espectador e ao mesmo tempo valorize o anunciante. “Não adianta desenvolver um roteiro e só na última

“No Brasil é difícil as agências trabalharem conteúdo. Em geral, elas não têm profissio­nais especilizados na produção de entretenimento.” Denise Gomes, da Bossa Nova Films

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etapa o anunciante entrar e dizer ‘coloca o produto aí no meio’. Ele tem que participar de toda a elaboração”. Ela lembra que a publicidade já dá conta de promover os produtos. O objetivo do branded entertainment é promover valores. “A criação conjunta valoriza a marca e o conteúdo”, conclui. Estrutura A Bossa Nova ocupará em São Paulo o espaço da Made e mais o prédio contíguo, que era ocupado pela Sentimental Filme (que mudouse para outro endereço). Além disso, a produtora terá um estúdio e uma central técnica em Santana do Parnaíba, próxima à capital. A direção técnica ficará a cargo do renomado diretor e fotógrafo Walter Carvalho, que também fará a direção de fotografia em algumas produções. O estúdio está sendo montado agora, em um galpão comprado na cidade.

brasil na tela Mesmo com o foco mais forte em publicidade, a Bossa Nova manterá a veia de produção de conteúdos herdada da Made. Em co-produção com o Canadá, por exemplo, está sendo captado um documentário sobre o trabalho social com crianças carentes, do bailarino Ivaldo Bertazzo. Segundo Denise Gomes, a idéia é fechar também uma parceria com alguma produtora francesa para o documentário, já que os meninos se apresentarão em outubro naquele país como parte da comemoração do Ano do Brasil na França. A Bossa Nova também trabalha, em co-produção com a Grifa, em um documentário sobre a vida na Mata Atlântica.

A produtora prevê investimentos num primeiro momento em equipamentos de captação, pois quer trabalhar também em HD (além do vídeo digital e do 35 mm, usado principalmente em publicidade). Posteriormente também investirá em sistemas de pós-produção. Enquanto isso, mantém uma parceria com a Cinegráfika, para a produção de computação gráfica e

animação. A parceria não é exclusiva, ou seja, a Bossa Nova pode trabalhar com outros parceiros e vice-versa. Mas o coração da produtora é o chamado “núcleo criativo”, formado pelos diretores vindos da JX e da Made. Denise faz questão de frisar que ninguém, nem os diretores e nem os responsáveis pelo atendimento, trabalhará com apenas um tipo de produção. “Pelo contrário, a idéia é que todos trabalhem com tudo, tanto publicidade quanto conteúdo, para podermos oferecer uma solução integrada”, diz. Encabeçando a lista está Julio Xavier, responsável por clássicos como o “Primeiro Sutiã”, da Valisére. Participam também do grupo Willy Biondani, Paula Trabulsi, Luiz Villaça, Paulo Gama, Georgia Guerra-Peixe, Giuliano Saade e Lilian Lírio, além do já citado Walter Carvalho e de Marcelo Presotto, diretor da Cinegráfika.


( produção)

Michael Goldman

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“American Idol” é todo HD Como um dos programas líderes da Fox nos EUA consegue produzir em alta definição com prazos apertados.

praticamente a única forma de termos uma master do show em HD dentro dos prazos exigidos”, conta DeRonde.

Fotos: divulgaçÃo

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reality show musical norte-americano “American Idol” virou uma espécie de garoto-propaganda do uso do padrão de compressão DNxHD, da Avid, na pós-produção em alta definição. Isto aconteceu depois que os produtores da série decidiram que o fluxo de produção e pós-produção evoluiria todo para HD, iniciando a conversão de toda a captação de entrevistas e matérias externas do formato Beta digital para o Varicam (AJ-HDC27), da Panasonic. A decisão fez parte de uma diretriz da Fox de padronizar toda a programação em HD para o formato 720p (16:9, 720p, 59,94 fps, para ser mais exato). Mas levando em consideração as características das apresentações ao vivo e a necessidade de mudanças rápidas de roteiro em função do desenrolar do programa, também seria necessário tomar algumas decisões sobre o melhor sistema para editar e masterizar o material em um curto espaço de tempo. Bill DeRonde, presidente da produtora californiana Chainsaw, responsável pelo show, e supervisor de edição do programa, optou pela adoção do codec DNxHD (10-bit, 220 MB) para reduzir o tamanho dos arquivos e acelerar a renderização, enquanto gerava as masters no formato HDCAM-SR, da Sony, para exibição. Segundo DeRonde, em alguns casos a Chainsaw “digitaliza ao vivo” o material, levando o sinal do estúdio diretamente para as quatro estações Avid Media Composer e uma Media Composer Adrenaline, integrada a um sistema de armazenamento Avid Unity

Copyright Millimeter 2005

O codec DNxHD permitiu a edição HD sem compressão em prazos muito curtos.

MediaNet. Isso permite que os editores ime­ dia­tamente joguem as cenas para o editor offline (em definição standard) e enviem o corte final para renderização em formato DNxHD em uma estação Avid DS Nitris. “Eu vejo as tomadas na edição offline na segunda-feira à noite, e temos que entregar a master para a Fox às 9h da manhã de terça”, explica DeRonde. “Então, assim que eu acabo a edição de cada segmento, ele vai direto para o DS (Nitris) para a adição de efeitos, layers, números de telefone e outros caracteres e gráficos... Tudo o que requer tempo de renderização. Então geramos uma master usando o VT SRW-5000 da Sony. Isso é a master de todo o material pré-gravado. Na maioria dos episódios, este material é combinado com o ambiente de estúdio, que é captado com câmeras Sony HDC1500 e editados em VTs DVCPro HD. Esta é 72

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Pressa “American Idol” não é o primeiro programa a usar o DNxHD desde que a Avid introduziu o formato no ano passado. “The Benefactor” e “Late Night with Conan O’Brien” também incorporaram o padrão em suas linhas de produção recentemente. Mas “Idol” é quem adotou o formato de forma mais extensiva. Matt Allard, gerente de produto sênior da Avid, explica que o codec oferece uma alternativa a quem precisa editar em HD sem compressão em prazos apertados. “Um padrão de compressão agnóstico em relação a formatos, desenhado para permitir a produção em HD com a mesma velocidade do standard definition, é obviamente algo que nossos usuários vinham nos desafiando a fazer”, diz Allard. “Por isso incorporamos o DNxHD em nossos sistemas de edição, mesmo nos que são apenas software, como o Avid Xpress Pro HD. E também abrimos o código-fonte gratuitamente para desenvolvedores de programas. Afinal, o formato só serve se for acessível a todos”, completou. DeRonde é um que acreditou na velocidade de seu workflow baseado em DNxHD. “Para a próxima temporada nós esperamos que o processo fique ainda mais rápido e eficiente”, disse. “O DS (Nitris) ainda não consegue compartilhar arquivos com o Adrenaline, mas venho tendo conversas com Avid e eles dizem que logo poderemos fazer isso. Quando acontecer, poderemos usar mais estações Adrenaline como fonte de clipes para o DS online”, concluiu.

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( equipamentos)

Steve Mullen

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A visão ProHD

Copyright Video Systems 2005

Confira as características técnicas do sistema de gravação HDV criado pela JVC.

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fotos: divulgação

a NAB 2005, a JVC apresentou sua nova camcorder HDV, a GY-HD100. A câmera grava em fitas MiniDV no formato HDV e foi nomeada pela fabricante como um produto da linha ProHD. A denominação ProHD não se trata de um novo formato, nem mesmo um sub-formato do HDV. De acordo com Dave Walton, gerente geral de comunicação corporativa da JVC, ProHD “é a abordagem da empresa para oferecer produtos HD mais acessíveis. Também é usado para descrever a família de modelos HD profissionais com uso de banda eficiente”. O ProHD se difere dos outros tipos de HDV que foram lançados pela JVC (a camcorder HD10) e pela Sony (as camcorders Z1 e FX1) ao incluir duas novas e importantes funções. Em primeiro lugar, a gravação de áudio PCM na fita — as outras camcorders HDV gravam apenas em áudio MP2. Em segundo lugar, a linha ProHD permite captação em 24p real. O formato HDV inclui três subformatos de captação: 720 pixels horizontais por 480 linhas com escaneamento progressivo “SD” em 25p, 50p, e 60p; 1280 x 720 HD progressivo a 24p, 25p, 30p, 50p, e 60p; e 1440 x 1080 HD entrelaçado (50i e 60i). Os produtos HD HDV lançados anteriormente captam em 720p29,97 (como as camcorders da JVC GR-HD1 e JY-HD10) ou nos formatos 1080i50 e 1080i59,94 (como as Sony HDR-FX1 e HVR-Z1). O formato HDV grava os dados dos sinais de vídeo em alta definição com compressão em MPEG-2. Por usar a fita MiniDV, a velocidade de gravação, largura das trilhas e as partes mecânicas são baseadas no

A GY-HD100, primeira câmera ProHD da JVC, pode gravar em HDV 720p em 24 fps com áudio PCM.

formato DV. Embora o selo HDV deva ser aplicado apenas em produtos que gravam em fitas DV, ficou claro na NAB que a gravação em discos rígidos também esta disponível. Mais além, a JVC anunciou o lançamento do modelo GY-HD7000 que suportará taxas de transferência superiores a 25 Mbps. O formato HDV utiliza o MainProfile@ High1440 (MP@H-14) MPEG-2 para compressão e as amostragens são em 4:2:0. O sub-formato HD 720p é chamado de “HD1” e o HD1080i é chamada de “HD2”. O HD1 tem uma taxa de dados de 19,4 Mbps e é composto por três tipos de dados: MPEG-2 vídeo (17,8 Mbps), layer 2 de áudio MPEG-1 (0,384 Mbps) e dados de suporte (1,2 Mbps). Um grupo de imagens (GOP) fechado de seis quadros é aplicado nos equipamentos para as regiões que trabalham com 60 Hz. O HD1 é gravado na fita DV quase exatamente como acontece com o formato DV. Uma trilha DV tem três 74

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segmentos. O primeiro, o maior segmento da trilha DV, abriga o “vídeo”. Um pequeno segmento “subcode” abriga dados como o timecode. Além disso, o áudio PCM é gravado no segmento “áudio”. Todos os três segmentos das trilhas DV são mostrado no Diagrama 1. Quando o HD1 é gravado, tanto o vídeo MPEG-2 quanto o áudio MP2 são gravados no segmento “vídeo”. Na verdade, o HD1 é gravado como o DV, no qual dez trilhas são usadas para gravar um quadro de vídeo. O interessante é que o HDV é mais robusto que o DV e menos sujeito a perdas no processo de conversão para dar saída de vídeo. Isso porque em uma região de 60 Hz, ao usar alta definição, um GOP de seis quadros exigirá 60 trilhas. Mais ainda: no esquema de correção de erros, os quadros IBP são dispersos em blocos pequenos por todas as 60 trilhas. Assim, um dropout não


causaria perdas em um quadro completo de I, B ou P. Áudio Fica a questão: o que é gravado no segmento de áudio da gravação HDV? Nada, conforme mostrado no Diagrama 2. Com o ProHD, dois canais de audio PCM são gravados neste segmento. O áudio é completamente independente da layer de áudio 2 do MPEG-1. O áudio PCM é gravado em 48 kHz, usando compressão de 16-bit. As trilhas de áudio PCM recebem exatamente o mesmo áudio que o encoder MPEG-1. O ProHD não suporta, até esse momento, quatro canais de áudio. Veja o Diagrama 3. Como as trilhas PCM são obtidas dos produtos ProHD? Isto ainda não está claro, mas uma possibilidade é ligar o modo de reprodução HDV-toDV da camcorder. Agora, como um par de cabeças de leitura cobre cada par de trilhas da fita, um frame de dados PCM é lido e enviado para a porta IEEE 1394. Depois da captura de áudio, o vídeo DV (resultante do modo de execução HDV-to-DV) é descartado. Agora o usuário deve simplesmente trocar a trilha de áudio MPEG-1 por trilhas PCM. Embora pareça complicado, isso é quase idêntico ao sistema duplo de edição usado na criação de filmes. A diferença é que muitos produtores de filme gravam

Vídeo Time Code PCM Diagrama 1: formato de fita DV

Vídeo + MP2 Time Code Vazio Diagrama 2: formato de fita HDV

Diagrama 3: formato de fita ProHD

som PCM em um gravador de áudio digital separado. Há um pequeno detalhe. Antes de o GOP de seis quadros de vídeo estar pronto para dar saída na porta IEEE 1394, 60 trilhas precisam ser lidas. Portanto, o áudio PCM irá seguir o vídeo MPEG-2 e o áudio MPEG-1 após seis quadros. O que quer dizer que as trilhas PCM estarão fora de sincronismo com o vídeo por seis quadros. Portanto, quando o usuário trocar o áudio MPEG-1 por PCM, ele terá de soltar a trilha PCM seis quadros antes do vídeo. Isso também quer dizer que o áudio

PCM pode ser executado a partir de equipamentos HDV convencionais. Para gravar em widescreen SD, a 480p60, a câmera ProHD, assim como a nova GY-HD100, captura 59,94 quadros por segundo com varredura progressiva em uma janela 16:9 com 720 x 480 pixels, a partir de CCDs de 1280 x 720 (para gravar 480p50 a camcorder tem seu clock ajustado a 50Hz). Assim que cada quadro é capturado, é imediatamente codificado. Depois que cada GOP de seis quadros é

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( equipamentos) codificado, os dados são gravados na fita sobre 60 trilhas. Quando uma camcorder ProHD grava em 720p30 (720p29,97), a câmera captura 59,94 quadros progressivos por segundo dos CCDs de 1280 x 720. Enquanto cada quadro é captado, ele é enviado ao encoder. Assim, o encoder envie dois quadros à fita para cada quadro recebido. O Diagrama 4 mostra como os seis quadros são processados. Para cada segundo de video 30p, esse padrão é repetido cinco vezes. As caixas vermelhas representam os quadros que vêm dos CCDs. As caixas azuis indicam os quadros que são gerados pelo filtro Motion Smoothing. As caixas verdes descrevem os quadros MPEG-2 — criando um GOP — gravados na fita. Depois de cada GOP de seis quadros ser codificado, eles são gravados na fita sobre 60 trilhas. A JVC não detalhou como é feita a gravação em 24 fps. Uma opção é gravar cada I-frame duas vezes. Dessa maneira, 24 fps é naturalmente convertido em 30fps e pode ser codificado como 720p30. Como alternativa, as camcorders ProHD como a GY-HD100 poderiam gravar em fita em 24 fps. Tal discussão sobre a implementação do 24 fps levam a uma questão: o ProHD poderá ser executado em equipamentos HDV convencionais? (O gravador da JVC BR-HD40U, disponível desde junho, suporta sinais gravados em 24p HDV.) A JVC destaca que “a capacidade de gravar e reproduzir em 24p tem sido parte do formato HDV desde que este foi estabelecido.” Contudo, se o 24p é parte da especificação HDV original, a tecnologia está incluída no HD1 e HD2? Se é parte do HD2, a Sony implementará o 24p na Z1? Estes são aspectos da implementação HDV que se tornarão mais claros com o tempo, enquanto a JVC dá continuidade à camcorder

Talvez o tamanho do GOP possa ser aumentado. Ou ainda, a taxa de gravação de dados MPEG-2 poderia ser aumentada de 18,2 Mbps para 36 Mbps. A maneira mais óbvia de gravar a 36 Mbps na fita é usar uma densidade dobrada de gravação em cada trilha (as cabeças precisam rodar com o dobro da velocidade) ou ainda gravar pares de trilhas. No segundo caso, o GOP de seis quadros iria exigir 120 trilhas. Para que a gravação dobre o número de trilhas por segundo, a técnica típica é rodar a fita com o dobro da velocidade, cortando o tempo de gravação da fita pela metade. É claro que no tamanho padrão de fitas DV seria simples de solucionar o problema. Nesse momento, tudo o que pode ser dito é que, apesar do 720p60 ser parte da especificação HDV, não está claro como esta possibilidade será implementada. Para evitar o efeito de tremulação durante a reprodução, o vídeo em 720p25 ou 720p30 precisa ter os quadros dobrados na saída, gerando um sinal de vídeo componente analógico de 720p50 ou 720p59,94 (também é possível fazer uma upconverssion de 720p25 e 720p30 para 1080i50 e 1080i59,94, ou ainda uma downconverssion para 480i50 e 480p50 ou 480i59,94 e 480p59,94.). As

As camcorders HDV lançadas anteriormente captam em 720p29,97, como a JVC GR-HD1, ou em 1080i50 e 1080i59,94, como a Sony HVR-Z1 (acima).

ProHD e o mercado assimila o HDV. O futuro do ProHD Nenhum dos formatos de gravação 720p50 ou 720p60 são oferecidos pela camcorder GY-HD100. Porém, ambos podem ser incluídos em uma futura versão do ProHD, já que fazem parte da especificação HDV. É simples ver como cada frame rate é manipulada. Cada quadro oriundo dos CCDs seria codificado e gravado na fita. Assim, o filtro suavizador de movimento (Motion Smoothing) não será necessário. O frame rate para 50p/60p requer a habilidade de processar o dobro de dados por segundo. Existem várias maneiras desse volume maior de dados ser gravado.

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Diagrama 4: captura de quadros no ProHD.

Frame A

Frame B

Frame C

Frame D

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Video Frame 1

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Video Frame 2

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Video Frame 3

Diagrama 5: pulldown 2:3:2:3.

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Video Frame 4

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Video Frame 5


possibilidades são determinadas por um circuito em uma camcorder ou VCR ProHD. Para dar a saída de sinal analógico em 24p, um processo diferente, porém familiar, é usado. O pulldown é usado para converter cada grupo de quatro quadros progressivos de vídeo em cinco quadros entrelaçados, como mostrado no Diagrama 5. Esse padrão é repetido seis vezes por segundo. Quando o 24p é processado durante a reprodução, todos os 24 quadros são enviados, ou uma

até que estas imagens sejam apresentadas acima de 12 quadros por segundo. Mais além, de acordo com Douglas Trumbull, inventor do sistema de filme Showscan, humanos não vêem movimento com total suavidade até que o frame rate alcance cerca de 60 fps (sempre que o frame rate aumenta, as pessoas notam um maior senso de “realidade” nos filmes). Quando uma informação contínua — incluindo um movimento no tempo — é mostrada em intervalos regulares, a não ser que a taxa de amostragem seja de pelo menos 60 fps, o movimento

Os formatos 720p50 e 720p60 não são oferecidos pela GY-HD100, mas podem ser incluídos em uma versão futura. repetição de 36 quadros é adicionada para gerar 60 quadros. Com os quadros repetidos, a captura pode se dar de duas maneiras. O arquivo 720p60 pode ser gravado diretamente em disco – e então convertido em vídeo a 24 fps. A alternativa é que o driver de captura já descarte os quadros extras automaticamente. Uma vez que o vídeo 24p tenha sido obtido, o usuário pode editá-lo em uma timeline 23,98 fps, exatamente como é feito com filme telecinado. Suavizador de movimento Nosso cérebro não vê o movimento como uma série de imagens normais

resultante sempre vai mostrar “temporal aliasing”, ou “efeito estroboscópico”. Você pode não sabe o que isso significa, mas todos nós testemunhamos freqüentemente este efeito. Sempre que você vê a roda de um trem parecer a girar no sentido oposto, essa imagem em movimento é um efeito de movimento repetitivo. O aliasing é inerente às taxas de amostragem baixas, como 24 fps ou 30 fps. Taxas baixas de quadros por segundo apresentam outro problema visual. Quando objetos se movem rapidamente, podem aparecer dobrados na cena. Por exemplo, quando um carro passa muito rapidamente pela cena, duas imagens do carro podem ser visíveis, uma imagem levemente à frente da outra. Isto é

chamado de “foreground strobing” - e é um efeito de ligado ao movimento ocular. Para entender o foreground strobing, imagine um quadrado se movendo horizontalmente em um filme captado a 24 fps. Na exibição, quando o filme é projetado a 24 fps com um disparador duplo, cada quadro aparece duas vezes. Isso aumenta a freqüência de 24Hz para 48Hz. Se isso não fosse feito, nós veríamos um efeito de tremulação intolerável – especialmente nas áreas claras da imagem. Enquanto nós assistimos à imagem projetada, nossos olhos automaticamente seguem o quadrado em movimento. Nosso cérebro rapidamente desenha o vetor de movimento dos quadrados. Assim, quando o disparador abre um novo quadro, o quadrado está no ponto para onde nosso cérebro havia dirigido nossos olhos. Entretanto, quanto o disparador abre pela segunda vez no mesmo quadro, nosso ponto de focalização já avançou, antecipando a posição onde o quadrado deveria estar. Por isso, o quadrado é projetado em nossa retina uma segunda vez, em uma posição deslocada daquela prevista para o objeto em movimento. Esta é a origem da imagem duplicada. Quanto mais rápido é o movimento do objeto, mais rápido é o movimento dos olhos e maior é o deslocamento da imagem duplicada.

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( equipamentos) Quando conectamos uma camcorder 24p ou 30p a um monitor, a camcorder cria uma imagem a 60Hz – podendo ser 60 quadros progressivos por segundo (saída em 720p60) ou 60 campos entrelaçados por segundo (saída em 480i ou 1080i). Assim, a camcorder funciona exatamente como o projetor de disparador duplo, fazendo com que cada quadro seja exibido duas vezes. O interessante é que os objetos estáticos também tremem. Esse fenômeno é chamado ”background strobing”. Naturalmente, nenhum problema é encontrado em vídeo 720p60 ou 1080i60. Foreground e background strobing podem ser melhorados controlando a velocidade do disparador. Quando a velocidade do disparador é mantida baixa, a imagem fica desfocada (efeito blur). A 1/60 segundo já há algum blur, enquanto a 1/30 causa muito mais blur. A imagem desfocada é

gravada na fita. Quando assistimos a tal vídeo, o desfoque dos objetos em movimento ajuda a cobrir a diferença entre a imagem real e o a efeito de seguir o objeto com os olhos. Como estamos acostumados a ver o movimento desfocado, nossos olhos tendem a ver um objeto, ao invés de dois — e o vídeo ou filme parece mais “aceitável”. De acordo com a JVC, o ProHD tem um filtro proprietário de suavização de movimento. A cada 1/48, 1/50, ou 1/60 de segundo, um novo quadro é captado. Este vídeo pode ser processado antes de ser codificado em MPEG-2, ou de ser enviado ao codificador. Assim, obtém-se o vídeo em movimento para ser mostrado a 48 fps, 50 fps e 60 fps. Essas taxas de amostragem são grandes o suficiente para evitar foreground e background strobing. Comparada às imagens a 24 fps, 25 fps e 30 fps que serão gravadas na fita, a entrada é “oversampled.” Essa técnica é freqüentemente aplicada na

conversão de analógico para digital, para melhorar a qualidade áudio e de vídeo, já que proporciona amostragens mais apuradas. Como as duas amostragens são convertidos em uma? Existem duas possibilidades que podem ser óbvias: frame blending ou aplicar o blur em um objeto específico que se move em sentidos que poderiam causar vibração — mas a JVC não aplica nenhuma delas. A JVC não revelou seu método de conversão de dois amostragem em um. A empresa simplesmente diz que o filtro Motion Smoothing remove o efeito estrobo. Como o estrobo é sempre indesejado, o filtro oferece uma função para poupar trabalho (é claro que o Motion Smoothing pode ser desligado). Aqueles que querem gravar 720p60 irão usar o filtro para permitir vídeo a 720p30, para emular um frame rate maior.

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( upgrade )

Suíte HD

Apple entra na briga das suítes de produção

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Com soluções de áudio e de vídeo, a nova suíte da Apple abrange quase todas as etapas da edição e finalização, sempre em alta definição.

Apple já começou a distribuir o Final Cut Studio, suíte para produção em HD que reúne o editor para DV, SD, HD e filme Final Cut Pro 5; o editor e finalizador de áudio Soundtrack Pro; o Motion 2, para efeitos e gráficos em tempo real; e o DVD Studio Pro 4, para autoração de DVDs. Além do Final Cut Pro 5 (já descrito nesta coluna na edição de maio de 2005), a suíte conta com um pacote quase completo para edição e finalização de vídeo, faltando apenas o software de efeitos avançados da Apple, o Shake, e um editor de fotos como o Photoshop, da Adobe. O novo aplicativo para edição de áudio Soundtrack Pro apresenta o recurso Find-and-Fix, que rapidamente identifica e corrige automaticamente problemas comuns de áudio. Usando um sistema de layers flexível, o software permite ao usuário reordenar instantaneamente as layers e fazer um “bypass” ou alterar uma edição, efeito ou processo. Com um mixador multitrack embutido, o Soundtrack Pro pode aplicar efeitos em trilhas individuais ou em grupo. A solução vem ainda com mais de 50 plug-ins, incluindo o Space Designer, o Match EQ e o Linear Phase EQ. Um pacote com mais de 5 mil loops traz ao editor de áudio uma variedade de trilhas musicais e de efeitos, como terremotos, explosões etc. Com o uso da ferramenta AppleScript é possível simplificar e acelerar o processo de produção ao automatizar tarefas comuns e repetitivas de áudio. A nova versão do Motion, para animação em tempo real de gráficos, permite aos usuários do Final Cut Pro adicionar gráficos trabalhando em DV, SD, HD e até mesmo filme. Trata-se do primeiro software de 80

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gráficos a usar aceleração GPU em renderização flutuante de 32-bit com saída em qualidade de filme. Isso proporciona maior detalhamento das imagens e um “range” de cores que se adaptam automaticamente nas novas gerações de GPUs e CPUs. Com a ferramenta Replicator, o Motion permite animar um número infinito de vídeos ou gráficos duplicados, enquanto define o posicionamento das imagens. O software conta ainda com mais de 130 filtros como rotação 3D e mais de 50 novos filtros de partículas que geram automaticamente animações como faíscas, bolhas e nuvem. Com suporte à interface MIDI, o Motion pode ser “tocado” como um instrumento musical, com animações definidas para cada tecla de um teclado. O software pode ser usado ainda em conjunto com o After Effects, permitindo que os efeitos do Motion sejam usados no software da Adobe sem renderização. Já a quarta versão do DVD Studio Pro é a primeira solução no mercado com suporte à especificação HD DVD. Além disso, o software permite gravar conteúdo HDV do Final Cut Pro em um DVD HD sem a necessidade de recompressão. Outra novidade é a possibilidade de compartilhar a tarefa de codificação para HD ou SD com outros computadores da rede, reduzindo o tempo de codificação. O software suporta ainda o formato de áudio Dolby Digital Professional AC-3. A nova suíte da Apple trabalha com estações Macintosh com processadores PowerPC G4 (867 MHz ou mais rápidos) ou G5. Para aplicações em HD, é necessário pelo menos um processador de 1 GHz ou mais. Para autoração de HD DVDs, a suíte exige processadores PowerPC G5.

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Correção simplificada

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á começam a ser anunciadas as novidades que serão mostradas na IBC 2005, que acontece entre os dias 9 e 13 de setembro em Amsterdã. Entre elas estão algumas das novas ferramentas e melhorias da suíte de masterização Resolve Digital, da fabricante da Vinci. Trata-se de um conjunto de ferramentas que melhora a família de produtos da empresa para correção de cor, desenvolvidas especialmente para uso em ambientes de finalização com intermediação digital. Usando uma arquitetura aberta, a Resolve permite procurar e selecionar imagens em arquivos em redes LAN/SAN ou em um servidor local. Depois de importar as listas de edição (EDLs), o sistema adiciona as alterações de cor e produz uma master. Usada com o hardware PowerPlant, também fabricado pela da Vinci, a suíte pode trabalhar em tempo real e usando várias layers na correção de cor em imagens com resolução “full-film”. A Resolve é totalmente não linear, o que

permite maior flexibili­dade e agilidade nos uso dos painéis de controle da da Vinci. A mixagem de imagens de diferentes resoluções (até 4K) é processada internamente na PowerPlant em processadores de 64 bits. As correções de cor podem ser feitas em cascata ou em paralelo. Cada layer usada na Resolve conta com controles primário e secundário de quatro canais de cor (RGBY), assim como ferramentas para isolar lift, gama, ganho, saturação, e curvas customizadas. A solução conta ainda com outras ferramentas avançadas, como tracking de objeto e de janelas, visualização de múltiplas timelines baseadas em EDLs e suporte para mesas 3D LUT (Look-Up Tables). O monitoramento do filme também se tornou mais preciso, provendo um retorno constante e ativo “ao vivo” para

Ponte HD A Miranda também apresenta novidades na feira de equipamentos e tecnologia em Amsterdã. A empresa leva para a IBC seu novo HD-Bridge Dec, que converte do formato HDV para HD-SDI em 1080i ou 720p. O equipamento conta ainda com um conversor de duas vias capaz de transformar o sinal 720p em HD-Bridge Dec: conversor de duas vias para 1080i, assim como o oposto. os formatos HDV e HD-SDI. Uma interface IEEE-1394 captura o material em formato HDV, dando saída em portas HD-SDI: uma com o sinal limpo e outra com time code. Além disso, o HD-Bridge Dec conta com saídas em HD analógico e áudio analógico e AES. O conversor é ideal para uso em broadcast, para distribuição e playout em infraestrutura HD-SDI. Pode ser usado ainda para converter vídeo comprimido HDV em material sem compressão HD-SDI para edição em ilhas mais avançadas. T ela

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o colorista. Além disso, a solução suporta uma variedade de dispositivos monitoramento/ visualização, desde monitores comuns ou de broadcast até equipamentos de projeção. Com suporte a sistemas de arquivos abertos, a suíte não gasta tempo nenhum importando ou exportando imagens.


( agenda ) > AGOSTO

> SETEMBRO

15 a 28 Festival de Gramado - Cinema Latino e Brasileiro. Gramado, RS. Tel.: (54) 286-9533. E-mail: festcinegramado@gramadosite.com.br. Web: www. festcinegramado.com.br.

9 a 13 IBC. Amsterdam RAI, Amsterdã, Holanda. Tel.: (44-20) 7831-6909. E-mail: registration@ibc.org. Web: www.ibc.org.

24 a 27 2º Prix Jeunesse Iberoamericano. Santiago, Chile. Informações no Midiativa - Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes. Tel.: (11) 3864-1239. E-mail: adri@midiativa.tv. Web: www.midiativa.tv. 24 a 1º/9 Indie 2005 - Mostra de Cinema Mundial. Belo Horizonte, MG. Tel: (31) 3296-8042 / 3293-1582. E-mail: indie@zetafilmes.com.br. Web: www.zetafilmes.com.br/indie. Inscrições até o dia 27 de junho. 25 a 3/9 Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. São Paulo, SP. Tel.: (11) 3034-5538. E-mail: spshort@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org. 31 e 1º/9 Seminário Satélites 2005 O evento aborda aplicações que vêm impulsionando o desenvolvimento dos serviços satelitais em todo o mundo para além dos usos tradicionais, como o rádio digital, serviços de localização, educação à distância, acesso em banda larga, TV digital e muitos outros. Hotel Paulista Plaza, São Paulo, SP. Tel: (11) 3120-2351. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br.

22 a 6/10 Festival do Rio. Maior festival de cinema da América Latina. Em 2004, o evento exibiu 347 filmes, entre eles 48 brasileiros, em 1261 sessões para 230 mil espectadores e recebeu, ao longo de 15 dias, cerca de 200 convidados estrangeiros, entre eles executivos, produtores e diretores de 60 países. Mais informações pelo telefone (21) 2543-4968, pelo e-mail info@estacaovirtual.com ou no site www.festivaldoriobr. com.br. 28 e 29 IV Tela Viva Móvel, ITM Expo, São Paulo, SP. Tel: (11) 3120-2351. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br.

> OUTUBRO 15 a 16 Mipcom Junior. Palais des Festivals, Cannes, França. Tel: (33-1) 4190-4440. Email: stephanie.brisson@reedmidem.com. Web: www.mipcomjunior.com. 17 a 21 Mipcom. Palais des Festivals. Este ano, pela primeira vez, acontece simultaneamente ao Mipcom o Telenovelas Screenings, que será específico para o formato familiar aos telespectadores de toda a América Latina. Segundo a Reed Midem, são produzidas mais de 500 telenovelas por ano, para uma audiência global de 2 bilhões de pessoas. Para

essa primeira edição, a empresa diz que fechou acordo com as maiores produtoras do gênero: TV Azteca (México), Televisa (México), TV Globo, Venevision (Venezuela), Tepuy (Espanha), Telefe (Argentina), RCTV (Venezuela), RCN (Colombia), Artear (Argentina) e Caracol (Colombia). P evento acontece em Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4567. E-mail: karine.sarfati@reedmidem.com. Web: www.mipcom.com.

25 a 30 9º Festival de Cinema Vídeo e DCine de Curitiba. Curitiba. PR. As inscrições de filmes e vídeos podem ser feitas até o dia 30 de junho pelo site www.festcinecuritiba.com.br. Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3141-2548. E-mail: info@mostra.org. Web: www.mostra.org.

> NOVEMBRO 2 a 9 AFM — American Film Market. Santa Monica, California, EUA. Tel.: (1-310) 446-1000. E-mail: AFM2004@ifta-online.org. Web: www.ifta-online.org. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Brasília, DF. Tel.: (61) 325-7777 / 325-6215. E-mail: festbrasilia@sc.df.gov.br. Web: www.sc.df.gov.br.


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