Revista Tela Viva 157 - janeiro/ fevereiro 2006

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 15_#157_jan/fev2006

na marca do pênalti Minicom quer marcar um gol com escolha do padrão, mas há muitas barreiras ainda para a TV digital

Programação

Na Natpe, TVs dos EUA mostram apetite por novelas locais

PRODUÇÃO

A dura realidade de quem faz comerciais fora dos grandes centros


N達o disponivel


Foto: marcelo kahn

(editorial ) Diretor e Editor Diretor Editorial Diretor Editorial Diretor Comercial Diretor Financeiro Gerente de Marketing e Circulação Administração

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André Mermelstein

a n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

O que não se discute

N

Edianez Parente Fernando Lauterjung Daniele Frederico, Lizandra de Almeida (Colaboradora) Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal) Carlos Edmur Cason (Edi­ção de Arte) Debora Harue (Assistente) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção Ele­trô­ni­ca) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Marcelo Pressi 0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

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este início de ano a TV digital terrestre caiu na boca do povo. Nos botecos e nas farmácias não se fala em outra coisa. Não é para menos, dada a importância da TV aberta para a sociedade brasileira. O que chama a atenção de quem acompanha o debate há mais tempo, é que a discussão centrou-se totalmente na escolha do famoso padrão de transmissão, como se apenas esra decisão definisse para sempre como será a TV aberta no país. Como se a questão crucial fosse o alinhamento a americanos, europeus ou japoneses, com suas generosas ofertas de fundos e liberação de royalties. Enquanto esse grande boi velho cruza o rio, passa uma boiada silenciosa sem chamar a atenção. O que não se discute é o modelo de exploração que o Brasil quer para sua TV aberta. Que ela será aberta, livre, gratuita, não há dúvida. Também não há porque negar que atributos técnicos como alta definição, mobilidade e portabilidade são necessários para o meio TV competir com todas as outras mídias digitais. Mas falta o debate sobre quem ocupará este precioso espaço no espectro eletromagnético, e como. Defendemos que os broadcasters recebam canais para suas transmissões digitais, simultaneamente à manutenção dos canais analógicos pelo tempo necessário. Mas, fazendo uma analogia com a questão fundiária, essas glebas virtuais têm que ser ocupadas por propriedades produtivas, e de qualidade. Não há porque ceder 6 MHz do espectro digital para quem não fará multicast ou highdefinition, para quem transmitirá uma programação em desacordo com a Constituição, sem conteúdos de caráter engrandecedor. Ceder as faixas de 6 MHz a todos indiscriminadamente é fechar as portas para novos atores e simplesmente replicar no mundo digital a triste realidade da TV aberta analógica, que, com as óbvias exceções, mal consegue produzir com qualidade um canal analógico, quanto mais três ou quatro. Sem a revisão do processo de concessão e uma lei que regulamente a comunicação eletrônica, certamente teremos uma TV digital que manterá as distorções do sistema atual.

ilustração de capa: carlos fernandes/gilmar

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Ano15 _157_ jan-fev/06 (

(índice) 14

)

cartas

TV Digital

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scanner figuras programação

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O que falta discutir antes da escolha do padrão

Diversidade Brilhante o artigo do sr. Petrus Barreto sobre diversidade cultural (TELA VIVA 156). A forma como abordou o assunto e seu conhecimento a respeito do mesmo tornaram seu texto uma pequena pérola, objetivo, informativo e com uma ótima visão estratégica do assunto. Parabéns a ele e à revista pelo artigo e espero poder ler novas matérias dele.

Americanos querem novelas, mas com sotaque local

evento

Marco Schiavon, publicitário e cineasta, Rio de Janeiro, RJ

produção

Interior Tenho uma produtora no interior do país, e me vi por diversas vezes retratado na matéria sobre a lucratividade das produtoras (TELA VIVA 156). Mas nossa realidade é bem diferente da das produtoras de capital. Estou acostumado a ler a revista e sonhar com uma realidade de produção no mínimo próxima à dos grandes centros. Vemos equipamentos de ponta, making-of com belos atores, cenários maravilhosos, equipe especializada, câmeras de ultima geração, e o principal; verbas tentadoras. Mas somos milhares de produtoras espalhadas pelo Brasil, e vivemos uma realidade bem menos rentável. Desde que comecei a produzir comerciais, os clientes se viravam pra mim e falavam: “Sabe aquele comercial do Banco do Brasil? Então, poder ser daquele jeito”. Lembrando que a verba era algo em torno de R$ 2 mil... Uma câmera de qualidade razoável custa em médio R$ 30 mil. Se eu compro um equipamento desse, quando conseguirei ter o retorno do meu investimento? Aliada, a essa discrepância de realidades, ainda temos a crescente exigência dos clientes pela qualidade , que exigem uma câmera HD sem até mesmo saber que câmera é essa ou o que ela faz. Agora, com a nova tecnologia, vejo surgir diversas produtoras de “fundo de quintal”, equipadas com laptops e Mini DV. Só que os orçamentos baixaram ainda mais. Às vezes sentimos que falta uma visão macro da situação, pois temos uma dezena de grandes produtoras e centenas de pequenas que produzem milhares de comerciais todos os dias. Essa é a realidade do nosso país.

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Produtoras do interior enfrentam preços baixos com criatividade

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no ar audiência

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no ar making of cinema

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tecnologia

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case

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upgrade agenda

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Os desafios da nova diretoria do CBC Mixer usa fibra ótica para mostrar comerciais aos clientes 30

Produtora encontra mercado em TVs corporativas

Marcelo Filho, Uberlândia, MG Marcelo, Veja a matéria nesta edição sobre as dificuldades enfrentadas pelas produtoras nas cidades menores. A redação

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Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas@telaviva.

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A participação brasileira no RealScreen

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( scanner ) Fotos: divulgaçÃo

Publicidade latina No final de janeiro, Paula Trabulsi, da Bossa Nova Films, dirigiu o filme da Colgate, criado pela Y&R de Nova York. A produção teve a atuação de dois castings, um brasileiro e um espanhol, já que o filme será veiculado no Brasil e na América Latina. O próximo trabalho de Paula será dirigir um filme para a Gatorade, criado pela DDB México, com animação feita pela GP2. A Bossa Nova Films também anunciou o lançamento de seu novo site. O endereço www.bossanovafilms.com.br traz os filmes mais recentes da produtora, o repertório dos diretores, informações sobre os projetos do Núcleo de Entretenimento e Brand Entertainment e sobre as produções internacionais, além de um link para a extranet onde os clientes podem visualizar informações sobre jobs em andamento.

Copa no celular A HBS (Host Broadcast Services), que provê a transmissão dos jogos da Copa do Mundo 2006 da Fifa, na Alemanha, gerará os jogos para os diversos formatos de telas, das maiores à do telefone celular. No centro de transmissão de Munique, está em fase de finalização de uma unidade totalmente dedicada às novas mídias. As empresas que adquiriram os direitos receberão o pacote de sinais já limpo, sem necessidade de edição. O material padrão é baseado em licenças de quatro minutos. Entre as empresas que adiquiriram o evento da Fifa estão a Telefónica S.A, a sul-coreana Daum Communications Corp., a norteamericana Univision e a brasileira Globo. com. A Globo.com promete anunciar em breve as novidades do seu portal para a Copa do Mundo. O Grupo Globo também adquiriu os direitos da Copa para conteúdo no celular, que serão também trabalhados pela Globo.com.

Tema delicado A Contemporanea Produtora está produzindo o documentário “Pensamento Mágico: O Sincretismo Religioso no Brasil”, sobre as complexidades e contradições religiosas do País. Dirigido por Paulo Leônidas e Juliano Ambrisini, o documentário mostra a convivência cordial das religiões afro/católica e budista, com imagens de cerimônias religiosas captadas no Rio Grande do Sul durante todos os meses de fevereiro desde 2000. Entre os eventos, foram filmados a comemoração do Ano Novo Tibetano, o culto em homenagem a Iemanjá e as festas de Nossa Senhora dos Navegantes. O documentário também terá versões em espanhol e inglês.

A Pinnacle Systems, empresa de soluções para edição de vídeo, tem um novo endereço eletrônico. O www.pinnacleal.com.br traz informações sobre a empresa para a América Latina, suporte via chat ao vivo, novidades do mercado de vídeo, descrição dos produtos, opção de upgrades e contatos de distribuidores e revendas autorizadas.

Festivais para todos A Associação Cultural Kinoforum lançou em fevereiro a oitava edição do Guia Brasileiro de Festivais de Cinema e Vídeo, publicação anual que reúne os principais festivais brasileiros e internacionais, com datas de realização, perfil e datas de inscrição. O Guia pretende ajudar produtores e realizadores a organizar sua participação em festivais, além de informar o público em geral sobre esse circuito. A publicação está disponível no site da Kinoforum (www.kinoforum.org), onde também podem ser encontrados os endereços de livrarias que vendem o produto impresso.

Destaque cinematográfico Os curtas-metragens que mais se destacaram no 35° Festival Internacional de Rotterdam, realizado em janeiro, ganharam uma retrospectiva em fevereiro. “Nascente”, do cineasta mineiro Helvécio Marins Jr. foi um dos escolhidos para a exibição. A seleção dos curtas foi feita pela curadoria, pelos críticos, público e programadores do Festival de Rotterdam.

Novo site

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Prêmio internacional

Fomento no Sul Foram assinados em janeiro os contratos para a produção dos filmes contemplados pelo III Prêmio RGE Governo RS de Cinema, uma iniciativa da Fundacine, promovido em conjunto com o Governo do Estado e a Rio Grande Energia (RGE). Os três longas-metragens selecionados, “Fuga em Ré Menor para Kraunus e Pletskaya”, de Otto Guerra; “Insônia”, de Beto Souza; e “Quase um Tango Argentino”, de Sérgio Silva, receberão R$ 1,5 milhão da empresa RGE, sendo R$ 1,1 milhão por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e R$ 400 mil pela Lei do Audiovisual. Também foi anunciada a ampliação do Projeto RodaCineRGE, que leva o cinema do Rio Grande do Sul a comunidades gaúchas onde não existem salas de exibição. Promovido pelo Governo do Rio Grande do Sul, realizado pela Funcine e com apoio da RGE, o RodaCineRG recebeu uma segunda equipe e unidade móvel para o projeto, que passa a atender, além do interior do Estado, toda a Grande Porto Alegre.

O filme “Jogo Subterrâneo”, de Roberto Gervitz, recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Palm Springs, nos Estados Unidos. A produção concorria na categoria “Novas Vozes, Novas Visões”, com outros 12 filmes. A seleção total do festival, que contava com 230 filmes, também teve a participação de Breno Silveira, diretor de “Dois Filhos de Francisco”, que recebeu o Prêmio John Schelisinger, concedido a diretores estreantes “cujo filme de ficção ou documentário representa particularidades distintas e a promessa de uma grande carreira para o cineasta”.

Nas estrelas

Prêmio internacional II A série “7 X Bossa Nova” recebeu em 27 de janeiro, a medalha de prata do New York Festivals - International Television Programming and Promotion Awards, na categoria projeto artístico. A série foi realizada por meio de uma parceria entre a DirecTV e a Giros, com recursos da Ancine, e conta com direção de Belisario Franca, consultoria de Ruy Castro e Nelson Motta, roteiro de Bebeto Abrantes e direção geral de Rogério Brandão. “7 X Bossa Nova” conta em sete episódios a trajetória da Bossa Nova, com depoimentos de personalidades e músicos da época, cenas inéditas de arquivo e gravações em estúdio. A série concorreu com o espanhol “C+D[esign]” e os americanos “Midnight Movies”, “Broadway: The American Musical” e “Stories in Stone”.

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Nos dias 30 e 31 de janeiro, o Planetário do Carmo, em São Paulo, foi usado como cenário de “Corpos Celestes”, primeiro longa-metragem de ficção do diretor Marcos Jorge em parceria com Fernando Severo. O filme, da produtora paranaense Zencrane Filmes, conta a história do astrônomo Francisco (Dalton Vigh), um homem que dedicou sua vida aos estudos dos astros e acabou deixando de lado sua vida pessoal. O planetário foi a única locação do filme em São Paulo, já que a maior parte foi filmada no Paraná, em Curitiba e nos municípios de Castro, Piraquara e Araucária. O longa foi viabilizado através de um edital de baixo orçamento do Ministério da Cultura.

Sócias produtoras A experiência de Cristina Alves na produção de festivais de cinema, aliada à experiência de Malu Pedrosa em produção de comerciais e institucionais, deu origem à Berinjela Produções, um escritório de produção que atua no desenvolvimento, gerenciamento e realização de projetos culturais, assim como na produção de comerciais, institucionais, promos e vinhetas de programas para televisão.

Longa novela A produtora Guilherme Fontes Filmes, responsável pelo filme “Chatô — O Rei do Brasil” havia recebido da Ancine um prazo (dia 23 de janeiro) para que entregasse seu filme devidamente finalizado. Ao invés disto, o advogado da produtora enviou uma carta questionando o valor aproximado de R$ 30 milhões que seu cliente teria de devolver aos cofres públicos caso não entregasse o filme pronto. A procuradoria geral da Ancine não acatou a argumentação e deverá dar prosseguimento ao processo de tomada de contas especial. O processo será encaminhado para a auditoria interna da agência, que fará a sua verificação e a formatação necessária para envio ao Tribunal de Contas da União. O valor cobrado da produtora é referente ao que foi captado, a partir de 1995, através das leis Rouanet e do Audiovisual, devidamente corrigidos. V i v a

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( scanner ) Aquisição digital Para sua nova novela, “Cristal”, o SBT comprou uma série de equipamentos digitais, incluindo cinco câmeras D-50 da Sony - três serão utilizadas nos estúdios e duas nas gravações externas. Quarenta profissionais passaram por cursos e treinamento, que começou com testes de maquiagem, iluminação e também com os figurinos da nova produção. Além das câmeras, há novo equipamento de áudio e ilha de edição no departamento.

Maior arrecadação A Ancine conseguiu aumentar em 2005 a arrecadação da Condecine Título, contribuição que deve ser paga antes da exibição de qualquer obra audiovisual, nacional ou estrangeira, em 33,8%. O valor arrecadado subiu de R$ 26,6 milhões, em 2004, para R$ 35,6 milhões em 2005. Segundo a agência, isso se deu graças a uma redução na evasão por parte das empresas obrigadas a recolher a Condecine Título. A Ancine explica que o aumento é fruto de acordo feito com algumas emissoras de TV, que passaram a exigir dos produtores e distribuidores o registro de suas obras na agência. Além disso, a agência trabalhou a difusão da legislação através das entidades, das grandes agências e dos anunciantes, e contratou de forma periódica os serviços de vídeo fiscalização.

Carnaval infantil A TV PinGuim criou e produziu três vinhetas do carnaval 2006 para o canal Cartoon Network. Utilizou a técnica de composição e stop-motion de recorte de papel. Os personagens não caem no samba, mas percebem que alguma coisa incrível está acontecendo. A criação foi toda da produtora, inclusive roteiro e trilha. A direção é de Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, com supervisão de Manoela Muraro, da Cartoon Latin America. A trilha sonora é de Fernando Salém.

Subida O novo “Jornal da Record”, que estreou no final de janeiro, marcou 13 pontos de média e picos de 24 pontos, segundo dados consolidados do Ibope na Grande São Paulo. O índice alcançado representa o dobro da audiência que a emissora conquistava até então no horário, ainda com o apresentador Boris Casoy. No mesmo período, o SBT obteve 6,5 de média, a Globo 41, a Band 2 e a Rede TV! 2.

Mês agitado A Jodaf Mixer produziu seis filmes em janeiro, um mês tradicionalmente “fraco” para o mercado publicitário. Entre os trabalhos estão o novo comercial da Finasa, dirigido por João Caetano Feyer para a FabraQuintero, que também realizou os três filmes da nova campanha do Banco Bradesco, para a agência Neogama BBH. O novo filme da Pepsico, para a Almap-BBDO, ainda em fase de produção será dirigido por João Daniel Tikhomiroff. O sexto filme, um comercial da Portugal Telecom para a agência África ficou a cargo da bandeira Jodaf Mixer Internacional. O filme foi todo rodado em Lisboa, com direção de Kiko Ribeiro. A RadarTV e a RDigital Mixer também começaram o ano com novas produções. O programa

“Espaço Feminino”, uma série de programas de entretenimento para o cliente Organon, é distribuída em 1,5 mil consultórios ginecológicos. Serão quatro programas, com duração de duas ahoras, dirigidos por Edu Rajabally, com produção executiva de Marcelo Braga e apresentação de Laura Wie. Além deste, será realizado o terceiro lote de programas da série “Mobilização

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Brasil” para a TVE Brasil e Fundação Banco do Brasil. O programa, com apresentação de Rosana Herman e Marco Piva, conta com debates, entrevistas e reportagens externas, gravadas pela equipe da RadarTV Mixer em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O programa tem direção de Edu Rajabally e produção executiva de Marcelo Braga.

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( scanner ) Música na telinha A Rede TV! ganha um programa de entrevistas com grandes nomes da música popular brasileira. “Ser Tão Brasil”, que deve estrear no final de fevereiro, é um programa de entrevistas com músicos da MPB e sertanejos, e terá como cenário a cozinha de uma fazenda colonial, onde serão preparados almoços tipicamente brasileiros, em fogão à lenha. Além da música, o programa vai mostrar a culinária, a poesia cabocla e curiosidades do folclore brasileiro.

TV paga cresce em 2005 A participação da audiência dos canais da TV por assinatura em relação aos canais da TV aberta cresceu em 2005 em relação ao ano anterior, entre o público assinante. Este índice, que era de 24,7% em 2001 (quando o Ibope começou a aferição de audiência da televisão por assinatura), cresce gradativamente a cada ano, tendo chegado a 28,1% no total do dia no ano passado. Em 2004, o índice de participação para o total do dia era 27,7%. Quando a participação se refere unicamente ao horário nobre (das 19h à 1h), o share dos canais pagos está em 25,2% - era 25,1% em 2004 - mas 21,8% em 2001.

Autoregulamentação O Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) lançou o livro “Ética na Prática”, pela Editora Terceiro Nome e Editora Albatroz. O livro de Ari Schneider traz a história do Conar, que completou 25 anos em 2005.

O protagonista do comercial é o ator Matheus Nachtergaele, mas a estrela do filme é a pista nova do aeroporto de Brasília, que aparece com destaque enquanto os personagens discorrem sobre os benefícios da reforma. O comercial foi produzido pela CineVideo de Brasília, com direção de Sergio Glasberg, para a Infraero.

DocTV IB No início de fevereiro, liquidou-se a última pendência para deslanchar o Programa de Fomento a Produção e Teledifusão do Documentário Iberoamericano, o DocTV Iberamerica 2006, com a adesão explícita do presidente do Instituto del Cine y las Artes Audiovisuales de Argentina (INCAA), Jorge Álvarez. Trata-se de um projeto de 15 documentários de longas-metragens a serem realizados por 13 países latino-america­nos, Portugal e Espanha, e patrocinados por um fundo constituído com recursos públicos e privados. No final de janeiro, autoridades audiovisuais e TVs públicas de 15 países deram início a uma oficina de planejamento para o DocTV IB. O evento aconte­ceu em Brasília, coordenado pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.

Integração latina

da EBU (União Européia de Broadcast) para apresentar e debater com as TVs latino-americanas algumas padronizações propostas para os Items, de forma a facilitar o intercâm­bio entre os países (normas técnicas, como canais de áudio, formatos, claquetes etc). Para Beth Carmona, presidente da TVE Brasil, o encontro permite que os países latino-ameri­canos se conheçam melhor. O encontro tam­bém marcou o fortalecimento da ALA, Alianza Latino-americana, grupo formado pelas TVs do continente. Beth ainda aguarda a chegada de outros países ao grupo como México, Cuba e Bolívia que já demonstraram interesse.

Representantes de TVs públicas e produtoras de cinco países (Brasil, Colômbia, Argentina, Chile e Uruguai) reuniram-se em janeiro na sede da TVE, no Rio de Janeiro, para assistir e selecionar programetes que serão intercambiados entre TVs públicas e educativas de mais de 60 países. Trata-se do programa Item Exchange, que existe em 60 países há mais de 30 anos, e que consiste na troca de programas curtos, de até sete minutos (chamados de “Items”), sem desembolso de dinheiro pelas TVs. Normas O representante do Item Exchange International, o holandês Jan-Wilem Bult, veio em nome 10

Na pista

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Beth Carmona e Jan-Wilem Bult.

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(figuras) Foto: marcelo kahn

A rainha do merengue

ROSA MILEO

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ue ninguém peça para Rosa Mileo preparar qualquer tipo de comida, nem o mais básico arroz com feijão. Talvez um macarrão, mas olhe lá. Sua especialidade na cozinha — a única, para dizer a verdade — é merengue, doce preparado com suspiros, morango e chantilly. Não faço o suspiro, mas compro do melhor fornecedor. E pessoalmente escolho o morango e bato o chantilly. Meu merengue é imbatível. Apesar de sua falta de habilidade na cozinha, Rosa entende tudo de comida. Ela é a responsável pela compra dos ingredientes e pela pesquisa de novas receitas da empresa de catering que mantém com Maria, além de cuidar de toda a parte administrativa e do contato com os clientes. Assisto programas de culinária e só de olhar já sei se a comida está boa ou não. Hoje Rosa e Maria alimentam grande parte das equipes de 12

“assim como as filmagens, o trabalho de catering não tem hora para acontecer. e a responsabilidade é enorme.” filmagem de publicidade e cinema, não só em São Paulo. Rosa começou na área de alimentação há 30 anos, quando comprou o restaurante de um clube. Lá conheceu Maria, na época ajudante de cozinha, que se tornaria sua sócia. O negócio não deu certo e nós decidimos fazer salgados para fora. A gente já era atrevida e logo estávamos produzindo 1500 salgados por dia, para escolas, bares, restaurantes. No fim de semana fazíamos para festas. A combinação de comida e produção veio alguns anos depois, quando o cunhado de Rosa, Nill Pini, que era diretor comercial de uma produtora, sugeriu que ela fizesse lanches para um evento. Era o lançamento de um carro Fiat, no •

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início da década de 70, e a produtora organizou um evento para os revendedores. Fornecemos lanches e salgados três dias, mas a equipe não agüentava mais. Até que o Marinho, produtor, perguntou se não poderíamos fazer uma comidinha. Foi daí que começou. Trabalhar muito, a dupla sempre tinha trabalhado. Rosa tinha se separado e criava dois filhos fazendo os salgados. Ela ajudava a enrolar, fritar e cuidava das entregas e da administração, mas a “mão santa” da culinária era de Maria. A experiência faz com que hoje ela consiga calcular de cabeça qualquer pedido. Sei exatamente quantas fatias de presunto são necessárias para fazer determinada quantidade de sanduíches. E tenho fornecedores escolhidos a dedo, até o pão que usamos é feito especialmente. A sociedade começou há 30 anos, teve uma pausa de 12, mas as duas amigas voltaram a se reunir. E hoje a filha de Maria, Lucilene, faz parte da equipe, que tem seis pessoas fixas. Assim como as filmagens, o trabalho de catering não tem hora para acontecer. E a responsabilidade é enorme. Mas Rosa não descansa. Na cabeceira da cama, dois celulares ligados o tempo todo. Todo dia pela manhã, ela faz duas horas de ginástica: musculação, natação. Tenho uma vida regrada, que é o único jeito de segurar. Com quase 59 anos, a disposição é total. Não tem horário nem tempo ruim. Com isso, criou os dois meninos — um hoje é promotor de Justiça e outro tem uma indústria na Zona Franca de Manaus. Para quem passou a vida carregando panela, me considero uma vencedora. A essas alturas, estou realizada mesmo. E olha: nossa comida é muito boa.

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Fotos: divulgação

Olhar profissional O fotógrafo Raul Krebs assumiu o posto de diretor de cena da Casanova Filmes, em Porto Alegre. Com o objetivo de acrescentar um olhar diferenciado à criação das agências, Krebs passa a dirigir filmes após 12 anos trabalhando como fotógrafo, com trabalhos premiados na publicidade.

Troca de posto

Do surf à TV

Gabriel Priolli deixou a direção-geral da TV Puc de São Paulo. Em seu lugar, assume o professor Julio Wainer, do Departamento de Jornalismo. Priolli continua na presidência da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU) e da Televisão América Latina (Tal), canal cultural com programação compartilhada por 20 países, prevista para entrar no ar ainda este ano.

A produtora RadarTV Mixer, em seu braço carioca, recebe o diretor Fernando Valle, que chega para dirigir o programa “Revista Programe-se”, do canal Multishow em 2006. Valle já dirigiu videoclipes e curtas metragens, além de vídeos corporativos. Assina também o roteiro dos longas “Surf Adventures II” e “Surf Adventures Brasil”.

Credibilidade internacional

Novos mercados Ana Cláudia Köhler, que já produziu trabalhos para clientes como Pepsico, Bridgestone, GM, Ford, Fiat e Bosch, foi contratada pela Republika Filmes para comandar o novo departamento de vídeo institucional da produtora. Após quase dois anos no mercado de produção de filmes publicitários, a Republika passa a realizar vídeos para o mercado corporativo.

Endereço fixo

O júri do Festival de Nova York de 2006 teve a participação do sócio-diretor da OpenFilms, Sergio Mastrocola, na categoria Filme e Vídeo. Os ganhadores das medalhas de ouro, prata e bronze foram escolhidos por uma comissão, e os melhores entre os medalhistas de ouro receberam o Grand Awards, escolha da qual Mastrocola participou. A cerimônia aconteceu no dia 27 de janeiro, no teatro do Millenium Broadway Hotel, na Times Square.

Depois de uma temporada dirigindo em Portugal, o diretor Paulo Diehl volta ao Brasil com endereço fixo. Agora faz parte do staff da Cia de Cinema, onde produziu alguns filmes recentes. Diehl começou como diretor de arte, depois se tornou diretor de criação, atuando em várias agências brasileiras e européias, até que migrou para a direção de cena.

Sob nova direção A Sony Brasil tem um novo presidente. Yasushi Kamo, após três anos e meio na direção da Sony Panamá (subsidiária responsável pelas operações na América Central), assumiu a presidência da empresa no Brasil com o objetivo de consolidar a Sony no mercado de câmeras digitais e garantir o estabelecimento da linha de televisores de LCD Bravia. Kamo, nascido no Japão, trabalha desde 1983 para a Sony, passando por cargos no Japão, Espanha, Venezuela, Panamá e na Sony América Latina. Minoru Itaya, que ocupou o cargo durante quatro anos, passa a ser o presidente da Sony Ericsson para a América Latina, a partir de fevereiro.

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( capa)

Samuel Possebon

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Chegou a hora H? Governo está próximo de tomar uma decisão sobre a TV digital no Brasil, mas a maior parte dos (graves) problemas imediatos que precisariam de uma resposta sequer entrou em debate.

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m um dos episódios mais controvertidos desta reta final para a definição do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), Hélio Costa, ministro das Comunicações, declarou em audiência na Câmara dos Deputados no dia 31 de janeiro que estava colocando a bola na marca do pênalti para que o presidente Lula, ao fazer a escolha do padrão a ser adotado pelo Brasil, fizesse um gol de placa, um gol “devagar” (mas ainda assim um gol) ou chutasse para fora. O gol de placa, na analogia do ministro, era uma referência ao padrão japonês (ISDBT, o de sua preferência e também o da preferência de nove entre dez radiodifusores). O gol sem impacto seria o europeu (DVB-T) e o chute para fora, pela lógica, seria o padrão norteamericano (ATSC). A metáfora do pênalti remete a uma situação em que entre o objetivo e o passo a ser dado não há obstáculos significativos. É um chute livre, quase direto, onde apenas o goleiro se coloca entre a bola e o gol. Foi no mínimo uma manifestação de otimismo do ministro colocar a situação desta forma. Talvez fosse mais preciso dizer que definição do Sistema Brasileiro de TV Digital se assemelha a uma partida de rugby ou futebol americano. TELA VIVA vem conversando nas últimas semanas com dezenas de especialistas e personagens diretamente envolvidos na escolha do padrão brasileiro. São fontes de várias facções do governo, radiodifusores, pesquisadores, interessados diretos e indiretos. Com base no que foi apurado, fica pelo menos uma certeza: há bem mais do que um goleiro entre a bola e o gol. Isso 14

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para falar apenas nas questões que terão que ser definidas no primeiro momento, para que o SBTVD deixe de ser apenas uma discussão e se torne uma realidade. Não é por acaso que na sessão de Comissão Geral da Câmara dos Deputados (evento raro, onde a sociedade é chamada a se manifestar sobre um tema específico), realizada dia 8 de fevereiro, os 40 convidados se mostraram absolutamente divididos entre aqueles que defendem uma decisão rápida, imediata, e uma decisão futura, ponderada, que consolidasse mais discussões. A decisão sobre o SBTVD, anunciada para o dia 10 de março, terá necessariamente que vencer obstáculos de natureza empresarial, regulatória, política e tecnológica para ter um mínimo de solidez. O problema é se haverá tempo para isso, já que o ministro Hélio Costa e o próprio presidente Lula batem pé na data de 7 de setembro para o lançamento comercial. É um boa data política, mas que inviabiliza uma série de ajustes necessários. Desafios empresariais Do ponto de vista das próprias empresas de radiodifusão, o principal problema é o que acontecerá com o mercado no momento em que se autorizar a migração para a TV digital. De um lado, ter o padrão definido e a possibilidade de digitalizar é ótimo. Por outro, as condições em que isso acontecerá podem criar problemas. Para uma emissora de TV privada, seja qual for o porte, há algumas premissas que não devem ser alteradas: o bolo publicitário não pode diminuir e de preferência não deve se pulverizar nem se concentrar ainda mais em uma única emissora; os meios de distribuição têm que estar assegurados, seja no mercado de alta definição, seja no mercado de definição padrão ou no mercado móvel, ou seja, as emissoras precisam ter o controle das freqüências; não deve haver nenhum tipo de imposição de regras ou mudanças T e l a

no mercado que impliquem alteração no SD ou dois HD para cada emissora, modelo de funcionamento das emissoras. são incríveis. Na prática, sabe-se E, por fim, a decisão deve ser rápida, que isso não vai acontecer. A TV para que elas não fiquem para trás na Globo, por exemplo, ficou alguns concorrência com outras mídias digitais. anos pensando no que faria com os É por essa razão que o ministro Hélio canais de UHF que tem em algumas Costa fala, inclusive, em das grandes cidades adotar rapidamente uma brasileiras. Cogitou tecnologia já estabelecida, abrir uma “Globo 2”, o que significa dizer um com programação dos padrões internacionais mais segmentada, para com compressão MPEG-2 o público jovem ou para, depois, se pensar em para as classes mais incorporar o MPEG-4. populares. No final, Acontece que as próprias engavetou a idéia. emissoras já admitem que Considerou que a a TV digital no Brasil virá iniciativa dispersaria com uma compressão a audiência. A baseada no MPEG-4. OuveBandeirantes teve se isso no governo e isso um dos poucos Para o ministro Hélio foi dito textualmente por Costa, está tudo pronto casos bem sucedidos Roberto Franco, presidente entre as grandes para que o presidente da Sociedade Brasileira de nacionais ao faça “um gol de placa”, redes Engenharia de Televisão, e lançar o Canal 21 em mas a escolha do por Fernando Bittencourt, suas freqüências de padrão é só o começo, UHF. O canal, diretor de tecnologia da TV e há muitas outras Globo, durante a comissão contudo, só decolou geral realizada pela Câmara. questões a resolver. quando ganhou Com o MPEG-4, contudo, distribuição nacional amplia-se para oito o número de canais e perdeu o caráter “paulistano” do em definição padrão (SDTV) que poderão projeto original. ser transmitidos em uma única faixa de 6 O problema das afiliadas é ainda MHz, hoje utilizada pelas emissoras para mais complexo. Hoje, a maior parte a transmissão de um canal analógico. delas tem pouca autonomia para São oito canais SDTV ou dois em alta produção própria justamente para definição (HDTV), e mais uma sobra para preservar o trilho de programação transmissões móveis ou para terminais que traz a audiência esperada pelas de pequena definição (portáveis). geradoras nacionais. Na hipótese de Mas mesmo que o governo, para cumprir cada uma delas poder colocar vários o prazo de 7 de setembro, opte por seguir canais em SDTV ou HDTV, ninguém pelo bom e velho MPEG-2, ainda assim sabe dizer se os contratatos de seriam quatro canais de definição standard, afiliação não teriam que ser revistos. ou um de alta definição. E há o problema de quem pagará a O que acontecerá com as emissoras conta. Os próprios radio-difusores de televisão com tanto espaço? Alguma regionais, quando foram para a delas terá condição de colocar oito canais linha de frente contra o projeto da no ar (ou quatro, pelo MPEG-2)? Alguma deputada Jandira Feghali sobre conseguirá produzir dois canais em alta regionalização da TV (projeto este definição? E as afiliadas? Serão obrigadas que, diga-se de passagem, tramita há por contrato a transmitir prioritariamente mais de uma década no Congresso) o que vier da cabeça-de-rede, como é argumentaram que não teriam hoje? O espaço para programação própria, condições de cumprir cotas locais regional, será ampliado? muito grandes, dada a inviabilidade Na teoria, as possibilidades de abrir econômica para a produção mais canais, no limite chegando a oito audiovisual em muitos mercados. V i v a

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( capa ) Nada impede, também, que no Outro problema para as emissoras: mundo digital as emissoras regionais financiamento à migração. Hoje, poucas passem a buscar distribuição em são as TVs que têm condições de arcar com outras regiões, por exemplo. A RBS, os custos para a construção de uma rede que hoje é um dos grupos locais que digital. O CPqD estimou, por emissora, em se destaca pelo volume de produção R$ 300 milhões o custo de digitalização própria, poderia buscar espaço para uma rede com 70% de cobertura ocioso em cidades como São Paulo no Brasil. Os padrões internacionais até para transmitir sua programação. oferecem algum financiamento, mas No limite do absurdo, poderia ter a nenhum deles chega a ser suficiente para própria TV Globo como sua afiliada, atender a mais do que duas redes. Quem caso a emissora não consiga ocupar pagará esse custo? A cabeça-de-rede ou o seu espectro com dois canais HDTV a afiliada? Johnny Saad, presidente da ou oito em SDTV, ou alguma das TV Bandeirantes, costuma dizer que até combinações possíveis. hoje só viu o BNDES fazendo exigências e Um outro grande desafio mais exigências para financiar empresas mercadológico trazido imediatamente de comunicação, mas até agora, nada de pela TV digital virá dos canais que investimentos. Hélio Costa fala que há hoje estão ocupando o espectro conversas com o banco estatal, mas não se mas que não são, sabe se são conversas para exatamente, seguidores financiar as emissoras. do modelo baseado em Pelas contas do programação educativa, governo, a digitalização cultural, regional e custaria às emissoras de informativa como todo o país R$ 5,6 bilhões pede a Constituição e (só em infra-estrutura de a legislação do setor. transmissão, sem contar Além de um problema o custo de produção), dos regulatório (como quais R$ 1,2 bilhão para as veremos mais adiante) emissoras educativas, que esses radiodifusores representam 174 das 459 representam, para as geradoras. Quem financiaria grandes emissoras de a rede educativa? O televisão estabelecidas, governo ou o mercado “Todo mundo quer um grande potencial publicitário? Hoje, como pluralidade, mas ela de incerteza. O que se sabe, a maior parte acontecerá com das emissoras educativas não existe em a audiência se os sobrevive buscando nenhum lugar no vários canais de mundo na TV aberta” recursos na iniciativa pregação religiosa se privada, com maior ou Johnny Saad, da Band multiplicarem? O que menor grau de tolerância acontecerá se mais em relação ao tipo de e mais igrejas ocuparem o altar comercial exibido. Além do problema legal, eletromagnético? E os canais de isso representa mais concorrência para as tele-vendas? Serão multiplicados emissoras comerciais. Com quatro ou oito por oito (já que não há porque canais a mais para cada emissora educativa, acreditar que estes canais precisem o que acontecerá? Alguma delas terá de programação em alta definição)? condições de produzir em alta definição? A Que impacto isso terá nas receitas TV Cultura, por exemplo, que hoje já coloca publicitárias? Não por acaso, fontes boa parte de sua produção em canais altamente qualificadas do Ministério pagos, poderia oferecer o mesmo a toda das Comunicações mostraram a TELA a população. Bom para quem não tem TV VIVA uma grande preocupação sobre paga, mas isso não dispersaria ainda mais a como tratar esses casos na transição. audiência e a verba publicitária? 16

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Aparentemente, contudo, as emissoras de televisão brasileiras não estão exatamente preocupadas com esses desafios da era digital, que se abaterá sobre elas tão logo o governo dê o sinal verde para a digitalização. Ou pelo menos não manifestam em público estas preocupações, que muitas colocam de forma reservada. Todas elas têm se manifestados a favor de uma definição imediata do Sistema Brasileiro de TV Digital, sem maiores óbices à forma como isso acontecerá. No Congresso Nacional, foram 19 representantes do setor se manifestando com o mesmo discurso: a TV aberta brasileira quer continuar gratuita, levando programação de qualidade ao brasileiro, com mobilidade e alta definição. Falaram representantes das emissoras de Goiás, Tocantins, Santa Catarina, Bahia... Mercados que certamente não terão as mesmas condições do rico Sudeste para se desenvolverem no mundo digital. Mesmo assim, elas não colocaram problemas a uma decisão imediata do governo. Pelo contrário. Apenas Daniel Rodrigues, da Rede Brasil Amazônia, levantou o problema do financiamento a redes em regiões de pequena atratividade financeira e da produção regional. A regra não é clara A avalanche de questões que se colocará aos grupos de comunicação do ponto de vista empresarial também se coloca ao governo do ponto de vista regulamentar. Por exemplo: é razoável que se dê mais um canal de 6 MHz a uma emissora que hoje não cumpre a legislação? O espelhamento de espectro será automático e gratuito a todas as geradoras e retransmissoras? E mesmo que a emissora esteja dentro da lei, poderá ela ficar com espectro ocioso? Poderá ela transmitir multiprogramação com base nos instrumentos legais hoje existentes? Alguns ministérios têm trabalhado nessas questões. Nossa reportagem analisou documentos internos e discussões que não vieram a público

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( capa ) por uma opção do Ministério mas certamente a idéia era impedir que concessão de forma extemporânea, das Comunicações, mas que não o mesmo grupo transmitisse diversas como se sabe, tem que partir do deixam de ser críticas. A Lei Geral de programações de forma aberta. Não há Executivo, passar pelo Judiciário e Telecomunicações diz, textualmente, resposta sobre como arrumar isso agora, ainda ser ratificada por dois terços do que a administração do espectro mas sabe-se que precisa ser por lei ou por Congresso Nacional. deverá ser feita de forma racional e Medida Provisória. Não dá para resolver por Os problemas imediatos de econômica, egulada, decreto. Ou seja, a bomba natureza regulatória vão ainda considerando o cai no colo do Congresso além. O Decreto 4.901/2003, que não está claro interesse público, e de uma forma ou de outra. estabeleceu as diretrizes para o o que acontecerá Além disso, no próprio que a ocupação do Sistema Brasileiro de TV Digital, pede espectro poderá ser contrato de concessão que o trabalho promova a inclusão com as afiliadas modificada desde das geradoras de TV está digital, a educação à distância, a ou com a que o interesse estabelecido que elas não “transição do analógico para o público assim o terão digital” para as atuais concessionárias, obrigatoriedade determine. Essa direito de prioridade mas também o “ingresso de novas de transmissão função cabe à sobre o espectro. empresas, propiciando a expansão do pelo cabo Anatel. Faz sentido E no caso das setor”, o aperfeiçoamento do “uso do ao governo abrir emissoras de televisão espectro” entre outras determinações, para cada emissora mais 6 MHz se que hoje estão à margem das obrigações que até agora não foram justificadas não se sabe como e se esse espectro legais? São dezenas de canais que hoje se pelo governo. será utilizado? Seria, no mínimo, prestam apenas à programação religiosa, Da mesma forma, a Constituição gerir inadequadamente o espectro, sem conteúdo informativo, jornalístico ou Federal determina que os meios de na opinião de um estudo jurídico cultural. Há ainda um grande número de comunicação social não podem ser de um ministério a que TELA VIVA canais de tele-vendas e leilões transmitidos objeto de monopólio ou oligopólio teve acesso. A justificativa é que as de forma aberta que nada (Artigo 220). Se emissoras precisam desse espectro mais trazem do que ofertas apenas algumas para se ajustarem à competição na em tapetes, jóias, gado e emissoras tiverem era digital. É verdade. O que não artigos diversos, sem muito condições econômicas quer dizer que o espectro, por si só, interesse público. Há ainda o de migrarem para seja condição suficiente. Ninguém problema das retransmissoras, o digital, o Estado assiste às ondas eletromagnéticas. que pela canalização poderá ser acusado É necessário dar garantias de que prevista pela Anatel, seriam de não zelar pela haverá produção e programação contempladas com mais 6 pluralidade no ocupando aquele espaço. MHz em cidades com mais de novo ambiente. Além disso, a Lei Geral de 200 mil habitantes. Há casos, Com isso, fica Telecomunicações diz que como o da retransmissora de aberto o flanco para, a autorização para o uso de Santa Inês/MA na cidade de qualquer que seja a “As emissoras de radiofreqüência dependerá de São Paulo, controlada pelo decisão do governo, televisão têm que licitação. O Decreto-Lei 236/67 coloca grupo O Estado de S. Paulo, haver pressão do limites às concessões ou permissões que nem no ar está. Há apenas evoluir, precisam de Ministério Público tecnologia para para a execução do serviço de o “colorbar” com a Rádio Federal (que exigirá competir com as radiodifusão: no máximo 10 estações Eldorado tocando ao fundo. o cumprimento do empresas de de TV no Brasil, sendo no máximo E as emissoras educativas Decreto 4.901/2003) e cinco em VHF (ou seja, outras cinco que hoje vendem espaços do Tribunal de Contas telecomunicações” em UHF) e no máximo duas por comerciais? Receberiam mais José Inácio Pizani, da Abert da União, caso não estado. Cada canal transmitido em 6 MHz sem que houvesse uma se justifique que na SDTV não seria uma “estação” a mais? posição definitiva sobre a legalidade de distribuição dos canais de 6 MHz não Nesse caso, um grupo detentor de suas operações? se está abrindo mão de recursos ou duas geradoras passaria a ter até 16 Para piorar, resolver essas questões contrapartidas para a sociedade como “estações”? E um grupo no limite do para o mundo digital implica ter que um todo. Decreto-Lei 236, que tenha hoje cinco resolvê-las também no mundo analógico. Outro problema grave e que geradoras em VHF e cinco geradoras Ou seja, se quiser fazer uma transição requer definição imediata é a questão em UHF, passará a ter 80 “estações”? séria para a TV digital, o governo terá que da TV por assinatura. Hoje, as redes de O conceito de estação dos anos 60 encarar a dolorosa tarefa de cassar quem cabo são obrigadas por lei a levarem é de difícil aplicação na era digital, estiver irregular hoje. E a cassação de uma os sinais das geradoras em todas as 18

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cidades em que operam. Mais uma regra do mundo analógico. Essas operadoras terão que fazer o mesmo no caso de as geradoras transmitirem em alta definição ou transmitirem oito canais diferentes? Não há resposta, mas certamente haveria problemas de espaço, mesmo em redes de TV a cabo digitais. Esse é um ponto que o Ministério das Comunicações também trabalha para ser abordado no decreto de transição. Novo modelo A transição da TV analógica para a TV digital é um daqueles pontos de inflexão, em que um mercado dá um salto evolutivo tão significativo que novas possibilidades se abrem. Em geral, esses momentos de inflexão, causados por avanços tecnológicos ou pela realidade econômica, vêm acompanhados de uma mudança de modelo. No caso das telecomunicações, a redefinição se deu na década de 90. Antes da privatização, antes da introdução de novas bandas no celular, antes da entrada de teles concorrentes, houve uma reforma constitucional (em 1995), uma lei mínima (em 1996), uma lei geral (em 1997), um leilão público (em 1998), criou-se uma agência reguladora e inúmeros regulamentos foram publicados. “As emissoras de televisão têm que evoluir, precisam de tecnologia para competir com as empresas de telecomunicações” disse José Inácio Pizani, presidente da Abert, ao Congresso Nacional. “Estamos discutindo o futuro da TV aberta pelos próximos 50 anos, precisamos de um modelo flexível”, colocou José Amaral, da Rede Record, na mesma ocasião. “Participamos em todas as instâncias em busca de uma solução tecnológica que contemple melhor o nosso modelo de negócio. A TV precisa de flexibilidade para se manter competitiva frente às demais mídias”, disse Roberto Franco, do SBT e presidente da Set. Uma eventual mudança de modelo na radiodifusão, contudo, T e l a

infra-estrutura) seriam da ordem de R$ 3 bilhões. Se cada emissora for pelo seu caminho, os custos estimados são de R$ 5,6 bilhões. O problema é quem será o gestor dessa rede compartilhada. Teria que ser uma empresa operadora de rede independente, sem direito a gerar a sua própria programação. Teria que haver garantias de acesso a essa rede para qualquer interessado. As emissoras de TV deveriam ter vantagens econômicas em pagar pela distribuição em lugar de investir em redes próprias. Mas teriam que aprender a conviver com o fato de que a qualidade de distribuição não seria mais um diferencial competitivo entre elas. Com uma rede única, as atuais e futuras emissoras não correriam o risco de deixar o espectro ocioso, haveria espaço para novos agentes no mercado, a rede pública poderia ser fortalecida, com TV Câmara e Senado abertas para todos, por exemplo. Haveria, inclusive, uma rede compartilhada por todos para serviços móveis e portáveis, o que pouquíssimas emissoras terão condições de bancar caso cada uma tenha que fazer a própria infraestrutura. Só que esse modelo, defendido por grande parte das entidades da sociedade civil e também por alguns ministérios (Ministério da Cultura, por exemplo, e parcelas do Ministério da Fazenda e Casa Civil), implicaria uma mudança tão brutal para o modelo atual das emissoras de TV que, por mais racional que possa parecer, assusta. As emissoras temem não só o fato de ficarem na mão de um terceiro, como temem que a entrada de novos players pulverize a audiência e a verba publicitária. “Todo mundo quer pluralidade, mas ela não existe em nenhum lugar no mundo na TV aberta. Isso é uma coisa que só funciona na TV paga, na Internet, onde o modelo econômico é pago”, diz Johnny Saad. É mais ou menos o mesmo medo que as emissoras de televisão

hoje, há canais sem programação ou com programas em desacordo com a norma constitucional. o digital só agrava este problema é talvez o ponto mais obscuro do atual momento. Os radiodifusores não gostam da idéia, e argumentam que a TV aberta no Brasil é um sucesso em todos os sentidos, cumpre um papel social e que conquistou tudo isso sem capital estrangeiro. Tem, então, que ser preservada. Isso significa dizer que é necessário que se cumpram as tais premissas: gratuidade, não-dispersão da audiência e das verbas publicitárias, independência em relação aos meios de distribuição... Por outro lado, há vários setores do governo, e mesmo levantamentos feitos pelo próprio CPqD, que apontam para uma maior racionalidade econômica se o modelo fosse revisto no ambiente digital. A questão do operador de rede é central, ou seja, uma empresa (ou várias) que fique responsável pela infra-estrutura de TV e todos os investimentos inerentes. O CPqD simulou a possibilidade de que todas as emissoras compartilhassem a infra-estrutura de distribuição. Com isso, segundo as contas presentes nos relatórios, os custos totais de transição (na parte de V i v a

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( capa ) relação à mobilidade. Elas querem tanto o padrão japonês (ISDB) porque acreditam que, com ele, terão 100% de autonomia sobre o espectro utilizado para a distribuição móvel. Não querem ficar na mão de nenhuma tele, e querem dificultar a entrada das teles nessa seara (o que ficaria mais fácil se o Brasil optasse pelo DVB). A questão do operador de rede é importante e pode definir o modelo brasileiro, mas depende necessariamente de lei, ou mesmo de ajustes constitucionais. Uma alternativa seria implantar este modelo de forma compulsória. Ou seja, as emissoras de televisão que receberem os 6 MHz teriam que, em parte do espectro, e bancando os custos de infra-estrutura, levar canais de acesso público, canais de interesse da sociedade, como aliás foi feito pela Lei de TV a Cabo há mais de dez anos, e que viabilizou o surgimento da TV Câmara, TV Senado, TVs universitárias, inúmeros canais locais. Teriam também que dar acesso às suas redes móveis. Teriam, enfim, que seguir as mesmas regras que hoje se aplicam às redes de telecomunicações, e que hoje só não acontece no espectro analógico das TVs porque não há espaço ocioso. Outro problema imediato para o governo é justificar, caso escolha por um dos padrões internacionais, a exclusão das conquistas obtidas pelos pesquisadores brasileiros. Pode parecer estranho, mas com menos de um ano de pesquisa efetiva, e com “apenas” R$ 50 milhões investidos, algumas universidades conseguiram resultados surpreendentes. As pesquisas de middleware no Brasil são fortes candidatas a entrarem em qualquer um dos padrões internacionais que venha a ser escolhido. A compressão MPEG-4, que também será

incorporada, não é nenhuma conquista brasileira, ainda que haja pesquisas de entidades nacionais nesse campo. Mas as pesquisas com modulação e transmissão, sobretudo as desenvolvidas pelo Inatel e pela PUC/RS, dependeriam de mais tempo para serem adotadas, ainda que os resultados tenham sido surpreendentes e com ganhos substanciais do ponto de vista técnico e econômico (com grande economia de energia, por exemplo). O Estado gastou dinheiro com estas e outras pesquisas, e a pior coisa a fazer é esquecê-las na gaveta agora. “Não reinventamos a roda e provamos competência. Será justo que pressões econômicas por uma decisão imediata nos deixem de fora?”, disse Fernando Castro, da PUC/RS, na Comissão Geral da Câmara dos Deputados. Da mesma forma, ainda está longe de uma definição a questão da política industrial que acompanhará a digitalização da TV. A Eletros (que representa 100% dos fabricantes de televisão) pediu, de forma dura e direta, que o governo dê mais tempo para a discussão. “Não estamos sendo ouvidos e estamos insatisfeitos com a forma com que o debate está sendo conduzido”, disse Paulo Saab, presidente da entidade, aos

o debate amplo sobre a TV digital no Brasil vem sendo empurrado com a barriga, sendo tema de “quase decisões” sucessivas desde 2000 20

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parlamentares. Foi acusado pelo ministro Hélio Costa de estar a serviço da Philips, que tem interesses no padrão DVB. Foi um bate boca que só serviu para expor a divisão entre vários setores. Sempre a política... O fato é que das diferentes possibilidades e desafios tecnológicos e variantes econômicas que precisam ser decididas é que surgem os problemas políticos desse momento de decisão: como bancar mudanças tão radicais em um ano eleitoral? Haverá força política para bancar as mudanças? O CPqD, em seus relatórios entregues à Anatel em maio 2002 sobre a questão da TV digital, trazia o exemplo da Austrália para justificar a dificuldade de se tomar decisões tão críticas em um ano eleitoral. A constatação, naquela época, é de que apesar de propostas de modelo inovadoras, o momento político australiano acabou limitando as opções naquele país. Parece ser o mesmo problema que o Brasil tem hoje e tinha em 2002, quando o governo decidiu deixar a questão da TV digital para depois. O mesmo se aplica ao Congresso. É ele quem discute marcos legais, mudanças na Constituição. É ele quem poderia ter tomado a iniciativa de discutir todos estes problemas há quatro anos, quando a Anatel estava prestes a tomar uma decisão, mas optou por ficar fora do debate, só voltando à cena no começo de fevereiro. Promete discutir um pouco mais em março, depois do Carnaval. Mas depois disso começa a contagem regressiva para o recesso branco do segundo semestre. Enquanto isso, também é fato que a TV digital no Brasil vai sendo empurrada com a barriga, sendo tema de “quase decisões” sucessivas desde 2000, mas que sempre acabam arrefecendo em função das mesmas variáveis: medo político, controvérsias, falta de projeto do governo, de tudo um pouco... Até hoje, só não houve um debate civilizado com começo meio e fim.

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(natpe 2006)

Edianez Parente, de Las Vegas

e d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

Americanos querem know how das novelas Fox e Sony International Television já têm as suas e a CBS quer atração na grade; brasileiras Globo e Record focam na exportação.

Corredor da Natpe, feira de programação que aconteceu em janeiro em Las Vegas

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Natpe, feira da associação americana dos executivos de programação de televisão, que acontece anualmente nos Estados Unidos, voltou-se bastante para a América Latina nesta edição de 2006, que aconteceu em janeiro em Las Vegas. Mas, de uma forma bastante inédita, desta vez os olhares não foram somente para a tradicional demanda dos países da região para os conteúdos dos grandes estúdios de Hollywood. Agora, é a indústria do entretenimento do lado de cima que busca renovar suas atrações com um formato já consagrado do México para baixo: as telenovelas. Os americanos querem fazer novela com o know how dos latinos, mas ao gosto do seu público doméstico, com elenco americano e falada originalmente 22

em inglês. De quebra, querem assimilar a produção destes formatos e também exportá-los, pois no mundo inteiro há espaço nas grades das TVs para o gênero. Que o digam as emissoras brasileiras, que também aproveitaram o evento para vender suas próprias novelas. A Globo é há tempos, tal como ocorre no mercado interno, a maior do País também lá fora neste segmento, com ampla presença dos seus títulos na América Latina, Europa (especificamente em Portugal), Europa Oriental e, mais recentemente, também na Ásia. E a Record começa com bons resultados a exportar as suas produções. As redes abertas norte-americanas estão “desperate” e “lost” - uma alusão aos títulos de sucesso dos seriados de sucesso nas TVs daquele país (as séries “Desperate Housewives” e “Lost”). Há um certo esgotamento no mercado das “sitcoms” e tem-se ocupado muito espaço •

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com os reality e game shows. Ocorre que as emissoras da TV aberta sentem falta de conteúdos roteirizados para distrair suas audiências e o modelo de teledramaturgia das novelas da América Latina tem sido o alvo das principais delas. A 20th Television, produtora da Fox, por exemplo, lançou para o mercado doméstico dos EUA a sua versão para o inglês de uma novela latina, anunciando tratarse da primeira de uma leva de três produções, cada uma com mais de 60 capítulos. A primeira oferecida às redes foi “Desire”, que estréia em junho, e foi adquirida pelas próprias afiliadas, bem como por emissoras da Cox, Tribune e outros grupos, cobrindo perto de 70% do território norte-americano. CBS e Paramount também farão suas próprias telenovelas para o mercado americano e indicam que vão comprar textos latinos já testados em outros mercados. O que as redes dos EUA pretendem é mais ou menos o que o SBT faz com os textos da mexicana Televisa, uma das que tomaram a dianteira na exportação de roteiros. A emissora de Silvio Santos compra as histórias e faz a adaptação e produção localmente; outra rede aberta brasileira, a Rede TV!, entrou no pool de emissoras latino-americanas para produzir localmente o seriado “Desperate Housewives”, negociado pela Buena Vista International Television. A oferta fora feita anteriormente também para a Globo — cliente com quem a Buena Vista já tem acordos para seus conteúdos Disney - mas a emissora

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não aceita adaptar roteiros de terceiros. A Fremantle, produtora de formatos (dona, entre outras, de “Ídolos”, que estréia em breve no SBT), mostrou na Natpe o que fez com a colombiana “Betty, a Feia” - já exibida no Brasil pela Rede TV!, cujos direitos comprou da RCN. Uma nova versão de “Betty” foi para a TV alemã, virou “Verliebt in Berlin” (“Apaixonada em Berlim”), foi líder de audiência no horário nobre e faz a Fremantle buscar novos textos para ação semelhante. Um seminário sobre o assunto trazia o curioso título: “Novelas não são mais um segredo bem guardado da América Latina”. No painel, a Sony International Television mostrou a novela que emplacou na TV russa, uma adaptação sobre a história local da princesa Anastácia (“Poor Anastasia”), rodada em Los Angeles e que seguiu para Espanha e China, segundo Steve Kent, executivo da empresa. A CBS disse que também quer ter novelas - mas sua vicepresidente de programação do horário diurno, Bárbara Bloom, fez ressalvas, por não poder dispor de espaço diário livre fixo na grade: “Queremos ter 26 capítulos exibidos duas vezes por semana”. Segundo ela, o público norte-americano é diferente do resto do mundo. “A audiência aqui é muito mais sofisticada e tem uma grande variedade de opções”, afirmou. Nely Galán, dona de uma produtora que leva seu nome e que é especializada em programas feitos nos EUA para a audiência latina, observou que é muito procurada para produzir localmente roteiros latino-americanos, mas reclamou que o preço que os contratantes se dispõem a pagar não é tão sofisticado quanto dizem ser seu público. “É muito baixo, não paga sequer os custos”, disse ela, lembrando que se dispõem a arcar com algo entre US$ 50 mil e US$ 60 mil por capítulo. A produtora, que foi responsável T e l a

respeito à negociação de seus roteiros: na Globo, não se abre mão de um acompanhamento total da adaptação e produção. “Há roteiros e produções para todos os gostos e públicos”, afirmou Maria Lucia Henrnadez Frier, da colombiana RCN, dona de “Betty” e uma potencial exportadora de roteiros. Barbara Bloom, da CBS, contou que o que se procura em TV, sempre, é a “temporada que nunca termine”. Mike Murphy, presidente mundial da Fremantle Drama, ressaltou que a os Estados Unidos têm uma necessidade específica de roteiro de dramaturgia, que foge um pouco à fórmula clássica na América Latina. Ele contou, em conversa com Tela Viva, que a Globo é um grande produtor de qualidade, reconhecido mundialmente, e que a Fremantle busca roteiros para produção local, em diversos países, de acordo com o budget disponível de cada TV contratante. Steve Kent, da Sony, num determinado momento do painel, assinalou: “O mundo ideal de uma rede seria ter um produto diário de segunda a sexta em horário fixo que desse sempre grande audiência”. Talvez ele não saiba que esse mundo é real, e existe há pelo menos 30 anos para a TV Globo.

Um seminário sobre o assunto trazia o curioso título: “Novelas não são mais um segredo bem guardado da América Latina”. pelo formato e execução de “The Swan” na TV americana (no Brasil, exibido pelo Warner Channel), frisa sua preocupação com a qualidade. “Tenho medo que façam aqui novela de forma errada e os americanos digam que esse gênero não funciona nos EUA”. Sony e Fremantle afirmam que procuram produtos para desenvolvimento local. As produções de alto padrão da Globo sequer foram citadas no painel, uma vez que a emissora tem uma postura que difere das redes latinas no que diz

MTV Networks quer co-produzir no Brasil A MTV Networks Latin America (canais Nickelodeon, VH1, Logo, entre outros) quer inserir o Brasil no circuito de co-produções locais para exportação. De acordo com Pierluigi Gazollo, general manager da MTV Networks Latin America, a idéia é estender o projeto que a programadora acaba de anunciar no México também para outros países - e o Brasil não pode ficar de fora. Trata-se da atração “Skimo”, um seriado original voltado ao público teen para o canal Nickelodeon que será feito em conjunto com a Art Sound Miami, pertencente ao grupo mexicano Macias Group, e que vai ser rodado na Cidade do México. “Queremos a expertise de produção local para produzir séries de ficção e também formatos para exportação para os demais países em nível pan-regional”, explica Gazollo sobre a intenção de produzir no Brasil. Segundo ele, o parceiro pode ser uma produtora local e uma rede aberta. A idéia é que a atração seja exibida em primeira mão nos canais da programadora, e também tenha exibição na TV aberta. No País, a filial Viacom Networks Brasil tem como principal produção local o programa “Patrulha Nick”, viabilizado através do mecanismo do Artigo 39 da MP 2228-1.

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Globo e Record agradam

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anto a Globo quanto a Record tiveram visibilidade com sua produções de dramaturgia. A primeira, lotou uma sessão de apresentação para seus clientes; a segunda, montou estande na feira onde não havia quase intervalos entre as reuniões com compradores. No evento, da Globo, um café da manhã, os tradicionais clientes da América Latina dos produtos de teledramaturgia da emissora foram conferir a apresentação dos títulos “América”, “Cabocla” e “Sabor de la Passión”. Os compradores em geral já têm contratos fechados por vários anos (em geral três) e a cada evento destes escolhe os produtos que vai querer transmitir. De acordo com Helena Bernardi , diretora de marketing e vendas da Globo Internacional, “America” é o carro-chefe desta nova leva das novelas da Globo que vão para o mercado externo — e todas segundo ela têm sido bem recebidas pelos clientes. Na questão da procura por parte das emissoras estrangeiras de parceiros na produção de roteiros originais da Globo, a executiva diz que há conversas, sim, e que são colocadas em discussão várias hipóteses, como formatos

“Tudo é conversado; certamente não vamos fazer o mesmo pacote para todos, há formatos diferentes para a co-produção” Helena Bernardi, da Globo

diferentes de produção, e modelos que incluem também as locações nas próprias instalações da emissora. “Tudo é conversado; certamente não vamos fazer o mesmo pacote para todos, há formatos diferentes para a co-produção. Mas em todos os casos, não abrimos mão do nosso padrão de qualidade”, afirma.

A Record estréia bem no segmento de exportação de telenovelas. O diretor de vendas internacionais, Delmar Andrade, lembra que a TV ingressou há pouco neste segmento de exportação, mas que já desperta muito interesse pelas suas produções. A atual novela da rede, “Prova de Amor” - em espanhol “Prueba de Amor” - já é tratada no mercado como produto top de linha, dado seu sucesso de audiência no Brasil. Ambientada no Rio de Janeiro, a novela é aposta certa da Record para seus clientes que já compraram as histórias de época “Escrava Isaura” e “Essas Mulheres”. A emissora já produz sua próxima atração, “Cidadão Brasileiro, em São Paulo, ao mesmo tempo em que amplia sua capacidade de produção de teledramaturgia. A Record comprou terrenos anexos ao seu atual complexo carioca - onde roda a novela “Prova de Amor”, onde poderá agora construir até mesmo uma cidade cenográfica. Além de vender novelas no exterior, a Record fez um acordo interessante com a TV paga — coisa que nem a Globo faz com o seu braço de canais por assinatura, a Globosat. Vai colocar suas novelas na TV paga, via Canal Fox. “Essas Mulheres” e “Escrava Isaura” devem ser incluídas na grade do novo canal da Fox na TV por assinatura, o

A Rede Globo ocupou uma suíte no hotel da Natpe (à esq.); à direita os estandes da Record e...

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“Estamos há pouco tempo neste mercado internacional e já há muito interesse por nossas produções” Delmar Andrade, da Record

feminino Fox Life — este canal exibe atualmente “Meu Pé de Laranja Lima”, que foi da Band. Cultura e Traffic A TV Cultura se apresentou no estande em Las Vegas como uma emissora pública brasileira e como a TV mais premiada do País. Seu espaço foi dividido com a Traffic Media & Entertainment, empresa que negocia internacionalmente o conteúdo infantil da TV Cultura. A emissora da Fundação Padre Anchieta levou toda a sua produção infantil, que inclui as novas atrações viabilizadas a partir do canal pago TV Rá-Tim-Bum, bem como toda uma série de produtos licenciados. Assim, colocou numa uma vitrine os brinquedos, produtos de consumo variados baseados nos programas da família “RáTimBum”, “Cocoricó” — seu campeão de vendas e também de todo o mercado brasileiro de DVDs de séries de TV — no mercado geral de DVD, só perdeu no mercado brasileiro para o

lançamento “Os Incríveis”. A possibilidade de geração de produtos agregados na programação infantil se constitui num atrativo a mais para quem adquire este tipo de programação - no Mipcom, em outubro passado em Cannes, na França, havia uma demanda por conteúdos com esses produtos derivados. Já a Traffic, bem conhecida no mercado internacional como vendedora de conteúdo esportivo brasileiro e latino-americano, ficou surpresa ao ser procurada por empresas de telefonia celular e de conteúdo banda larga na Natpe para oferta de futebol - o interesse veio de empresas dos EUA, Canadá e

Dinamarca. Segundo Jean Marc Schwartzenberg, diretor de negócios internacionais da Traffic, a procura pelo conteúdo de futebol foi uma surpresa, por não se tratar do foco da Natpe. A Traffic, através de sua produtora, a TV7, pode fornecer “pílulas” com highlights do futebol brasileiro sobre as competições das quais tenha os direitos para o exterior (Copa Libertadores da América, por exemplo). Outro produto que a Traffic vendeu foi seu pacote do Carnaval de Salvador (parceria com a Rede Bandeirantes) para emissoras da França e Equador. Aliás, a Band, mesmo sem ter estande na feira, colocou seus produtos no mercado. Quem esteve na Natpe com esta função foi o novo diretor de negócios internacionais da emissora, Roberto Lestinge. Ele levou o especial sobre Chico Buarque, com nove episódios, além de uma série de programetes sobre ecologia e natureza, que podem ser editados em versões de um, 30 ou 60 minutos. Todo o material está em inglês. Segundo Lestinge, a Band deve investir na formatação de produtos para o mercado externo, sobretudo musicais, pois a emissora têm um grande acervo do tema, com gravações de artistas como Tim Maia e Maria Bethania.

...da TV Cultura na feira de programação

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( evento)

André Mermelstein, de Washington

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Na vida real RealScreen mostra que a alta definição está com tudo na produção de documentários, e que os conteúdos móveis ainda não são viáveis para os independentes.

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Foto: arquivo

s documentários produzidos em alta definição (HD) estão em alta, e têm mais chance de conseguir distribuição mundial. Este foi um dos recados dado por distribuidores e canais de TV no sexto RealScreen Summit, que aconteceu em Washington DC na primeira semana de fevereiro. Já os conteúdos para celular, uma das grandes promessas em debate hoje, ainda não se mostraram uma alternativa viável de negócio para produtores independentes. Segundo Gary Lico, diretor da distribuidora internacional de documentários para a TV por assinatura CableReady, as redes oscilam em relação à demanda por HDTV, com épocas de maior requisição e outras em que os produtos não são tão procurados. Mas no geral ele avalia que nos canais apropriados, como National Geographic ou History Channel, a procura sempre é grande. Este dado é confirmado por Geoff Daniels, VP sênior de produção regional do National Geographic Channel, para quem uma produção feita em HD sai na frente na preferência do canal na disputa com outros títulos. Allison Winstel, diretora sênior de programação do primetime da PBS, conta que criou um canal HD 24 horas, e que a idéia original era replicar os programas do canal tradicional. Mas a demanda foi tão boa que a rede pública norte-americana agora compra programação exclusiva para HDTV. Já no caso dos conteúdos móveis, podem ser um bom negócio para os canais, que têm aí uma oportunidade de fortalecer sua marca e oferecer novos produtos a seu público. Mas ainda não representam uma

Parte da delegação brasileira no RealScreen Summit 2006. Produtores tiveram encontros com representantes dos principais canais estrangeiros.

alternativa de negócios para os produtores independentes, devido ao baixo valor pago pelo conteúdo. Lico conta que teve notícia de um produtor que recebeu ofertas de cerca de US$ 1 mil por hora de material, o que não remunera a produção. “Só serve para algum conteúdo que o produtor já iria jogar no lixo”, ironizou. Banda larga Uma alternativa de distribuição para programas de TV é a Internet, especialmente quando começam a tomar fôlego nos EUA e na Europa os serviços de IPTV, ou seja, TV sobre redes de dados. Um estudo apresentado pela empresa norte-americana de conteúdos online Scripps aponta que cerca de 94 milhões de pessoas assistiram a algum conteúdo de vídeo via broadband nos EUA em 2005. Entre abril e junho do ano passado, época do levantamento, estas pessoas assistiam em média a 73 minutos de vídeo na web •

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por mês. É pouco se comparado ao número de horas que as pessoas passam em frente à TV, mas o diretor-executivo da Scripps, Steve Lewis, explica que na web as pessoas não ficam zapeando, mas sim procuram conteúdos muito específicos e vão direto ao que as interessa. “Quanto mais focado, maior a satisfação do usuário”, disse. Ele conta que no site do canal Food Network, por exemplo, a palavra mais buscada é “chicken”, com um milhão de pesquisas ao mês. E que um especial de Thanksgiving, com dicas de preparo de peru, teve 6 milhões de espectadores. Brasil O público do RealScreen é formado principalmente por produtores, sobretudo dos EUA e Canadá, mas também, em menor número, da

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Alemanha, Japão e outros países. Seis produtoras brasileiras estiveram presentes ao evento, como parte do projeto de exportação de programação da ABPI-TV (Assoc. Bras. de Produtores Independentes de TV): Grifa Mixer, Canal Azul, Dharma, Telenews, Prodigo e Giros. A Brazilian TV Producers, marca internacional do projeto, foi uma das patrocinadoras do evento. Para os produtores, o evento foi uma boa oportunidade para aumentar a rede de contatos e juntar mais informação sobre o funcionamento dos mercados internacionais. Além da participação nos seminários, os brasileiros ainda tiveram encontros exclusivos com executivos da PBS (rede pública norte-americana), da Discovery Networks e da US Independents (entidade que congrega produtoras independentes dos EUA) Allison Winstel, diretora sênior de programação do primetime da PBS, deu dicas de como os produtores podem se aproximar da rede, e fez uma defesa do modelo de produção independente. “As melhores idéias de temas e formatos de programas nascem nas produtoras independentes, e não dentro da emissora”, disse. Segundo ela, a encomenda de programas não funciona bem. O melhor modelo, para a PBS, é aquele no qual diversos produtores apresentam novas idéias,

novas ações

A ABPI-TV (Associação Brasileira de Produtores Independentes de TV) fechou durante o RealScreen sua participação como expositora no Sunny Side of the Doc, importante mercado internacional de documentários que acontece na França em junho. Além disso, o Brasil foi convidado a participar de um encontro de produtoras e emissoras de TV que acontece em janeiro em Boston, nos EUA. Este encontro, que acontece todos os anos, tradicionalmente contava apenas com empresas dos EUA, França e Canadá. Finalmente, a associação acertou para dezembro de 2007 a realização de um encontro, na Bahia, entre TVs e produtores independentes de todo o mundo.

algumas das quais o canal seleciona e compra ou ajuda a produzir. Como dica aos produtores que querem vender idéias para a rede, ela recomenda conhecer a programação através do website e entender o estilo dos programas. Também diz que é melhor a produtora tentar o acesso através de uma emissora afiliada local, ao invés de começar pela rede nacional. O encontro com a Discovery seguiu o mesmo caminho. Durante toda uma manhã, a diretora de produção e desenvolvimento da Discovery Latin America, Michela Giorelli, explicou às produtoras o perfil de cada canal do grupo, o tipo de produção que eles adquirem ou financiam e como fazer para apresentar projetos. Os canais por assinatura ainda são o grande filão para produtores

independentes, principalmente de documentários. E as oportunidades vêm se expandindo. Os canais A&E e History Channel, por exemplo, devem buscar produções nacionais a partir de 2006, segundo o vice-presidente de programação e produção dos canais, Michael E. Katz. A razão, segundo o executivo, é o aumento na base de distribuição dos canais no país (que estão na Net e na Sky). O canal árabe Al Jazeera também está em busca de produções independentes para seu novo canal internacional, que estréia em meados de junho. Executivos de programação do canal procuram material em todo o mundo, inclusive na América Latina. O novo Al Jazeera International terá quatro emissoras operando simultaneamente, de Washington, Londres, Kuala Lumpur e Doha, no Qatar, onde fica a sede original da TV. Cada emissora transmitirá aproximadamente cinco horas de programação por dia para toda a rede. Além disso, a rede terá cerca de 30 sucursais de notícias em todo o globo. Como o novo canal não será só de notícias, mas também terá shows e documentários, a emissora está em busca de programação independente. A princípio, a Al Jazeera comprará documentários curtos, de 8’ a 22’, para encaixar em uma de suas oito faixas de programação, uma das quais terá como tema a mulher.


( produção)

Daniele Frederico

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Saídas para o interior IMAGENS: Divulgação

Produtoras têm de encontrar alternativas para contornar os preços baixos da produção publicitária no interior do País.

Ilha de edição e estúdio da Ruan Filmagens, em Campina Grande, na Paraíba: produtora tem dificuldade em conseguir retorno do investimento.

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nquanto as produtoras do eixo Rio-São Paulo já pensam em como colocar a publicidade nos dispositivos móveis, criando até mesmo divisões especiais para atender os clientes, nas cidades do interior a realidade é bem diferente. De Norte a Sul do País, as produtoras localizadas fora das capitais lutam para conseguir produzir com qualidade, a preços excessivamente baixos. E não são poucas as empresas que dividem essa realidade: de 212 produtoras de obras publicitárias cadastradas na Ancine, 94 estão localizadas no interior. De um modo geral, o custo das produções realizadas para clientes regionais varia entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. Diante de orçamentos de, em média, US$ 80 mil praticados em São Paulo, capital, os produtores do interior têm de utilizar toda a sua criatividade para contornar os baixos preços e tentar mudar a mentalidade dos anunciantes locais. Lojas de móveis, supermercados, concessionárias de automóveis, imobiliárias, entre outros, são alguns dos clientes que procuram agências e 30

produtoras para promover as suas marcas e anunciar os seus produtos. Embora as produtoras afirmem ter condições para produções maiores e mais sofisticadas, o mercado, normalmente baseado em comércio e prestação de serviços, nem sempre encontra anunciantes dispostos a investir em publicidade. Carlos Eduardo Sampaio, da Linea Filme e Vídeo, de Santa Maria, Rio Grande do Sul, aponta um fator agravante da falta de grandes anunciantes no interior. “Alguns clientes orientam as agências de publicidade a enviar as produções para a capital. Com isso, buscam firmar um ‘status’ de diferenciação com os seus concorrentes”. Além disso, os clientes têm colocado os seus esforços na veiculação em detrimento da produção. “Os agenciadores costumam se preocupar mais com a verba publicitária do que com a verba de produção, já que a veiculação vai render a eles uma porcentagem bem maior”, comentou Rui Urtiga, da Ruan Filmagens, localizada em Campina Grande, na Paraíba. Heber Lobato Jr. da Televisual, de Petrópolis, Rio de Janeiro, completa, dizendo que com o custo de veiculação alto, os anunciantes acabam investindo em produções baratas e de pouca qualidade, •

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que acabam por não ter o impacto desejado. “O anunciante faz um investimento total alto, mas acaba com uma produção ruim, que não traz tanto retorno. Com isso, ele se torna um anunciante esporádico”. Essa concorrência com produções baratas e de baixa qualidade é um dos itens mais apontados pelos produtores como causa dos preços enxutos praticados no interior. Pequenas produtoras passaram a utilizar equipamentos digitais, sem a necessidade de uma equipe especializada e até mesmo sem fazer qualquer tipo de filmagem, produzindo vídeos com fotos, ilustrações e imagens de arquivo. “Não podemos competir com essas produtoras, porque investimos em equipamentos de alta qualidade, mesmo que analógicos. Elas trabalham com digital, e o cliente que não tem conhecimento de produção escolhe automaticamente trabalhar com digital”, diz Marcelo Brito Filho, da Míra Produtora, localizada em Uberaba, Minas Gerais. Produtores no interior do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Amazonas e Minas Gerais, entre outros,

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“Aqui temos de fazer um filme por dia. Um filme de dois dias é prejuízo para a produtora” Rui Urtiga, da Ruan Filmagens

também reclamam da concorrência direta com as emissoras de TV regionais, que, segundo os produtores, realizam comerciais a preços muito baixos, enquanto apostam mais na verba de veiculação. “A emissora foca seu trabalho na mídia e não na produção, passando por cima de produtoras e agências”, disse Brito, da Míra Produtora. Cláudia Quaresma, diretora da Central Globo de Afiliadas e Licenciamento, afirma, no entanto, que no caso das afiliadas Globo, a produção comercial para anunciantes locais é feita por produtoras associadas à emissora, e não pela TV, e que não é feita com o objetivo de concorrer com as produtoras. “Quem ainda procura as afiliadas para produções comerciais são, principalmente, pequenos anunciantes que estão começando a trabalhar com a mídia TV. A produção comercial para os clientes locais, quando ainda acontece, funciona como uma prestação de serviços. Nosso objetivo é que os anunciantes cresçam e passem a produzir com uma produtora um dia”. Alternativas Para contornar a falta de verba para a produção, as produtoras contam

com um elemento essencial: a criatividade. “Não medimos esforços em nossos trabalhos. Estendemos diárias, deixamos de lado o desgaste do equipamento, enfim, não colocamos as coisas na ponta do lápis para conseguir realizar um bom trabalho”, garantiu Gardini, da Digimagem. O problema da falta de mão-de-obra técnica especializada, por exemplo, é resolvida com investimento em formação dos profissionais. Treinamentos em outras cidades, contratação de estagiários nas universidades locais e acúmulo de funções foram algumas das maneiras encontradas para montar o quadro de funcionários das produtoras. “Treinar os profissionais aqui

foi uma das maneiras que encontrei para expandir a produtora e reduzir os custos. Você consegue ter profissionais sem vícios, mais baratos e que seguem a linha da produtora”, diz Sebástian Amorim, da Live! Produtora, de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. Ricardo da Costa Pinto, da PR4 Marketing, de Rondonópolis, Mato Grosso, exemplifica como é possível trabalhar com poucos profissionais, ainda que estes tenham de acumular funções. “O cinegrafista é também o iluminador, a produtora faz papel de maquiadora e assim um profissional acaba exercendo mais de uma função. Procuramos ter um quadro de profissionais com formação, especializado, mas que faça de tudo”. Com os equipamentos não é diferente. Os investimentos nessa área são altos e as produtoras têm dificuldade em obter o retorno desse dinheiro. “Comprei uma câmera por R$ 27 mil. Em São Paulo, vi um comercial de varejo ser feito por R$ 32 mil. Aqui, eu uso o mesmo equipamento para um de R$ 250. É possível imaginar quem vai ter o retorno desse dinheiro com mais facilidade”, diz Urtiga, de Campina Grande (PB), que diz ser

“No interior há produtoras capazes de fazer trabalhos com qualidade e a preços interessantes” Fernando Mira, da Playtec Multimídia

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( produção) “É necessário diálogo entre emissoras e produtoras para ocupar o mercado regional ”

diversas produções de conteúdo, principalmente com a captação de imagens da natureza. Mas com a melhoria na área de vídeos institucionais e a redução da equipe, tiveram de priorizar aquilo que era mais rentável para a produtora. “Conteúdo desse tipo é um trabalho de dedicação. Hoje temos um acervo enorme de vídeos de natureza, mas a atualização do repertório exige dedicação de ponto de vista histórico quanto ecológico. tempo, mão-de-obra e recursos que Não é fácil, porém, viabilizar tais produções. não podemos dispor no momento”, diz. Na maioria dos casos, elas acontecem com Ainda buscando crescimento e recursos próprios, usando racionalmente diversificação, as produtoras que o tempo da equipe e do equipamento, realizam trabalhos em âmbito local e com a parceria de profissionais que têm procurado expandir os seus trabalham conosco”. Brito, de Uberaba, negócios para as capitais. “Assim também acredita na TV paga para alavancar como nós, outras produtoras estão a produção independente, uma vez que buscando atender clientes com maior a produção neste caso é segmentada. potencial de investimento. Existem “Alguns programas de TV por assinatura só no interior produtoras capazes de podem ser feitos em determinadas regiões, apresentar trabalhos com qualidade e característica importante para a produção com preços interessantes, diferentes do interior. Além disso, é possível produzir dos praticados no eixo Rio-São lucro diretamente com o cliente”. Paulo e nas grandes capitais”, diz Apesar do filão presente Fernando Mira, da nas TVs pagas, Lobato PlaytecMultimídia, defende uma cooperação de Araraquara, São com a TV aberta para Paulo. Amorim, da Live! o desenvolvimento da Produtora, lembra que produção audiovisual no os clientes de fora da interior. “A regionalização cidade estão dispostos precisa sair do discurso a pagar mais, e que o para a prática. É necessário preço é o maior atrativo diálogo entre emissoras para a produção no e produtoras e trabalho interior. “O trabalho que criativo mútuo, para ocupar fazemos em Santa Cruz o mercado regional e fazer do Sul tem qualidade crescer as verbas”, defende. Já “Não podemos e custa cerca de 30% Ricardo da Costa Pinto notou competir com mais barato do que na a demanda por produções pequenas produtoras. capital, Porto Alegre”. publicitárias a partir de 2004, Investimos em O grande problema, e não acredita que a produção equipamentos de alta no entanto, parece de conteúdo seja o negócio ser a dificuldade em qualidade” que mais cresce no momento. estabelecer uma Marcelo Brito Filho, da “As emissoras não têm espaço comunicação com os Míra Produtora na grade para a produção clientes das capitais. “É independente”, conta. preciso quebrar a casca Com o mercado de produções do ovo. Essa aproximação depende das corporativas mostrando-se mais atrativo, produtoras e dos anunciantes, pois se algumas produtoras passaram a priorizar estes procurassem produtoras fora do esse tipo de trabalho. Célio Gardini, eixo, encontrariam coisas interessantes da Digimagem, localizada em Matão, e mais em conta”, diz Ricardo da Costa São Paulo, conta que a produtora fez Pinto, da PR4 Marketing.

Heber Lobato Jr. e Marcelo Filgueiras, da Televisual

necessário fazer pelo menos um filme por dia, para compensar os baixos orçamentos e não sair no prejuízo. Assim, as produtoras são obrigadas a encontrar formas criativas de utilização de seus recursos. “Nosso maquinista desenvolveu o nosso próprio travelling, que acabou saindo mais barato”, diz Brito Filho, de Uberaba. O casting, apontado como um dos itens mais onerosos do orçamento de um comercial nos grandes centros, também segue uma linha diferente no interior. Ainda que alguns produtores considerem o elenco caro, no interior são encontradas alternativas como a busca por atores nas companhias de teatro locais e atores aspirantes da capital. Diversificação Ao contrário das produtoras da capital que podem se especializar em produção de comerciais, no interior a realidade é diferente. Embora algumas produtoras trabalhem majoritariamente com publicidade, a maioria investe também em vídeos institucionais, documentários, animação, pós-produção, etc, que garantem a manutenção de sua estrutura fixa, já que o mercado publicitário tem uma oscilação muito grande. “Em 2004 tivemos um bom faturamento por causa das campanhas políticas que participamos. Foi com esse dinheiro que investimos em equipamentos”, disse Ricardo da Costa Pinto, da PR4 Marketing. As produções locais independentes encontram diferentes cenários em todo o País. Em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, Lobato afirma que há demanda por documentários, especialmente para a exibição na TV por assinatura. “A demanda é grande em função de esta ser uma região privilegiada, tanto do 32

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Edianez Parente

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FOtoS: divulgação

A Dança das Estrelas

E o “BBB 6”?

O formato de “Dancing with the Stars” (no original, “Strictly Come Dancing”), ou “Dançando com as Estrelas”, que o SBT comprou da BBC Worldwide, é um sucesso mundial. O programa estreou mês passado sua segunda temporada na rede norteamericana ABC, e desde então atinge boas audiências nas noites de quinta-feira. Basicamente, trata-se de um concurso de dança, no qual celebridades fazem parcerias com dançarinos profissionais e são submetidos a um júri rigoroso e votação do público. No ano passado, por exemplo, participaram o lutador Evander Holyfield (!!) e a atriz Rachel Hunter. Neste ano, estão no programa a atriz Tia Carriere e o ator George Hamilton, além do jogador da NFL Jerry Rice. No SBT, não se tem notícia sobre quando o show começa a ser produzido — há outros reality shows já negociados por Silvio Santos na fila de espera, como a “Super-Babá” (“Supernanny”), já em produção; e ainda o “Mudança Radical” (“Extreme Makeover”), comprado da Buena Vista.

A Globo ainda não divulgou as médias de audiência do Big Brother Brasil 6 até aqui — tanto na Internet quanto no pay-perview o programa tem ido muito bem. Os patrocínios foram todos negociados e não param as ações de merchandising. No portal Globo.com, o chat com um dos participantes, Saulo, reuniu ao mesmo tempo 120 mil internautas — um recorde. A Sky informa que já vendeu 20% mais pacotes de PPV do que em 2005. A Net serviços não informou a quantas as vendas do produto estão. As ressalvas sobre a edição deste ano do reality show dizem respeito, em especial, sobre a escolha dos participantes, que não têm o carisma necessário para a atração.

Epitáfios, acima e Filhos do Carnaval, ao lado: nova minissérie nacional estréia em março no Brasil

“Cristal” na moda

A nova novela nacional do SBT, “Cristal”, abordará o tema moda. Gilda Bandeira de Mello (ao lado, um croqui seu), figurinista responsável pelas novelas da emissora, prepara a toque de caixa o figurino da produção. Sua equipe freqüentou feiras e desfiles para trabalhar as roupas que vestirão o elenco. Parte das peças será confeccionada no próprio SBT, e outras virão dos colaboradores do mercado de alta costura. Os atores Bianca Castanho e Rodrigo Veronese formarão o casal de protagonistas.

Futebol na Record Walter Zagari, superintendente comercial da Rede Record, conta que o futebol é, sim, um excelente negócio para a emissora — mesmo com jogos compartilhados com a Globo aos domingos. A Record também tem futebol às quartas-feiras. Em 2006, além do Campeonato Paulista, a emissora terá também o Brasileirão de futebol (começa em abril), a Sul-Americana e a Copa do Brasil. Mesmo sem ter a Copa do Mundo, a Record atraiu para o seu pacote anual anunciantes de peso: Casas Bahia, Ambev, Unibanco, Petrobrás e Ford.

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HBO leva “Epitáfios” aos EUA “Epitáfios”, a produção original da HBO feita na Argentina, ganhou espaço na grade do canal HBO nos Estados Unidos. A minissérie de 13 episódios, um thriller feito pela produtora Polka, deve ganhar uma segunda temporada, dada a boa repercussão que teve. Apesar das críticas favoráveis, a HBO ainda não confirma uma segunda temporada do brasileiro “Mandrake”. A programadora centra suas forças na nova minissérie brasileira, “Filhos do Carnaval”, assinada pela O2 Filmes, que chega ao canal logo mais, dia 5 de março, na faixa nobre das 22h.

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Encontro de Titãs

E “Avassaladoras”?

E não é que a tão esperada minissérie nacional da Fox, Record e Total Filmes parou nos 6 pontos de audiência na TV aberta? O índice foi considerado baixo, dado o investimento na produção — o custo de cada capítulo ronda os R$ 200 mil. O que todas as partes garantem é que o produto melhora a partir dos quatro episódios inicias. Os maiores problemas estão centrados em aspectos técnicos da produção (iluminação, enquadramento, continuidade). Roteiro e elenco estão OK. São mais de 20 episódios e dá tempo de recuperar o prejuízo.

? Você sabia que:

A pauta do encontro em Brasília era a discussão do padrão da TV digital. Mas a ocasião foi a oportunidade encontrada para Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta, pedir a Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, para dar uma atenção especial à questão do canal infantil pago da TV Cultura, o RáTimBum, e a sua não-entrada, até agora, nas operações Net e Sky. Vale lembrar, é a Net Brasil, empresa da Globo, quem negocia a entrada dos canais nacionais nestes sistemas de TV por assinatura.

nO canal TNT terá um reality show nacional? A atração deve sair ainda neste primeiro semestre e envolverá publicitários numa competição que, segundo os executivos do canal, resultará numa boa causa. oAlém de Silvio Santos, outros poderosos da TV brasileira passaram por Las Vegas durante a Natpe 2006? Gugu Liberato e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, também estiveram por lá. O primeiro foi com Homero Sales, diretor de sua produtora, em busca de novas atrações para o “Domingo Legal”. nA cobertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 na Record já atraiu dois cotistas de publicidade? São os anunciantes Bombril e Casas Bahia.

Turner considera Ibope de 6 praças

A programadora Turner no Brasil (canais TNT, Cartoon, Boomerang, CNN International, TCM e CNN em Español) fez em janeiro e fevereiro um “road show” pelas principais agências de publicidade do País. Na sua apresentação, a Turner coloca ao mercado de publicidade que sua liderança (com os canais TNT e Cartoon, entre o público adulto e jovens/crianças, respectivamente) é ratificada em todas as praças onde há medição eletrônica do Ibope da TV paga. “Há programadoras que só utilizam os dados referentes a São Paulo e Rio de Janeiro, onde sua performance melhora um pouco”, afirma Rafael Davini, vicepresidente de marketing e ad sales da Turner. “Continuamos líderes se também utilizamos apenas estes mercados, mas como a veiculação da TV paga é nacional, preferimos levar aos anunciantes os dados mais completos”, explica Davini.

oA Traffic selecionou, dentre o acervo do célebre programa “Ensaio”, de Fernando Faro para a TV Cultura, os 26 artistas de maior apelo ao mercado musical internacional? Há interesse no mercado externo nesta linha da MPB.

Novo “Lost” no AXN

nBob Espoja é personagem de sucesso abosluto na Nickelodeon? Tanto que o canal dedica, no próximo dia 20 de fevereiro, oito horas ao simpático e filosófico ser esponjoso que vive submerso num local chamado a Fenda do Biquíni.

A TV Globo termina de passar “Lost” dia 5 de março; imediatamente após, no dia 6 de março, o canal pago AXN estréia a segunda temporada do seriado. A Globo esperava o resultado dessa sua primeira temporada para renovar o contrato para a segunda leva dos episódios. Em tempo: as séries “Lost” e “Desperate Housewives” são os maiores sucessos de vendas do braço de distribuição internacional de TV da Disney no mundo. “Desperate...” foi para mais de 150 países. Já “Lost” é a propriedade até hoje de maior distribuição no mundo: foi para 183 territórios diferentes.

Debates na Band A TV Bandeirantes mantém em 2006 sua tradição em anos eleitorais. Promoverá debates entre os candidatos aos cargos executivos nos estados e também para a Presidência da República. De acordo com o vice-presidente da emissora, Marcelo Parada, a organização dos debates está a cargo do departamento de Jornalismo, sob o comando de Fernando Mitre. T e l a

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(audiência - TV paga)

Globonews fica em 3º em dezembro fotoS: divulgação

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m dezembro de 2005, entre o público assinante de TV paga com 18 anos ou mais, os canais mais assitidos ao longo do dia foram, nesta ordem: TNT, Multishow e Globonews. O levantamento do Ibope Mídia considera o total de indivíduos de 18 anos ou mais com TV por assinatura nas seguintes praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal (totalizando 4,2 milhões de indivíduos). No período, os canais de TV por assinatura aferidos apresentaram um alcance diário médio de 48,5%, ou 2 milhões de pessoas/dia e um tempo médio diário de audiência de quase 2 horas. Já para o público de 4 a 17 anos com TV por assinatura nas mesmas praças, os canais Cartoon Network, Nickelodeon e Multishow foram os que apresentaram o melhor alcance diário médio durante dezembro. Nas mesmas praças citadas acima, os canais da TV paga atingiram 898 mil indivíduos, obtendo um alcance diário médio de 55,5%, ou 499 mil pessoas/dia, e um tempo médio diário de audiência de 2 horas e 39 minutos.

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André Trigueiro, âncora da Globonews.

alcance e tempo médio diário

Total de canais pagos TNT Multishow Globo News Warner Channel Universal Channel SporTV Cartoon Network Fox AXN Sony Discovery National Geographic Telecine Premium GNT SporTV2 People + Arts Nickelodeon ESPN Telecine Action Discovery Kids

De 4 a 17 anos*

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 48,5 2082,2 1:59:10 13,3 569,8 0:28:42 11,4 487,9 0:18:08 10,1 434,6 0:36:03 9,4 401,1 0:32:15 9,3 397,6 0:28:09 9,0 387,7 0:33:58 8,7 371,4 0:34:01 8,2 349,9 0:20:38 8,1 348,4 0:19:45 8,0 342,4 0:22:52 8,0 341,7 0:25:24 7,3 313,3 0:24:10 7,1 302,7 0:25:37 6,9 296,1 0:15:24 6,5 279,1 0:15:44 5,8 250,2 0:20:48 5,8 247,9 0:23:33 5,1 216,7 0:17:37 4,9 211,2 0:18:56 4,8 207,8 0:44:19

Total de canais pagos Cartoon Network Nickelodeon Multishow TNT Disney Channel Discovery Kids Jetix Boomerang Fox Discovery SporTV Warner Channel Universal Channel Telecine Premium AXN Sony SporTV2 National Geographic People + Arts ESPN

*Universo 4.289.900 indivíduos

*Universo 898.800 indivíduos

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(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 55,5 499,2 2:39:13 27,9 250,8 1:03:53 22,3 200,6 0:46:59 13,8 124,0 0:32:24 12,1 109,0 0:28:18 11,6 104,5 1:14:16 11,0 98,5 1:00:55 10,4 93,4 0:56:54 7,6 68,4 1:01:35 7,4 66,1 0:23:56 7,3 65,8 0:20:30 7,2 65,0 0:26:51 7,0 63,1 0:32:42 6,7 60,2 0:24:24 6,1 55,0 0:29:22 6,1 54,6 0:11:59 5,9 53,1 0:13:25 5,5 49,5 0:11:24 5,3 47,7 0:21:38 5,3 47,5 0:18:52 4,9 44,4 0:14:35

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Fonte: Ibope Telereport - tabela minuto a minuto - dezembro/2005

Acima de 18 anos*


TNT lidera alcance no ano

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alcanceetempomédiodiário (Anual - 2005) Acima de 18 anos*

Filmes que a TNT exibiu ao longo de 2005: “A Herança de Mr. Deeds” acima; ao lado “A Identidade Bourne” e “O Retorno da Múmia” abaixo.

(Das 6h às 5h59)

Total de canais pagos TNT Multishow Globo News SporTV Discovery Warner Channel AXN Universal Channel Sony Cartoon Network Fox GNT National Geographic Telecine Premium SporTV2 Nickelodeon People + Arts ESPN ESPN Brasil HBO

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 51,0 2190,3 2:04:08 14,9 641,4 0:30:29 12,6 540,8 0:19:33 11,3 486,2 0:41:39 10,6 454,5 0:39:59 9,8 420,9 0:24:45 9,8 419,1 0:27:55 9,0 387,3 0:21:33 9,0 387,2 0:27:26 8,6 368,3 0:22:59 8,4 359,9 0:36:11 8,3 356,5 0:20:14 7,9 340,2 0:17:04 7,6 327,0 0:19:41 7,5 320,2 0:26:17 7,0 302,3 0:18:03 6,1 262,5 0:27:47 6,0 258,9 0:18:54 5,8 250,3 0:17:09 5,4 232,1 0:26:15 5,1 217,8 0:32:33

*Universo 4.298.300 indivíduos

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urante o ano de 2005, entre o público com TV por assinatura com 18 anos ou mais, os canais TNT, Multishow e Globo News foram, nesta ordem, os que apresentaram o melhor alcance diário médio, dentre os canais aferidos pelo Ibope Mídia. O levantamento considera o total de indivíduos nas seguintes praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal, totalizando 4,2 milhões de indivíduos. Ao longo de 2005, os canais de TV por assinatura apresentaram um alcance diário médio de 51,0% ou 2,1 milhões de pessoas/dia; e um tempo médio diário de audiência de 2 horas e 5 minutos. Já entre o público infanto-juvenil, entre 4 e 17 anos, com TV por assinatura, os canais Cartoon Network, Nickelodeon e Multishow foram os que apresentaram o melhor allcance diário médio no ano. Nas mesmas praças citadas anteriormente, estes canais tiveram um alcance diário médio de 56,5%, ou 503 mil pessoas/dia, e um tempo médio diário de audiência de 2 horas e 20 minutos. T e l a

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Total de canais pagos Cartoon Network Nickelodeon Multishow TNT Discovery Kids Jetix Discovery Warner Channel Disney Channel SporTV Fox Boomerang Telecine Premium Sony Universal Channel AXN SporTV2 National Geographic ESPN People + Arts *Universo 890.400 indivíduos

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(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 56,5 503,0 2:20:45 28,0 249,6 1:04:58 23,9 212,6 0:52:22 12,6 111,7 0:27:49 12,0 107,1 0:28:35 11,1 98,8 0:59:45 10,8 96,5 0:58:28 7,1 63,4 0:22:57 6,8 60,4 0:23:15 6,8 60,3 0:58:33 6,6 58,7 0:28:54 6,5 57,4 0:23:59 6,1 54,3 0:35:28 5,5 48,8 0:27:21 5,4 48,2 0:19:20 5,4 47,8 0:18:35 5,3 47,0 0:14:54 4,4 39,4 0:15:40 4,4 38,8 0:17:18 4,2 37,7 0:14:55 4,2 37,1 0:16:22

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Fonte: Fonte:IBOPE Telereport — Tabela Minuto a Minuto - 2005

De 4 a 17 anos*


( making of )

Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

Música e móbile

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fotos: divulgação

m grande móbile, de 7 por 4 metros, serviu como cenário para o novo videoclipe do cantor Chico César. Inspirada nos móbiles do artista plástico norteamericano Alexander Calder e nas luminárias do designer Ingo Maurer, a direção de arte reuniu cerca de 300 documentos para compor a instalação através da qual a câmera transita. “É um móbile de memórias, uma luminária de cartas de amor, ou seja, uma união das idéias desses dois artistas”, explica o diretor Sergio Glasberg. A partir de doze estruturas metálicas, os responsáveis pelo cenário prenderam fios de náilon que suportavam pregadores com as cartas e documentos. A câmera se movimenta lentamente no meio dos papéis, revelando o cantor e o Quinteto de Cordas da Paraíba, que o acompanha. “A câmera transita como se estivesse suspensa, sempre em enquadramentos aéreos, que mostram a parte superior do quadro. Fizemos alguns planos longos, sempre com carrinho”, continua o diretor. “Usamos cartas reais, do próprio Chico e de pessoas da equipe, colagens e desenhos, imprimimos cartas em japonês e árabe da Internet, envelopes de correspondências reais. Não conseguiríamos produzir isso com a mesma riqueza.” Para testar o efeito, antes de ser construído o móbile real, um protótipo foi feito na casa do diretor. A idéia foi apresentada ao cantor, que gostou tanto que também usou o móbile no cenário de seu show. A fotografia foi pensada como se fosse a de um espetáculo. “Usamos um filme de 16mm e acertamos o diafragma no primeiro take, depois

Cenário inspirado em Alexander Calder acabou incorporado ao show de Chico César.

o mantivemos até o final. Aproveitamos as sombras criadas pelos próprios documentos suspensos e a luz foi a mesma durante todas as cenas. Só para fazer alguns detalhes das cordas dos instrumentos é que mexemos na iluminação”, diz Sergio. Uma exigência do artista acabou se tornando parte integrante do cenário. Chico César fez questão de que os músicos tocassem com suas partituras. Os suportes foram incorporados ao cenário e, diante de tantos papéis, não destoaram dos demais elementos. “O resultado foi uma mistura

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de festa de São João com música de câmara, literatura de cordel e os móbiles”, resume. fichatécnica Gravadora Artista Música Produtora Direção Fotografia Direção de arte Cenotécnica Montagem

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Biscoito Fino Chico César De uns tempos pra cá Black Maria Sergio Glasberg Raul Pedreira Mika Lins e Cássio Brasil Domingos Varella Sergio Glasberg


Onde está o produto?

Quase um videoclipe, filme para a linha Albany tem na trilha o ponto de partida

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ara valorizar as diferenças entre as pessoas, a equipe da DM9DDB criou cinco filmes, com destaque para o jingle, composto pelo próprio presidente da agência, Sérgio Valente. A partir de uma mesma letra, foram criados cinco arranjos diferentes, que são interpretados por nomes da música brasileira como Simone, Daniela Mercury, Chiclete com Banana, Marina Lima e Ed Motta. São filmes institucionais, que procuram associar a marca ao conceito “diferentemente lindo” sem exibir os produtos de beleza, especialmente sabonetes. “São filmes muito abertos, cujas imagens foram captadas em três diárias — uma no Centro de São Paulo, outra em uma fazenda no interior do Estado e outra numa casa de praia”, explica o diretor

Paulo Diehl. “Filmamos cerca de 40 cenas em diversas locações nesses ambientes, com planos e enquadramentos diferentes, e a partir disso compusemos cada filme e montamos de acordo com o ritmo de cada trilha.” Inicialmente, a trilha foi composta e gravada em versões teste, sem os cantores oficiais. Foi a partir disso que a montagem foi feita. As imagens foram captadas em Super 16 e Super 8 e trabalhadas no telecine. “Passamos alguns planos para preto e branco, para quebrar um pouco o padrão na montagem, mas tentamos encontrar uma cor no telecine. Hoje a fotografia da publicidade oscila entre dois extremos: ou é aquela luz flat, de novela, ou uma imagem mais suja. Quisemos que a imagem tivesse vida, mas com identidade”, diz o diretor. A montagem em planos curtos nem sempre dá idéia do trabalho na filmagem,

O conteúdo audiovisual encontrou uma nova tela. Nao subestime o seu tamanho.

que exigiu a montagem de toda uma cena de casamento, por exemplo, com convidados e festa. “No final optamos por planos mais fechados, já que a idéia do filme é mostrar pessoas diferentes.” fichatécnica Agência Cliente Produto Dir. de criação Criação Produtora Direção Fotografia Dir. de arte Montagem Trilha

DM9 DDB Friboi Albany Sérgio Valente, Miguel Bemfica e Mariana Sá Sérgio Valente e Mariana Sá Cia. de Cinema Paulo Diehl Adrian Teijido Flavio Sadalla Jair Peres Friends

9 e 10 de Maio de 2006 (11) 3214-3747 info@convergeeventos.com.br www.convergeeventos.com.br


( cinema)

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

Trabalho de Hércules Foto: arquivo

Nova diretoria do Congresso Brasileiro de Cinema tem como principal desafio reagrupar todos os setores do audiovisual, após a crise da Ancinav.

Para Paulo Boccato, presidente do cbc, existe um discurso viável para o cinema, “mas é mal articulado”.

E

m cinco dias de debates e discussões em torno do mercado e da política audiovisual, o VI Congresso Brasileiro de Cinema reuniu 55 entidades representativas de diferentes setores do audiovisual brasileiro em Recife. No evento, que aconteceu entre os dias 7 e 11 de dezembro de 2005, foi eleita a nova diretoria do CBC e aprovada uma lista de resoluções da entidade. O evento em Recife foi marcado por uma forte presença das associações que representam a produção cinematográfica, contando ainda com a ABPI-TV (dos produtores independentes para televisão), FNDC (Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações), Ministério da Cultura e Ancine. Chamou a atenção a ausência das grandes distribuidoras internacionais, das maiores distribuidoras independentes e dos exibidores, que atualmente reúnem40

se em outra associação, o FAC. Apesar de não ser um dos pontos das resoluções do evento, o novo presidente do CBC, o produtor paulista Paulo Boccato, diz que pretende buscar uma re-aproximação do CBC com alguns setores do audiovisual. “Houve uma crise política forte, onde todo

Um dos projetos do CBC é a criação de um observatório do audiovisual, para levantar dados do setor o mundo errou, o que dividiu o setor”, explica. Para Boccato, a divisão não é desejável para nenhum dos setores. O novo presidente do CBC acredita que o chamado grande cinema industrial não se junta aos independentes porque não vê ali um discurso viável. “O discurso viável existe, mas é mal articulado”, explica, pregando que o CBC pode trabalhar de forma integrada com setores que estão fora da associação, pelo menos •

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nas questões onde haja uma visão comum. “Mas não é nosso papel levantar bandeiras”, deixando claro que isto não não significa que o Conregsso deve deixar de lado sua participação política. Afinal, “o CBC representa sim o cinema brasileiro, sempre articulando junto aos fóruns internacionais, na Câmara dos Deputados etc.”, completa. A meta principal da atual gestão do CBC é discutir novos conceitos para o setor. “As demandas do setor nós já conhecemos. Temos de analizar os potenciais e potencializá-los ainda mais”, explica. O novo presidente da associação explica que os editais, nos últimos anos, se focaram na “desconcentração”. “Essa descentralização trouxe novos talentos para o setor, mas aumentou a demanda por financiamento”, explica. Em relação às Leis de Incentivo, segundo Boccato, alguns produtores se adaptaram bem, mas outros continuam com uma mentalidade “da época da Embrafilme”. Segundo o novo presidente, esse modelo já está chegando ao seu limite. “É como se o cinema brasileiro tivesse pai pobre. Quem tem pai pobre, em uma fase da vida, aprende que terá de trilhar um caminho mais difícil para poder crescer”, brinca. Quanto a este caminho, Boccato dá uma dica: “a política audiovisual sempre foi ditada a partir de demandas de diretores, o que acabou causando distorções no mercado. Temos que buscar um caminho mais viável, buscar mais mercado”. Por novos caminhos, entenda-se, principalmente, novas mídias, TV digital e um circuito de distribuição

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fortalecido. Quanto às novas mídias, os cineastas não têm um entendimento nem mais nem menos claro que dos outros setores audiovisuais. “Mas não podemos virar as costas a estes novos meios”, diz Boccato. Já para a TV digital, o CBC defende um modelo que vislumbre novos players. Em relação à distribuição, Boccato diz que “a legislação é contra o distribuidor brasileiro” e defende a criação de um fundo público destinado à produção, de fomento automático, com contrapartidas de dinheiro bom e participação nos riscos. Seria uma forma de não deixar a produção tão dependente do Artigo 3º da Lei do Audiovisual (restrito praticamente às distribuidoras internacionais) e dar mais espaço de atuação às distribuidoras independentes no que se refere ao1 filme brasileiro. “Novos meios de distribuição podem abrir espaço para que pequenas distribuidoras possam trabalhar com custos mais baixos”, explica. O melhor exemplo disso é a defesa da criação de incentivos à exibição digital, permitindo mudanças no modelo de cobrança ou divisão de receitas, e ainda a existência de distribuidoras atuando mais como programadoras. Para ele, esse incentivo deve ser voltado a todo o circuíto exibidor, independente de seu perfil. “Exigir contrapartida de exibição de filmes

Confira a nova diretoria do CBC n Presidente - Paulo Boccato (SP); n Vice-presidente - Luiz Carlos Lacerda (RJ); n Secretário - Emanoel Freitas (PA); n Tesoureira - Édina Fujii (SP); n Diretores - Geraldo Moraes (DF), Rosemberg Cariry (CE) e Solange Lima (BA); n Conselho fiscal - Chico Faganello (SC), Cícero Aragon (RS) e Sandra Bertini (PE); n Conselho consultivo - Arnaldo Galvão (SP), Assunção Hernandez (SP), Carlos Brandão (RJ), Evandro Lemos da Cunha (MG), Ícaro Martins (SP), Jorge Moreno (MG), Marco Altberg (RJ), Paulo Rufino (SP), Pedro Pablo Lazzarini (SP) e Sílvio Da-Rin (RJ).

brasileiros não é o caminho. O exibidor nem sabe se terá filmes brasileiros para distribuir”, explica. Outro projeto importante do CBC é a criação de um Observatório Brasileiro do Audiovisual.”Não existem dados para subsidiar uma plano de mercado e de negócios”, justifica Paulo Boccato. Para isso, em um primeiro momento, basta unificar levantamentos já existentes, porém dispersos, como da ABPI-TV, do Fórum dos Festivais etc. Além disso, “existem estudos específicos que podem ser levantados pela sociedade civil”, explica. Resoluções Entre os destaques das resoluções do VI Congresso Brasileiro de Cinema, alguns pontos chamam a atenção. Em relação à produção independente, difusão e formação de público está, por exemplo, a exigência da aplicação da Lei do Curta, de

1975, que dispõe sobre a exibição de filmes brasileiros de curta-metragem nas salas de cinema. Além disso, estão várias propostas ao Ministério da Cultura, como a criação de mecanismos que possibilitem a remuneração dos produtores de curtas e a revitalização do setor de distribuição e difusão do CTAV. Destacam-se ainda alguns pontos mais polêmicos, como o estabelecimento de contrapartidas que impliquem na exibição da produção brasileira independente em níveis superiores aos estabelecidos pela legislação para as salas de cinema que recebam incentivos fiscais; o tratamento preferencial ao filme brasileiro independente pelos exibidores nas salas de cinema, no que se refere à divulgação, promoção, exibição de trailers e definição de datas de lançamentos. Em relação à pesquisa, preservação e crítica, as resoluções propõem a criação de um Fundo de Preservação do Patrimônio Audiovisual Brasileiro e que as TVs privadas desenvolvam uma política de preservação de seus acervos audiovisuais e abram um canal de acesso aos pesquisadores a seus acervos audiovisuais. Quanto à infra-estrutura tecnológica, as resoluções abordam um ponto que vem sendo debatido há anos por todos os setores do audiovisual: a pesada taxação sobre a importação de equipamentos. O CBC propõem, entre outros

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( cinema) defender a implementação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Infra-estrutura e Audiovisual (Prodav), facultando às empresas de infra-estrutura o acesso aos recursos dos Funcines; a desoneração dos tributos da cadeia produtiva audiovisual; a criação de linhas de crédito especiais para infra-estrutura audiovisual; e a criação e implementação das “Film Commissions” de modo a fortalecer e facilitar a cadeia produtiva da indústria audiovisual. Sobre o fomento, destacamse nas resoluções pontos como o cancelamento da medida que está impedindo a utilização cumulativa e independente da totalidade dos percentuais das Leis 8.313/91 e 8.685/93 (Leis Rouanet e do Audiovisual); propor à Ancine a criação de uma estrutura de informação e apoio aos produtores em busca de recursos no exterior; propor à Secretaria do Audiovisual a criação de um programa para televisão de ficção (FICTV), nos moldes do DOCTV; encorajar associações entre co-produtores de dois ou mais estados da federação. Como não poderia deixar de ser, a maior polêmica se refere às resoluções sobre televisão, audiovisual, convergência tecnológica e mercado. Mais especificamente em relação à TV, estão pontos que entram em conflito com interesses de radiodifusores, como defender a garantia de obrigatoriedade de espaços na grade das emissoras para obras brasileiras independentes; a

Novos meios de distribuição podem abrir espaço para que pequenas distribuidoras possam trabalhar com custos mais baixos criação de um sistema de bonificação para que as emissoras exibam publicidade para promoção de lançamentos dos filmes brasileiros; atuar no Congresso Nacional para a discussão da Lei Geral de Comunicação Social Eletrônica de Massa. Outro ponto pode parecer mais palatável aos rediodifusores: propor à Secom, ao Ministério da Cultura e à Ancine a criação de um programa de campanhas para a promoção institucional do audiovisual independente brasileiro. Exibição Em relação à exibição e distribuição em salas de cinema também constam temas polêmicos, como sugestões que

DIRETRIZES DO VI CBC Para formular as resoluções, o VI Congresso Brasileiro de Cinema pautou-se pelos objetivos de: a) analisar as perspectivas do setor em função da recente Convenção da Unesco (sobre a diversidade cultural), da convergência tecnológica e do atual quadro político do país e do continente; b) reunir as informações atualmente existentes sobre a atividade, de forma a sistematizar uma base de dados tão completa quanto possível sobre a cadeia produtiva e a economia do cinema e do audiovisual no país; c) sistematizar os dados e analisar características e perspectivas das experiências e alternativas de produção que, nos últimos anos, vêm formando novos espectadores e restabelecendo o contato de nossas produções com o público.

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aperfeiçoem o mecanismo para a “dobra” e para que os órgãos competentes regulamentem a manutenção em cartaz do filme brasileiro de acordo com a renda de bilheteria atingida na exibição. Outro ponto polêmico proposto nas resoluções é que a Ancine realize um estudo para a tributação das empresas estrangeiras relativas ao volume de títulos importados e que aprimore os mecanismos de controle e auditoria dos volumes de venda em todas as janelas de exibição. Ainda, o documento propõe aos exibidores a inserção de um comercial institucional do cinema brasileiro antes de cada exibição de filme estrangeiro. Por outro lado, alguns pontos podem encontrar aliados entre exibidores e alguns distribuidores, como a implementação de programas, investimentos públicos diretos e linhas de crédito para os setores de distribuição e exibição digital e a eliminação do efeito cascata dos impostos cobrados do faturamento do exibidor, da renda do distribuidor e novamente da renda do produtor. Ainda, promover a criação de estímulos para que mais empresas privadas participem da comercialização/dis­tribui­ ção/exibição de filmes brasileiros de produção independente; e recomendar aos governos e às estatais que flexibilizem o formato de finalização dos filmes, possibilitando ao produtor optar pela entrega da cópia em 35 mm ou em HD.

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(tecnologia)

Aprovação ASAP Mixer e seu principal cliente da área de varejo, Casas Bahia, interligam-se por fibra óptica.

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isso acontecia algumas horas depois de o material estar pronto. Agora o conteúdo vai da ilha de edição diretamente para o cliente e, 15 minutos depois, recebemos os eventuais pedidos de correção”, diz Fabio Ribeiro. Para agilizar ainda mais o processo, só falta mesmo um link direto com as principais emissoras. “Com o volume de material entregue diariamente, não seria um exagero”, diz Ribeiro.

expandido para todas as ilhas da unidade em breve. As ilhas sempre trabalharam em quatro turnos na produtora, sendo que um deles era exclusivamente para manutenção das estações e ingestão de material para ser editado nos próximos turnos. “Com o “O filme vai direto da ilha para o cliente. Aprovamos uso de servidores acaba o quarto em 15 minutos” turno”, explica João Fábio Ribeiro, da Mixer Rede interna Rodrigues, da Vídeo Internamente, a Mixer Engenharia. também começou a instalar uma rede para Com o uso de servidores (que unificar suas ilhas de edição através do totalizam 6 TB), as estações abrigam em sistema Xsan, da Apple. Todo o material seus discos rígidos apenas o sistema bruto produzido pelas seis bandeiras da operacional e o software de edição, produtora está agora, ao mesmo tempo, trabalhando sempre com material disponível em três das 14 ilhas de edição diretamente do servidor. A rede usada da empresa em São Paulo. O novo sistema, é Fibre Channel. instalado pela Vídeo Engenharia, deve ser Fernando Lauterjung Foto: arquivo

a produção para publicidade os prazos são cada vez mais apertados. Quando se fala em varejo, são ainda mais curtos. Quando o cliente é o maior anunciante da televisão brasileira, a rede de lojas Casas Bahia, a situação fica ainda mais complicada. Buscando agilizar o possesso de aprovação, a Mixer instalou um link dedicado em fibra ótica que permite que o cliente tenha acesso ao filme rapidamente, dispensando o envio de fitas através de motoboys para a central das Casas Bahia, em São Caetano, na região metropolitana de São Paulo. Fabio Ribeiro, diretor de operações da Mixer, lembra que o investimento é justificável pelo volume de trabalhos entregues ao cliente: mais da metade dos 50 a 60 filmes entregues por dia pela produtora são comerciais das Casas Bahia. A conexão traz agilidade, permitindo inclusive que o cliente acompanhe a edição dos comerciais. “É uma vantagem operacional. No varejo o que conta é a agilidade”, explica. O estúdio usado para fazer as gravações para as Casas Bahia fica em São Caetano, “mais próximo da agência”. De lá, o material bruto segue para edição e finalização na sede da produtora, no bairro de Vila Olímpia, em São Paulo, enviado pelo link de 8 Mbps novamente para São Caetano, para aprovação dos diretores das Casas Bahia. Sempre que um filme está pronto, basta a Mixer dar o sinal ‑que o cliente fica apto a receber as imagens para aprovação com qualidade broadcast. Normalmente, a partir da entrega do script, a produtora tem apenas 24 horas para entregar o material finalizado. “Sem o link, quando o cliente pedia para alterar uma vinheta,

Sistema de rede interna

1 O servidor Raid armazena todos os novos projetos. 2 Um controlador dedicado de metadados faz a mediação de todo o tráfego da rede. 3 As estações de edição podem ser usadas para controlar os metadados. 4 Estação de ingestão de material, também pode controlar os metadados. 5 O switch Fibre Channel permite que o acesso ao conteúdo seja em alta velocidade. 6 Um controlador de metadados opcional pode ser deixado em standby, dando maior confiabilidade ao sistema.

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(case)

Circuito fechado Estreando no mercado de TVs corporativas, produtora paulista encontra novo nicho a ser explorado e desafios tecnológicos.

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até 45 minutos”, diz Arnold Eugenio Correia. O programa é gravado no estúdio montado em Franca, contando com matérias rodadas nas próprias lojas da rede. Novos programas estão sendo produzidos para aumentar a grade do canal, inclusive um para Programa da Subway para o Magazine Luiza: treinamento de vendas infra-estrutura foi montada em apenas 60 dias. dirigido aos eletrodomésticos da linha branca. equipamentos para transmissão em banda O executivo da Subway explica C. A produtora montou ainda uma “rede conta que 12 pessoas foram de instaladores”, usando instaladores deslocadas para Franca, onde locais. “Essas pessoas já têm o know-how. ficam dedicadas à produção do Além disso, não tivemos o custo de enviar programa, juntamente com oito o instalador para cada localidade”, explica funcionários contratados na cidade. Correia. Até um roteirista ficou dedicado A transmissão é feita em MPEG-2, sendo exclusivamente ao programa, tendo a banda contratada de 4,5 Mbps. A Subway feito um treinamento de vendas tem um transponder fixo, o que permitirá na empresa, já que foco do canal é expandir o serviço quando necessário. motivacional. O satélite contratado é o Amazonas, da Segundo Correia, o primeiro Hispamar. Segundo Sérgio Chavez, diretor programa, que foi ao ar em dezembro, comercial da Hispamar, a oferta de banda obteve 92% de aprovação entre o seu para ensino à distância e TVs corporativas público, os funcionários das lojas. é resultado da busca pela diversificação A idéia agora é ter um segundo nos segmentos de atuação da empresa. canal, que seria transmitido em “Atualmente, cerca de 5% da capacidade do looping nos caixas e nos corredores satélite Amazonas é ocupada por empresas das lojas. Contará, por exemplo, com dessa área e o investimento da Subway sorteios ao vivo de consórcio. “Este comprova que a estratégia foi correta”, segundo canal poderá inclusive ter comemora o executivo. uma receita, vendendo mídia para os Toda a transmissão é encriptada, fornecedores”, explica. usando encoder, modulador e sistema de A princípio, parece que a acesso condicional fornecidos pela Tecsys. empreitada da produtora deu certo. Para este mês de fevereiro estava Produção previsto o início das operações de um A TV corporativa da Magazine Luiza segundo canal corporativo na rede de começou com um programa semanal, hiper-supermercado Wal-Mart. A TV, uma espécie de telejornal para atualizar distribuída para 300 pontos, terá no os funcionários sobre as atividades da mínimo um programa por dia, além rede varejista. “O programa deveria ter 30 de ser usado para reuniões virtuais, minutos de duração, mas tem ficado com pronunciamentos, workshops etc. (FL) foto: Divulgação

om um investimento inicial de cerca de R$ 2 milhões, a produtora Subway entrou no mercado de TVs corporativas em grande estilo. A produtora está produzindo e transmitindo para 380 pontos a TV da rede de lojas Magazine Luiza. O investimento não foi apenas para atender a um único cliente, mas uma aposta no crescimento do setor. O prazo dado pelo cliente para que a TV corporativa entrasse em operação foi extremamente curto, o que levou a Subway a construir parte da infra-estrutura física e técnica em tempo recorde. Segundo Arnold Eugenio Correia, diretor da produtora, todo o proceso levou pouco mais de 60 dias para planejar e desenvolver o serviço, incluindo a construção de um estúdio de 240 metros quadrados equipado com três ilhas de edição, em Franca, interior de São Paulo; a montagem de um unidade de produção externa SNG; a construção de um teleporto com seis antenas; e a instalação de antenas nas 360 lojas da rede. O executivo da Subway, uma produtora especializada, até então, em suporte audiovisual para eventos e vídeos corporativos, explica que o processo de transmissão ainda era novidade para a produtora. Nessa área foram necessárias algumas decisões estratégicas. Eugenio Correia explica que, em um primeiro momento, a rede seria montada em banda C, “mas a instalação de antenas de dois metros de diâmetro seria muito trabalhosa em algumas das localidades”. Acabaram optando pela transmissão em banda Ku, com antenas de 60 centímetros. Quando optaram pela banda Ku, a Subway já havia comprado parte dos •

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N達o disponivel


( upgrade )

por Fernando Lauterjung

De olho no futuro

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A Grass Valley anunciou no final de janeiro alguns dos produtos que terão destaque em sua participação na NAB deste ano, que acontece de 22 a 27 de abril, em Las Vegas. Trata-se, segundo a empresa, dos primeiros produtos de uma estratégia tecnológica para os próximos dois anos.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

ntre os equipamentos está a evolução da família de switchers Kayak HD (foto). A linha conta agora com sete modelos diferentes, de um a três Mix/Effects (M/E) em uma base compacta ou média, dependendo do modelo. A linha conta agora com vários opcionais, que estendem sua capacidade além da troca simples de fontes de vídeo. Um dos opcionais disponíveis para a família de produtos é o MatchDef, que dá ao Kayak HD e ao Kayak SD a possibilidade de inserir fontes SD em uma produção HD e vice-versa. Além disso, permite combinar diferentes formatos HD em projetos HD ou SD. Outro lançamento relacionado à família de switchers é um novo Kayak SD que pode ser transformado em um switcher multi-formato SD/HD com um simples upgrade de software, sem a necessidade da troca de placas internas. Ainda nos lançamentos deste ano está a primeira geração de encoders MPEG-4, integrante da linha modular ViBE. A solução entrega vídeo HD em banda de 4 Mbps, usando algorítimos sofisticados e outras melhorias do padrão de compressão MPEG 4, como o uso de quadros de múltipla referência (I-frames). O encoder está implementado em uma arquitetura de processador de sinal digital (DSP), entregando o vídeo comprimido em tempo real. A empresa já desenvolve a tecnologia para que a compressão seja feita por um único chip, sendo que os clientes que comprarem o encoder ViBE MPEG 4 poderão fazer o upgrade assim que a versão “single-chip” esteja

disponível, provavelmente no final de 2006. Segundo a Grass Valley, com o novo encoder, é possível transmitir conteúdo HD usando a mesma banda de transmissão usada em serviços SD, com cinco ou seis canais em um único transponder. Captação A empresa lançou ainda um sistema de transmissão wireless do conteúdo captado em suas câmeras HD, incluinda a LDK6000 (foto). O HD Wireless Camera System usa compressão JPEG 2000 em uma banda de 55 a 75 Mbps, recomendado para uso em estúdio em conjunto com câmeras cabeadas. Um bit-rate menor pode ser usado para transmissões mais robustas, para situações externas onde as ondas terão que percorrer maiores distâncias. •

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O sistema sem fio é baseado no padrão 802.16, uma vertente do padrão WiMax. O padrão oriundo da tecnologia da informação proprociona uma recepção boa para cobertura de eventos esportivos, podendo percorrer distâncias de até 1 km com o uso de kit especial. Segundo a Grass Valley, a tecnologia poderá se tornar, no futuro, compatível com qualquer rede WiMax, possibilitando o uso de câmeras HD em qualquer lugar da cidade para produção de jornalismo em tempo real. Ainda na área de captação, comenta-se no mercado que a fabricante deverá anunciar, até a NAB, uma nova câmera HD. Automação Outra novidade da Grass Valley é uma solução para salas de controles totalmente automatizadas, para produção digital HD. A solução combina o sistema de produção Ignite HD com o sistema robotizado de câmeras CameraMan HD. A nova plataforma conta com arquitetura modular e escalável, estando disponível com de uma a quatro M/Es; até 32 portas de controle; podendo contar com 24 a 93 entradas de áudio e/ou vídeo. O sistema conta com switcher de áudio e de vídeo integrados e um teleprompter. Vem ainda com o QUICbox, um painel touch screen. Acompanhado do sistema robotizado CameraMan HD e do controle SHOT Director HD, o pacote perrmite produzir em múltiplos formatos HD.

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HD com cara de cinema Zeiss desenvolve em parceria com o fornecedor de equipamentos Band Pro sua primeira série de lentes prime exclusivas para cinema digital.

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Band Pro apresentou no fim de dezembro último, nos Estados Unidos, a mais nova integrante da família de lentes DigiPrime, fabricada pela alemã Carl Zeiss. Trata-se da DigiPrime Superwide 3.9mm, com abertura 1.9. A lente, diferentemente das zooms, foi desenhada para eliminar distorções geométricas na hora de captar cenas com ângulos grandes. Em formato 4:3, o ângulo da lente é de 98,2° horizontal, 81° vertical e 111,8° diagonal. Em formato wide 16:9, o ângulo de visão é de 103,6° horizontal, 70° vertical e 111,8° diagonal. Também foi apresentada a nova lente da família DigiZoom, de 17-112 mm com abertura f1,9, desenhada especialmente para cenas com pouca luz. A lente pode focar objetos a apenas 11” de distância, com tamanho a partir de 66 mm x 117 mm. O lançamento é fruto de uma parceria entre o fornecedor norteamericano, que tem exclusividade na distribuição mundial da linha para cinema digital da Zeiss, e a fabricante alemã. Segundo Amnon Band, presidente da companhia, a Band Pro investiu US$ 2 milhões no desenvolvimento e lançamento da linha, de olho no mercado de produção HD. O evento, mais que um lançamento de produto, foi uma oportunidade para se discutir as tendências tecnológicas na produção de cinema e televisiva. “A cinematografia digital não é o futuro, já está acontecendo”, disse Band, lembrando que o filme não está morto, nem estará tão cedo. “Mas o HD é uma ferramenta maravilhosa para cineastas”, disse. A afirmação foi fundamentada no último Festival de Sundance, no qual 80% dos filmes T e l a

Kornelius Mueller, da Zeiss (à esq.), e Amnon Band, da Band Pro (acima).

foram produzidos eletrônicamente. “A produção de cinema independente é o mercado que mais cresce para o HD”, garantiu Jeffrey Cree, um dos engenheiros da Band Pro. Segundo Kornelius Mueller, responsável pelo marketing da Carl Zeiss, a linha de lentes DigiPrime surgiu de demandas de fabricantes de equipamentos e usuários, que pediam por uma interface mais semelhante à das câmeras de filme para a produção digital. “Um adaptador de lentes não é uma solução satisfatória”, disse, destacando que as lentes para cinema precisam ter uma rotação de foco de, no mínimo, 120°. Além disso, lembrou Mueller, os prismas das câmeras digitais suportam aberturas de até f 1,4 e “não existiam lentes com essa qualidade”. John Scarcella, presidente da Sony Electronics, também presente ao V i v a

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evento, garantiu que a disponibilidade de lentes prime para as câmeras de cinema digital trouxeram um aumento na distribuição de equipamentos e afirmou que a marca CineAlta (que abriga os equipamentos da linha de cinematografia digital da fabricante japonesa), se desdobrará em vários equipamentos nos próximos meses. Além disso, até a NAB, deve ser apresentada a nova câmera HD XDCam, a F900R.

Linha da Zeiss surgiu da demanda de fabricantes e usuários.

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( agenda ) > MARÇO 17 a 23 4° Festival de Cinema de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP. Tel: (16) 3625-3600. E-mail: festival@ saopaulofilmcommission.com.br. Web: www.saopaulofilmcommission.com.br. 22 a 2/4 (SP), 22 a 2/4 (RJ), 3/4 a 16/4 (Brasília) É Tudo Verdade — Festival Internacional de Documentários. Tel.: (11) 3022-7535. E-mail: info@itsalltrue.com.br. Web: www.itsalltrue.com.br. 28 e 29 Seminário IPTV. ITM-Expo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3214-3747. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br.

Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: justask@reedmidem.com. Web: www.miptv.com. 16 a 22 10 º Cine PE — Festival do Audiovisual, Recife, PE. Tel: (81) 34612765. Web: www.cine-pe.com.br. 22 a 27 NAB 2005. Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Tel.: (1-202) 5952052. E-mail: register@nab.org. Web: www.nabshow.com.

> MAIO

> ABRIL

10 e 11 V Tela Viva Móvel - Encontro dos Serviços e Entretenimento Wireless. Tel.: (11) 3214-3747. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br.

1° e 2 MipDoc. Noga Hilton, Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: justask@reedmidem.com. Web: www.mipdoc.com. 3 a 7 MipTV/Milia. Palais des Festivals,

17 a 28 Festival de Cannes, Palais des Festivals, Cannes, França. Tel.: (33-1) 5359-6100. E-mail: festival@festivalcannes.fr. Web: www.festival-cannes.org.

> JUNHO 5 e 6 MITV - Mercado Internacional de Televisão e VII Fórum Brasil de Programação e Produção. O evento é um marco local onde as empresas podem não apenas se apresentar e trocar informações entre si, mas também receber seus parceiros internacionais e promover o Brasil e a América Latina como um pólo diferenciado de exportação de conteúdos. O evento terá pitchings (apresentação de projetos), screenings, sessões de 30 minutos com pessoaschave dos mais importantes canais de TV da América Latina, EUA e Europa e forte presença de convidados internacionais. O evento acontece no Centro de Exposições Frei Caneca, em São Paulo, Mais informações podem ser obtidas através do telefone (11) 3120-2351, do e-mail info@convergeeventos.com. br ou no site www.convergeeventos. com.br.


N達o disponivel


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