Revista Tela Viva 161 - junho de 2006

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Sk a ex e oy/Dfus c i ã de lus fim rec o ca ivi da TV na da is de

televisão, cinema e mídias eletrônicas

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A P A M O N A R T N E L I S A O BR o mundo visão o d o t e d is a rofission conteúdos para tele p e n ú e r V IT Primeiro Mter e fazer negócios em para deba

REGULAMENTAÇÃO

Governo cria novo fundo e amplia Lei do Audiovisual

CINEMA

Como será a primeira co-produção brasileira com a Índia


N達o disponivel


Foto: marcelo kahn

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André Mermelstein

a n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Potencial para crescer

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pesar do prenúncio do inverno, junho começou quente para o setor audiovisual. Uma série de notícias e acontecimentos agitaram o mercado e prometem causar mudanças significativas no cenário nacional. A onda começou com a aprovação da fusão entre Sky e DirecTV pelo Cade, seguida de perto pela aceitação do Termo de Compromisso da Globosat que na prática acaba com a exclusividade de programação no país. O fim da exclusividade pode gerar uma maior busca de produção nacional pelos canais internacionais, que devem concorrer agora ainda mais com a Globosat. O lado perverso da notícia veio com a ameaça que paira sobre os canais nacionais não ligados à Globosat, como o CinebrasilTV e os canais da Band, que terão que lutar para manter seu espaço. Já é condenável a exclusão por parte de algumas operadoras de canais nacionais de qualidade como a STV, a TV Rá-Tim-Bum ou a TVE, mantendo no ar canais que pagam pelo espaço, mas que não interessam aos anunciantes, como alguns de televendas. Igualmente ruim será a rejeição a canais constituidos, que no passado serviram bem aos interesses das operadoras. Do lado da produção, o setor só tem a comemorar com as novas medidas para o audiovisual antecipadas em primeira mão no MITV, evento promovido por TELA VIVA em junho, e anunciadas oficialmente no último dia 7. O chamado Artigo 3º A, sobre o qual você encontra mais informações nesta edição, tem potencial para criar uma nova relação entre a emissoras de TV e a produção independente, injetando novos recursos no mecado. Também, o novo fundo criado pelo governo promete ajudar a criar um círculo virtuoso de crescimento sustentado. Em meio a tudo isso, TELA VIVA comemora o grande sucesso do seu primeiro Mercado Internacional de Televisão, que reuniu mais de 500 profissionais, de dez nacionalidades diferentes, para dois dias de debates e apresentações, além de muitos encontros de negócios e uma perspectiva de crescimento muito grande, do que já surge como o mais importante evento de conteúdos audiovisuais da América Latina.

capa: fotos marcelo Kahn

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(índice)

(cartas) Recebemos e agradecemos os cumprimentos pelos dez anos do noticiário online PAY-TV News, editado pela mesma empresa de TELA VIVA. • Parabéns pelo décimo aniversário. O serviço online PAY-TV News fornece as informações mais abrangentes, atuais e valiosas informações da nossa indústria. Além disso, sua equipe é extraordinariamente profissional e confiável. Sucesso pelos próximos dez anos, pelo menos. Sean Spencer, diretor da TAP Latin America • SERIEDADE Vocês prestaram esse tempo todo e ainda prestam um grande serviço à nossa indústria. E o mais importante é que o trabalho é sério. Não encontrei, nesses 10 anos, nenhum indício de má informação ou informação distorcida. Ao contrário, já utilizei suas informações como fonte de planejamento várias vezes. Continuem, por favor, precisamos de vocês. Abraços a todos. Silvia Jafet, desenvolvimento e novos negócios, Grupo Bandeirantes • IDEALISMO Foi com muita alegria que li a nota sobre os dez anos do PAY-TV News. Sua visão, determinação e, sem dúvida, idealismo fizeram com que a publicação tivesse hoje o reconhecimento que tem. Abraços, Neusa Risette, Associação Neo TV • RETIFICAÇÃO Por um erro de diagramação, foram omitidas as últimas linhas da matéria “”Enfim, o noivado?” (TELA VIVA 160). O último parágrafo da matéria é: “Já as teles celulares ainda acham que o melhor é discutir bem como será esse processo de convergência. Sabem que, até aqui, a TV aberta tem mostrado maior poder de lobby, e mesmo que as disputas daqui para frente sejam pelo maior quinhão em uma parceria, ela continuará existindo.”

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MITV

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making of cinema

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Produtores, distribuidores e canais discutem o mercado de conteúdos audiovisuais

Os julgamentos no Cade: fusão no DTH e Neo TV x Globosat

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Projeto cria novas formas de financiamento para o audiovisual

Produtora brasileira vive a experiência de fazer um filme em co-produção com a Ìndia TV+ABC consolida-se na região e prolifera em outras praças

Amazonsat aposta na força da região Norte para comercializar sua programação 42

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas@telaviva.

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fotos: Divulgação

( scanner ) Campanha comemora conquista de fábrica para o Estado.

..E o vento leva à Bahia O Governo do Estado da Bahia comemora o investimento de R$ 3 bilhões da Suzano de Papel e Celulose na construção de uma unidade fabril no Estado com um comercial produzido pela Maria Bonita Filmes. O filme de um minuto, que faz parte do Programa de Atração de Investimento do Estado da Bahia, foi criado por Maurício Carvalho, da Propeg, com direção de Lô Politi. Filmado em São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso, o comercial mostra um papel onde estão escritos o nome Suzano Papel e Celulose e a quantia a ser investida, voando por diversas locações familiares. As pessoas tentam pegar o papel, sem sucesso, até que ele é agarrado pela mão de uma baiana. No final, a locução diz: “cada vez mais empresas preferem a Bahia”. Além da televisão, o filme pode ser conferido pela Internet no endereço www.propeg.com.br. A produtora brasileira também planejou uma ação criativa para aparecer em Cannes durante o Festival Internacional de Publicidade: serão distribuídas câmeras descartáveis aos participantes no Palais des Festivals. A idéia do primeiro “Festival Totalmente Descartável de Fotos” é dos sócios da Maria Bonita Filmes Robério Braga e Lô Politi, e o objetivo é convidar os criativos a deixar de lado os equipamentos digitais de última geração e fotografar de forma simples. Uma votação online vai eleger a “Foto Descartável do Ano”, e o seu autor vai ganhar um iPod Video de 60 GB.

Saúde fracionada O Ministério da Saúde lançou uma campanha em maio para divulgar a venda de medicamentos fracionados. O comercial, produzido pela Estação 8, mostra o ator José Wilker explicando os benefícios da venda fracionada de remédios, que possibilita que as pessoas comprem apenas a quantidade indicada pelo médico, evitando o consumo de sobras de medicamentos e o desperdício de dinheiro. O objetivo dos produtores foi fazer o comercial de forma didática. No filme de 60 segundos (também em versão de 30), o rosto do ator aparece em uma embalagem de comprimidos, que vão sendo destacados um a um. A criação é da agência Agnelo Pacheco, com direção de criação de Gui Pacheco.

Além dessa campanha, o Ministério da Saúde também lança o novo filme do Zé Gotinha, personagem das campanhas de vacinação nacionais. O personagem foi desenvolvido em 3D pela Inutilia Truncat 3D, assim como os cenários, que foram criados e desenvolvidos pela produtora, com técnica de captura de luz realista para uma melhor integração com o material filmado. A criação dos cenários é de Felippe Cavalcanti (Inutilia Truncat) e Glaucia Nogueira (Net Filmes). •

Um comercial a favor do desarmamento rendeu ao diretor Ricardo “Gordo” Carvalho, da Margarida Flores e Filmes, a medalha de bronze no Clio Awards Festival, realizado entre os dias 13 e 16 de maio, em Miami. O filme “Crianças”, criado pela JWT para a campanha do desarmamento que aconteceu em 2005, paralelamente ao referendo realizado sobre o porte de armas de fogo, foi premiado na categoria Televisão/Cinema. Além desse prêmio, o comercial também foi selecionado para compor a short lista do Festival de Nova York este ano. No filme, duas crianças estão em um quarto e uma delas encontra em um armário uma arma e cigarros. Ela escolhe pegar o cigarro, acende e as duas crianças fumam. A locução diz que poderia ter sido pior se eles tivessem preferido a arma.

O fim da meia-entrada? A Subcomissão Permanente de Cinema, Teatro e Comunicação Social, que funciona no âmbito na Comissão de Educação do Senado, aprovou no fim de maio a proposta do senador Roberto Saturnino (PT-RJ) para discutir em audiências públicas a meia-entrada e a gratuidade em produções e espetáculos culturais. O objetivo é subsidiar a votação das várias proposições que tramitam no Congresso visando conceder esse tipo de benefício. As datas das audiências ainda não foram marcadas.

Zé Gotinha

Desarmamento rende prêmio

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Sem preguiça A Bossa Nova Films é a responsável pela nova campanha da Globo.com, que pretende fazer com que os internautas deixem de lado a preguiça para assinar o serviço. São três filmes, dos quais dois já estão em veiculação, que mostram uma pessoa da família que quer mudar para Globo.com, enquanto outra, representada pelo bicho-preguiça, acha que a mudança vai dar trabalho e que é melhor deixar as coisas como estão. Os filmes são dirigidos por Luiz Villaça, com criação de Gastão Moreira, Guime Davidson e Rui Branquinho — este último também é o responsável pela direção de criação — da W/Brasil.

União para a valorização “O crédito do roteirista em um filme virou banheiro de rodoviária, todo mundo assina”. A frase de Di Moretti, roteirista de filmes como “CabraCega” e “Latitude Zero”, representa uma das muitas frustrações demonstradas pelos roteiristas de cinema em torno da profissão. Buscando melhorar esse quadro e profissionalizar a carreira, alguns nomes conhecidos do cinema brasileiro se organizaram para fundar a associação Autores de Cinema. Além de buscar critérios para a assinatura do crédito dos filmes, a associação tem como meta criar um modelo Moretti: roteiristas associados. de contrato, definir a cessão de direitos (especialmente no caso do filme ser distribuído em outras mídias que não o cinema), valorizar o argumento, disponibilizar uma representação jurídica especializada e propor um piso salarial. Segundo Moretti, a idéia não é transformar a associação em sindicato ou entidade política, mas encontrar meios para realizar ações práticas que melhorem as condições de trabalho dos roteiristas e valorizem o trabalho desses profissionais. “Ao melhorar a visibilidade dessa categoria, abrem-se as portas para o aparecimento de novos profissionais, já que hoje a maioria dos estudantes busca uma carreira de diretor”, diz o roteirista. Serão aceitos como associados profissionais que tenham escrito roteiros que já foram produzidos (independentemente de terem sido exibidos). Di Moretti esclarece que a idéia não é deixar os iniciantes de fora, apenas formar um time que vai tomar as decisões. “O acesso às informações será para todos, mas é inviável fazer assembléias com centenas de pessoas que jamais tiveram a experiência prática de fazer um roteiro profissional”, explica. Cerca de 20 roteiristas participam das reuniões para a criação da associação, entre eles Bráulio Mantovani (“Cidade de Deus”), Marcos Bernstein (“O Outro Lado da Rua”) e Carolina Kotscho (“Dois Filhos de Francisco”). No momento, eles buscam meios de formalizar a associação e montar a sua estrutura física.

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( scanner ) fotos: Divulgação

Confiança na criação brasileira­ A marca Menthos, da Perfetti Van Melle, escolheu a agência Neogama/BBH para realizar a sua primeira campanha feita especialmente para o mercado latino-americano. Até então, as campanhas da marca eram criadas e produzidas pela BBH de Londres. O primeiro comercial, intitulado “O Novato”, foi produzido pela Jodaf Mixer, com direção de João Daniel Tikhomiroff. O filme terá duas versões de 30 segundos e uma de um minuto, e será veiculado também na Costa Rica, Uruguai, Panamá e Colômbia. “O Novato” mostra um teste para agente secreto, no qual o candidato sente-se tentado por diversas situações e resiste à todas. A única que ele não consegue resistir é a de mastigar um Menthos, e a falha no teste faz com que se torne um guarda de trânsito. Isabella Paulelli e Márcio Ribas foram os responsáveis pela criação, com Alexandre Gama como diretor de criação.

Dez anos em DVD

Em busca do mercado internacional A Orangotango Filmes anunciou em junho a aquisição da “A” Filmes, produtora que está no mercado há dez anos e já produziu filmes publicitários para clientes como M&M, Qbazar e Jovem Pan e programas de televisão como “Pânico na TV” e “Giro Business”. Carlos Góes, da Orangotango, afirma que o principal objetivo da compra foi ampliar a atuação no mercado internacional, já que os antigos donos da “A” Filmes, Renata e Marcelo Moliet estão agora na Suiça, para a realização de documentários e busca de novos negócios em território europeu. “Antes de qualquer coisa, tenho uma relação de amizade com eles, e agora estamos trabalhando juntos para escoar a nossa produção para o exterior”, diz Góes. Além disso, Góes afirma que a aquisição está relacionada à ampliação da Orangotango não só no mercado publicitário como também no de produção de conteúdo para a TV e para a Internet, na qual a “A” Filmes tem experiência com o portal Vírgula. A produtora também passa por uma reestruturação de funções, e uma ampliação física, com a mudança para um espaço em Alphaville.

Em comemoração aos seus 10 anos, a série “Expedições”, da jornalista Paula Saldanha e do biólogo Roberto Werneck, ganhou uma coletânea em DVD. O primeiro volume, lançado no dia 5 de junho, dia do meio-ambiente, no Rio de Janeiro, tem a Amazônia como tema. Os documentários desse volume abordam questões como a destruição e preservação da floresta, a vida das comunidades indígenas do Xingu, o impacto da colonização e as Paula Saldanha Roberto Werneck riquezas da nascente do Rio Amazonas, expedição que deu origem à série de televisão, exibida pela TV Cultura e pela Rede Brasil, com produção da RW Cine, de Paula e Werneck. O primeiro volume inclui três DVDs com seis documentários, narrados em português, inglês e espanhol. O lançamento conta com incentivos da Lei Rouanet e patrocínio da Petrobrás.

Intercâmbio de televisões

Sánchez, da BBC, e Mendonça, da Cultura

Com o objetivo de promover o intercâmbio entre a TV Cultura e a rede de televisão britânica BBC foi assinado um acordo de cooperação pelo presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça (à dir.), e pelo diretor da BBC nas Américas, José Sánchez (à esq.), em maio último. O acordo prevê a utilização da tecnologia da rede britânica pela TV Cultura, o envio de funcionários para estagiar na Inglaterra e condições favoráveis para que a TV Cultura adquira programas da BBC, como os documentários do “Cultura Mundo” e as séries “Planeta Azul”, “Testemunha Silenciosa” e “Dupla Identidade”, que passam a ser exibidos a partir de 5 de junho. Além disso, está prevista a realização de seminários em conjunto. O primeiro, sobre o papel da TV pública, acontece em setembro.

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( scanner ) Produção regional Os moradores da região Sul Fluminense podem assistir, desde o dia 3 de junho, um programa semanal feito especialmente para valorizar a diversidade da região, transmitido pela Band Sul Fluminense. Criado pela Mixer, com patrocínio da Companhia Siderúrgica Nacional, “Conexão no ar” faz parte de uma estratégia de mercado em relação à regionalização da produção televisiva. Para isso, a produtora envolveu três de suas bandeiras: a Grifa Mixer (produtora de documentários), a RadarTV Mixer (produtora de televisão) e a RDigital Mixer (de vinhetas e animações). A escolha pela região Sul Fluminense resultou de um cenário identificado pela Mixer de carência de programação de qualidade na região, em contraponto à presença de grandes empresas investidoras. A produtora montou uma estrutura de produção em Volta Redonda, onde foram contratados profissionais da região, desde técnicos até os apresentadores. A apresentadora Thatiana Brasil e os repórteres Ricardo Nascimento, Renata Machado e Renato Natividade, vão perPrograma aborda a vida no Sul Fluminense. correr a região em busca de aventuras, histórias, novidades e dicas. O programa conta com quadros que abordam assuntos como comportamento, ecologia, cultura, saúde, lazer, gastronomia, esportes, serviços, responsabilidade social, turismo, entrevistas e curiosidades, seguindo sempre a idéia de conexão e conectividade, na qual um tema inicial é abordado de várias maneiras, sem perder a idéia inicial. A direção é de Eduardo Rajabally e Edu Pupo. Giovana Damasceno é a editora-chefe e Filipe Fratino, produtor executivo da Grifa Mixer, é o coordenador geral do programa.

Cartões de crédito em campanha popular A Credicard Citi, empresa que nasceu da fusão da Credicard com o Citibank e o Itaú, lança uma campanha desenvolvida pela W/Brasil, com direção de criação de Washington Olivetto. O objetivo da campanha é mostrar como a Credicard Citi está disposta a construir uma relação duradoura e próxima de seus clientes. A primeira ação é um comercial que pretende, além de promover a promoção “Você sob nova direção”, entrar para a cultura popular do Brasil. Para isso, a campanha terá como garotopropaganda o cantor e compositor Odair José (fotos), e a sua música “Eu vou tirar você desse lugar” como trilha sonora. O filme mostra um funcionário que fica desolado após levar uma bronca do chefe. Odair José, além de consolar o funcionário, mostra a ele o cartão Credicard Citi. Após a locução anunciar os detalhes da promoção que deve sortear R$ 3 milhões aos seus clientes, o ex-funcionário aparece posando ao lado do cantor na fachada de seu novo negócio. A produção é da Bossa Nova Films, com direção de Júlio Xavier e Willy Biondani.

Boa causa A O2 Filmes produziu um comercial para a Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC), com criação da DM9DDB, com o objetivo de arrecadar fundos para a construção de um hospital, o Instituto Cavalcanti Rotta. No comercial, filmado no Parque VillaLobos em São Paulo, a atriz Suzana Vieira aparece em um terreno baldio, contando que enxerga ali um hospital para o tratamento de crianças com câncer que é referência na América Latina. Ela descreve alguns equipamentos a serem empregados no hospital e encerra o filme dizendo que “o Instituto Thiago Cavalcanti Rotta já é um marco no tratamento do câncer. Se você não consegue ver é porque ainda não doou”. No final, são mostrados os números de telefone para doações. A produtora, a agência e a atriz Suzana Vieira não cobraram pela realização do filme. A direção ficou por conta de Renato Rossi.

Brasil em foco no Canadá A co-produção com o Brasil será o tema de um painel que acontece no dia 13 de junho durante o Banff International Television Festival, a ser realizado entre os dias 11 e 14 de junho, em Banff, no Canadá. O painel será realizado em parceria com a National Film Board (NFB) do Canadá, e tratará tópicos como a relação entre a NFB e a Secretaria do Audiovisual do Brasil, os acordos de colaboração feitos com as produtoras brasileiras e o potencial dessas alianças para os dois países. 10

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Aniversário Há dez anos surgia o noticiário PAY-TV News, produzido pela editora Glasberg, a mesma de TELA VIVA. Um exemplo de pioneirismo, o noticiário apareceu na mesma época em que alguns gigantes da Internet brasileira como o UOL (ainda chamado Universo Online) davam seus primeiros passos, no longínquo 1996. Foi o primeiro noticiário especializado brasileiro produzido exclusivamente para a Internet, ou seja, não era distribuído de outra forma e nem aproveitava informações de outras fontes para apenas publicar online. O sucesso demorou alguns meses a chegar, principalmente por conta do pouco conhecimento sobre a internet na época. Muitos interessados em receber o News nem mesmo tinham ainda endereços eletrônicos. A editora teve que fazer uma parceria com um provedor de Internet para ajudar os assinantes a abrirem contas de e-mail para receber as informações. O PAY-TV News abriu caminho para os outros noticiários online da Glasberg, hoje grandes sucessos editoriais, como o TELETIME News (1998), o TELA VIVA News (2002) e o TI Inside (2005).

Aguardente com foco no exterior A marca de aguardente Sagatiba está apostando na força do documentário para promover o seu produto. “O Puro Espírito do Brasil”, produzido pela O2 Filmes, é o documentário que integra a campanha internacional da marca. O conceito foi desenvolvido pela Sagatiba e a Gum, divisão da agência inglesa Saatchi & Saatchi, e tem como objetivo atrair os jovens urbanos, falando de cachaça, mas sem mencionar o produto. O documentário foi filmado no Brasil, com a participação do Pelé, direção de Marcelo Machado e produção de Fernando Meirelles. O filme, em fase de pós-produção, será veiculado inicialmente na TV e no cinema, tanto no Brasil quanto na Europa. Uma prévia do documentário pôde ser conferida pelos europeus no dia 22 de maio, em Cannes, onde a Sagatiba promoveu uma festa, durante o Festival de Cinema que aconteceu na cidade.

Johnny Saad e Amílcare Dallevo

Nova diretoria O presidente da RedeTV, Amílcare Dallevo, assumiu no início de junho a presidência da Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores), que já foi formada por praticamente todas redes de TV, menos a Globo, e que atual­mente conta com Band e RedeTV. Segundo o novo presidente da associa­ ção, que assumiu um mandato de um ano, a Abra tem hoje um papel impor­ tante representando 150 emissoras e manterá defendendo seus interesse em pontos como a TV digital, além dos outros “mais de 400 projetos em tramitação que afetam a radiodifusão”. Dallevo concorda que nem todo o setor está representado pela associação e, portanto, considera um de seus grandes desafios manter um diálogo com Abert. “Na maioria dos pontos, as opiniões são convergentes”, diz.

O Brasil vai às compras Entre as 240 emissoras de TV que compraram os direitos da Copa do Mundo, o Brasil aparece listado como um dos principais compradores, inclusive de sinal em alta-definição (HDTV), com as aquisições neste formato pela Globo e Bandsports. Além desses canais, SporTV, ESPN Brasil e DirecTV também são compradores, totalizando o maior número de emissoras por país. Os canais nacionais que compraram a Copa aparecem ao lado de compradores como a própria Alemanha, França, Reino Unido e Itália. Todos os 64 jogos serão produzidos em HDTV, podendo ser transmitidos tanto na definição padrão quanto na alta definição. A Fifa celebra a demanda pelos formatos em widescreen e HDTV. A Globo terá transmissões em alta definição dos jogos da Copa pelo País, feitas em parceria com fabricantes de televisores; o sinal HD da Bandsports será para os assinantes da TVA Digital que adquirirem decoders específicos para a tecnologia, numa parceria que envolve ainda a fabricante Gradiente.

Público jovem A Rede 21 estreou a nova programação focada no público jovem sob a marca Play TV. A nova programação, compreendida na faixa das 18h às 22h, está a cargo da Game TV, produtora especializada em programa de games. Atrações sobre animês, videoclipes e games integram a programação. Os programas antigos da grade do 21 permanecem, como o “Jornal 10” e o “Saca-Rolha”. O diretor de programação do canal é André Vaisman, que já foi da MTV. A Game TV teve uma experiência também no UHF, na emissora Mix TV, pertencente ao grupo de Luiz Carlos Di Gênio. 12

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TiVo com Internet A TiVo, desenvolvedora e fabricante do mais conhecido sistema de grava­ ção digital de televisão (DVR), anunciou o lançamento do serviço TiVoCast, que conecta o set-top box da TiVo à rede de banda larga, permitindo o download de conteúdos de vídeo diretamente para o gravador digital. Em resumo, o usuário da TiVo, ao chegar em casa, terá na sua caixa não apenas os vídeos que mandou gravar da TV a cabo, mas também outros conteúdos recebidos via banda larga, tanto pagos quanto gratuitos. A idéia é levar estes conteúdos diretamente para a tela da TV, sem passar pelo PC. Para garantir conteúdos de qualidade, a TiVo fechou acordos com provedores como a NBA, com a WNBA (basquete feminino), The New York Times, Heavy, iVillage e CNET. Da NBA, por exemplo, virão programas espe­ ciais sobre basquete durante toda a temporada. O NYT fornecerá críticas de filmes, reportagens especiais, análise de equipamentos etc.

À esquerda, Dado Dolabella e Bárbara Paz. Acima, Bianca Castanho, como a personagem Cristal.

Novela nova O SBT está apostando alto na novela “Cristal”, que estreou na emissora no dia 5 de junho. A nova atração tem um custo de produção de US$ 80 mil/capítulo - a anterior, “Os Ricos Também Choram” custou US$ 30 mil/capítulo. Com 203 episódios, a novela é baseada em texto original da Televisa (de autoria de Delia Fiallo) e é adaptada pela emissora por Anamaria Nunes. A direção geral é de Herval Rossano. Além de elenco grandioso, com 53 personagens, a novela conta com grandes investimentos em cenografia. Os 4,5 mil m2 da cidade cenográfica da produção anterior foram reformados (inclusive com asfalto no lugar de paralelepípedos), saltando de um patamar de custo de cidade cenográfica de R$ 1,6 milhão para R$ 3 milhões (até o momento). Para a construção, o SBT contratou serviços de uma empreiteira para finalizar toda a chamada caixa cênica. Quando totalmente implementada, “Cristal” contará com 40 cenários. Entre pessoal de operações, produção e apoio, há 200 profissionais envolvidos.


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Olhar sobre a realidade

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Foto: divulgação

epois de editar por oito anos o Caderno 2 do jornal O Estado de S.Paulo, Evaldo Mocarzel começou a produzir documentários que não param de ganhar prêmios. À primeira vista, é um jornalista que decidiu se aventurar pelo cinema — e nada mais adequado do que se tornar documentarista. Mas a história é diferente. Sempre quis escrever dramaturgia, para cinema e teatro. Estudei cinema na Universidade Federal Fluminense e me formei em 1982. Logo depois veio o Collor e não tinha como trabalhar em cinema. O jeito foi unir a paixão pelo cinema e pelo teatro com o jornalismo. Cinema e teatro sempre foram duas paixões que me guiaram. Fiz curso de teatro na adolescência e enquanto estudei cinema fiz vários outros cursos para me aprimorar. Durante três anos, assinou uma coluna de crítica cinematográfica no jornal O Fluminense, de Niterói, onde nasceu. Depois, foi convidado para trabalhar na sucursal do Rio do Estadão, dirigida na época pelo jornalista Ricardo Boechat. Cobria o Festival do Rio e assistia tudo, entrevistava todo mundo. Foi sendo promovido até que a matriz em São Paulo o chamou para assumir a edição do caderno, dedicado à área de cultura e entretenimento. Nesse período, conseguiu uma verba de reciclagem do jornal e acumulou férias para estudar na New York Film Academy. Passou três meses e produziu quatro filmes,

evaldo mocarzel perseguia o turista em busca de sua imagem e tinha uma crise de identidade diante da foto. A temática do “roubo da imagem” foi a gênese do documentário “À Margem da Imagem”, resultado de três anos de trabalho ao lado da pesquisadora Maria Cecília Loschiavo dos Santos. Também aí discuti o roubo da imagem do excluído. Já tinha muito tempo de pesquisa quando ganhei um edital de curta-metragem e fiquei arrasado, porque não queria resumir o

Queria fazer ficção, acabei entrando no documentário por acaso. não imaginava que desse tanto resultado. um deles o curta-metragem “Pictures in the Park”, com o qual depois ganhou um prêmio no Festival de Recife (hoje CinePE). O curso aguçou meu desejo de fazer cinema. No curta, mostrava um turista japonês que fotografava um sem-teto no Central Park. O sem-teto então

trabalho de três anos em 15 minutos. O curta foi montado em um dia, mas a idéia do longa persistiu. Tinha a maior rejeição ao curta, mas ele começou a ganhar prêmios e então me perguntei: será que só eu que não gosto? Conseguiu finalizar o longa e transferi-lo para película e provou que estava certo ao insistir. O longa ganhou mais uma

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série de prêmios. Finalizado em 2003, o filme também circula muito nos meios acadêmicos e em movimentos populares. Queria fazer ficção, acabei entrando no documentário por acaso. Não imaginava que desse tanto resultado. Depois desse primeiro filme, Evaldo produziu “Parteiras da Amazônia”. Ainda trabalhava no Estadão. Como fiquei muitos anos, tinha uma equipe muito azeitada e toda a infra-estrutura. Então conseguia tocar as duas coisas. Os projetos foram aumentando e o jornal passou a ser administrado por uma empresa de consultoria. A administração passou a ter uma mentalidade tecnocrática, então saí da redação. Continuo fazendo frilas como jornalista, dou aulas numa faculdade de cinema no Paraná e hoje tenho vários projetos em paralelo. Um deles é um documentário sobre a peça BR3, do Teatro da Vertigem, em cartaz em São Paulo nas margens do Rio Tietê. É um registro fiel da peça e sobre o processo de criação. Da experiência que traz do cinema, teatro e jornalismo, Evaldo criou um estilo de documentário muito próprio, em que os limites entre ficção e realidade não são muito precisos. Acredito que o documentário é uma ficção de representação do real e que a verdade vai nascer de procedimentos de linguagem. E a verossimilhança também é o parâmetro da ficção. O documentário, porém, tem um compromisso muito forte com o outro e com a ética. Lançando pelo menos um filme por ano desde que estreou, Evaldo também se prepara agora para entrar na ficção. Assina o argumento de um longa de Dira Paes, o roteiro do próximo filme de Jorge Bodanzky sobre Chiquinha Gonzaga e um filme seu sobre Grande Otelo. (Lizandra de Almeida)


Fotos: divulgação

Experiência em cinema

Eliane Ferreira

Anne Guimarães Wellington Machado

A Mixer contratou a produtora executiva Eliane Ferreira para reforçar o time da Jodaf Mixer, agora que a bandeira entrou também na dramaturgia, inicialmente produzindo longas-metragens. Eliane passou por empresas como TVA, Canbras TVA e Sony Pictures/Columbia Tristar, onde adquiriu experiência nas negociações, coproduções e distribuição de 15 longas-metragens nos últimos cinco anos, entre eles “Cazuza” e “Dois Filhos de Francisco”. A produtora é formada em administração de empresas, com especialização em TV e Cinema e MBA pela FGV. Ainda na Jodaf Mixer, Anne Guimarães foi contratada como diretora de filmes exclusiva da produtora. Ela chamou a atenção por seu curta-metragem de ficção “Desejo”, produzido pela própria Jodaf Mixer. O diretor de produção Wellington Machado, conhecido como Pingo, também integra o time da produtora. Pingo, que acaba de deixar a Cia. de Cinema, onde trabalhou durante dois anos, dirigiu a produção dos longas “O Casamento de Romeu e Julieta”, de Bruno Barreto; “Jogos Subterrâneos” de Roberto Gervitz; e “Quanto Vale ou é por Quilo”, de Sergio Bianchi.

Mercado internacional

O publicitário André Pinho foi contratado pela Margarida Flores e Filmes para assumir o cargo recém-criado de coorde­nador de projetos internacionais e inovação. Além de cuidar da área de negócios interna­cionaisdapro­ dutora, Pinho atuará junto aos diretores e ao Núcleo Novas Mídias, auxiliando no desenvol­vimento e na adequação da linguagem cinematográfica para utilização em novos meios e diferentes forma­tos. O publici­ tário tem passagens pela Y&R, AlmapBBDO e JWT.

Entre irmãs

A diretora de atendimento Cynthia Jonas (à dir.), sócia da Estação 8, está de mudança. Ela vai para a Espanha com o objetivo de ampliar a atuação da produtora no mercado internacional. Enquanto isso, a sua sócia e irmã Sandra Jonas (à esq.) assumirá totalmente a direção da empresa, apoiada pelo diretor de planejamento comercial, Marcelo Scalice, e pela diretora de atendimento, Maitê Magoga.

Arquiteto no marketing Alejandro Pérez-Eguren é o novo diretor de marketing do Hallmark Channel para a América Latina. Formado pela Universidade de Miami em Arquitetura, com mestrado em administração de empresas, o executivo se reporta diretamente a Eduardo Vera, diretor geral do canal para a América Latina.

Novos negócios

A Orangotango Filmes, com a compra da “A” Filmes e a amplia­ ção de sua estrutura, buscou reforçar tam­ bém a sua equipe. Cris Bazhuni foi contratada para assumir a posição de executiva de novos negócios, responsável pelo atendimento às agências. Cris foi produ­ tora na 5.6 Filmes e na Casablanca realizou o atendimento às agências e produtoras na área de copiagem.

Equipe reforçada

Gestão de negócios

James Rubio chega à Digital 21 para assumir um cargo inédito no segmento de produtoras no Brasil. Ele vai ser o CEO da produtora, atuando na gestão de negócios, além de tornar-se sócio da empresa. Com a criação do cargo, que existe em grandes produtoras americanas, a Digital 21 dá um passo na internacionalização de sua produção de conteúdo. James Rubio é ex-diretor de imagem e publicidade da Tim. O executivo tem experiência nas áreas de marketing e comunicação do Banco do Brasil, Credicard, American Express e Multigrupo. O sócio da Digital 21, Rodolfo Patrocínio assume a direção de desenvolvimento de novas mídias, de novos produtos e de filmes de efeitos especiais. T ela

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A OpenFilms, buscando reforçar o seu atendimento, contratou três profissionais para a sua equipe. Uma delas é Renata Andres (à dir.), que acumula passagens pelas produtoras Black Maria e Laruccia, além de uma temporada na França. Julia Macedo (centro) vai assumir a área internacional, aproveitando a experiência no atendimento internacional na Dínamo Filmes e passagens pela Zohar Filmes e pelo Laboratório de Desenhos. Isadora Garaventa (à esq.), que já atuava na produtora, foi promovida de estagiária a assistente de atendimento, função que já desempenhou na Leo Burnett.


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da Redação

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O Brasil no mapa MITV põe o país no circuito dos eventos mundiais de negócios em conteúdo para televisão e novas mídias. fotos marcelo kahn

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primeiro MITV - Mercado Internacional de Televisão, promovido por TELA VIVA no início de junho, em São Paulo, reuniu produtores independentes, distribuidores, emissoras de TV e canais de TV por assinatura do Brasil e de mais dez países, para dois dias de debates e negócios. Do exterior vieram convidados para os painéis e sessões especiais, que também aproveitaram para marcar reuniões individuais de negócios com produtoras e emissoras do Brasil. O produtor canadense Eric Michel, da FRV Media, por exemplo, aprofundou no país o relacionamento que já vinha mantendo com produtoras locais como Grifa, NSet e Cinema Animadores, mas também volta levando na mala novas propostas e novos projetos. O Canadá, aliás, se apresenta cada vez mais como um parceiro preferencial do Brasil. Claude Bonin e Maurice Paleau, do National Film Board, apresentaram o acordo que está sendo desenhado com o governo brasileiro para financiamento no desenvolvimento de projetos de coprodução entre os dois países. Serão investidos US$ 100 mil (com aportes divididos entre NFB e MinC) no desenvolvimento de documen­tários que contemplem lançamento em cinema e contem com histórias com “relevância internacional”, conforme explicou Paleau. Outro que saiu com um pacote de propostas foi o distribuidor norteamericano Michael Thornton, da Forward Entertainment. “Levo pra casa vários projetos, tanto apresentados pelos produtores quanto coisas que vi nos screenings”, afirmou.

Mais de 500 pessoas participaram dos dois dias de evento

Não apenas os convidados do evento aproveitaram para fazer novos negócios. A distribuidora britânica Daryna Pyrogova, da WTW Films, nunca tinha vindo ao Brasil. “Fiquei sabendo do evento em outros mer­ cados internacionais e resolvi ver por conta própria”, disse a executiva, de origem ucra­ niana. “Embora o Brasil ainda não seja um grande comprador para o tipo de produto que distribuo (sobretudo docu­mentários, musicais e filmes de arte), conhe­ci muita gente e descobri um novo merca­do. Pretendo voltar ano que vem”, completou. O movimento de produtores em torno dos canais nacionais também foi intenso. Emissoras como a TV Vanguarda entraram em negociação para diversos projetos, como interprogramas. As demais emissoras também marcaram forte presença, tanto as redes nacionais quanto muitas afiliadas regionais. Screenings Uma das novidades que

Pitching Uma sessão que despertou muita curiosi­ dade foi o pitching.

Claude Bonin, do National Film Board (Canadá), apresentou o programa de desenvolvimento de projetos com o Brasil

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o MITV trouxe ao Brasil foram os screenings, exibições on-demand de produções de todos os gêneros, que podiam ser vistas em cabines individuais durante todo o evento. Lá dentro, o interessado tinha acesso a um banco de dados de produções, na sua maioria nacionais, com ficha técnica completa, sinopse e trechos em vídeo. O MITV recebeu mais de 70 produções para os screenings, entre animações, longas de ficção, documentários, interprogramas, séries para a TV e até reality shows. As produções foram vistas por mais de cem profissionais durante os dois dias.

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Dos mais de 40 projetos recebidos pela organização do MITV, apenas 12 foram selecionados para serem apresentados a um júri e a uma platéia formada por profissionais de canais e distribuidoras do Brasil, EUA, França, Canadá e outros países. No pitching, cada produtora teve cinco minutos para defender seu projeto, que depois era comentado pelo júri: Michela Giorelli (Discovery), Maurice Paleau (NFB), Eric Michel (FRV Media), Michael Thornton (Forward Entertainment), Letícia Muhana e Jorge Espírito Santo (GNT). Ao final de uma cansativa sessão de três horas de duração, e tendo ouvido todas as apresentações, o júri deliberou e optou por premiar dois trabalhos como vencedores, baseado no critério de melhor apresentação e melhor projeto. Curiosamente, levaram o prêmio dois projetos de animação: “Historietas Assombradas (Para Crianças Malcriadas)”, da Glaz Entretenimento, e “Sapo Xulé”, da Cinema Animadores. A primeira é uma mistura de técnicas de animação para mostrar as histórias que uma estranha vovó conta a sua netinha antes de dormir, sempre envolvendo monstros e outros tipos bizarros, como o “Elvis que Nunca Morre”. Já “Sapo Xulé” é baseada em um brinquedo popular da década de 80. A série fala de temas como ecologia e cidadania. É interessante notar que os projetos escolhidos se destacam por seu caráter internacional, ou seja, apesar de brasileiros, são temas que podem ser reproduzidos e exibidos em qualquer país. Alguns bons projetos, elogiados pelo júri, foram penalizados justamente por serem muito locais, com pouca possibilidade de comercialização no exterior.

Gilberto Perin, da RBS: emissoras regionais marcaram presença nos painéis e no mercado.

caso, buscamos, além de um programa focado na população de baixa renda e com temas relevantes para a vida das pessoas, diferenciais como a utilização do programa pela comunidade, e a utilização de fornecedores sociais nas produções, por exemplo, com o uso de produtos artesanais ao invés daqueles produzidos em larga escala”, afirma. Gilberto Perin, da RBS, também em uma sessão “30 minutos”, lembrou que os gêneros e a classificação das produções devem ser adequados ao horário e ao generalismo da TV aberta. A RBS, conforme contou Perin, conta com dois horários para a produção independente: aos sábados, por volta do meio-dia; e a meia noite de domingo. Os horários são preenchidos com produção própria e de produtoras independentes de Porto Alegre, com os curtas selecionados no concurso Histórias Curtas, que conta com financiamento da emissora. Courtney Thompson, do National Geographic, afirmou que recebe centenas de projetos por mês, o que deixa muito pouco tempo para analisar tudo.

30 minutos Outro formato apresentado pela primeira vez no MITV foi o das sessões “30 Minutos”, nas quais profissio­ nais de diversos canais esclareceram dúvidas sobre a aquisição de programas. Em geral, a principal dica dos programadores é: conheçam o canal. Muitos se queixaram que os produtores apresentam projetos descolados da realidade de um determinado canal, aberto ou fechado. Ou seja, o produtor, na ânsia de vender seu conteúdo, muitas vezes bate nas portas erradas. “Recebemos bons projetos, mas que não ‘casam’ com aquilo que a nossa TV faz e busca”, disse Marcelo Parada, VP da TV Bandeirantes”. O executivo afirmou que muitas vezes recebe projetos excelentes, que gostaria de exibir, mas não pode porque não se encaixam na grade. “Televisão é como uma bicicleta pedalando. Um programa que entra na grade tem que pegar aquela audiência do horário, segurála e entregá-la para o próximo horário. Não adianta enfiar lá no meio uma coisa que não tem nada a ver com o resto”, explicou. Débora Garcia, do Canal Futura, ressalta outros aspectos determinantes na escolha de um programa para a grade do canal. “No nosso

Co-produções Eric Michel, da FRV Entertainment, ressaltou tópicos importantes para viabilizar uma co-produção, como a paciência, a confiança nos projetos e a compreensão que uma produção deste tipo envolve dos dois participantes: o produtor e o seu parceiro. “A partir do momento em que se faz uma co-produção, o projeto deixa de ser ‘meu’, e passa a ser ‘nosso’”, disse. Michel também lembrou que os projetos hoje em dia têm que prever a exploração em múltiplas janelas. “Não aceitamos projetos de programas que não sejam multiplataformas”, disse. “Hoje o custo de produção é tão caro, que não se pode pensar em um produto que não sirva para outros meios”, concluiu.

Michela Giorelli (Discovery) participou do júri que elegeu o “Sapo Xulé” e “Historietas Assombradas” como melhores projetos do pitching.

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Fórum debate a produção global e a realidade latino-americana

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lém das atividades de mercado, o MITV também abrigou os tradicionais debates do Fórum Brasil de Programação e Produção, que chegou este ano à sétima edição. O tema do Fórum orbitou em torno do mercado internacional, uma vez que este vem sendo o principal caminho pelo qual produtoras e emissoras vêm buscando ampliar suas receitas, mas houve espaço também para a produção regional e para o debate sobre as novas plataformas de distribuição. No painel de abertura, a diretora geral da Endemol Globo, Carla Affonso, apresentou um projeto da TV francesa realizado integralmente no Brasil, um reality show transmitido ao vivo diariamente de Teresópolis (RJ). Ela lembrou que há um grande mercado mundial de formatos, o que pode ser uma oportunidade para produtores brasileiros. Nenhum formato nacional até agora foi exportado, porque, segundo ela, é difícil alguém comprar um formato que não tenha sido produzido antes em seu país de origem. Ainda assim, ela conta que a Endemol trabalha dois formatos brasileiros, que podem ser negociados em breve para o exterior. Segundo Fernando Dias, presidente nacional da ABPI-TV, uma das maiores dificuldades para que produtores independentes busquem co-produtores internacionais é a falta de financiamento no Brasil, necessário para oferecer como

contrapartida ao parceiro internacional. Dias afirma que as televisões têm necessidade de conteúdo, “mas precisam de um benefício para fortalecer a parceria com os produtores independentes”. A resposta viria no painel da tarde, quan­ do o diretor da Ancine Manoel Rangel apresentou o novo projeto de lei para o audiovisual (veja matéria à página 30). Co-produção A co-produção com canais internacionais também foi o tema de um dos painéis mais concorridos do evento. Embora a característica de um produto voltado para o mercado global tenha sido enfatizada pelos executivos de canais internacionais presentes ao painel, Leonardo Monteiro de Barros, da Conspiração Filmes, lembrou do sucesso da série “Mandrake”, uma co-produção com a HBO, que, segundo ele, levou o canal do 16° ao 2° lugar de audiência. “Esse resultado mostrou que a programação local faz o mercado crescer e Courtney Thompson, da NatGeo, e Marcelo Parada, da Band: canais puderam explicar aos produtores seu critérios de programação.

dá dignidade ao canal internacional”, diz. “Não adianta só pensar no que é bom para o canal. Tem que pensar no que é bom para o público brasileiro”. Ele lembra, no entanto, que as dificuldades para a realização da produção foram muitas, especialmente por ter sido a primeira a ser realizada por meio do Artigo 39. “Não sabíamos bem qual seria o acordo, tanto quanto aos direitos quanto em relação à exploração”, diz. Outros problemas apontados são a carência de profissionais qualificados para a produção independente televisiva, a falta de abertura das TVs abertas ao conteúdo independente e os mecanismos de financiamento brasileiros, que têm como foco principal o cinema. “Ter direito a apenas 3% das remessas é muito pouco”, diz Barros. Guy Knafo, da distribuidora francesa 10 Francs, destacou em sua apresentação que o mais importante para ele é que o produtor respeite a exclusividade de venda da distribuidora nos territórios combinados. “Se o cliente recebe proposta da produtora e depois da distribuidora, ele perde a confiança em ambas as empresas”, explica. Os modelos de negócio para viabilizar as produções também foram temas de um painel de debates. O produtor Roberto D’Avila, da Moonshot, destacou que é importante o produtor desenvolver

Líder portuguesa cresceu com produção local O diretor geral da emissora portuguesa de televisão TVI, José Eduardo Moniz, apresentou durante o MITV o case da emissora que, “de empresa moribunda, passou a líder de audiência”, em suas palavras. O executivo explicou como, após uma re-estruturação financeira, a TVI conseguiu bater a audiência das novelas da Globo em Portugal (exibidas pela concorrente SIC) optando pela programação local. Segundo Moniz, a produção independente era a única possibilidade financeira para viabilizar o canal. Trabalhando com custos menores, a emissora, “antes de ser líder em audiência, já era campeã em rentabilidade”. Moniz diz ainda que opção pela produção local fez com que o país tenha hoje “mais e melhores autores, atores e técnicos”.

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( capa ) Fernando Dias, da ABPI-TV: há projetos com parceiros internacionais que não conseguem se financiar no Brasil.

América Latina em questão Onde estão as produções latino-americanas que não sejam novelas? Essa pergunta foi feita por Flor Hurtado, da Solferino Media, do México, durante painel do MITV sobre o continente. Apesar de sua visibilidade, as novelas não resumem a produção televisiva dos países latino-americanos. E um não conhece a produção do outro além das novelas. Segundo Flor, isso se deve ao fato de que hoje os países não compram programas, mas sim formatos. “Hoje trazemos um formato que funciona no exterior e produzimos sobre ele no nosso próprio país. Isso é algo puramente comercial, que está matando a criatividade da produção”, diz. Ela acredita ainda que falta organização para vender produtos de latinos para latinos, e sugere uma aproximação para que todos se conheçam melhor. Para Leonardo Dourado, da Telenews, existe também um problema financeiro, que faz com que os países procurem sempre os países do Hemisfério Norte para realizar as suas co-produções, já que o dinheiro parece estar concentrado ali.

formatos criativos de produção e financiamento, buscando diferentes janelas e meios de distribuição ou diferentes mercados. Mas, segundo ele, é necessário cuidado para “agregar mercados sem transformar a produção em um Frankenstein”. Para ele, não existe um modelo único de negócios, citando como exemplo os casos bem sucedidos de co-produção com programadoras de TV com o Artigo 39 e ainda o projeto Documenta Brasil. Já Katia Murgel, diretora de programação da Fox no Brasil, destacou que o interesse dos canais internacionais, mais especificamente a Fox, é “buscar um tempero brasileiro” através da produção local. Segundo ela, a possível criação do “Artigo 3º A”, anunciado no evento pela Ancine em primeira mão (leia reportagem à página 22), abrirá uma possibilidade de investimentos em produção local que não se concretizaria sem a ajuda de um mecanismo. Representando a TV aberta, Raimundo Lima, da Band, deu um recado aos produtores independentes presentes no evento: “Vejo reclamação por falta de espaço na TV aberta. Isso não é verdade em relação à Band. Há muitas parcerias, tanto com idéias que nasceram fora, como dentro da Band e que acabam sendo feitas por produtoras”. Embora tenha admitido que a análise de projetos no canal não tem área específica, Lima afirmou que “lida muito com projeto mal feito”, porque os produtores não procuram conhecer a grade do canal antes de fazer uma oferta. “Chega a ser um

Mercados Durante o painel, foi possível notar diferenças significativas entre os mercados dos países latinos representados. Enquanto o Brasil e o México têm indústrias de televisão desenvolvidas, capazes de exportar conteúdo, a Argentina e o Uruguai passam por dificuldades de inserção internacional e até mesmo de concorrência dentro dos próprios países. Na Argentina, são cinco canais de televisão aberta, quatro Flor Hurtado, privados e um público, concorrendo por uma audiência de 40 milhões do México. de pessoas, lembrou Miriam Molero, do Canal 7 argentino. No Uruguai, a situação é ainda mais complicada, com uma população total de três milhões de pessoas, com quatro canais abertos, um canal público aberto e um público no cabo. Larissa Perdomo, da Televisión Nacional, do Uruguai, lembra que os realizadores uruguaios acabam saindo do país devido à falta de produções locais e à desorganização do mercado. O Uruguai hoje oferece principalmente serviços de produção. Embora os participantes do painel acreditem em co-produções entre os vizinhos latino-americanos devido à proximidade cultural, Beth Carmona, presidente da TVE, lembra que não se pode esquecer que cada país tem a sua especificidade. “Os países têm as suas características próprias. A América Latina não é uma massa”, conclui.

desrespeito não saber para quem você está vendendo um produto. Já teve gente tentando vender um produ­ to sem saber onde colocá-lo na nossa grade, porque não conhecia nenhum programa que estava nela”, afirmou. O executivo de produção da Band afirmou ainda que não existe um modelo certo de parceria no canal. “Já teve projeto que começou de um jeito e acabou de outro. Temos gama imensa de modelos de negócio que vão se adequando; há espaço para negociação”, disse. Regional Se o mercado internacional dominou os temas do Fórum, a realidade das emissoras e produtoras regionais do Brasil também foi alvo de debates no evento. Em painel sobre a Para Katia Murgel, da Fox, nova regulamentação possibilitará novos investimentos em produção local.

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importância da busca de soluções para viabilizar a produção local das emissoras afiliadas das grandes redes abertas brasileiras, foram apresentadas soluções encontradas por emissoras do Norte, Nordeste e Sul do País. Na região amazônica, a TV Rio Negro, por exemplo, afiliada da Rede Bandeirantes, vê no interesse internacional pelos assuntos ligados ao meio ambiente da maior reserva verde do planeta uma janela de expansão dos negócios. O diretor de programação da emissora, Luciano Maia, contou que a produção local, dada a baixa densidade demográfica da região, não se viabiliza se não tiver essa janela de exposição comercial no exterior. O caminho para o mercado internacional é dado pela própria cabeçade-rede, conforme

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explicou Roberto Lestinge, diretor de expansão internacional da Bandeirantes. No Nordeste, a afiliada da Globo, Rede Bahia de TV, além de gerar sua programação própria para os espaços locais, preenche ainda 11 horas diárias da TV Salvador, um canal UHF com programação original. Claudia Lima, gerente de negócios de conteúdo da Rede Bahia e também à frente da programação da TV Salvador, explicou as modalidades de produção local possíveis e a busca de modelos comerciais alternativos, uma vez que o break comercial tradicional de 30 segundos não se aplica neste nível de regionalização. Ainda Gilberto Perin, diretor do núcleo de programas especiais da RBS TV, afiliada da Rede Globo, falou da experiência local no Rio Grande do Sul com a produção de dramaturgia, com curtas-metragens e interprogramas feitos por produtoras. Em alguns casos, como na faixa “Histórias Extraordinárias”, as produções são viabilizadas com o modelo de divisão de receitas em 50%. O canal local TVCom e o Canal Rural, ambos do mesmo grupo, também servem de janela para algumas produções em ficção — que em muitos casos já foram para outras mídias, com lançamento em DVD. Multiplataforma Os conteúdos para a era digital foram tema do último painel do MITV. Caíque Severo, diretor de

O distribuidor francês Guy Knafo: produtor deve respeitar a exclusividade nos territórios determinados.

inovação da DM9DDB, lembrou que a banda larga atingiu massa crítica no Brasil em 2005, permitindo a criação e a penetração de novos serviços. Para ele, graças à banda larga, o PC passa a ser “o verdadeiro canal de distribuição de conteúdos, inclusive audiovisuais”. Severo destaca três características da Internet em banda larga nos PCs: conteúdos criados pelos próprios usuários, como o You Tube; a

MITV em números Participantes Sessões Países participantes Segmentação do público:

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associações e governo 4% canais de TV e Programadoras 34% Distribuidoras 4% Imprensa 12% Operadoras de tv paga e telecom 4% Produtoras 36% outros* 6% *Universidades, fornecedores, agências, gravadoras, advogados e autônomos

possibilidade de fazer download de conteúdos de múltiplos usuários simultâneos através do Bit Torrent; e a possibilidade de receber passivamente conteúdos através de RSS. Estas três características, em sua opinião, criam um serviço que chamou de “video on demand personalizado”. Ricardo Sodré, da Trama, também se mostrou otimista com a Internet em relação à distribuição de música. Segundo ele, a rádio está ultrapassada e a Internet é agora a principal forma de divulgação de novos músicos, citando a banda Arctic Monkeys, que se lançou através da rede e já é um sucesso de vendas mundial. O executivo citou ainda o case da própria Trama, o portal online Trama Virtual. Segundo ele, sem uma divulgação formal, o portal já conta com conteúdo de 30 mil bandas e com 400 mil usuários cadastrados. Além das músicas das bandas, o portal conta ainda com vídeos, shows e reportagens. O portal terá agora um programa no canal Multishow, o que, segundo Sodré, deve aumentar consideravelmente o número de usuários. A expectativa da Trama é poder bancar o serviço através de cotas de patrocínio.


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Edianez Parente

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Novos tempos para a competição na TV paga Cade aprova fusão entre Sky e DirecTV e o fim da exclusividade dos canais da Globosat, com ênfase para o futebol.

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aio foi mesmo um mês decisivo nas questões de concorrência na TV paga. Num intervalo de menos de uma semana, duas sessões no Cade (Conselho Administrativo do Direito Econômico) puseram fim a uma espera pela resolução de processos que, num dos casos, foi de quase cinco anos. Primeiro, saiu a aprovação da irreversível fusão entre Sky e DirecTV (leia a seguir), obedecidas algumas exigências. Já que a primeira comprou a segunda na matriz (Estados Unidos), uma não aprovação da junção de operações no Brasil significaria simplesmente o encerramento da operação, com transtorno muito maior aos atuais mais de 450 mil clientes DirecTV. E no último dia do mês, por unanimidade, quatro conselheiros do Cade aprovaram o TCC (Termo de Compromisso de Cessação de Prática) colocado pela Globosat sobre o processo administrativo movido pela associação Neo TV contra a programadora para a liberação dos canais de futebol — referente aos canais SporTV e canais Premiere de PPV (payper-view). A proposta aceita pelo Cade, num primeiro momento, favorece todas as partes. Principalmente

a Globosat, que passa a ter todo o parque brasileiro de TV por assinatura como cliente potencial. Obviamente, a condição imposta pela Globosat para que o operador tenha o PPV do futebol é o que se convencionou chamar de “buy through”, ou seja, o interessado tem de comprar um pacote

A Globosat, dirigida por Alberto Pecegueiro, oferecerá agora o pacote completo de canais a operadoras fora do sistema Net/Sky.

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de canais da programadora, a saber: SporTV, GNT, Multishow e Globonews. Favorece primeiramente, também os clubes, cuja participação na receita do payper-view é proporcional às vendas, a partir de um mínimo garantido. Finalmente, ganham as operadoras ligadas à Neo TV com capacidade para oferta de PPV, que afinal de contas há muitos anos pleiteavam poder oferecer este produto, tão demandado pelos clientes e que lhes dava desvantagem na briga ante a Net e Sky pelo assinante. O acordo aceito pelo Cade, prevendo a comercialização dos canais Globosat em bases não discriminatórias (em relação ao que vende para Net e Sky) a partir de 2006 e até 2008, prevê dois modelos de negócios para a remuneração do PPV: ou um mínimo garantido de vendas em dois anos, que deve ser igual ao índice de penetração dos canais no sistema Net no último ano (11% da base) e com uma regra de transição; ou ainda um acréscimo de 10% para a Globosat na divisão das receitas com a venda, nesse caso sem um mínimo garantido. Aparentemente, a partir de 2009 a Globosat perderia uma oferta estratégica, uma vez que se comprometeu a restringir a exclusividade no mercado brasileiro a somente dois dos cinco principais campeonatos de futebol elencados pelo Cade (Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Campeonato Paulista, Campeonato Carioca e Libertadores da América); ou ainda de três destes


torneios, sendo que não será permitido, até 2011, que a programadora tenha em bases exclusivas simultaneamente o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. Vale lembrar que a Libertadores já não era exclusiva — a Fox tem os seus direitos para o Brasil também. Também os regionais costumam estar com a ESPN Brasil. Quem não gostou nada disso foi o Clube dos 13 — em nenhum momento a entidade que reúne os principais times de futebol foi ouvida, conforme relata seu presidente, Fábio Koff. Para o dirigente, advogado e juiz de direito aposentado, “o produto é nosso e não fomos ouvidos. Não nos interessa crescer a distribuição se for para ganhar menos, mesmo porque a TV tira público dos estádios”. Koff diz ainda que o Cade dispôs sobre um direito que não é da emissora, e sim dos clubes, que vendem os torneios para quem pagar mais. “O acordo que fizemos com eles foi o melhor negócio, tínhamos um mínimo garantido, obtivemos o melhor preço e dividimos receitas; a Globosat é uma excelente parceira”, afirmou Koff. O Clube dos 13 está envolvido em outro processo que corre no Cade, este sobre a TV aberta, mas neste caso os clubes estão acompanhando todo o trâmite e expondo os seus interesses. Quem também não gostou do acordo foi a Band, que é dona do Bandsports e Bandnews, canais surgidos e bem-recebidos diante da lacuna deixada pela ausência do SporTV e Globonews nas operadoras independentes. Johnny Saad, presidente do Grupo Band, bradou aos quatro ventos que o acordo tinha sido bom apenas para a Globo. Ele

Para Johnny Saad, da Band, acordo só é bom para a Globo. Emissora ameaça ir ao Cade.

Sky, então, foi até aqui responsável por dois terços de todas as vendas do PPV. Conforme apurado por TELA VIVA, a Vivax foi uma das operações ligadas à Neo TV que melhor receberam a notícia. Suas operações no rico ABC paulista, onde não há overbuilding, serão as primeiras a oferecerem os novos canais. A TVA oficialmente celebrou o fim da exclusividade, uma vez que brigava na questão dos direitos esportivos desde 1997. No entanto, a forma com que se deu a liberação não agradou tanto assim a operadora, que esperava ter uma maior flexibilização para a compra dos canais. A operadora acreditava tanto na vitória que fechou com o Canal Brasil e até já estava acertando a compra dos canais Telecine. Agora, esta negociação está na tecla “pause”.

ameaça ir ao Cade, o que pode acontecer caso seus canais sejam preteridos pelas operadoras por conta da agora possibilidade de comprarem os canais que antes lhes eram vetados. Há ainda a questão emergente da TV Cidade. Como afiliada Net, a operadora, contraditoriamente, não carrega os canais de um dos integrantes do consórcio, a própria Band. Saad diz que isto terá de ser revisto a partir de agora. Net Serviços e Sky também não receberam bem o fim desta exclusividade; afinal, perdem diferencial importante diante da concorrência. A

Sky e DirecTV viram operação única Foi também unânime a aprovação no Cade do ato de concentração que promove a fusão entre Sky e DirecTV no Brasil. Mas houve algumas imposições por parte do colegiado. Assim, a fusão foi aprovada com as seguintes restrições: 1) As sociedades do grupo News Corp, incluindo subsidiárias, coligadas, afiliadas e associadas devem, por cinco anos, absterem-se de: a) agir de forma discriminatória em detrimento dos concorrentes no fornecimento de conteúdos; b) fornecer conteúdos em caráter exclusivo; c) exercer direitos de exclusividade sobre os cinco maiores campeonatos de futebol de interesse de brasileiros (Brasileirão, Libertadores, Copa do Brasil, Paulista e Carioca). 2) A Sky deverá praticar políticas de preços nacionais líquidos de ICMS (ou seja, o mesmo preço base sem impostos em todo o País) e oferecer também nacionalmente todos os pacotes. As promoções específicas podem durar no máximo 90 dias. 3) Pelo prazo de três anos, a Sky deverá transmitir os canais pagos de conteúdo brasileiro hoje disponíveis na DirecTV. A medida visa preservar os programadores nacionais, segundo o conselheiro relator Luiz Carlos Prado. 4) A Sky deverá garantir a estes programadores de conteúdos nacionais, pelo período de três anos, no mínimo as mesmas receitas hoje conseguidas na DirecTV. 5) A Sky deverá, em 180 dias, garantir que os canais brasileiros de conteúdo nacional existentes na DirecTV estejam disponíveis a 20% de sua base, e permaneçam no mínimo assim, por 30 meses. Segundo o conselheiro Prado, esta cláusula deixa de fazer efeito se automaticamente o percentual já for atendido pelas cláusulas anteriores. Ele disse ainda que as condições para a oferta deste conteúdo deverão ser negociadas com base em condições de mercado, e afirmou que não há limitação de que o custo seja repassado ao consumidor. 6) Todos os contratos e cláusulas que dão ao grupo Globo poder de veto ou decisão unilateral na contratação de conteúdo nacional na Sky deverão ser retirados. Na prática, a Globo pode continuar decidindo, mas sempre em conjunto com a News Corp, e as votações passam a ser por maioria simples, sem voto qualificado. A Net Brasil também pode continuar negociando programação em nome da Sky. Mas a mudança abre a possibilidade de que a News passe a decidir por conteúdos que não necessariamente serão do interesse da Globo. Não há obrigação de que a Sky contrate conteúdos independentes além daqueles que hoje já estão na DirecTV e que deverão permanecer na base por três anos. Samuel Possebon

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Edianez Parente

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Entre padres e loiras Novo canal de TV paga do mercado nacional, o Television Família está cheio de novidades. Primeiro: fechou acordo com a loja virtual iTunes para distribuição de seu conteúdo em iPod fora do Brasil. Incluem-se aí as telenovelas “Paixões Ardentes”, “Machos” e “Azul Tequila”. Todo último sábado do mês, o canal exibirá um filme nacional. Sucesso nos cinemas, mas estranhamente preterido pelas TVs por assinatura, “Maria, Mãe do Filho de Deus”, com o Padre Marcelo, está programado. Ainda, o Television Família está de olho no contrato de Xuxa Meneghel com a TV argentina. Se a loira fechar e voltar a apresentar um programa por lá, a rede também o quer para exibição no Brasil.

FOtoS: divulgação

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Arquivo vivo A preservação do acervo audiovisual é uma das maiores preocupações das emissoras de TV na era digital. Conteúdos bem guardados viram ouro no futuro. Que o diga a RBS: as imagens do jogador Ronaldinho Gaúcho, ainda criança, com suas peripécias em futebol de salão, foram muito bem vendidas para uma das campanhas milionárias do atleta para a Nike.

ShopTour fatura na web

Nosso público-alvo é a mulher da classe C.

O canal de promoção de vendas Shop Tour reformulou o seu portal, colocando seus anunciantes também na web com vídeos promocionais que duram até 5 minutos. Essa modalidade já responde por 20% de todo o faturamento do canal, que denomina a ferramenta como e-TV. As ofertas do Shop Tour (na foto, a apresentadora Claudia Tenório com o novo uniforme, by Gloria Coelho) são apresentadas, portanto, nos dois ambientes. Na TV, o canal está no UHF em São Paulo, no cabo da Net, TVA e também nas operadoras BigTV e TV Alphaville, num total de 50 cidades em dez Estados. Segundo Newton Suzuki, diretor de marketing do Shop Tour, em maio foram 1,6 milhão de pageviews no website.

Marcelo Parada, VP da Band.

“Mujeres” na Argentina A Rede Record emplacou suas novelas na Argentina, em emissoras concorrentes. Para a Telefé, foi vendido o remake de “Escrava Isaura”. E a Artear comprou “Essas Mulheres”. Segundo o diretor de vendas internacionais da Record, Delmar de Andrade, a emissora analisa agora que título dará para a venda de “Cidadão Brasileiro” no mercado latino-americano (TVs da Argentina, Peru, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru já compram da emissora ). Toda a dublagem das novelas da emissora é feita no México, nas duas principais casas de dublagem: Candiani e Le Sound.

Cuidado com as crianças! Há dados um tanto assustadores em alguns resultados da série de pesquisas Kids Experts, feitas pelo Cartoon Netowork entre 2005 e 2006, com as crianças brasileiras. Se por um lado é bom para os anunciantes saberem que estão construindo marcas fortes junto a este público, por outro é alarmante observar que as crianças julgam seus amigos pelas grifes das roupas que usam, lêem poucos livros e idolatram celebridades de talento duvidoso. Pior: os baixinhos taxam como “nerds” as crianças que estão fora dos padrões da moda e as que usam óculos. 26

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Fritura O Cinebrasil TV não é assim nenhum Canal Brasil — acervo, qualidade e acabamento deixam mesmo a desejar -, mas a sua trajetória na TV por assinatura deve servir de alerta aos programadores nacionais independentes. Justiça seja feita: o canal preenchia a vaga determinada para o conteúdo audiovisual independente obrigatório no cabo e sua criação foi estimulada - seu custo por assinante corresponde a quase 20% do preço cobrado pelo Canal Brasil. Quando, estrategicamente sua presença não se fez mais necessária, muitas operadoras simplesmente o dispensaram. A TVA, por exemplo, colocou no seu site enquete para checar a receptividade do canal junto ao público que, em nenhum momento, fora informado da característica de cunho cultural do canal. Pura fritura!

MTV Banda Larga A MTV Brasil assinou contrato com a MTV americana, licenciando software para seu canal de Internet em banda larga. De acordo com o diretor geral da MTV brasileira, André Mantovani, localmente não se deve repetir a marca utilizada nos EUA, o MTV Overdrive. Por aqui, por enquanto o nome é MTV Banda Larga. A expectativa, de acordo com Mantovani, é estrear a novidade em agosto, antes portanto do grande evento anual da emissora jovem musical, o VMB, que acontece em setembro. O novo canal para Internet terá programação diferenciada da emissora na TV e será bancado por

publicidade. Como observou Zico Góes, diretor de programação da MTV brasileira, o Overdrive já tem mais de um ano nos EUA e soma mais de 10 mil videoclipes (acesso não liberado no território brasileiro). “O usuário é livre para acessar e até montar um playlist; afinal ele é o programador”, diz Góes.

? Você sabia que: n A Rede TV! comprou a minissérie “Os Miseráveis” (Les Misérables), baseada no clássico de Victor Hugo? São 11 capítulos, com Gérard Depardieu e John Malkovich, com estréia em 5 de julho. o A equipe da produtora Open Films foi a vencedora do “Projeto 48”, da TNT? “Se a nossa equipe consegue fazer um curta em 48 horas, imagine o que pode fazer com um filme publicitário de 30 segundos”, disse Marcelo Byrro, sócio-diretor da produtora. n A TV Terra agora tem o Conexão Trata-se de conteúdo de vídeo larga, contratado por assinatusal. Vídeos da Discovery e Discovery Kids também estão disponíveis na mesma modalidade.

Dispara ra

ney? banda men-

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n Jade foi parar no longínquo Cazaquistão? É que a Globo vendeu a novela “O Clone” para o canal 31 da TV desta ex-república soviética durante a feira Teleshow, em Moscou. o O Canal Brasil contratou a ESPM (Escola Superior de propaganda e Marketing) para fazer uma pesquisa? Trata-se de um levantamento qualitativo com assinantes e não-assinantes. n Com tanta oferta latino-americana (e brasileira) de novelas, a ABC foi escolher logo “Betty, a Feia”? Sim, haverá um remake do dramalhão para o mercado americano, em inglês.

o A Net Serviços dá decoders digitais para quem reclama da saída de canais? É o que tem acontecido com os órfãos de canais que têm saído do pacote analógico, como BBC, TVE, RAI, TV5, em São Paulo e Rio de Janeiro. Os assinantes

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viram “digitalizados” e não “clientes do digital”. “Portanto, não necessitam pagar pelos pacotes digitais, continuam com o pacote do analógico”, aplica o diretor de programação da Net, Fernando Magalhães.

o A final nos Estados Unidos de “American Idol” (no Brasil, “Ídolos”, do SBT) foi a maior audiência deste ano naquele País? Foram mais de 36 milhões de telespectadores, em 24 de maio, para o canal Fox.

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(audiência - TV paga) J

Com o Brasileirão, SporTV sobe na tabela

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FOto: divulgação

m abril, o início de campeonatos como o Brasileiro de Futebol e Copa do Brasil ajudaram o SporTV a subir quatro posições no ranking, assumindo o segundo lugar entre os canais pagos de maior alcance. Principalmente por conta da cobertura do noticiário político, a Globonews manteve a terceira posição. O levantamento do Ibope Mídia considera o total de indivíduos com mais de 18 anos com TV por assinatura (na Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal = 4,3 milhões de indivíduos). Nestas praças, o alcance diário médio dos canais pagos foi de 56,4%, ou 2,4 milhões de pessoas por dia, e um tempo médio diário de audiência de 2 horas e 19 minutos. Já entre o público infanto-

Partida exibida em abril pelo SporTV: River Plate x Patino, pela Libertadores da América.

juvenil com TV por assinatura, nas mesmas praças, os canais de maior alcance foram: Cartoon, Nickelodeon e Discovery Kids, que superou o Multihsow em relação a março, ficando portanto, na terceira posição. Neste

público, dos 4 aos 17 anos, os canais pagos tiveram um alcance diário médio de 60,2%, ou 593 mil pessoas por dia, e um tempo médio diário de audiência de 2 horas e 22 minutos.

alcance e tempo médio diário

Total canais pagos TNT SporTV Multishow AXN Globo News Universal Channel Warner Channel Discovery Telecine Premium National Geographic Sony SporTV2 Fox Cartoon Network GNT Telecine Pipoca HBO ESPN Telecine Action Nickelodeon

De 4 a 17 anos*

(Das 6h às 5h59)

Total canais pagos Cartoon Network Nickelodeon Discovery Kids Multishow Jetix Disney Channel TNT Boomerang SporTV AXN Discovery Universal Channel Telecine Premium Warner Channel Fox Telecine Pipoca Sony National Geographic SporTV2 People + Arts

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 56,4 2442,9 2:19:12 14,4 624,4 0:25:30 12,2 526,3 0:41:24 11,1 481,6 0:17:05 10,6 459,5 0:25:50 10,5 456,4 0:34:17 10,5 456,4 0:30:19 9,6 415,8 0:30:11 9,3 402,9 0:22:41 8,4 362,4 0:28:23 8,4 361,7 0:20:28 8,2 355,0 0:24:32 8,1 350,3 0:22:10 7,9 340,9 0:18:21 7,6 327,6 0:29:53 7,5 326,8 0:15:37 7,3 316,5 0:32:21 7,1 306,0 0:28:22 6,9 298,4 0:19:24 6,8 296,0 0:24:11 6,8 295,7 0:25:24

*Universo 4.325.400 indivíduos

*Universo 993.300 mil indivíduos

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(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 60,2 593,2 2:22:28 23,1 227,5 0:50:35 19,4 191,5 0:45:10 14,0 137,7 1:14:53 12,2 120,5 0:25:11 11,0 108,3 0:54:16 10,7 105,4 0:59:27 10,6 104,1 0:24:31 8,4 82,7 0:43:04 8,3 81,4 0:28:25 7,6 75,3 0:22:33 7,0 68,5 0:15:20 6,4 63,1 0:19:35 6,3 62,0 0:27:31 6,2 61,2 0:25:00 6,0 59,4 0:18:50 5,5 53,7 0:38:05 5,4 53,2 0:17:56 5,3 52,5 0:15:38 4,9 48,6 0:10:52 4,8 47,1 0:18:25

Fonte: Ibope Telereport - tabela minuto a minuto - abril/2006

Acima de 18 anos*


N達o disponivel


( regulamentação)

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

Instrumento reforçado Projeto de Lei propõe a criação de uma série de mecanismos de fomento para o setor do audiovisual e ainda incentiva a parceria da televisão com a produção independente e com o cinema.

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parceria da TV com o cinema e com a produção independente começa a reaparecer no horizonte. O governo federal encaminhou no dia 7 de junho ao Congresso um projeto de lei criado pelo Ministério da Cultura, pela Casa Civil e pelo Ministério da Fazenda, além da Ancine, que cria uma série de novos mecanismos de investimento no setor audiovisual. A princípio, o que se discutia era a prorrogação do Artigo 1º da Lei do Audiovisual, mecanismo que foi responsável pelo aporte de mais de 50% dos R$ 949,7 milhões que foram captados para a produção cinematográfica de 1995 a 2005. Embora alguns pregassem que o mecanismo fosse prorrogado sem grandes mudanças, o Ministério da Cultura e a Ancine optaram por enviar a prorrogação dentro de uma pacote de fomento para o setor. O projeto de lei foi enviado ao Congresso em regime de urgência constitucional, o que dá apenas quatro meses para seu trâmite. Fazem parte deste pacote a criação de um fundo para o audiovisual, que contará essencialmente com recursos advindos da Condecine; uma atualização significativa nos Funcines; a prorrogação da vigência do Artigo 1º; a inclusão do Artigo 1º-A na mesma lei, que substitui o incentivo previsto na Lei Rouanet e cuja vigência termina a partir de 2007; a inclusão na Lei do Audiovisual do Artigo 3º-A, criando um incentivo para que empresas de radiodifusão e programadoras nacionais de televisão por assinatura usem parte do imposto devido sobre a remessa de recursos enviados ao exterior na co-produção de obras brasileiras de produção independente. O ministro da Cultura, Gilberto Gil,

Medidas incluem novo fundo para o audiovisual e incentivos para a produção independente de TV.

em seu discurso no lançamento do projeto de lei, destacou o mecanismo como parte de uma estratégia de governo de tratar o audiovisual como atividade estratégica para o País. Para Gil, há uma tendência que aponta a comunicação como “o mais importante e rentável setor da economia mundial nas próximas décadas e o audiovisual como cabeça, como ponta de lança dessa nova realidade econômica”. Além de significar um aporte de recursos substancial para o audiovisual, o pacote se destaca também por praticamente acabar com um abismo que há na regulamentação de incentivos para os setores de cinema e produção independente de TV. Fundo setorial A principal novidade do pacote lançado pelo governo é o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que ficará sob o Fundo Nacional da Cultura e receberá o total dos recursos da Condecine. Além disso, o FSA receberá dotações consignadas no Orçamento Geral da União, créditos especiais, transferências e repasses que lhe 30

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forem conferidos; valores que forem recolhidos através dos Artigos 1º e 1º-A da Lei do Audiovisual, mas que não forem aplicados no prazo de 48 meses, e ainda valores que forem recolhidos através dos Artigos 3 º e 3 º-A, mas que não forem aplicados no prazo de 180 dias; os valores que forem recolhidos através do Artigo 39 da MP 2228-1, mas não aplicados em até 270 dias; o produto de rendimento de aplicações do próprio fundo; o produto da remuneração de recursos repassados aos agentes aplicadores, bem como de multas e juros decorrentes do descumprimento das normas de financiamento; doações, legados; recursos provenientes de acordos, convênios ou contratos celebrados com entidades, organismos ou empresas nacionais e internacionais; e outros que lhe vierem a ser destinados. O Fundo Setorial do Audiovisual será usado no fomento de empresas brasileiras que atuem nas áreas de distribuição, exibição e produção de obras audiovisuais, podendo ser usado inclusive na participação minoritária no capital de empresas que tenham como base o desenvolvimento audiovisual brasileiro. É importante destacar que os recursos do FSA não poderão ser utilizados para despesas de manutenção administrativa do Ministério da Cultura ou da Ancine. O fundo será aplicado por intermédio de investimentos retornáveis em projetos de desenvolvimento da atividade audiovisual e produção de obras audiovisuais brasileiras; por meio de empréstimos reembolsáveis; ou ainda por meio de valores nãoreembolsáveis em casos específicos. Os recursos serão usados ainda no Prodecine (destinado ao fomento de


Mecanismos de incentivo O projeto de lei prorroga os benefícios do Artigo 1º da Lei do Audiovisual até o exercício fiscal de 2010. O projeto cria ainda o Artigo 1º-A, que permite que, até 2016, os contribuintes poderão deduzir do imposto de renda devido as quantias referentes ao patrocínio à produção de obras cinematográficas brasileiras de produção independente. O Artigo 3º da Lei do Audiovisual também passa por mudanças. Trata-se do mecanismo de incentivo que permite que as distribuidoras invistam parte do imposto recolhido sobre a importação de filmes estrangeiros na co-produção de obra nacionais. No pé do artigo entrou um parágrafo único definindo que a pessoa jurídica responsável pela remessa das importâncias pagas, creditadas, empregadas ou remetidas

informações que, até então, nunca foram repassadas ao governo. O Artigo 11 do Projeto de Lei diz que “os exploradores de atividades audiovisuais deverão prestar informações à Ancine quanto aos contratos de co-produção, cessão de direitos de exploração comercial, exibição, veiculação, licenciamento, distribuição, comercialização, importação e exportação de obras audiovisuais, conforme normas expedidas pela Ancine”. Segundo fonte na Ancine, esta seria a única forma de viabilizar o Artigo 3º-A, que cria incentivos para que os canais de TV aberta e fechada invistam em produção nacional independente. Os dados citados no artigo proposto seriam fundamentais para fiscalizar se os recursos estão sendo aplicados dentro das regras do mecanismo de incentivo. Segundo o advogado Marcos Alberto Sant’Anna Bitelli, ao usar no texto “conforme normas expedidas pela Ancine”, o PL pode abrir uma brecha para que a agência tenha dados sigilosos, inerentes à competição no negócio televisão. Mas, além deste ponto, até mesmo os radiodifusores têm elogiado o mecanismo que incentiva a co-produção com produtores independentes. Mesmo assim, é claro que, caso a lei entre em vigor como está, haverá um longo tempo de adaptação no setor e a produção independente terá de trabalhar arduamente para mostrar sua competência junto aos canais, principalmente os abertos. Em conversas com TELA VIVA, um broadcaster destacou que as produções independentes deverão se aproximar mais às realidades da televisão tanto em forma quanto em qualidade. “Não podemos abrir as porteiras para a mediocridade”, disse a fonte. Outro radiodifusor, que tem um volume considerável de produções independentes ou terceirizadas em seu canal, afirmou que teve de contratar uma produtora estrangeira que atua no Brasil para ter um conteúdo de melhor qualidade.

aos contribuintes terá preferência na utilização dos recursos decorrentes do benefício fiscal. Em outras palavras, quem se beneficiará do mecanismo é o distribuidor que atua no Brasil e não mais a empresa internacional, que vendeu o filme. O PL cria ainda o Artigo 3º-A na Lei do Audiovisual, semelhante o Artigo 3º, mas voltado aos canais de televisão. Pela regra proposta, as emissoras de TV e os canais de TV por assinatura poderão beneficiarse de abatimento de 70% do imposto devido na compra de quaisquer obras audiovisuais ou eventos, mesmo os de foto: tela viva

projetos de produção independente, distribuição, comercialização e exibição por empresas brasileiras); no Prodav (destinado ao fomento de projetos de produção, programação, distribuição, comercialização e exibição de obras audiovisuais brasileiras de produção independente); e no Pró-Infra (destinado ao fomento de projetos de infra-estrutura técnica para a atividade cinematográfica e audiovisual). Será constituído um comitê gestor dos recursos, com a finalidade de estabelecer as diretrizes gerais e definir o plano anual de investimentos, acompanhar a implementação das ações e avaliar, anualmente, os resultados alcançados. O comitê será constituído por representantes do Ministério da Cultura, da Ancine, das instituições financeiras credenciadas e do setor audiovisual. Este ponto do PL gerou reclamações, baseadas no argumento de que já existe o Conselho Superior de Cinema, que poderia assumir a função. Para o presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Paulo Boccato, a criação de novo comitê é correta, visto que o Conselho é um formulador de políticas públicas, não um executor.

Gil: comunicação será a ponta de lança da economia nas próximas décadas.

competições desportivas das quais faça parte representação brasileira, desde que invistam no desenvolvimento de projetos de produção de obras cinematográficas brasileira de longa-metragem de produção independente e na co-produção de obras cinematográficas e videofonográficas brasileiras de produção independente de curta, média e longas-metragens, documentários, telefilmes e minisséries. Fiscalização É claro que a polêmica no projeto de lei não lembra, nem vagamente, o barulho causado pela antiga proposta de criação da Ancinav. Os únicos pontos que, até o fechamento desta edição, haviam causado alguma reação negativa são aqueles que cobram do setor T ela

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( making of )

Lizandra de Almeida

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Games na vida real fotos: divulgação

se aproxima do rosto da mulher até ficar em plano bem fechado, e entram os letterings: “Load games not guns (carregue jogos, não armas)”. Segundo a agência, a frase vem em inglês por ser a língua dos videogames. O filme mescla as imagens virtuais do cenário com cenas filmadas dos atores, em fundo de recorte. A mão do assaltante que aparece em primeiro plano e a mulher que atravessa a rua são reais, mas as imagens foram trabalhadas em computador para ficarem mais parecidas com o visual do jogo. “Usamos um sistema de captura de iluminação real no estúdio em que foram gravadas as cenas com atores, para usar como referência no cenário virtual. Pensamos numa luz de fim de tarde. Isso ajudou a aumentar o realismo na hora de compor os atores com o cenário”, explica o diretor de animação Luiz Felippe Santos Cavalcanti. “Precisamos usar também um sistema de tracking na câmera para igualar o movimento captado com o movimento da ‘câmera’ 3D. ”

Ambientes foram recriados em 3D para dar ao filme um look de videogame.

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lan house Monkey, que tem filiais em todo o Brasil e também no México, está estreando sua primeira campanha de televisão com um filme contra a violência. Diante da polêmica da violência dos games, a agência QG criou um filme que imita o videogame para separar bem a violência da vida real da violência dos jogos. “O videogame imita a vida real e aqui tentamos fazer a vida real imitar o game”, diz Tchelo Nogueira, um dos criadores do filme. “Estamos vivendo uma época em que novos hábitos se incorporam à vida das

pessoas, e fingir que não estamos vendo estas transformações não nos isenta. Provocar o debate obrigando as pessoas a se posicionar chama a atenção para o verdadeiro problema: a violência urbana”, conclui Sérgio Lopes, diretor de criação da agência. Em um cenário urbano construído todo em 3D, típico de uma grande cidade, um assaltante percorre várias ruas até deparar com uma mulher. Assim como nos games, vemos tudo a partir da perspectiva do assaltante, só enxergando sua mão armada com um revólver. Quando o assaltante encontra com a mulher, dispara a arma. A imagem 32

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ficha técnica

Cliente Monkey Franquias Produto Institucional Agência QG Comunicação Direção de Sérgio Lopes e Paulo criação André Bioni Criação Tchelo Nogueira Produtora de Comunica Filmes imagem Direção Kahuê Rozzi Produtora de Inutilia Truncat 3D animação Diretor de Luiz Felippe Santos animação Cavalcanti Trilha In Sonoris Pós-produção Comunica Filmes


Seguros com bom humor

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ois filmes integram a nova e bem-humorada campanha dos seguros de vida Bradesco, com o mote “as coisas acontecem quando você menos espera”. No primeiro, um motociclista vem por uma estrada sinuosa em sua Harley Davidson, mascando um chiclete cor-de-rosa e fazendo bolas enormes. Até que uma bola estoura e cobre seu rosto. Ele perde a direção e entra em um túnel, de onde só se ouve o ruído da queda. O segundo mostra um grande incêndio florestal, e helicópteros coletando água com caçambas gigantes do mar para jogar sobre as árvores em chamas. Numa dessas coletas, um turista que está mergulhando é coletado junto com a água, e depois despejado sobre o incêndio. A equipe de criação se inspirou em sites da Internet para desenvolver os roteiros. “O tema de seguros de vida é sempre meio árido, mas resolvemos usar o humor para suavizar um pouco. A história do motociclista é real, encontramos na Internet notícias sobre isso, enquanto a do incêndio é uma lenda que também corre pela Internet”, conta Patrícia Leme, que assina a criação dos filmes. No filme do motociclista, o desafio começou na escolha do casting e de um dublê. “Precisávamos de um dublê que soubesse andar bem de moto e cair. Mas havia muito poucas pessoas acostumadas com a Harley Davidson, até porque ela também é uma moto mais estável, mais difícil de desequili­ brar”, explica o diretor de atendimento da Cine, Waldemar Tamagno. “Depois disso, tivemos que encontrar um ator que andasse de moto.” Resolvido o problema do casting, a produtora sugeriu a idéia de o acidente acontecer dentro de um túnel. “A idéia inicial era que o motociclista caísse de um precipício,

O filme do incêndio, por sua vez, foi baseado principalmente em imagens de arquivo. A produtora fez uma pesquisa internacional em bancos de imagem para conseguir as cenas dos helicópteros e do incêndio. “No Brasil, esse método não é usado. Então procuramos em bancos de imagens e corpos de bombeiros no exterior, mas não encontramos nada. Aí nossa produtora em Miami começou a pesquisar em emissoras de televisão e foi onde conseguimos os helicópteros com as caçambas.” A cena em que o mergulhador é “pescado” pela caçamba, porém, foi mais trabalhosa do que se pode imaginar. “Fizemos em uma piscina enorme, no Rio de Janeiro, para ter maior controle. Cenografamos a piscina com elementos do mar e criamos uma caçamba igual à das imagens de arquivo, que foi instalada em uma traquitana que simulava o movimento do helicóptero e pescava o mergulhador”, explica. “Apesar de 70% do filme ter sido feito com imagens de arquivo, esta foi a parte mais complicada.”

A bola do chiclete foi trabalhada em CGI para dar o efeito desejado.

mas o diretor achou que seria mais difícil de parecer real. Então sugeriu o túnel”, diz Waldemar. O filme foi ambientado na Via Anchieta, estrada que liga São Paulo a Santos e que tem vários túneis. “Praticamente a metade do filme foi feita com a moto em cima de um pranchão”, continua. “A moto e o ator eram rebocados e o diretor ficava na frente, num cameracar, ao lado da câmera.” A cena em que o chiclete estoura na cara do ator foi feita ao vivo, com uma goma especial, mas precisou de um reforço de computação gráfica, já que o resultado não demonstrava que o motociclista realmente pudesse ser atrapalhado pelo chiclete. “Era um trabalho muito difícil, e precisamos de mais quatro dias de computação gráfica na Digital 21 para conseguir o resultado esperado”, completa.

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ficha técnica Agência Neogama BBH Publicidade Título Motociclista / Helicóptero Cliente Bradesco Vida e Previdência S.A Produto Seguro de Vida Dir. de Criação Alexandre Gama Criação Patricia Leme Produtora Cine Direção Clovis Mello Dir. de Fotografia Claudio Leone Atend. Produtora Patricia Lottito/ Waldemar Tamagno Montagem/Edição João Branco / Clovis Mello Trilha Tesis Pós-produção Digital 21

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( cinema)

Daniele Frederico

d a n i e l e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Negócio da Índia Produtora brasileira prepara-se para a primeira co-produção com o gigante asiático; diferenças vão além da cultura e atingem o formato de negócios. o leva a Goa, na Índia, de onde seu avô saiu em 1961, após a libertação do estado de Portugal. É nesse lugar que Flávio vai encontrar, além de uma jornada amorosa, as suas raízes familiares. O nome do filme, “Tamarindo”, justifica-se a partir de uma tradição indiana, segundo a qual, quando um parente deixa a sua casa, deve-se plantar uma árvore para ele. Assim, quando o avô de Flávio deixa Goa, é plantado um tamarindeiro. Ao chegar no local, o brasileiro reconhece a árvore, que até então só conhecia por meio de uma foto antiga.

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ealizar uma co-produção com a maior indústria de cinema do mundo não é tarefa fácil. Prazos enlouquecedores, planilhas inimagináveis e infinitas diferenças culturais fazem de uma co-produção internacional um desafio e uma grafiticante experiência. A produtora brasileira Ana Cristina Costa e Silva, da Dharma Filmes, de Brasília, tem vivenciado exatamente esse choque de cultura e de formato de negócios ao realizar a primeira co-produção BrasilÍndia de um longa-metragem. A história começou quando o distribuidor Helder Dacosta, da Tropical Storm Entertainment, trouxe para o Brasil a idéia de co-produzir o filme “Tamarindo”, do diretor e roteirista indiano Indranil Chakravarty, que seria ambientado em parte no Brasil e teria personagens brasileiros. Dacosta encontrou na Dharma Filmes a produtora que procurava e em seguida surgiu uma parceria com a Tristana Films, produtora de Chakravarty. A união dos dois países foi um passo grande não só para o Brasil, que

realiza a sua primeira co-produção com essa que é a maior indústria cinematográfica do mundo em volume de produção, mas também para a Índia, cujo mercado cinematográfico é voltado principalmente para o consumo interno, com poucas exportações. Ainda que a exibição aconteça também nos países produtores, o foco principal é o mercado internacional. Ana Cristina acredita que ainda que este seja um projeto arriscado na Índia — já que não se sabe como a audiência será impactada, visto que não é um filme para o circuito comercial

a principal dificuldade foi aliar as expectativas dos investidores indianos ao modelo de captação brasileiro. — há grandes oportunidades no mercado mundial. “Os estrangeiros vão se interessar pela mistura de dois países considerados exóticos no mesmo filme”, diz a produtora. A proposta do filme é mostrar a história de três gerações de uma mesma família, a partir da jornada de Flávio Noronha, brasileiro que parte em busca do pai que nunca conheceu. A árvore genealógica 34

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Choque O projeto teve início em 2000, com uma bolsa para a pesquisa preparatória do roteiro da India Foundation for the Arts (Ifa), braço indiano da Fundação Ford. Em 2001, a Fundação Oriente, baseada em Portugal, concedeu uma bolsa para a pesquisa de aspectos históricos da obra. A importância das cenas brasileiras no filme fez com que os produtores buscassem uma reformulação do roteiro, que havia sido trabalhado pelo diretor indiano durante três anos, em colaboração com o autor Damodar Mauzo, de Goa. O roteirista Felipe Berlim foi contratado para a tarefa de corrigir e melhorar os aspectos brasileiros da história. Segundo Ana Cristina, as mudanças foram para que os espectadores brasileiros pudessem identificar-se mais com a história. “Apesar do conhecimento de Chakravarty sobre o País, ele considerou, por exemplo, que uma mulher separada do marido e com um filho era uma cena aceitável nos anos 80, em uma cidade do interior do Brasil, mas na verdade não éramos tão liberais assim”, diz a produtora.

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( cinema) apertados. “No Brasil, podemos arriscar ter uma linguagem mais transgressora, porque o filme é subsidiado, não tem o compromisso de dar lucro”, diz Ana Cristina. Segundo a produtora, na Índia é necessário ter um olhar um pouco mais comercial, já que é necessário dar retorno ao investidor. “Bollywood já tem uma fórmula conhecida e garantida. São filmes com três horas de duração que se baseiam no “star system” e na trajetória de um homem. É uma fórmula que funciona na Índia, e qualquer coisa que foto: Marcelo kahn

As cenas do brasileiro recémchegado na Índia também foram modificadas, já que o roteiro, escrito por um indiano, não previa o choque cultural sentido pelo personagem ao chegar a um lugar tão diferente de tudo o que conhecia. Parte dessas diferenças foi apontada por Ana Cristina que, ao visitar o país, percebeu elementos que poderiam ser incorporados ao filme, como a questão do trânsito na Índia, as suas cores e os seus sons, estranhos aos brasileiros. “O indiano não se vê exótico, mas nós o vemos dessa maneira”, afirma. Essas diferenças culturais também fizeram com que a idéia de filmar todas as cenas em inglês cedesse lugar a uma história contada em três línguas: português, inglês e konkani, a língua nativa de Goa. O projeto prevê filmagens em três locações: Goa, na Índia, e Cidade de Goiás e Rio de Janeiro, no Brasil. Em Goiás, serão gravadas todas as cenas em flashback do personagem, já que o diretor indiano ficou encantado com a cidade histórica, e os produtores brasileiros adoraram a idéia de filmar em casa, já que a Dharma está localizada em Brasília. Em cada país será utilizada uma equipe técnica local, com exceção do diretor de fotografia, que será o indiano Ranjan Palit. Grande parte do elenco também será brasileiro. Atores como Reynaldo Gianecchini e Sônia Braga estão interessados no projeto.

Helder da Costa e Ana Cristina Costa e Silva: aposta em distribuição no mercado internacional.

fuja disso assusta os investidores”, diz. Assim, quando a produtora chegou à Índia com o projeto de um filme de arte e começou a procurar por investidores percebeu as primeiras diferenças em relação à maneira de fazer cinema no Brasil. Enquanto ela perguntava a eles se tinham interesse em ler o roteiro, saber como seria a história, eles diziam que queriam inicialmente ver o plano de negócios, com estimativas de lucro do filme no mercado nacional e internacional. Embora não soubesse exatamente como fazer esse “business plan”, Ana Cristina compreendeu que para eles era importante ter uma perspectiva comercial. Após a entrega desse plano, ela perguntou novamente se eles gostariam de ver o roteiro. Mais uma vez, a resposta foi negativa. Antes de qualquer coisa, era necessário uma planilha de financiamento, com as estratégias de captação de recursos para produção. Terminadas as dúvidas sobre o financiamento, eles ainda quiseram ver o “recovery plan”, para saber como seria o reembolso do recurso investido. Com tudo isso apresentado, ainda faltava o cronograma, para definir exatamente quando o filme ficaria pronto e quando

Negócio Nem só de choques culturais sofreu a produtora brasileira. Ana Cristina teve também de aprender como acontece a busca por financiamento na Índia e adequar-se aos prazos de produção, já que no Brasil tudo acontece de maneira muito diferente e com o amparo do governo. A principal diferença entre o cinema brasileiro e indiano é que aqui o cinema é subsidiado, enquanto na Índia, existe uma indústria estabelecida na qual os produtores têm de buscar investidores para o seu filme, além de obedecer a prazos 36

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seria exibido. Segundo Ana Cristina, os filmes indianos ficam prontos em seis meses, em média. Esses prazos apertados e a pressão por garantias de retorno do investimento se devem ao fato dos investidores pagarem juros altos pelo empréstimo do dinheiro nos bancos. “Estou fazendo todos esses processos novos seguindo o meu instinto, pois é um mercado totalmente diferente do nosso. Acho que o único mercado que pode ser comparado com a Índia em termos de competição é o de Hollywood, e mesmo assim, sem a emergência característica dos indianos”, compara Ana Cristina. A produtora acredita ainda que a mistura dos dois países, por mais estranha que pareça, só tem a ensinar, especialmente sobre a autosustentabilidade de uma indústria de cinema. “Aqui, temos a preocupação com o conteúdo, com o roteiro, além de um olhar ocidental que ajuda o filme a se internacionalizar. Eles, em contrapartida, nos ‘puxam’ para a realidade de indústria, que desconhecemos aqui”, diz. Com custo total de US$ 1,2 milhão, o filme já garantiu 50% do dinheiro com um investidor indiano, enquanto a outra metade dos custos depende da captação a partir das leis de incentivo brasileiras. A aprovação da Ancine para a captação de cerca de US$ 600 mil (R$ 1.365.743) para “Tamarindo”, no entanto, não garantiu o início da produção aqui ou mesmo na Índia. Embora as filmagens estejam marcadas para ter início em outubro e os investimentos estrangeiros estejam garantidos, a produção em Goa, que corresponde a 30 dias de filmagem (no Brasil serão 15 dias), não pode ser iniciada antes da resolução da questão do financiamento brasileiro. “O investidor indiano não vai colocar o dinheiro dele na produção enquanto não tivermos a nossa parte do dinheiro na conta”, diz Ana Cristina. “Esse é o nosso grande empecilho. Superamos todas as diferenças culturais e entendemos a produção deles, mas ainda somos muito dependentes nesse sentido”, conclui a produtora.


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Do ABC para o Brasil Com publicidade de varejo e jornalismo local, a TV+ABC conquista o seu lugar na região e expande formato para outras praças. foto: daniele frederico

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anto para a publicidade de varejo quanto para o jornalismo, o meu negócio é falar da esquina, não da China”. A declaração do publicitário Carlos Carreiras explica, em parte, o propósito do único canal de televisão voltado exclusivamente para os espectadores do Grande ABC paulista, que tem na publicidade local a sua força motora e no jornalismo a sua principal atração. Carreiras percebeu, ao mudar-se para o Grande ABC, que a região era muito peculiar em alguns aspectos. Primeiro, por ser um lugar onde a TV por assinatura tem grande penetração. A Vivax, a única operadora de cabo da região, conta com cerca de 104 mil assinantes (somente nas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá), majoritariamente das classes A e B. Além disso, essa é uma região onde os comerciantes locais têm dificuldade em colocar a sua publicidade na televisão, uma vez que é muito caro anunciar para toda a região metropolitana de São Paulo e não há possibilidade de veiculação específica para o ABC. Diante desse panorama, Carreiras, publicitário há 16 anos, viu a possibilidade de criar uma televisão para o ABC, totalmente baseada no modelo de publicidade de varejo. A idéia era fazer um canal com 24 horas de breaks comerciais de varejo, produzidos pela própria TV, com a presença dos apresentadores no estabelecimento apresentando os produtos e as ofertas, e com custos de veiculação acessíveis ao comerciante local — nesse modelo, a produção não é cobrada. Carreiras, que é dono da Parceria Publicidade e da Parceria

“Show+”: programa jornalístico de variedades é o mais assistido do canal; 75% do público considera a programação ótima ou boa.

Produções, em São Paulo, pensou inicial­ mente apenas na publicidade, sem levar em conta a possibilidade de fazer programas locais. “Não montei o canal pensando em programação, pois não se ganha dinheiro com isso. A programação serve para dar um tempero à grade do canal”, diz. Assim, em setembro de 2002, ele alugou um canal da Vivax e lançou a TV+ ABC, com um investimento inicial de US$ 2 milhões, feitos a partir de sua agência em São Paulo. O empresário escolheu o canal 8 para colocar a sua TV, devido à sua posição no line-up. “Neste canal, estamos entre duas emissoras importantes, a Record e a Rede TV!, ou seja, somos passagem obrigatória para quem está zapeando”, diz. Além disso, o canal está em todos os pacotes da operadora, a partir do básico. “Estamos do ‘gato’ ao Premium”, brinca. Com um mês no ar, porém, Carreiras percebeu que a região era carente não apenas de publicidade televisiva focada em si mesma, mas também de jornalismo de TV regional. A partir dessa constatação, começou a fazer experiências 38

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com repórteres free-lancers e, em dezembro, estreou três edições de jornais locais: o “J+ 1ª Edição”, às 19h, o “Esporte +”, às 19h30, e “J+ 2ª Edição”, às 23h30. O horário nobre do canal permaneceu exibindo a publicidade de varejo. A estrutura, até então constituída por um estúdio montado dentro de um prédio comercial, que ocupava 35 m2, passou a ocupar um espaço de 700 m2, após três meses do lançamento do canal. O investimento em equipamento também foi grande, com a compra de exibidores digitais, câmeras e outros produtos para o uso no jornalismo. “Tive que comprar switcher, câmeras e tripés, além de contratar equipes. O jornalismo me obrigou a crescer”, conta. Inicialmente, os jornais contavam com três câmeras de estúdio, dois TPs e uma equipe de produção de 25 pessoas. Hoje, são dois estúdios, capacidade para ter até oito câmeras ao vivo e seis ilhas de edição no total.


Sucesso do varejo Segundo Carreiras, a resposta à programação pode ser percebida pelo número de ligações recebidas durante programas como o “Show+”, que propõe a discussão de temas variados com especialistas e com a participação do público por telefone. “Nosso portal de voz chega a receber até 1,5 mil ligações durante as duas horas do ‘Show+’, o que é mais de 1% da base de

assinantes da Vivax na região”, declara. em média R$ 8 mil, com direito a oito A popularidade do canal também pode inserções diárias de 1’30’’. Essa situação ser percebida pela pesquisa encomendada levou o publicitário ao aluguel do canal do Ibope Mídia, que mostra a satisfação 10 da Vivax, em 2005. O aluguel de cada dos telespectadores com a programação. canal é de R$ 220 mil ao mês. De acordo com a pesquisa, 65,45% dos Os breaks, antes feitos pela TV, assinantes Vivax assistem a TV+ ABC, ainda foram terceirizados e hoje são feitos que de vez em quando, sendo que desses, pela produtora Casa de Idéias, no 75% considera a sua programação ótima ABC, sendo que a TV+ continua ou boa. Quanto à pergunta sobre os canais responsável pela pós-produção. A de TV paga assistidos nos 30 dias anteriores opção pela terceirização se deu pelo à pesquisa, 100% respondeu que assistiu a volume de comerciais produzidos. TV+. Em relação à freqüência, 37% diz assistir Todas as semanas, o comercial de cada frequentemente o canal, enquanto 42% o cliente é gravado novamente, com assistem “às vezes”. um apresentador diferente daquele A popularidade tem a que fez o anterior, com o ver com o caráter regional da objetivo de mostrar que o programação e do varejo, já conteúdo está atualizado. que, segundo Carreiras, até Hoje, são produzidos, em os comerciais são assistidos média, 5,5 mil comerciais como entretenimento. “Os por mês para serem espectadores vêem as pessoas veiculados tanto no canal 8, e os estabelecimento que quando no 10. Faz parte da conhecem na tela”, diz. expansão abrir espaço para Para evitar que os investidores e contratar um anunciantes da capital entrem presidente para os canais, na programação regional em breve. e façam com que o varejo A expansão da Rede “Se não fosse o local perca a sua força, a TV+, no entanto, não se jornalismo, não teria resume à aquisição de TV+ pratica uma espécie o poder que tenho outro canal, terceirização de protecionismo. “Se eu percebo que um anunciante hoje na região.” da produção e Carlos Carreiras, da Rede TV+ reformulações em sua grande de São Paulo quer anunciar aqui somente para administração. Carreiras se aproveitar do preço de varejo, aumento quer também aproveitar o bom o valor e dificulto ao máximo para que ele relacionamento com a Vivax e levar o desista de anunciar”, afirma Carreiras. O que seu modelo de publicidade regional alguns anunciantes como as concessionárias para outros mercados atendidos pela de automóveis têm feito é utilizar a verba operadora, localizados basicamente cooperada, assim podem dividir os seus no interior de São Paulo. Ele pretende custos com a matriz. arrendar espaços em canais abertos, Além do modelo de varejo, a TV+ veicula assim como fez em Curitiba (leia box). comerciais trazidos pelos anunciantes em No momento, ele avalia colocar o seu breaks tradicionais. Quando os comerciais módulo de varejo em Brasília e Vitória. exigem um pouco mais de elaboração, são “Por mais que pareça estranho, estou feitos pela Parceria Publicidade. “Acabamos montando uma rede de TVs regionais”, por ter comerciais dos comerciais, já que o afirma Carreiras. nosso módulo de varejo não é separado em Além da TV+ABC e da TV+Curitiba, programas”, diz Carreiras. ele faz a comercialização e produção O crescimento da programação e o de 21 horas de breaks de varejo no crescente interesse dos anunciantes locais canal Mix TV, das 21h às 18h do dia pela publicidade de varejo, fez com que a seguinte. “Sou um dos maiores com­ grade do canal 8 ficasse lotada. Para atender à pradores de horas de TV no Brasil”, procura dos anunciantes, Carreiras precisaria conclui o publicitário. elevar o preço dos breaks, que hoje custam Daniele Frederico foto: divulgação

No jornalismo é utilizado o padrão DV, e no varejo o DVCam. A equipe também cresceu e conta hoje com cerca de 70 pessoas, sendo oito equipes de reportagem na rua, com câmeras Sony DSR-PD170. “Se não fosse o jornalismo, eu ainda estaria naquela salinha onde comecei a TV+. Estaria ganhando dinheiro do mesmo jeito, mas não teria o poder que eu tenho hoje na região”, acredita o publicitário. Em relação à linha editorial, o que se buscou, segundo Carreiras, foi mostrar a região de forma diferente do que as emissoras normalmente fazem. “Nosso objetivo não é mostrar a crimi­nalidade da região, por exemplo, mas trabalhar para a prestação de serviços. Não vou colocar um repórter para fazer a cobertura de um assas­sinato, mas se houver um buraco na rua incomo­ dando os moradores, certa­mente cobraremos providências”, compara. Hoje, além dos jornais, o canal conta também com programas de debates esportivos, de discussão de temas atuais e variados, religiosos, e boletins de serviços, totalizando cerca de 5h30 de programação, de segunda a sexta. Até mesmo programas religiosos e de caráter de auto-ajuda são feitos pelo próprio canal. “Não alugo o horário para ninguém”, diz Carreiras. Em alguns domingos, há transmissão de jogos de futebol dos times da região. O canal enviou até mesmo uma equipe de três pessoas para cobrir a Copa do Mundo na Alemanha. Um repórter, um câmera e um assistente estão produzindo dois boletins diários, além de fazer algumas entradas durante os noticiários do canal. A transmissão do material é feita via FTP.

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Carlos Monteiro

c a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

Natural da Amazônia

Amazonsat digitaliza o sinal no satélite e aposta na força regional para comercializar sua programação.

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região norte do Brasil não é a mesma há um bom tempo. Na verdade, depois da cobertura via satélite sob as asas da Embratel, no início da década de 1980, muita coisa mudou pelas bandas da região amazônica. Também sintonizado pela parabólica, o canal de televisão Amazonsat, criado em 1993, está passando por ajustes e investimentos. Segundo o gerente geral da Rede Amazônica (são dez empresas que compõem o grupo), Phelippe Daou Jr., a partir de 15 de julho o sinal do satélite será codificado. Sai o sinal analógico e entra o digital, ao custo mensal de aproximadamente R$ 50 mil para a emissora. Daou Jr. explica que esse avanço é necessário para atender exigências de mercado e estar preparado para novas convergências, inclusive com a distribuição de conteúdo pelo celular. Esse projeto já está sendo estudado pela empresa, com sede em Manaus. Atualmente o sinal é disponibilizado pela parabólica e sem custos para diversas operadoras

de TV paga pelo Brasil. Depois de julho, a operadora que tiver interesse em ofertar o canal terá que pagar. “Fazer televisão custa caro. Investimos muito e agora o canal está se tornando viável por conta da regionalização”, diz o gerente geral. Mesmo com a cobrança, a população do estados do Norte do Brasil não deve ficar sem o canal em sinal UHF e VHF. Cerca de 46 cidades dos estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Amapá e Roraima têm repetidoras em sinal aberto. O grupo busca junto ao Ministério das Comunicações cerca de 200 autorizações de retransmissoras na região, o que reforça a tese de investir no regional e “quem sabe futuramente ter uma geradora em cada capital onde já estamos”, completa Daou Jr. O canal cresceu de forma tão considerável que já tem base fora da região Norte. Uma equipe, composta por doze profissionais, entre técnicos, jornalistas e executivos, está instalada em Brasília. “Aqui na sucursal de Brasília mantemos um uplink que gera material de interesse da Amazônia para as diversas emissoras de rádio e TV do grupo”, diz Raimundo Moreira, diretor da Rede Amazônica na capital federal. O material de interesse a que se refere Moreira são 40

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basicamente informações geradas no Congresso Nacional. Outro nicho em que o canal investe está fora do Brasil. Tem parceria com um portal especializado em televisão, o jumptv.com, do Canadá. O acesso ao conteúdo desse portal é cobrado. Mesmo sendo uma empresa integrante da Rede Amazônica (que retransmite a TV Globo em boa parte da região Norte), o Amazonsat deixa claro que não existe conflito com a parceira Globo. O canal é independente, inclusive com registro próprio. O conteúdo busca ter a linguagem peculiar das comunidades da região em que se faz presente. Isso fica claro na grade de programas. O que antes era um canal que só mostrava intermináveis clipes de rios e florestas, hoje exibe uma programação variada com a autêntica cara da Amazônia. São cerca de vinte e três programas que mostram desde jornalismo até literatura, aos “Sabores da Amazônia”, passando pelo “Gente do Norte” até o “Qualeh?!”, que fala a linguagem do jovem amazônida. A música regional é valorizada no


foto: Divulgação

programa “Tribos Sat” que apresenta clipes e shows dos cantores regionais, além de acústicos com os principais intérpretes da Região Norte. O departamento comercial reforça a estratégia de que cada programa deve ter características próprias da região. É explícita a proposta de associar a marca de anunciantes a grife “Amazônia”, relacionando marcas a ações ecologicamente corretas. “Nosso foco é bastante regional”, diz Josana Andrade, executiva de vendas do Amazonsat. Ganha o povo da Amazônia que se vê retratado com a proximidade, quase impossível, das grandes redes nacionais. Josana também destaca que os valores dos anúncios são bastante atrativos. A organização das tabelas de horários

Anunciar em

VOC  PODE

“Agora o canal está se tornando viável devido à regionalização.” Phelippe Daou Jr, da Rede Amazônia

e valores é simples. Um anúncio de 30” tem apenas três valores fixos: R$ 140 da meia-noite ao meio-dia; R$ 244 de meio-dia às 18h00 e R$ 314 das 18h00 à meia-noite. E o Amazonsat parece saber para qual público está falando. Três formatos de programas são comuns e fazem sucesso, que se reverte em audiência. São programas de auditório, esporte e colunismo social. É comum, apresentadores do canal destacarem que a programação cobre todo o Brasil e parte de países vizinhos. Alguns chegam a mandar abraços, beijos e agradecem a audiência pelo Brasil afora. Essa realidade aquece o mercado. As agências sabem disso e estão sempre desenvolvendo planos de mídia

Tela Viva.

específicos para o público atingido por esse tipo de emissora. Nos dias atuais é impossível se falar em novos negócios da comunicação sem levar em conta o potencial da região Norte do país. O eixo Sul-Sudeste já oferece infra-estrutura de sobra. O Nordeste movimenta, de forma sazonal, vários grupos de comunicação que investem em festas populares, como o Carnaval, micaretas (carnaval fora de época) e festas juninas. De alguma forma, os grandes grupos de mídia do nordeste estão na linha de frente desses eventos. Procuram atrelar a marca do evento com a marca do grupo. E a região Norte? O Amazonsat, por ser um canal temático da Amazônia pode se tornar uma ferramenta estratégica de comunicação segmentada na população que ainda está acostumada a consumir o sotaque e parte de informações do eixo Rio-São Paulo. É esperar e assistir; ainda que pela parabólica, operadoras de TV ou pela Internet.

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Plataforma das cores A Da Vinci lançou na NAB 2006, que aconteceu em abril deste ano, uma série de atualizações e novas soluções para os profissionais de correção de cores.

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fotos: Divulgação

universo de finalização também ganhou atualizações na última NAB, que aconteceu em abril, em Las Vegas. As soluções para correção de cores vêm ganhando atualizações e novas soluções em um ritmo só visto antes nas soluções de edição não-linear. A Da Vinci Systems mostrou no evento a mais nova versão no sistema de otimi­zação de cores não-linear Resolve, que conta agora com novos recursos, aper­feiçoando a flexibilidade e o desem­ penho do produto, além de novos controles de velocidade. A versão 3.2 do Resolve traz ferramentas otimiza­das para manipular cores em10-bit e gravação de log em tempo real. A solução ganhou ainda a ferramenta Polygon Windows, que permite que os coloristas gerem áreas isoladas, de até 110 pontos, do restante do quadro. Isto permite que os artistas desenhem diferentes texturas sobre áreas específicas do quadro, permitindo um trabalho mais criativo para o colorista. Estas janelas podem ser rastreadas para que se repitam a cada quadro. O Resolve 3.2 também suporta o sistema de gerenciamento de cores Cinespace, que remove o “trabalho de adivinhação” ao trabalhar com imagens de filme, mostrarando o resultado final em tempo real. A solução está disponível em três diferentes configurações, escaláveis em desempenho e preço.

A Da Vinci 2K ganha um telecine virtual. Abaixo, veja o resultado do uso do novo otimizador Resolve.

Telecine simulado Outra novidade da empresa especializada em produtos para correção de cores é o Splice, um novo produto que cria um telecine 42

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virtual para as mesas Da Vinci 2K e Da Vinci 2K Plus, dando aos usuários os benefícios de operar em tempo real nos controles de telecine tradicionais (pan, tilt, zoom e rotação), mas em um ambiente não-linear. O Splice usa tecnologias desenvolvidas para a suíte de masterização Resolve para permitir que os usuários das mesas Da Vinci 2K/2K Plus aumentem os benefícios de seu investimento. A empresa vê o novo produto como a solução para coloristas que queiram ter acesso ao universo não-linear, mas ainda precisam controlar os dispositivos comumente encontrados na suíte do telecine. Usando o acelerador de processamento de imagens Transformer, que permite redimensionar e rotacionar em tempo real, o Splice permite que os coloristas transformem, arranjem, e entreguem imagens em qualquer ordem e em tempo real. Operacionalmente, o Splice funciona como um novo dispositivo no painel 2K e proporciona aos operadores os mesmos tipos de controles que seriam encontrados em um ambiente de telecine. A solução é compatível com outras soluções da fabricante, incluindo interfaces locais e SAN para as redes de armazenamento ADIC e SGI CXFS. Agora, com o material previamente armazenado, como conteúdo escaneado 2K, os coloristas têm acesso a qualquer material, em qualquer ordem, também ajudando a resolver a “adivinhação” necessária ao trabalhar em tape-to-tape ou em ambientes telecine. Como não é mais necessário esperar a saída do filme ou da fita, as empresas finalizadoras podem aperfeiçoar o tempo dos coloristas.


Multi-bandeira Harris vai à sua primeira NAB após a aquisição da Leitch.

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Harris apresentou na NAB 2006 uma série de produtos dentro de suas várias bandeiras (Leitch, recém adquirida, Videotek e a própria Harris). Tratase da primeira NAB da Harris após a compra da Leitch e a fabricante mostra que já integrou as linhas de produtos de suas várias unidades. Um dos lançamentos foi o Nexio XS, um sistema modular de servidores de transmissão que oferece suporte integrado a standard e high-definition (SD/HD) e codecs com uma extensiva gama de compressão e formatos, além de playout em DV/MPEG, tudo em uma única caixa de três RUs. Trata-se da mais nova integrante da plataforma Leitch Nexio, que conta com aplicativos de edição integrados e drives acessáveis pelo painel frontal. O sistema modular permite que broadcasters gerenciem o conteúdo SD e HD desde a ingestão até a exibição do material. O Nexio XS não precisa de codificadores ou decodificadores externos ou mesmo soluções de edição de terceiros. Além disso, a tecnologia baseada no uso de um único software de codificação permite adicionar uma nova compressão ao sistema através de um simples upgrade de software. A solução conecta-se à SAN automaticamente, proporcionando uma infra-estrutura completa para produção, processamento, distribuição e gerenciamento. O playout, em múltiplos formatos, se dá a partir de uma única timeline e conta com suporte a Long GOP MPEG2 em resoluções SD e HD, DV25, DV50 e IMX. Escalável, o servidor Nexio XS pode usar de dois até mais de cem canais, armazenar milhares de

Acima e ao lado, o novo Nexio XS, servidor de transmissão que conta com I/Os para SD e HD. Abaixo, o novo X75, conversor e sincronizador compatível MPEG-4.

horas de conteúdo e transmitir em bandas de centenas de Mbps. Para adicionar a capacidade de trabalhar em HD em um Nexio existente, basta adicionar o novo servidor à rede usando conexão Fibre Channel.

proporcionando uma resolução padronizada para todo o conteúdo. Além disso, o novo opcional V2A permite testar, com precisão de milisegundos, e corrigir o alinhamento de vídeo e áudio, corrigindo assim erros de sincronismo. Outra novidade da fabricante é o analisador de sinal multi-formato Videotek TVM-840. Além do novo modelo, a Harris apresentou uma série de opcionais para os instrumentos da linha TVM e VTM já existentes. Entre eles estão a análise de dados MPEG e o uso de miniaturas de múltiplas imagens. O TVM-840 é construído sob a mesma plataforma de seu antecessores (TVM-950, TVM-900 e TVM-850), com funções básicas como monitoração de waveform, vectorscope, monitor de áudio, imagem e tempo.

Conversão A Harris demonstrou ainda na NAB novos recursos para o Leitch X75 MPATH Multiple Path Up/Down/Cross Converter Synchronizer. O equipamento combina SD com a possibilidade de upgrade para HD para up/down/cross conversion, sincronismo de quadro SD/HD e processamento de vídeo e áudio em um único RU. Entre as novidades do X75 estão a monitoração e streaming de MPEG-4, medição de tempo de vídeo para áudio, oito I/Os AES com até 32 canais de áudio e um encoder Dolby opcional. A monitoração MPEG-4 torna possível acompanhar sinais remotos,

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Pequena notável Apesar do uso de fitas Mini DV, a nova camcorder da linha ProHD, da JVC, traz versatilidade ao usuário, podendo ser usada em estúdio, para jornalismo ou cinema.

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fotos: Divulgação

JVC lançou mais uma camcorder para a linha profissional ProHD, baseada em fitas DV: a GY-HD250U. Trata-se do primeiro modelo HDV a oferecer soluções para estúdio e captação e gravação em 720/60p, para uso em telejornalismo. Em estúdio, a camcorder é alternativa fácil para a transição de SD para HD, pois permite que os usuários continuem usando boa parte de suas antigas infra-estruturas, incluindo o cabeamento, enquanto oferece um bom desempenho tanto em SD quanto HD. Já para jornalismo, a camcorder conta com apoio de ombro confortável e estabilidade e uma série de recursos para produção de jornalismo e cinema digital. Segundo a fabricante, a GYHD250U foi desenhada tendo em mente múltiplas aplicações, o que resultou em um equipamento com flexibilidade de conexões, baixo peso e que pode gravar em múltiplos formatos progressivos. A camcorder grava em resolução real de 1280 x 720 pixels com varredura progressiva a 60 frames por segundo, graças a um novo codec que proporciona uma compressão forte sem problemas visíveis de movimento. O equipamento traz internamente saída componente e HD-SDI, com conectores profissionais montados em um chassi de magnésio. Há ainda uma linha variada de lentes intercambiáveis disponíveis, sincronização externa de time-code e conectores BNC. Um opcional importante ainda é o gravador DRHD100U, que grava todo o conteúdo captado pela camcorder diretamente em discos rígidos, enquanto faz um backup simultâneo nas fitas Mini DV.

Flexibilidade é a principal característica da camcorder, que atende bem o jornalismo, o estúdio e até a produção de filmes.

Produção em estúdio A GY-HD250U pode ser convertida em uma câmera de estúdio de baixo custo com o adaptador KY-HD250, seguindo o exemplo de sua predecessora GY-DV550U. A câmera, com o uso de uma unidade de comunicação opcional, conta com conexão 26 pinos, para alimentação de força, ganho de vermelho e azul, nível de preto e intercomunicação, suportando cabeamento de cerca de 100 metros. Há ainda uma cabeça opcional de pan e tilt e um viewfinder de cristal líquido em proporção 16:9. Para o fabricante, a câmera é ideal para uso em estúdio para universidades, instituições religiosas e pequenos radiodifusores. ENG A camcorder é ainda uma opção em conta para jornalismo para organizações migrando do SD para o HD. Toda a operação da câmera se dá em botões posicionados de forma familiar para foto jornalistas. A captação em frames progressivos proporciona alta definição 44

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e movimento suave, ideal para jornalismo e cobertura esportiva. Quando usada em conjunto com o gravador DR-HD100U, a edição pode ser feita em campo, diretamente do disco rígido do equipamento opcional, sem tomar tempo na transferência do conteúdo da câmera para a estação portátil. Outra função fundamental para jornalismo é o uso de lentes intercambiáveis. Cinema Para uso em produções cinematográficas, a GY-HD250 pode capturar em 24p e 30p, gravando as imagens com aparência de filme. O time code também é gravado nativamente em modo 24p, permitindo que o usuário transfira gravações para filme facilmente. A câmera permite ainda várias customizações, com configurações extra de gamma, para aplicações em cinema. A entrada para lentes do tipo lentes tipo baioneta de 1/3 de polegada permite o uso de lentes da Fujinon, Canon e outros fabricantes. O equipamento estará disponível a partir de outubro, custando US$ 8.995,00 FOB.


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( agenda ) JUNHO 27 a 30 Sunny Side of the Doc, La Rochelle, França. E-mail: international@ sunnysideofthedoc.com. Web: www. sunnysideofthedoc.com 30 a 26/7 5ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Florianópolis, SC. Tel.: (48) 3232-5996. E-mail: lllins@uol.com.br. Web: www. mostradecinemainfantil.com.br

JULHO 14 a 23 (RJ), 26 a 30 (SP) Anima Mundi — Festival Internacional de Animação do Brasil, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2543-8860 / 2541-7499. E-mail: info@animamundi.com.br. Web: www.animamundi.com.br. 21 a 30 8° Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 3291-0524. E-mail: info@festivaldecurtasbh.com.br. Web: www.festivaldecurtasbh.com.br

AGOSTO

1° a 3 ABTA 2005. ITM-Expo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3120-2351. E-mail: info@ convergeeventos.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br.

2 e 10 Indie 2006 — Mostra de Cinema Mundial, Belo Horizonte, Minas Gerais. Tel.: (31) 3296-8042. Web: www.zetafilmes.com.br/indi.

25 a 29 IV Curta Santos. Santos, SP. Tel.: (013) 3219-7456. E-mail: curtasantos@gmail.com. Web: www.tvtribuna.com/curtasantos

5 a 12 I Festival Nacional de Cinema, Vídeo e Televisão de Pacoti, com foco no meio ambiente. Pacoti, Ceará. Tel.: (85) 3221-5416. Web: www.festcinepacoti.oi.com.br.

Festival do Rio, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2543-4968. E-mail: info@estacaovirtual.com. Web: www.festivaldoriobr.com.br.

24 a 2/9 Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3034-5538. E-mail: spshort@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.

Festival de Gramado — Cinema Latino e Brasileiro, Gramado, RS. Tel.: (54) 3235-1776. E-mail: festival@ festcinegramado.com.br. Web: www.festcinegramado.com.br.

SETEMBRO

OUTUBRO 7 e 8 Mipcom Junior. Palais des Festivals, Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: justask@reedmidem.com. Web: www.mipcomjunior.com. 9 a 13 Mipcom. Palais des Festivals, Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: justask@reedmidem.com. Web: www.mipcom.com.

6 a 10 Festival Tudo Sobre Mulheres, Chapada dos Guimarães, MT. Tel.: (11) 3672-7849. E-mail: producao@ tudosobremulheres.com.br. Web: www. tudosobremulheres.com.br

13 Encerramento do prazo de inscrições para a 6ª Mostra do Filme Livre — MFL, Rio de Janeiro, RJ. Tel. : (21) 2539-7016. E-mail: curadoria@ mostradofilmelivre.com. Web: www. mostradofilmelivre.com

7 a 12 IBC. Amsterdam RAI, Amsterdã, Holanda. Tel.: (44-20) 7611-7500. E-mail: registration@ibc.org. Web: www.ibc.org.

26 a 29 Festival Fuse Movies 2006, Suzano, SP. Tel: (11) 4726-1644. E-mail: info@fusemovies.com.br. Web: www.fusemovies.com.br

22 a 28 5º Ecocine - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, São Paulo, SP. Tel.: (12) 3892-1439/4186. Web: www.ecocine.com.br

20 a 2/11 Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3141-2548. E-mail: info@mostra.org. Web: www.mostra.org.

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