Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

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Nº99 novembro 2000 www.telaviva.com.br

INCÓGNITAS DO MERCADO DE TV

• POR QUE O MARKET SHARE NÃO SEGUE A AUDIÊNCIA? • por que não se sabe a fatia de cada um?

festival rio br 2000 já é centro de negócios soluções do mercado de computação gráfica


N達o disponivel


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EDITORIAL

E ste símbolo liga você aos serviços Tela V iva na Internet. Ô Guia Tela V iva Ô Fichas técnicas de com e r c i a i s Ô Edições anteriores da T e l a V i v a Ô Legislação do audiovis u a l Ô Programação regional Í N DICE

SCANNER

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CAPA

Os diferentes índices do mercado de TV

10

TELEJORNALISMO

Eleições 2000

12

TELEVISÃO

Rede Mulher

18

PROGRAMAÇÃO REGIONAL

Santa Catarina

20

MAKING OF

28

COMPUTAÇÃO GRÁFICA

As ferramentas do mercado

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CINEMA

Direção de fotografia no D-cinema

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FESTIVAL

Rio BR 2000

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FIQUE POR DENTRO

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AGENDA

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Muitos brasileiros fazem romaria durante o mês de outubro em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, a santa padroeira do País. Por coincidência, o Ato nº 12.148, de 6 de outubro de 2000, da Agência Nacional de Telecomunicações, inaugurou uma nova modalidade de romeiros brasileiros: dos permissionários de geradoras educativas. Sessenta e cinco novos canais educativos foram incluídos no Plano Básico de Distribuição de Canais de Televisão em VHF e UHF, iniciando a farra das permissões prevista após a publicação do Decreto nº 3.451 (09/05/2000), uma iniciativa esdrúxula do Ministério das Comunicações. O Estado de Minas Gerais, do ministro Pimenta da Veiga, para variar, é o campeão das solicitações atendidas pela Anatel. Conseguiu neste primeiro lote converter 28 canais de retransmissão educativa em geradoras educativas. Em matéria publicada na revista CartaCapital de 21 de junho deste ano, o jornalista Bob Fernandes expôs diversas situações de flagrante desrespeito à legislação. O próprio então ouvidor do órgão que acaba de publicar as alterações nos planos básicos de transmissão e retransmissão de canais de TV, deputado Saulo Coelho (PSDB-MG), assumiu publicamente não cumprir a lei entre outras tantas revelações sobre a situação política. A TV Ubá, do “filho” do ex-funcionário da Telemig e da Anatel tem tabela de preço para inserção comercial e ainda ensina qual é a melhor maneira para anunciar até cachaça na emissora como mostra a reportagem. Se a emissora educativa em mãos da família de alguém que foi o primeiro indicado pelo ministro das comunicações Pimenta da Veiga para fiscalizar as ações da Anatel adota uma postura tão descarada, imagine o que acontece nas outras! Em tempo, a TV Ubá é uma das felizes contempladas com um canal educativo. É certo que o Brasil precisa investir em educação para poder se desenvolver. A ignorância é a principal arma que ditadores e coronéis políticos têm para se manter no poder. Pretender que o povo possa ser educado através desse tipo de canais “educativos” de televisão fartamente distribuídos pelo governo é o mesmo que acreditar em Papai Noel, no Coelhino da Páscoa, bruxas, fadas, duendes etc. Precisamos realmente acabar com os analfabetos e semi-analfabetos deste país para que coisas desse nível não voltem a acontecer no futuro. A transformação das famigeradas retransmissoras educativas em geradoras deve ter sido o caminho encontrado para manter o nível de ignorância e atraso de grande parcela da população brasileira no mesmo patamar atual. Edylita Falgetano


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PRODUÇÃO

VESTIBULAR HI-TECH

INTERNACIONAL

OLÉ EM PORTUGAL A atriz e coordenadora dos Estúdios Mega Maria Clara Fernandes está no elenco na nova minissérie da Rede Globo, “Os maias”, baseada em livro homônimo do escritor português Eça de Queiroz. Maria Clara interpreta a personagem Encarnación, que faz par com o ator Matheus Nachtergaele. O convite para atuar partiu do diretor Luiz Fernando Carvalho, que já conhecia seu trabalho no teatro. Maria Clara é atriz desde os 13 anos e nunca deixou os palcos, mesmo trabalhando no Estúdio Abertura e agora no Mega. Sua última peça, “Laços de família”, foi recorde de bilheteria. Ela aproveita suas férias para interpretar a personagem que vem da Espanha, mesma origem de sua família.

A produtora de computação gráfica Macchina 1 assina a produção completa do filme criado pela Ghirotti & Cia para a Fundação de Ciências Aplicadas de São Paulo (FEI). As animações mostram a transformação de objetos antigos em novos, demonstrando o avanço da tecnologia

VELOCIDADE Após a aquisição dos direitos exclusivos de transmissão da Fórmula Mundial no Brasil para os próximos dois anos, a Rede Record está empenhada na comercialização das cinco cotas de patrocínio. A assinatura do contrato entre a emissora e a Sports International Marketing, empresa responsável pela Fórmula Mundial (Fórmula Indy) no Brasil, no final do mês passado, contou com as presenças de Emerson Fittipaldi e Daniel Pedroso, Roberto Franco e Emerson Fittipaldi respectivamente promotor e diretor executivo da Rio 200, etapa brasileira da categoria; e de Roberto Franco, Marcus Aragão, Marcus Vinicius Chisco, Ricardo Frender, Carlos Clemente, respectivamente vice-presidente, superintendente de programação, diretor de programação da Record, superintendente comercial e diretor nacional de comercialização. A primeira etapa da temporada 2001 da Fórmula Mundial será realizada no dia 11 de março em Monterey, no México. A Rio 200, será a segunda corrida do campeonato e está prevista para o dia 25 de março no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

OUTRA FUNÇÃO A Newcomm Bates tem um novo RTV. Alexandre - ou Alê - Marcondes deixou a produção executiva da Salatini Filmes (atual Lux Filmes) para assumir o novo cargo. Em sua carreira, Alê já atuou em várias frentes: passou por agências como W/Brasil e Leo Burnett e também foi atendimento da JX Filmes e coordenador de produção da Cia. de Cinema.

ao longo dos anos e representando cada um dos cursos oferecidos pela faculdade. O filme tem direção do artista de computação gráfica Ivã Righini, que também foi responsável pela produção, em parceria com a Trattoria di Frame, dos filmes da campanha de fibra óptica da Embratel.

Foto: Divulgação

O cineasta brasileiro Henrique Goldman, radicado em Londres, foi um dos destaques da 24ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com a exibição de seu filme “Princesa”. O filme conta a história de um travesti brasileiro, Fernanda, que em Milão se casa com um italiano e constitui família. A história é baseada em livro de Maurício Janelli e Fernanda Albuquerque e o filme é uma co-produção entre Reino Unido, Itália, França e Alemanha.

NADA MAIS QUE A VERDADE Com criação da TalentBiz e produção da Trattoria di Frame, a nova campanha do paulistano Jornal da Tarde explora o tema da campanha política. O filme “Sinceridade” mostra um candidato no horário eleitoral gratuito que não tem vergonha de dizer a verdade. O candidato diz que não vai fazer nada e ainda vai desviar dinheiro: e, segundo o filme, só o JT poderia mostrar a verdade sobre os candidatos. A criação é de Paulo André Bione e Toni Rodrigues, a direção de criação é assinada por Ana Carmen Longobardi e Roberto Lautert e a direção do filme é de Fabio Mendonça.

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CURTA ENGAJADO

PARCERIAS CRIATIVAS A produtora gaúcha Estação Elétrica Filme e Vídeo está comemorando seu primeiro aniversário com um contrato de co-produção com a TVCOM, emissora do grupo RBS. A parceria prevê a produção de cinco programas de TV com a participação de artistas da gravadora Trama, de João Marcelo Bôscoli. O material será captado a partir de 15 shows gravados ao vivo no Bar Opinião, em Porto Alegre, que fazem parte do projeto “Trama ao vivo”. Os shows são dirigidos por

Rene Goya Filho, que também assina a direção de videoclipes e especiais para televisão, como o “Planeta Atlântida”. A Estação Elétrica também vem mantendo uma parceria de trabalho com a produtora paulista Movi&Art. Como resultado desse casamento, já foram para o ar os filmes da Olympikus para as Olimpíadas de Sidney, estrelados pelos atletas Claudinei Quirino e Maureen Magi e dirigidos por Christiano Metri. Os

FILMES NA NET De olhos abertos para o mercado que se abriu com a Internet, o Festival do Minuto, organizado pelo diretor Marcelo Masagão, incluiu este ano a categoria de filmes especialmente criados para a rede. O vencedor foi o brasileiro “Bike”, de Diego MacLean, que recebeu o prêmio de R$ 2,5 mil. Os vencedores na categoria vídeo foram Lorenza Manrique, do México, com o trabalho intitulado “Aqui no hay remedio”, e o brasileiro “Na vida de um homem duas coisas podem acontecer”, de Flávio Meirelles. Confira os demais premiados no site uol.com.br/minuto/min2000/menutop.htm

O MUNDO É DAS MULHERES As cineastas brasileiras levaram todos os prêmios do público na Mostra Rio BR 2000 (leia mais sobre o festival na página 38). Nas três categorias (curta, documentário e longa de ficção), ganharam filmes dirigidos por mulheres: “Tainá: uma aventura na Amazônia”, de Tânia Lamarca, foi escolhido melhor longa brasileiro; “O sonho de Rose (dez anos depois)”, de Tetê Moraes, foi o melhor documentário; e “O branco”, das gaúchas Ângela Pires e Liliane Sulzbach, melhor curta.

PARA O ANO Apesar da expectativa de uma decisão quanto ao padrão a ser adotado para a TV digital brasileira, o parecer final da Anatel não deve sair antes de março do próximo ano. Isso porque ainda não foram divulgados os resultados das consultas públicas já realizadas. Falta à agência também colocar em consulta o relatório técnico da consultoria do CPqD, que ainda não foi apreciado pelo Conselho Diretor da Anatel.

O diretor Mario Diamante acaba de concluir as filmagens do curta “Para normais”, que faz parte de um grande projeto cujo objetivo é apoiar a luta contra a aids. O filme é voltado ao público heterossexual e procura demonstrar a importância do uso da camisinha com uma linguagem voltada ao público jovem e distante dos preconceitos.

ARRETADO Celso Coli transferiu-se para Recife (PE) para assumir o comando da TV Globo Recife e coordenar o Projeto Nordeste Integrado. Temporariamente, as divisões da Central Globo de Operações Comerciais (CGOPC), que era dirigida por Coli, deverão se reportar ao superintendente comercial da emissora, Octávio Florisbal. Coli havia sido o primeiro nome cotado para o cargo, porém só no mês passado tomou a decisão de mudar de ares. Orlando Marques, que esteve à frente da regional e projeto nordestino desde abril deste ano, deixou definitivamente a Globo.

PRODUTIVIDADE Paula Cavalcanti, que exercia o cargo de diretora de Produção do SBT, foi promovida a diretora geral de produção, cargo recém-criado na emissora. Para sua antiga função foi nomeado Leon Abravanel Júnior.

REFORÇO Alex Yoshinaga é o novo colorista dos Estúdios Mega. O profissional traz na bagagem cinco anos de experiência em telecinagem, com passagens pelo Studio Abertura, Casablanca e Tape House. Recentemente, Yoshinaga aperfeiçoou-se ainda mais com um período de treinamento na Philips alemã.

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DEUTSCHer TEST

FOCO AMPLIADO A chegada do diretor de animação Arnaldo Galvão à produtora de computação gráfica Terracota trouxe novos estímulos à equipe, que está empenhada na produção de programas em animação para a TV. Galvão trouxe sua experiência do programa “Castelo Rá-Tim-Bum” e já emplacou prêmios este ano com o curta-metragem “Almas em chamas”, uma história erótica assinada por Flavio de Souza e totalmente produzida em computação gráfica. Em parceria com a artista Laís Dias, sócia da Terracota, Galvão desenvolveu os pilotos de três programas, dirigidos a públicos diferentes.

FEIJOADA COMPLETA O diretor Jefferson De esteve em Cabo Verde, em outubro, apresentando nos Encontros Internacionais de Cinema de Cabo Verde seu projeto “Dogma feijoada”. Levou na bagagem alguns dos curtas apresentados na estréia de seu projeto, que aconteceu este ano durante o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. O “Dogma feijoada” pretende estimular a presença de negros no cinema brasileiro.

PAIS E FILHOS A emissora londrina Carlton Television, que opera em DTT (Digital Terrestrial Jane Marshall Television), estreou no dia 13 do mês passado o programa interativo “Baby baby”, produzido pela Carlton Active, produtora in-house da emissora. O programa é dirigido aos pais “frescos” e casais que estão para ter filhos e permite aos espectadores acessar o conteúdo interativo apenas com o Foto: Divulgação

O engenheiro Paulo Henrique de Castro, da Rede Globo, esteve recentemente em Hannover, na Alemanha, para assistir a uma demonstração de transmissão móvel feita pelo Instituto de Tecnologia da Comunicação da Braunschweig Technical University. Paulo Henrique, que atua nos projetos de transmissão digital da emissora, acompanhou o test drive de um sistema de DVB-T para uma rede alemã de TV. Mesmo usando um transmissor de apenas 2 kW de potência, o sinal foi bem recebido no veículo que chegou a rodar a 170 km/h.

uso do controle remoto. Segundo a diretora executiva da Carlton Active, Jane Marshall, o conteúdo interativo inclui informações médicas, um gráfico explicativo do desenvolvimento do bebê mês a mês e contatos úteis para a futura ou jovem mãe. O conteúdo vai sendo atualizado conforme a temática do programa. “Esse projeto só foi possível graças à nossa equipe criativa e técnica, capaz de desenvolver conteúdo novo e também educativo”, diz Jane. A produção tem a parceria do site webbaby. co.uk, um dos mais completos da Inglaterra sobre o assunto.

PREMIADOS DO MINC O Ministério da Cultura divulgou a lista dos dez longas premiados no concurso para filmes de baixo orçamento - apelidado pela classe de “O.B.” (orçamento baixo). Cada um deles receberá R$ 1 milhão, limpos, tendo de destinar R$ 800 mil para a realização e R$ 200 mil para comercialização. Foram contemplados: “Amarelo manga (alugam-se vagas)”, de Cláudio Assis (PE); “Avassaladoras - mulheres em crise de amor”, de Mara Mourão (SP); “Celeste & estrela”, de Betse de Paula (DF); “Dois perdidos numa noite suja”, de José Jofilly (RJ); “Estórias de Trancoso”, de Augusto Sevá (SP); “Houve uma vez dois verões”, de Jorge Furtado (RS); “O invasor”, de Beto Brant (SP); “Rua seis sem número”, de João Batista de Andrade (SP); “Seja o que Deus quiser”, de Murilo Salles (RJ); “As vidas de Maria”, de Renato Barbiéri (DF); e “Wood & Stock”, de Otto Guerra (RS), baseado nos quadrinhos de Angeli.

INTERNET E AGêNCIA O Banco do Brasil entra na briga dos serviços de home banking com quatro novos filmes criados pela Grottera e produzidos pela carioca Mr. Magoo. Com direção de Clovis Aidar, os filmes mostram pessoas que conseguem realizar o que gostam pois não precisam perder tempo em ir ao banco. No quarto filme, o banco reforça o compromisso com o atendimento, deixando claro que oferece praticidade mas também continua recebendo bem seus clientes.

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BONECOS PIRADOS A fábrica de biscoitos e massas Piraquê, marca identificada com o Rio de Janeiro, está investindo bastante em publicidade este ano, em função de seu aniversário de 50 anos (veja Making Of edição nº 97 setembro 2000). Depois de um filme que homenageia a cidade maravilhosa, a novidade agora é a apresentação dos personagens Piraqueridos, que representam os cinco sentidos. Com criação de Marcelo Pires e Itagiba Lages, os bonecos foram desenvolvidos por Luiz Ferré, da Produtora Associados, que também assina a direção dos filmes.

SOLUÇÕES DE CONVERGêNCIA A empresa canadense NBTel recebeu recentemente o prêmio de “companhia de telecomunicações mais inovadora da América do Norte”, em função da implantação de soluções de televisão digital interativa. O serviço oferecido a mais de mil empresas no Canadá permite combinar a TV convencional com o video-on-demand e recursos de Internet e interatividade, fornecendo mais de 100 canais de TV e de áudio e transmissão de dados com ou sem cabos. Entre os fornecedores da empresa está a PixStream, recentemente adquirida pela Cisco, que fornece o sistema de vídeo profissional VDS5000, que utiliza a tecnologia ADSL. O sistema agrega canais de TV de várias origens, captando e interpretando o sinal do satélite, codificando sinais terrestres e adaptando o sinal de TV para IP, ATM e/ou para IP para infra-estruturas centrais ATM utilizadas na rede de distribuição da NBTel.

TALENTO PRÓDIGO O diretor de arte Marcus Kawamura é o novo contratado da W/Brasil. Kawamura destacouse no curso do The Creative Circus, uma das mais importantes escolas de publicidade dos Estados Unidos. Em seu currículo, o publicitário traz passagens pela DPZ, DM9DDB e TBWA, na Europa. O diretor de arte acaba de retornar ao País e já assina uma nova campanha, ao lado de Ruy Lindenberg.

TIME FEMININO Angélica Veiga e Mayra Galha são os novos reforços da equipe da Loducca, atuando em diferentes funções. Angélica, que vem da AlmapBBDO, integra a equipe de RTV da agência, assumindo o cargo de art buyer. Mayra, por sua vez, é a mais nova funcionária da LO-V, empresa de comunicação virtual do grupo, para onde traz sua experiência como atendimento.

NOME DEMOCRÁTICO A mais nova empresa de eventos e locação de equipamentos de projeção do Rio de Janeiro, a Luminance, teve seu logo e seu nome escolhidos por votação na Internet. Os sócios, Angelo Bag (ex-On Projeções) e Adriana Abreu (ex-gerente de eventos do RB1 e Baalca Tradução) explicam: “A marca representa as cores básicas da projeção. Cada tela significa um cristal em perspectiva e luminance é o sinal que representa o brilho em uma imagem”. Com apenas três meses de vida a empresa foi a responsável pelo lançamento da novela “O cravo e a rosa”, exibida pela Rede Globo, e do site Indústria Digital, que contou com uma tela de 19 m x 8 m.

PROJEÇÃO PIONEIRA A produtora Grifa Cinematográfica estreou em outubro seu primeiro trabalho internacional para a televisão, o documentário “Expedição Langsdorff”, criado para o Discovery Channel, e aproveitou para testar a projeção em alta definição. O filme foi feito em película e telecinado em HDTV pelos Estúdios Mega, que organizaram em conjunto com a produtora uma exibição pioneira do documentário, em projeção de alta definição. As imagens de vídeo exibidas em tela de cinema mostraram que os limites entre as tecnologias estão cada vez mais tênues.

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Samuel Possebon Edylita Falgetano *

quanto vale o mercado de tv? Números divulgados não

deixando o restante para sua rede. Mas mesmo tendo as planilhas permitem que se saiba, com divulgadas pela emissora em precisão, qual é o market share mãos, é impossível chegar aos percentuais declarados do market de cada rede nem porque não share, basicamente porque além de uma série de ajustes cambiais existe correspondência entre o e inflacionários, o total do bolo market share e a audiência. também é uma das principais incógnitas nessa equação. Os números mostrados na Tabela 3 foram extraídos do Mídia Dados Fazer a conta do tamanho do bolo 2000, publicado pelo Grupo publicitário tão disputado pelas de Mídia São Paulo. Qual é o emissoras de televisão não é uma verdadeiro montante do investimento coisa simples. Usar esses dados publicitário brasileiro em 98 e 99? para tentar descobrir, então, qual o Veículos e agências podem usar tamanho de cada emissora dentro aquele que melhor se adequar à sua do mercado é uma tarefa mais necessidade na hora de divulgar seus complicada ainda. resultados ou disputar verbas. O mercado publicitário trabalha em Se adotarmos os valores divulgados cima de dois índices, periodicamente pelo Inter-Meios, as emissoras divulgados, que usam afiliadas à Globo critérios diferentes para aferir precisariam ter T A B E L A 1 o volume de dinheiro que contribuído com US$ A RELAÇÃO ENTRE MARKET SHARE E AUDI  NCIA DA GLOBO os anunciantes despejam 994.9 milhões para Período Market share Audiência média nos diversos meios. E, que o market share da Jan/Jun 98 72% 48,5% obviamente, se usam rede fosse em média Jul/Dez 98 76% 52% metodologias diversas, Inter74% (72% no primeiro Jan/Jun 99 77% 51% Meios e Ibope Monitor (leia semestre e 76% no Jul/Dez 99 78% 51% box) não poderiam chegar a segundo), em 1998. Já, Jan/Jun 00 78% 49% resultados comuns. em 99 a participação Fonte: Relatórios trimestrais da Globopar Além da adoção de critérios das afiliadas cairia para diferentes, as contas esbarram em outros problemas, como verbas que passam do mercado publicitário para as emissoras e voltam em forma de comissões e bonificações, sigilo sobre os números reais etc. A TV Globo, que funciona como a principal avalista da Globopar, é obrigada desde 1997 a abrir detalhadamente seus números. É a única emissora, portanto, em que há dados minimamente confiáveis para se chegar ao market share final. Na série histórica (ver tabela 1), a Globo diz que conseguiu, desde o início de 98, manter pelo menos 76,2% da verba publicitária para TV sob o seu controle e o de suas afiliadas. A divisão entre essas duas partes, aliás, se dá de maneira mais ou menos constante também. A TV Globo em geral abocanha 33,5% do bolo

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ter faturado Sim, mas não há como se chegar US$ 806 milhões. Ela a outro número, ou seria preciso mesma (a emissora) fez saber exatamente quanto a emissora Período Faturamento da TV Globo alguns ajustes, corrigiu a repassa de volta às agências pelos (em US$ milhão) inflação, câmbio e chegou esforços de venda, cotação do dólar jan/jun 98 939.4 * à conclusão de que tinha na ocasião do balanço e as demais jul/dez 98 867.3 * 78% de market share. variáveis usadas. jan/jun 99 589.8 Mas, de acordo com o Segundo José Carlos de Salles jul/dez 99 855.4 Ibope Monitor a Rede Gomes Neto, presidente do Grupo jan/jun 00 806.0 Globo faturou US$ 1,093 Meio & Mensagem, responsável pela Fonte: Relatórios financeiros da Globopar milhão, conseguindo uma divulgação do Projeto Inter-Meios, * Valores não ajustados quanto à desvalorização cambial de 99. participação em volume as informações da pesquisa são de 53%. confiáveis uma vez que são fruto da US$ 433.4 milhões para um market Em conversas informais consolidação de dados das próprias share médio de 77,5% durante o ano. conseguimos apurar que os emissoras. A coleta dos dados é Usando os maiores valores do cálculos efetuados mensal e existe, Ibope Monitor (que inclui os pela Globo para segundo Salles 28 mercados de TV e o meio METODOLOGIA determinar o Neto, um sistema outdoor), para as mesmas médias market share levam montado onde as de market shares adotadas acima Inter-Meios: Dados em consideração empresas prestam chegaríamos a uma participação das dezenas de variáveis. são consolidados pela as informações afiliadas de US$ 2,105.927 milhões Pricewaterhouse Coopers Boa parte da receita regularmente à e US$ 1,449.57 milhão, em 98 e 99 a partir de informações de das emissoras (cerca Pricewaterhouse respectivamente, contrariando os faturamento bruto fornecidas de 20%, segundo os Coopers, que números do próprio Ibope Monitor pelas empresas participantes próprios balanços analisa os dados (veja Tabela 4) - publicados no mês do Projeto Inter-Meios. da Globopar), acaba recebidos, tabula passado pelo Mídia & Mercado, do voltando para as os números e Meio & Mensagem, numa tabela Ibope Monitor: Mede o número próprias agências fornece os dados que apresenta os faturamentos por de inserções comerciais e de publicidade consolidados de emissora - onde a Globo tem uma utiliza como base o preço na forma de volta para emissoras participação percentual em volume das tabelas vigentes de cada taxas, comissões e imprensa. de 48% em 98 e 49% em 99 no veículo, desconsiderando e principalmente Salles Neto faturamento do meio TV. descontos, bonificações, bonificações de admite que as mídia interna, ações de venda (BVs). emissoras podem n variáveis merchandising, textos-foguetes passar dados de Nas contas para e testemunhais. Cobre 28 se chegar ao faturamento errados No primeiro semestre deste ano, mercados e 87 emissoras. market share são ou distorcidos, e o Inter-Meios - que trabalha com desconsideradas isso prejudicaria o dados apurados e consolidados as despesas com levantamento, mas pela PricewaterhouseCoopers comissões de agência. Mas e quanto para filtrar essas possibilidades é - chegou a um bolo publicitário aos BVs? Estão incluídos ou não? feita uma verificação por amostragem de R$ 4,687 bilhões, onde o meio Então, seria possível dizer que o e as participantes da pesquisa TV tem participação de 55,8%, ou market share não é exatamente esse? concordam em seja, recebeu dos se submeter a auditorias. investimentos Os casos de problemas T A B E L A 3 realizados em mídia existentes, segundo o investimento publicitário R$ 2,6 bilhões. Já, executivo, nunca estiveram (em US$ milhão) de acordo com o relacionados à área 1998 1999 Ibope Monitor o de televisão. Total Em TV Total Em TV meio TV recebeu O levantamento do Inter-Meios 6,416.9 3,782.97 * 4,354.3 2,694.82 US$ 2,057.631 Inter-Meios é divulgado Ibope Monitor 9,456.8 4,444.7 6,640.2 2,921.7 milhões de janeiro a bimestralmente desde 1989. Ibope Monitor ** 10,436.3 5,287,334 7,508.0 3,735.187 junho de 2000 (veja O outro número usado Fonte: Mídia Dados 2000 Tabela 5). Nesse para dimensionar o * Valores não refletem a desvalorização cambial de 99. mesmo período, a mercado publicitário ** incluindo os 28 mercados de TV e o meio outdoor. TV Globo declarou (Ibope Monitor), ao T A B E L A

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A RECEITA DA GIGANTE

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pelos veículos. Eles são estimados em função dos preços de tabela e dos espaços veiculados de publicidade. É como se alguém medisse o tamanho e o número de páginas de publicidade, os minutos que um comercial fica no ar etc. e calculasse quanto aquilo pode ter custado de acordo com as tabelas dos veículos. “Utilizamos as tabelas de preços dos veículos para calcularmos os valores de cada inserção publicitária, levando em consideração as especificidades dos meios (centímetros, número de colunas, páginas, total de segundos etc.)”, declara Luciana Leardini, do Ibope. O Ibope Monitor passou a ser divulgado a partir de janeiro de 1998 após uma joint venture com a AC Nielsen. Nenhuma das metodologias é, portanto, livre das falhas lógicas do próprio processo de compra e venda de publicidade. As emissoras dependem das agências, que representam os anunciantes na negociação. As agências cobram uma comissão pelo trabalho. Além disso, as emissoras ainda pagam um prêmio (as bonificações) em função de determinadas metas estabelecidas para as próprias agências. Analisando os critérios dos dois indicadores infere-se que o Inter-

EMISSORA globo sbt band Record rede tv! cnt mtv Guaíba gazeta total

Meios reflete a maneira como as emissoras querem aparecer no “filme”, enquanto o Ibope Monitor representa aquilo que deveria ser o mercado se não houvesse descontos nas negociações nem as bonificações.

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FATURAMENTO DAS EMISSORAS DE TV EMISSORA globo sbt band Record rede tv! cnt mtv guaíba* total

(em US$ milhão) 1998 %V 1999 2,527.455 48 1,847.319 1,020.525 19 749.804 608.725 12 410.451 268.583 5 309.140 586.838 11 254.991 202.910 4 100.578 72.299 1 50.662 - - 12.062 5,287.334 100 3,735.187

inconclusão

Dentro dessa lógica é que se encontram as explicações para o fato de não haver uma correlação direta entre a audiência média e a fatia média do bolo publicitário conquistada. Isso pode ser observado pelos próprios números e relatórios da Globo, que é a única que abre esses detalhes. No balanço da Globopar a Rede Globo é detentora de 51% da audiência de 99. Mas verificando a página 115 do Mídia Dados, a líder conseguiu atrair a atenção de 53% dos telespectadores, de acordo com o Ibope. No detalhamento dos dados sobre audiência nacional, a participação da Globo é de 49% no horário matutino (das 07h00 às T A B E L A 5 12h00), 50% no COMPARATIVO SEMESTRAL vespertino (entre (em US$ milhão) 12h00 e 18h00) e 56% no noturno, 10 sem 1999 %V 10 sem 2000 %V que vai das 861.167 49 1,093.006 53 18h00 às 24h00. 325.002 19 408.540 20 Com relação 204.369 12 203.696 10 às demais 122.831 7 160.364 8 redes abertas, 148.678 9 109.406 5 o problema 56994 3 45.892 2 de imprecisão 21.194 1 28.131 1 para se saber o 5.901 0 6.499 0 espaço de cada - - 2.097 0 uma é ainda 1,746.137 100 2,057.631 100 maior, porque Fonte: Ibope Monitor não existe o

%V 49 20 11 8 7 3 1 0 100 Fonte: Ibope Monitor * incluída em jan. 99

compromisso de divulgação dos dados como há no caso da Globopar (que tem credores internacionais e portanto compromissos legais assumidos). Na análise de alguns observadores, nada disso seria importante se não fosse por um detalhe: se um dia houver mesmo a abertura da radiodifusão ao capital estrangeiro e se estas emissoras forem ao mercado de capitais, como se imagina, o mínimo que qualquer investidor pedirá é o market share apurado e confiável. Mas não é só isso. Hoje não existe no Brasil nenhuma política de controle sobre o monopólio da audiência, e nem parece provável que isso aconteça. Mas com a implementação de uma agência reguladora para as questões de direito econômico, por exemplo, há quem considere que será necessário um mapeamento preciso sobre o funcionamento do mercado publicitário e sua relação com as emissoras, o que não é possível de ser inferido com as informações atuais. O mesmo deve acontecer, na visão de alguns analistas, no momento em que emissoras como o SBT e a Record passarem a buscar, junto aos seus anunciantes, uma compensação (naturalmente com mais verbas) para os esforços de desbancar em determinados horários a liderança global de audiência. * Colaborou Beto Costa

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t e l e jo r n a l i s m o Humberto Porto e Edylita Falgetano

ELEIÇÕES 2000

O LOCAL EM PRIMEIRO LUGAR A cobertura das eleições municipais mobilizou os departamentos de jornalismo das emissoras de TV de todo o País. As redes procuraram apresentar um painel nacional durante a programação dedicada ao pleito.

As eleições municipais deste ano - as primeiras com possibilidade de reeleição dos prefeitos - talvez tenham inaugurado uma nova modalidade de cobertura, com uma presença muito menor dos candidatos na telinha. A legislação limitou consideravelmente a cobertura do pleito de 2000. Os candidatos só entraram na casa do eleitor basicamente pelo modorrento Horário Eleitoral Gratuito. A Justiça Eleitoral impôs uma espécie de lei de silêncio. Reportagens que citassem candidatos explicitamente poderiam ser interpretadas como ataque ou privilégio a determinado candidato, em detrimento do outro, o que é condenado pela letra fria da lei, que exige tratamento equânime para os candidatos, embora seja

notório que eles não tenham o mesmo peso político. “Ao fazer essas determinações autoritárias, a lei coloca o telejornalismo em patamar inferior ao da imprensa escrita, que está livre, como deveriam estar todos os veículos. Não pode haver diferença. Imprensa é uma instituição, com garantia de liberdade de expressão explicitada na Constituição”, afirma Dácio Nitrini, um dos diretores do núcleo de jornalismo da Record. O diretor de jornalismo da Bandeirantes, Fernando Mitre, considera que a atual legislação eleitoral é inibidora da cobertura e da realização de debates. “Como a isonomia está na base da lei, é difícil conjugar a legislação com interesse jornalístico. Essa legislação precisa mudar.” Mitre refere-se principalmente à cobertura do primeiro turno, quando era preciso ouvir todos os candidatos. Para evitar problemas as emissoras tiveram de lançar mão de uma poderosa ferramenta no telejornalismo: o planejamento.

recursos As 113 emissoras que compõem a Rede Globo prepararam-se com antecedência. A preocupação principal era com o perigo de transformar os quadros dos telejornais regionais, em que prefeito e autoridades do

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município discutem os problemas locais, em palanque eletrônico. Assim, a Central Globo de Jornalismo (CGJ) suspendeu até o final da eleição o quadro dos telejornais locais onde a comunidade discute os problemas comunitários diretamente com prefeitos e autoridades municipais. A opção foi preencher a lacuna com uma série batizada de educativa. “Diante do rigor da lei fomos obrigados a limitar a atuação do nosso jornalismo comunitário. No primeiro turno, optamos por dar à nossa cobertura um caráter educativo, de busca da conscientização do voto”, diz Amauri Soares, diretor editorial da Central Globo de Jornalismo de São Paulo. Uma série de 90 reportagens realizadas pelos repórteres especiais do “Jornal Nacional” começou a ser exibida nos telejornais locais a partir de 31 de julho. Esta foi a primeira vez que profissionais do “Jornal Nacional” gravaram para telejornais locais. “Trabalhamos com o conceito de cidadania. Não é um jornalismo factual. Mostramos para o telespectador que a escolha mais importante é a do político local, aquele que cuida da nossa rua, da escola do filho, do posto de saúde. Em todas essas reportagens mostramos que a construção de um país melhor começa nas cidades, com a escolha de prefeitos e vereadores comprometidos com as prioridades da comunidade”, define Soares. A CGJ criou ainda um site fechado, cujo acesso é restrito e codificado, com 1,4 mil páginas de informação para tirar dúvidas das emissoras da rede. Tem toda a legislação eleitoral comentada pelo Departamento Jurídico da Rede Globo; a planta de cenário, regras, orientação editorial da CGJ para a realização de debates; e um painel de dúvidas, no ar 24 horas por dia. A Bandeirantes seguiu a trilha da modalidade de programa de TV que é considerada crucial para o eleitor definir sua escolha: o debate (leia box). No primeiro turno realizou três deles, o último no dia 28 de


setembro, até mesmo em São Paulo que contava com 14 candidatos a prefeito. Mesmo dia em que as emissoras e afiliadas Globo realizaram debates nas cidades que são sede da geradora e que tinham no máximo seis candidatos a prefeito. No segundo turno é mais fácil garantir a isonomia, pois as emissoras têm condições operacionais e espaço para cobrir o dia-a-dia dos dois candidatos e organizar debates. A cobertura do dia da votação é obrigatoriamente idêntica nos dois turnos.

concorrência A cobertura do dia do pleito também teve de driblar um problema. As emissoras tiveram de abrir espaço na grade de programação de domingo. Domingo é dia de guerra de audiência. Dia de fazer o telespectador esquecer as agruras da semana seguindo a receita mercadológica: muita mulher seminua e axé music. As manobras na programação foram regidas pela capacidade de poder mexer mais ou menos na grade. E é claro que isso está vinculado a compromissos comerciais. Globo e SBT, que se engalfinham pela audiência dominical (leia-se Gugu versus Faustão), ficaram na defensiva. A Globo aproveitou a estrutura jornalística nas 113 emissoras da rede. Abriu espaço nos breaks para flashs ao longo da programação desde o meio-dia. A partir das cinco da tarde colocou no ar programas especiais e boletins para divulgar os resultados de pesquisas de boca-de-urna das principais capitais e acompanhar a apuração dos votos. A CGJ determinou que a maior parte das suas emissoras e afiliadas divulgasse nestas eleições resultados de pesquisas de pelo menos dois institutos. Além dos números apurados pelo Ibope, o segundo saiu de um grupo de institutos credenciados pela área de pesquisa da Rede Globo, que são Vox Populi, Data Folha e dois institutos regionais, um do Rio Grande do Sul (UFRGS) e

DEBATEDOR EXPERIENTE As emissoras que compõem a Rede Bandeirantes, entre próprias e afiliadas, foram as campeãs na realização de debates nas eleições municipais deste ano. As regras do jogo foram criadas pela cabeça-derede. Mas o modelo geralmente sofreu alterações durante as negociações com os candidatos. O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre, afirma ter colocado a mão na massa do início ao fim em 22 debates. Os mais complicados foram na cidade de São Paulo, que tinha 14 postulantes ao cargo de prefeito. Os O primeiro deles, em 12 de junho, não pôde ir ao ar em São outro de Goiás (Cerpes). O SBT limitou-se a apresentar boletins proporcionais ao tamanho do seu departamento de jornalismo. Record e Bandeirantes não tiveram receio de informar. Investiram principalmente numa ampla cobertura analítica. “Quantitativa e qualitativa”, segundo as palavras do diretor de jornalismo da Band. A emissora contratou um instituto de pesquisa (Toledo & Associados), especialmente para gerar dados, subsídios para os comentários de convidados e analistas políticos. A partir da divulgação dos resultados das pesquisas de boca-de-urna, a Record também seguiu a linha de costurar conjecturas. “As eleições municipais podem servir de termômetro para a escolha do presidente, em 2002. Por isso é sempre bom interpretar os resultados. Você conquista o telespectador pelo contexto”, conceitua Luiz Gonzaga Mineiro, diretor de jornalismo da Record. A característica comum a todas emissoras na cobertura do dia da eleição foi a desistência da apuração paralela. A Globo que já investiu pesado nesse modelo, agora prefere trabalhar somente com dados oficiais. “O voto

Paulo, porque a Justiça Eleitoral entendeu que poderia caracterizar propaganda política. “Veja como é a lei. Em Porto Alegre conseguimos fazer o debate em 12 de junho. Lá a Justiça teve uma outra interpretação”, observa Mitre. Os debates do primeiro turno em São Paulo conseguiram a proeza de juntar dez candidatos no mesmo programa. Mitre acredita que mesmo nessas condições o debate é produtivo para o eleitor. “Um debate como esse permite uma série de manhas dos candidatos nanicos, que podem fazer jogo de cena para outro candidato. Essa leitura depende eletrônico tornou absolutamente sem sentido o trabalho de apuração paralela dos votos. Com a transmissão do conteúdo de cada urna, via linha dedicada, para as centrais totalizadoras, os resultados começam a ser disponibilizados muito rapidamente”, comenta Amauri Soares. Aproveitando que esta é a primeira eleição totalmente eletrônica, os computadores da Globo estavam conectados aos computadores que totalizam os votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, e com o Tribunais Regionais, nas capitais de estado. Um programa de computador fez a interface entre os dois sistemas para transformar a informação dos tribunais em grafismos e telas para a televisão. Antes de levar os resultados ao ar, os relatórios numéricos recebiam um tratamento com o padrão gráfico da emissora. Esta foi a primeira vez que se conheceu o resultado oficial da eleição na maioria das cidades ainda no dia da votação, graças à eleição ter sido totalmente informatizada. Mas todas as emissoras tiveram de contornar o delay entre os votos totalizados, os divulgados via Internet e os divulgados nos telões instalados nos TREs. O sistema Divnet do TSE, que pro-

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tele j o r n ali s m o

Ou você faz uma assinatura, ou espera os seus concorrentes contarem tudinho o que leram na edição passada

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metia entregar os dados de apuração em tempo real, não funcionou a contento, obrigando as emissoras a lançarem mão de sistemas alternativos para colher a informação onde quer que ela estivesse disponível primeiro.

praças A cobertura de uma eleição municipal nas emissoras afiliadas de qualquer rede de TV é sempre um grande desafio. A escala de problemas depende da abrangência que se queira dar à cobertura. Tomemos o exemplo da TV Progresso, afiliada da Globo em São José do Rio Preto (SP). A emissora cobre uma área de 144 municípios e tem unidades em Araçatuba e Votuporanga. Realizou um cuidadoso trabalho de pré-produção. Levantou perfil, fotos e imagens dos candidatos, locais das centrais de apuração, nome dos juízes etc. nas 34 principais comarcas da área de cobertura. Todas as informações foram armazenadas no AvStar, sistema de informatização de jornalismo usado pela afiliada. Nesses lugares, montou uma rede de correspondentes para passar informações fresquinhas, que serviram de subsídio para boletins ao longo da programação. “Todas as informações passadas por essas pessoas são checadas antes de ir ao ar. Assim é possível, inclusive, mandar uma equipe para fazer a matéria, se o fato for relevante”, ensina o gerente de jornalismo da TV Progresso, Paulo Rezende. A rede de colaboradores contratada especialmente para o dia das eleições rendeu bons frutos. “Nós abrimos 27 boletins na programação. Alguns chegaram a ter até três minutos e meio”, conta Rezende. Além disso, com informações passadas por esses frilas, a TV Progresso conseguiu emplacar duas matérias no “Jornal Nacional”, o que é um grande feito para qualquer afiliada. “Uma das histórias foi sobre o prefeito eleito de Monções que venceu pela diferença de um voto. A outra

FONTE DE INFORMAÇÃO As emissoras que compõem a Rede Globo ganharam, há quase três anos, mais recursos, espaço e orientação editorial para priorizar as questões locais. A postura adotada foi a de abrir espaço para a discussão e usar o jornalismo local literalmente como canal de comunicação entre comunidades e autoridades públicas. “O resultado foi instantâneo e altamente positivo. A população passou a conhecer melhor seus políticos locais. Foi como botar um holofote na administração pública municipal. Em muitos casos, a população não gostou do que viu. Em todo o país surgiram centenas de casos de corrupção, processos foram abertos, prefeitos e vereadores foram cassados. Os eleitores descobriram como tinha custado caro o longo período de desinteresse pela política municipal. E reagiram. Passaram a se interessar, a acompanhar, a cobrar. No dia da votação deram o troco. É admirável a renovação que se deu nas câmaras de vereadores dos municípios que viveram escândalos de corrupção, a começar pela cidade de São Paulo”, conta Amauri Soares, diretor editorial da Central Globo de Jornalismo em São Paulo. é sobre o prefeito de Guaranio D’Oeste, candidato à reeleição derrotado que se vingou nos funcionários: agrônomo virou vigia, secretaria virou cozinheira.” Uma das caçulas da Rede Record, a emissora de Bauru, ainda está em fase de estruturação. Viveu no primeiro turno destas eleições uma prova de fogo. Cobrir a cidade com uma equipe de apenas três pessoas e sem link. “Sempre que íamos dar um flash ao vivo, o boletim era gravado


e chamado pelo estúdio”, explica Fábio Menegatti, editor responsável. A TV Guararapes, afiliada da Bandeirantes no Recife, teve a missão de cobrir as eleições em 40 municípios da região metropolitana e mais duas importantes cidades do interior - Caruaru e Garanhuns. Contando com três equipes de externa e um link, a emissora dosou sua cobertura não pela estrutura, mas pelo desejo do telespectador. “Nós temos dados de uma pesquisa que mostra que o pernambucano tem grande rejeição por política na TV”, explica o gerente de jornalismo interino, Ivan Júnior. A TV Guararapes seguiu a linha de debates proposta pela cabeçade-rede. Nos dois turnos, realizou debates nos três maiores colégios eleitorais de Pernambuco: Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Na cobertura do primeiro turno espalhou 50 repórteres - da Rádio Clube, Diário de Pernambuco e TV Guararapes, que pertencem ao mesmo grupo - pelos principais pontos de votação do estado. “Nós ficamos no ar do final da tarde até a meia-noite. Era uma espécie de mesa redonda que ia dando o resultado das eleições (mais ou menos o mesmo modelo de São Paulo). Os nossos repórteres entravam por telefone a cada momento que surgissem novidades”, conta Ivan Júnior.

vencedores A televisão continua influenciando a decisão dos eleitores dos 5.548 municípios brasileiros, mesmo que apenas através do horário eleitoral. “O que acontece é que o telejornalismo independente, aquele que pode ajudar na formação da consciência do cidadão, esteve impedido de atuar. E isso é gravíssimo porque não há contrapontos, discussão ampla, noticiário crítico em rádios e TVs”, argumenta Dácio Nitrini, considerando que o telejornalismo político não é um intruso na casa do telespectador num domingo.

“A sociedade está ávida por política. Basta ver o comparecimento às urnas e, principalmente, os resultados que indicam vontade de alternância de poder. Nada mais democrático, não é?” De acordo com dados do Ibope o telespectador não se incomodou com a alteração da programação dominical e acompanhou atentamente a apuração. Além disso, a audiência registrada nos debates e entrevistas realizadas com candidatos mostrou o interesse do público pelo tema política. O programa “Passando a limpo”, da Record, que vai ao ar aos domingos entre 22h30 e meia-noite, registra em média dois pontos de audiência. Nos dias 15 e 22 de outubro, quando Marta Suplicy e Paulo Maluf, candidatos à Prefeitura de São Paulo, foram respectivamente sabatinados, a média chegou a quatro pontos de audiência, com pico de sete pontos. Fernando Mitre conta exultante que no debate paulistano de 28 de setembro a Band ganhou da Globo nos dois últimos blocos. “Atingimos 31% de share e picos de 18 pontos no Ibope.” Ele estima que o debate entre os candidatos à prefeitura da capital paulista realizado em 16 de outubro tenha atingido uma média de 15 pontos. O que é basicamente o dobro da audiência média conseguida normalmente pela emissora no horário. As emissoras Globo e suas afiliadas consideram que as eleições municipais deste ano foram aquelas em que o telejornais tiveram a maior influência no comportamento do eleitor e acreditam ter cumprido corretamente seu papel no pleito de 2000 realizando debates em algumas praças no primeiro turno e em 21 dos municípios onde os eleitores tiveram de voltar às urnas para o segundo. Há quase três anos a CGJ iniciou a implantação de seu projeto de jornalismo comunitário (leia box da pág. 14). “Acreditamos que o jornalismo comunitário da Globo teve papel decisivo no processo eleitoral deste ano já que deu ao telespectador/ eleitor a matéria-prima da mudança: informação”, pontua Amauri Soares.

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Conquista feminina A Rede Mulher investe pesado na modernização de seus estúdios e dá o primeiro passo rumo à transmissão digital.

t e l e v i s ã o Hamilton Rosa Jr.

A Rede Mulher de Televisão vem passando por uma grande reformulação desde que o grupo Roberto Montoro de Comunicação vendeu a parcela majoritária do negócio para o Grupo Record em maio de 99. Agora com investimentos da ordem de US$ 3 milhões aplicados na construção de novos estúdios e na compra de equipamentos de última geração, a emissora espera figurar em 2001 como um dos principais veículos televisivos do Brasil (veja box). A reestruturação se estende a todos os departamentos. Passa pelo redimensionamento do aparato administrativo e pessoal que será responsável pela criação de uma nova identidade visual para a emissora; pelos investimentos em transmissão via satélite, que aumentam a área de cobertura chegando a 70% das capitais (em março chegará a 95% de território); pela compra de um jogo de câmeras, switcher e videotapes digitais; e pela criação de uma unidade móvel totalmente digital para o jornalismo. Na prática, o telespectador já obteve uma melhora sensível na imagem e no áudio. Mas a partir do início de 2001 - para ser mais preciso, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher - toda a produção interna da Rede Mulher estará sendo feita com tecnologia digital. “Por enquanto estamos em fase de teste”, declara Guilherme Bonifácio, diretor artístico e de programação, mas a partir de março o telespectador poderá sentir uma sensível diferença inclusive no áudio de nossos programas. “O sinal passa a ser digital estéreo num primeiro momento e depois passa a digital surround. No final do ano que vem pensamos em colocar um segundo canal no satélite digital. Queremos ter um segundo

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áudio para podermos ampliar nossa cobertura para os países do Mercosul. A idéia é passar os programas em português com dublagem simultânea em espanhol”, revela. Álvaro Gonçalves, gerente de engenharia da Rede Mulher, supervisionou a compra dos novos equipamentos e detalha a configuração: “Estamos acrescentando ao nosso sistema cinco câmeras LDK100 da Philips (já com processamento e saída digital) e trocamos nosso switcher por um DD10 com possibilidade 16 entradas de sinais digitais. Ainda estamos negociando um finalizador, um Edit Box, da Quantel, para produzir efeitos, criar cenários para enriquecer a produção e dar mais dinamismo ao nosso trabalho, já que o equipamento trabalha em real time”.

na pauta Em setembro último, os executivos da Rede Mulher estiveram reunidos para definir a reformulação da grade de programação que entrará no ar em março, inclusive com novas vinhetas, objetivando também conquistar anunciantes de peso. Segundo Bonifácio, entre as metas traçadas, as câmeras da Rede Mulher devem ganhar cada vez mais as ruas. “Começamos a fazer externas com o programa de ginástica da Mariana Dip e estamos montando uma unidade móvel totalmente digital para incrementar nosso departamento jornalístico.” A estrutura técnica vai permitir que o ônibus possa se locomover para qualquer lugar, gravar a notícia e transmitir ao vivo, sem o trâmite que normalmente envolve a difusão via satélite. “Há poucas unidades móveis totalmente digitais no mundo e estamos preparando a nossa para operar com até três


câmeras”, conta Bonifácio. “A imagem da Rede Mulher está se reformulando também na iluminação”, explica Gonçalves. A ampliação dos estúdios exigiu que toda a iluminação fosse trocada, porque não havia energia suficiente na

rua para trabalhar a plena força. “Adotamos a iluminação fria que puxava uma carga menor e com resultados eficientes. Mas as lâmpadas frias também traziam algumas desvantagens. Para a câmera essa luminosidade não dá uma boa resposta de colorimetria. Ela não realça as diferenças de planos. Então numa primeira fase passamos a utilizar a iluminação mista A Rede Mulher de Televisão nasceu no e calculamos que no ano interior do Estado de São Paulo, na cidade que vem voltaremos à de Araraquara. É uma TV aberta transmitida quente”, conta Gonçalves. pelo canal 42 em São Paulo, através de Para isso a empresa está uma antena localizada na Avenida Paulista, investindo US$ 100 mil na utilizando a faixa de freqüência em UHF implantação de um sistema (faixa que vai dos canais 14 ao 59). Sua de iluminação com um programação pode ser sintonizada em vários dimmer eletrônico que estados do país por meio de operadoras fornecerá um acabamento de TVs a cabo (Net, TVA e Tecsat), antenas artístico mais apurado. parabólicas e canais abertos. Atualmente, A partir do momento que a emissora conta com retransmissoras a Anatel estabelecer o cobrindo todo o Estado de São Paulo e padrão de transmissão a algumas das principais cidades brasileiras. Rede Mulher deve fazer testes de interatividade.

“É verdade que já fizemos algumas experiências de interatividade via Internet com o programa da Rosana Herman. Mas as conexões telefônicas não eram muito viáveis”, comenta Bonifácio. “Isso está melhorando com uma maior velocidade de processamento, mas para que você possa fazer um vai e volta de informações entre a emissora e o telespectador você precisa ter um espaço de tráfego de sinal bem confortável para que os retornos sejam em tempo real. Acho que essa neointeratividade, feita por banda larga será comum na Rede Mulher no final do ano que vem. Já uma programação interativa vai demorar um pouco mais.” Na opinião do diretor, não adianta a emissora fazer transmissão digital. A revolução só pode acontecer para o telespectador que tenha um receptor digital (ou um set-top box) em casa. As previsões mais otimistas apontam um diálogo mais intenso entre as duas partes para daqui a cinco anos.


programação regional Paulo Boccato

Santa Catarina O estado de Santa Catarina tem 5,2 milhões de habitantes espalhados em 292 municípios, com 1,35 milhão de domicílios com TV (DTV), 4,8 milhões de telespectadores potenciais e Índice de Potencial de Consumo (IPC) de 3,556%. As quatro grandes redes nacionais (Globo, SBT, Record e Bandeirantes) dividem as 14 geradoras de TV existentes no estado, distribuídas entre nove diferentes municípios. A RBS, ligada à Rede Globo, é a maior rede estadual, com cinco emissoras.

GLOBO RBS TV (Florianópolis, canal 12) RBS TV (Blumenau, canal 03) RBS TV (Chapecó, canal 12) RBS TV (Criciúma, canal 09) RBS TV (Joinville, canal 05) A RBS conta com uma grande estrutura para alcançar todos os municípios catarinenses. Além das cinco geradoras, a rede dispõe de unidades em outras 12 cidades do estado. A emissora de Florianópolis centraliza as ações na parte de programação, gerando os blocos estaduais dos programas jornalísticos diários: “Bom dia Santa Catarina”; “Jornal do almoço”, que adota o formato de revista eletrônica, agregando a primeira edição do jornal da praça e o noticiário esportivo, e “RBS notícias”. Aos sábados, produz os programas “Patrola”, voltado para o público jovem e que, em breve, deve ganhar um auditório; “Revista”, uma agenda cultural com quadros de entrevistas; e “RBS esporte”, direcionado à cobertura de todos os esportes. Esses programas são veiculados igualmente em todas as emissoras da rede - mesmo caso do “Estúdio Santa Catarina”, resumo das notícias do fim de semana, que fecha a programação do domingo. As emissoras do interior produzem dois blocos locais no “Bom dia...”, três no “Jornal do almoço”, e um no “RBS notícias”, além de gerarem matérias para os blocos estaduais e estarem estruturadas para links ao vivo. A RBS também veicula programetes independentes produzidos pela TVI, de Florianópolis, com a história da “Guerra do Contestado”. As inserções ocorrem até o início de 2001. A área de cobertura da emissora de Florianópolis, criada em 1979, é de 33 municípios (entre eles São José, 2 0 T E L A V I V A NO V E MBRO D E 2 0 0 0

Lages e Palhoça), com 934 mil habitantes. A emissora de Blumenau, fundada em 1969 e parte da rede independente TV Coligadas até 1989, atinge 62 cidades (entre as quais Itajaí, Brusque, Camboriú e Rio do Sul) e 1,2 milhão de habitantes. A de Chapecó, criada em 1982 como afiliada do SBT e já no ano seguinte passando para a RBS, chega a 123 municípios (entre eles Caçador, Concórdia, Joaçaba, São Miguel d’Oeste e Xanxerê) e 1,2 milhão de habitantes. A emissora de Criciúma, no ar desde 1995, alcança 44 municípios (Tubarão, Araranguá e Laguna são os principais), com 799 mil habitantes. Já a programação da emissora de Joinville, no ar desde 1979, pode ser vista em 30 cidades (entre elas, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e Mafra), com cerca de 1,1 milhão de habitantes. As unidades da rede são de três tipos: estúdio, equipe de jornalismo e comercial (em Itajaí, Jaraguá do Sul, Joaçaba, São José e Tubarão); equipe de jornalismo e comercial (em Lages) e apenas departamento comercial (em Araranguá, Brusque, Concórdia, Rio do Sul, São Bento do Sul e São Miguel d’Oeste).

RBS TV Programas

Dias de exibição

Bom dia Santa Catarina Seg-sex Jornal do almoço Seg-sáb RBS notícias Seg-sáb Patrola Sáb Revista Sáb RBS esporte Sáb Galpão crioulo Dom Campo & lavoura Dom Estúdio Santa Catarina Dom Guerra do Contestado Seg-sáb

Horário 6h45 a 7h15 12h00 a 13h00 18h45 a 19h00 14h30 a 14h50 14h50 a 15h00 15h00 a 15h20 6h00 a 6h45 6h45 a 7h00 após “Sai de baixo” Várias inserções diárias (2’ cada)

BANDEIRANTES TV Barriga Verde (Florianópolis, canal 09) Afiliada da Band na capital catarinense, a TV Barriga Verde foi criada em 1982, como parte da rede SBT. Posteriormente, passou a integrar a extinta Rede Manchete, da qual fez parte até abril de 1993. A emissora cobre


72 municípios do estado, com um total de 2,8 milhões de habitantes. Entre as principais localidades alcançadas estão Joinville, Blumenau, Criciúma, São José, Itajaí, Jaraguá do Sul, Tubarão e Brusque. A produção local tem grande espaço na grade da emissora, que ocupa todos os espaços optativos oferecidos pela rede e atualmente pleiteia a cessão de novos espaços. São 36 horas por semana de programas locais, com uma grande variedade de formatos. A casa produz toda a parte de jornalismo, a revista de variedades “Boa tarde” (também veiculada na TV Catarinense e que inclui uma parte de telejornalismo) e mais dois programas voltados para o público jovem: “Esquenta”, programa de auditório, e “Evandro Saad”. Eventualmente,

TV BARRIGA VERDE Programas

Dias de exibição

Dia a dia news Santa Catarina Seg-sex Meio campo Seg-sex Programa Evandro Saad Seg-sex Boa tarde Seg-sex Cozinha criativa Seg-qua Qui-sex Clip TVBV Seg-qua Qui-sex Sáb Jornal Barriga Verde Seg e sex Ter-qui Educação & cidadania Seg-sex Em foco Seg-sex Gotas de fé Seg-sex Educativo Sáb Dom D olho na pesca Sáb Dom Série reportagem Sáb (eventual, no lugar do Clip TVBV) Debate na TV Sáb (eventual, no lugar do Clip TVBV) Visita ao seu lar Seg Seg-sex Sáb Novo dia Seg Ter-sex Sáb Novo dia 2 Seg, qua e qui D olho na 3ª idade Sáb D olho na mulher Sáb D olho casa & cia Sáb Top night Sáb Ponto final Sáb D olho no esquenta Sáb Compras & lazer Sáb Planeta semente Dom Está escrito Dom Missa na TV Dom Festa do Bola Dom Programa mansão com Vanessa Campos Dom

Horário 7h45 a 8h00 12h30 a 13h00 13h00 a 13h10 13h10 a 14h35 14h35 a 14h45 14h35 a 14h50 14h45 a 15h00 14h50 a 15h00 19h00 a 19h20 19h10 a 19h20 19h00 a 19h20 19h20 a 19h30 Madrugada 6h59 a 7h00 6h30 a 7h00 6h00 a 6h30 7h00 a 7h30 6h30 a 7h00 19h00 a 19h20 19h00 a 19h20 7h30 a 7h45 6h00 a 6h30 7h30 a 8h00 7h00 a 7h30 7h00 a 7h45 8h00 a 8h30 Madrugada 9h00 a 9h15 9h15 a 9h30 9h30 a 9h45 9h45 a 10h00 10h00 a 11h00 11h00 a 12h00 19h20 a 19h30 7h00 a 7h30 7h30 a 8h00 8h00 a 9h00 9h00 a 10h45 10h45 a 11h00

realiza especiais como “Série reportagem”, sobre peculiaridades do estado, e “Debate na TV”, sobre temas atuais na região. Os demais programas locais são produzidos em parceria ou totalmente independentes.

TV Catarinense (Joaçaba, canal 06) A emissora é a afiliada da Bandeirantes no oeste de Santa Catarina. Criada em 1988, foi parte de Rede Manchete até 1994. Já foi vinculada diretamente aos proprietários da TV Barriga Verde, mas hoje pertence à Rede Catarinense de Comunicação, que conta com várias emissoras de rádio na região. A área de cobertura da emissora corresponde a 72 municípios catarinenses e mais nove cidades do interior do Rio Grande do Sul. A população total atingida é de 1,4 milhão de habitantes, distribuídos em cidades como Lages, Chapecó, Caçador, Concórdia e São Miguel d’Oeste, localidades onde a emissora conta com sucursais das áreas de jornalismo e comercial - há outra sucursal na capital do estado. Além do telejornalismo, a TV Catarinense privilegia, em sua programação local, produções voltadas para as manifestações das culturas gaúcha e alemã, muito influentes na região. Nas manhãs de domingo, quando são veiculados programas como “Bandas em festa”, gravado na rua, com bandas de música de origem alemã, e “Show na estrada”, dedicado à música gaúcha e sertaneja (também veiculado pela TV Audi Shopping, emissora paga de Porto Alegre), a TV Catarinense é líder de audiência no oeste do estado.

TV CATARINENSE Programas Jornal meio-dia Jornal da Catarinense Querência gaúcha Brasil caboclo Canal aberto Programa Fernando Fischer Tele agricultura Bandas em festa Show na estrada

Dias de exibição Seg-sex Seg-sex Sáb Sáb Sáb Sáb Dom Dom Dom

Horário 12h30 a 13h10 19h10 a 19h30 8h30 a 9h30 9h30 a 10h30 10h30 a 11h00 11h00 a 12h00 8h00 a 8h30 8h30 a 9h30 9h30a a11h00

RECORD TV Cultura (Florianópolis, canal 06) TV Vale (Itajaí, canal 10) TV Xanxerê (Xanxerê, canal 03) As três emissoras pertencem à TV Record de São Paulo e juntas atingem cerca de 70% da população do estado. A emissora da capital foi criada em 1971 e já fez parte das extintas redes Eldorado (RCE) e OM, além da CNT, passando para a propriedade da Record em 1995. Alcança uma população de 1,4 milhão de habitantes em 43 municípios, entre os quais estão Criciúma, São José, T E L A V I V A NO V E MBRO D E 2 0 0 0 2 1


Lages e Tubarão. Sua programação local é centrada no telejornalismo, com dois programas - “SC notícias” e “Informe Santa Catarina”, além de um programa de cunho religioso produzido pela Igreja Universal do Reino de Deus. A TV Vale foi criada em 1984, tendo passado também pelas redes RCE, OM e CNT, antes de se tornar Record, em 1996. Sua área de cobertura atinge 23 municípios e 1,4 milhão de habitantes. As principais cidades alcançadas são Joinville, Blumenau, Brusque, Camboriú, Araranguá e Rio do Sul. Entre seus programas locais está o “Jornal da Univale”, inteiramente produzido por alunos da Universidade do Vale do Itajaí. Veicula também o “Informe Santa Catarina”, em rede com a emissora da capital. A emissora de Xanxerê é a caçula da Rede Record no estado: entrou em operação em outubro de 1997. Seu alcance é de 43 municípios, com 715 mil habitantes. As principais cidades de sua área de cobertura são Chapecó, Caçador, Concórdia, Joaçaba, Videira e São Miguel d’Oeste. Conta com um programa de produção própria, “Oeste comunidade”, e outro terceirizado.

TV CULTURA Programas SC notícias Nosso tempo Informe Santa Catarina

Dias de exibição Seg-sex Seg-sex Seg-sex

Horário 12h20 a 13h00 13h00 a 14h00 19h10 a 19h25

TV VALE Programas Record em notícias Jornal da Univale Planeta noite

Dias de exibição Seg, ter e qui Qua e sex Qua e sex Ter e qui

Horário 12h00 a 13h00 12h30 a 13h00 12h00 a 12h30 19h00 a 19h15

TV XANXER  Programas Oeste comunidade Sociedade em destaque

Dias de exibição Seg-sex Dom

Horário 12h00 a 13h00 11h00 a 12h00

SBT TV O Estado (Florianópolis, canal 04) TV O Estado (Chapecó, canal 10) TV Cidade dos Príncipes (Joinville, canal 08) As três emissoras adotam o nome fantasia de SBT, rede à qual são afiliadas, e fazem parte da Rede Santa Catarina de Comunicação. Em conjunto, alcançam 53% de cobertura no estado. A partir de dezembro, devem

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expandir o sinal para retransmissoras em todo o estado. Os programas “A viola e o cantador”, “Domingo rural”, “Bar Fala Mané”, “3º setor” e “Jornal SBT” são produzidos em Florianópolis e veiculados em rede pelas três geradoras. “SBT meio dia” tem edições locais produzidas em cada uma delas, com quadros fixos realizados localmente. “Tribuna do povo” e “Sala de redação” são produzidos e veiculados exclusivamente em Joinville; mesmo caso do “SBT comunidade”, em Chapecó. A emissora de Florianópolis também conta com programas exclusivos (“SBT metropolitano”, inteiramente realizado por alunos da Unisul, “Espaço aberto”, “Roberto Salum” e outros), além de vários projetos especiais, como “Projeto SC 2000”, de orientação para o mercado de trabalho, “Verão SBT”, com ações recreativas, “Personagens da história catarinense”, “Campanha praia limpa”, “Natal para todos” e “250 anos de colonização açoriana”. Outro projeto especial foi destaque na emissora de Chapecó, “Maratona da solidariedade”, com ações voltadas para a população carente na época do Natal. Este ano será ampliado para todas as emissoras do grupo. A emissora de Florianópolis, criada em 1986, atinge 35 municípios, com 1,2 milhão de habitantes. Os principais são Blumenau, São José e Brusque. O sinal de Chapecó,

TV O ESTADO - FLORIANÓPOLIS Programas Dias de exibição Horário A viola e o cantador Seg-sex 7h00 a 8h00 SBT meio dia Seg-sáb 11h45 a 13h00 Magazine Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” SBT esportes Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” De papo pro ar Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” Espaço aberto Seg-qui 13h00 a 13h30 SBT entrevista Sex 13h00 a 13h30 SBT metropolitano Seg-sáb 13h30 a 14h15 Jornal SBT Seg-sáb 19h00 a 19h25 Torque 3 Sáb 10h45 a 11h00 Programa Roberto Salum Sáb 11h00 a 11h30 Domingo rural Dom 7h00 a 7h30 Bar Fala Mané Dom 10h00 a 11h30 3º setor Dom 11h30 a 12h00

TV O ESTADO - CHAPECÓ Programas Dias de exibição Horário SBT meio dia Seg-sáb 12h00 a 13h00 SBT esportes Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” SBT polícia Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” SBT debate Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” SBT comunidade Seg-sex 13h00 a 13h30


N達o disponivel


N達o disponivel


N達o disponivel


no ar desde 1985, atinge 73 cidades (entre as quais, São Miguel d’Oeste e Xanxerê), com 633 mil habitantes. No caso de Joinville, 15 municípios estão situados na área de cobertura, com um total de 734 mil habitantes e destaque para Jaraguá do Sul e São Bento do Sul.

SCC TV (Lages, canal 10) Única emissora da rede SBT no estado não vinculada à Rede Santa Catarina de Comunicação, a SCC TV já foi conhecida como TV Planalto e TV Lages. Criada em 1980, fez parte de uma pequena rede regional encabeçada pela TV Guaíba, de Porto Alegre (RS), até 1982. A partir de dezembro, migrará para a Rede TV!, como parte de uma rede regional de afiliadas que incluirá emissoras do Rio Grande do Sul e Paraná. A emissora integra o Sistema Catarinense

TV CIDADE DOS PRÍNCIPES Programas Dias de exibição Horário SBT meio dia Seg-sáb 12h00 a 13h00 Magazine Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” SBT esportes Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia” Tribuna do povo Seg-sáb 13h00 a 13h30 Sala de redação Seg-sex 13h30 a 13h50

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SCC TV Programas Jornal do SCC Jornal da Univale Jornal da Unesc Raio X Amigos de tradição Companhia da liberdade Alcir Bazanela De olho na terra Porteira aberta

Dias de exibição Seg-sáb Seg-sex Seg Ter e qui Ter e qui Sáb Sáb Sáb Dom Dom

Horário 12h00 a 13h00 18h50 a 19h10 13h00 a 13h15 13h00 a 13h30 Madrugada 11h00 a 11h30 11h30 a 12h00 13h30 a 14h30 9h00 a 10h00 10h00 a 11h00

de Comunicações, que conta ainda com várias emissoras de rádio, provedor de Internet, empresa de telemarketing, de venda de macro-celulares e com a concessão de MMDS em Santa Catarina (com um canal implantado, por enquanto: o Via Maxi, de Florianópolis). A SCC TV alcança 47% do estado, com cerca de 1,5 milhão de telespectadores potenciais. A programação local é bastante ampla e, com a mudança de rede, deve crescer. Quase todas as produções são terceirizadas - a exceção é o “Jornal do SCC”. A grade incorpora programas feitos em outras cidades, como “Alcir Bazanela”, realizado em Caçador, e “Raio X”, que vem de Criciúma; produções de alunos de comunicação, como “Jornal da Univale”, de Itajaí (também veiculado pela TV Vale), e “Jornal da Unesc”, de Criciúma; e realizações em parceria.


N達o disponivel


MA Lizandra

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Almeida

MEGAINSTALAÇÕES

Projeção Astrovision.

Uma megaprodução audiovisual foi desenvolvida pela produtora Miksom para o estande da Ford no Salão do Automóvel, que aconteceu em São Paulo, e para a apresentação do novo carro Focus, realizada em Fortaleza (CE) durante o mês de outubro. Entre a concepção do projeto e sua realização, a equipe da Miksom gastou mais de três meses pesquisando fornecedores que pudessem concretizar as idéias dos criativos da casa. Quatro instalações mostravam em detalhes as características do novo top de linha da Ford, com os mais variados tipos de projeção e recursos tecnológicos em formatos totalmente inusitados. Um dos ambientes mostrava uma projeção 3D, daquelas que exigem o uso de óculos especial que faz os contornos da imagem se destacarem da tela. Esse projeto foi realizado pela produtora de computação gráfica Macchina 1, uma das únicas a trabalhar com o processo de estereoscopia no Brasil. O princípio da imagem com volume tem como referência o próprio olho humano. Cada olho enxerga o horizonte com um ângulo diferente e, no cérebro, é feita uma “média” da imagem, que é vista pelos dois

olhos. A estereoscopia combina duas imagens filmadas em ângulos complementares, a exemplo do que o olho humano veria. Para exibir a imagem, são usados dois projetores, instalados a uma distância equivalente à utilizada na filmagem, o que gera uma imagem aparentemente desfocada sobre a tela. A tela também tem de ter uma coloração especial, aluminizada, para definir melhor a imagem. Cada uma das duas imagens é codificada, ou seja, recebe um tratamento de cor ou luminância. Os óculos especiais invertem essa imagem, criando o efeito de volume nos contornos. Quando a imagem é trabalhada em cores, utilizam-se os óculos com lentes de cores diferentes, vermelho e azul ou vermelho e verde, processo conhecido como anaglif. No caso do trabalho realizado pela Macchina 1 para a Miksom, a separação das cores aconteceu por polarização. Os dois projetores foram equipados com lentes polarizadoras que, ao serem rotacionadas, permitem ou não a passagem de luz. Dessa forma, uma das imagens fica mais escura e F I C H A

T É CN I C A

Cliente Ford Produto Focus Produtora Miksom Criação Paulo Suplicy e Luciano

Angelini

Coordenação do projeto Paulo Suplicy Diretor de arte Luciano Angelini e

Leo Soares

Direção vídeo 3D Raul Castrezana Computação Gráfica vídeo 3D

Macchina 1 (Ivã Righini) Vinhetas e grafismos

Cinegráfika (Mirella Cosimato) Captação de imagens Frame a Frame Produção Equipe Miksom

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Logotipo formado na projeção em 360o.

outra mais clara. Os óculos, também polarizados, invertem essa luminância, criando o mesmo efeito dos óculos coloridos. “Em princípio, pensamos em fazer o processo todo em computação gráfica, pois o controle é bem mais preciso. Todas as imagens são geradas pelo computador e inclusive criaríamos um modelo do próprio Focus. Entretanto, isso exigiria toda a nossa capacidade de processamento e um tempo muito grande, que não tínhamos no momento. Por isso, precisamos fazer a captação em vídeo, o que é muito mais complicado”, explica o diretor de computação gráfica Ivã Righini. Para a gravação, em primeiro lugar foi preciso criar uma traquitana que posicionasse as câmeras no ângulo correto. Cada câmera simula a visão de um olho - que faz automaticamente a correção de foco e angulação. “O mesmo não acontece com as câmeras. Já existem modelos capazes de simular esses movimentos, sendo programadas para gravar em conjunto. Mas ainda não temos no Brasil”, diz Ivã. Em função disso, os movimentos de câmera tornam-se limitados, assim como a abertura e o foco. Tudo é pensado em função do efeito, pois qualquer disparidade maior entre as duas imagens captadas faz com que o


Fichas técnicas de c o m e r c i a i s

volume não apareça. Tanto os equipamentos de projeção quanto os óculos polarizados foram alugados na BRC Audiovisual. A projeção foi feita a partir de duas masters em DVD. “A maioria dos equipamentos que oferecemos são da marca Barco, que também desenvolve produtos para a aeronáutica e simuladores de treinamento militar. Por isso, a precisão é total”, informa Paulo Policastro, diretor comercial da BRC. Em outro ambiente, o público foi instalado em uma plataforma, que ficava a alguns metros de altura do chão. De repente, começava a projeção, utilizando o próprio piso como tela. A imagem, porém, era uma circunferência de quatro metros de diâmetro. O trabalho de Mirella Cosimato, da produtora de efeitos 2D Cinegráfika, foi o de criar uma máscara preta para o vídeo, tornando-o redondo. A platéia estava posicionada em torno da tela de forma que nem todos observavam o vídeo do mesmo lado. Por isso, o vídeo que mostrava o desempenho do automóvel tinha de rodar, para que todos vissem o carro na posição correta em algum momento. A filmagem e a edição consideraram essas rotações, para que os movimentos do carro não ficassem comprometidos durante a projeção,

A instalação para projeção em 360o.

www.telaviva.com.br

Performance em 360o.

chamada de Astrovision. A terceira instalação simulava um planetário. Foi realizada uma projeção em forma de domo, sobre uma tela abobadada. O sistema, chamado de Starview Planet, é equipado com uma lente hemisférica que permitiu a projeção na cúpula de seis metros de diâmetro. O vídeo, em princípio, mostrava um céu estrelado. As estrelas se tornavam o logotipo do Focus e as constelações se transformavam em detalhes do carro, como se tudo viesse do céu. O quarto espetáculo se baseava em uma projeção em 360o. Os espectadores se posicionavam no centro de uma sala redonda e o vídeo percorria toda a extensão da esfera. As imagens eram projetadas por seis projetores controlados por computador, de forma que cada parte da tela podia passar imagens diferentes ou contínuas. Mirella Cosimato também foi responsável pela execução das vinhetas de abertura e encerramento do vídeo, o que exigiu que ela trabalhasse com uma tela de 3840 x 480 pixels. “Criamos um efeito superinteressante com apenas uma linha branca sobre um fundo preto, que entrava antes de começar a vinheta. A linha corria toda a tela até chegar ao final, no caso a sexta tela, quando tudo estourava para o branco. Então

aparecia o logotipo do Focus e a imagem do carro”, explica Mirella. “Pensei na possibilidade de criar seis telas, mas vi que seria inviável unilas posteriormente. Por isso, optei por trabalhar em um documento comprido, uma tripa de 15 segundos, que depois foi cortada em seis pedaços que se tornaram a imagem final em 360o”, completa. O projeto da Miksom para a Ford estrapolou os limites do Salão do Automóvel, indo parar em Fortaleza. Lá, a montadora reuniu distribuidores e concessionários da marca para demonstrar o novo carro e novas atividades foram desenvolvidas. Paulo Policastro explica que a empresa forneceu um videowall móvel para por em prática a idéia da Miksom. Antes da exibição do cantor Leonardo, um balé sobre rodas criou uma vinheta ambulante do Focus. Cada bailarino empurrava um carrinho com rodas “loucas”, no qual se apoiava uma tela de plasma. Ao todo eram oito telas, cada uma com 40 polegadas, formando, juntas, uma grande tela de 4 x 2 peças (3,7 metros de largura por dois metros comprimento), que praticamente podia exibir o carro inteiro, em tamanho real. O vídeo era exibido ora nas oito telas juntas, ora em telas separadas, ou ainda imagens diferentes eram transmitidas para cada tela.

Imagem da projeção 3D sem a polarização.

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C O MPUTAÇÃ O

GR Á FICA

Lizandra de Almeida

O REAL é o LIMITE Os avanços da computação gráfica são refletidos nos longas-metragens de Hollywood. No Brasil, a principal aplicação está na publicidade. Apesar da competência de nossos artistas e da disponibilidade dos softwares, os prazos e orçamentos apertados ainda impedem a disseminação e o ultra-realismo da técnica.

A cada novo longa-metragem cuja história se apóia em efeitos especiais eletrônicos lançado nos Estados Unidos, novas idéias mirabolantes assaltam nossos criativos e novos desafios são lançados aos artistas de computação gráfica brasileiros. Atualmente, os recursos tecnológicos estão bem mais acessíveis e a capacitação técnica de quem está à frente das principais produtoras de computação gráfica no Brasil é indiscutível. Mas lá, a computação

gráfica se aplica principalmente aos longas-metragens. Aqui, os efeitos são utilizados na publicidade, com maiores restrições de prazo e orçamento. Até há cerca de cinco anos, o estado-da-arte da computação gráfica estava no hardware Silicon Graphics, combinado a softwares considerados profissionais. Hoje, mesmo os programas antes ditos “domésticos” já estão evoluídos o suficiente para fornecer as ferramentas necessárias ao bom artista. E os softwares de primeira linha têm versões para Windows NT e Macintosh, equipamentos bem mais baratos. “Comparando com cinco anos atrás, os softwares hoje são mais simples e têm preços mais baixos. Se voltarmos dez anos, podemos dizer que os preços desabaram”, afirma Laís Dias, da Terracota. A plataforma mais utilizada atualmente é o Maya, da Alias|Wavefront, e a versão XSI da SoftImage, lançada como protótipo com o nome de Sumatra. O Maya é um programa que reuniu as principais técnicas e plug-ins disponíveis aos artistas especializados em transpor a realidade para o computador. A pesquisa nesta área evolui muito rápido, obrigando a uma atualização constante. Cada novo blockbuster norte-americano envolve meses de pesquisa e a

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contratação de engenheiros encarregados de aperfeiçoar este ou aquele efeito. Passado algum tempo, o recurso desenvolvido na indústria norte-americana é incorporado aos softwares vendidos no mercado. “É como na Fórmula 1. Os desenvolvimentos tecnológicos feitos para os carros de corrida logo são transferidos aos carros comuns”, diz Alceu Baptistão, da Vetor Zero. Apesar da aparente “facilidade” na aquisição dos equipamentos e na manipulação dos softwares, os conhecimentos necessários a quem está atrás do computador são muito grandes. A concorrência a princípio parece aumentar, mas os grandes trabalhos ainda são legados a quem realmente entende do assunto. Não basta dominar o computador, nem ser um bom artista. A computação gráfica é mais uma forma de contar uma história, exigindo conhecimentos da técnica cinematográfica, de recursos artísticos como visão tridimensional, pintura, animação e composição, além do domínio do próprio software. Isso porque, no Brasil, não há tarefas específicas. Quem trabalha na área, tem de dominar todas as etapas do processo.

quebrando barreiras Hoje, praticamente todas as dificuldades que tiravam o sono dos artistas de computação gráfica podem ser solucionadas com as ferramentas disponíveis. Tudo depende, é claro, do tempo que se tem para trabalhar. Além da qualidade técnica do artista que está por trás da máquina, uma das principais exigências dos efeitos especiais é a capacidade de processamento. Não basta o software: são necessárias máquinas para processar os efeitos. É por isso que a técnica exige tempo. Depois de criada a estrutura em 3D do cenário ou do personagem virtuais, processo conhecido como modelagem, os elementos são pintados ou texturizados e então animados. Todas essas etapas exigem a renderização, que é o processamento pela máquina de todos os


comandos executados. Cada mudança posterior exige um novo processo de renderização. No final, há ainda a composição, que é a combinação dos elementos virtuais e reais, em múltiplas camadas que recebem um tratamento de iluminação e textura, para que a imagem pareça ser única. Com o barateamento e a melhoria no processamento dos PCs que rodam o Windows NT, o processo de renderização não precisa ser feito pelas caras e complicadas estações Silicon Graphics, que utilizam sistemas Unix. Segundo Ivã Righini, da Macchina 1, os equipamentos estão cada vez mais rápidos, mas os softwares não deixam por menos: estão cada vez mais sofisticados. Isso implica uma necessidade constante de capacidade de processamento. Mário Barreto, da Imagina Produções, explica que antes uma das barreiras enfrentadas era a capacidade das máquinas. Hoje, é possível comprar PCs de alta produtividade até mesmo pela Internet. Não é o caso, porém, dos Macintosh, que têm ótimo desempenho para o design mas baixa capacidade de processamento. Conforme a tecnologia evolui, novas exigências são feitas. O próprio espectador tem como base os filmes norte-americanos, então exige uma qualidade similar quando assiste à TV. “Todas as vezes que uma máquina torna-se mais rápida, já pensamos em fazer os efeitos antes considera-

dos impossíveis”, comenta Rodolfo Patrocínio, do núcleo de computação gráfica da Casablanca. O mercado atual vive um momento de aperfeiçoamento da qualidade. “Nada foi lançado recentemente de inovador e também não estamos esperando nenhum lançamento fantástico. Neste momento, estamos fazendo melhor o que já era feito”, afirma Alceu. Muitos orçamentos para a criação de cenários virtuais, que antes eram inviáveis, hoje podem ser executados e o grande desafio que se impõe é o de reproduzir a realidade da forma mais perfeita e imperceptível. “Em alguns casos, fica mesmo mais barato usar a computação. Já se tornou comum criar modelos em 3D para substituir uma figuração numerosa e aplicá-los ao cenário na pós-produção”, explica Geninho, diretor especializado em filmes de efeitos.

brincando de deus Em seu início, um filme de efeitos era sinônimo de uma estética clean, angulosa, metálica. Hoje, os artistas tentam criar o fotorrealismo, ou seja, recriar objetos e principalmente cenários naturais, fazendo com que isso passe despercebido para o espectador. “A computação gráfica atual leva em conta que a sujeira existe, há o rebatimento de luz, não existe nada perfeito, totalmente

simétrico”, diz Paulinho Ferreira, do núcleo de computação gráfica dos Estúdios Mega. Para isso, o domínio da técnica é complementado por pesquisas de campo e observação dos cenários e objetos reais. “Para pesquisar referências precisamos sair, reparar como as coisas funcionam, como acontecem os movimentos dos animais, qual a textura da pele, a incidência da luz”, explica Rodolfo Patrocínio. Com isso, continua, é possível não só criar realidade mas também fornecer um ar de realidade a elementos irreais. É o caso, por exemplo, dos dinossauros: ninguém sabe realmente como são, mas seus movimentos foram recriados a partir da observação de elefantes e a pele é uma reprodução dos répteis. “Hoje já se sabe que algumas espécies eram recobertas de penas, mas se colocássemos penas em um velociraptor as pessoas iriam achar estranho”, afirma. Segundo Laís Dias, “as principais dificuldades surgiam quando tínhamos de recriar cenários naturais, com árvores e folhagens, por exemplo, e também na animação de partículas randômicas para criar efeitos naturais, como tempestades etc. Até há pouco tempo, era preciso filmar o cenário e trabalhar em cima. Com os custos mais reduzidos, hoje já é possível recriar esses cenários, quando a linguagem do filme pede algo mais

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COMP U T A Ç Ã O

G R Á F I C A

mágico”. Laís acredita que a ampliação dos recursos tecnológicos permite que o artista consiga deixar sua marca no filme, pois a maior quantidade de opções faz com que se possa executar o efeito da forma como foi concebido. Alceu Baptistão concorda que hoje está mais fácil combinar a imagem filmada com os recursos 3D. “Ainda existem obstáculos em relação aos elementos orgânicos, pois para que fiquem perfeitos é preciso muito trabalho, muito tempo”. O software Maya, por exemplo, tem um recurso chamado Fur (pêlo) que ajuda a criar o pêlo de animais, o que sempre foi muito complicado. “Com ele conseguimos criar um ursinho bastante realista. Mas a perfeição conseguida no filme ‘Stuart Little’, por exemplo, exigiu que o recurso fosse aperfeiçoado por engenheiros, que alteraram o software depois de muita pesquisa”, completa. Outro grande avanço que vem sendo incorporado aos softwares de computação gráfica diz respeito à

reprodução de líquidos. No filme “Mar em fúria”, ondas gigantescas foram criadas virtualmente, assim como o barco que quase naufraga e até mesmo a tripulação, vista em plano aberto. Novamente, o longametragem exigiu nove meses de preparação para que o software fosse capaz de reproduzir a tempestade no mar. O que falta aos recursos disponíveis no mercado, segundo Alceu, é a capacidade de manipular melhor a iluminação da cena. “A água em movimento tem refrações que ainda são impossíveis de reproduzir. Já estão sendo desenvolvidos recursos que conferem radiosidade à imagem, isto é, permitem que os elementos da cena reflitam e refratem luz entre si e não só a partir de um ponto específico, como hoje determinamos na computação. Pois um carro recebe a luz direta e também sofre reflexos de suas próprias partes, da luz que bate no chão e nas paredes. Hoje nós ainda não

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conseguimos simular o efeito de um difusor ou de um rebatedor. Tudo isso influi no realismo final da cena.” Alceu acredita que o Maya é uma boa ferramenta de modelagem, mas sua arquitetura não é tão aberta para que se possa recriar as funções como se faz em Hollywood.

help virtual Ainda exercida por um número reduzido de pessoas, a computação gráfica só teve a ganhar com a chegada da Internet. Além de as animações em 3D também serem veiculadas na rede, com as devidas adaptações de parâmetros, a troca de informações que a Internet possibilita facilitou enormemente o trabalho de quem está sozinho à frente de um computador, acompanhado apenas de um manual de instruções. “A Internet tornou nosso trabalho menos isolado. Há grupos de discussão que permitem que você tire dúvidas. Você joga uma pergunta e pessoas do mundo inteiro que passaram por isso acodem, respondem, contam o pulo do gato. Da próxima vez, você também vai querer ajudar, se souber a resposta não guarda só para si, vai revelar seu segredo também”, acredita Paulinho. A rede também promete baratear bastante os custos de software. Criadores mais ousados já estão disponibilizando em seus sites versões completas de softwares de computação gráfica, cujo download pode ser feito em minutos, sem cobrar nada por isso. “Na Imagina estamos testando o Blender www.blender.com. O software fica à disposição para download, mas os manuais de instrução são vendidos, assim como cursos e treinamentos on-line”, explica Mario Barreto. Além do Blender, também existe outro software, chamado, K-3D www.k-3d.com que é gratuito. Cada vez mais, as ferramentas estão ao alcance da mão, a preços muito competitivos. Como em muitas outras áreas, o que realmente conta é a qualidade da mão de obra.


N達o disponivel


c INEMA Paulo Boccato

A MUDANÇA DOS FOTÓGRAFOS Diretores de fotografia comentam alguns aspectos que a utilização de equipamentos digitais traz para a produção e exibição de filmes. Afinal, o digital vai mudar o lugar do fotógrafo no cinema?

Em um recente seminário ocorrido durante o Festival do Rio BR 2000 (leia matéria da página 38), o diretor de marketing do laboratório nova-iorquino DuART Film & Video, David Fisher, foi bombardeado por perguntas de uma platéia afoita por descobrir os caminhos mais adequados para se colocar, na tela grande, imagens captadas em vídeo digital. Representante de um dos mais conceituados laboratórios cinematográficos do mundo, Fisher ouviu cases de realizadores brasileiros que tin-

ham experimentado o formato nas mais diversas situações: imagens captadas em câmeras de Mini DV a profissionais, edições realizadas em equipamentos dos mais domésticos aos mais sofisticados, processos que incorporavam mais de um formato e por aí afora. As respostas invariavelmente terminavam com a frase: “Essa maneira pode não ser a ideal, mas dá para chegar a um produto final bom. O importante é fazer testes”. A conclusão óbvia é que ainda há muito que aprender sobre como fazer cinema captando em vídeo - a nova era derrubou todos os paradigmas da realização cinematográfica naquilo que ela tinha de mais estabelecido: o processo fotoquímico. “Nós estamos vivendo um momento parecido ao do cinema na década de 1910, quando não havia sequer a definição de qual seria a bitola padrão nas telas do mundo. Podemos ir mais além, lembrando de outro momento histórico: o final dos anos 20, quando o advento do cinema falado chegou a extinguir

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carreiras de diretores a atores”, compara o diretor de fotografia Flávio Ferreira, um dos profissionais brasileiros com a mais vasta experiência nos formatos de vídeo. Em outras palavras, se alguém assumir a árdua tarefa de escrever uma cartilha sobre o assunto, provavelmente terá de trabalhar com estudos de casos - e aqui, literalmente, cada caso é um caso. Pelo menos uma preocupação já pode ser descartada logo de cara pelos profissionais da fotografia: o cinema digital não vai acabar com a importância da função, pelo contrário. Voltando ao terreno das comparações: “Quando inventaram o automóvel, ele era um privilégio de pouquíssimos. Hoje, todo mundo tem carro, mas continua existindo apenas um campeão mundial de Fórmula 1. O fato de milhares de pessoas terem uma câmera de vídeo em casa que possibilite a realização de um longa não significa que o diretor de fotografia é uma espécie em extinção”, opina Carlos Ebert, outro fotógrafo que tem trabalhado constantemente com o vídeo. “Eu sou um entusiasta da película, mas o digital com certeza nos traz vantagens. A começar pelo fato de que os diretores vão poder filmar com mais freqüência”, acentua Alziro Barbosa, diretor de fotografia de “Mater Dei”, de Vinícius Mainardi, longa realizado com uma câmera JVC semiprofissional. O fotógrafo Mário Carneiro, um dos mais experientes profissionais brasileiros em atividade, faz coro: “Minha formação vem da pintura. Para mim, o vídeo digital é como a câmera 35 mm: um novo tipo de pincel disponível na praça”.

production designers Na verdade, uma das funções que muitos diretores de fotografia devem assumir no cinema digital feito no Brasil é a de production designer, cargo tão pouco comum na cinematografia do país que nem se usa a tradução - desenhista de produção.


“O digital traz a necessidade de de informações - no caso de nós, grafar diferente. As regras mudam, simples mortais, na razão de 130:1 associando-se mais a valores artísti(o vídeo digital trabalha com taxas cos que técnicos. E o fotógrafo não variadas, todas abaixo de 10:1). “Se está aí para reproduzir a realidade, o cérebro humano seleciona as informas para reprocessá-la. Quer dizer, mações recebidas e joga fora uma não existe o certo e errado, mas um parte delas, os engenheiros procuradesenho de produção - onde você ram saber o que não era aproveitado quer chegar e e usaram este como vai alcançar mesmo raciocínio este objetivo com no olho da o orçamento de câmera, comprique dispõe. Nesse mindo principala função de ponto, o diretor de mente as inforfotografia ganha mações que, de production importância”, qualquer maneira, designer deve ser opina Ferreira. nós não iríamos assumida pelos Exemplo disso é mesmo captar”, o curta “Surfista explica Ebert. A diretores de invisível”, de partir de então, a fotografia. Juliana Mundim. evolução na quali“Havia a intenção dade de captação de rodar em 35 pelas câmeras de mm, mas era um vídeo seguiu a filme repleto de passos de galope. efeitos que, se feitos opticamente, Ainda assim, a maioria dos equipacustariam uma pequena fortuna. mentos não codifica certos tipos de Redesenhamos a produção para imagem, como folhagens, onde há o formato Beta Digital (câmera um excesso de contornos, DVW700), já pensando em trae movimentos muito rápidos. balhar os efeitos digitalmente”, conta Ebert, responsável pela culpa da televisão fotografia do filme. Barbosa cita outra situação: “O Nesse ponto entra outro conceito contato entre diretor de fotografia básico, que é o da imagem entrelae diretor de arte deve se estreitar çada, cuja origem remonta aos ainda mais. Por exemplo, pelas problemas de limitações na faixa características do vídeo, o uso do de freqüência utilizada no sinal de branco e do bege dá praticamente vídeo do início da TV, nos anos o mesmo resultado. Então, para 50. Naquela época, os sistemas de evitar a perda de definição nas transmissão não davam conta dos zonas claras, é importante deixar breaks, ainda que de milésimos para clarear os tons na luz, não na de segundo, entre um fotograma e direção de arte”, lembra. outro. O sinal era comprimido para RF (radiofreqüência) e as linhas de seletividade definição da imagem tinham de ser entrelaçadas para que este sinal Questões de classe à parte, um dos se mantivesse contínuo. Ainda por conceitos mais importantes para se conta disso, as câmeras foram dotapensar a evolução do digital é o de das de um mecanismo que reforça compressão. Toda a revolução tecos recortes, gerando imagens mais nológica atual vem de um ovo de duras. Os sistemas de transmissão Colombo: os engenheiros das empremudaram, mas a maioria das câmeras sas fabricantes lembraram-se que continua trabalhando com entrelace. o olho humano, como as câmeras A maioria, porque câmeras HD lande vídeo, trabalha com compressão çadas recentemente no mercado já

substituem as linhas entrelaçadas pelas progressivas - são as chamadas 24P. “Esse protocolo deve chegar em breve às câmeras mais populares”, aposta Flávio Ferreira. O que vai eliminar dois problemas técnicos que tiram o sono dos fotógrafos: os já citados recortes e a complicada transformação de imagens captadas a 30 fotogramas por segundo, no caso do sistema NTSC (no sistema PAL, são 25 fps) em imagens exibidas a 24 fps, como ocorre nas salas de cinema. “Se você capta a imagem em película de alguém batucando rapidamente num tarol, por exemplo, terá 24 posições distintas da baqueta em um segundo. Se a captação é feita em vídeo a 30 fps e com entrelace - onde a cada fotograma correspondem dois fields - você terá 60 posições diferentes para o mesmo movimento. Então, a questão não é nem a redução de 30 para 24 fotogramas, mas eliminar 36 posições”, esclarece Ferreira. Para resolver o dilema, cada laboratório desenvolveu um método próprio, guardado a sete chaves e baseado em complexos cálculos de algoritmo. Mas isso significa que um transfer mal realizado pode causar distorções nas imagens em movimento - os chamados “artefatos”.

cuidados básicos Problemas como recortes excessivos são normalmente resolvidos pelo uso de filtros. Mas quando a imagem vai ser ampliada para a tela grande, essa utilização deve ser bastante cautelosa. “O vídeo amplifica o efeito dos filtros. Assim, sempre é bom usar uma graduação menor do que aquela aplicada no caso da película”, adverte Ferreira. E se restringir aos filtros de correção, evitando os de efeito. “É melhor deixar essa parte para o processo de finalização”, recomenda Ebert. “Filtros difusores causam perda de definição na hora de ampliar. É melhor ficar apenas com os polarizadores e os de densidade neutra”, reforça Barbosa. O erro na utilização de filtros é tão

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c i n e m a

comum quanto achar que recursos de câmera que valem para melhorar a imagem quando o produto final é vídeo são aplicáveis nos casos em que haverá ampliação. “O uso do detail, que aumenta a definição eletrônica, não serve quando o assunto é cinema”, previne Ebert. Da mesma maneira, os ajustes de set-up card para imitar as curvas de RGB das películas não trazem o mesmo resultado na telona. “Não adianta achar que, se você fizer um ajuste para imitar um 5248, tipo de filme negativo usado em cinema, por exemplo, a imagem vai responder da mesma forma no vídeo e na tela do cinema. Você só conseguirá o film look na tela pequena, antes do transfer”, explica Ferreira. Outro mito que a prática com o vídeo digital desmente é o do excesso de profundidade de campo no formato. “A profundidade de campo não é inerente à película ou ao CCD da câmera. Esse recurso é criado na objetiva pela exposição e pode ser conseguido em Mini DV ou 35 mm”, esclarece Ferreira. “As pessoas

pensam que no vídeo poderão trabalhar sem luz, mas você tem de tê-la justamente para resolver a questão da profundidade, definir os planos, dar a sensação de tridimensionalidade. Senão, vai ficar tudo chapado, duro, sem textura”, diz Barbosa. As lentes ganham importância nesse aspecto e também na questão da definição. “É preciso que o mercado brasileiro invista em lentes mais precisas e também em outros acessórios de qualidade, como tripés, cabeças, parassóis e prolongas de visor. Não adianta todo mundo ter uma câmera e os acessórios continuarem sendo os mesmos usados para trabalhos que só seriam vistos na tela pequena”, prega Barbosa.

limitações Usado aleatoriamente, o vídeo também apresenta problemas de latitude e resposta de cor. A latitude do formato alcança apenas cinco stops, contra sete no caso da película - um dos desafios que nem mesmo o vídeo de alta definição conseguiu resolver ainda. Por

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isso, é importante envelopar a imagem de acordo com a capacidade de luz da câmera utilizada. “O vídeo gosta de situações de baixo contraste, porque sua tendência é acentuá-lo. Pede luz suave, muito butterfly, filtros ND e Low Contrast “, diz Ferreira. “O ideal é trabalhar as câmeras eletronicamente para baixar os níveis de contraste, deitando o black strecht”, completa. “Você não pode ter nada muito mais claro que o rosto do ator em cena, pois a pele já está próxima, a um stop e meio, do limite da escala de cinzas que as câmeras de vídeo reproduzem”, diz Ebert. “Nos testes para o ‘Mater Dei’, percebemos que, numa tabela de cinzas de dez tons, os três primeiros eram registrados como idênticos pelo vídeo”, lembra Barbosa. Nas curvas de RGB, aparece o mesmo problema: a tendência é a perda de suavidade na passagem de tons, trazendo cores ou muito saturadas ou muito escuras. Os recursos de ponta da tecnologia HD devem se popularizar nos próximos anos, derrubando um a um os problemas técnicos mais comuns enfrentados pelo cinema digital em seu estágio atual. Com a expansão da projeção digital, a película pode passar a ocupar um lugar secundário no mercado cinematográfico. A tendência já conta com o aval da indústria norteamericana. Hollywood sempre deixou bem claro que só partiria para um novo estágio na captação e projeção de imagens se o seu público não fosse penalizado com a perda de qualidade, se os espectadores não notassem nenhum tipo de retrocesso tecnológico. Alguns sinais permitem concluir que esse estágio já chegou: basta lembrar que a Panavision, responsável pela fabricação das mais sofisticadas câmeras cinematográficas do planeta, acaba de adquirir uma centena de câmeras HDW900 24P, da Sony, e que as majors da distribuição estão começando a equipar exibidores norte-americanos com caríssimos projetores digitais. Resta saber se o que se anuncia será a continuidade do sonho dos irmãos Lumière ou, quem sabe, uma nova arte radicalmente diferente. A resposta está nas mãos daqueles que a realizam.


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f e s t i v a l Alexander Galvão

ATRÁS DAS TELAS DO RIO BR 2000 O F e s t i v a l d o R i o BR 2 0 0 0 consolida-se como um importante centro de negócios para a produção cinematográfica brasileira e latino-americana.

Em frente ou atrás das telas de exibição, o Festival do Rio BR 2000 consolidou-se como o mais importante festival de cinema da América Latina. Para os espectadores, o evento apresentou, entre os dias 5 e 18 de outubro, cerca de 400 filmes espalhados em 30 salas de exibição. Para os produtores e realizadores de cinema, a mobilização ficou por conta do showcase e do Seminário Internacional de Mercado, que envolveram o setor de negócios e contaram com a presença de importantes executivos de empresas mundiais do setor audiovisual. O evento é fruto da junção ocorrida em 1999 entre a Mostra Rio e o Rio Cine e sai fortalecido de sua segunda edição. O patrocínio exclusivo e, doravante, permanente da Petrobrás Distribuidora garantiu R$ 3 milhões para a realização do festival, além do

Prêmio BR de R$ 300 milhões para a produção brasileira, divididos entre ficção e documentário escolhidos em votação popular. Tanto o cinema brasileiro quanto a produção cinematográfica mundial estiveram bem representados no festival, que trouxe aos 135 mil espectadores cariocas a oportunidade de assistir, em 1339 sessões, desde retrospectivas de diretores consagrados até ao que há de mais recente no panorama internacional de cinema. Dentre as várias mostras, estiveram em foco títulos orientais, latino-americanos e britânicos além de filmes originalmente produzidos em formato digital, muitos dos quais sem previsão para entrar no circuito brasileiro de exibição.

diferencial Mas é por trás das telas que o Festival do Rio BR 2000 apresenta seu diferencial entre os eventos do gênero no país. Os salões do Hotel Copacabana Palace, quartel-general do evento, serviram de palco ao Seminário Internacional de Mercado e abrigaram os showcases onde compradores e vendedores tiveram acesso ao que há de mais recente na produção brasileira e latino-americana. Por seis dias, o Seminário Internacional de Mercado atraiu produtores e realizadores de cinema para painéis nos quais estiveram pre-

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sentes representantes de empresas internacionais da indústria do audiovisual, como Motion Picture Association, Canal Plus, Columbia TriStar, Film Four, 20th Century Fox, Buena Vista International, entre outras. Além de mostrar as novidades do mundo das tecnologias digitais de produção e distribuição do produto audiovisual, o seminário esteve centrado nas possibilidades de financiamento e comercialização da produção cinematográfica brasileira e latina. A abertura do seminário no dia 10 de outubro contou com a presença do secretário brasileiro do audiovisual, José Álvaro Moisés, que ressaltou a importância do setor audiovisual como “uma das áreas mais dinâmicas da economia contemporânea”. Em seguida, o primeiro painel apresentou dados sobre o mercado hispânico nos Estados Unidos. “Esse não é necessariamente um mercado para o cinema feito no Brasil”, ressaltou Steve Solot vice-presidente da Motion Picture Association (MPA) para operações na América. Os dados da MPA, associação que defende os interesses das sete majors de Hollywood, mostraram que a maior parte dos hispânicos, em busca da inserção cultural na sociedade americana, prefere ver cinema falado em inglês. O executivo da MPA recomendou que o marketing dos filmes brasileiros nos Estados Unidos seja direcionado ao público mais geral, e não aos latinos. Essa foi, por exemplo, a estraté-


gia da Sony Classics para “Central do Brasil”, sexto filme de língua estrangeira mais visto no país em 1999. Mesmo assim, ressaltou as dificuldades de inserção da cinematografia brasileira no mercado norte-americano: das 37 mil salas de cinema existentes no país, apenas 700 exibem filmes não falados em inglês. É nesse universo restrito de salas de exibição que concorrem entre si os filmes feitos no Brasil e os filmes feitos em outras partes do mundo.

identidade própria Apesar do funil pelo qual tem de passar o cinema brasileiro até chegar às telas de outros países, executivos de companhias norte-americanas e européias enfatizaram a importância da consolidação de uma identidade própria para a produção brasileira. Essa foi uma das principais conclusões deixadas pelo painel sobre aquisição de direitos e pré-venda no mercado internacional. Os executivos responsáveis pela área de compras e aquisições em suas respectivas empresas elucidaram os critérios adotados no momento de adquirir um filme e insistiram na busca de nichos de mercado específicos, não atendidos pelos modelos consagrados por Hollywood. Nesse sentido, ressaltaram o valor do marketing diferenciado e a importância da fidelidade à cultura e à língua do roteiro original. Como uma importante estratégia de marketing contra a inércia imposta pelo mercado cinematográfico mundial, Marco Miller, diretor da Fabrica Cinema, sugeriu a presença de filmes brasileiros em festivais importantes, nos quais o trabalho de diretores de países periféricos pode ganhar grande notoriedade. Além disso, “uma das funções dos festivais é justamente criar nichos de mercado”, explicou o ex-diretor dos festivais de Locarno e Roterdã, referindo-se às possibilidades de estruturação de mercado para cinematografias à margem do eixo dominante.

Executivos estrangeiros enfatizam a necessidade de uma identidade própria para a produção brasileira. A aposta em apoiar projetos a partir de roteiros e de trabalhos de diretores estreantes de países periféricos como Irã, Turquia, Rússia, China e Brasil têm dado bons retornos para a Fabrica, um centro de produção audiovisual da Benetton, em Treviso (Itália), criado em 1994. O iraniano “Quadro negro” foi vencedor do Prêmio Especial do Júri em Cannes 2000 e, em 1999, o chinês Zhang Yuan ganhou o Leão de Prata de melhor diretor no Festival de Veneza por seu filme “17 anos”. Em consonância com as ousadas campanhas publicitárias de sua patrocinadora, os temas dos filmes apoiados pela Fabrica têm em comum as angústias vividas pelos jovens em seus respectivos países. Dos fornos da Fabrica Cinema têm saído cerca de cinco longas em 35 mm e oito filmes em digital por ano. A mais recente obra do braço cinematográfico da United Colors é o filme brasileiro “Bicho de sete cabeças”, da paulista Laís Bodanski, cuja co-produção possibilitou o aporte de US$ 185 mil ao projeto, todo finalizado na Itália. O atendimento a nichos de mercado também foi enfocado por Juliette Renaud, do Canal Plus francês. “Não se deve mudar a cultura e a língua de um roteiro a partir de um ponto de vista comercial”, ressaltou a diretora responsável pela área de pré-compras da emissora francesa, ao referir-se à integridade dos roteiros originais. A empresa participa como co-produtora em cerca de 480 filmes por ano, alocando

recursos para projetos em estado embrionário - exercendo a chamada “pré-compra” - e obtendo em troca a aquisição dos direitos de exibição para determinados territórios.

negociação simulada Diferentemente dos procedimentos de pré-compra (ou pré-venda, na visão dos produtores do projeto inicial), a aquisição de direitos de exibição quando os filmes já estão prontos não envolvem riscos para as empresas compradoras. “Aquisição não tem nada a ver com risco, tem a ver com oportunidades financeiras e estratégicas”, elucidou Tony Safford, vice-presidente de compras e produção da 20th Century Fox (EUA). Os grandes estúdios de Holywood preferem arriscar grandes recursos em produções próprias delegando a suas distribuidoras a responsabilidade de comprar títulos em mercados estratégicos. A Fox, por exemplo, tem comprado direitos de exibição de títulos brasileiros para toda a América do Sul, incluindo o Brasil, como fez com o filme “Xuxa requebra”. Outra lição tirada do painel sobre prévendas e aquisições foi a importância das co-produções. Do total de précompras efetuadas pelo Canal Plus, a maior parte tem sido direcionada às co-produções na França e no resto Europa, devido à obrigatoriedade de emissão de certo número de títulos franceses ou europeus para cada título estrangeiro exibido. “Só houve précompra de ‘Central do Brasil’ porque o filme foi considerado francês”, enfatizou Renaud citando o exemplo do acordo de co-produção internacional que viabilizou os US$ 500 mil destinados ao filme. Os temas da produção conjunta entre países e a aquisição de direitos voltaram a tona no painel “Formatação e Desenvolvimento de Projetos - Negociação” no qual ocorreu uma simulação de negociação de um filme brasileiro em estado embrionário para o mercado internacional. Representando a

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si mesmos em inusitado talento dramático, produtores, co-produtores, agentes, advogados e distribuidores deram ao público a oportunidade de acompanhar as etapas e percalços de uma negociação repleta de alternativas. Na simulação, a possibilidade de participação de um ou de outro parceiro estrangeiro na co-produção fazia com que se mudasse a todo o momento os rumos (e o roteiro original) do filme brasileiro. No painel mais concorrido do seminário estiveram presentes representantes de empresas de porte como a Columbia TriStar, Fox, Capitol Films, Zebra Producciones e Wild Bunch/Canal Plus.

experiência Em dois painéis, os produtores brasileiros puderam tomar conhecimento de experiências da indústria cinematográfica em outros países que poderiam ser aplicados no Brasil. Um

estudo de caso sobre a Argentina foi mostrado pela Patagonik Film, produtora de audiovisual cujo capital social está repartido entre a Telefonica Media, a Artear (Grupo Clarín), a Buena Vista International (Disney), com 30% cada, e o sócio fundador, com 10%. O case ilustrou as possibilidades de parcerias estratégicas envolvendo produtores e distribuidores (internos e externos) na produção de cinema. A Patagonik Film foi fundada em 1994 e reproduz, na Argentina, a convergência de interesses entre grupos de mídia, de telecomunicações e produtores de conteúdo audiovisual. Constitui, assim, um interessante exemplo do que pode vir a acontecer no Brasil com o crescimento da televisão por assinatura e com a abertura do capital das emissoras de televisão aberta para investidores estrangeiros. Tanto os argentinos da Patagonik quanto os britânicos da Film Four e da Scottish Screen foram unânimes em afirmar a importância da cria-

ção de mecanismos de regulação governamentais para a consolidação da produção cinematográfica local. No painel sobre a produção do Reino Unido estiveram em foco os mecanismos de financiamento para a produção cinematográfica britânica e européia. Além da “cota de tela” para a TV que obriga as empresas de televisão a investir na produção de filmes locais - como acontece na França e na Espanha - o Reino Unido conta com outros mecanismos de apoio, tais como o Film Council e os recursos provenientes da Loteria Nacional. O Film Council foi criado em abril deste ano pelo governo britânico para incentivar, tanto do ponto de vista cultural quanto comercial, a indústria cinematográfica. Para John Archer, diretor executivo da Scottish Screen as atividades do órgão de fomento poderão desenvolver no longo prazo, “uma verdadeira indústria cinematográfica independente dos Estados Unidos”. O Film Council


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passou a centralizar os recursos provenientes de parte da arrecadação da Loteria Nacional que, desde 1995, viabilizou cerca de 100 produções alocando recursos entre £ 7,5 mil e £ 1,5 milhão (US$ 12 mil e US$ 2,4 milhões, aproximadamente). Atualmente a Loteria Nacional tem possibilitado o aporte de cerca de £ 50 milhões anuais (cerca de US$ 80 milhões) para a produção cinematográfica britânica. As atribuições do órgão de fomento incluem o apoio à promoção e ao marketing de filmes, as parcerias com comissões regionais (como a Scottish Screen) compostas por profissionais da indústria, a formação de platéias para a produção local, a viabilização da exportação e os investimentos externos que usem os recursos locais. Mais do que uma imposição, a parceria estratégica entre cinema e televisão tem sido estratégica para o desenvolvimento da indústria audiovisual inglesa. É o que apontou o presidente da

“A meta do Festival é se tornar um portal para entrada e saída do produto cinematográfico latino.” Iafa Britz, organizadora do seminário

FilmFour, Paul Webster, no painel sobre as alianças entre a pequena e a grande tela. A FilmFour vem atuando desde 1984 na produção distribuição e comercialização de filmes. Como peculiaridade do mercado inglês, Webster ressaltou também a importância das alianças estratégicas entre setores privados e estatais na televisão. Nesse mercado, dominado pela estatal BBC, a FilmFour vem atuando desde 1998

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com o FilmFour Channel, canal de TV que exibe mensalmente cerca de 120 filmes britânicos, americanos e independentes de todo o mundo. A presença de executivos de peso da indústria audiovisual internacional contribuiu para que, entre as salas e a piscina do Copacabana Palace, muitas negociações envolvendo a produção latina e brasileira pudessem ser encaminhadas. Ainda sem poder indicar com exatidão as cifras envolvidas nos negócios fechados durante o evento, Iafa Britz, diretora do seminário, apontou que o espaço informal de transações que envolvem o estabelecimento de acordos de co-produções e a compra e venda de projetos cinematográfico embrionários irá evoluir, na próxima edição, para a consolidação de um mercado mais formalizado. Segundo a organizadora do seminário, além das mostras de cinema, “a meta do festival é se tornar um portal para a entrada e saída do produto cinematográfico latino”.


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FI Q UE PR  MIO SERJÃO O prêmio criado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo que visa estimular as iniciativas de experimentação, pesquisas e procedimentos artísticos que utilizam novas mídias e meios tecnológicos, leva o nome do ex-ministro Sérgio Motta, em homenagem ao seu incentivo à cultura e empolgação com as novas tecnologias. O prêmio é dividido em 11 modalidades contemplando: vídeo (vídeo arte, vídeo instalação, vídeo performance, vídeo dança e videowall), site, CD-ROM, web art, fotografia (foto digital, foto instalação, back light), poesia sonora, imagem reproduzida (outdoor, plotter, painel eletrônico, mailart), música erudita contemporânea, holografia e projeções a laser, realidade virtual e pesquisa. O prêmio abrange a participação de trabalhos realizados entre janeiro de 1999 e julho de 2000 e terá sua cerimônia de premiação no dia 26 de novembro, dia do aniversário do ex-ministro da Comunicação, na Sala São Paulo.

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Com temas abordados como linguagem cinematográfica, operação de câmera e ângulos certos, posturas dentro do set de filmagem, roupas corretas, entrevistas, trilhas sonoras, edição, timing e finalização, o 1º Curso de Making Of será ministrado pelo diretor Alex Maciel, publicitário graduado pela FAAP, professor registrado pelo MEC e atualmente lecionando RTV nas Faculdades Oswaldo Cruz. Os cursos serão ministrados no Videoroom da Making Of Produções, na Av. Angélica, 819 entre os dias 21 de novembro e 2 de dezembro. Mais informações e inscrições no site www.makingof.net.

CINEMA E VÍDEO EM CUBA O convênio entre o Projeto Proarte Brasil e a Escuela Internacional de Cine y TV de Cuba está oferecendo cursos, sem vestibular nem limite de idade, no primeiro semestre de 2001 para brasileiros. As oficinas experimentais são: direção de atores, roteiro cinematográfico, escrevendo para atores - atuando para escritores, fotografia cinematográfica avançada e edição digital em Avid. As oficinas de especialização em TV são: informativos de TV e jornalismo televisivo, produção e direção de programas dramáticos para TV. Contatos no Brasil para inscrições com Alfredo Calvino / Patricia Martin - Projeto Proarte Brasil - telefax: (24) 629-1493 (Búzios) celular: (24) 9217-1620 e-mail: proarte@bigfoot.com.


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