Revista Tela Viva 179 - Jan/Fev 2008

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 17_#179_jan/fev2008

Por que o vídeo no celular ainda não decolou, no Brasil e no mundo

quem quer a tv móvel? Entrevista Silvio Da-Rin conta que a SAV quer fomentar jogos eletrônicos

animação Produção brasileira chega mais madura ao mercado internacional



Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretor Editorial Diretor Editorial Diretor Comercial Diretor Financeiro Diretor de Marketing

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em sempre o ritmo dos negócios acompanha a evolução da tecnologia, e a TV no celular é um bom exemplo deste descompasso. A matéria de capa desta edição mostra como as operadoras em todo o mundo vêm buscando modelos de negócio que viabilizem a transmissão de vídeo nos aparelhos móveis. TELA VIVA participou do maior evento de telefonia celular do mundo, em Barcelona, e ouviu dos principais players mundiais quais os desafios. No Brasil, se por um lado o modelo de TV digital terrestre garantiu o acesso livre e gratuito da TV móvel, por outro lado criou uma resistência das operadoras e fabricantes de aparelhos celulares, pois o modelo não prevê a remuneração destes agentes. A questão fica mais complexa agora, com a entrada das redes de terceira geração de telefonia celular, que deixa os aparelhinhos mais parecidos com um computador com acesso à Internet. E nesse ambiente, como se sabe, o usuário busca cada vez mais conteúdo...gratuito. Ou seja, pior ainda para quem busca um modelo sustentável. Para os produtores, a questão reflete na exigência por parte dos canais de cada vez mais conteúdos adaptáveis para as novas mídias, como mostra a matéria feita em Washington, onde TELA VIVA participou do RealScreen, encontro mundial de produtores de documentários. Ansiosos por participar deste mercado, mas ainda sem modelos de receitas, os canais vêm jogando a conta da nova mídia nas costas dos produtores. Que modelos vencerão, e quem ganhará com eles, são respostas que ainda estão por vir. A única certeza de todos é que é preciso começar a trabalhar agora com estes serviços, para estar preparado na hora em que os modelos se consolidem.

O ano começou com uma excelente notícia para o audiovisual brasileiro: a primeira liberação de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual. O decreto 6.299/2007 foi assinado em meados de dezembro pelo presidente Lula, e liberou R$ 37 milhões para o Fundo, que será utilizado em atividades de fomento, cujas diretrizes serão determinadas pelo Conselho Superior de Cinema. O fundo prevê a possibilidade de investimentos não apenas em cinema, mas também televisão, em exibição e infra-estrutura, mas ainda está sendo regulamentado pela Ancine em relação aos mecanismos de operação, e os recursos agora liberados serão aplicados ao longo de 2008 em projetos a fundo perdido, investimentos retornáveis e empréstimos. O audiovisual nacional ganha assim mais um mecanismo importante de financiamento e fomento.

ilustração de capa: Editoria de arte converge

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Ano17 _179_ jan/fev/08

(índice ) Novas mídias

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Porque a TV no celular não decola?

Scanner

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Figuras

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Internacional

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Animação brasileira amadurece seus projetos

Mercado internacional 20 Exigências dos canais aumentaram sem contrapartida financeira, dizem produtores

Entrevista

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Silvio Da-Rin aponta prioridades da nova Secretaria do Audiovisual 12 6

Audiência

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Mercado

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O case de sucesso do “Peixonauta”

Produção

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Escala é a solução para vídeo na Internet

( cartas)

Making of

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Regulamentação

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Como o governo francês vê a convergência de mídias

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Artigo

Parabéns Trabalho na área de relacionamento do Itaú Cultural junto com o sr. Paulo Vicelli. Sou a mais nova responsável pela área de relacionamento com TVs, rádios e sites. Entro em contato para parabenizar-lhe pelo excelente trabalho que a Tela Viva nos oferece. O Itaú Cultural tem por objetivo difundir a arte e a cultura brasileiras por todo o país, e encontramos nos veículos de comunicação, parceiros importantes nesta tarefa. Boas festas e ótimas reportagens em 2008!

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O arcabouço regulatório é ampliado para o desenvolvimento do audiovisual

Upgrade

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Agenda

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Renata Linhares, Instituto Itaú Cultural, São Paulo, SP

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas.telaviva@convergecom.com.br

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( scanner ) Formato argentino chega ao Brasil fotos: divulgação

O programa argentino “Caiga Quien Caiga”, da produtora Eyeworks Cuatro Cabezas, ganhou uma versão brasileira. O programa de humor, que estréia em março na Band, recebeu o nome de “Custe o que Custar”. Segundo a emissora, a produção será da própria Band, mas a Cuatro Cabezas participará do processo, já que tem o know-how do formato. Para isso, a produtora está montando sua primeira base brasileira, em São Paulo. O programa é exibido na Argentina desde 1995 e conta com versões na Espanha, desde 1996; Itália, desde 1997; e Chile, desde 2002.

Programa argentino “Caiga Quien Caiga” chega ao Brasil com produção da Band. Outros negócios A Band negociou a sua primeira novela em HD com a Telemundo, durante a Natpe, feira de programação que aconteceu em janeiro, em Las Vegas. A emissora hispânica dos EUA adquiriu os direitos de distribuição internacional da novela “Dance, Dance, Dance” para todo o mundo, exceto o Brasil e alguns países asiáticos.

Unidas pelo conteúdo As produtoras Movi&Art e Rex fecharam uma parceria para desenvolver conteúdos nãopublicitários para emissoras de TV aberta e paga, como seriados, documentários e filmes institucionais. Com a união, a estrutura física da Rex muda-se para dentro da Movi&Art, que passa a ter um núcleo específico de produção de conteúdo para televisão. O primeiro projeto realizado em parceria será a produção do concurso Miss Brasil 2008 para a Band, programa que a Rex produz desde 2006.

foto: tela viva

Folia online O Carnaval deixou de ser um evento a ser assistido e explorado comercialmente apenas pela televisão. Com ênfase na festa de Salvador, Bahia, a cobertura do portal Terra contou com transmissão ao vivo dos dois principais circuitos, com direito a uma estrutura semelhante à de grandes emissoras de TV e recorde de audiência no portal. O Terra realizou a cobertura do Carnaval com equipes espalhadas pelas ruas de Salvador e Recife e nos sambódromos do Rio e de São Paulo. Foi na semana de quarta-feira (dia 30 de janeiro) a quinta-feira (7 de fevereiro)

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A Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) começou a oferecer curso de graduação em Cinema. O curso tem o objetivo de formar criadores e realizadores de produtos audiovisuais, com conhecimento prático e teórico nas áreas: criação, argumento, roteiro, préprodução, produção, produção executiva, direção, fotografia, iluminação, produção de trilha sonora e captação de som, montagem, mercado e crítica. As aulas serão ministradas no campus Anália Franco, no período da manhã. A coordenação do curso é de Carlos Jorge Barros Monteiro.

que o portal bateu o seu recorde de audiência. Foram, segundo dados do Terra, mais de 13 milhões de streamings de vídeo, com 220 mil horas de vídeos assistidos, entre ao vivo e on-demand. Esse número de streamings representa um aumento de 117% em relação ao ano passado. Além dos 450 vídeos, foram produzidas mais de três mil notícias em tempo real, sete mil fotos e notícias. O destaque ficou com a cobertura do Carnaval de Salvador, onde o portal montou uma estrutura comparável à de televisão e transmitiu a folia em tempo real pela Internet, contabilizando mais de 90 horas de transmissão ao vivo dos dois principais circuitos, Barra/Ondina e Campo Grande. No circuito Barra/Ondina, além de um estúdio onde os apresentadores apresentavam os blocos e interagiam com os artistas, o portal contou com salas para redação, edição e transmissão dos vídeos, além de um espaço para receber convidados. Todo o equipamento e a equipe foram transportados de São Paulo, inclusive o caminhão da S2 e o helicóptero, que completava o jogo de 12 câmeras que realizaram a captação das imagens da festa. Somente para a cobertura do Carnaval de Salvador foi mobilizada uma equipe de 50 profissionais, entre jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e técnicos. No Brasil todo, o Terra mobilizou 105 profissionais para a cobertura. Além da transmissão para o Brasil, com apresentação de Thierry Figueira e Sabrina Parlatore, o Terra teve cobertura ao vivo em espanhol para a América Latina, com apresentação da jornalista Azahara Martin Ortega.

Estúdio do Terra TV no circuito Barra/Ondina, em Salvador: Carnaval foi recorde de audiência no portal.

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Formação em Cinema

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Público nos cinemas Pesquisa da Nielsen EDI divulgada em fevereiro deste ano aponta que em 2007 foram vendidos 86,9 milhões de ingressos para as salas de cinema em todo o Brasil em 2007. O total de filmes exibidos entre 5 de janeiro 2007 e 3 de janeiro de 2008 bateu a “Tropa de Elite”: vencedor do Urso de Ouro cifra de R$ 696,9 milhões de é o filme brasileiro mais visto em 2007. faturamento, o que significa um aumento de 1,02% em bilheteria em relação ao ano anterior. O público teve queda de 0,98%, mantendo-se estável. O valor médio do ingresso teve aumento de 1,03%, fechando o ano com o valor de R$8,02. A participação de mercado dos filmes brasileiros caiu para 10%, contra 11,7% no ano anterior, mesmo com títulos fortes nas salas de cinema, como “Tropa de Elite” e “A Grande Família”, os dois nacionais mais vistos. Contudo, o número de estréias nacionais aumentou de 55 para 70 filmes. Quando o assunto é distribuição, segundo a pesquisa, as distribuidoras independentes lançaram 227 filmes, contra 101 lançamentos das majors. Os filmes lançados pelas majors, no entanto, representaram 79,44% da bilheteria.

Filmes mais vistos em 2007 (público) 6,1 milhões

“Homem Aranha 3”

4,6 milhões

“Shrek 3”

4,2 milhões

“Harry Potter e a Ordem da Fenix”

3,8 milhões

“Os Piratas do Caribe 3” “Uma Noite no Museu”

3 milhões 2,7 milhões

“300”

2,4 milhões

“Tropa de Elite”

2,2 milhões

“Os Simpsons”

2,2 milhões

“Ratatouille”

2,1 milhões

“Quarteto Fantastico e o Surfista Prateado” Fonte: Nielsen EDI

Moda brasileira

De mudança A AD Digital está de casa nova. A empresa de assessoria técnica mudou-se para a Alameda Jaú, 1742, 13° andar, no bairro Jardins, em São Paulo. A nova estrutura é, segundo a AD Digital, mais moderna e equipada.

Arte em movimento A TVO, mídia digital móvel da Mixer, lançou um projeto artístico em comemoração ao aniversário de São Paulo, que acontece no dia 25 de janeiro. O quadro “Galeria Virtual”, exibido diariamente na programação da TVO, tem como objetivo despertar o interesse do público usuário de ônibus para as obras de arte e arquitetura da cidade. A primeira contribuição foi a do fotógrafo Klaus Mitteldorff , com o projeto “Pela Janela”, que, através das janelas dos ônibus da cidade, exibe sua visão diferenciada sobre os projetos artísticos e todas as linguagens culturais de São Paulo, além de mostrar a rotina dos usuários deste meio de transporte da capital paulistana.

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O canal Fashion TV, comprado pela Turner da programadora Claxson, ganhará a partir deste ano uma cara mais brasileira. Com sinal exclusivo para o Brasil, o canal criado na França incluirá, gradativamente, programas nacionais realizados por produtoras independentes em sua grade de programação. Serão séries, documentários e coberturas dos eventos Canal Fashion TV, da Turner, terá programas nacionais. importantes de moda que acontecem no Brasil. “A indústria da moda está em alta no Brasil e o Fashion TV vai explorar tudo o que há de mais relevante no assunto”, diz o vice-presidente da Turner International do Brasil, Anthony Doyle. No total, são sete projetos em andamento. Destes, dois já foram aprovados para uso de recursos do Artigo 39 da MP 2.228-1. São duas séries de 13 episódios, com meia hora de duração cada, uma delas produzida pela Giros e a outra pela BL Produções. Doyle lembra que a produção de programas com temática brasileira não estará restrita a recursos do Artigo 39: “Podemos utilizar recursos próprios também, especialmente para a cobertura de eventos como Fashion Week, em São Paulo e no Rio”. O executivo afirma que também está buscando conteúdo nacional pronto para adquirir no País. O canal, que tem hoje cerca de 500 mil assinantes, já foi negociado com a Telefônica, mas ainda não há previsão de início da operação. V i v a

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fotos: divulgação

( scanner ) Aquisição mineira A TV Alterosa comprou 50% do capital acionário da TV Brasília, pertencente às Organizações Paulo Otávio. Pela transação, cabe à TV Alterosa a gestão do negócio e o controle comercial e editorial da emissora. Com a aquisição, a TV Brasília retorna aos Associados Centro-Oeste (foi vendida em 2001), que no Distrito Federal detém ainda os jornais Correio Braziliense e Aqui, o portal de Internet Correioweb e as rádios 105FM e Planalto. O gerente técnico da TV Alterosa, Luis Eduardo Leão, assume a TV Brasília como superintendente, acumulando o cargo que ocupa em Minas Gerais. A idéia é fazer em Brasília o mesmo que ocorre atualmente em Minas Gerais, com as integrações das empresas do grupo e a conseqüente sinergia entre TV, Internet e jornal impresso.

Marco Aurélio Marcondes, Fábio Lima e José Eduardo Ferrão apostam nas programação de salas de cinema pelo público.

Ao gosto do freguês A programação de salas de cinema feita pelo próprio público é a aposta do site MovieMobz.com, nova empresa de Fábio Lima e José Eduardo Ferrão, sócios da Rain, e Marco Aurélio Marcondes, ex-sócio da Europa Filmes. O site permite que os cinéfilos escolham os filmes que querem assistir e que os exibidores programem suas salas de acordo com o desejo de seus consumidores, aumentado a taxa de ocupação. “Se você quiser ver ‘O Sétimo Selo’, do Bergman, basta votar no filme no site. Quando houver massa crítica, algum exibidor pode abrir uma sessão com este filme, mesmo sendo um título de catálogo”, explica Fabio Lima. O site será colaborativo, agregando críticas de jornais e as críticas do próprio público, formando assim comunidades interessadas em gêneros e temáticas específicas, diretores, atores etc.

Cobertura de festa jovem Com a intenção de conquistar o publico jovem, a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da Rádio e TV Cultura, participou do Campus Party, encontro de comunidades da Internet que aconteceu entre os dias 11 e 17 de fevereiro, em São Paulo. No estande de 138 m², a Cultura contou com estúdio de rádio, set de entrevistas, plasmas e computadores. A estrutura visava a cobertura do evento pelos veículos da Fundação, entre eles a televisão. Os programas “Pé na Rua”, “Vitrine”, “Metrópolis”, “Repórter Eco” e “Jornal da Cultura” participaram da cobertura. Além desses, uma série especial foi dedicada ao evento: “RadarCultura no Campus Party”, dirigida por Ricardo Mucci e Vera Lucia Gomes Arguelho. A iniciativa da Fundação está ligada à criação do RadarCultura, ambiente colaborativo na internet que define a programação parcial da Rádio Cultura AM.

Modelo de negócios A MovieMobz.com trabalhará em um modelo de revenue share com os detentores dos direitos. “O usuário do site pode escolher dentro do nosso acervo ou ainda sugerir um título para que seja agregado”, explica Lima. Os filmes serão distribuídos exclusivamente por meio digital, usando assim, a rede de distribuição da Rain, que atende atualmente salas de cinema em 20 cidades. A expectativa é que a empresa comece a funcionar até o início de abril. Lima, que deixa a direção operacional da Rain para se dedicar à nova empresa, diz que a MovieMobz. com já está expandindo seu território e deve começar a funcionar na Argentina ainda no primeiro semestre deste ano.

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Estande da Fundação Padre Anchieta na Campus Party: tentativa de conquistar o público jovem.

Isenção para TV digital Até 31 de dezembro deste ano, três categorias de equipamentos destinados à TV digital e rádio digital ficarão isentos da cobrança do Imposto de Importação. A lista foi publicada em janeiro, no Diário Oficial da União, por meio de resolução da Câmara de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento. Os equipamentos isentos temporariamente da cobrança do imposto estão reunidos em 12 subcategorias, incluindo os codificadores MPEG-4 e materiais de monitoração com compressão em MPEG-2 e MPEG-4. A medida tem validade imediata e poderá ajudar a baratear os equipamentos para a transição do sistema analógico de radiodifusão para o digital. A isenção não vale para set-top boxes.

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Festival de resultados Os festivais de cinema no Brasil atraíram 2,2 milhões de pessoas em 2006. A estimativa é do Fórum dos Festivais, que apresentou um diagnóstico sobre os 123 festivais de cinema realizados no Brasil e os nove festivais de cinema brasileiro no exterior. Segundo o levantamento, a realização destes eventos movimentou cerca de R$ 60 milhões em todo o país (sendo 43,66% provenientes da Lei Rouanet). O número de festivais aumentou de 44, em 2000, para 132, em 2006, com

aumento médio de 19,82% a cada ano. No aspecto localização, Roraima e Acre são os dois únicos estados brasileiros que não têm registros de festivais de cinema, enquanto a região Sudeste concentra a maioria (51,52%) dos eventos. A pesquisa identifica, no entanto, crescimento dos eventos nas outras regiões brasileiras, e aponta que o aumento percentual dos festivais entre 2005 e 2006 foi maior nas regiões Norte (aumento de 80%) e Nordeste (42%).

Trabalho em conjunto A parceria internacional da Delicatessen Filmes com a Independent Artists rendeu seu primeiro fruto: um comercial de Listerine com Adam Savage e Jamie Hyneman, apresentadores do programa “MythBusters” (“Caçadores de Mitos”), do Discovery Channel. O filme foi rodado em São Francisco, Califórnia, no mesmo estúdio de efeitos visuais utilizado pelo programa. A produção contou com equipe local e direção do brasileiro Gustavo Leme. A criação ficou por conta da JWT Brasil, assinada por Fábio Brandão, que também assume a direção de criação com Ricardo Chester. No filme, os astros do programa de TV criam um experimento e comprovam que só com Listerine a boca fica completamente limpa. A veiculação inclui inserções na TV aberta e por assinatura no Comercial de Listerine com os apresentadores do programa “Caçadores de Mitos” foi o primeiro da parceria entre a Independent Artists e a brasileira Delicatessen Filmes. Brasil e na América Latina.

Cota de tela mantida

HD avança pela TV paga A alta definição, que no momento está restrita aos canais abertos de São Paulo e ao canal Globosat HD, avança pela TV por assinatura. A Abril começou a testar a tecnologia e a se preparar para o futuro high definition. Maria Tereza Gomes, diretora de programação e produção do Ideal, diz que o canal começou a produzir em alta definição uma série de 16 programetes e uma série de sete episódios de 30 minutos. A idéia é treinar a equipe para a nova tecnologia. Segundo a executiva, o canal tem tecnologia para captar cenas externas e para editar em alta definição. “Nosso estúdio ainda é Beta”, explica. Contudo, há um estudo da engenharia da Abril para que toda a infra-estrutura seja preparada para alta definição. “O Ideal

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O número de dias para exibição obrigatória de filmes nacionais nos cinemas em 2008 permanece o mesmo em comparação ao ano de 2007. O Decreto da Cota de Tela determina que, este ano, salas de cinema, espaços ou locais de exibição pública comercial estão obrigados a destinar, no mínimo, 28 dias de suas telas a pelo menos, dois filmes de longa-metragem nacionais. O número de dias aumenta gradualmente conforme o número de salas no complexo, chegando a chegando a 644 dias no total em complexos com vinte salas, com pelo menos 11 títulos nacionais diferentes. Complexos com mais de 20 salas, deverão somar mais sete dias na cota para cada sala extra.

“Café Ideal”: primeiro programa captado em HD pelo canal da Abril.

está muito próximo de ser 100% HD, dependo apenas de um aporte financeiro”, diz. O investimento se refere à compra dos equipamentos de estúdio e ao aumento da capacidade armazenamento de conteúdo. A transição exigirá também um modelo de negócios. “Teremos um aumento de custo alto”, diz Maria Tereza.

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(figuras ) Ampliação de departamentos

Novo presidente O diretor-executivo de operações da Net Serviços, José Félix, foi nomeado para a presidência da empresa, no lugar de Francisco Valim, que ocupava o cargo desde fevereiro de 2003. Felix deu início a seu trabalho no setor de TV paga em 1990, inicialmente na Net Sul e depois na Net Serviços. Teve atuação sempre ligada à área de tecnologia e José Félix em 2003 assumiu o comando da área operacional da Net. Valim, responsável pelo processo de reestruturação financeira da companhia e a aquisição de operações, como a Vivax e a BigTV, assumiu o cargo de COO da Experian, empresa do setor financeiro responsável, por exemplo, pelo escritório de análise de crédito Serasa (que passa a ser interinamente presidido por Valim). Ainda na Net Serviços, Eduardo Aspesi volta ao setor deTV por assinatura, como diretor responsável pelas áreas de marketing e comercialização da empresa. O executivo deixou, recentemente, o posto de vice-presidente de marketing da Vivo.

Novidade na programação A Viacom Networks Brasil, empresa que opera e distribui no País os canais Nickelodeon, Vh1, MTV Hits, MTV Jams e Vh1 Soul, contratou Livia Ghelli para gerenciar o departamento de programação do canal de música e cultura pop Vh1. Livia chega à empresa após trabalhar por oito anos no canal Telecine como coordenadora sênior do Núcleo de Cinema do departamento de Programação e Aquisição de Conteúdo. 10

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Acúmulo de funções José Luis Formoso Martínez assumiu a presidência da Embratel, no lugar de Carlos Henrique Moreira, que continuará fazendo parte dos conselhos da Embratel, da Net e da Star One. Martínez vai acumular a presidência da companhia com suas atuais funções (vice-presidente da Embrapar e diretor geral). O executivo é engenheiro e foi diretor geral da Cablevisión no México entre 1996 a 1998, acumulando também as presidências da Telgua S.A., na Guatemala, da Telecom El Salvador, e da PCS, na Nicarágua, no período de 1998 a 2004. Ingressou na Embratel em julho de 2004 e participou de forma ativa das atividades de reorganização e novas aquisições implantadas nos últimos três anos.

Atendimento reforçado

Fotos: divulgação

A QG Propaganda iniciou um processo de reestruturação e ampliação de diversos departamentos, sob o comando de Paulo Zoéga, sóciodiretor da agência. O atendimento, que ganha um novo Carlos Barbieri, Fernanda Poli, Cintia Mitie núcleo para o Banco Hosaka e Paulo Zoéga PanAmericano, dirigido por Carlos Barbieri, é o primeiro a receber uma nova equipe. Chegam à agência Cintia Mitie Hosaka (exEuro) e Fernanda Poli (ex-Dim Propaganda, Lumina 1). A agência prevê novas contratações para esse departamento e também para criação e mídia. Além destas mudanças, haverá o lançamento de um núcleo digital.

A Euro RSCG Brasil contratou Paulo Raimondo para ser o novo diretor de atendimento da Citroën. Com 24 anos de experiência no mercado da propaganda, Raimondo já passou por diversas agências, entre elas F/Nazca, Almap BBDO, Talent, McCann, Young & Rubicam, Ogilvy e Sales. Cinema do departamento de Programação e Aquisição de Conteúdo.

Desligamento O sócio e diretor da Margarida Flores e Filmes, Pedro Becker, deixa a produtora e a sociedade com Paulo Schmidt e Marily Raphul. Becker, que atuou na Margarida durante dois anos e participou de seu lançamento (hoje a empresa faz parte do grupo Ink), parte agora para a Produtora Associados. Além de Becker, o diretor Paulo Vainer deixou a Margarida no início do ano para atuar na mesma Produtora Associados, de Leyla Fernandes.

Conselhos definidos O Fórum do Audiovisual e do Cinema (FAC) apresentou a nova composição de seus conselhos Deliberativo e Fiscal, além dos novos coordenadores geral e tesoureiro, para o período de 2 de dezembro de 2007 até 1° de dezembro de 2008. O primeiro-conselheiro do Conselho Deliberativo passa a ser o diretor-executivo Alexandre Annenberg da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg. Também compõem o Conselho: André Sturm, Carlos Eduardo Rodrigues, Wilson Feitosa, Abrahao Sochaczewski, Luis Severiano Ribeiro Neto, Roberto Farias, André Porto Alegre, Paulo Thiago e Paulo Gomes de Oliveira Filho. O conselheiro coordenador geral passa a ser Rodrigo Saturnino Braga, e Carlos Eduardo de Alkimim assume o posto de conselheiro tesoureiro. O Conselho Fiscal é formado pelos titulares Jorge Peregrino, Luiz Carlos Barreto e José Carlos Ribeiro de Oliveira, e pelos suplentes Aníbal Massaini Neto e Cesar Pereira da Silva V i v a

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A Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da Rádio e TV Cultura, começou o ano com uma reestruturação organizacional. Com a mudança, foi criada e Diretoria de Prestação de Serviços, sob coordenação geral de Ricardo Paoletti e direção de Carlos Wagner La Bella. A divisão tem como objetivo a produção de programas para clientes institucionais - como José Vidal Pola Galé STF, TSE e TV Justiça -, englobando também a gestão das atividades relativas à aquisição de produção externa, documentários, pós–produção e atividades do escritório de Brasília. A Secretaria Executiva da Presidência, assim como a Assessoria de Relações Institucionais, está sob a responsabilidade de José Vidal Pola Galé. Gabriel Priolli assume a coordenação da área de Conteúdo e Qualidade. Mônica Teixeira coordena o projeto Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), com o apoio do assessor de Planejamento e Controle Financeiro da Diretoria de Projetos Especiais da FPA, Marcelo Azengo, que participará do planejamento e da execução.

Vendas para a Europa Em dezembro último, a área de vendas da Globo TV International recebeu um novo executivo. Marcelo Mattar foi contratado como gerente internacional de vendas para a Europa Ocidental. Ele passou a ser responsável pelo gerenciamento estratégico para a região, com atribuições como a negociação de conteúdo para todas as plataformas de distribuição e a administração de portfolio, com foco em países como Espanha, Itália, França, Alemanha e Reino Unido. Entre as empresas onde Mattar já trabalhou estão Microsoft-MSN e Rádio Jovem Pan.

Camila Dammann

Mayra Latuf

Sérgio de Souza

Novidade em duas áreas A Giovanni+Draftfcb começou o ano com contratações para os departamentos de criação e atendimento. Entre os novos criativos da agência estão a redatora Camila Dammann (ex-TBWA e Publicis) e a diretora de arte Thaís Velasques (ex-Lowe, Carillo Pastore e Almap), como sua dupla. Ambas passam a integrar a equipe de Sidney Araújo, Ricardo John e Adilson Xavier. Para o atendimento do cliente Gafisa chegam à agência Mayra Latuf de Souza (ex-TBWA) e Sérgio de Souza (ex-Publicis e AgênciaClick). Os profissionais fazem parte da equipe de Geraldo Mosse.

Atendimento para o Sul

Marcela Machado foi contratada para realizar o atendimento do novo braço de produção da Play It Again para o Sul do Brasil. Marcela chega com a experiência de produção de conteúdo para TV na Kiwi Produções e também como consultora de novos negócios da Global Telecom em Curitiba. O novo braço da Play It Again, que será lançado em 7 de março, dá início ao processo de regionalização da produtora. O braço será sediado em Curitiba e cobrirá também as cidades de Porto Alegre e Florianópolis. “A idéia para 2008 é estabelecermos uma identidade local de produção para as principais capitais brasileiras”, diz o dono da produtora, Tula Minassian. Ainda para este ano, estão previstas as inaugurações dos braços de produção Goiânia/Brasília e Norte/Nordeste.

Pesquisa de mercado

Promoções na NBC Steve Patscheck é o novo diretor geral da NBC Universal Global Networks na América Latina. O executivo atuava desde 2003 como vice-presidente de Programação da empresa, na supervisão do desenvolvimento de programação e aquisições da América Latina e do Brasil. Patscheck também atuou em empresas como MTV Networks e Discovery Networks. Além do novo diretor geral, a NBC Universal Global Networks confirmou a executiva Julieta Peralta, para o cargo de vice-presidente de Operações para a América Latina. Julieta, que antes ocupava o cargo de diretora de Finanças e Operações da Sparrowhawk Media (empresa adquirida pela NBC Universal) será responsável pelos três canais que a NBC Universal Global Networks opera na região: Universal Channel, Sci Fi Channel e Hallmark Channel.

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Thaís Velasques

Foto: David Peixoto /DIVULGAÇÃO

Foto: jair bertulucci/DIVULGAÇÃO

Mudança organizacional

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A Discovery Networks Latin América/ US Hispanic contratou Marcela Doria como gerente de pesquisa da Discovery Networks no Brasil. Sua atuação está focada em inteligência de mercado, com a realização de relatórios, estudos customizados, “focus groups”, painéis, além de pesquisas quantitativas e de avaliação das marcas dos seis canais da programadora. Em sua carreira, Marcela desenvolveu trabalhos para marcas como Coca-Cola, L’Oreal, Cartoon Network, Fox Channel, Mars, Johnson Wax, Johnson & Johnson, Nestlé, Phillip Morris, United Airlines e Ballantines, além de ter atuado na Discovery Communications em Miami, no período de 2001 a 2007. A executiva fica baseada na sede da Discovery em São Paulo e se reporta ao gerente-geral da empresa, Fernando Medin.

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( capa )

Samuel Possebon, de Barcelona

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Sinal fraco Mundialmente, o vídeo no celular ainda está em um estágio inicial do desenvolvimento, e os primeiros resultados não são muito animadores. Operadores móveis e produtores de conteúdo discutem, no Mobile World Congress, os caminhos para esse mercado.

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or meio do telefone celular pode-se distribuir serviços de televisão, vídeo e cinema. Isso está claro há vários anos. Mas quando se olha para esse universo, percebe-se que o entusiasmo de alguns anos atrás não se traduz, ainda, em resultados concretos. É um mercado que, simplesmente, ainda não decolou como se esperava, nem no Brasil, nem no mundo. Por que? Esta foi uma das principais perguntas colocadas durante o Mobile World Congress, o maior encontro da indústria de telefonia celular, que aconteceu no início de fevereiro na cidade de Barcelona, Espanha. As respostas apontam para vários fatores, que veremos em seguida. Antes, alguns dados recentes. Segundo pesquisas realizadas pela Nielsen junto a usuários de celular em várias partes do mundo ocidental (porque os padrões de consumo na Ásia são muito diferentes e não servem de comparação), o que se constata é que poucos estão usando o celular como um meio para o consumo de serviços de televisão. Um dos países em que estes serviços têm mais sucesso é o Reino Unido, com 6,3% dos usuários de serviços móveis utilizando serviços de vídeo, qualquer que seja ele. Na Itália o número é de 5,4%, na Espanha, 4,5% e na Alemanha, 2,3%. Nos EUA, esse número é muito menor: 1,6%. No Brasil não existe um levantamento preciso, mas estima-se que seja bem menos do que nos EUA, em função da grande base de usuários pré-pagos (a base de celulares no Brasil é de cerca de 120 milhões, dos quais 80% na modalidade pré-paga). Jeff Herrmann,

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vice-presidente da divisão de mídia móvel da Nielsen, constata ainda um paradoxo: ainda que estejam consumindo serviços de televisão móvel em um grau muito menor do que se poderia esperar, os usuários de celular são justamente os mais propensos a utilizarem serviços de interatividade na televisão, assistem mais televisão do que a média da população e são familiarizados com outros meios digitais, como Internet. Então, por que o uso do celular como meio para consumo de conteúdos não é algo que esteja efetivamente acontecendo? Peter Mercier, responsável pela divisão de conteúdo digital e móvel da BBC Worldwide (um dos grupos que mais tem apostado no desenvolvimento de programas e conteúdos para celular), diz que há alguns fatores que já podem ser apontados concretamente como causas para esse aparente insucesso. Primeiro, existe hoje uma grande fragmentação da base de usuários de celular. São várias operadoras diferentes, cada uma com uma tecnologia diferente e modelos de negócio específicos, dezenas de sistemas operacionais nos handsets e centenas de modelos diferentes de aparelhos. Fazer com que um mesmo

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conteúdo se adapte a ambientes tão diferentes é complicado e a base potencial de determinado serviço se afunila cada vez mais. Outra variável apontada por Mercier é a complexidade do acesso, já que o usuário só consegue assistir a determinados conteúdos depois de peregrinar por vários menus, muitas vezes escondidos dentro da infinidade de outros serviços que as operadoras colocam à disposição do usuário. “As opções de vídeo estão perdidas entre jogos, músicas e ringtones”. E, por fim (e mais importante), o que a BBC percebe que afeta diretamente o consumo de conteúdos audiovisuais pelo celular é a experiência dos usuários. “Trata-se de uma experiência, em geral, desanimadora, com imagens ruins, truncadas, sem atratividade, com conteúdos de pouco interesse”, reconhece o executivo. Parte desse problema se deve à pouca capacidade das redes de celular. Com a evolução para redes de terceira geração, em que a transmissão de dados é feita em velocidades maiores, isso tende a

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mudar. “Em redes 3G, no Reino Unido, pelo menos, o uso do celular para o consumo de vídeos é de três a quatro vezes maior”, diz Peter Mercier. O executivo da BBC destaca ainda algumas dificuldades do lado dos operadores e grandes produtores de conteúdo para fomentar esse mercado. Lembra que hoje há pouca escala para investimentos em produção específica para celular, não existem modelos de negócio que viabilizem os conteúdos, não há cultura de oferta de conteúdos audiovisuais nas empresa de celular e, na briga com os outros meios audiovisuais, o celular tenha ainda mais dificuldade para negociar direitos, seja de eventos, seja para pagar os royalties a artistas e roteiristas envolvidos em produções para outras mídias que “ganharem versões para celular”. Para Stanley Fertig, vice-presidente sênior da HBO International responsável pela área de celular, simplesmente não vale a pena investir em conteúdos para essa mídia agora. “Eu não tenho orçamento para isso e nem devo ter a curto prazo. Por uma razão simples: a HBO tem um padrão de qualidade para investir em conteúdos. Para manter esse padrão em celular e termos retorno do investimento, seria necessário uma escala que ainda não existe”. Kevin Obi, vice presidente da divisão de ativos digitais da NBC Universal reconhece que os grandes grupos de mídia estão nisso para não perder o bonde: “Não queremos demorar para entrar nisso como demoramos para entrar na Internet. Mas ainda é um mercado longe da maturação”.

“Experiência do usuário é desanimadora, com imagens ruins e conteúdo de pouco interesse” Peter Mercier, da BBC Worldwide

Publicidade Arun Sarin, CEO de uma das maiores operadoras de telefonia celular do mundo, a Vodafone, aposta em um único caminho para viabilizar os conteúdos móveis, sobretudo os conteúdos audiovisuais: publicidade. A Vodafone acha que tem espaço para disputar esse mercado, seja oferecendo serviços de Internet, serviços de busca no celular ou serviços de televisão. “Definitivamente o celular é um novo meio para a publicidade, e é algo que precisará ser melhor explorado nos próximos anos”. É, em linhas gerais, o que diz a Nielsen: “os conteúdos de televisão no celular precisarão ser gratuitos, e por isso dependem de publicidade”, diz Jeff Herrmann. “A publicidade está crescendo em todo o mundo, e as mídias digitais ocupam um espaço cada vez mais destacado nesse cenário. Não há razão para não acreditar que o celular não colherá os benefícios desse movimento”, diz o executivo, lembrando que hoje os meios digitais já são maiores em faturamento do que rádios e revistas na maior parte dos países e que em alguns mercados onde a TV comercial não é tão presente, como Reino Unido e Suécia, a Internet está a caminho de se tornar o principal meio publicitário. “O celular ainda tem a vantagem de ser altamente preciso como mídia publicitária, já que se conhece exatamente quem é o usuário”, diz. Para Ralph de la Vega, CEO da AT&T Mobile (antiga Cingular), a oferta de serviços de vídeo muda significativamente a forma com que a operadora de celular se relaciona com o seu assinante. “Em essência, ao oferecer conteúdos de TV móvel, o nosso negócio muda”.

Não há dúvida de que o CEO da AT&T Mobile sabe o que fala. Mas o fato é que hoje os serviços de televisão no celular não estão no topo da agenda das operadoras móveis. Podem até estar em lugar de destaque, mas o que todas as operadoras estão efetivamente buscando é uma forma de integrar a Internet ao celular. Com a disseminação das redes de acesso em banda larga de terceira geração (3G), que tornam o celular um meio de acesso em alta velocidade à Internet, a economia da indústria está mudando. Basicamente, o modelo de negócios (ou não-modelo de negócios) da Internet está se transferindo para o terminal móvel. Com banda larga em seu handset, o usuário quer navegar livremente pelos sites da web, obter os conteúdos que quiser e, de preferência, não pagar por isso. Até hoje, o business da telefonia celular, no tocante a conteúdos, estava centrado na oferta de poucos produtos em portais fechados administrados pelas próprias operadoras. Ou seja, o usuário de celular só acessava o conteúdo e baixava as aplicações autorizadas pela sua operadora. Com a banda larga chegando aos celulares, não é mais assim. Então, o que está realmente mudando o perfil dos serviços móveis é a Internet. E isso, por tabela, afeta os serviços de vídeo também, porque, como se sabe, a Internet, sobretudo na era pós-

“Os usuários de celular não estão vendo vídeos no aparelho, mas são os maiores consumidores de interatividade na TV” Jeff Hermann, da Nielsen

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( capa ) “Para que a coisa pareça profissional, há muito mais a ser feito além de simplesmente filmar. Ainda é algo caro e trabalhoso” Isabella Rossellini, atriz e produtora

entre animais), de oito filmes especificamente criados para o celular. “O que constatamos é que para que a coisa pareça profissional, há muito mais a ser feito além de simplesmente filmar. Ainda é algo caro e trabalhoso”, disse a atriz. Robert Redford concorda: “hoje existe muito conteúdo, mas é preciso separar o que é de qualidade e o que é amador”. Ela é ainda mais categórica ao ressaltar, por sua experiência, que o celular não é apenas o reaproveitamento daquilo que foi feito para outras telas. “Não basta apenas reciclar o que foi feito para a tela grande”, diz a atriz. “O conceito tem que ser todo diferente”. Outra personalidade que resolveu falar sobre o impacto do mundo do celular na vida dos produtores de conteúdo em geral foi Will.i.am, líder da banda de hip-hop Black Eyed Peas. Ele é um dos artistas que, hoje, tem dado as cartas no mundo da música, seja trazendo o cantor brasileiro Sérgio Mendes para o mundo do pop e transformando “Mas que nada” em hit global, seja adotando novas tecnologias para distribuir e criar músicas e vídeos. Will.i.am entende que o celular é parte de uma nova geração de usuários que consomem música, vídeo e jogos de uma maneira nova, movida pela inovação, pelo que é diferente. É o que ele chama, em uma análise sociológica simplificada, mas eficiente, de efeito “did you see this?” (“você viu isso?”). Quando este efeito está presente, seja no mundo da música ou do audiovisual, é que existe uma conexão com a nova geração, quando um conteúdo se torna popular. É o que acontece com dezenas

YouTube, é um grande entreposto de conteúdos audiovisuais. Em busca de uma linguagem Não por acaso que as publicações especializadas Billboard e Hollywood Reporter, dedicadas à indústria de entretenimento nos EUA, decidiram organizar em Barcelona um evento paralelo ao Mobile World Congress chamado Mobile Backstage, voltado aos operadores de celular e produtores de conteúdo interessados nos negócios de música, vídeo e cinema no celular. O evento teve pequena presença de operadores, mas muitos produtores de conteúdo estavam lá, atraídos pelas palavras messiânicas do ator Robert Redford, presidente do Instituto Sundance, que se dedica ao fomento de cinema independente. Robert Redford é, hoje, um dos grandes entusiastas das plataformas móveis como ferramenta de distribuição de conteúdos audiovisuais. “Acredito que um dos grandes problemas do cinema e da produção audiovisual em geral é a dificuldade de distribuição. O desafio é que ainda existe uma barreira muito grande entre aquilo que é lucrativo e o que não é lucrativo. O que existe hoje de conteúdos de vídeo para celular não é lucrativo. Agora está na hora de dar o próximo passo”, disse. Redford investe, por meio do seu instituto, no desenvolvimento de formatos e linguagens para telefonia celular, sobretudo para curtas-metragem. Um dos projetos bancado pelo instituto é o da atriz, diretora de cinema e ex-modelo italiana Isabella Rossellini. Ela idealizou e montou a série “Green Porn” (uma série cômica sobre sexo

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“O que há hoje de legal eu assisto no laptop, na TV ou no iPhone” Will.i.am, do Black Eyed Peas

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de milhares de vídeos no YouTube produzidos de forma mais ou menos elaborada, como músicas que estouram nos iPods antes mesmo de ganharem um lançamento oficial em CD, com programas de televisão que se tornam febre nos meios tradicionais e também nas redes de compartilhamento de arquivos (legais e ilegais) pela Internet. Will.i.am acredita que o celular ainda não entrou na fase de ser um meio para a disseminação do efeito “did you see this” em termos de conteúdos audiovisuais, ainda que já seja para ringtones e música. “Eu não assisto vídeo no meu celular. Não assisto porque o que tem hoje de legal (cool) eu assisto no laptop, na minha TV ou no meu iPhone”. Tormenta iPhone: essa é a palavra que atormentou a cabeça dos operadores de telefonia celular no último ano, desde que foi lançado. Um incrível fenômeno de um dispositivo inventado pela Apple que, apesar de não ser um telefone celular em si pródigo em recursos, nem ter conexão à Internet em banda larga via rede de celular (3G), revolucionou a indústria de handsets e fez com que todos os grandes fornecedores direcionassem seus produtos para oferecer o que o iPhone oferece: tela sensíveis ao toque e de tamanho maior em relação aos telefones convencionais, sensor de movimento, capacidade para execução de músicas e vídeo, capacidade de navegação na Internet por meio de rede wi-fi. “O iPhone elevou o patamar de handsets”, disse Arun Sarin, CEO da Vodafone (que não tem acordo com a Apple para a oferta do iPhone). Mas se o iPhone é uma ferramenta para consumo de televisão, por que Will.i.am, do Black Eyed Peas, diz que não assiste nada no celular? Porque o conteúdo

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apenas 25% têm aparelhos com recursos para vídeo. Na Claro, especificamente, 500 mil assinantes da base de telefones da operadora podem receber vídeo e a média de tempo de audiência no celular para conteúdos on demand é de 30 segundos. O projeto da Claro para remunerar usuários por conteúdos produzidos, o Claro VideoMaker, lançado em meados do ano passado, resultou em quase 3 mil vídeos disponíveis no portal da operadora, no período de cinco meses, com mais de 145 mil downloads. São baixados 5 mil vídeos/dia, em média, com picos de 10 mil/dia, em períodos de promoções, segundo a empresa Para Luis Renato Olivalves, diretor da área de interatividade da Band, que é um dos grupos de comunicação brasileiros que mais aposta no desenvolvimento de conteúdos para o celular, existe a possibilidade de se encontrar viabilidade financeira desde que esteja diretamente relacionado com a interatividade com programas da grade normal da TV aberta. “Hoje, o grande ponto de relação entre o celular e a televisão são os serviços de SMS, ou seja, a interação com a programação normal da grade por meio de mensagens de testos”, diz. São leilões, votações e enquetes respondidas pelo celular que geram receita para a operadora, receita essa compartilhada com a emissora de televisão. O que fica evidente, nesse momento, é que as operadoras de telefonia celular adoram a idéia de usar o aparelho como uma ferramenta para a distribuição de conteúdos de televisão e vídeo. Que elas apostam fortemente no mercado de publicidade como financiador desses conteúdos, e que esse mercado deve ser impulsionado com as redes de terceira geração que começam a ser implantadas. Mas, a despeito da onda, os primeiros resultados mostram que este é um mercado que ainda passará por uma longa fase de amadurecimento, tanto do ponto de vista dos produtores de conteúdo, quando do lado das operadoras.

“Hoje existe muito conteúdo, mas é preciso separar o que é profissional do que é amador” Robert Redford, do Sundance Institute

do iPhone não vem pela rede da operadora de celular. Vem do computador de seus usuários, ou do iTunes. E aí se entra na discussão se o conteúdo móvel é o que está no handset ou o que está sendo distribuído pelas operadoras. Um outro complicador para o negócio de televisão no celular são as redes dedicadas a transmissões broadcast, ou seja, um mesmo conteúdo sendo transmitido simultaneamente para vários usuários. Plataformas como DVB-H, MediaFLO, DMB entre outras estão servindo para o broadcast de conteúdos em celular. A complicação é que cada país tem um modelo, mas em geral o acesso a este tipo de serviço é pago. No Brasil, o broadcast para terminais móveis se dá por meio da freqüência das emissoras de televisão e pelo próprio padrão de TV digital ISDB-T, e de graça. A operadora de celular não tem nenhuma participação no processo. Para ter o conteúdo broadcast das emissoras de TV, basta ao usuário um handset compatível. A vantagem do modelo brasileiro é que ele é, necessariamente, gratuito ao usuário. A desvantagem é que ele não tem nada de novo em relação à TV aberta. O conteúdo é o mesmo, não há nenhuma interatividade e os operadores de celular não têm nenhum incentivo para fomentá-lo. Em nenhuma parte do mundo as transmissões broadcast para celular mostraram-se um negócio sólido, ainda. No Brasil, como a TV digital começou apenas em dezembro, e mesmo assim apenas em São Paulo, ainda é cedo para fazer qualquer tipo de avaliação. Hoje, no mercado mais maduro que existe para TV móvel, que é o asiático, há cerca de 24 milhões de pessoas utilizando o serviço. Estima-se que no mundo,

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até 2012, possam ser cerca de 460 milhões. Mas são apenas palpites... No Brasil, vários caminhos No Brasil, as operadoras celulares partiram, cada uma, para uma estratégia de desenvolvimento de serviços de TV móvel. Todas têm algum tipo de iniciativa, seja a transmissão de canais no modelo por assinatura, seja a venda de conteúdos para download ou mesmo o acesso a conteúdos gerados pelos usuários. A TIM, por exemplo, promete que depois de lançar sua rede 3G (o que acontece ainda no primeiro trimestre de 2008) terá um novo serviço de TV por assinatura no celular. A operadora já está negociando conteúdos. O problema é a indefinição regulatória: espera as definições do PL 29, projeto do deputado Jorge Bittar (PT/RJ) que regulamenta o serviço de TV por assinatura. “Queremos lançar o serviço direito”, justificou o presidente da TIM, Mario Cesar Araujo. A operadora foi a primeira a oferecer streaming de canais de TV sobre a rede celular, alguns anos atrás. O serviço, batizado de TIM TV, era gratuito e a pequena variedade de canais não propiciou grande sucesso. Questionado se na nova versão do serviço a TIM usará a tecnologia DVB-H, Araujo negou: “Vamos usar a rede 3G”. Com velocidades maiores para download, a qualidade da imagem será melhor. Araujo minimizou o risco de sobrecarga na rede. A Claro, por exemplo, é uma operadora que sempre apostou muito em conteúdos de vídeo pelo celular. Mas apenas cerca de 1% da base da operadora tem recursos para streaming de vídeo, e o crescimento é limitado pelos handsets disponíveis, já que hoje, dos 120 milhões de usuários brasileiros de celulares,

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( animação) André Mermelstein, de Nova York

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Produção infantil amadurece Após alguns tropeços nas parcerias internacionais, brasileiros vão ao KidScreen com projetos bem formatados e expectativas realistas.

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esde o início do programa de exportação de conteúdo brasileiro, a produção infantil se destacou como uma das áreas com melhores possibilidades de negócios. Primeiro, porque o produto em si é mais facilmente exportável, tem características universais. Depois, porque traz muitas oportunidades com licenciamento, que pode gerar mais receita que o conteúdo em si. O que se viu então foi um grande número de produtores fechando parcerias internacionais para co-produzir suas animações, especialmente com produtores canadenses, experts neste tipo de conteúdo. Na prática, porém, muitas destas parcerias acabaram em conflitos, ou porque os parceiros internacionais não honraram com sua parte, ou porque os termos dos acordos não foram igualmente entendidos por brasileiros e estrangeiros. “Não acho que eles tenham agido de má fé, acho que foi mais uma ingenuidade de nossa parte”, conta uma produtora que vinha trabalhando em uma co-produção, mas percebeu depois que não havia nada de concreto na parceria. “Eles trabalhavam como se fossem nossos parceiros, mas tinham fechado também com vários outros projetos, e no fundo não se comprometeram com nenhum”, relata outro produtor. Apesar disso, algumas

Sergio Lopes, Silvia Prado, Paulo José e o Sapo Xulé: projeto reformatado para ampliar o mercado.

co-produções vêm sim acontecendo, e os brasileiros foram ao KidScreen deste ano, o mais importante evento do setor, que aconteceu em Nova York no início de fevereiro, com mais cartas na manga e projetos mais sólidos. O país levou sua maior delegação até hoje ao KidScreen. Participaram as produtoras 2D Lab, 44toons, Celplay, Cigarra Com & Com, Cinema Animadores, Flamma Films, Glaz Entertainment/Moonshot, Labo Cine, Lightstar, Martinelli Films, Mixer, Prodigo Films, St2 kids, TV Pingüim, Vagalume, Waba Waba, além da TV Cultura, único canal nacional presente, e da Log On, que edita e distribui DVDs e programas de TV. Visão 360º A produção infantil, sobretudo a

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animação, tem características bastante diferentes de outros gêneros no desenvolvimento de negócios. Primeiro, porque os prazos de maturação dos projetos são bem mais longos. “Um documentário às vezes é fechado em duas ou três reuniões, muitas vezes o produtor já tem boa parte do material pronta. Na animação, um projeto pode levar três ou cinco anos para sair do papel”, explica Diane Rankin, VP e publisher da KidScreen. Outra característica importante é que a animação tem muito mais sinergia com outras mídias, como Internet e celular, e com o mercado de licenciamento, em que os personagens são usados para vender de cadernos a alimentos infantis. Foi pensando nisso que a produtora Silvia Prado, da Cinema Animadores, reformulou todo o projeto do “Sapo Xulé”. A idéia inicial era partir de uma série de animação, para então explorar outras mídias. O conceito mudou com a entrada na sociedade do publicitário Sergio Lopes, ex-QG. “Fizemos uma primeira avaliação e resolvemos modernizar o personagem, mudando cores, a roupa e os traços, para ficar mais atraente para o público-alvo. Fizemos focus groups e abaixamos a faixa etária atingida pelo personagem”, conta Lopes. O que era para começar como uma série de 13 episódios de 30 minutos para a televisão, virou um produto para múltiplas mídias. “Faremos 26 episódios de 2,5

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minutos, dos quais seis já estão prontos, que é mais fácil de veicular na Internet e no celular, e podem também ir para a TV”, conta Silvia. Segundo ela, duas emissoras abertas já se interessaram, uma como atração de programa infantil e a outra como interprograma. Produtor do mais bem sucedido conteúdo brasileiro de animação no exterior, a série “Princesas do Mar”, Reynaldo Marchezini, da Flamma, foi pela primeira vez ao evento, “para conhecer”, conta. Mas aproveitou para prospectar parceiros para sua nova série, “Voando com Pipo”, sobre um menino-pipa, sua família e seus amigos. “Já temos uma parceria com a Subsequence, de Montreal, e estamos atrás de broadcasters para veicular a série”, diz Marchezini. A idéia é produzi-la nos mesmos moldes de “Princesas”, terceirizando a execução. Reynaldo tem longa experiência na gestão de marcas em animação. Foi responsável por trazer ao Brasil títulos como “Bananas de Pijamas” e “Pokemon”. Ao perceber que estas marcas geravam muita receita em royalties para seus países de origem, resolveu trilhar o caminho oposto. “Princesas do Mar” está em exibição desde setembro de 2007 na Austrália, e estréia este semestre na Alemanha, França, Itália e no Discovery Kids Latino America. “Já estamos produzindo a segunda temporada, e agora começa a venda de DVD e o licenciamento”, conta. A nova temporada terá 52 episódios de 12 minutos, e um custo de US$ 7 milhões. Difícil mesmo é emplacar uma série de animação no Brasil, pois as emissoras dão preferência a sucessos internacionais, a custos bem mais

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nos intervalos) “PinguiNics”, sobre dois alienígenas desengonçados que aterrisam no Polo Norte e têm que conviver com os pingüins. Na bagagem veio também o curta animado “X-Coração”, produzido no Rio Grande do Sul com verba de um edital da RBS, sobre um chapeiro de bar que quer ser artista de rock, que o produtor pretende transformar em série.

“A gente não pode vir aqui pra nadar na piscina do vizinho. Temos que apostar em séries que tenham acolhida no Brasil.” Alê McHaddo , da ABCA

baixos. “Estamos agora roteirizando a série ‘Historietas Assombradas’ para virar um longa e para multiplataforma”, conta Mayra Lucas, da Glaz, que ainda não conseguiu emplacar a premiada série em um canal nacional. Por outro lado, durante o KidScreen, Mayra comemorava o fechamento de uma co-produção com a canadense Wizz Films para o longa em stop-motion “Minhocas”. Os canadenses cuidarão do roteiro em inglês e da pós-produção, enquanto a animação será toda feita no Brasil, conta a produtora. Em outro exemplo de integração marca-conteúdo, o invocado cachorro que representa a marca de roupas Red Nose ganhará um longa de animação em 3D. A idéia da fabricante é ganhar projeção internacional com o filme, explica Sérgio Martinelli, da Martinelli Filmes, produtor do longa, que foi ao KidScreen, em Nova York, em busca de co-produtores internacionais. “Estou atrás de um parceiro para ajudar no roteiro, pós-produção e áudio, para garantir a qualidade internacional”, conta o produtor. Segundo ele, os próprios licenciados da Red Nose (que licencia sua marca para vários produtos, de material de papelaria a skates) estão investindo no projeto, que além de dar exposição à marca, prevê a criação de novos personagens, que podem ser explorados no licenciamento. Além do longa, Martinelli levou ao KidScreen a série de “interstitials” (programetes de um minuto para exibição

Bom momento Segundo o presidente da ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação), Alê McHaddo, o momento é bom para a animação nacional. “Está à beira de acontecer, o que falta são alguns ajustes no Brasil, a começar pela presença da animação nacional na nossa televisão”, diz o produtor. A associação, conta, apóia integralmente o projeto que prevê cotas de animação nacional na TV. Ele também propõe um ajuste nas leis de incentivo, para que permitam a produção de séries, formato mais adequado à animação. “Toda a estrutura das leis é pensada pro cinema, para longa-metragem”, diz. Outro gargalo é a capacitação de profissionais: “tem crescido, mas não dá para tocar três ou quatro projetos grandes ao mesmo tempo com o pessoal que temos”, diz. Para McHaddo, o Brasil tem que conquistar primeiro seu próprio mercado, até para não entrar no mercado internacional em uma condição de dependência. “A gente vem aqui pra nadar na piscina do vizinho. Temos antes que ter a nossa própria casa. Temos que apostar em séries que tenham acolhida no Brasil”, conta o produtor, que trabalha em uma

Ludwig, da Sesame Workshop: um YouTube só para crianças.

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( animação) “O melhor da animação é que ela gera uma propriedade, que depois que ganha exposição, traz royalties para o país” André Breitman, da 2D Lab

semana expostas a alguma forma de mídia eletrônica, contra 30 horas semanais na escola. Atenta ao aumento da presença on-line de seu público-alvo, a Sesame Workshop (detentora dos direitos da “Vila Sésamo”) criou sua própria plataforma de vídeos na internet. Segundo o VP e diretor executivo de mídias digitais da entidade, Miles Ludwig, foram usados os conceitos populares em sites como o YouTube, como o tagging e as buscas, mas em um formato apropriado para as crianças em idade pré-escolar, com botões grandes e navegação simplificada. Uma ferramenta interessante para os pais é a busca por temas, e não apenas por títulos. Assim, pode-se encontrar no site vídeos relacionados, por exemplo, a amizade, meio-ambiente e outros temas.

uma grande preocupação dos produtores é com a exploração de novas mídias, como internet e celular. de 52 episódios de 11 minutos e orçamento total de US$ 5,85 milhões, pegou ainda um financiamento pelo Procult, do BNDES. “Estamos pondo dinheiro ‘bom’ no projeto, com financiamento reembolsável, porque acreditamos que dá retorno”, diz Breitman.

Também preocupada com o ambiente que a internet oferece aos pequenos, a Sesame criou a comunidade on-line Panwapa, uma espécie de Orkut para crianças, com recursos visuais que permitem a elas criar seus personagens on-line e trocar mensagens com outros membros em todo o mundo. Já a rede pública de TV norteamericana PBS (Public Broadcasting System) vem usando o vídeo no celular como instrumento complementar de sua programação educativa. No primeiro experimento da rede, foram enviados diariamente a usuários cadastrados clipes do personagem Elmo, da Vila Sésamo, sugerindo atividade para pais e filhos (como andar na rua e

Novas mídias Nos painéis do KidScreen, o que se viu mais uma vez foi uma grande preocupação com a exploração de novas mídias, principalmente Internet e celular. Não é para menos. Segundo Kelli Krug, da Common Sense, as crianças dos EUA hoje passam 45 horas por

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procurar objetos que comecem com uma determinada letra). Segundo Sara de Witt, diretora sênior da PBS Kids, o resultado foi ótimo. “Nas pesquisas, os pais relataram que as crianças esperavam ansiosas a próxima mensagem, e que as atividades melhoraram o entrosamento entre pais e filhos. Também vimos que as crianças aprenderam mais rapidamente o alfabeto”, conta a executiva. A única queixa dos pais, conta Sara, é que as atividades descarregam a bateria do celular muito rapidamente, mesmo porque as crianças gostam de rever os vídeos várias vezes. Uma plataforma de vídeos sob demanda voltados apenas para o público infantil. Esta é a proposta da Ameba, uma plataforma que vem sendo desenvolvida no Canadá e que programa seu lançamento comercial para setembro deste ano. O sistema funciona com um settop box ligado à TV e à rede de banda larga, similar a produtos como o Apple TV. Os pais adquirem créditos pré-pagos e com esses créditos podem baixar programas, que seus filhos assistirão tanto no computador quanto na TV. A busca agora é por conteúdos, explica o CEO e fundador da empresa, Tony Havelka, que participa esta semana do KidScreen, em Nova York. “Estamos atrás de produtores que queiram distribuir seus conteúdos. Nosso modelo é de revenue sharing, ou seja, dividimos as receitas meio a meio”, conta. Ele acredita que há público, por exemplo, para programas brasileiros em outros países. “Há muitos brasileiros morando fora, e nem sempre têm a opção de oferecer a seus filhos desenhos em português. Com este sistema, isso é possível”, diz Havelka.

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série animada sobre cangaceiros espaciais. “Nessa, por exemplo, eu optei por não ter co-produção, é muito local”, conclui. “O melhor da animação é que ela gera uma propriedade, o personagem, que depois que ganha exposição, traz royalties para o país”, conta André Breitman, da 2D Lab. E gera emprego no país também, conta o produtor, cuja série “O Amigãozão” deve empregar cerca de cem pessoas. A série, sobre três crianças e seus amigos imaginários, entre eles o elefante azul do título, é uma co-produção com a Breakthrough, do Canadá, com colaboração no roteiro de Mary Mackey Smith, autora de “Caillou” e outros sucessos infantis. “Como a criação é brasileira, conseguimos colocar vários elementos nacionais na série, como os cenários e os personagens”, conta Breitman. A série deve ser exibida no Brasil pela Cultura, e o Discovery Kids tem um acordo de opção para exibição em TV paga. No Canadá a série passará no canal pago Treehouse, líder no segmento no país. A série,



( mercado internacional)

Mais por menos No RealScreen, produtores se queixam que exigências dos canais aumentaram com Internet e alta definição, mas não há contrapartida no valor das produções.

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futuro do History Channel não é um canal linear chamado History Channel, mas uma marca com este nome, que oferecerá conteúdos. O canal é a espinha dorsal de uma oferta 360 graus”, disse Charles Nordlander, VP de desenvolvimento e produção do History Channel, em painel durante o RealScreen, mercado de não-ficção que aconteceu em janeiro em Washington, EUA. Isto se reflete na aquisição de programas. Qualquer compra, diz o executivo, já envolve no mínimo a produção de versões curtas do programa para a web. Mas ele vai além. Em uma próxima fase, o projeto deve vir já com conteúdos (de vídeo) previstos especificamente para a Internet, e em um terceiro momento, os projetos terão que contemplar toda a parte interativa também, como jogos, quiz etc. Canais europeus também vêm exigindo a integração com a web, mas na prática, vêm recebendo muito menos projetos com estas características do que esperavam, conta a commissioning editor da France 5, Caroline Behar. Tudo muito moderno, afinado com as tendências mundiais da convergência. O problema está na ponta de quem produz todo este conteúdo. O comentário geral, ouvido de vários produtores durante o evento, é que os canais não cobrem os custos gerados por todo este novo material. Perguntada se o canal oferece valores maiores por este conteúdo, Caroline explicou que na estrutura da emissora os orçamentos de TV e de

Behar, da France 5, e Nordlander, do History: conteúdos têm que contemplar novas mídias.

novas mídias são separados, então dificilmente ela consegue verbas para as produtoras. Hoje, o canal só paga mais se o conteúdo multimídia exigir captação extra. Mas isso deve mudar, conta, com a unificação dos setores de TV e Internet em uma única unidade de Conteúdos. A corda estica, aliás, para dois lados diferentes. Ao mesmo tempo em que exigem dos produtores conteúdos curtos, de baixa resolução, para a Internet e o celular, os canais pedem também, cada vez mais, que o “principal”, ou seja, o programa para a TV, seja produzido em alta definição. Dúvidas Embora venham exigindo dos produtores o chamado “conteúdo 360º” (que envolve TV, Internet e demais mídias), os canais ainda não têm modelos econômicos fortes de exploração destes conteúdos. Este é o impasse, aliás, que gerou a greve dos roteiristas nos EUA. Eles querem receber pelo material veiculado nas novas mídias, mas a indústria alega

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que ainda não ganha dinheiro nestas modalidades. O VP sênior de desenvolvimento e produção do Discovery Channel e do Science Channel, Jeff Hasler, dá a medida da indefinição do modelo. “Todos sabemos onde queremos chegar. Só não sabemos qual será o caminho”, disse, durante painel do RealScreen. Segundo ele, a tendência é pensar os programas como marcas. “Não é só pegar a programação de TV e editar programetes para a web. Temos que pensar também no espectador que vai só na Internet, e não na TV”, conta Hasler. John Farren, diretor do programa “Timewatch”, da BBC, programa histórico mais antigo em exibição no mundo, lembra que a Internet ainda é imprevisível. Um vídeo colocado pela BBC no You Tube teve mais de um milhão de views, o que surpreendeu a rede. “Amanhã alguém inventa um novo aplicativo e tudo muda novamente”, refletiu Farren. Hasler explica como o Discovery reagiu ao descobrir seu conteúdo no You Tube. Ao invés de tentar proibir a prática, decidiram se aproveitar deste apelo do conteúdo junto aos usuários. Criaram um site dentro da Discovery, com ferramentas de edição e upload, para que os usuários manipulassem os vídeos, criando novos conteúdos, em geral muito divertidos, no qual os internautas “zoavam” os programas.

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No fim, fazendo o caminho inverso, os vídeos ganharam um programa dentro do próprio canal de TV, o “You Spoof Discovery” (algo como “Você Avacalha o Discovery”), e os usuários que emplacam vídeos ganham US$ 500. “Conseguimos conteúdo inédito de prime time a um custo quase zero”, diverte-se Hasler. Market share Ao que parece, o que vai dar mesmo impulso às chamadas mídias alternativas é a publicidade. Discretamente, os anunciantes estão trocando investimentos em mídia tradicional por novas mídias. Segundo Debi Gasper, presidente da The Ad Agency (EUA), os anunciantes estão colocando cada vez mais dólares em estratégias como otimização de buscas e de palavras-chave (técnicas que ajudam o site do cliente a se destacar em ferramentas de busca da web). Os games também têm recebido mais investimentos como mídia. A outra tendência de substituto da mídia convencional é o product placement, diz Debi, ou o que no Brasil se conhece como merchandising, a colocação de produtos e marcas dentro do próprio programa. Mesmo com tudo isso, a televisão convencional continua sendo o principal investimento dos anunciantes.

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anunciante quer mais, conta Michele. Querem criar conteúdos associados à marca do programa. Assim, vídeos relacionados ao programa, e até vídeos criados pelos usuários, são exibidos no site do anunciante, em uma espécie de merchandising ao contrário.

Tulio Schargel e Maurício Dias, da Mixer: projeto sobre a Amazônia venceu pitching internacional.

Brasil Apesar do programa Brazilian TV Producers (da ABPI-TV) ser um dos patrocinadores do evento, a participação brasileira diminuiu em relação às edições anteriores. Apenas quatro produtoras participam do evento: Mixer, Canal Azul e Bossa Nova (que estão juntas no evento, representadas por Mauricio Lains) e Prodigo. Além das produtoras, o evento teve a inscrição pela primeira vez da TV Sesc e da Globo, que está ingressando no mercado mundial de documentários como vendedora, com uma série feita a partir de material de programa jornalísticos como o “Globo Repórter”. A Globosat também tinha uma representante no evento, em busca de documentários internacionais. O outro brasileiro presente ao evento era Eduardo Simantob, ex-Canal Azul, radicado na Suíça, que representa a produtora inglesa Red Earth, especializada em documentários sobre natureza e meio-ambiente.

Novo fundo O documentário “Battlefield Amazonia”, da Grifa Mixer, venceu o pitching do programa Ignite, durante o RealScreen, em Washington. O prêmio é de US$ 30 mil, além de um acordo de distribuição internacional. O Ignite é um fundo para desenvolvimento de projetos de documentários criado pela produtora Partners in Motion e pela distribuidora Breakthrough, ambas canadenses. O fundo deve distribuir até US$ 500 mil em três anos para o desenvolvimento de projetos. O documentário da Mixer foi o primeiro projeto contemplado. O projeto foi apresentado, na sessão de pitching, por Tulio Schargel. Os demais finalistas eram uma co-produção do Canadá com Singapura e um reality show australiano.

Um caso interessante de novo formato publicitário é o do “American Idol”. Segundo Michele Fino, diretora de marketing integrado para as Américas da Fremantle, detentora do formato, no início o programa fazia apenas product placement, com os jurados tomando Coca-cola, por exemplo. Agora, o

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André Mermelstein, de Washington

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OCAL L O V NO américa Trans Center Expo

11 A 13 DE AGOSTO, TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO-SP.

O MAIOR EVENTO DE TV POR ASSINATURA E SERVIÇOS CONVERGENTES DA AMÉRICA LATINA. Os debates mais quentes. As novidades em tecnologia e conteúdo. O mais concorrido espaço de exposição e negócios, com repercussão em todo o continente. Um público de mais de 12 mil pessoas*, de presidentes e CEOs a equipes de venda e relacionamento. Programe-se para a 16ª edição do evento oficial da Associação Brasileira de TV por Assinatura. ABTA 2008. De 11 a 13 de agosto, agora no Transamérica Expo Center.

* Dados da ABTA 2007.

w ww. a b t a 2008 . c o m . b r


EXPOSITORES CONFIRMADOS: AURORA NETWORK BAND BRASIL TELECOM CANAIS ABRIL DISCOVERY FOX GLOBOSAT HBO IRDETO MOTOROLA NAGRAVISION NET BRASIL SKY TELE DESIGN TURNER TVA TELEFÔNICA UNICOBA VIACOM

ESPAÇO GARANTIDO PARA OS MELHORES NEGÓCIOS A indústria de serviços convergentes encontra na ABTA o ambiente ideal para negócios, networking e atualização de conhecimentos, além das novidades em equipamentos, sistemas, serviços e conteúdos.

EXPOSIÇÃO PRIVILEGIADA PARA SUA MARCA Conforto, segurança e retorno para expositores, congressistas e visitantes. Novas atrações: área de inovação da indústria, espaços Flex, praça de eventos e muito mais. Há 16 anos a ABTA é o evento obrigatório para os principais players do mercado.

PALESTRAS DE ALTO NÍVEL PARA TODOS OS NÍVEIS Líderes da indústria, autoridades governamentais e reguladoras, especialistas internacionais, falando para a alta gerência e para equipes de vendas, instalação e relacionamento, reunidas nos Seminários de TV por Assinatura (STA).

TODAS AS ATENÇÕES VOLTADAS PARA CÁ Com grandes novidades, presença maciça de público qualificado e mercado em franca expansão, a enorme repercussão na mídia é característica natural da ABTA. Não fique de fora. Alie sua marca a um evento que é também campeão de audiência.

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ORGANIZAÇÃO

PATROCÍNIO E VENDAS (11) 3138-4623

PUBLICAÇÕES OFICIAIS

comercial@convergecom.com.br


( entrevista)

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Consolidação de projetos À frente da Secretaria do Audiovisual, Silvio Da-Rin abre o leque de atuação para novas mídias e áreas audiovisuais emergentes. Nosso apoio à produção tem se dado através de concursos públicos. Serão 95 projetos contemplados em 2008. E vamos mantendo ano a ano estes editais. Estamos atuando também com dois órgãos finalísticos: a Cinemateca Brasileira e o Centro Técnico do Audiovisual. O CTAV passa por um processo intensivo de revitalização. O órgão, nestes últimos 20 anos, sofreu inúmeras dificuldades. Chamamos o (ex-presidente da Ancine) Gustavo Dahl para dirigi-lo e começamos agora uma obra, com patrocínio da Petrobras, em um prédio anexo. Esperamos que ele possa recuperar sua capacidade nas áreas para as quais foi criado: capacitação profissional e apoio à produção, especialmente na área da animação. É o CTAV que vai cuidar também de uma política de regionalização da produção através dos núcleos de produção digital, em várias cidades do Brasil. São 12 em funcionamento, três estão sendo criados mais recentemente: um em Manaus (AM), um em Niterói (RJ) e outro, em projeto, em Cataguases (MG).

FOTOS: ieda fischer

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mpossado formalmente no dia 10 de janeiro, Silvio Da-Rin ocupa a secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura (MinC) desde o início de novembro de 2007. Neste período, o sucessor de Orlando Senna montou sua equipe e definiu as diretrizes de sua gestão. O diretor de “Hércules 56” diz que pretende consolidar programas montados nos cinco anos do atual governo, mas também aponta investimentos na área de jogos eletrônicos e conteúdos para telefonia móvel. Tela Viva A política audiovisual tem seguido políticas complementares: a do fomento e a do desenvolvimento de uma indústria auto-sustentável. A SAV deve dar prioridade a alguma destas linhas? Silvio Da-Rin A política setorial do audiovisual se articula em um tripé, formado pelo Conselho Superior de Cinema (CSC), pela SAV e pela Ancine. Na articulação entre estas instituições as políticas vão sendo implementadas. Estamos desenvolvendo contatos com a Ancine. O ano de 2008 será de afinamento de propostas entre a Ancine e a SAV. O CSC deve se reunir novamente em março. Acho que este tripé terá condições, nestes últimos três anos de governo, de funcionar na sua plenitude. O foco de ação da agência é a indústria. O Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) começa a funcionar em 2008, espera-se que neste primeiro semestre. Isso vai abrir um novo panorama na área do fomento e

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Silvio Da-Rin

das políticas públicas. O Estado ganha uma capacidade de intervenção grande. O lastro inicial do fundo é de R$ 38 milhões. Acredito que abra uma nova janela no panorama do fomento. A SAV acompanha de modo geral a política setorial, mas as suas ações estão prioritariamente focadas no âmbito da cultura cinematográfica: produção de longa-metragem de baixo orçamento (BO); o apoio à produção de documentários e animação. O curtametragem também é objeto de grande parte dos nossos editais.

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Como a SAV pretende incentivar a presença brasileira nas novas tecnologias? Nós criamos uma coordenação geral de TV e novas mídias. Essa coordenação vai cuidar de programas que são bastante exitosos, como o DocTV e o DocTV IB. Também cuidará de um novo edital de projetos de jogos eletrônicos, aprimorando o edital anterior. E estamos pensando em fazer alguma coisa também para fomentar a produção de conteúdo audiovisual brasileiro para a telefonia móvel. Estas duas áreas são bastante importantes.

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Jogos eletrônicos são um segmento econômico bastante ativo, volumoso e com uma presença pouca significativa de conteúdo nacional. É urgente que se faça um novo edital e que essa linha ganhe desenvolvimento. Além disso, estamos procurando acompanhar no legislativo a criação de uma nova Lei de Comunicação Social Eletrônica. Estamos próximos às propostas que estão em desenvolvimento para, de algum modo, participarmos. Os projetos de lei convergentes tratam também de temas antigos, como a regionalização do conteúdo e o uso da produção independente na TV. Estamos completando 20 anos da Constituição. Está na hora de os capítulos da comunicação social finalmente serem regulamentados. A decisão do presidente da República, no final de 2004 e início de 2005, foi a de não encaminhar ao Congresso o projeto da Ancinav, mas criar uma base legal mais consistente para tratar esta questão. E orientou pela criação de um grupo de trabalho, de maneira que o Executivo está atento à questão e entende que é preciso que se crie um marco legal mais consistente para que a questão possa avançar. Da nossa parte, estamos procurando estudar a matéria e procurar acompanhar no legislativo as propostas que venham a ser apresentadas. No governo Lula, a SAV arquitetou um trabalho em conjunto com diversas instâncias do governo, envolvendo MinC, Ancine, BNDES, Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio (MDIC), através da Apex, Itamaraty e até empresas públicas com capacidade de investimento através dos mecanismos de incentivo. Esta comunicação se tornou natural dentro do governo? Acho que temos que incluir também a Secretaria de Comunicação da Presidência da

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República. A criação da TV Brasil faz parte deste trabalho. Acho que é um processo permanente. O importante é que tenha sido iniciado. Os programas setoriais de exportação são frutos desta interação. A co-produção internacional tem sido uma área na qual o Brasil avançou pouco, comparativamente a outras cinematografias periféricas de mesmo porte, comparáveis. A Argentina, por exemplo, tem uma forte participação de aliados de outros países que acabam proporcionando acesso a outros mercados. Nessa área o Brasil tem muito para avançar. A SAV está propondo a criação de um seminário de co-produção internacional, em parceria com a Ancine e com o MDIC, no segundo semestre deste ano para promover a troca de experiências de produtores que tiveram experiências em co-produção com parceiros externos. Discutir as experiências, identificar os gargalos, programar a superação destes gargalos e procurar avançar nestes gargalos e,

Brasil. Juntos, os dois aportarão R$ 100 milhões para a produção de conteúdo independente para a televisão pública. Espero que a produção independente consiga responder a este desafio. Haverá um trabalho conjunto entre a SAV e a TV Brasil na seleção de conteúdo? Os editais da SAV devem contemplar a exibição na TV Brasil, por exemplo? Não. A TV Brasil demanda editais específicos. O que a SAV fará é participar da formatação destes editais, específicos para a produção de conteúdo para a TV pública, mas sem abandonar outras linhas de fomento. Para editais de curtasmetragens ou de longas de baixo orçamento, não faria sentido tentar adequar para a TV pública. A televisão é uma indústria com necessidades de programação bem definidas, exigindo editais com

“jogos eletrônicos são um segmento econômico ativo. É urgente que se faça um novo edital e que essa linha ganhe desenvolvimento”. sobretudo, dar uma maior divulgação aos acordos bilaterais e multilaterais.

formato próprio. Seria criar fórmulas nos editais que viriam a condicionar a liberdade de criação e desenvolvimento de projetos. Os editais da SAV, em grande parte, estão voltados para uma produção emergente, como os curtametragistas, que estão fazendo seus filmes numa linha mais experimental, preocupados com o desenvolvimento da linguagem cinematográfica.

Os produtores reclamam da dificuldade em encontrar uma janela de exibição interna para estas co-produções internacionais. Como isso pode ser resolvido? O BNDES começou a buscar um caminho de superação para este problema, produtores que encontram parceiros internacionais, mas não conseguem avançar por falta da contrapartida brasileira. Estamos tentando outra linha de contrapartida semi-automática para produtores que conseguem um parceiro externo. Mas ainda é uma coisa em estudo. A TV Brasil promete dar um grande choque de demanda na produção independente. Acredito que abra uma janela para produtos independentes nunca antes existente. O programa Mais Cultura também vai aportar uma quantidade significativa de recursos. Existe outro programa que está sendo gerido pela Ancine, o Imagens do

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A participação de mercado dos filmes brasileiros caiu para 10% em 2007, contra 11,7% no ano anterior. Contudo, o número de estréias nacionais aumentou de 55 para 70 filmes. O que é possível fazer para aumentar o market share? O mercado cinematográfico passou por muitas transformações nos últimos dez anos. Nós tínhamos, há dez anos, 1,35 mil salas, hoje são quase 2,1 mil. Continua o investimento, mas não na mesma curva que já vivemos, embora ainda

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( entrevista) tem se mantido relativamente modesta, se compararmos à cota de meados dos anos 1980, quando chegamos a 39% dos dias do ano como obrigatoriedade de exibição de filmes brasileiros. É um conjunto de medidas que configura uma política pública equilibrada para dar uma proteção ao conteúdo brasileiro e garantir a acessibilidade aos bens culturais. Por último, a TV pública, que vai dar uma nova escala de demanda na produção independente.

tenhamos muito espaço para o aumento de telas. Há uma enorme concentração no mercado de exibição, seja porque as salas de rua foram fechando e os cinemas foram se concentrando em um número inferior a 10% dos municípios brasileiros, quase 8%; seja porque, nestes municípios, foram se concentrando em shopping centers. Isso atende à necessidade dos grandes estúdios de lançamento de marcas. A estratégia delas é, em curto período, otimizar os frutos comerciais destas marcas, o que tem levado a lançamentos da ordem de 500, 700 cópias por filme. Em junho de 2007, 92% dos filmes exibidos eram norte-americanos. Três ocupavam mais de 70% das salas. Além disso, os norte-americanos entraram no negócio da exibição, que tradicionalmente sempre foi um negócio nacional. Em 2006, o número de telespectadores foi 3% menor que em 2005. Mas a arrecadação subiu 3,1%. O mesmo fenômeno aconteceu no ano passado, ou seja, a perda no número de espectadores foi compensada com o aumento do preço de ingresso. É outro fenômeno de concentração, que vai elitizando o espetáculo. Isso tudo coloca um desafio amplo que leva à questão: O que as políticas públicas podem fazer? Ampliar as possibilidades de

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fomento à produção. Por outro lado, procurar interiorizar e disseminar as telas. A SAV vem criando os pontos de difusão digital. Foram criados cem e compramos equipamentos para fazer novos editais, esperando criar mais 200. São cineclubes, com projeção digital. Não se pode dizer que tenha um grande significado econômico, por sala. No conjunto resulta em algum fruto econômico e garante a presença do conteúdo

O share da distribuição independente foi de um pouco mais de 20%. Contudo, os filmes brasileiros com maior destaque estavam com as majors. Como resolver esta distorção? É preciso respeitar a liberdade econômica dos agentes de mercado. Mas é importante fortalecer as distribuidoras nacionais, de forma não intervencionista. O mercado é bastante concentrado, o que afeta também a produção brasileira. Nos últimos cinco anos, felizmente, temos blockbusters nacionais que têm sido responsáveis

“A liberdade econômica do distribuidor estrangeiro tem sido muito pouco afetada”. brasileiro de forma mais espalhada pelo território nacional. E procurar fortalecer a infra-estrutura. O FSA tem o programa pró-infra, que atuará neste sentido. O BNDES também tem programa neste sentido, com o estímulo à construção de novas salas. O Prêmio Adicional de Renda procura fortalecer as distribuidoras nacionais, além de constituir outro fator de estímulo para a produção, com base nos resultados. Procura-se atacar em várias linhas. As Instruções Normativas e os decretos que regulamentam a cota de tela procuram completar esse panorama de proteção ao conteúdo brasileiro. Nesse sentido, os avanços têm sido muito tímidos. A liberdade econômica do distribuidor estrangeiro tem sido muito pouco afetada. Temos 28 dias por ano, basicamente. A atualização se dá obrigatoriamente, mas

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por garantir uma presença do filme brasileiro no market share. Estes produtos são disputados ainda quando são projetos. Alguns têm participação da Globo Filmes, quase todos. Ela aporta também divulgação, mídia, que é o seu negócio. Isso tudo contribui na concentração e na distorção. O poder público acompanha o desempenho do mercado e procura ir regulando. Mas não há uma fórmula que resolva a concentração. Os Funcines podem ajudar na capitalização dos distribuidores independentes para disputar os direitos de distribuição dos filmes com maior potencial de público? Os Funcines estão começando a decolar. Eu não tenho dados dos resultados da utilização deste

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mecanismo por parte dos distribuidores. Acredito que possa ser um caminho, assim como o Fundo Setorial do Audiovisual. Fortalecer os exibidores, os distribuidores e os produtores brasileiros é objetivo estratégico, que vai dar sustentação a esta atividade e vai fazer com que, paulatinamente, ela dependa menos dos recursos públicos. Acredito que isso, alinhado ao fortalecimento das parcerias internacionais, garantirá, a médio prazo, melhores condições de sustentação desta indústria. É preciso também que não nos iludamos a respeito disso. O cinema é um negócio mundialmente concentrado. Todas as cinematografias estabelecidas estão fortemente baseadas em políticas públicas, em apoios de governo. É uma decisão estratégica que uma nação faz de ter uma cinematografia, de entender a importância do audiovisual para afirmação da língua, afirmação dos seus valores culturais. Eu não vislumbro o mercado funcionando sozinho e permitindo que a indústria cinematográfica brasileira possa encarar essa competição tão pouco isonômica com o produto importado, basicamente com o produto norte-americano. Caminha-se para um equilíbrio maior e menor dependência de recursos incentivados. Mas, necessariamente com a manutenção de políticas públicas.

demand. Em que momento deve-se começar a regular estas janelas, incentivando ou criando cotas para a produção brasileira? Já está acontecendo. Esse panorama está se abrindo nos últimos anos. Mas são modelos experimentais. Acredito que com o tempo vão sendo objeto de regulação. Mas é preciso permitir que estes modelos comecem a se estabelecer. Não se pode regulamentar por antecipação. Os fóruns estão estabelecidos. No CSC existe a presença da teledifusão, dos distribuidores, dos exibidores, das televisões públicas. A SAV tem seu conselho consultivo com acentos para 15 diferentes representações que formam o escopo da secretaria. Chegou-se a um momento de interação entre os agentes bastante produtivo. Vivemos um momento maduro na relação entre os que formulam políticas públicas e aqueles que exploram os segmentos da atividade audiovisual.

junto à TV comercial, com o Documenta Brasil. Foram apenas quatro produções, quase que uma experiência piloto. Estamos formatando para 2008 um programa para 12 documentários, sempre com o formato de lançamento em televisão e uma versão ampliada lançada posteriormente em salas de cinema, no circuito digital. Os quatro do ano passado estão sendo lançados agora em cinema. O projeto será patrocinado. Esperamos que a Petrobrás renove a sua participação neste programa. Estamos negociando a rede que será parceira na teledifusão e estamos ainda pensando como aperfeiçoar o edital de 2007. São novos modelos de negócios que vão articulando o poder público, a televisão e a produção independente, de maneira a produzir programas estáveis. Existem programas exitosos de co-produção internacional, como o Ibermedia, que completa dez anos e está bem sedimentado, mas tem menos de 70% de seus produtos distribuídos, o que é muito pouco. Portanto há muito que se avançar nesta área de co-distribuição internacional para garantir a circulaç ão dos produtos, sobretudo os que são feitos com recursos públicos. Isso não significa engessar a produção e obrigar que o recurso seja investido apenas quando existe contrato prévio de distribuição.

Quais surpresas a nova SAV guarda? Vamos atuar nas novas mídias e vamos fortalecer os órgãos finalísticos (a Cinemateca Brasileira e o CTAV). Procurar também estimular a troca de informações e a maior divulgação dos instrumentos de co-produção internacional. E consolidar os programas constituídos nos cinco anos anteriores. São programas extremamente virtuosos, mas alguns deles carecem ainda de consolidação. A Programadora Brasil tem 179 filmes neste momento. Esperamos chegar a mil filmes até 2010, lançados em coleções de DVDs. Já temos por volta de 500 associados a ela: cineclubes, salas do Sesc etc. O Programa Mais Cultura também vai dar um incremento muito grande à difusão audiovisual. Certamente parte dos R$ 4,7 bilhões vai afetar a produção e a difusão audiovisual. Parte deste dinheiro, por exemplo, será destinada à produção para TV pública.

Novas janelas de distribuição vêm surgindo, como pay-per-view, video-on-

O fomento pode co-existir com a busca por melhor performance no mercado? A SAV, neste Governo, procurou utilizar os recursos públicos de maneira a otimizá-los. A criação de novos modelos de negócios que garantissem que recursos investidos pelo Governo na produção independente com veiculação garantida em um sistema de 27 TVs públicas (o DocTV), se mostrou bastante exitoso. Criou-se uma rede para a difusão de documentários, absolutamente regionalizados. Isso foi reproduzido com sucesso

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(audiência - TV paga) Discovery e Disney destacam-se no final de 2007

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Fotos: divulgação

s dois últimos meses do ano registraram o ganho de posições do Discovery Channel e do Disney Channel no ranking de alcance dos canais da TV por assinatura. Em novembro, o Discovery Channel ganhou cinco posições no ranking entre indivíduos de 18 anos ou mais e chegou à quarta posição da lista. Foi neste mês que o canal estreou o “Discovery Verde Amarelo”, bloco de programação inteiramente dedicado ao Brasil. O destaque da faixa foi a exibição do documentário “Aeroporto 24/7: São Paulo”, realizado no país pela Rex Produções. O canal de documentários empatou em alcance com o terceiro lugar do ranking, o SporTV, com 7,8% de alcance diário médio (em um universo de 4.961.000

“Aeroporto 24/7: São Paulo”: documentário sobre o Aeroporto de Guarulhos exibido pelo Discovery.

indivíduos). A diferença ficou por conta do tempo médio diário de audiência: o Discovery Channel registrou 19 minutos, enquanto o esportivo teve 38 minutos.

Entre o público adulto, os canais com maior alcance diário médio foram, nesta ordem: TNT, Multishow, SporTV, Discovery e AXN. O Ibope

Alcance* e Tempo Médio Diário – Novembro

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 45,3 2.246 1:57:48 11,5 569 0:24:01 8,9 440 0:19:03 7,8 389 0:38:46 7,8 388 0:19:42 7,4 367 0:19:11 7,3 361 0:29:36 7,3 360 0:35:50 7,1 354 0:19:13 6,9 344 0:25:46 6,6 325 0:30:20 6,5 322 0:31:20 6,1 303 0:29:12 5,6 277 0:25:10 5,5 273 0:14:12 5,2 259 0:16:29 5,1 254 0:20:20 4,8 239 0:44:40 4,8 237 0:24:45 4,4 218 0:16:01 4,2 206 0:26:06

Total canais pagos Cartoon Network Nickelodeon Multishow Disney Channel TNT Jetix Discovery Kids Telecine Pipoca Fox Boomerang HBO Warner Channel Telecine Premium SporTV Discovery Universal Channel AXN Telecine Action People & Arts National Geographic

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 47,2 475 2:03:23 15,1 152 0:50:39 9,9 99 0:38:35 9,8 98 0:26:01 9,3 94 1:00:30 9,1 91 0:25:36 8,6 87 0:52:24 8,4 85 0:42:59 6,5 65 0:32:54 6,4 64 0:27:25 6,2 62 0:31:48 5,1 51 0:21:18 4,7 47 0:21:23 4,7 47 0:28:35 4,3 43 0:27:42 4,2 42 0:19:08 3,9 40 0:25:30 3,9 39 0:18:05 3,8 38 0:23:43 3,0 30 0:19:23 3,0 30 0:13:13

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

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Fonte: IBOPE Telereport – Tabela Minuto a Minuto – Novembro/2007

Total canais pagos TNT Multishow SporTV Discovery AXN Globo News Universal Channel Fox Warner Channel Telecine Pipoca Cartoon Network Telecine Premium HBO National Geographic Sony GNT Discovery Kids Telecine Action People & Arts ESPN Brasil

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

**Universo 1.005.000 indivíduos

**Universo 4.961.000 indivíduos

Acima de 18 anos**


Mídia considera as praças Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal. O ranking de alcance do público infanto-juvenil (de quatro a 17 anos) foi liderado pelo Cartoon Network, seguido de Nickelodeon, Multishow, Disney Channel e TNT. O canal líder do mês de dezembro registrou 15,1% de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de 50 minutos. Neste caso, considerou-se um universo de 1.005.000 indivíduos, nas mesmas praças mencionadas acima. No total, os canais tiveram entre este público 47,2% de alcance diário médio e duas horas e três minutos de tempo médio diário de audiência. Em dezembro o destaque ficou com o Disney Channel, que manteve o sinal aberto para toda a base de assinantes durante o mês. O canal atingiu no último mês do ano a liderança do ranking de alcance dos canais de TV por assinatura entre o público de quatro a 17 anos. Foi o único mês de 2007 em que o canal Cartoon Network perdeu a liderança entre o público infanto-juvenil. O

estão os novos episódios de “Hannah Montana” e filmes com temas natalinos, como “Meus Amigos Tigrão e Pooh: Especial de Natal dos Superdetetives”. O Cartoon Network aparece em segundo lugar no ranking, com alcance diário médio de 11,4%, seguido por Multishow, TNT e Jetix. Nas praças aferidas pelo Ibope Mídia o alcance diário médio dos canais no público de quatro a 17 anos foi de 44,1% (em um universo de 1.000.100 indivíduos), com duas horas e quatro minutos de tempo médio diário de audiência. Entre o público acima de 18 anos, o canal líder do ranking do mês de dezembro foi o TNT, com 10,4% de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de 22 minutos. Em seguida, aparecem os canais Multishow, Universal Channel, Globo News e Discovery. Considerando o universo de 4.965.900 indivíduos, os canais pagos tiveram alcance de 43,2% e tempo médio diário de audiência de uma hora e 54 minutos, nas praças acima mencionadas.

Novos episódios da série “Hannah Montana” estrearam em dezembro no Disney Channel; canal assumiu a liderança do ranking de alcance entre o público infanto-juvenil.

Disney Channel teve alcance diário médio de 12,7% e uma hora e 17 minutos de tempo médio diário de audiência. Entre os destaques da programação do canal em dezembro

Daniele Frederico

Alcance* e Tempo Médio Diário – Dezembro

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 43,2 2.144 1:54:16 10,4 515 0:22:23 8,6 427 0:19:33 7,6 378 0:32:58 7,2 357 0:30:28 7,1 352 0:21:32 7,1 350 0:19:20 7,0 346 0:18:15 6,9 340 0:31:18 6,6 330 0:24:34 5,5 271 0:17:26 5,1 254 0:24:36 5,1 251 0:32:49 5,0 249 0:44:55 4,8 238 0:20:01 4,7 232 0:25:15 4,7 231 0:17:13 4,6 227 0:23:46 4,5 223 0:42:50 4,3 215 0:13:53 4,1 205 0:25:27

Total canais pagos Disney Channel Cartoon Network Multishow TNT Jetix Discovery Kids Nickelodeon Fox Boomerang Universal Channel Telecine Pipoca Warner Channel Telecine Premium Discovery AXN HBO National Geographic SporTV People & Arts Telecine Action

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 44,1 441 2:04:39 12,7 127 1:17:07 11,4 114 0:50:21 10,0 100 0:25:26 8,6 86 0:24:16 8,4 84 0:51:12 7,8 78 0:36:19 7,8 78 0:32:15 5,9 59 0:22:10 5,6 56 0:33:27 4,7 47 0:23:31 4,7 47 0:25:49 4,5 45 0:23:36 4,5 45 0:22:26 4,3 43 0:26:28 4,1 41 0:17:12 4,1 41 0:26:49 3,9 39 0:18:49 3,8 38 0:23:19 3,7 37 0:13:05 3,4 34 0:21:31

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

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Fonte: IBOPE Telereport – Tabela Minuto a Minuto – Dezembro/2007

Total canais pagos TNT Multishow Universal Channel Globo News Discovery AXN Fox SporTV Warner Channel National Geographic Telecine Premium Cartoon Network Disney Channel GNT HBO Sony Telecine Pipoca Discovery Kids People & Arts ESPN Brasil

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

**Universo 1.000.100 indivíduos

**Universo 4.965.900 indivíduos

Acima de 18 anos**


( mercado) Lizandra de Almeida

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Animação globalizada Co-produção, pré-venda e captação garantem produção da série “Peixonauta”. FOTOS: divulgação

Esta é a primeira de uma série de matérias que Tela Viva publica explicando o desenvolvimento de projeto audiovisuais bem sucedidos, sob o ponto de vista do modelo de negócios e do financiamento.

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om início da exibição previsto para o segundo semestre de 2008, a série de desenhos animados “Peixonauta” é a primeira co-produção fechada pelo canal por assinatura Discovery Kids fora dos Estados Unidos. O contrato de prévenda assinado pela produtora da série, a paulistana TV Pingüim, prevê a exibição dos programas na emissora em toda a América Latina. A idéia da série começou a ser desenvolvida em 2003 e desde então a produtora vem buscando recursos para levantar o projeto. Uma combinação de parcerias internacionais e recursos incentivados permitiu à TV Pingüim desenvolver um projeto internacional, mas com toques brasileiros, bem adequado à demanda atual de programação educativa. O orçamento total do projeto, que inclui a série, um longa-metragem, site e uma coleção de livros, é de US$ 4,3 milhões. Desses, a produtora obteve autorização da Ancine para captar R$ 3,2 milhões, nos artigos 1º, 1A e 3º da Lei do Audiovisual, e 39 da MP 2.228/01.

“Peixonauta”,série da TV Pingüim, é a primeira co-produção fechada pelo Discovery Kids fora dos EUA.

MipTV e o Festival de Ottawa, no Canadá. De lá para cá, os produtores visitaram cerca de quatro a cinco eventos por ano. “Tivemos de conquistar a confiança do mercado externo aos poucos, porque o Brasil é um país sem tradição na venda de programação para o exterior”, afirma Mistrorigo. Todo o investimento inicial nas viagens e no desenvolvimento do projeto foi feito pela própria produtora. “Já estamos no mercado há mais de 18 anos, e sempre tivemos o objetivo de fazer séries para a TV. Fizemos muitos trabalhos de publicidade, mas nunca conseguimos fazer nada com a TV aberta no Brasil. Já fizemos muitas vinhetas e interprogramas para as TVs educativas, mas a TV aberta só demonstrou algum interesse no projeto depois que fechamos as parcerias com o exterior.” Em paralelo ao trabalho da produtora, as condições no Brasil também foram ficando mais favoráveis. “Surgiram ações do governo e também

Preparando o terreno Com a idéia ainda no papel, os produtores Kiko Mistrorigo e Celia Catunda, sócios na TV Pingüim, começaram a participar de eventos internacionais da área de produção e programação ainda em 2004. O primeiro evento visitado foi o MipCom, e depois o KidScreen, o

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da ABPI-TV, com espaços nos eventos e respaldo oficial. É muito diferente ter um estande do país no evento do que ir com o projeto embaixo do braço”, diz Mistrorigo, que é um dos conselheiros da ABPITV (Associação Brasileira das Produtoras Independentes de Televisão). “Encabeçamos um movimento de mostrar o Brasil no exterior como provedor de conteúdo e idéias, porque já éramos bem vistos como provedores de mão-deobra. O Brasil tem animadores muito versáteis e isso deixa os estrangeiros animados.” As visitas aos eventos canadenses foram estratégicas, já que o país tem tradição em animação e também em parcerias com o Brasil. A produtora fechou um acordo de co-produção com a produtora canadense Nelvana, uma das maiores do país na época. Cada uma investiria mão-de-obra para dar cara ao projeto. Mas a

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Recursos, finalmente Depois de muitas negociações, no final de 2006 a Discovery Kids fechou a pré-compra da série, via Art. 39 da MP 2.228/01. A emissora garantiu os direitos de exibição da série na América Latina por cinco anos e aportou os primeiros recursos efetivos no projeto. A emissora canadense CBC também adquiriu antecipadamente direitos de exibição no país. Simultaneamente, a produtora já tinha inscrito o projeto - de várias plataformas - no Art. 1ºA da Lei do Audiovisual. O projeto foi inscrito como média-metragem, porque inicialmente a produtora não tinha ranking suficiente para pleitear recursos para um longa. Hoje, o projeto já foi adaptado na Ancine.“Antes não podíamos sequer captar recursos, porque as séries de TV estavam ligadas ao Art. 25, que só permitia 65% de abate. Ninguém usava essa Lei”, explica Mistrorigo. Além da série, o projeto completo prevê também um longa-metragem, um site, livros e desdobramentos em outras mídias. No final de 2007, a maior parte dos recursos foi captada.

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contemplados com o prêmio de produção do BNDES, recebendo R$ 1 milhão. A produtora também entrou no Procult, um novo mecanismo de financiamento que passou a ser oferecido pelo BNDES. Nesse caso, são recursos reembolsáveis, emprestados pelo banco a juros incentivados, mas que precisam ser devolvidos. Para solicitar o Procult, é preciso que a produtora ofereça algum bem em garantia ou um contrato de recebíveis, ou seja, um adiantamento de recursos. A TV Pingüim ofereceu uma casa e ainda aguarda a aprovação do BNDES. “O produtor precisa acreditar que o projeto vai dar retorno para optar por esse tipo de financiamento”, diz Mistrorigo. Para ele, o retorno virá do licenciamento dos personagens e da venda da série para outros mercados. “No Brasil, precisamos aprender a exportar nossas marcas para competir de igual para igual. As empresas licenciadoras de marcas sabem importar, mas não sabem vender para fora. Acreditamos que isso pode ser interessante inclusive para as TVs abertas, que compram os direitos de exibição de desenhos internacionais, mas não ganham nada com o licenciamento desses personagens. Tendo nossos próprios personagens para investir, podemos desenvolver novos formatos de parceria com quem exibe.” Apesar de longo, todo esse processo, acredita Mistrorigo, é muito saudável para a boa formatação e o amadurecimento do projeto. Mas para funcionar, é preciso que a produtora tenha uma carteira diversificada, atuando em várias frentes ao mesmo tempo. “A produtora precisa estar consciente de que também tem de fazer sua parte e investir no projeto. Se ela vender tudo muito rápido para parceiros internacionais, vai perder o equity, ou seja, o controle sobre a produção e os lucros.”

“Tivemos de conquistar a confiança do mercado externo aos poucos. O Brasil é um país sem tradição na venda de programação para o exterior”

FOTO: Tela viva

Nelvana entrou em crise e a co-produção foi desfeita. Pouco depois, a TV Pingüim conseguiu fechar acordo com outra produtora canadense, a Viva Vision, que detém 20% dos direitos da série. Hoje, a produção é concentrada no Brasil e equipes canadenses da Viva Vision colaboram na produção de roteiros. A parceria foi alavancada com o apoio do Consulado do Canadá. “Ter um parceiro internacional diminui o risco e também traz outro ponto de vista cultural, que enriquece o projeto. Os questionamentos do parceiro obrigam você a pensar mais e a ter desprendimento, já que o filho é dos dois”, comenta Mistrorigo.

Kiko Mistrorigo, da TV Pingüim

“O que aprendemos nesse tempo todo é que a animação é uma atividade globalizada. A conta não fecha se pensarmos só em vender um projeto para uma emissora que vai pagar a produção. É preciso fazer ao contrário: saber quanto as emissoras pagam e então ver onde mais se pode buscar recursos. É uma questão de escala: o custo de uma produção como esta é muito alto, por isso ela só se viabiliza se for exibida em todo o mundo”, argumenta o produtor e idealizador da série. No final do ano passado, o projeto também foi um dos

Ficha Técnica Peixonauta Série de animação para a TV 52 episódios de 11 minutos Público-alvo: 4 a 7 anos Tema: sustentabilidade Sinopse: Protagonizada pelo Peixonauta, um peixe que pode sair da água porque conta com equipamentos especiais, a série explora a curiosidade infantil, levando informações e soluções sobre problemas ambientais de forma simples e divertida. O Peixonauta e seus amigos, uma menina e um macaco, enfrentam desafios, diferentes a cada episódio, mas sempre ligados à área de meio ambiente, invenções e ciências. Com muitas referências a animais e vegetação brasileiras, as passagens entre as cenas são compostas por elementos e texturas de plantas nativas. Mais informações: www.tvpinguim.com.br

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( produção)

Daniele Frederico

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Fábrica de vídeos Empresa cria modelo de negócios em vídeos para a Internet baseado em volume.

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Avallon, são realizados cerca de 250 vídeos por mês, com um total de aproximadamente cinco mil vídeos entregues até o momento. Os vídeos são vendidos em pacotes, geralmente anuais, que podem ser calculados pelo número de horas ou pelo número de unidades (que não costumam passar de dois minutos cada). “Para clientes que investem R$ 50 mil por mês, por exemplo, o custo individual fica baixo”, explica o diretor comercial Marcelo Godói. Para o site How Stuff Works (hospedado no portal UOL), um dos maiores clientes da produtora, são produzidos de 100 a 200 vídeos por mês, que servem como complemento das informações contidas no site. “A Internet precisa de um conteúdo bacana e barato, já que os clientes não querem gastar R$ 50 mil em um vídeo para esta mídia, querem gastar R$ 5 mil”, exemplifica Ramos. Fechar esses pacotes facilita o planejamento da produção, que acontece como em uma fábrica: cada funcionário executa a sua função e passa o trabalho adiante, enquanto começa uma nova

FOTOS: divulgação

arte de fazer filmes para Internet é um assunto que já rendeu muitas discussões. Do formato ao custo, sobram dúvidas sobre como realizar um conteúdo capaz de agradar aos clientes, tanto na qualidade de produção quanto no preço. A solução encontrada por um grupo de produtores em São Paulo foi a de transformar a produção dos vídeos para Internet em uma verdadeira fábrica. A Avallon Media, empresa dos sócios Paulo Ramos, Fabrício Chagas e Marcelo Godói, fundada no final de 2006, tem realizado vídeos para a Internet com custo unitário baixo para seus clientes. O segredo? A produção em série. “Nosso modelo é baseado no volume, na qualidade e no prazo de entrega”, diz o diretor de planejamento Paulo Ramos. A estratégia para conseguir realizar vídeos com baixo custo foi apostar no volume. Hoje, na

Paulo Ramos, Marcelo Godói e Fabrício Chagas, da Avallon Media: ritmo de fábrica para entregar mais de 200 vídeos por mês.

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tarefa. “Existe um fluxo de trabalho. Cada ilha de edição, por exemplo, edita e finaliza de três a quatro vídeos por dia”, diz o diretor de planejamento. Para chegar a esse fluxo, no entanto, os sócios apostaram na estrutura “in house”: equipamentos próprios e contratação de profissionais. Há cinco profissionais, cada um trabalhando em uma ilha de edição e três produtores fixos. No total, são 11 pessoas na sede em São Paulo, uma dupla (de cinegrafista e jornalista) no Rio de Janeiro e uma outra em Porto Alegre, para cobrir principalmente assuntos ligados a entretenimento e esportes.Na produtora, é feita toda a criação, roteirização, produção (captação, edição, finalização e áudio) e publicação, contando com cinco ilhas de edição e duas câmeras. Segundo Ramos, as gravações são feitas em HDV ou MiniDV, este último considerado por eles o padrão mínimo de qualidade. “Em função dos tipos de contrato que temos, sai mais barato ter essa estrutura própria”, diz o diretor de planejamento. Além da estrutura fixa e de um fluxo de trabalho industrial, um dos elementos essenciais para que a Avallon conseguisse baratear os custos foi a criatividade. “Se tenho que fazer o vídeo de um carro, por exemplo, não vou alugar um estúdio ao preço de R$ 3 mil só para mostrar o interior do veículo. Uso a própria concessionária como locação”, explica Ramos. O diretor de planejamento explica ainda que uma das coisas mais importantes para o cliente é

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que o vídeo “rode” bem na Internet. Em alguns casos, em que é necessário ter qualidade técnica mais apurada, os vídeos são tratados de forma detalhista. No caso de vídeos como os produzidos para o How Stuff Works, o foco da produtora é passar o conteúdo, ou seja, a informação educacional. “Mesmo que o movimento de câmera fique rasgado, não é com isso que o cliente está preocupado”, diz Ramos. “Fazemos uma média de 200 vídeos por mês para esse cliente. Não posso ficar ajustando a cor de um único quadro de uma entrevista ou então corrigir um reflexo no nariz de um apresentador”. Em alguns casos, no entanto, a qualidade técnica deve estar alinhada com os outros produtos do cliente. “No caso do Pão de Açúcar, por exemplo, tivemos que finalizar o vídeo, pois ele tinha de ter a mesma

mês), How Stuff Works (de 100 a 200 vídeos por mês), Credicard City, Portal Minha Vida e Lopes.

Vídeos feitos para o Guia da Semana (no alto) e para o portal Minha Vida (acima): aposta em equipe fixa reduz custo de produção.

linguagem da TV”, explica o sócio. Os principais clientes da Avallon no momento são Guia da Semana (para o qual produzem seis vídeos por semana), Torcida RBK (40 vídeos por

Sem concorrência Seja pela velocidade de produção, preço baixo ou foco em Internet, a Avallon quer se diferenciar das produtoras atuantes no mercado. “Não queremos concorrer com as grandes produtoras”, dizem. Ainda que estejam dispostos a fazer filmes ou vídeos mais elaborados para outras mídias, caso solicitado, o foco será sempre o mesmo. “A nossa missão é ser a principal produtora para a Internet no Brasil”, almeja Godói. Para o futuro, os produtores têm grandes planos. Além da construção de um estúdio e a realização de projetos próprios, os produtores da Avallon olham para as novas tecnologias. “Podemos ir para o mercado de telefonia móvel com a chegada do 3G”, conclui Godói.

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um produto


( making of )

Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r fotos: divulgação

Deserto real

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m beduíno e seu camelo andam pelo deserto e de repente se deparam com uma máquina de Pepsi. Claro, no meio do nada, a máquina está desligada. A máquina é colocada no camelo e os dois vão atrás de uma tomada. Encontram um comerciante que aluga tomadas e finalmente poderão tomar o refrigerante. Só que a moeda que eles precisam para comprar a bebida é a mesma que eles usaram para alugar a tomada... Com criação e produção brasileiras, o filme teve como cenário o Deserto do Saara, no Marrocos. “Partimos do princípio de que quanto mais realista fosse o filme, melhor seria o resultado final. E isso, obviamente, passava por filmarmos num deserto de verdade, com atores locais”, explica o diretor Pedro Becker. Assim como em muitos filmes estrangeiros filmados no Brasil, a produtora trabalhou em co-produção com uma produtora local, a Dune Filmes, que trabalha principalmente com longasmetragens. Daqui, só o mínimo necessário foi levado para a África. “Levamos o mínimo não só por uma questão de custo, mas porque tínhamos vontade de fazer um filme que tivesse ‘a cara’ do Marrocos. E isso inclui figurino, atores etc”, diz o diretor. A grande dificuldade de filmar no deserto, explica, é o deslocamento da equipe. “Tivemos três dias de filmagem, com luz das 7h30 da manhã às 17h30. Isso fez com que tivéssemos de correr muito, o tempo todo.” Para facilitar, a equipe trabalhou com dublês do camelo e do ator nos planos abertos. Desde o início do trabalho, a equipe contou com um treinador de animais, mas o adestramento desse tipo de animal é bem limitado, segundo o diretor. “Para facilitar, colocamos o ator em contato com o camelo nos dias anteriores à filmagem.” A comunicação no set também foi um tanto complicada, já que os atores

Filmado no Marrocos, a finalização exigiu um tanto de retoque e outro de efeitos especiais.

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não falavam inglês. “Sempre contamos com a linguagem corporal para nos fazer entender. E fizemos muitos ensaios nos dias anteriores, com a ajuda do assistente de direção, para entrosar melhor direção e elenco.” De volta ao Brasil, a finalização do filme exigiu um tanto de retoque e outro de efeitos especiais. Foi preciso apagar pegadas na areia e retirar arbustos que brotam no deserto nessa época do ano. “Fizemos um trabalho importante de 3D no camelo, para que ele tivesse as expressões que o roteiro pedia”, completa o diretor. Becker acredita que a experiência internacional foi muito positiva, tanto para o próprio filme como para o aperfeiçoamento da própria equipe. “Sempre acreditei que é muito positivo poder filmar fora do país ou mesmo da cidade de origem. Uma equipe fora de casa fica focada exclusivamente no filme, o que dá mais espaço para a criatividade de todo mundo. E também ajuda na formação de profissionais mais completos.” O filme foi a grande peça, mas a campanha contou com peças em diversas mídias. Antes da exibição na TV, o filme pôde ser visto na Internet, assim como o making of e as curiosidades de gravação. ficha técnica Anunciante Pepsi Produto Pepsi Agência Almap/BBDO Diretor de Criação Marcello Serpa Criação Renato Simões e Bruno Prosperi Produtora Margarida Flores e Filmes Direção Pedro Becker Fotografia Fernando Oliveira Montagem Pedro Becker Finalização e efeitos Ilegal FX Trilha Tesis

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Final feliz

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A nova campanha dos sucos de laranja Minute Maid tem uma sinopse de novela mexicana: um casal que se ama, em crise porque o pai acha que o mocinho não é adequado para sua filha. Mas, assim como nos dramalhões, o filme tem final feliz. No caso, o mocinho é um suco de laranja de caixinha e a mocinha é uma laranja. O conflito: os dois se amam, mas o pai acha que o suco de caixinha não é caseiro. Felizmente, ele consegue provar que também tem gominhos, como os sucos naturais. Todo feito com bonecos de manipulação, o filme é ambientado na casa da “família laranja”. Os personagens são laranjas, sem olhos ou boca, e a caixinha de suco de laranja. “Nosso desafio era mostrar as emoções de personagens que não tinham expressão facial. Resolvemos criar um cenário rico, já que os personagens eram muito simples”, diz o diretor Nando Cohen. De fato, o mocinho é apenas um mock-up da embalagem em escala reduzida. E a mocinha, um mock-up de laranja, com uma folha e uma florzinha na cabeça. São pequenos detalhes, como o brinco de pérolas da mãe ou os óculos do pai, que diferenciam cada um. O processo de produção do filme obedeceu à seqüência de um filme ao vivo normal: definição de casting, cenário, figurino. Mas tudo em uma escala de 1:12. “Praticamente tudo é

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A equipe da direção de arte construiu todo o cenário nos mínimos detalhes. O uso de pós-produção foi mínimo.

real no filme, inclusive a chuva que cai à noite. Usamos um aspersor”, explica Nando. “A grande vantagem é que, apesar de ser um filme de animação, como usamos bonecos manipulados, a filmagem foi em tempo real. Se fosse stop motion, levaríamos uns 20 dias.” Todo o cenário tinha furos embaixo para que as varetas que sustentam os personagens pudessem ser movimentadas. O trabalho da direção de arte foi intenso. Além de ajudar a definir os personagens com seus adereços, a equipe construiu todo o cenário nos mínimos detalhes. “Fizemos quadrinhos, papel de parede, alguns móveis foram construídos, outros mandamos trazer de fora. Até o peru que a família come foi modelado”, conta o diretor. A fotografia também colaborou para enfatizar o clima “aconchego do lar”, replicando na maquete a iluminação real. Uma mini-grua, construída pelo especialista em efeitos mecânicos Guilherme Steger, foi usada em um dos planos finais, em que a câmera sobe para um plano aberto, de cima. Ao todo, foram feitas três maquetes: uma da casa toda, de fora; outra da sala de jantar e outra do quarto. O uso de pós-produção foi mínimo – até mesmo o céu azul atrás da casa é real, feito com um painel pintado. “Para não dizer que não houve pós-produção, na cena em que a família está jantando e a caixinha de suco está fora, na chuva, filmamos as duas cenas separadas, com fundo azul de recorte na janela. Além disso, só alguma correção de cor.”

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ficha técnica Cliente Coca-Cola Brasil Produto Suco de Laranja Minute Maid Mais Agência NBS RJ Direção de Criação Pedro Feyer e André Lima Criação André Lima, Renato Jardim e José Luiz Vaz RTVC Andrea Metzker, Álvaro Neto e Bruno Genuíno Produtora Vetor Zero Direção Nando Cohen Fotografia Fernando Oliveira Direção de Arte Equipe Vetor Zero Trilha Tentáculo Áudio Finalização Vetor Zero

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( regulamentação)

Vive la convergence Em visita ao Brasil, conselheiro do órgão regulador das comunicações da França conta como o país encara o cruzamento entre telecom e mídia.

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ceder seus filmes às operadoras que são donas de outros canais. Mas nós não intervimos, é uma questão de mercado, e se for o caso, dos órgãos de direito econômico”, conta Raude.

não pensa em subsidiar os set-top boxes, revela, mas poderá criar um fundo para fornecer o equipamento à população mais pobre. Raude acredita no modelo europeu de multiprogramação como atrativo Fibra para a TV digital. “O O grande desafio do aumento do número de mercado francês agora, canais é um driver imporacredita Raude, é baixar o tante para a adoção. PassaRaude, da Arcep: França custo da fibra óptica direto permite convergência total mos de cinco para 18 canais, às residências (FTTH, ou e temos ainda 18 canais entre telecomunicações e televisão, mas conteúdo ainda pagos”, conta. Mas a França Fiber to the Home). “Este gera disputas. serviço, mais o broadcast também prepara-se para a em HDTV, serão as grandes transmissão em HDTV, redes de comunicação do futuro”, diz. embora isso vá exigir novas licenças (e Em relação à TV digital terrestre, o novas freqüências, ao contrário do desafio também é grande. “Nosso switch caso brasileiro). As licenças já começaoff (desligamento das transmissões ram a ser distribuídas, e algumas das analógicas) está marcado para 2011, principais redes, como France 2 e M6 mas a cobertura do sinal ainda é de devem começar em breve suas trans85%, e apenas 25% dos lares têm missões em alta definição. recepção em DTV”. O governo francês André Mermelstein foto: tela viva

convergência já chegou à França, e com tudo. O país é um dos pioneiros no serviço de vídeo sobre redes IP das teles, e também apresenta pouca ou nenhuma restrição à propriedade de redes de cabo por empresas telefônicas e vice-versa. Para entender como o governo local vê este fenômeno, TELA VIVA conversou, durante o Rendez-Vous da TV France no Rio de Janeiro (veja box), com Patrick Raude, conselheiro da Arcep (Autoridade de Regulação das Comunicações Eletrônicas e Correios, na sigla em francês), a autarquia francesa responsável pela regulamentação e pela fiscalização das comunicações, englobando da telefonia celular à TV a cabo. É o equivalente aproximado da Anatel, e, como no Brasil, também exclui de seu controle a radiodifusão, que na França está a cargo do CSA (Conselho Superior do Audiovisual). Raude explica que na França não há restrições de capital para empresas de comunicações ou telecom, exceto broadcast. “Há vários exemplos de empresas que estão em múltiplos negócios no país”, conta. “O canal TF1, por exemplo, pertence à Bouyges, uma operadora de celular. O grupo Vivendi é sócio do Canal+ e também opera telefonia móvel”. A briga, explica, é pelos conteúdos. “Os canais se recusam a oferecer seus conteúdos para redes que são donas de emissoras concorrentes”, conta Raude. “No caso do VOD, por exemplo, o Canal+ é principal financiador do cinema no país, e eles não querem

Rio recebe produtores franceses Pelo segundo ano a TV France International (TVFI), associação dos produtores independentes de TV daquele país, promoveu no Rio de Janeiro seu Rendez-Vous. O evento, que é realizado também em países da Ásia, Oriente Médio e na própria França, leva a cada país um grupo de produtores franceses que oferecem seus programas às televisões locais e também buscam parceiros para co-produção. Além dos encontros de negócios entre produtores e canais, o evento também promove um seminário, que teve como destaque este ano a TV pública, com a presença do diretor-geral da TV Brasil, Orlando Senna. Os programas apresentados não correspondiam muito à imagem intelectual que se tem da França e sua televisão. Pelo contrário, a estética norte-americana predominava nas produções. Séries adolescentes, sitcoms, um programa de câmera oculta com toques eróticos, filmes inspirados em Harry Potter e no Código da Vinci deram o tom da apresentação, com exceção de alguns documentários e animações mais diferenciados. Ainda assim, chamou a atenção a diversidade da produção francesa, que trouxe um pouco de tudo ao Rio. Participaram do evento cerca de 35 produtores franceses e 90 profissionais latinoamericanos, principalmente do Brasil, mas também da Argentina, Chile, Colômbia, México, Equador, Paraguai, Uruguai e Peru.

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( artigo)

Mario Diamante*

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Audiovisual em desenvolvimento

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FOTO: Marcelo kahn

Agência Nacional do Cinema (Ancine), vinculada ao Ministério da Cultura, por regular, fiscalizar e fomentar o mercado cinematográfico e audiovisual, tem reunido uma série de informações relacionadas ao exercício da atividade no Brasil e no exterior. Multiplicam-se os fóruns onde a agência tem tido a oportunidade de tratar de questões relativas ao desenvolvimento do setor. No governo federal, vale destacar as nossas relações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o Ministério das Relações Exteriores e com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento (Apex-Brasil). No Legislativo, temos sido presença constante nas audiências públicas de temas que impactam no audiovisual. Na esfera estadual, o recente convênio, assinado com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, demonstra o potencial deste tipo de intercâmbio. A aprovação da Lei 11.437/2006, além de complementar o arcabouço regulatório da Medida Provisória 2.2281/2001 –– marco legal que criou a Ancine –– instituiu novas ferramentas de fomento e de regulação. Em vários campos, o equilíbrio entre estes vetores tem propiciado o crescimento sustentado da atividade econômica. A manutenção dos instrumentos responsáveis pelo bom momento do cinema brasileiro e da produção independente para a televisão, em conjunto com o surgimento de novos mecanismos de fomento ancorados na (i) expansão do escopo de incentivo da Lei do Audiovisual, na (ii) potencialização dos Fundos de Financiamento da

* Diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine)

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Indústria Cinematográfica Nacional (Funcines) e na (iii) criação do Fundo Setorial do Audiovisual, permitem a ampliação da política de fomento à produção cinematográfica, abarcando outros elos do encadeamento econômico da atividade, como a distribuição –– visando o lançamento de filmes brasileiros –– e a exibição –– cujo objetivo é a modernização e a ampliação do parque exibidor ––, como também a produção de conteúdo audiovisual para as demais mídias. Esta plataforma regulatória cria novas possibilidades para os agentes do mercado audiovisual, proporcionando um ambiente onde é possível: 1) o investimento em carteiras de projetos audiovisuais; 2) o financiamento a empreendimentos dedicados a infra-estrutura para a produção e exibição de conteúdo; 3) a participação nos rendimentos de obras audiovisuais ou nos resultados das empresas que atuam no setor. Enfim, é a complementação de um modelo de fomento que leva em consideração operações estruturadas, onde as parcerias angariadas estejam em consonância com os objetivos apresentados, respeitando a lógica interna de cada projeto. Dentre as inovações, o Fundo Setorial do Audiovisual sintetiza as mudanças apresentadas pela nova lei. Com o Fundo, o risco e o mérito são efetivamente introduzidos na equação e na análise dos projetos audiovisuais. Decretos Em 13 de dezembro de 2007, foram publicados no Diário Oficial

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da União os Decretos 6.229 e 6.304. O primeiro, regulamenta o Fundo do Audiovisual, o segundo, os aperfeiçoamentos na Lei do Audiovisual. O Fundo Setorial do Audiovisual - que tranqüilamente poderia ser chamado de Fundo do Desenvolvimento do Audiovisual com a definição do seu modus operandi, a partir do decreto, ganha corpo. Ao consolidar a Agência Nacional do Cinema como secretaria-executiva do Fundo, o regulamento permitiu a formação do funding, ou seja, a existência real de um fundo. Para tanto, a Ancine executou a transferência dos recursos do orçamento do Fundo em favor da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), na qualidade de agente financeiro e em conformidade ao convênio assinado entre os dois órgãos. Sendo gerido por um Comitê Gestor, composto por membros do go­verno e representantes da classe, o Fundo - tendo como base um diagnóstico setorial - poderá estabelecer diretrizes e metas, com ações focadas na extinção dos gargalos ao desenvolvimento da atividade. Portanto, questões de impacto imediato (como a adequação das obras audiovisuais brasileiras independentes aos mercados

doméstico e internacional), ou de longo distribuidores e exibidores pelos prazo (como o aumento da capacidade de respectivos desempenhos no segmento planejamento das empresas nacionais de salas de cinema. dedicadas ao audiovisual), O ano de 2008 começa com bons serão encaminhadas de acordo com suas augúrios e a promessa de muita labuta. reais necessidades. O Comitê também Os decretos de dezembro ensejam um terá condições de avaliar se os resultados árduo trabalho normativo por parte da obtidos estão compatíveis com os agência. O período de implantação de cenários almejados. uma regra é o momento oportuno para O decreto que regulamenta que - via consulta pública e demais os mecanismos canais de de fomento contato gerido por um Comitê Gestor, o da Lei do a Ancine Fundo poderá estabelecer diretrizes possa Audiovisual e metas, com ações focadas na (Artigos 1º, 1º-A, absorver 3º, 3º-A), ao sugestões e extinção dos gargalos ao estender o seu colaborações desenvolvimento da atividade. campo de dos diversos influência normativo aos Funcines e ao agentes do setor, tornando a Programa Especial de Fomento nova norma, a mais amigável o (introduzido na Lei do Audiovisual pela Lei quanto possível. 11.505/2007), tornou-se um verdadeiro Em paralelo, ficamos na torcida tutorial sobre as leis de incentivo no Brasil. por “Tropa de Elite”, que pelo O interessante é que o procedimento de segundo ano consecutivo leva o transferência tributária (viabilizador das cinema brasileiro à competição leis de incentivo) pode ser utilizado em oficial do Festival de Berlim, além conjunto com as linhas de fomento do de celebrarmos o sucesso Fundo do Audiovisual, dos Funcines ou internacional de “O ano em que mesmo de outros instrumentos de meus pais saíram de férias”. financiamento como o Programa de Apoio Junto com “Tropa de Elite”, o à Cadeia Produtiva do Audiovisual (Procult), Brasil terá, na Berlinale (de 7 a 17 de do BNDES, seja como co-investimento ou fevereiro), um estande no mercado de de forma sinérgica, por meio de um produtos audiovisuais, assim como processo de alavancagem financeira. nos demais trade markets, justificando Este princípio também se aplica ao o processo de amadurecimento das Prêmio Adicional de Renda, da Ancine, que nossas co-produções internacionais. desde 2005 passou a apoiar produtores, A todos, um bom ano audiovisual!


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Cinema digital com qualidade

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ão foi desta vez que a Sony lançou sua câmera de cinema digital e sistema de gravação 4K. É a intenção da empresa lançar os produtos para completar a linha de cinema digital, já que o projetor com esta compressão está no mercado há algum tempo. Contudo, conforme anunciou Rob Willox, diretor de marketing para produtos profissionais de criação de conteúdo da Sony, em evento organizado pela Band Pro em Los Angeles, a Sony lançará no final de 2008 a sucessora do modelo de cinema digital F23. A CineAlta F35 será semelhante ao modelo mais recente, mas com CCD de tamanho equivalente ao da janela Super 35 mm. Segundo o fabricante, a F35 contará com um único CCD de 10 Megapixels. O chip captará imagens com resolução de 1920 x 1080, com varredura progressiva e gravação 10 bit 4:4:4. Suportará ainda frame rates de 1 a 50 quadros por segundo. Assim como a F23 o novo modelo gravará em gravadores anexáveis HDCAM SR, a uma taxa de 880 Mb por segundo. Assim, a câmera terá a mesma profundidade de campo de uma câmera de cinema convencional. Contará ainda com montagem para lentes 35 mm PL, podendo trabalhar com lentes prime para a cinematografia analógica sem a necessidade de adaptadores. “A F35 foi desenhada para aumentar a linha CineAlta da Sony, não para substituir a F23,” disse Willox. “A F23 e a F35 são destinadas para ambientes de produção distintos, e ambas devem co-existir. Sabemos

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Foto: divulgação

Sony prepara câmera de cinema digital 35 mm e promete desenvolvimento de sistema 4K.

“A F23 e a F35 são destinadas para ambientes de produção distintos, e ambas devem co-existir”, diz Rob Willox, da Sony.

que muitos clientes estão comprometidos com as lentes de 2/3 de polegada, enquanto outros preferem 35 mm. Entendemos que alguns clientes podem querer fazer o upgrade para a F35, e estamos prontos para trabalhar com eles proporcionando uma troca suave, protegendo seu investimento anterior”, disse o executivo da Sony, mostrando que aqueles que acabaram de comprar a F23, lançada há um ano, terão condições especiais na aquisição do novo modelo. Locadores de equipamentos de Los Angeles já encomendaram o novo modelo. Só a Pace, principal locadora para imagens submarinas e cinema 3D, encomendou dez unidades. O equipamento deve custar US$ 250 mil, sem lentes ou acessórios. Sugestões Um número limitado de protótipos da F35 foi lançado no Japão, mas não deve haver uma distribuição maior de equipamentos para demonstração ou testes até meados de 2008. “Gostaríamos de ter a mesma abordagem que tivemos com a F23, mostrando o produto aos diretores de fotografia antes do lançamento e recolhendo suas idéias e sugestões”

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explicou. “É importante dar aos diretores de fotografia a chance de reagir ao equipamento no mundo real. Este ano antes do lançamento final nos dará tempo para implementar as melhorias necessárias” Ainda no evento promovido pela Band Pro, engenheiros da Sony assistiram um debate entre diretores de fotografia sobre a F23. Entre as demandas estavam o lançamento de um modelo com chip de captura de imagens de 35 mm, o que já está sendo providenciado. Em relação à usabilidade do equipamento, uma sugestão levantada por Chad Martin, da The Camera House, foi acatada por todos. Que as novas câmeras passem e contar com conexão para fibras ópticas. Atualmente é necessário o uso de um adaptador. A Sony afirmou no debate que trabalhará para implementar a sugestão no novo modelo e na F23. 4K O desenvolvimento de um modelo 4K foi confirmado por Rob Willox, que afirmou que o modelo não deve ser lançado antes do final de 2009. “Estamos continuamente desenvolvendo um sistema 4K completo baseado em torno de nosso projetor 4K”, disse. Contudo, conforme o executivo, a Sony não quer adiantar o lançamento antes de a tecnologia estar bem desenvolvida. Questões como manipulação de cor e espaçamento de cor precisam ser resolvidas na indústria antes do lançamento de uma câmera 4K, disse. “4K é a direção que tomamos. Mas não queremos criar um sistema 4K low end. Como fizemos com a F23 e a F35, a Sony pretende chegar ‘direito’ ao 4K”, disse Willox.

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Fernando Lauterjung, de Los Angeles* *O jornalista viajou a convite da Band Pro.



( agenda ) FEVEREIRO

13 a 23 L.A. Screenings, Los Angeles,

26 e 27 SET Sudeste 2008 - Seminário de Tecnologia em Televisão, Belo Horizonte, MG.

Califórnia, EUA.Tel.: (818) 889-9188. E-mail: nlloyd_ceo@yahoo.com. Web: www.lascreenings.us

Tel.: (21) 2512-8747. E-mail: set@set.com.br. Web: www.set.com.br

14 a 25 Festival de Cannes, Palais des Festivals, Cannes, França.

26 a 28 Andina Link 2008, Cartagena, Colômbia.Tel.: (571) 482-1717. E-mail: sandra@andinalink.com. Web: www.andinalink.com

Tel.: (33-1) 5359-6100. E-mail: festival@festival-cannes.fr. Web: www.festival-cannes.org.

18 e 19 de março

2° World Web Expo Forum

São Paulo, SP.Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br

28 e 29 3º Encontro de Co-Produção Brasil-Canadá, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3707-4751. Web: www.coproducaobrasilcanada.com.br

MARÇO

14 a 18 Fiap 2008 – Festival Iberoamericano de la Publicidad, Buenos

11 e 12 Proxxima 2008, São Paulo, SP. Web: www.proximma.com.br

18 a 20 NCTA – The Cable Show ’08, New Orleans, Louisiana, EUA. Tel.: (202) 222-2430. E-mail: thecableshow@ncta.com. Web: www.thecableshow.com

19 a 21 Wave Festival in Rio, Rio de Janeiro, RJ. Web: www.wavefestival.com.br

Aires, Argentina.Tel.: (54-11) 4311-2242. E-mail: fiap@fiap.com.ar. Web: www.fiaponline.net

22 a 30 15° Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – Fronteiras, Cuiabá, MT.

São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Campinas (SP). Tel.: (11) 3064-7617. E-mail: info@etudoverdade.com.br. Web: www.itsalltrue.com.br

17 a 27 Hot Docs Canadian International Documentary Festival,

Tel.: (65) 3624-5331. E-mail: videocuiaba001@terra.com.br. Web: www.cinemaevideocuiaba.org

ABRIL 5 e 6 MipDoc, Carlton Hotel, Cannes, França.

19 a 26 Curta-se: Festival Iberoamericano de Curtas-Metragens de Sergipe, Acaraju,

Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: info.miptv@reedmidem.com. Web: www.mipdoc.com

SE.Tel.: (79) 3246-6265. E-mail: operacional@curtase.org.br. Web: www.curtase.org.br

7 a 11 MipTV/Milia, Palais des Festivals,

23 a 25 Expo Convención Canitec,

Cannes, França.Tel.: (33-1) 4190-4580. E-mail: info.miptv@reedmidem.com. Web: www.miptv.com

Cidade do México, México. Tel.: (52-55) 5481-8050. Web: www.canitec.org

10 a 17 18° Cine Ceará - Festival IberoAmericano de Cinema, Fortaleza, CE.

28 a 3/5 – Cine PE – Festival do Audiovisual, Recife, PE.Tel: (81) 3461-2765. Web:

Tel.: (85) 3264-3877. Web: www.cineceara.com.br

www.cine-pe.com.br.

8 a 11 Banff World Television Festival,

MAIO

11 a 17 NAB 2008, Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Tel.: (1-202) 595-2052.

2 a 6 Rose D’Or, Lucerne, Suíça.

Banff, Canadá.Tel: (1-403) 678-1216. E-mail: info@achillesmedia.com. Web: www.bwtvf.com

Tel.: (41-41) 242-0907. E-mail: info@rosedor.ch. Web: www.rosedor.com

10 a 15 10° Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – FICA.

13 e 14 7° Tela Viva Móvel, Frei Caneca

Tel: (62) 3225-3436 / 3223-1313. E-mail: fica@fica.art.br. Web: www.fica.art.br.

27 a 6/4 É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários,

Toronto, Canadá.Tel.: (416) 203-2155. E-mail: info@hotdocs.ca. Web: www.hotdocs.ca

E-mail: register@nab.org. Web: www.nabshow.com

11 a 17 6° Festival de Cinema de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP.

Convention Center, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br.

Tel: (16) 3625-3600. E-mail: festival@saopaulofilmcommission.com.br. Web: www.saopaulofilmcommission.com.br

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26 a 28 9° Congresso Mineiro de Radiodifusão e Exposição Nacional de Equipamentos e Novas Tecnologias, Belo Horizonte, Minas Gerais. Tel.: (31) 3274-5700. E-mail: amirt@terra.com.br. Web: www.amirt.com.br

JUNHO 3 a 5 9º Fórum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, Frei Caneca Convention Center, São Paulo, SP. Tel: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.forumbrasiltv.com.br.

15 a 21 Cannes Lions, Palais de Festivals, Cannes, França.Tel: (44-20) 7239-3400. Web: www.canneslions.com

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18 E 19 DE MARÇO DE 2008, AMCHAM, SÃO PAULO, SP.

A nova edição do evento pioneiro da web 2.0 no Brasil, em novo formato e com muito mais conteúdo. Venha e apareça. > A estratégia do MySpace no Brasil > A plataforma Android, do Google > Websemântica: a nova etapa das buscas > As parcerias dos grandes players para a mobilidade > Branding usando portais de vídeos gerados por usuários > Como medir a eficácia da estratégia 2.0 e muito mais. Presenças confirmadas:

ÂNGELO FRANZÃO, MCCANN ERICKSON E GRUPO ALEXANDRE DE MÍDIA HOHAGEN, GOOGLE

GIL GIARDELLI, ADRENAX ANTÔNIO BICARATO, AFRICA

CAÍQUE SEVERO, IG ELISA CALVO, YOUNG

BRIAN CROTTY, BABELFISH

EMERSON CALEGARETTI, MYSPACE

CAIO TULIO COSTA, IG

JOÃO BINDA, AGE

IGOR PUGA, IDID

MARCELO COUTINHO, IBOPE INTELIGÊNCIA MARIO COSTA, IBM

OSVALDO BARBOSA, MICROSOFT PAULO CASTRO, TERRA E IAB

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