Revista Telaviva - 231 - Outubro de 2012

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 21_#231_out2012

Mipcom 2012

OVER THE TOP COM CONTEuDO

Plataformas digitais apostam na produção original e em parcerias com grandes estúdios para competir com os players tradicionais. EVENTO Festival na Bahia mostra renovação na produção de curtas-metragens

CASE Série de investigação da Medialand inova na montagem do modelo de negócio




Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski

André Mermelstein

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

A lei e o mundo real

E

Editor Tela Viva News Redação

Projetos Especiais Arte

Depar­ta­men­to Comer­cial

André Mermelstein Fernando Lauterjung Ana Carolina Barbosa Bruno Borin Lizandra de Almeida (colaboradora) Edianez Parente (colaboradora) Leandro Sanfelice (vídeo repórter) Letícia Cordeiro Edmur Cason (Direção de Arte) Alexandre Barros (Designer Gráfico) Geral­do José Noguei­ra (Designer Gráfico) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Bárbara Cason (Web Designer) Debora Harue Torigoe (Web Designer) Lúcio Pinotti (Tráfego/Web) Bruna Zuolo (Gerente de Negócios) André Ciccala (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te)

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screvo este texto antes do dia 2 de novembro, data-limite fixada pela Ancine para a entrada no ar dos line-ups já adaptados pelas operadoras para atender às exigências da Lei 12.485/11, a Lei do SeAC, especialmente no que diz respeito às cotas de canais brasileiros nos pacotes. Não sei, portanto, como ficaram estes pacotes, se a lei foi cumprida integralmente ou não. Mas algumas informações colhidas com operadoras e programadoras no final de outubro fazem crer que é mais fácil cumprir determinadas medidas no papel do que na vida real. A negociação de novos canais leva tempo, há muito o que se discutir: preço, descontos, empacotamento etc. Aliás, o mesmo vale até para canais já existentes. Depois há todo o processo de instalação de equipamentos, ajustes na rede, comunicação aos assinantes. Pode ser um pouco menos difícil no DTH, que tem um headend único, mas em operações de cabo o problema é multiplicado pelo número de localidades atendidas. Somam-se a isso as incertezas. A Ancine já publicou três listas de canais, indicando aqueles qualificados para atender às cotas e “subcotas” definidas em lei. A primeira foi publicada apenas dois meses antes da data em que os canais devem estar no ar. Há questões em suspenso, como a do Climatempo, que garantiu sua classificação por liminar na Justiça. Há canais que ainda pleiteiam reclassificação, como Woohoo e SescTV. E há canais classificados pela agência que sequer estavam no ar, disponíveis para recepção em tempo integral, a poucos dias do vencimento do prazo. Há questões que vão surgir ainda num futuro próximo. Quem paga a conta dos equipamentos de recepção dos canais obrigatórios, como TV Câmara, TV Justiça e outros? A lei não deixa claro, embora resolução da Anatel dê a entender que são as operadoras. E o que acontece com os segundos, terceiros e até quarto canais que estes órgãos públicos venham a ter, como já é o caso do .Jus, da TV Justiça? Terão também carregamento obrigatório? E por fim, há o imbróglio dos canais de TV aberta no DTH. Pela lei, as operadoras precisariam carregar os sinais de todas as 514 geradoras de TV do país, o que já se sabe que será inviável. Elas já pediram a dispensa da obrigação (que a lei também prevê), mas resta a dúvida sobre como serão atendidos os pedidos dos broadcasters que querem ter carregados os sinais de suas afiliadas regionais, e não apenas o sinal nacional, como já é feito com as afiliadas Globo. Como se garantirá esta isonomia sem sobrecarregar o sistema? Tudo isso se resolverá, mas as “dores do parto” da nova lei mostram que a realidade nem sempre se encaixa perfeitamente às vontades do legislador e do regulador.

(11) 3214-3747 comercial@convergecom.com.br Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Tela Viva é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903. Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável: Rubens Glasberg (MT 8.965) Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

ilustração de capa: seri

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(índice ) 18

Scanner Figuras

Capa

8 14 18

Antes em lados opostos, novos e velhos players da indústria de televisão decidem unir forças e anunciam parcerias no Mipcom

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30

Audiência Operação

26 28

Entrevista

30

Making of Case

34 36

Cinema

38

Upgrade Agenda

40 42

Media Networks aposta no potencial da TV paga na América Latina e na banda Ka para difusão da banda larga

Jeff Gomez fala sobre a criação de boas narrativas e o aproveitamento multiplataforma do conteúdo

38

Medialand bancou produção de “Investigação Criminal”, série adquirida pelo A&E

40

Com novos pontos de exibição e atividades diversas, XV Festival Nacional 5 Minutos dá destaque para a cena audiovisual baiana

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 6

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FOTOs: divulgação

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A volta dos clássicos

Longa da BossaNovaFilms terá extensão da experiência fora do cinema, com drink e menu criados com inspiração no filme.

O novo filme da campanha “Os Clássicos Voltaram!!!”, da Risqué, divulga uma linha de 13 cores de esmaltes que marcaram época. O comercial, dirigido por Sérgio Glasberg, tem mais de dez atrizes contracenando com a estrela Mariana Ximenes. O salão de beleza foi um ambiente cenografado especialmente para a filmagem e remete ao retrô clássico. Nesta produção, as cenas de produto também ganham destaque, principalmente pela fotografia e efeitos que trazem os esmaltes sob novas perspectivas.

Astro dentro e fora das telas A BossaNovaFilms lança em novembro o filme “Astro – Uma Fábula Urbana em um Rio de Janeiro Mágico”. Contando a história de uma adolescente sueca, filha de uma brasileira, que vai ao Rio de Janeiro para resolver uma questão ligada à herança deixada por seus avós e passa por uma transformação graças ao choque de culturas, o longa trabalha também com a arte contemporânea, mostrando o trabalho de diversos artistas. Com curadoria feita por David Quiles Guilló, fundador da Rojo, o filme apresenta artistas como o alemão Clemens Berh, o americano Mark Jenkins, o argentino Defi Gagliardo e os brasileiros Shima (Marcio Shimabukuro) e Mulheres Barbadas (Henrique Lima e Julio Zukerman). Para promover o longa, a agência Wanted criou diversos projetos de extensão do filme para além da sala de

cinema, como “happenings” no Rio de Janeiro e em São Paulo com a intervenção de artistas plásticos. Além disso, o Bar Astor (nas duas cidades) terá um brinde inspirado no filme, e o restaurante Chef Vivi, de São Paulo, irá contar com um menu especial por dois meses, baseado na culinária brasileira e sueca. Com patrocínio da Fiat – em cenas com o Fiat 500 – e parceria da Banda Sonora, Locall e Mistika, o filme será distribuído pela Elo Company a partir do dia 2 de novembro no circuito nacional, e é uma produção da BossaNovaFilms em associação com a Rojo, tendo como coprodutores a Asas da Imaginação e a Limite Produções. Após ser exibido nas salas de cinema, o longa deve chegar ao Sunday TV do portal Terra e aos canais do Sony Entertainment Television.

Um salão de beleza foi cenografado para o filme da Risqué.

Produções originais Buscando organizar toda sua produção original, o Yahoo! Brasil lançou um novo canal em seu portal: o Yahoo! Screen. Dividido por categorias que destacam os vídeos mais populares e interessantes, o novo canal estreou com 20 quadros originais, como as produções “2 Chopes Com”, “Pode Isso?” e “Pé na Cozinha”, e tem a previsão de lançar novos conteúdos até o final do ano.

Yahoo! Brasil lançou portal para organizar sua produção original.

Cultura em HD Com 280 retransmissoras no estado de São Paulo – alcançando 90% da população paulista – a TV Cultura deu início no último mês à distribuição de seu sinal em alta definição para todo o Brasil, alimentando suas retransmissoras no interior do estado de São Paulo, suas afiliadas em outros estados e operadoras de TV por assinatura. Até o final do ano, a emissora cobrirá 60% da população de São Paulo com a nova tecnologia disponibilizando seu sinal em cinco localidades (Grande São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Santos e São 8

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José dos Campos). O objetivo é chegar com essa qualidade para todo o Estado. Com um investimento de cerca deR$ 1 milhão, a emissora atualizou seus equipamentos de forma que a transmissão digital em HD seja possível sem o aumento da banda utilizada atualmente no satélite. A codificação do sinal passa a ser implantada 90 dias após a virada do satélite (o que se deu em 30 de setembro). As retransmissoras que não adaptarem sua tecnologia no prazo podem ficar sem o sinal da TV Cultura.

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No console A Crackle, plataforma digital de vídeos da Sony, anunciou um aplicativo gratuito para o PlayStation 3, disponibilizando seu catálogo de filmes de longa metragem, séries de televisão e programação original para os usuários do console na América Latina e no Brasil. O Crackle é uma rede digital que oferece aos usuários acesso a filmes e séries de televisão completos gratuitamente, baseada em publicidade. O Crackle conta com catálogo de estúdios como Columbia Pictures, TriStar Pictures, Screen Gems e Sony Pictures Classics. “O Palhaço” é o indicado do Brasil para a vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2013.

Oportunidade dupla Além do filme “O Palhaço”, indicado para concorrer na disputa por uma das cinco vagas na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2013, o Brasil conta com outro representante na maior premiação do cinema: a indicação argentina “Infância Clandestina”, que é uma coprodução da produtora brasileira Academia de Filmes com as argentinas Historias Cinematográficas e Habitación 1520 e a espanhola Antártida. Dirigido por Benjamin Ávila, o longa-metragem ainda conta com roteiro do brasileiro Marcelo Muller e atuação de Mayana Neiva e Douglas Simon.

Interface do Crackle no Playstation 3.


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Com operações no Brasil iniciadas em julho deste ano, a multinacional de origem australiana Adstream, que em uma jointventure com a brasileira Samba Tech virou AdstreamSamba, espera que o País seja o principal mercado dos 93 em que atua nos próximos dois anos. A empresa chegou no Brasil com a proposta de fazer a entrega totalmente baseada na web dos filmes publicitários que saem das produtoras para os canais pagos e abertos. Com tecnologia elaborada no centro de desenvolvimento da empresa em Kiev, na Ucrânia, a AdstreamSamba é capaz de identificar as especificações do material entregue e convertêlas para as especificações de uso de cada canal, além de ajustar canais de áudio e cor. Segundo Celso Vergeiro, CEO da

AdstreamSamba, as expectativas da companhia com o Brasil são altas, já que o País passa por bom momento econômico e o mercado de televisão tem muita força por aqui. No entanto, observa o executivo, o mercado ainda passa por adaptação e deve levar algum tempo ainda para que emissoras, produtoras e agências consigam trabalhar totalmente sem fitas. Hoje, as principais emissoras (cabeças de rede) e canais pagos têm configuração para receber os filmes que chegam via AdstreamSamba. São as agências de publicidade as principais beneficiadas e as que remuneram a empresa pela entrega do conteúdo. Celso Vergeiro, CEO da Adstream Samba: Brasil deve ser o primeiro mercado da multinacional de entrega de material publicitário em dois anos.

FOTO: Marcos Vilas-Boas

Distribuição em jogo Buscando incentivar ações voltadas para a ampliação da distribuição dos filmes nacionais, o Programa Cinema do Brasil e a Apex lançaram a “Copa dos Distribuidores”, competição que irá premiar os distribuidores que escolheram filmes produzidos por empresas associadas ao Programa Cinema do Brasil ao longo dos últimos dois anos. Em sua primeira fase, a competição premiará as distribuidoras com mais pontos acumulados até dezembro de 2012 com um convite para assistir a uma das noites do Carnaval do Rio de Janeiro, onde também haverá um encontro de negócios com produtores brasileiros. Na segunda, as três distribuidoras com mais pontos acumulados ao longo de 2013 ganharão um convite para assistir a uma partida da Copa do Mundo no Brasil em 2014 (dentre elas, as duas com mais pontos também receberão um prêmio de US$ 30 mil para lançar um filme brasileiro no exterior). Em outra ação, o Programa Cinema do Brasil irá premiar com US$ 40 mil o agente de vendas que conseguir incluir um filme brasileiro na seleção oficial dos festivais de Berlim, Cannes, Veneza, San Sebastián ou Sundance em 2013.

“Trip TV”, resultado de uma parceria entre a Mix TV e a Editora Trip, estreou em outubro.

Atração em revista A Mix TV e a Editora Trip fizeram uma parceria que resultou no programa “Trip TV”, que estreou no início de outubro. O programa de televisão segue a linha editorial das revistas e das plataformas de conteúdo formadas pelas marcas Trip e TPM, misturando jornalismo e entretenimento. Para a editora, a atração é uma ferramenta importante de relacionamento com os membros das comunidades da marca. O programa vai ao ar aos sábados, às 23 horas, pela Mix TV, com reprise às terças (22 horas) e às quintas (23h45), com transmissão ao vivo pelo site do canal (www.mixtv.com.br). Para quem preferir assistir em outro momento, todos os programas estarão disponíveis no site da Mix TV (www.mixtv.com.br) e no da revista “Trip” (www.trip.com.br). 10

Guia para a nova lei A Editora CRV lançou o livro “Políticas Públicas e Regulação do Audiovisual”. Com organização de Rafael dos Santos e Angélica Coutinho, a publicação traz informações contextualizadas com os novos desafios trazidos pela Lei 12.485/2011. Através de análises comparativas de políticas públicas na área do audiovisual, críticas do funcionamento do sistema e estudos dos novos parâmetros e perspectivas do mercado, o livro chega para suprir a falta de trabalhos substancialmente profundos acerca desta área. O livro conta com dez autores: Alex Patez Galvão, César Maranghello, Diana Paladino, João Guilherme Barone Reis e Silva, Hadija Chalupe, Lia Bahia, Marcos Rezende e Rodrigo Albuquerque Camargo, além dos organizadores Rafael Santos e Angélica Coutinho.

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FOTOs: divulgação

Deu samba


Venha conosco – rumo ao futuro! O que ontem era ficção científica, amanhã já vai ser realidade – conheça os projetos em que cientistas e pesquisadores estão trabalhando, ao redor do mundo. Toda semana, o programa produzido pela DW na Alemanha, visita laboratórios e centros de pesquisa, entrevista especialistas e revela as soluções que estão sendo criadas para transformar o nosso dia a dia.

Informações para parcerias sales@dw.de

www.dw.de/futurando


( scanner) FOTOs: divulgação

Caravaggio na telinha Inspirada na exposição “Caravaggio e seus seguidores”, que ficou em cartaz no Masp, em São Paulo, até 30 de setembro, a TV Cultura estreou neste mês um documentário inédito abordando a vida e a obra do pintor italiano Caravaggio. Realizado e produzido em HD pela emissora em parceria com a Base 7 (também responsável pela exposição no Masp), o documentário é dirigido por Hélio Goldsztejn e conta com entrevistas de diversos especialistas renomados, como os historiadores de arte André Tavares e Luiz Marques e o curador da exposição, Fábio Magalhães.

Cultura produziu documentário inspirado na exposição “Caravaggio e seus seguidores”, que ficou em cartaz no Masp.

Novidades conectadas A Samsung apresentou novidade na sua linha de devices conectados. O desempenho dos 23 índices da BM&FBOVESPA e das 69 ações do Ibovespa agora estão disponíveis através do Ticker da Bolsa, desenvolvido pela HXD Interactive TV e disponível na plataforma Smart da Samsung, o usuário visualiza a variação de todos os índices e os preços de cada uma das ações que compõe o principal indicador de referência da Bolsa, o Ibovespa, com delay de 15 minutos. Também mostra se o pregão está em andamento ou já se encerrou e o volume financeiro total negociado ao longo do dia no mercado de ações da BM&FBOVESPA.O ticker customizado aparece no rodapé do televisor, com opção de visualização sem interrupção da programação.

Miguel Oliva e Renata Lorena, da HBO.

Sem publicidade Samsung lançou aplicativo da BM&BOVESPA.

A HBO eliminou os comerciais em seus canais premium (HBO, HBO2, Max e Max HD), reforçando as ações nos canais básicos. O Brasil era o único país com publicidade nos canais premium. O canal-chave desta nova oferta é o Cinemax, que foi reposicionado como básico, está 100% dublado e exibe conteúdos veiculados originalmente nos canais premium em uma segunda janela. “É uma oportunidade que o anunciante agora tem de veicular em um canal HBO com grande alcance”, disse Renata Lorena, diretora de ad sales da programadora. O Cinemax tem hoje 9 milhões de assinantes no Brasil.

Brasil no Emmy O Brasil recebeu indicações para a 40ª edição do International Emmy Awards. Duas séries de produção independente brasileira concorrem ao Emmy este ano. “Julie e os Fantasmas”, coproduzida entre a Mixer, a Band e o Nickelodeon concorre ao prêmio da televisão na categoria série infantil. “Mulher Invisível”, coprodução da Conspiração com a TV Globo concorre na categoria melhor comédia. A Globo ainda concorre nas categorias telenovela com “O Astro”; melhor filme para TV ou minissérie com “Homens do Bem”; melhor programa de entretenimento sem roteiro com “Planeta Extremo” e melhor programa artístico com o episódio do cantor Cartola no programa “Por Toda a Minha Vida”. O vencedores serão anunciados no dia 19 de novembro em Nova York.

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"Mulher Invisível", coprodução da Conspiração com a Globo, foi indicada ao Emmy na categoria melhor comédia.

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Diretora

Mídias digitais A TV Globo anunciou a criação de uma nova área de comercialização exclusiva para a Internet. Contando com departamentos de atendimento, marketing, desenvolvimento e operações, a nova área ficará responsável por uma comercialização integrada, e será subordinada à direção geral de comercialização, a Central Globo de Comercialização de Mídias Digitais. O atual diretor de comercialização de Internet da Central Globo de Desenvolvimento Comercial, Eduardo Becker, ficará responsável pela direção da nova central, que ampliará gradualmente seu quadro de profissionais.

Buscando melhorar seu casting de diretores nacionais, a produtora Dogs Can Fly anuncia a chegada de Mônica Siqueira como sua nova diretora de atendimento. Com passagens por Cine Avenida, Santa Produtora, Latina Estúdio e pela Conspiração Filmes, a profissional se juntará ao time composto por Tom Stringhini, Rodrigo Rebouças, Ricardo Whately, Victor Abreu e Lucas Gontijo, e terá como objetivo a discussão com agências e marcas das novas tendências do audiovisual, além do desenvolvimento de novos negócios.

Diretora de atendimento

Sicav

A Fulano Filmes, produtora comandada por Carlos Righi, Krysse Mello e René Sampaio, anuncia a contratação de uma nova diretora de atendimento: Karina Amabile. Com passagens por produtoras como Trattoria di Frame, Cine, Margarida Filmes e Sentimental Filmes, a profissional tem em seu portfólio campanhas para clientes como Ambev, Nova Schin, Santander e Fiat. A diretora também conta com duas passagens Karina Amabile pela Pródigo Filmes, de onde saiu para formar o time fundador da Spray Filmes, e agora para sua nova função na Fulano.

Vice-presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Cinema (SICAV) até outubro, Silvia Rabello assumiu a presidência do sindicato no final do mês, ocupando o cargo deixado pela produtora Mariza Leão. Também diretora do laboratório da Labo Cine do Brasil, Silvia foi responsável pela ampliação no investimento dado à restauração de grandes títulos brasileiros do audiovisual. Em sua ges- Silvia Rabello tão na SICAV, a profissional ficará responsável por aprimorar o desenvolvimento do setor para novas tecnologias e formatos, contribuir na análise do plano de diretrizes e metas do audiovisual, pesquisas possibilidades de alterações nas práticas regulatórias do mercado e apoias a Ancine em mudanças necessárias para o mesmo, além de buscar parcerias com outras entidades representativas do setor.

Fotos: divulgação

Foto: zé paulo cardeal

( figuras)

Titans Group O Titans Group anunciou André Andrade como novo CEO da companhia. Hoje o grupo atua em 15 países das Américas do Sul, Central e do Norte. Com passagens por corporações como Net, Claro, Vivo e Movile, André Andrade conta com mais de quinze anos de experiência nos mercados de tecnologia e telecom. A mudança permitirá que Marcelo Zulberkan e Mino André Andrade Mazzamati – os dois fundadores da companhia – passem a cuidar de assuntos mais estratégicos para estruturar o futuro da empresa como companhia global. 14

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Diretor de cena A Conspiração contratou o diretor de cena Del, que tem expertise em animação e direção de arte, com forte presença da pós-produção. O diretor trabalhou em Londres para as produtoras Partizan, Blink e Pulse Films e tem no currículo, além de filmes comerciais para marcas como Visa, Levi’s e Sebrae, videoclipes como “Mariô”, do rapper Criolo, finalista ao prêmio de clipe do ano 2012 pela MTV e pelo Multishow, e “Give a Little Love”, de Tom Jones, indicado a um British AnimationAwards. V i v a

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Comercial A Viacom anunciou a contratação de Mauricio Palermo como vice-presidente de publicidade. Palermo tem passagens pelas áreas comerciais de empresas como iG, Terra e o grupo O Estado de S. Paulo. O profissional será responsável pela implementação do novo plano de atuação da empresa no mercado brasileiro. Entre os Mauricio Palermo seus desafios, estão a venda do projeto Verão Nick, totalmente remodelado para 2013 e a renovação do “Meus Prêmios Nick”. Outra novidade na programadora é que Fernando Gastón, antigo vice-presidente sênior de conteúdo criativo para MTV, Comedy Central e VH1 América Latina, ampliou suas responsabilidades como gerente de marca do network Tr3s (MTV, Música e Más), voltado para o mercado hispânico nos Estados Unidos. Dando lugar a Federico Cuevo, antigo vice-presidente de programação e produção de sua área, ele substitui o gerente geral e vice-presidente executivo José Tillán. Tanto Cuevo quanto Gastón se reportarão para Sofia Iannou, diretora geral da Viacom International Media Networks.

Nova produtora O produtor Tiago Mello, em parceria com seu irmão Gustavo Mello e o fotógrafo Eduardo Piagge, anuncia a criação de sua nova produtora, a Boutique Filmes. Responsável por algumas das principais produções para TV da Mixer nos últimos anos, como a indicada ao Emmy “Julie e os Fantasmas”, a série “Descolados” e as infantis “Sítio do Picapau Amarelo” e “Escola pra Cachorro”, o produtor deixou a empresa para montar Tiago Mello a Boutique. Um novo sócio será anunciado em breve. Trabalhando no desenvolvimento de três projetos de série de animação, duas ficções para adultos e uma série infantojuvenil, a Boutique focará em produção para TV, principalmente nas áreas de ficção, não-ficção e animação.

Direção de arte A equipe de criação da JWT recebe a diretora de arte Fernanda Fajardo. Fernanda vem da Loducca e tem passagens por agências como Young & Rubicam, DPZ e Santa Clara.


Seu planejamento de eventos para 2013 já está pr Conheça as melhores oportunidades para movime FEVEREIRO

ABRIL

MAIO

JUNHO

Dia 20

Dias 3 e 4

Dias 16 e 17

Dias 04 e 05

ROYAL TULIP BRASÍLIA ALVORADA, BRASÍLIA, DF

CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA, SÃO PAULO, SP

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12a

O ponto de encontro para quem leva mídia social a sério e quer trocar informações e experiências com profissionais de diversas empresas.

Dia 4

CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA, SÃO PAULO, SP

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CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA, SÃO PAULO, SP

12a

EDIÇÃO

EDIÇÃO

Governo, empresários e especialistas discutem as prioridades do setor de telecomunicações para 2013.

CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA, SÃO PAULO, SP

EDIÇÃO

Comunicação e Marketing na palma da sua mão: temas atuais do mercado de conteúdo móvel, como as apps, redes sociais móveis a marketing e conteúdo patrocinado, entre outros.

Dias 21 e 22

UNIQUE PALACE, BRASÍLIA, DF

EDIÇÃO

57a

EDIÇÃO

A evolução da TV e da distribuição de conteúdo para múltiplas plataformas, discutidas por quem está à frente dos mais importantes projetos de novas mídias.

Focado na realização 14a EDIÇÃO de negócios e com público qualificado o evento reúne produtoras e distribuidoras de conteúdo e emissoras de TV para debater temas de interesse nacional e internacional.

Satélites

Dias 24 e 25

AMCHAM, SÃO PAULO, SP

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O Painel TELEBRASIL é o principal encontro de lideranças e autoridades da área de telecomunicações, reunidas para discutir os rumos do setor no Brasil.

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SETEMBRO

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Dias 06, 07 e 08

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Maior encontro sobre 21a mídias convergentes na EDIÇÃO América Latina, é o único que congrega, em um mesmo ambiente, os principais operadores de TV por assinatura e banda larga, empresas de telecomunicações, produtores e programadores de conteúdo, empresas de tecnologia e provedores de Internet.

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Paineis e palestras com especialistas em tecnologias A realidade do mercado de verdes e ferramentas de satélites, novas tecnologias e aplicações, no único evento sobre sustentabilidade. o assunto na América Latina.

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Combinações inusitadas Parcerias entre novos e antigos players da indústria da televisão são destaques no Mipcom 2012

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ilustração: seri

s anúncios de parcerias entre players veteranos e calouros da indústria da televisão foram os grandes destaques do Mipcom 2012, mercado de televisão que aconteceu em Cannes, na França, entre os dias 8 e 11 de outubro. Durante o evento, em que circularam 12,9 mil pessoas de 104 países, velhos e novos gigantes fecharam acordos para provar que não só é possível conviver, como é essencial somar esforços. O CEO do Hulu, Jason Kilar, apresentou números expressivos sobre o desempenho da empresa criada em 2007 com a missão de tornar mais acessível o conteúdo da TV. Até hoje, o Hulu licenciou mais de 55 mil episódios de televisão, faz a oferta online de 35% dos vídeos premiums do mercado e tem mais de 400 parceiros. O faturamento do Hulu também vem experimentando crescimento significante: saiu de US$ 6 milhões em 2007 e, progressivamente, atingiu US$ 263 milhões em 2010. Segundo o executivo, faz parte da estratégia de expansão a diversificação da oferta. Um dos caminhos é levar conteúdo de outros mercados à audiência americana. O Hulu tem comprado conteúdo de países como Japão e Inglaterra. Recentemente, foi lançada a seção Hulu Latino, com títulos de cerca de 20 parceiros da América Latina. Investir em conteúdo exclusivo e produções originais também está na meta. O Hulu estreou a série exclusiva “Misfits”, produzida pela BBC, e obteve sucesso de público e crítica.

Agora, o Hulu coproduz também com a BBC a série “The Wrong Man”, que deve ser disponibilizada em 2013. Kilar anunciou também a entrada de novos conteúdos da Viacom no serviço pago de VOD streaming Hulu Plus, com 2 milhões de assinantes. Dentre as séries oferecidas estão “iCarly”, “Bob Esponja”, “Kung Fu Panda” e a nova temporada de “Tartarugas Ninja”, três semanas após a exibição no canal. O acordo inclui também a adição, nos próximos meses, de conteúdos do canal bilíngue (inglês/espanhol) da Viacom, o Tr3s. Para o serviço gratuito Hulu.com 18

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continuarão a ser oferecidos grandes hits da TV americana, como “The Daily Show with Jon Stewart” e “The Colbert Report”. A Endemol também aproveitou o evento para anunciar o lançamento de novos canais no YouTube na Europa. Na Alemanha, a produtora holandesa lança uma série de canais, incluindo o Short Cuts: The Short Movie Channel, de curtasmetragens, e o Survival Guide for Parents, com dicas e orientações em formato bem humorado para pais. Na França, será lançado um canal


Conteúdo de televisão A Fremantle tem cerca de 90 canais no Youtube. Segundo Cecile Frot-Coutaz, CEO da produtora, a distribuição digital vem ganhando cada vez mais importância. A Fremantle está lançando uma série de ficção produzida exclusivamente para a plataforma de vídeo digital Hulu, chamada “Battleground”, produzida por Mark Webb (“Homem-Aranha”) e também trabalha em projetos digitais com diretores como Lisa Kudrow (“Friends”) e Morgan Spurlock (“Super-size Me”). Mas Cecile conta que a plataforma ainda é mais

importante para fortalecer a marca e agregar valor do que como fonte de receita. “Os anunciantes ainda são conservadores, colocam mais dinheiro no que conhecem, que é o broadcast”, observa a executiva. A fragmentação da mídia, diz a executiva, está direcionando os espectadores para programas de grande audiência, os blockbusters, ou para programas altamente segmentados, restando pouco espaço para os programas intermediários. Segundo ela, com a diversidade de opções, as pessoas estão assistindo os conteúdos que são grandes hits, produções de orçamentos altos, como as Olimpíadas ou séries de ficção premium, ou então conteúdos mais baratos, mas altamente segmentados. “Antigamente não havia programas apenas para quem gostava de pesca. Hoje uma pessoa pode assistir só isso o dia todo, se for seu interesse”, disse. Neste cenário, ela vê um achatamento do mercado para programas que não estão em um destes extremos. Robert Clark, diretor geral de desenvolvimento e entretenimento da FremantleMedia, afirmou que mais do que formatos, a empresa está voltada para o desenvolvimento de marcas

foto: © 360 medias

Robert Kyncl, do Google, destacou que hoje, mesmo com os anúncios opcionais, o YouTube gera tanta receita por hora quanto a TV paga nos Estados Unidos.

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interativo com foco em celebridades, o It’s Big. O conteúdo será formado por programas de fofocas e entrevistas com celebridades, cobertura de festas e notícias. As iniciativas se unem a outras semelhantes, como a da Endemol na Itália, onde a companhia tem 30 canais no YouTube. A empresa espera lançar ainda mais canais na plataforma digital nos próximos meses. O vice-presidente global e líder de conteúdo do Google/YouTube, Robert Kyncl, comemora as parcerias feitas com grandes produtores de conteúdo como Endemol, BBC e Fremantle. Ele encoraja todos os players, grandes e pequenos, a utilizarem a plataforma. “É excelente para todos”, diz, lembrando que o YouTube serve para gerar ainda mais audiência. O executivo destacou que hoje, mesmo com os anúncios opcionais, o YouTube gera tanta receita por hora quanto a TV paga nos Estados Unidos. Segundo ele, este resultado só é possível porque grandes anunciantes estão apostando no modelo ganha-ganha de publicidade criado pelo YouTube: o usuário assiste ao comercial se tem interesse e os anunciantes pagam pelo espaço somente se são vistos. Kyncl observa que a coisa mais importante é ter o conteúdo.

emblemáticas, como o “Got Talent” e “Idols”, que são os conteúdos com maior facilidade de promoção e geração de novos produtos. “Ídolos”, por exemplo, gerou o “Ídolos Kids”, no Brasil (exibido pela Record) e em Porto Rico. A competição em que os participantes são crianças tem sido bem sucedida nos dois países, segundo o executivo. Os compradores também querem fórmulas de sucesso, em uma postura um tanto conservadora, orientada pela necessidade de gerar audiência e administrar baixos orçamentos. Com a maior parte de suas grades preenchida por conteúdo adquirido, eles buscam formatos já consagrados. “Eu procuro sucesso. Hoje, basicamente queremos formatos, especialmente os mais baratos”, explica John Ranelagh, diretor de aquisições do canal norueguês TV 2. Beverley McGarvey, chefe de programação da programadora australiana Network Ten, disse que o que mais

“Os anunciantes ainda são conservadores, colocam mais dinheiro no que conhecem, que é o broadcast” Cecile Frot-Coutaz, da Fremantle

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latinos em peso Um dos destaques do Mipcom 2012 foi a participação de empresas latino-americanas, que cresceu 36% em relação à edição anterior. Pela primeira vez uma delegação argentina e uma delegação chilena participaram do evento. A CinemaChile, agência de promoção do setor audiovisual chileno, já promove há três anos o cinema do país e, em 2012, estreiou a marca MiCh!TV, para levar aos principais mercados internacionais o conteúdo televisivo. Segundo Constanza Arena, diretora executiva da CinemaChile, para o Mipcom foram nove produtoras. Os principais produtos do país são os dramas, as sitcoms, as telenovelas e a animação. Ela avalia positivamente a primeira participação, pois os produtores chilenos tiveram oportunidades de se relacionar com produtores de outras partes do mundo e acredita na força dos negócios com o Brasil e com a Argentina. Uma delegação de cerca de 20 produtores argentinos também esteve no evento, sob o guarda-chuva do INCAA, o instituto nacional de cinema do país, similar à Ancine no Brasil.

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precisam despertar conexões emocionais nas pessoas tanto quanto o drama. “O grande trunfo de qualquer atração é a narrativa. A alta qualidade é o que conta. Temos que abandonar a ideia de que os programas não-roteirizados vêm de uma produção preguiçosa”, destaca o produtor. Da TV para o VOD Ninguém nega que o mercado de televisão será acelerado por causa da tecnologia e do comportamento social das pessoas. As plataformas de vídeo on-demand ganharão mais espaço e o reflexo disso já é observável nos números do evento: dos 4,4 mil compradores, 500 estavam comprando para o VOD. No entanto, a televisão linear deve ser fortalecida, na visão de muitos executivos. Bruce Rosenblun, presidente da Warner Bros Television Group, destacou a importância dos canais lineares na promoção do conteúdo e ciclo de vida das atrações. “O branded environment e o canal ainda são importantes. As pessoas tomam conhecimento no canal e depois vão para VOD”, observa, ressaltando que a indústria ainda precisa encontrar maneiras de

foto: tela viva

foto: tela viva

responsável pelos canais History e A&E, contou contou que é importante em TV hoje ter um olho no futuro e focar no processo criativo. “Falamos sempre mais no transacional do que no criativo e temos que nos perguntar o que vem em seguida, porque esse é o bom programa. Quando as atrações são boas elas geram bons negócios no futuro”, explica Nancy. Ela diz que a empresa precisa correr riscos para isso e garantir que exista sempre coisas novas à caminho, Elisa Ayub e Nonô Saad, da Band: emissora levou o "Pânico" como formato para a produção local e como produto pronto. porque há sempre a possibilidade do fracasso. “Queremos passar mais tempo funciona são formatos, com pensando ‘por que não?’ do que ‘por entretenimento e comédia. que?’”, destacou. Ela disse que os Se por um lado existe o programas de ficção têm sido conservadorismo, alguns players importantes para os canais. Ela também falaram em ousadia. apresentou as séries que devem estrear Muitas das discussões do Mipcom no canal History em 2013, “Vikings” e 2012 mostraram a preocupação “The Bible”, superprodução de temas dos executivos de TV em bíblicos cheia de efeitos especiais. desenvolver conteúdos que Mark Burnett, presidente da One atraiam a audiência e funcionem Three Media, responsável pelo “The muito bem no linear. As conversas Bible” é também criador de formatos indicaram a ficção como grande como “O Aprendiz” e “Survivor”. Ele tendência. Nancy Duboc, defendeu que os formatos nãopresidente de entretenimento e roteirizados demandam trabalho e mídia do A+E Networks,

Argentina levou delegação de produtores e anunciou em um dos principais painéis do Palais des Festivals.

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foto: © 360 medias

medir a audiência no on-demand. Como fornecedor de conteúdo, ele conta que o cenário de novos players é interessante. “Estamos em constante negociações com YouTube, Hulu, Amazon e Netflix. Queremos que eles comprem também conteúdo original e não só o já existente”, diz. Os grandes grupos de mídia estão atentos aos movimentos do mercado para ampliar o escopo de seus negócios. O CEO do Grupo Televisa, Emilio Azcárraga Jean, destacou que as parcerias desenvolvidas com a telecomunicação no México fizeram da empresa a líder mais poderosa do quadruple play no país e que a penetração dos serviços deve influenciar também na produção do conteúdo. Azcárraga acredita que nos próximos cinco anos o grupo produzirá mais conteúdos para os

dispositivos móveis. “Estamos entusiasmados em chegar à audiência em qualquer lugar e em qualquer lugar do mundo”, disse. Ele destacou ainda que o grupo de mídia mexicano, que produz mais de 80 mil horas de conteúdo por ano, deve conquistar novos territórios com a parceria estabelecida com a Lionsgate para a produção de conteúdo em inglês. A Televisa já tem acordos de produção em língua inglesa para o Nickelodeon e para a Sony. “A produção em inglês pode ir para outros mercados”, disse o executivo. Azcárraga destacou a predominancia do grupo nos países de fala espanhola da América Latina

“Falamos sempre mais no transacional do que no criativo e temos que nos perguntar o que vem em seguida, porque esse é o bom programa. Quando as atrações são boas elas geram bons negócios no futuro” Nancy Duboc, do A+E Networks

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( capa ) foto: tela viva

tramas à cultura local de seus clientes. Já foram feitas experiências na China e na França. A expansão e conquista de novos territórios também é uma questão importante para os grupos de mídia. Andrea Wong, presidente de produção internacional da Sony Pictures Television observou O SBT levou a cobertura do carnaval baiano (“SBT Folia”), o portfólio de novelas, formatos e as pegadinhas ao evento, conta Carolina Scheinberg. que a estratégia-chave da Sony é focar na criação de conteúdo original e que uma e comemorou a liderança na TV das orientações é focar nos mercados hispânica americana. “A parceria emergentes como Brasil, Rússia, China, com a Univision e a Televisa foi feita Índia e alguns países da Ásia. Na Rússia, no céu. Tudo diz que pode crescer a Sony já tem algumas versões locais de ainda mais”, afirmou o executivo, séries do canal. Na China, a empresa fez lembrando que essa conquista foi uma joint-venture que lhe dá licença demorada, já que o conteúdo do grupo mexicano está nos Estados Unidos desde a década de 60. “Cinco anos atrás, a TV de fala hispânica nos Estados Unidos era considerada um negócio menor. Hoje, os para produzir e no Brasil há projetos por hispânicos puxam o crescimento nos vir, segundo a executiva. “Acredito que o Estados Unidos”, observa. Brasil vai passar por uma proliferação Para o executivo, a chave do na criação de conteúdo”, diz. sucesso do grupo está na capacidade de combinar bom Momento Brasil storytelling com eficiência de De fato, a indústria internacional produção. Ele explicou que a tem observado a capacidade do Brasil e empresa também tem tido sucesso o País teve alguns destaques no evento. em coproduções, adaptando suas

O Brazilian TV Producers esteve no Mipcom com uma delegação de 33 produtoras e 45 membros das empresas associadas. O programa encerrou a participação no evento com o fechamento de acordos estratégicos e perspectiva de negócio com novos mercados. Rachel do Valle, gerente executiva do BTVP, destaca que foi selado um acordo que começou há exatamente um ano, na edição de 2011 do Mipcom: o tratado de coprodução com o Reino Unido, assinado em março. O evento também serviu para estreitar a relação entre produtores brasileiros e alemães. Os dois países já têm tratados de produção e os esforços agora são para que os projetos se concretizem. Durante o Mipcom 2012, houve uma aproximação de produtores brasileiros e australianos. Argentinos e finlandeses também

Executivo da Warner destaca que a televisão linear ainda é fundamental para o ciclo de vida das atrações. procuraram os brasileiros para avaliar possíveis parcerias. Rachel observa que neste ano o BTVP tem consolidado objetivos traçados anos atrás e com o bom momento da economia brasileira, a visibilidade que o País tem tido no exterior e a presença constante dos produtores do Brasil nos principais mercados,

Consumidor digital Como as novas formas de consumo de mídia podem ajudar os produtores e distribuidores de conteúdos? A questão vem sendo tema de todos os congressos de TV pelo mundo, e não foi diferente no Mipcom 2012. David Wertheimer, presidente da área digital da Fox nos EUA, mostrou como comparação que a série “24 Horas” foi assistida em 2001 quase que inteiramente “ao vivo”, ou seja, no horário em que foi transmitida, mas que “New Girl”, de 2011, teve 50% de sua audiência em “time shift”, ou seja, foi vista gravada em DVR ou em vídeo on-demand. Também segundo ele, as redes sociais têm um impacto enorme na escolha dos espectadores. No público de 18 a 34 anos, 25% diz ver um programa pela primeira vez por causa de citações em redes sociais, número que cresce

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para 30% entre os jovens de 15 a 17 anos. No futuro, diz, a TV será integrada às redes, e criará um playlist individual baseado no que seus amigos estão assistindo. “Por isso, temos (a TV) que ser melhores em indicar conteúdos, influenciar as escolhas. Precisamos de estratégias para tornar este conteúdo compartilhável”, disse o executivo. Esta tem sido a estratégia da Fox, conta. Conteúdos simples, como fotos dos Simpsons e de “Family Guy”chegaram a ter 300 mil “likes”no Facebook. Na estreia de “X-Factor US” foram registrados 1,4 milhão de comentários, 75% dos quais vindos de dispositivos móveis, conta Wertheimer. “A questão não é mais engajar o espectador, mas fazer com que ele engaje seus amigos”, afirmou.

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têm criado condições para as aproximações, tanto dos mercadosalvos, como de outros países. Produtoras brasileiras também ganharam espaço na programação do evento. Ricardo Rangel, sócio e COO da Conspiração, participou de um painel sobre coprodução com o Canadá apresentando o case “Rouge Brésil”, longa-metragem e série de televisão coproduzida com a França. A Mixer foi selecionada para um encontro exclusivo com empresas canadenses. Para discutir projetos com potencial de coprodução, os canadenses buscavam trabalhos nos gêneros factual, ficção e animação, requisito preenchido pela produtora. Participaram do encontro o presidente da Mixer, Hugo Janeba,

foto: © 360 medias

Jason Kilar, CEO do Hulu, anunciou coprodução com a BBC.

acompanhado da diretora de conteúdo e negócios, Eliane Ferreira, e do produtor de conteúdo Reynaldo Marchesini. O “matchmaking” é realizado pela Reed Midem, organizadora do Mipcom, em

parceria com o Canada Media Fund e a Telefilm Canada. A sessão faz parte das atividades do Focus on Canada, agenda de eventos que prestou tributo à indústria digital, cinematográfica e de televisão do Canadá, país homenageado como “country of honor” do Mipcom este ano. Além do Brasil, foram selecionadas empresas de mais 11 países, incluindo França, Reino Unido, Alemanha, Irlanda, Cingapura, Luxemburgo, Coreia, Estados Unidos e Rússia. Os broadcasters também estiveram no evento. Um dos destaques foi a Band, que levou o programa “Pânico”, como formato para produção local e como produto pronto. O SBT levou a cobertura do carnaval baiano (“SBT Folia”), o portfólio de novelas, formatos e as pegadinhas. Na Globo, o destaque ficou com a novela “Fina Estampa”.


(audiência - TV paga)

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pesar de ter registrado uma queda no alcance entre os indivíduos de mais de 18 anos no mês de agosto (alcançando 7,55% do share, em comparação aos 7,64% do mês de julho), o Megapix apresentou um aumento no tempo médio registrado e pulou da quinta para a quarta posição na audiência dos canais de TV por assinatura. Segundo Sóvero Pereira, gerente de marketing do canal, os dados do mês de agosto deram continuidade ao crescimento que o canal já vinha tendo ao longo do ano: “Em 2012 não tivemos nenhum pico de audiência que depois tenha caído. Nosso crescimento tem sido consistente, e pra gente isso é o mais importante”, afirma. Em relação ao mês de agosto, Pereira afirma que – por se tratar de um mês no qual aconteceram as Olimpíadas e teve início o horário eleitoral – é um período atípico para o bem e para o mal. “Ao mesmo tempo em que houve tendência dos canais de esportes atraírem mais

Foto: divulgação

Sessão especial

O ator inglês Jason Statham foi tema de um dos especiais exibidos pelo canal. espectadores no início do mês, houve também uma migração para a TV por assinatura dos espectadores que não têm interesse no horário eleitoral”, explica. Além disso, agosto também marcou uma campanha institucional do Megapix, que contou com forte presença na TV por assinatura e na mídia externa da cidade de São Paulo. Do ponto de vista da programação, Pereira aponta os especiais do canal como um motivo do aumento na audiência: “A oferta de filmes na TV por assinatura não é pequena, e para criar interesse desenvolvemos este tipo de especial. Assim fazemos o papel de curadoria que um canal

linear tem que fazer mesmo”, afirma. Durante o mês de agosto, o Megapix exibiu três especiais (Especial Olimpíadas, Especial Dia do Advogado e Especial Jason Statham), todos aos sábados, que apresentaram audiência superior à da média dos horários (54%, 58% e 65%, respectivamente). Sendo um canal de pacote básico, o Megapix naturalmente conta com um público mais amplo que o de outros canais da TV paga, mas não é somente isso que garante os bons resultados. De acordo com Pereira, o fato de o canal ter comerciais breves – com média de 2 minutos – também incentiva o aumento no tempo médio: “Os intervalos comerciais curtos acabam sendo bons tanto para o assinante – que sabe que se sair da sala por muito tempo pode perder a volta do filme – quanto para o anunciante, que entende esta retenção do público”, afirma. O levantamento do Ibope Mídia considera as praças da Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Distrito Federal, Florianópolis e Campinas.

Alcance* e Tempo Médio Diário – agosto 2012

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio Total TV Paga 44,28 5.657,81 02:26:54 SPORTV 10,46 1.336,05 00:48:04 TNT 8,44 1.078,99 00:30:23 Fox 7,78 994,56 00:32:31 Megapix 7,55 965,07 00:34:53 Multishow 7,47 954,73 00:21:48 Sportv 2 7,29 931,17 00:27:17 Viva 6,49 829,56 00:24:23 Discovery Kids 6,16 786,53 01:04:15 Cartoon Network 5,88 751,68 00:45:15 Globo News 5,78 738,37 00:25:31 Space 5,70 728,82 00:28:15 Universal Channel 5,45 695,89 00:23:30 National Geographic 4,83 617,57 00:23:18 Disney Channel 4,80 613,45 00:40:51 Discovery Channel 4,64 592,31 00:23:45 FX 4,56 582,74 00:29:44 Sportv 3 4,46 570,01 00:18:36 Warner Channel 4,22 539,18 00:33:20 Telecine Pipoca 3,96 506,58 00:33:07 GNT 3,90 497,81 00:15:03

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio Total TV Paga 47,20 1.606,84 02:45:00 Cartoon Network 15,17 516,57 01:14:47 Disney Channel 13,87 472,16 01:05:18 Discovery Kids 13,29 452,45 01:13:29 Nickelodeon 9,84 335,21 00:51:34 Fox 9,08 309,06 00:42:13 TNT 6,60 224,66 00:26:48 Disney XD 6,36 216,56 00:45:24 Sportv 6,25 212,89 00:30:02 Megapix 6,20 211,23 00:31:32 Multishow 6,10 207,75 00:23:43 Universal Channel 4,21 143,17 00:23:22 Space 4,20 142,95 00:24:20 Viva 4,17 141,85 00:23:18 Sportv 2 4,12 140,32 00:17:36 FX 3,74 127,21 00:30:56 Telecine Pipoca 3,58 121,76 00:29:28 Discovery Channel 3,46 117,92 00:21:50 Warner Channel 3,17 107,96 00:28:30 Telecine Action 2,93 99,88 00:32:20 National Geographic 2,90 98,79 00:17:11

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

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**Universo 3.404.400 indivíduos Fonte: IBOPE Media Workstation – Tabela Minuto a Minuto – agosto/2012

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

**Universo 12.777.900 indivíduos

Acima de 18 anos**


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( operação) André Mermelstein, de Lima

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Continente a conquistar Media Networks, do grupo Telefónica, acredita que América Latina tem potencial equivalente ao dos EUA para serviços de TV paga, e aposta no satélite em banda Ka para universalizar a banda larga.

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ganhar na Argentina”, disse o CEO. ão vejo por quê a Além do serviço de TV, a empresa vem penetração da TV por fazendo uma grande aposta na banda larga assinatura na América satelital em banda Ka. Igualmente, a venda Latina não possa chegar de capacidade é feita apenas para em alguns anos a níveis provedores de serviço locais, nunca ao similares aos dos EUA, de 90%”. Parece consumidor final. otimismo exagerado, mas é a opinião “A banda Ka permite a instalação de do CEO da Media Networks, Werner CPEs (equipamentos na casa do usuário) Schuler Schutz. Segundo o executivo, muito mais simples e mais baratos, é o que em dez anos a penetração na região viabiliza a banda larga satelital. São custos deve beirar os 70%. O Brasil hoje tem próximos aos do cable modem tradicional”, 15,4 milhões de assinantes, ou seja, conta Schutz. “Nos próximos dez anos a uma penetração de aproximadamente única maneira de se falar em 30% do total de domicílios. universalização da banda larga será TELA VIVA visitou em outubro a através da banda Ka”, afirma. central de operações da companhia em Lima, no Peru. A Media Networks é uma subsidiária do grupo Telefónica que distribui conteúdos para operadores locais de TV por assinatura. No Brasil, a própria Vivo TV (também da Telefónica), Oi e CTBC, entre outros operadores de menor A estratégia da empresa é calcada no porte, utilizam a plataforma. A uso do satélite e na crença no potencial das empresa também oferece o serviço de localidades que não são atendidas pelas venda de banda “por atacado” via redes terrestres das teles e operadoras de satélite para os provedores de banda pay TV. É uma ideia de “comer pelas larga e no Peru mantém uma bordas”, embora neste caso as “bordas” produtora que realiza conteúdos locais. sejam tão apetitosas, em muitos casos, Segundo Schutz, fatores como o quanto o recheio. crescimento econômico e o “O mundo é um mosaico, as pessoas desenvolvimento tecnológico estão têm diferentes necessidades. Eu venho do levando ao aumento explosivo no interior do Peru, e lá as pessoas estão sim número de assinantes. De um lado, diz, dispostas a pagar muito mais do a renda está crescendo e a TV é uma que na cidade por um serviço que das primeiras necessidades das as conecte, porque a necessidade famílias. De outro, os ganhos de escala é maior. Por isso o satélite é a permitem que se distribua hoje set-top saída. Ele não ocupa o espaço do boxes básicos por até US$ 30, o que cabo, mas outros espaços que ajuda na universalização dos serviços. existem”, diz o executivo. Ele Mesmo mercados como o conta que a empresa fez um argentino, que tem penetração superior à dos demais países da “Em dez anos a penetração de TV paga região, tem potencial para crescer, segundo o executivo. na América Latina pode chegar a 70%” “Ainda há 40 pontos a se Werner Schuler Schutz, CEO da Media Networks FOTOs: tela viva

CRESCIMENTO ECONÔMICO E BARATEAMENTO DOS EQUIPAMENTOS IMPULSIONARAM VENDAS NA REGIÃO

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estudo de dois anos com a Ipsos para ver quanto as pessoas estariam dispostas a pagar por banda larga. “Pegamos os usuários mais distantes, sem discriminar por nível socioeconômico. Descobrimos que dentro da classe D havia uma classe B inteira, ou seja, um número de pessoas dispostas a pagar o serviço equivalente ao que existe na classe B”, conta. “Estão esperando que alguém lhes leve o serviço. A maneira tradicional de pensar o negócio é do centro para fora, mas nós pensamos de fora para dentro, olhando para onde ainda não é atendido”, conta. “Para haver rede física”, continua, “tem que haver densidade populacio­nal e poder aquisitivo. Sobra um espaço onde há renda mas não há densidade, e vimos que tínhamos que ocupar este espaço. Ousamos (com o satélite) romper a barreira da densidade”. Outro campo de crescimento de mercado é a digitalização de operações existentes de cabo. “O digital hoje é obrigação, mas o custo era alto. O mercado deixou de crescer porque para operadoras pequenas não havia como romper a barreira do custo, de montar headend e espalhar caixa (settop)”, diz Schutz. Quando a Movistar do Chile fez seu primeiro processo de compra de set-top boxes (RFP), conta, os set-tops mais baratos estavam em torno de US$ 75, mas os mais confiáveis, com acesso condicional Nagra ou NDS, saíam por pelo menos US$ 100. “Fizemos um trabalho de pesquisa e chegamos a um custo de US$ 45, para o segmento médio, que não

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“O objetivo dos canais é fidelizar o assinante, não brigar por audiência. Queremos injetar endorfina, não adrenalina”

se guia pelos mesmos drivers do usuário premium. Só quer uma caixa que permita ver TV. posteriormente ele pode migrar, evoluir. Hoje estamos com set-tops econômicos básicos, para as classes C e D, que não superam os US$ 30. Acho que fomos relevantes para detonar o crescimento do digital na América Latina”, conclui.

Pepe Tudela, diretor de conteúdos

Headend central Em seu teleporto, nos arredores de Lima, a Media Networks processa cerca de 500 canais, recebidos de 50 satélites. As instalações foram inteiramente renovadas em 2010, quando o antigo headend foi transferido para a função de backup do sistema principal. Para o próximo ano está prevista uma ampliação de 1,5 mil m² na área. O terreno é dividido com uma estação da própria Telefónica, que é também o ponto de entrada do cabo submarino da empresa no Peru. A escolha do local se deve a fatores geográficos, por sua posição central no continente, mas sobretudo climáticos: chuvas são raríssimas na região, que tem índice pluviométrico de apenas 50 mm ao ano. Uma curiosidade do teleporto é uma antena de 35m de diâmetro e dez andares de altura, construída na década de 1960 para receber os sinais da chegada do homem à Lua. A antena é utilizada ainda hoje pela empresa. No modelo adotado pela Media Networks, um parque de antenas recebe os diferentes sinais dos satélites, processa-os e envia-os em um sinal único para o satélite. “Esta parte do processamento é complexa, porque cada programador envia os sinais com características diferentes de codificação, padrão de cor etc. Temos que decodificar cada um, padronizar e multiplexar para colocar no nosso feed”, conta Pedro Planas, diretor de tecnologia e

gestão de plataformas. Cada operador escolhe então os canais que receberá, de acordo com os contratos que cada um tem com as programadoras. A Media Networks não negocia a programação diretamente, apenas entrega os sinais. Cada operador pode também escolher sua interface de usuário, mas o CAS (sistema de acesso condicional) é o mesmo para todos, da Nagra. Os set-tops também podem ser escolhidos livremente pelas operadoras locais, mas têm que passar por uma espécie de homologação da Media Networks. Para isso a empresa mantém no teleporto um laboratório de testes de settop boxes. Todos os modelos de caixas a serem adotados passam por uma bateria de 800 testes de hardware e software, que avaliam desde a resistência do aparelho a choques e quedas, variações de temperatura e umidade, até o funcionamento da interface de usuário, sintonização, gravação etc. Hoje há 25 modelos de set-top homologados e outros 25 em processo de liberação, dos mais simples aos mais complexos, com múltiplos tuners, DVR etc. Outra grande ampliação prevista é no serviço de provimento de banda larga em banda Ka. Para o ano que vem a empresa contratará capacidade de 12 Gb no satélite Amazonas 3, com cobertura do serviço em seis países da região.

para a operadora Movistar (também da Telefónica) no Peru. Um casarão restaurado da década de 20 abriga os estúdios e as equipes de produção dos canais PlusTV, de estilo de vida, e CMD, de esportes. O trunfo do CMD são os direitos exclusivos do Campeonato Peruano de futebol, que no país andino não é exibido na TV aberta. Já o Plus TV tem como destaque a gastronomia, área de destaque hoje no cenário peruano. O canal mantém uma parceria com Gastón Acurio, chef peruano de fama internacional, que desde o início da carreira tem programas no PlusTV. O canal mantém 22 formatos diferentes de programas semanais. Para o CMD são produzidas 400 horas ao mês de conteúdo original, sobretudo programas de talk show e comentários esportivos. Os canais são os únicos de TV por assinatura produzidos no Peru. A empresa também tem a única unidade móvel HD do país, usada tanto para as transmissões esportivas quanto para a produção de programas de estúdio na sede em Lima. Segundo José “Pepe” Tudela, diretor de conteúdos da Media Networks, o objetivo dos canais é fidelizar os assinantes, e por isso a programação é pensada com mais foco na qualidade do que na busca por audiência. “Queremos injetar endorfina, não adrenalina. O objetivo dos canais é fazer as pessoas se sentirem bem, satisfazer”, diz Pepe, como é conhecido. O jornalista viajou a convite da Media Networks.

Produção Além dos serviços de distribuição de TV e dados, a Media Networks tem um lado menos conhecido, ao menos no mercado brasileiro. A empresa mantém em Lima uma produtora, responsável pela produção integral de dois canais exclusivos

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Pedro Planas, diretor de tecnologia, coordena teleporto que recebe, processa e transmite 500 canais SD e HD.

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( entrevista) Edianez Parente

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Histórias boas de se contar Especialista em transmídia, Jeff Gomez fala sobre como criar boas narrativas e aproveitá-las em plataformas múltiplas.

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FOTO: patricia patah

norte-americano Jeff Gomez, especialista em conteúdos multiplataforma, ou a chamada transmídia storytelling, tem sido bastante requisitado no País ultimamente. Pela quinta vez no Brasil desde 2010, ele esteve em São Paulo no final de setembro como principal palestrante do II Fórum Transmídia. Durante dois dias, fez várias apresentações e participou de debates com profissionais de conteúdo, mídia e publicidade. Também, detalhou um pouco o seu novo projeto, uma sociedade com a produtora brasileira Umana (leia box). Gomez, que é CEO da Starlight Runner Entertainment, baseada em Nova York, traz no currículo uma trajetória de hits em Hollywood, tendo trabalhado nas estratégias multiplataforma para blockbusters dos grandes estúdios como “Piratas do Caribe”, “Príncipe da Pérsia”, “Transformers”; e também para publicidade, como a mega­ campanha “Fábrica de Felicidade”, da Coca-Cola, e o game Halo, para a Microsoft. No intervalo entre as palestras que aconteceram na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Gomez deu entrevista a Tela Viva. A seguir, os principais trechos desta conversa:

Jeff Gomez bonito sobre o brasileiro é que ele é muito curioso e quer estar à frente da curva, e está bem interessado em estender os conteúdos, marcas e narrativas ao longo de diferentes plataformas: iPhone, Internet, TV, cinema, quadrinhos, videogames etc. O problema é que as grandes corporações, as emissoras de TV, ainda não estão preparadas. Elas estão enxergando, mas ainda têm resistências. Então, estou de volta porque há coisas interessantes acontecendo que precisam ser impulsionadas por aqui. E há mais dinheiro e conteúdo de qualidade.

Tela Viva - Por que suas vindas ao Brasil e qual o momento transmídia por aqui? Jeff Gomez - Foram três vezes em São Paulo e duas vezes no Rio de Janeiro nos últimos três anos. E veja o resultado: centenas de pessoas interessadas, estudando e até praticando a narrativa transmídia. O

E como são os contatos com as empresas locais? A primeira vez que vim foi em 2010 para um seminário interno na TV Globo. Mauricio Mota (da empresa Os 30

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Alquimistas) começou essa discussão transmídia no Brasil a partir dos contatos que teve no MIT; ele me trouxe. E na primeira vez a Globo quis que eu falasse para centenas de funcionários e ainda transmitiu para tantos outros. E foi interessante falar sobre a prática transmídia para esse conteúdo tão rico que eles têm, que é a telenovela. Previ que a audiência estaria progressivamente em queda, porque os adolescentes estão parando de ver na TV o mesmo que a família assiste: eles pularam para o computador, fugindo das novelas. Recomendei que o conteúdo transmídia das novelas também fosse aplicado de forma criativa a outras plataformas. A resposta à época foi: “não, não podemos fazer isso”. Mas agora soube que algumas destas novelas conseguiram, sim, fazer conteúdo transmídia, mídia social, conteúdos prévios às estreias. Brilhante! Muito bom. Estão experimentando. Fale sobre esta coprodução brasileira. Comecei a trabalhar com a Umana Estúdios para “Moonflower”. Eles têm uma grande proposta, assinamos para levar adiante o projeto em coprodução. É para conteúdo multiplataforma. Estou muito animado porque tem a ver com a mitologia brasileira, natureza, floresta tropical. O ponto importante é que não se trata de uma história do bem contra o mal – os bons que querem preservar e os maus que querem destruir; isto já é “Avatar”! É mais que isso. É sobre a complexidade entre coexistência de tecnologia e natureza. É um filme de animação, baseado nas aventuras de


número de pessoas que leram o livro antes. Os garotos, adolescentes, foram para o filme por conta das redes sociais – as garotas tinham lido o livro. A mídia social foi mais forte, ela não enfatizava o tom de romance dos livros, mas sim a ação, e isso envolveu os garotos: foi um movimento inteligente. Outro exemplo foi “Prometheus”, o filme de Ridley Scott, com o uso de mídia social. O espectador foi levado a pedaços daquele universo no futuro, final do século 21, mostrando que tipo de mundo “Prometheus” trazia. De novo, foi muito eficaz.

uma bióloga que mergulhou na floresta brasileira e que descobriu a flor do título. Qual é o target? É uma temática de interesse global, que vai estrear no Brasil. Ainda não está totalmente fechado, mas pode começar como filme para cinema ou série de TV. Quais os atuais projetos da Starlight Runner Entertainment? Temos trabalhos nos EUA, Canada, Itália. Não posso falar dos projetos em andamento atualmente – por sigilo contratual – mas recentemente finalizamos trabalhos com a Sony Pictures para “MIB3”. Antes disso, trabalhamos com Microsoft, Disney etc. Nós pegamos os projetos bem no início, por isso não podemos falar.

Nas redes sociais, todos compartilham tudo. Como isso impacta a vida de quem trabalha com conteúdo? É mais difícil, porque há sempre o receio entre os detentores do conteúdo de que algo negativo aconteça com suas

Como a mídia social está modificando o cenário transmídia? Ainda há muitos estúdios enfatizando e anunciando os trailers das estreias de cinema na televisão, usando mídia impressa. Mas se fizessem a mídia social, se entrassem nas redes sociais antes da estreia, seria tudo muito mais simples. Mas eles ainda pensam não ser tão eficiente. E na verdade, os filmes que têm os maiores pontos de contato nas redes sociais são os que conseguem maior engajamento. Por exemplo, “Hunger Games” (“Jogos Vorazes”) foi fantástico no trabalho de mídia social, ao convidar as pessoas para entender aquele mundo estranho onde aconteciam as competições. Eles não antecipavam a história, mas já convidavam os espetadores a conhecerem o ambiente, o que foi muito interessante e funcionou bem. Mas neste caso já era uma história difundida, porque havia o livro. Verdade. Mas se você comparar, o número de pessoas impactadas pela rede social foi bem maior do que o

disso. Dessa forma, mesmo se a marca não fizer parte da história, você pensará nela, porque haverá similaridades entre os valores. Com quem vocês negociam os projetos para as marcas - com os detentores das marcas ou seus intermediários de comunicação, como as agências de publicidade? Boa pergunta. Como se trata de uma nova técnica, algumas vezes é difícil de ser entendida. E, para ser eficiente, as diferentes divisões de uma empresa têm de cooperar; a agência de publicidade também precisa colaborar. Não é fácil. Vamos aos executivos top das empresas, são eles que nos dão o suporte: o chairman dos estúdios, o CEO da empresa, o executivo chefe do marketing – eles vêm nos procurar. E daí quando vamos para as agências, elas nos dizem: “não, não vamos ajudálos”. E então falamos: “veja bem, sentemos juntos, não somos agências de propaganda, somos produtores. O trabalho que temos não é o mesmo que o de vocês; cada um terá o seu; vocês não vão querer fazer este trabalho, não é fácil. Mas o resultado será bom também para vocês, vocês terão ainda mais trabalho para o seu cliente se nos deixarem tocar o nosso e tivermos conexão”. Começamos por estudar o trabalho deles e, ao perceberem que fazemos coisas diferentes, e que também admiramos o que eles fazem, daí eles relaxam. No fim das contas, até fica mais fácil para eles, porque teremos uma mensagem que será efetiva ao contar uma história e todos saem ganhando.

“muitos estúdios ainda usam a mídia impressa para promover suas estreias” propriedades. Dizemos aos nosso clientes: não se preocupem com isso, o material é bom, o conteúdo é bom e você quer que o público se envolva com ele e se expresse por meio dele. Se houver alguma conotação negativa, você pode dialogar com o público, se comunicar. E alguns de nossos clientes de fato partiram para essa conversa. As marcas devem assumir esse risco? Estão aprendendo, lentamente, mas estão. Como tem sido o uso da transmídia pelas marcas? Negociamos com uma grande gama de empresas de consumo, comida, bebida - como Coca-Cola, por exemplo – e algumas estão utilizando as plataformas transmídia e a mídia social de forma muito positiva. Os cases mais bemsucedidos ocorrem quando o detentor da marca tem um completo entendimento da sua mensagem central. Ajudamos as marcas a descobrirem isso, a entender o tema, a mensagem, o valor da marca, e daí construímos uma história em cima

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As redes sociais têm mostrado força política no mundo. Vocês se envolveram com algum movimento sócio-político? Não posso falar muito. Mas estas técnicas de transmídia podem ser bastante persuasivas, convincentes. Mas também são sobre diálogo, 31

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( entrevista) FOTO: patricia patah

comunicação em duas vias, não somente para cinema ou para a Coca-Cola, mas também podem alcançar situações geopolíticas. Especialmente quando as pessoas estão pressionadas de alguma forma, quando não têm permissão para fazer algo, quando são oprimidas. Se elas estiverem expostas a violência, corrupção, condições extremas, então você pode criar condições que lhes permitam contar suas histórias. E daí vem uma combinação de fornecer tecnologia, mas também estimular os próprios contadores de histórias a se comunicarem, falarem o que estão sentindo pelas plataformas transmídia que estiverem à mão. Pode ser de forma anônima, ou em forma de uma história em si. É como uma metáfora: algo que deixa todos animados porque é inspiracional, trata de alguma coisa que foi retirada das pessoas – seja por criminosos, terroristas. Quando se sai bem, todos se levantam e bradam: ‘chega, não vamos mais aguentar isso’. E as coisas podem mudar a partir daí. E é o que estamos vendo em várias partes do mundo agora mesmo.

“Negociamos com grande empresas de consumo, comida, bebida - como Coca-Cola, por exemplo – e algumas estão utilizando as plataformas transmídia e a mídia social de forma muito positiva.” cooperação das redes de TV, da imprensa, das pessoas do cinema, do teatro, eles se envolvem porque diz respeito à cultura popular deles, e isto tem a ver com receitas. E há grande cooperação de empresas locais e também das ONGs. E as pessoas se animam, começam a falar disso, e as empresas começam a criar canais para essas ativações sociais. Então, quando as pessoas começam a falar, dispõe-se a fazer algo sobre a situação. E isso vem ocorrendo em lugares tão distintos como Afeganistão, Líbano, México, e também Estados Unidos.

Mas isto fica restrito a um fenômeno social, não? Não apenas, também diz respeito aos negócios. Porque os valores que permeiam essas narrativas são populares. E consegue-se nestes países

Há algum trabalho seu em andamento nesta área? Sim, mas não posso falar. Não quero dar a impressão de que trabalho para lutar contra pessoas. Não é o que eu faço. Não uso transmídia para isso. Por fim, a transmídia já é uma atividade lucrativa? Acredito que sim. E se há recomendação para fazer, isso tem muito a ver com os números envolvidos. Para “Heroes”, por exemplo, para cada temporada, a receita adicional com transmídia foi de US$ 50 milhões. É relevante. Para Coca-Cola, a “Fábrica de Felicidade” correspondeu a 4% de acréscimo nas vendas globais – é muito mais refrigerante! E há muitos outros exemplos de impacto direto. Os grandes estúdios medem de forma bem meticulosa como a transmídia está rendendo dólares.

Projeto Moonflower, a flor da lua Moonflower, ou flor da lua, é a personagem principal de uma série em animação que está em desenvolvimento. Trata-se de um projeto da Umana, de Ricardo Mucci. A ideia é baseada no trabalho de uma artista plástica britânica, Margaret Mee, que viveu por 30 anos no Brasil e aqui descobriu a mitológica flor que só floresce uma vez ao ano na floresta amazônica. A partir de seus quadros, os roteiristas desenvolveram uma

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história que já nascerá multimídia: o projeto abarca livro juvenil, televisão, cinema, games e aplicativos. O orçamento não foi divulgado. “A mensagem central será a mesma em todas as mídias”, garante Gomez, que é parceiro minoritário da empreitada, e para quem com uma boa história dessas para contar, é possível se criar uma poderosa conexão emocional entre marcas, histórias e o público.

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( making of )

Lizandra de Almeida

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Saudades da década de 80

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

epois de arrendar a marca Gradiente, uma das mais conhecidas na área de produtos eletrônicos durante a década de 1980, a Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD) agora começa a trabalhar a divulgação de sua linha de produtos. Grande parte dos investimentos está sendo dedicada aos produtos infantis, que retomam o design e as cores que a marca apresentava no passado, tendo como públicoalvo os filhos dos antigos consumidores mirins. Para apresentar a linha “Meu primeiro Gradiente” repaginada, a CBTD investiu em um filme emocional, criado pela NBS e produzido pela Produtora Associados. O filme se baseia no conceito “você sabe quanto seu filho vai gostar”, para justamente atrair os pais que tiveram produtos da linha há 20 anos. A intenção da empresa, segundo seu CEO, Fabio Vianna, é conquistar um lugar de destaque no mercado infantil, produzindo equipamentos eletrônicos para crianças. O filme conta a história de um garoto que ganha seu primeiro Gradiente, um tablet nas cores vermelho, amarelo e azul que caracterizam a linha. Feliz com o presente, ele resgata o primeiro Gradiente da mãe – um gravador com recursos de karaokê – do sótão de sua casa e leva para o conserto como agradecimento pelo presente. “A ideia é acionar a memória afetiva das pessoas”, conta o diretor de criação da NBS, Carlos André Eyer. Para o diretor do filme, Rodrigo Lewkowicz, o primeiro desafio da produção foi a escolha do garoto. “Filmar com criança é sempre complicado, mas com ele foi muito

Cada cena foi filmada em uma locação em São Paulo. A composição dos planos também foi cuidadosa para garantir um ar bucólico ao filme.

tranquilo”, afirma. A naturalidade do garoto já saltou aos olhos desde o teste de VT. “Geralmente fazemos o teste, pré-selecionamos algumas pessoas, depois apresentamos para a agência, aí eliminamos outros e então apresentamos para o cliente. E cada um tem seu preferido. Dessa vez, o menino foi unanimidade em todas as fases.” Como o garoto tem apenas 5 anos, era importante que os espectadores não imaginassem que a saída dele à rua representasse perigo. Entrou em ação então uma minuciosa pesquisa de locações. “Desmembramos cada cena do filme e encontramos uma locação perfeita para cada uma, todas em São Paulo”, conta Rodrigo. A composição dos planos também foi cuidadosa para garantir um ar bucólico ao filme. “A loja de conserto de brinquedos foi montada em uma sapataria que tem mais de 80 anos, no centro de São Paulo. O plano não poderia ser mais aberto, para não revelar o entorno.” O sótão foi filmado na Mansão Jafet, uma casa suntuosa e histórica no bairro do Ipiranga. A casa do garoto é uma residência no Pacaembu. “Fomos encontrando lugarzinhos bacanas no meio do caos”, brinca o diretor. Todas 34

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as locações receberam uma iluminação especial, mesmo ao ar livre. “A cena em que o menino corre carregando o brinquedo da mãe foi feita no final do dia, já era quase noite”, diz Rodrigo. O aparelho, aliás, funcionava perfeitamente e até precisou ser meio desmontado para parecer que estava quebrado. A curiosidade é que ele foi adquirido no Mercado Livre. FICHA TÉCNICA Cliente Produto Agência Dir. de criação

Criação

Produtora Direção Fotografia Produção de áudio

CBTD Gradiente NBS Pedro Feyer, André Lima, Carlos André Eyer e Cassio Faraco Carlos André Eyer, Cassio Faraco, Alexandre Giampaoli, Tales Lima e Thony Fernandes ProdutoraAssociados Rodrigo Lewkowicz Marcelo Durst Satélite


A vez dos contos de fadas

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m uma sala de espera parecida com a de um consultório médico, estão sentados os protagonistas de algumas das mais conhecidas histórias infantis. Enquanto aguardam, os personagens fazem coisas corriqueiras: o Mago brinca com cartas de baralho, o Cavaleiro Medieval toma um cafezinho, a Chapeuzinho lixa as unhas e o Lobo Mau lê um jornal. Eles estão esperando a vez de entrar no quarto de uma garotinha, que ouve atenta as histórias contadas pelo pai. Até que soa um sinal e chega a hora da princesa entrar. O filme faz parte do programa Itaú Criança, do Banco Itaú, que pretende estimular e incentivar a leitura para crianças. O programa já existe há sete anos e entregou até hoje 22 milhões de livros infantis no país. O objetivo agora é distribuir mais 7 milhões. O filme mescla atores e personagens criados em 3D de forma bem natural. O diretor Luís Carone explica que o maior desafio desde o princípio era o lobo, em função dos pelos, que ainda são complicados de se criar virtualmente. “Por isso, já pensamos numa decupagem que valorizasse o sapo, com planos mais abertos, e que pegasse o lobo em planos fechados”, conta. O sapo foi refeito várias vezes até adquirir uma expressão apaixonada, como queria o diretor. Carone vem da área de 3D e, além de dirigir, neste filme voltou às origens e sentou-se ao computador da Jonathan Post, sua empresa de finalização, para trabalhar nos elementos 3D. O cenário foi produzido em estúdio e complementado em 3D. O teto, por exemplo, e algumas

brinquedo, o sapo 3D. Para que houvesse melhor interação entre o mago e o lobo, um ator participou da cena. “Queríamos que o mago e o lobo se olhassem nos olhos, tivemos esse cuidado de não parecer que um dos personagens está olhando para o vazio”, diz Carone. Uma das grandes preocupações da agência, explica, é que os personagens não parecessem simplesmente pessoas fantasiadas. Para isso, a produção caprichou nos figurinos. Quem mais sofreu foi o cavaleiro, que usou uma armadura de verdade, com direito a malha de aço e colete de metal, além de uma capa de pele, sob a iluminação do estúdio. A fada foi filmada ao vivo, inclusive pendurada para que parecesse estar voando. Na hora da composição final, porém, o diretor preferiu substituí-la por uma versão 3D. “Assim pudemos posicioná-la melhor e até fazê-la voar.” A campanha está sendo exibida na TV e no cinema, e ainda conta com várias peças de apoio físicas e na internet. Também foi criado um vídeo para a web reforçando a importância da leitura de histórias para as crianças. FICHA TÉCNICA Cliente Produto Dir. de criação Criação O cenário foi produzido em estúdio e complementado em 3D.

Produtora Direção Fotografia Montagem Produtora e áudio Finalização e animação 3D

paredes foram aplicados depois. Na hora de filmar, o diretor usou alguns recursos para facilitar o trabalho dos atores. No lugar dos personagens virtuais, foram usados bonecos. Uma Barbie substituiu a fada e um sapo de

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Itaú institucional Francesc Petit, Rafael Urenha Rafael Urenha, Silvio Amorim, Bruno Landi, Giuliano César, Leonardo Gonçalves e Tiago Zanatta ParanoidBR Luis Carone Pierre de Kerchove Marcelo Junqueira Voicez Jonathan Post


( case )

Investigação Criminal Medialand bancou a produção da série sobre crimes que aconteceram em São Paulo e chocaram o País. Depois de pronto, o conteúdo passou por pequenas adaptações e ganhou espaço na grade do A&E.

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FOTOs: divulgação

xclusivamente voltada para a produção de conteúdo de televisão, a Medialand tem percorrido um caminho atípico com os seus projetos. Em vez de esperar a encomenda ou desenvolver a ideia e apresentá-la a um canal para então partir para a fase de captação e produção, ela tem bancado a produção de projetos para levar conteúdos prontos aos canais. Uma das séries resultantes desta empreitada solo é “Investigação Criminal”, que estreou no A&E em outubro. Os sócios Beto Ribeiro e Carla Albuquerque acreditam que esta é uma fórmula que funciona melhor para as demandas da televisão. Segundo Carla, a produtora tem investido em projetos nos quais acredita e assumido os riscos financeiros. Ribeiro observa que os produtos de televisão não têm nem o tempo do cinema nem o dinheiro da publicidade e que é preciso aprender a ser independente de fato nestas condições. “A gente pensa em programas que sejam bons produtos de audiência, com viabilidade tanto em TV aberta quanto em TV fechada”, diz. “Tem que construir a cauda longa pra que o produto se torne viável. Isso não acontece na primeira janela”, observa Carla. Trabalhar desta forma, elaborando os projetos, bancando a produção e assumindo os riscos financeiros só é possível, contam os sócios, porque tudo é feito com recursos internos. A produtora, com base em São Paulo, tem 12 ilhas de edição, equipamentos próprios e mão-de-obra fixa contratada. “Se não fosse isso, seria inviável”, explica Carla.

Atração exigiu pesquisa aprofundada e levou um ano e sete meses para ficar pronta. Pesquisa intensa “Investigação Criminal” é um projeto que demorou um ano e meio para ficar pronto e precisou de uma intensa pesquisa para ser concluído. A proposta é abordar crimes que aconteceram em São Paulo e chocaram o País pelo depoimento de profissionais que estiveram envolvidos no processo de investigação, como delegados, policiais, legistas e psiquiatras forenses em alguns casos. São dez episódios e em cada um deles o público revê casos como o de Aparício Basílio, o do governador do Acre (Edmundo Pinto), o maníaco do parque, Farah Jorge Farah, o pedófilo Eugênio Chipkevitch, o maníaco da Cantareira, Suzane Von Richtofen, Isabella Nardoni, Liana Friedenbach e Felipe Caffé e o atirador do shopping, pelos relatos daqueles que estiveram na cena do crime e ajudaram a desvendar o que aconteceu. Para o programa foram utilizados apenas casos que já estão julgados. A equipe teve acesso a todo o material dos processos e precisou conquistar a confiança dos profissionais envolvidos nas investigações para gravar os depoimentos. Alguns casos eram bastante antigos, como o de Aparício Basílio, que teve morte trágica, assassinado a facadas em outubro 36

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de 1992, e exigiram mais esforços de pesquisa da equipe para chegar aos profissionais envolvidos. Como a produtora já tem outros programas envolvendo a temática policial, como o “Operação Policial”, o acesso aos profissionais e a conquista da confiança necessária para tocar um projeto como esse foram facilitados. Como a proposta era de uma abordagem documental e jornalística, sem elementos sensacionalistas, não houve dificuldade em fazer policiais, delegados e legistas contarem diante das câmeras o que sabiam sobre os crimes. Com o material pronto, a produtora começou a procurar canais interessados em exibir a série. A atração foi apresentada a Krishna Mahon, produtora executiva do History, A&E e Bio. Krishna gostou da proposta do programa e achou que se encaixava na grade do A&E. Foram feitos então pequenos ajustes no material original. Os episódios de 45 minutos ganharam mais dois para se adaptar melhor ao canal e


foram feitas algumas customizações no visual. Ribeiro afirma ainda que um canal de TV aberta estreará a série em março do ano que vem. Os acordos com os serviços de VOD (Net, GVT, Claro, Netmovies e Terra) para o segundo semestre de 2013 também estão feitos. Uma nova temporada já está nos planos da produtora. Projetos A Medialand tem outros projetos que está tocando da mesma forma. Um deles é o “Casting”. Trata-se de uma espécie de reality show de talentos para descobrir novos atores para trabalharem em suas séries de ficção. Os produtores estavam encontrando dificuldades em escalar atores já conhecidos devido a seus contratos com os canais. A Medialand criou então um teste realizado no teatro do shopping Frei Caneca em São Paulo. No primeiro deles foram inscritos 800 atores, 200 foram selecionados para os

investigação criminal

Sinopse: A primeira temporada de “Investigação Criminal” traz dez crimes que aconteceram em São Paulo e chocaram o Brasil. Casos como os do maníaco do parque, Suzane Von Richtofen e Isabella Nardoni são narrados por delegados, policiais, legistas e psquiatras forenses que participaram da investigação dos crimes.

testes e 40 atores foram escolhidos para atuar nas produções. Na segunda edição foram inscritos 3 mil atores, sendo que 300 participaram dos testes e a produtora escalou aí o casting para

Série, 10 episódios de 47 minutos Formato Medialand Produtora Beto Ribeiro Direção Carla Albuquerque e Beto Ribeiro Produção executiva Mirella Arruda e Elaine de Abreu r, Cesa ia Produção Valér Henrique Bacana Direção de arte Beto Ribeiro Entrevistas e roteiro Daniel Arcanjo Fotografia

quatro séries de ficção. A ideia é que trechos deste processo de seleção sejam exibidos nos canais que veicularem as séries de ficção. Ana Carolina Barbosa


( cinema) Bruno Borin

Muito além dos curtas-metragens

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ais do que cinco minutos de fama, uma semana: entre 15 e 20 de outubro, Salvador se tornou a capital nacional dos curtas-metragens com a 15ª edição do Festival Nacional 5 Minutos. Realizado pela Diretoria de Audiovisual (DIMAS) da Fundação Cultural do Estado da Bahia, unidade da Secretaria da Cultura da Bahia (SecultBA), o evento esteve presente em pontos culturais de dez cidades do interior do estado, além de Salvador e Lauro de Freitas (região metropolitana da capital). Segundo Sofia Federico, diretora da DIMAS, a expansão para estes pontos de cultura foi um dos pontos fortes desta edição: “como um festival público – que se realiza não somente para a cidade de Salvador, mas para o Estado da Bahia – o Festival Nacional 5 Minutos consegue, com estes pontos, cumprir parte de sua demanda”, afirma. Com 50 filmes participando da Mostra Competitiva, o XV Festival Nacional 5 Minutos procura atrair novos realizadores, tanto que promove um prêmio especial (Vito Diniz, no valor de R$ 2 mil) para realizadores estreantes. O evento também prestigia o filme mais votado pelo júri popular (prêmio Luiz Orlando, no valor de R$ 4 mil) e os três primeiros colocados da Mostra Competitiva, escolhidos por um júri de profissionais do setor: prêmio Roberto Pires (para o 3º colocado, no valor de R$ 6 mil), prêmio Alexandre Robatto (2º lugar, no valor de R$ 8 mil) e prêmio Walter da Silveira (para o melhor curta da 38

FOTO: alex romano

Em sua 15ª edição, Festival Nacional 5 Minutos amplia presença no estado da Bahia e traz diversas atividades além da exibição de sua mostra competitiva.

Olaf Stüber, Danillo Barata e Matty Brown durante o encontro de Videoarte promovido pelo festival.

competição, no valor de R$ 10 mil). Buscando incentivar a produção audiovisual baiana, a Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV), como nas outras edições, prestigiou o realizador do melhor vídeo baiano da Mostra Competitiva. A novidade ficou por conta de um novo prêmio anunciado durante o festival – prêmio Orlando Senna –, destinado ao melhor filme em formato de documentário. Os realizadores escolhidos pelo júri da ABCV foram contemplados com obras dos artistas Washington Arléo e Justino Marinho. Mas nem só de filmes é feito o Festival Nacional 5 Minutos: além das exibições, o evento contou também com algumas oficinas promovidas ao longo do festival. Passando por temas como Webdocumentário, Stop Motion para crianças, Direção de Arte e Direção de Atores (as duas últimas promovidas em parceria com o Centro Audiovisual NorteNordeste – Canne), as oficinas contaram

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com profissionais brasileiros e estrangeiros. O destaque ficou por conta da oficina de videoarte realizada em parceria com o GoetheInstitut de Salvador e promovida pelo galerista, curador e colecionador de arte alemão Olaf Stüber. Participaram também o videoartista norte-americano Matty Brown (responsável pela Mostra de Abertura do evento) e a canadense Marie-Claude Bhérer, coordenadora do Instituto Nacional de Imagem e Som de Montreal (INIS), no Canadá. Enquanto Brown compôs – junto com Stüber e Danillo Barata – a mesa do encontro sobre modelos de negócio de videoarte, Marie-Claude apresentou o programa de intercâmbio entre escolas de cinema promovido pelo INIS, o Portraits Croisés – que também contou com uma Mostra Especial dentro da programação do evento. A difusão na web e o próprio

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Autocrítica Um dos diferenciais do Festival Nacional 5 Minutos é a maneira que ele encontrou de se discutir: um dos encontros, o 5’ na Berlinda, é justamente uma discussão pública sobre os acertos e erros do festival ao longo de suas edições. Segundo Sofia, esta é uma maneira de estar alinhado com a demanda das pessoas: “A Bahia hoje tem mais de

20 eventos de difusão audiovisual. Sendo o único realizado pelo Estado, precisamos discutir qual o papel dele dentro desta cena, para cumprir sua missão e traçar uma rota para as próximas edições”, explica. No encontro, foi ressaltada a necessidade de um estreitamento dos laços com instituições de ensino. “Desta maneira estaremos atraindo realizadores estreantes e ampliando a rede de divulgação do evento, para que ele de fato se consolide nacionalmente”, afirma Sofia. A diretora ainda afirma que a ideia para as próximas edições é levar as oficinas para o interior do Estado. Além do 5’ na Berlinda, o festival também conta com a presença de um ombudsman, aberto para ouvir críticas e sugestões do público durante o evento. Nesta edição, quem assumiu o cargo foi o diretor, produtor e curador do festival Fantaspoa João Pedro Fleck. Ele afirma que recebeu sugestões de um número razoável de pessoas, sendo a maioria deles realizadores, e atribui isto ao fato de o ombudsman ser uma figura isenta. “Como giram muitos públicos diferentes, um festival acaba sendo um elo entre o FOTO: adriano big

festival foram temas dos outros dois encontros da programação. Além dos filmes realizados pelo programa do INIS, três outras mostras especiais apresentaram produções de fora da Bahia durante o festival: a mostra Madrid em Corto (realizada em parceria com o Instituto Cervantes, com curtas produzidos na cidade espanhola), e as mostras dos festivais brasileiros Fantaspoa e Kinoforum – sendo que o último ainda lançou o livro “Vi Vendo... – História e Histórias de 10 anos de Oficinas Kinoforum” durante o evento. Além delas, uma mostra voltada para produções infantis – a Mostra 5 Minutinhos – também foi exibida, sendo a única (além da Mostra Competitiva) a estar presente nas cidades do interior do Estado. As crianças também puderam aproveitar outro espaço além das salas de exibição: a Lanrauzze, que promoveu jogos eletrônicos produzidos no Brasil. O espaço apresentou os games “Capitães de Areia” – desenvolvido pela Porreta Games, homenageando os 100 anos do nascimento de Jorge Amado – e “Shadow of a Pirate”, da paulistana Miris Studio Game. “O Brasil tem se destacado nesta cena de produção de games, mas pouca gente conhece e sabe disso” afirma Sofia. Para resgatar a memória da produção audiovisual do estado que é berço de nomes como Glauber Rocha e Roberto Pires, o Festival 5 Minutos promoveu também uma exposição: a Memória em 5’, que exibiu todos os premiados das outras 14 edições do festival.

Cena do curta “A Melhor Idade”, que foi o grande vencedor do XV Festival Nacional 5 Minutos

Carollini aponta que o festival serve justamente para ter um olhar panorâmico sobre o que o Brasil está produzindo e sobre as novas linguagens e formatos: “O Festival 5 Minutos é justamente isso, esse campo de experimentação, já que tudo é possível no curtametragem”, afirma. E, entre os R$ 30 mil distribuídos em prêmios, o destaque ficou por conta das obras baianas (que compunham quase 50% da Mostra Competitiva, com 22 curtas), sendo que a única exceção foi a produção “Auge do Alôpro”, do paraibano Braz Marinho, vencedora do prêmio Vito Diniz para realizador estreante.

um dos diferenciais do festival é a maneira que ele encontrou de se discutir: um dos encontros, os 5´ na berlinda é uma discusão pública sobre os acertos e erros do evento cineasta e o espectador, e muitas vezes esses dois lados não conseguem se comunicar com o festival em si”, explica. “Desta maneira, é muito importante a presença de um ombudsman num evento como esse, até pela questão do festival se colocar como autoavaliador, disposto a se descobrir mais”, complementa. Premiação Composta por cinco membros, a comissão de seleção do festival busca ser a mais diversa possível segundo Sofia. “Procuramos chamar pessoas de áreas diversas, para ter um olhar equilibrado, considerado a diversidade que o evento tem em suas obras”, explica. A jurada

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Enquanto o curta “Como Num Passe de Claves”, do soteropolitano Emerson Dias, recebeu o prêmio de 3º lugar da Mostra Competitiva, o documentário “Dançando, Mas Tô Andando” de Marcondes Dourado, também de Salvador, ficou em 2º lugar e ganhou o prêmio Orlando Sena da ABCV. O grande vencedor da noite foi o curta “A Melhor Idade”, de Adriano Big, que faturou os prêmios ABCV/ABD, Walter Silveira e Luiz Orlando. Todos os curtas vencedores – assim como os que receberam menção honrosa – serão exibidos pela TVE Bahia, para depois circular pelos espaços culturais do estado. 39


( upgrade )

Fernando Lauterjung

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Novo plug-in permite mixar áudio transformando entre estéreo e surround 5.1.

Dois a seis canais

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Nugen Audio, criadora de ferramentas profissionais para manipulação de áudio, apresentou um protótipo de um plug-in que permite fazer mixagem transformando entre estéreo e surround 5.1. O plug-in usa a tecnologia proprietária Isostem, que remixa ao estéreo original, e, se necessário, automaticamente restringe o

diálogo no canal central. O plug-in terá três versões. O plug-in upmix fornecerá a upmixagem “pura” com configurações flexíveis, enquanto a versão crossmix oferece upmixagem bem como downmixagem. A terceira versão vai fornecer a funcionalidade estendida disponível no modelo com hardware Isostem.

Tudo em sete polegadas

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LV5307 é um novo monitor de teste de vídeo SDI e HDMI projetado para apoio a produção de conteúdo de vídeo e pós-produção da Leader Instruments. O monitor incorpora uma tela colorida widescreen de 7 polegadas, analisador de sinal e áudio de-embedded. O equipamento é capaz de converter 3G-SDI, HD-SDI e SD-SDI para HDMI e viceversa. Sua saída HDMI pode ser usada como um rasterizer, entregando o conteúdo da tela a um monitor externo. Todas as entradas e saídas estão localizados na parte traseira da unidade. Entre os recursos de conectividade estão entrada/saída SDI, entrada de vídeo componente analógica Y/Pb /Pr, entrada de áudio analógico esquerda/direita, entrada/saída de PC, entrada/saída HDMI, entrada/saída RS-485, saída de áudio de-embedded (esquerda/direita, selecionados a partir de 16 canais digitais do fluxo SDI), além de uma entrada XLR de quatro pinos para energia. O monitor também fornece monitoração de imagem das entradas analógica, SDI e HDMI. As telas de teste selecionáveis de forma de onda, vetor e de cores falsas podem ser inseridas no fluxo SDI e HDMI. As funções de imagem incluem marcadores, modo monocromático, modos somente azul, somente vermelho e somente verde, mais a função de pulso cruzado. Uma função de nitidez permite o ajuste preciso de focagem da câmera. Controles pré-programados com teclas

de funções rápidas complementam a abrangência do display e menus. O display integrado é um painel LCD com tecnologia IPS LED-backlit e Monitor de teste de vídeo SDI e HDMI da Leader Instruments foi criado para apoiar a produção ângulo de visão de conteúdo de vídeo e pós-produção. horizontal e vertical de 170 graus, resolução de 1024 x 600 pixels, gama de cores de 16,7 milhões e relação de contraste de 800:1. A temperatura da cor da tela pode ser ajustada localmente ou remotamente. Todo o conteúdo da tela - incluindo forma de onda, vetor, marcadores, cores falsas - pode alimentar diretamente uma entrada HDMI de um monitor externo maior. O áudio embedded é de-embedded e mostrado como ícones de 16 canais de barras sobrepostas sobre a imagem de vídeo. A monitoração do conteúdo de áudio pode ser realizada utilizando alto-falante interno ou via fone de ouvido estéreo. A sincronização de áudio é ajustável para compensar qualquer variação em relação à fonte de vídeo. O volume do monitor pode ser ajustado no painel frontal.

Portátil ou não

A

Avid anunciou três novos pacotes Venue HD System que combinam o sistema de som ao vivo Venue com a nova interface Thunderbolt do Pro Tools|HD Native. Os pacotes - D-Show HD Native 64 Bundle, Profile HD Native 64 Bundle e Mix Rack HD Native 64 Bundle - com a interface Thunderbolt do Pro Tools|HD Native oferecem boa relação custo/ benefício às soluções portáteis para mixagem e gravação de apresentações ao vivo. Os pacotes Venue HD incluem o que é necessário para gravar até 64 entradas usando o Pro Tools HD em um computador desktop ou laptop equipado com Thunderbolt, sem interfaces de áudio adicionais. Os pacotes também oferecem opções com configurações do Pro Tools HDX e placa HD Native PCIe. 40

T e l a

V i v a

Novos pacotes Venue HD incluem o que é necessário para gravar até 64 entradas usando o Pro Tools HD em um computador desktop ou laptop.

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A CONVERGÊNCIA ESTÁ BATENDO À SUA PORTA. UM FUTURO DIFERENTE NO ACESSO À INFORMAÇÃO, À CULTURA E AO ENTRETENIMENTO ESTÁ DIANTE DE VOCÊ. ATENDA O CHAMADO E PARTICIPE DA ABTA 2013! Nos últimos anos, atravessamos uma série de transformações tecnológicas impulsionadas pela expansão da banda larga, a convergência de mídias, a chegada das tecnologias IP, da TV digital e pela interatividade. A ABTA 2013 reunirá os principais players dos mercados de TV por assinatura, banda larga, telecomunicações, conteúdos e tecnologias para discutir estas e outras realidades, de maneira convergente e dinâmica.

6 A 8 DE AGOSTO DE 2013

TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO, SP

REALIZAÇÃO

ORGANIZAÇÃO

PUBLICAÇÕES OFICIAIS

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( agenda ) www.brasilstopmotion.com.br

DEZEMBRO

4 a 14 34º Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, Havana, Cuba. E-mail: festival@festival.icaic.cu Web: www.habanafilmfestival.com

8 de novembro

O principal encontro do mercado de aplicativos e conteúdos para TVs conectadas. TV Apps, Hotel Paulista Plaza, São Paulo, SP. Tel.: 3138-4600. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br

NOVEMBRO

8 a 18 20º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade (SP), São Paulo, SP, E-mail: jfederici@uol.com.br Web: http://www.mixbrasil.org.br

17 a 25 27º Festival Internacional de Cine de Mar del Plata, Mar del Plata, Argentina. Tel.: (54 11) 4383-5115. E-mail: info@mardelplatafilmfest.com Web: www.mardelplatafilmfest.com

22 a 01/12 20º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade (RJ), Rio de Janeiro, RJ, E-mail: jfederici@uol.com.br Web: http://www.mixbrasil.org.br

27 a 01/12 II Brasil Stop Motion,

Recife, PE, Tel: (81) 3224.0431. E-mail: contatostopmotion@ brasilstopmotion.com.br. Web: http://

JANEIRO 2013

11 a 20 22º Flickerfest – International Short Film Festival, Sydney, Austrália. E-mail: coordinator@flickerfest.com.au. Web: www.flickerfest.com.au

22 a 27 FIPA – Festival International des Programmes Audiovisuels, Biarritz, França. E-mail: info@fipa.tm.fr. Web: www.fipa.tm.fr

23 a 3/2 42º International Film Festival Rotterdam, Rotterdam, Holanda.

Tel.: (31 10) 890-9090. E-mail: tiger@filmfestivalrotterdam.com Web: www.filmfestivalrotterdam.com

27 a 30 Real Screen Summit,

Washington, Estados Unidos. E-mail: jpinto@brunico.com Web: summit.realscreen.com

28 a 30 Natpe Market & Conference,

Miami, EUA. Tel: 310-453-4440 E-mail: info@natpe.org Web: http://www.natpemarket.com/ natpemarket/

FEVEREIRO

5 a 8 Kidscreen Summit 2013, Nova

York, Estados Unidos. E-mail: jpinto@brunico.com Web: summit.kidscreen.com.

7 a 17 63º Festival Internacional de Berlim, Berlim, Alemanha. E-mail: info@berlinale.de Web: www.berlinale.de

20 a 22 3º Rio Content Market, Rio de Janeiro. E-mail: producao@riocontentmarket.com Web: www.riocontentmarket.com.br

21 a 27 53º Festival Internacional de Cine de Cartagena de Índias, Cartagena, Colômbia. E-mail: info@ficcifestival.com Web: ficcifestival.com

26 a 28 Andina Link 2013,

Cartagena, Colômbia. Tel.: (571) 635-6898. E-mail: contacto@andinalink.com Web: www.andinalink.com

MARÇO

1 a 9 28º Festival Internacional de Cine de Guadalajara.

E-mail: info@ficg.mx Web: http://ficg.mex

ABRIL

4 e 14 É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, São Paulo, Rio de Janeiro, Tel.: (11) 3064-7485. E-mail: info@etudoverdade.com.br Web: http://www.etudoverdade.com. br


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