PLANEJAMENTO URBANO E ARBORIZAÇÃO NAS CIDADES DE CURITIBA E MACEIO. by Jenifer Teloli

PLANEJAMENTO URBANO E ARBORIZAÇÃO NAS CIDADES DE CURITIBA E MACEIO. Ana Carolina Freitas1 Jenifer Teloli2 Profa. Dra. Mônica P.Vianna3 Arquitetura e Urbanismo. RESUMO O artigo em exposição visa através de comparações, leis e exemplos mostrar a importância e necessidade do urbanismo aliado ao planejamento de uma cidade, bem como as conseqüências causadas aos habitantes quando este conjunto não é feito. O assunto em foco também é, sobretudo, o uso do planejamento urbano para a arborização nas ruas e espaços públicos da cidade de Maceió-AL visto que, atualmente a cidade é carente de tal proposta ainda que sua importância da arborização esteja ligada a saúde dos moradores. A capital alagoana comparada a cidade Curitiba deixa a desejar em questões como o conforto ambiental para seus moradores, problemática diretamente ligada à pauta do artigo. Para tanto, utiliza-se pesquisas realizadas pelo IBGE (IBGE, 2010), e estudos de pesquisadores como Gustavo Torquato Olivia, a fim de que os fatos sejam de forma mais verídica, apurados e expostos ao leitor. Por fim, o presente trabalho aposta em quadros indicadores e explicativos para melhor entendimento. Palavras chave: Arborização; Curitiba; Maceió; Planejamento; Urbanismo.

URBAN PLANNING AND TREATMENT IN THE CITIES OF CURITIBA AND MACEIO. ABSTRACT

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universidade Tiradentes (UNIT-AL). Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universidade Tiradentes (UNIT-AL). 3 Orientadora, professora titular do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universidade Tiradentes (UNIT-AL). 2

The article on exhibition aims through comparisons, laws and examples showing the importance and necessity of urbanism allied to the planning of a city, as well as the consequences caused to the inhabitants when this set is not done. The subject in focus is also, above all, the use of urban planning for the afforestation in the streets and public spaces of the city of Maceió-AL since, at the moment, the city is lacking of such proposal although its importance of the afforestation is linked to the health of the residents. The capital of Alagoas compared to the city of Curitiba leaves something to be desired in terms of environmental comfort for its residents, a problem directly linked to the article's agenda. To do so, we use research conducted by IBGE (IBGE, 2010), and studies by researchers such as Gustavo Torquato Olivia, so that the facts are more truthful, verified and exposed to the reader. Finally, the present work bets on indicators and explanatory frameworks for a better understanding. Keywords:Arborization; Curitiba; Maceió; Planning; Urbanism.INTRODUÇÃO

Arborização urbana é um termo que vem sendo utilizado com muita frequência, porém o que significa exatamente? Na interpretação simples se trata de um plantio de árvores no meio urbano. Mas para que esse plantio ocorra é preciso um estudo e planejamento, onde sejam analisadas árvores para a adaptação das espécies escolhidas e inseridas nos espaços urbanos, evitando assim, problemas e prejuízos envolvendo redes elétricas, rede de água, de esgoto e o local. Este planejamento é de total responsabilidade dos órgãos públicos municipais, pois se faz necessária a manutenção e a especificação para cada tipo de bairro. Este assunto no Brasil é bem delicado e pouco discutido. Percebe-se que mesmo diante de tanta informação essas questões estão em segundo plano para a população. No entanto ações pouco sofisticadas, mas com técnica e conhecimento, trazem muitos benefícios para a comunidade que recebe este tipo de cuidado. Quando abrimos o site da prefeitura de Curitiba é possível logo de cara encontrar informações como esta:

O interesse da população em preservar o meio ambiente aumenta na mesma proporção dos benefícios gerados pelos programas ambientais. O Câmbio Verde, por exemplo, troca lixo reciclável por sacolas de hortifrutigranjeiros de época, em pontos fixos da periferia de Curitiba.

Devido à falta de planejamento e incentivo dos órgãos públicos, diversas árvores foram cortadas e deixaram de ser replantadas por falta de lugares apropriados em Maceió. Diante disto, o presente artigo visa mostrar através de comparações, leis, incentivos e planejamentos urbanos bem sucedidos, a necessidade de que na cidade de Maceió haja a mesma preocupação e dedicação voltada para o urbanismo que será convertido em conforto para seus habitantes. O trabalho será desenvolvido para que haja uma conscientização dos moradores de Maceió sobre os problemas causados pela falta de arborização e o mal que isso trás, tanto para a cidade quanto para a saúde dos que nela vivem. O diferencial desse estudo é o fato de que nunca foi feita tal comparação para que sejam realmente analisadas profundamente as diferenças entre as cidades mostradas, de uma forma mais realista, quais são os agravantes desta situação. O VERDE E O URBANO: RELAÇÕES CIDADE E ARBORIZAÇÃO Em meio a tanta agitação, correria e compromissos, o espaço urbano pode passar despercebido para aqueles que não observam seu entorno. Aos finais de semana, tempo destinado ao lazer, essa observação passa a acontecer principalmente pelo fato de que as consequências passam a ser sentidas e a dúvida toma conta: “onde está aquela sombra para as crianças ficarem brincando?”, “não havia uma árvore bem aqui?”. Em 1965, iniciou-se um concurso para a elaboração do Plano Diretor de Curitiba. Promove a conservação, proteção, recuperação e o uso racional do meio ambiente, em seus aspectos natural e cultural, visando à preservação ambiental e a sustentabilidade da Cidade, para a atual e as futuras gerações. Para fins de estudos técnicos, o tema é subdividido em "Patrimônio Cultural" e "Controle Ambiental e Mudanças Climáticas" (PREFEITURA DE CURITIBA, 2014).

Este projeto estabelece um equilíbrio entre o acelerado ritmo de crescimento da cidade e o adequado uso do solo, transporte Coletivo e Sistema Viário. A partir de

então a capital do Paraná iniciou seu processo de organização e estruturação que até hoje é referência nacionalmente. O Plano Municipal de Controle e Desenvolvimento Sustentável de Curitiba (SMMA, 2008) diz que as calçadas da cidade abrangem cerca de 300.000 árvores plantadas em uma parceria entre a administração municipal e os próprios habitantes da cidade em ação voluntária, tendo a consciência de que aquele feito seria para seu próprio benefício também. Esta atividade garantiu uma cobertura arbórea de 2,48 m² por habitante em 2005. Segundo o site da Prefeitura de Curitiba: Nos anos 1970, por exemplo, muitos vazios urbanos poderiam ter sido loteados para moradia, o que representaria lucro imobiliário imediato, mas, provavelmente, uma futura "fábrica de enchentes". A opção, com visão estratégica, foi criar reservas de verde, em parques e bosques que unem as funções de preservação ambiental, saneamento, esporte e lazer.

IMAGEM 1 – Mapa limitação e arborização Curitiba PR

Fonte: Google Earth / Jenifer Teloli O maior desafio para as cidades hoje é manter o equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a saúde ambiental que o cerca, já que comprovadamente o homem precisa desse meio natural para manter seu equilíbrio pessoal e também na saúde. Pesquisas provam que ambientes arborizados são capazes de diminuir cerca de 1,5kg de poluição do ar. Segundo Abbud: A arborização é um remédio muito barato para uma série de males urbanos, principalmente os registrados nas capitais, como a variação do clima, além de melhorar a saúde, pois retém a poeira e evita doenças respiratórias. O verde melhora o sombreamento e a ventilação, gerando um conforto muito maior (MELO, 2014).

Problemas estéticos funcionais e sociais também são causados, pelo simples fato de que o meio natural está sendo trocado pela urbanização. Ou seja, cada dia mais o meio ambiente é agredido e arrancado de sua morada para que novos prédios, lojas, avenidas e shoppings sejam construídos. Em Maceió, por exemplo, uma grande área de manguezal foi devastada para a construção de um shopping Center. Já na Avenida Durval de Góes Monteiro, localizada na parte alta de Maceió – AL, existe um projeto para que o canteiro com arborização seja arrancado. Entorno de 400 árvores serão cortadas sendo que 21% são árvores nativas que são resguardadas por lei, para a construção de um viaduto com o objetivo de melhorar o tráfego de veículos na região (MARQUES, 2017). Como mostram diversas reportagens e matérias, casos como esse de corte de árvores são comuns em Maceió tornando-a uma cidade cada vez mais quente, sem ventilação e esteticamente pobre, consequentemente prejudica também a economia, já que o principal fator de geração de riqueza da cidade é o turismo, que diminui por tal motivo. Mais de 80% da população brasileira vive nos centros urbanos (IBGE, 2010). Com tamanho crescimento e desenvolvimento, é cada vez mais difícil encontrar o equilíbrio entre o desenvolvimento e a relação com a adaptação da cidade ao meio ambiente e não o contrário. Para isso é imprescindível que os órgãos responsáveis estejam preocupados com as formas de proteger e prevenir que as árvores sejam prejudicadas ou até mesmo extintas. Para isso projetos e leis podem ser criados garantindo que a sustentabilidade, uso adequado do solo, limpeza de materiais orgânicos e plantação de novas árvores seja garantida. Segundo o estudo do pesquisador Gustavo Torquato Olivia: Além da questão da arborização urbana na cidade, nós podemos considerar o uso e ocupação do solo urbano como indicador se a área vai ser mais quente ou não. Então, áreas mais construídas tendem a ser mais quentes e proporcionalmente ilhas de calor urbano (EPTV, 2017).

IMAGEM 2 – Mapa de distribuição populacional de Maceió

Fonte: SEMPLA Maceió Segundo a Organização Mundial de Saúde, o índice de arborização ideal em uma cidade é de 12m² por habitante. De acordo com o (PREFEITURA DE CURITIBA, 2012), em Curitiba tem 64,5m2 de área verde por habitante, tornando – se uma das cidades mais arborizadas do Brasil e está entre as três mais arborizadas do mundo, já Maceió tem apenas 4m² por habitante, fato facilmente notado devido ao calor em toda cidade, falta de sombras para lazer e descanso, além de prejuízos na fauna, por exemplo, as espécies de aves não encontram mais seu habitat, sendo obrigadas a migrar para o centro urbano onde provavelmente não teriam condições mínimas para sobrevivência (JORNAL DE ALAGOAS, 2018). Em 2014 o secretário municipal de proteção ao meio ambiente Rafael Wong, deixou claro que ações de arborização exigem muito mais empenho, já que ele foi responsável por fazer fechamento de um projeto que prometia plantar um milhão de arvores no município. Ele deixa claro que “Não é só de um milhão de árvores que Maceió precisa, mas de um projeto contínuo”. IMAGEM 3 – Mapa limitação e arborização Maceió AL

Fonte: Google Earth / Jenifer Teloli

Logo mais ainda em 2014 houve uma audiência que demonstrava o quão preocupado o promotor Alberto Fonseca estava com relação à reduzida diversidade espécies arbóreas na cidade. Através desta audiência que os órgãos Sempma (Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente), Sempla (Secretaria Municipal de Planejamento) e a Slum (Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió) foram criados (MELO, 2014). Em novembro de 2017, uma parceria entre o IMA (Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas) e a ALGÁS (Companhia de Gás em Alagoas) firmou um projeto que visava a implantação de espécies de árvores da Mata Atlântica nas calçadas dos clientes que entrassem em contato com a empresa. O projeto intitulado “Calçadas Verdes” teve grande aceitação da população que passou a entender sua importância através da conscientização passada (JORNAL DE ALAGOAS, 2017). Projetos como esse em Maceió são incomuns uma vez que não há organização e incentivos efetivos. Além disso, assim como em Curitiba a educação é parte primordial nessa caminhada pelo bem estar dos próprios habitantes. Escolas e educadores não desenvolvem projetos para que desde pequenos seja criada a conscientização nas crianças garantindo futuros adultos informados e conscientes. Mediante resultados insatisfatórios, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds) de Maceió, noticiou a construção do plano de arborização

lançado a partir de 2017. Em entrevista para o jornal Gazeta Web, o líder da secretaria, Gustavo Acioli, afirmou que nos últimos 3 anos a cidade já conseguiu plantar cerca de 30 mil mudas e que não há regiões com menos necessidade do plantio, todos os bairros são carentes desse projeto, segundo ele: Tendo uma Maceió mais verde, com o plantio adequado conforme a nossa área urbana, as árvores passam a contribuir com a ventilação, permitindo o conforto térmico, e também melhora a sombra. Outros benefícios do plantio é que há a diminuição da poluição sonora, parte dos raios solares e da poluição atmosférica é absorvida, e favorecemos a ambientação de aves. Sabemos que Maceió tem uma área urbana vasta e vamos trabalhar para deixá-la cada vez mais verde, ambientalmente correta (SEMDS, 2017).

O VERDE E O URBANO: RELAÇÕES BENEFÍCIOS E CLIMA Dentre os fatores que caracterizam o clima de uma região destacamos os climáticos globais e os fatores climáticos locais. Os fatores climáticos globais dão origem ao clima em seus aspectos gerais, como radiação solar, temperatura, umidade do ar, precipitação, dentre outros. Elementos como a localização geográfica, topografia, vegetação e superfície do solo caracterizam os fatores climáticos locais, que interferem e originam os diversos microclimas encontrados nos centros urbanos. QUADRO 1 – Média anual da umidade e temperatura máxima e mínima. CURITIBA MACEIÓ O Temp. Max 26,8 C 31,5OC Temp. Mín. 9 OC 19,7 OC Med. Umid. Relativa 87,83% 78,96% Fonte: INMET Maceió possui clima tropical com temperatura média 25.9ºC no mês mais quente do ano. O índice pluviométrico é considerável, porém a temperatura chega a incomodar os habitantes em boa parte do dia. Isso se agrava quando as áreas em volta não possuem vegetação suficiente para amenizar essa característica. O Problema é ainda maior em vias públicas e passeios públicos que não oferecem sombras e vegetação para que os usuários fiquem em maior conforto. Uma área arborizada além de estabilizar a temperatura ambiente, evitando os efeitos da insolação nas horas mais quentes do dia, influencia na estética do local. Ambientes mais arborizados tentem a passa sensação de tranqüilidade a quem

passa por lá, fato muito relevante, pois é capaz de induzir os moradores ao completo uso da cidade em que habitam. Estudos científicos demonstraram que bairros arborizados apresentam temperaturas cerca de 4°C inferiores àquelas das áreas edificadas

não

arborizadas

(SOCIEDADE

DOS

AMIGOS

PLANALTO

PAULISTA, 2018). Em relação à radiação solar, a vegetação tem um comportamento seletivo para com os diferentes comprimentos de onda, pois absorve cerca de 90% da radiação visível e 60% da infravermelha. A radiação absorvida é utilizada para as funções vitais da vegetação. Uma pequena quantidade da radiação é transmitida através das folhas e o restante se reflete. Assim, por meio da arborização, tem-se uma atenuação da radiação de onda curta, evitando os efeitos de ofuscamento e reverberações em virtude do contraste sombra/sol (LABAKI, 2011).

Quando pensado em arborização nas ruas, logo vem à cabeça problemas na fiação, sujeira na rua devida queda de folhas, à medida que é pensado desta forma as pessoas desconhecem inúmeras vantagens que trás. Um exemplo simples: quando se estaciona o carro na rua sempre procura se uma sombra, já que quando houver retorno para o veículo ele estará em um clima mais agradável, entre associações uma cidade funciona como um carro quando deixado no sol. IMAGEM 4 – Ilustração ambiente bem arborizado e outro sem nenhuma arborização.

Fonte: Engenharia Civil Br CONSIDERAÇÕES FINAIS A economia da cidade de Maceió é basicamente voltada ao turismo desenvolvido nela. A estética e funcionalidade do espaço urbano é o que traz ao turista sensação de conforto e convite para sua volta. Porém, um fator essencial para o bem estar urbano não é respeitado com tamanha importância. Pode-se dizer que a arborização da cidade, na maioria dos bairros não contribui para a boa impressão dos visitantes. Arborizar uma cidade de forma organizada e planejada garante além do conforto aos turistas, qualidade de vida para os próprios moradores que diariamente fazem uso do espaço público e trafegam rua de intenso movimento como a rua Durval de Góes Monteiro. Com isso, a efetivação de um bom planejamento na arborização da cidade de Maceió é necessária para que a qualidade de vida dos moradores e turistas seja adequada, tendo reflexo na saúde, socialização e lazer, bem como na estética e valorização da cidade.

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