Ilhéu de vila franca teófilo braga 1998

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Teófilo Braga

ILHÉU DE VILA FRANCA

Escola EB 2,3 de Vila Franca do Campo

20/11/98


ILHÉU DE VILA FRANCA (texto base para uma acção de sensibilização para alunos do 5o ano de escolaridade da Escola EB 2,3 de Vila Franca do Campo, a convite da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo)

ÁREAS PROTEGIDAS, O QUE SÃO?

São áreas terrestres, águas interiores e marítimas em que a fauna, a flora, a paisagem, os ecossistemas ou outras ocorrências naturais apresentem, pela sua raridade, valor ecológico ou paisagístico, importância científica, cultural e social, uma relevância especial que exija medidas específicas de conservação e gestão, em ordem a promover a gestão racional dos recursos naturais, a valorização do património natural e construído, regulamentando as intervenções artificiais susceptíveis de as degradar.

ÁREAS PROTEGIDAS, NO CONCELHO DE VILA FRANCA?

No concelho de Vila Franca, para além do Ilhéu situa-se a Reserva Natural da Lagoa do Fogo e o Biótopo do Programa Corine “ Costa de Vila Franca” que abrange uma zona costeira que vai desde a Vinha da Areia à Praia da Ribeira Quente. Este biótopo é uma área importante para a nidificação do cagarro, do milhafre, do garajau comum e do garajau rosado e zona de passagem de aves migratórias em perigo de extinção.

Para além destas áreas deveriam ser classificadas as Lagoas do Congro e dos Nenúfares e o Pico da Dona Guiomar- Lagoinha do Areeiro.

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O ILHÉU- RESERVA NATURAL

Área Protegida onde se procuram salvaguardar ecossistemas, características naturais

ou espécies de flora e fauna de elevado interesse científico e significado

nacional ou internacional. Dado o grande interesse natural e paisagístico e em virtude do seu fácil e indiscriminado acesso e uso, tomando-o muito vulnerável,

foi considerado por

Decreto Legislativo Regional n° 3/ 83/A, de 3 de Março, Reserva Natural, a qual compreende toda a zona terrestre e uma zona marítima definida pela batimétrica dos 30 metros.

BREVE CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA E GEOLÓGICA

O mais formoso ilhéu que há nas ilhas, no dizer de Gaspar Frutuoso, com a superfície de 61 640 m2 fica situado em frente a Vila Franca do Campo, a sensivelmente 480 m da Ponta de São Pedro e a 1200 m do cais do Tagarete. O Ilhéu de Vila Franca do Campo encontra-se dividido em duas partes bastantes distintas: o Ilhéu Grande, a Oeste e o Ilhéu Pequenino a Este. Entre os dois existe uma baía quase circular, que comunica com o mar através de um canal estreito - o Boquete. O ilhéu de Vila Franca é um cone vulcânico, resultante de

uma

erupção

submarina em águas pouco profundas, constituído por tufos basálticos de cor amarelada ou acastanhada, e a bacia não e mais do que a cratera desse cone. De acordo com Forjaz (1988), o ilhéu de Vila Franca ter-se-á formado há cerca de 3000 anos. O ilhéu apresenta fendas, designadas por golas, a maioria das quais estabelece a ligação entre a baia e o mar exterior. Uma estrutura bastante curiosa é o Farilhão, rochedo situado a sul do ilhéu, com 32,5 m de altura e que resultou do efeito abrasivo das 3


vagas do mar.

A FLORA DO ILHÉU A Flora do ilhéu de Vila Franca apresenta varias espécies exóticas, sobretudo de origem africana e americana, entre elas podemos encontrar, a cana (Arundo donax), o incenso ('Pittospomm undulatuml a tabúa ( Phormium tenaxV a piteira (Agave americana), o metrosidero ÍMetrosidero totnentosa). a vinha ÍVitis labrusca e Vitis vinifera) e a lantana ÍLantana camara). mas, ainda, conserva algumas espécies endémicas, como a urze ÍErica azorica). a erva-leiteira ÍEuphorbia azorica). a figueira- brava( Senecio malvifolius), o louro (Laurus azorica). a canica ÍHolcus rigidus) e a Spergularia azorica. esta última integra a lista de Plantas Vasculares dos Açores em Perigo de Extinção, publicada em 1984 por Erik Sjogren.

A FAUNA DO ILHÉU

O ilhéu do ponto de vista faunístico apresenta uma grande variedàde de aves, entre as quais destacamos:

o pombo-da-rocha fColumba livia).

o milhafre

(Buteo buteo

rothcildi), o estorninho (Stumus vulgaris grantil o melro-negro (Turdus merula azorensis). a gaivota (Larus argentatus atlantis). o garajau comum (Sterna hirundoV o garajau rosado (Stema dougalliil o cagarro (Calonectris diomedea borealisl o vira-pedras (Arenaria interpres) e a seixoeira ÍCalidris canutus ). Das aves marinhas, tudo leva a crer que apenas o cagarro e nidificante. Este é uma espécie que, embora não ameaçada, aparentemente encontra-se em regressão, devido à destruição e degradação do habitat de nidificação nos Açores, região onde se encontra a maior concentração mundial de cagarros. De acordo com Hamer (1990), o Ilhéu de Vila Franca é excepcional no que toca à densidade e acessibilidade dos ninhos presentes e na diversidade de habitats usados para a sua localização.

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OS PROBLEMAS Um dos principais problemas, se não mesmo o maior é a elevada pressão humana durante a época balnear que entra em conflito com o objectivo primeiro da reserva que é a conservação da natureza. É urgente condicionar a presença humana fora da zona balnear, sobretudo durante o período de nidificação das aves marinhas, criar e instalar sinalização apropriada, formar e contratar um vigilante e reforçar as acções de sensibilização/formação junto dos vilafranquenses, sobretudo dos mais novos. Importa também iniciar um programa de controlo das plantas exóticas existentes, nomeadamente da lantana e da cana. Embora a presença do rato (Ratus ratus) não pareça afectar de modo significativo a colónia de cagarros era de todo o interesse o seu controlo e, se possível, a irradicação, já que a sua existência pode ser responsável pela ausência de outras aves mais pequenas da família das pardelas (Procellariidae), como o pintainho (Puffmus assimilis baroli') e o estapagado (Puffmus puffinusV

A título de curiosidade abaixo se transcreve uma citação de Gaspar Frutuoso que nos revela a abundância de estapagados nos primeiros anos do povoamento dos Açores: “Ainda que tomavam no tempo antigo tanto número de pardelas, e na ribeira da Praia, da banda de Vila Franca, matavam em uma noite dez mil estapagados... ” O COMPORTAMENTO DAS PESSOAS NAS ÁREAS PROTEGIDAS Nas áreas protegidas os visitantes deverão seguir algumas regras

.

Apresentamos 10 conselhos a que intitulamos “Regras de ouro dos Amigos da Natureza”:

1- És um convidado da natureza - comporta-te como tal!

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2- Não arranques plantas nem maltrates as árvores - a vegetação não pode fugir às tuas agressões.

3- Não faças ruídos que te privem dos sons da Natureza- nela podes encontrar a tranquilidade que não há nas cidades.

4- Não faças fogueiras nem lume fora dos sítios preparados para tal qualquer descuido pode acabar com o que demorou anos a crescer.

5- Segue as indicações que encontres ou os conselhos dos guias. 6- Não deixes lixo ou desperdícios- não queiras deixar uma má recordação da tua visita. 7- Não incomodes nem maltrates os animais- a natureza é a sua casa.

8- Os espaços naturais existiam muito antes da tua chegada- deixa tudo como encontraste.

9- A observação, o estudo, o desenho e a fotografia são actividades que não prejudicam a natureza- podes aprender muito com ela.

10-Avisa imediatamente as autoridades sempre que observes algo de anormal.


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