Priôlo nº 2 inverno de 1984

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boletim para a conservação da natureza

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ACÔRES ■

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EDITAL PRIÔLO, número 2. Ele aqui esta. Enriquecido na sua apresentação e qualidade gráfica, um maior numero de paginas com os mais variados temas sobre Meio Ambiente e Protecção da Natureza, vem precisamente ao encontrotid.o que nos propusemos reali­ zar aquando da publicaçao do primeiro número. Igualmente, é optimo podermos aqui citar o considerável aumento* da tiragem para 200 exempla­ res, o que, evidentemente, conresponde a um maior número de socios efectivos. Ultimamente, tem sido grande o afluxo de novos socios à nossa iniciativa. Mesmo assim, em ediçao limitada, não pretendemos de modo algum com o que aqui se apresenta senao favorecer com mais alguma coisa, todo o trabalho desenvolvido na nossa Região. É com muito entusiasmo que agora apresentamos este segundo boletim, ao mesmo tempo que fazemos votos para que outros que se lhe sigam surgem a tempo estipulado, com maiores e melhores informaçoes (isso, se todos quiserem) de modo a sanarem as dificuldades de todos os nossos sócios e apreciadores. Pensamos pois, que assim tudo o que aqui se escreve proporcionara sem duvida subsídios para um estudo e esclarecimento simples e objectivo capaz de orientar e terminar com as dificuldades mais comuns. 0 que, desinteressadamente, poderemos fazer em prol da sociedade, e certamente o que amanha nos darã por certo uma maior alegria, permitin­ do ao mesmo tempo encarar o dia a dia, imensas vezes desgastante.


Em face do exposto, apelamos a todos quantos a nossa iniciativa ader: ram ou pretendem aderir, uma maior e responsável colaboraçao no sent: de se criar e manter certas e determinadas actividades.

Cabe-nos a inteira responsabilidade de dar-mos o exemplo da completa defesa e preservaçao da fauna e flora da nossa Região, grandemente ameaçadas, se medidas concretas de salvaguarda nao forem desde ja po: tas em marcha.

A nossa maneira de actuar deverá ser sempre bem distinta daqueles qui nunca sentiram nem sentem necessidade de preservarem o meio em vivem isto se quisermos legar algo aos nossos filhos que seja testemunho v do trabalho por nos dispendido durante todo estes anosj trabalho est árduo e difícil, mas que certamente será continuado por eles. Se assim o fizermos, poderão as gerações vindouras certificarem-se q valeu a pena o esforço por todos nós dispendido. Contamos contigo. DUARTE S. FURTADO NPEPVS/DA


ALERTA A NOSSA FLORA CORRE PERIGO Tal como no Reino Animal, em que existem seres selvagens e domésticos - conforme as relações que o Homem com eles estabelece - também no Reino Vegetal há plantas que, devido à sua utilizaçao economica, sao cultivadas e exploradas pelo Homem que ao longo dos tempos tem vindo a aprefeiçoar linhas de cultura e variedades de maior produção. As plantas que nao sao cultivadas e a que normalmente chamamos "sil­ vestres" vão sendo progressivamente devastadas pelo avanço das areas de cultura, que têm vindo a aumentar com as necessidades de consumo. Para além desta ameaça ! subsistência das espécies expontâneas, o Ho­ mem também utiliza algumas delas sem as cultivar. Comparando novamente com o Reino Animal, podemos tomar o exemplo de especies que nao sendo domesticadas mas mantendo a sua vida selvagem, sao utilizadas pelo Ho­ mem que as' caça para alimentação, vestuário, etc.

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Assim, a vegetaçao natural própria de cada zona - ENDÉMICA - tem tendencia a desaparecer mercê, nao so das actividades ecenonicas do Homer. como também pelas alterações do meio que aquele, directa ou indirecta-

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A defesa da flora endémica de uma região, nao pode ser incompatível com o desenvolvimento económico dessa mesma região. Assim, ha que es belecer um ordenamento do territorio que defina directrizes de orien' tação quanto à melhor maneira de explorar os recursos de acordo com . capacidades naturais, sem as esgotar tiem as saturar.

Sendo a flora endémica um valor patrimonial a preservar, ao estabele cer-se um ordenamento ha que ter em conta a necessidade de demarcar , zonas em que ela se encontra e que sao favoráveis ao seu desenvolvim to, estabelecendo-se um regulamento próprio para a utilizaçao dessas mesmas zonas. Estas reservas botânicas, convenientemente estabelecid longe de serem um travao ao desenvolvimento económico, podem ser uma fonte de receita, de acordo com os actuais moldes de turismo especlf co, uma vez que promovem a deslocação a, estadia de cientistas botâni cos e amadores, àqueles locais. 5’ Quando se pretende defender uma espécie vegetal ameaçada, há que pre servar a associaçao de espécies de que ela faz parte, assim como o meio ecológico que lhe é propício. Há nos Açores várias espécies em extinção, algumas delas (sao) exclu vãmente do Arquipélago, pelo que achamos que poderá haver interesse, por parte dos sÓcios do Núcleo Português de Estudo e Protecção da Vi Selvagem, no conhecimento das mesmas. Assim, apresentamos aqui uma lista de plantas endémicas dos Açores b como, tanto quanto possível os elementos necessários I sua identific çao. Por se tratar de um trabalho longo, será tema para vários númer de "PRIÔLO", limitando-nos por ora a indicar espécies de plantas ame çadas e respectivas famílias. A Convenção Relativa i Protecção da Vida Selvagem e do Ambiente Natu na Europa, classifica como "Espécies de flora estrictamente protegid duas Briophytas existentes nos Açores: -

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czucatien (Cav.) Jermy da família ASrIDIÂCIÁE se??'ui-ata Forsk da famíla PIEF.IDACEAE


B A L E IA S !

WHY ARE FRIENDS Or THE EARTH FIGHTING FOR WHALES? Mais de uma vez ja me pronunciei contra ameaça a baleia. As razões sao virias e entre elas destacaremos: l - o perigo de extinção da espécie. No globo, segundo estimativas feitas por vários cientistas, a populaçao distribui-se do seguinte modo: p.inicial ATLÂNTICO NORTE

-

PACÍFICO NORTE

este - 200.000 oeste - 340.000

HEMISFÉRIO SUL

600.000

p.actual entre 20 e 38.000 entre 120 e 150.000 200.000 380.000

Se e verdade que os métodos artesanais com que o cachalote sempre foi caçado nos Açores, só por si não poem em causa a espécie, não e menos verdade que "o maior problema existente actualmente é sem duvida a CAÇA Ã BALEIA NOS AÇORES" em virtude de nao respeitar a legislaçao proveniente da Comissão Baleeira Internacional que proibe desde Outubro de 1982 a utilizaçao de arpoes frios e que fixou a cota para a caça ao cachalote, no Atlântico Norte, em zero, bem como proibe os baleeiros piratas e a insistência do Japao e da URSS em manterem a sua caça. —


Felizmente a caça a baleia nos Açores jã nao constitui qualquer po de ameaça para a preservaçao da espécie pois nos últimos anos actividade tem decrescido, sendo praticamente nula no corrente a: TEMOS PENA, ISSO SIM, SE NÃO SOUBERMOS (OU QUISERMOS) RECICLAR A SUAS INFRAESTRUTURAS E FAZER 0 APROVEITAMENTO TURÍSTICO DA ACTIV DADE.

2 - do ponto de vista económico, as razões para a continuação da caç, a baleia nos Açores são inexistentes. Para todos os produtos ex­ traídos das baleias existem substitutos sintécticos a preços mai compensadores. Existem, na Região, 1.000 toneiaaas 4e óleo (cerc. de 40.000 contos) eternamente a espera de serem exportados. Para onde, se os produtos derivados do cachalote estao proibidos de serem comercializados pela Convenção Sobre o Comercio Internacio' nal das Espécies da Fauna e da Flora Ameaçadas de Extinção(CITES 0 verdadeiro lucro resulta do tráfico dos dentes do cachalote. Valera a pena matar cada ano centenas (se a caça for incrementad, dos mais impressionantes seres vivos da Terra para que os turisti (sem aspas ou com elas) tenham o direito ao seu "souvenirzinho"?

Tendo em conta o que atras apontei e o facto de a caça ã baleia fica: mundialmente proibida pela Comissão Baleeira Internacional a partir < de 1985, consideremos ser muito mais útil para os Açores investir em novas unidades de tratamento de peixe do que renovar uma indústria artesanal decadente que acabara por desaparecer muito em breve.

Por outro lado, numa altura em que o desenvolvimento turístico da Re­ gião estã na sua juventude, as baleias poderão de certa forma contri­ buir para o seu incremento.

0 que se faz nos Estados Unidos da America, neste campo, merece ser tomado em conta. 0 "WHALING MUSEUM" de New-Bedford, onde podem ser observados vários aspectos da actividade baleeira mundial, com uma pequena loja de recordações e livraria recheada de varias obras sobri a vida dos cetáceos, a caça a baleia e 'sua protecção, as excursões. < barcos de porte médio, para observação, filmagem e fotografia de baleias nas cidades de Plymouth e Proviôcetown sao exempleis a seguir pelos responsáveis pelo turismo na Região. 0 Dec-Lei n° 263/81 de 3 de Setembro proíbe a pesca, a captura ou abate das baleias na zona costeira e na zona exclusiva continental. Na Madeira jã nao se pratica a caça a baleia. Porque razao há quem pretenda ainda reactivar a actividade nos Açores? apos a escrita deste texto tive conhecimento, através do jornal da Praia de 26 de Setembro de 1983 que o Governo Regional deliberara prestar auxílio financeiro I exporta çao do óleo de baleia, mediante a garantia de modernizaçao do equipamento fabril por parte da empresa que faz a exploração do sector. Com que objectivos? Sinceramente, nao dã para entender...

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TEÕFILO BR/.GA NPEPVS/DA


NO M EU PLANETA No meu planeta quando os homens se guerreiam, dispara-se à vida faz-se a guerra. Nao ha liberdade na Terra. No meu planeta, quando hã homens ditadores, só o rico faz lei, só engorda o senhor. Ê escravizado o trabalhador. No meu planeta, quando os homens tudo poluem, morre peixe, morre animal, morre a vida vegetal. No meu planeta, i o deus da guerra o mais adorado, Nazismo. Inquisição. Hiroshima, Nagasaqui. Tanto odio, tanta destruição! No meu planeta, ha homens que desesperam. Nao hã emprego, nem futuro. Ha droga, suicídio. É tudo tao duro! No meu planeta, quando os homens se exploram, nasce a opulência e a fome danada. Tem uns tudo e outros nada! No meu planeta, quando os homens estao sos, nao existem nos outros. É o frio la dentro, e a solidão, a todo o momento.

MIGUEL FRANCO GDEBFB

Esta e uma transcriçao do poema do autor MIGUEL FRANCO do Grupo Despor tivo dos Empregados do Banco Fonsecas & Burnay, publicado no boletim n° 23 "ECOlogia" de Janeiro/Fevereiro de 1983.


CONSERVAR A NATUREZA...! PARA QUÊ? HISTÕRIA DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (Breves consideraçoes) Desde os tempos mais remotos foi a Natureza utilizada pelo Homem para garantir a sua sobrevivência. Enquanto o Homem se serviu da Natureza única e simplesmente, para satisfazer as suas necessidades alimentares e de defesa contra as intempéries, verificava-se um perfeito equilíbrio biologico, isto e, todos os elementos que o ser humano retirava do meio ambiente eram, rápida e facilmente repostos pela Natureza, mas através dos séculos e a medida que se processava o avanço da civilizaçao, aobretudo nas regiões mais densamente povoadas da Terra, ia resultando dai uma modificaçao ou destruição da Flora, Fauna e Geomorfologia primitivas Esta modificaçao ou destruição faz-se sentir nos nossos dias em diversos campos, pois nao há quem já não tenha ouvido falar que é preciso preservar esta ou aquela espécie animal ou vegetal que se encontra ameaçada de extinção, tomar medidas de protecção para esta ou aquela zona ou objecto pelo seu interesse paisagístico, cultural, histórico, cientifico ou qualquer outra ràzão, etc., etc. . Nao se sabe ao certo qual o primeiro pais que se dispôs a criar e preservar areas naturais e muito menos com que fins.


PYRBHULA MURINA Em repouso, esta ave do tamanho dum Tentilhão Fringilla coelebs, parece mais forte devido às suas formas arredondadas e com a cabeça grande sem pescoço. 0 bico i preto, curto e forte, o que nos faz lembrar o dum Pa­ pagaio. As cores cinzento e bège sao mais escuras na parte superior do do corpo do que na inferior. 0 capucho, a cauda e as asas negras são características. Vive e habita nas últimas zonas de floresta indígena de Louro, Cedro-do-mato e Urze e nos lugares onde a vegetaçao i mais densa.

Dotado de costumes (tímido) discretos, é uma ave pouco arisca e por ve­ zes silenciosa. 0 seu canto é um "diuh" melancólico repetido a intervairregulares, sendo por vezes o único índice da sua presença. Nao se afasta muito da cobertura dos arbustos, alimentando-se principalmente de graos, frutos, botoes florais e rebentos jovens. Parece haver uma so ninhada por ano,” no inicio do Verao. Extremamente enfeudado ao seu habitat, a populaçao actual ê rnuito fraca e, se medidas de conservaçao nao forem tomadas, correra brevemente o risco de desaparecer. 0 seu parente -.ais proximo, e o Dor. Fafe pyrrkuZa ryrrr.u'^ que nidifica desde a Galiza (norte de Espanha), toda a Europa salvo c sul, indo ate ao Japao cor. r.u-erosas e diferentes raças.


O IL H É U D E V ILA F R A N C A Elemento obrigatório na paisagem marítima a que desde pequeno me habituei, o Ilhéu de Vila Franca do Campo nem por isso perdeu o seu atractivo e como que misterioso apelo. 0 resfolegar das suas "golas" na quietude do oceano que o rodeia confere-lhe ar de legendário gigante adormecido. Mas o meu interesse pela vida desse gigante vai muito alem do sentimento de mistério e poesia.

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Desde as grutas e buracos onde nidificam os cagarros, passando pela cal­ ma e mansidao da sua pouco funda bacia, ate ao azul profundo que o circu­ la, o Ilhéu constitui uma excelente oportunidade para se observar a mara­ vilha da Natureza em acçao. Uma comparaçao de sua fauna e flora terres­ tres com a do litoral de Vila Franca do Campo poderão constituir base pa­ ra um ensaio acerca da dispersão e adaptaçao das espécies em causa. Tal estudo foi, ate certo ponto, ji iniciado por mim com a publicaçao,em 1978 de notas sobre alguns moluscos semi-terrestres. A continuaçao desse estu­ do faz parte de meus planos. A sua bacia constitui local previligiado pe­ la riqueza de sua fauna; cada pedrinha é um mundo de vida, cada canto na areia do fundo é uma surpresa para o olhar inquisitivo do estudante da Natureza. Ali recolhi algumas espécies de bivalves até ao momento únicas nos Açores. As suas "golas" - esses corredores escuros e ameaçadores, po­ voados, na imaginaçao apenas, por monstros terríveis - podem vir a pro­ porcionar excitantes descobertas na adaptaçao e espécies de seres que nelas florescem. As profundezas que o rodeiam sao um apelo aos admirado­ res dos formidáveis, muitas vezes dóceis gigantes do mar:.ratos-do-mar, meros, lírios, bicudas e outros impressionantes vagabundos das profundi­ dades cuja observaçao, muito mais do que tentaçao gastronómica ou despor­ tiva, e delícia para o olhar, interrogação para a mente, convite para o estudo.

Quase um ano após a publicaçao do Decreto Legislativo que cria o Ilhéu reserva natural, felicito o Governo Regional dos Açores por tao acertada medida e apelo ao povo Vilafranquense para que deixe transparecer o seu brio no apreço desta riqueza natural de que é guardiao, a fim de que se- i ja tirado o maior e melhor partido do que tem para oferecer, no campo da I Ciência e de um constructivo lazer, este maravilhoso monumento da Natu­ reza que é o Ilhéu de Vila Franca do Campo. P.e ANTÔNIO F. MARTINS Prof. Auxiliar Convidado Universidade dos Açores

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PLANTAS

Será brevemente editado pela Secretaria Regional dos Transportes e Tu­ rismo, o livro das PLANTAS DOS AÇORES, de autoria do Professor Doutor ERIK SJOGREN, consagrado botânico da Universidade de Uppsala e especia­ lista sobre a Flora Bndémica da nossa Região.

Para melhor elucidaçao dos nossos sócios e outros que se interessam pe­ las plantas 'dos Açores, especialmente as endémicas, passamos a transcre­ ver a INTRODUÇÃO do livro que dentro de dias se encontrara a venda nos diversos pontos do Arquipélago.

0 livro das PLANTAS DOS AÇORES estã editado com 4 línguas, incluindo a portuguesa.

FLORA E VEGETAÇÃO

Existem aproximadamente cerca de 850 plantas vasculares nos Açores. Es­ tas plantas pertencem a vegetação primitiva, ou foram recentemente intro­ duzidas. Certas plantas introduzidas, para cultivo ou ornamentaçao, es­ tão perfeitamente naturalizadas tendo-se escapado dos campos ou jardins, üuitos exemplos estão patentes nas ilhas, como consequência duma não pon­ derada introdução. 56 espécies são originais do arquipélago, não se en­ contrando em qualquer parte do globo (espécie endémica). 0 importante numero de musgos (cerca de 425 espécies), é %ámbém digno de mençao.

Apenas um pequeno número de plantas dos Açores foi escolhida para inclu­ são neste livro; foram seleccionadas segundo: (1) plantas endémicas, (2) plantas comuns e (3) plantas introduzidas, quer cultivadas ou escapadas, sncontrando-se neste momento fortemente estabelecidas. 0 texto para cada îspecie inclui informaçoes sobre o seu aspecto, distribuição, zonas de iltitude e preferencias. Muitas das plantas raras no arquipélago estao îm perigo de extíinçao e os dados a este respeito no texto, deverão os visitantes terem-nos em consideraçao.

5otanicos e Zoologistas sempre se mostraram muito interessados pela vida inimal e vegetal .nas ilhas. 0 mais importante estímulo para um futuro iesenvolvimento da investigação em grupos de ilhas isoladas, é certamen:e o proposto nos trabalhos de Charles Darwin. A flora e vegetaçao dos Lçores oferecem excelentes facilidades para estudos no campo da taxonoiia, geografia, sociologia, ecologia, genética das plantas, bem como pa­ ra a história da vegetação.

1 vegetaçao dos Açores esta muito próxima da do Arquipélago da Madeira, ias apresenta certas diferenças. Com um grande numero de especies endeúcas, algumas das quais dominando a vegetaçao, certas comunidades vege:ais naturais deveriam ser consideradas como únicas e tratadas como en­ démicas do arquipélago. . ^ continua pag. ü 11


O MOCHO Chegou a hora de dar a conhecer mais uma das espécies de aves que es­ colheram estas acolhedoras ilhas para nidificarem e residirem durante todo o ano. Irei em primeiro lugar dar uma ideia geral das características da or­ dem a que pertence o Asi-0 otus e só depois falarei em particular des­ ta espécie.

Pertence à ordem dos Strigiformes que engloba mochos e corujas. Possuem cauda curta, plumagem macia, cabeça grande, olhos virados pa­ ra a frente e rodeados por um disco facial. A sua postura vertical, face achatada com deis olhos grandes, fazem-nas aproximar do homem. Esta morfologia c o facto de viverem a caçar a noite conferiram-lhes grande popularidade. Sao consideradas aves agourentas, portadoras da infelicidade e das más notícias. Como a luz é para nós sinonimo de vi­ da, presumimos que nao poderiam existir seres vivos que prescindam de­ la. Os que vivem fora deste nosso mundo iluminado foram, por isto, coj siderados excentricos e com poderes sobrenaturais. Sao sobejamente co­ nhecidos os filmes de terror que têm cofflò pano de fundo vampiros e moi cegos. Estes mamíferos sao capazes de sê orientarem na escuridão abso­ luta evitando quaisquer obstáculos, graças a sua audição altamente so­ fisticada e ao seu aparato sonar sofisticado.

0 aperfeiçoamento de olhos, ouvidos e outros orgaos dos sentidos perm: te que cada espécie vislumbre o ambiente que o cerca de diferentes mo­ dos. Um morcego é capaz de se aperceber de um som que não é detectável pelos nossos ouvidos. A visao de uma águia é 8 vezes mais aperfeiçoa­ da do que a do homem.

A nossa imaginaçao trabalha quando tentamos perceber como os mochos sao capazes de viver e sobreviver durante o período que nós sonhamos entre os lençóis. Nao e por acaso que os olhos dos mochos e corujas ocupam uma posição frontal. 0 seu campo de visão e por isto largamentf aumentado em relaçao a qualquer uma das outras aves. Têm uma visao bi­ nocular que abrange 70 graus dos 110 do seu campo total de visao. Os olhos sao aperfeiçoados com vista a tirar maior partido da luz dispon: v e l . Uma noite nublada pode parecer-nos escura mas nao o e para um mo­ cho. A falta de mobilidade dos olhos é compensada com a especial faci­ lidade de mover a cabeça. Sao capazes de se aperceber das distancias i situarem a cabeça em várias posiçoes. Tem além disso, uma boa percepç; das cores.


0 sentido do ouvido não é menos remarcãvel. Trabalha em conjunto com a visao quando a ave se move na escuridão. A sua audiçao apurada permite localizar uma presa a deslocar-se no solo, mesmo antes de a ter visto. Tem a capacidade de aparecerem e desaparecerem silenciosamente. Isto deve-se ã plumagem que faz pouco atrito com o ar. As penas possuem na sua extremidade uma penugem aveludada que amortece o barulho. Esta ca­ racterística é muito importante para surpreender as presas sem estas terem dado pela sua presença. A captura das presas e assegurada, cumulativamente pelas garras e pelo bico forte e adunco. Caçam de preferência as primeiras horas do entarde cer ou ao amanhecer.

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;eralmente,os ovos directamente no chao ou numa cova esgravatad a -fi Os ovos sao brancos e esfericos. Sao chocados exclusivamente pe ia 0 macho limita-se a trazer-lhe alimento. Os filhotes ao nasc -rer. £ cegos e cobertos por una plu~;age~. branca. À mae alimenta-os esíregar.dc-Ihes no bico enormes bocados de alimento. É vulgar ver-se junto ao ninho novelos formados por ossos, coiro, etc.. Sao materiais sobre os quais os sucos digestivos destas aves nao actuam e por isso sao englo­ bados no estômago, numa bola e expelidos.

Existem cerca de 140 espécies de corujas em todo o globo. Duas delas vivem nos Açores: A.sio otus e Tytc alta. Vamos debruçar-nos apenas sobre a mais comum, Asio otus. É um mocho de tamanho médio com 90cm de envergadura. Tem curiosamente, penachos na cabeça. A presença de um grito prê-nupcial baixo "hui hui", ocorre em Março ou Abril. Os jovens, pelo contrário, gritam extridentemente. Fazem os seus ninhos geralmente nos bosques. 0 número de ovos é de 5 ou de 6 e a duração do choco é de 27 a 28 dias. As jovens aves fi­ cam junto dos pais até ao inicio do Outono. Em Agosto podem ainda ser alimentadas pelos progenitores. A partir desta altura começam a aprendei a caçar. Alimentam-se essencialmente de ratos, mas também podem incluir na sua alimentação pequenas aves doentes e insectos. Esta espécie tem sido pouco estudada nos Açoues. Poderá apresentar cer­ tas particularidades em relaçao ã mesma espécie noutros pontos do globo, pelo facto de viver em ilhas. Ha assim necessidade de motivar as pessoas para o estudo da sua biologia, tendo sempre como lema a conservaçao do nosso patrimonio natural. FÁTIMA MELO Departamento de Biologia Universidade dos Açores

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CAMPANHA PARA ANGARIAÇÃO DE NOVOS SÓCIOS DURANTE TODO 0 ANO DE 1984

Prezado consócio Vimos uma vez mais dar continuidade à nossa Campanha para Angariaçao de Novos Sócios como complemento ã iniciada no mes de Março de 1983. Embora tenha a mesma dado óptimos resultados, elevando para o dobro o numero de sócios existentes, deveremos prosseguir para que amanhã seja­ mos muitos QUE LHE PEDIMOS? Pedimos-lhe realmente pouco, Caro Consócio. Pedimos-lhe que durante o decorrer de 1984 angarie 3 novos sÓcios por mes. Pode parecer complicado encontrar, por mês, 3 pessoas interessadas nas nossas actividades, mas não é! De facto, TODA A GENTE ESTÃ INTERESSADA NAS NOSSAS ACTIVIDADES’ . É de interesse comum a Conservação do Meio Ambiente e a Protecção da Natureza. Assim, para angariar sócios devemos abordar toda>a gente; não tenha duvidas, tres novos sócios por mês e muito fácil. Esta campanha, se os nossos consócios ajudarem e que resulte, permitirá angariar cerca de 3000 novos sócios, cujos valores das quotas, canaliza­ dos para um FUNDO ESPECIAL, resolverão em grande parte os problemas fi­ nanceiros que se nos apresentam, bem como, permitir-nos-á a organização de viagens de estudo nas várias ilhas, campanhas de anilhagem, contager. de aves marinhas, detecção de aves marinhas mortas junto das praias e costas das ilhas, etc. etc.

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ATÉ QUANDO?

A Árvore. 0 Bosque. A Floresta. Tres palavras que significara a mesma coisa; VIDA. Vida representada das mais variadas formas; animal, vegetal e mineral, formando-ecossistemas completos. *■ £ essa vida que esta em causa e em serio perigo, se nao fQrem tomaaas medidas apropriadas e em devido tempo. .

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A arvore esse bem fundamental, companheiro do Homem através dos tempos, esta em perigo e a ameaça e o proprio Homem. A arvore símbolo ao ciclo da vida, esta este mes de Março em foco com o DIA DA ÃRVORE, que se co­ memora em todo o mundo no dia 21. £ uma data simbólica, que como tal nao vai resolver os problemas, mas que de qualquer maneira e um motivo para as pessoas pensarem um pouco naquilo que a árvore representa e chamar a atençao para um problema que importa a todos nos, porque sem a Arvore será que o Homem poderia viver, pelo menos da maneira como nos vemos a vida hoje, e como tal, algo que se reflectirá naquilo que ela represen­ tará no futuro. Desde os tempos remotos em que os antepassados do Homem viviam nas arvo­ res, esta tem sido sempre um factor de ajuda à evolução do Homem. Foi ela que forneceu a matéria para as primeiras fogueiras, depois da descoberta do fogo. E nao terá sido dela que surgiu um dos primeiros utensílios de defesa e de ataque do Homem!

Foi da árvore que apareceram as primeiras casas depois dos homens terem saído das cavernas. Quem poria agora em causa a importancia da árvore na nossa vida de todos os dias,na nossa casa, no nosso trabalho, seja atra­ vés da cadeira onde nos sentamos, na mesa onde comemos, na cama onde dor­ mimos, até os móveis, os caixilhos dos quadros que emolduram por vezes tantas obras-primas, etc. K

Que longo caminho percorrido desde o simples lenhador que cortava a ár­ vore com um machado rudimentar até ã fábrica de celulose que devora milhares e milhares de árvores, com um impacto nocivo de poluição no am- 1 biente. Que contradiçao esta ao juntar a árvore purificadora do ar, e a fabrica que ao utilizá-la vai poluir e conspurcar aquilo que a árvore purifica e limpa.

Ate quando teremos que assistir a que os interesses económicos dominem a sociedade dos nossos dias, seja ela qual for, em detrimento do direito do Homem poder viver sao e saudável. E é triste que isto aconteça porque t ambos os interesses; económico e de princípios, podem coexistir se hou­ ver intiligencia e vontade de parte a parte, e nao apenas a procura do lucro rapido e fácil i custa da qualidade de vida das pessoas. Mas pelo ^ contrario, um diálogo que possa ser benéfico para as populaçoes atingi­ das, e que somos todos nós, de uma maneira ou outra, e o poder económico que mais tarde ou mais cedo tem de compreender que está a destruir o di­ reito do Homem viver sao e saudável, 'veio da arvore uma das mais importantes matérias-primas que o homem já descobriu, o papel. 0 que seria agora o homem, se nao existisse esse ma­ terial, que possibilitou a feitura di livro, esse grande condutor da cul tura que permitiu que essa deixasse de ser para alguns preveligiados e

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se "democratizasse" em prol de todas as classes e da Humanidade. 0 livro que teve um papel decisivo no progresso e no desenvolvimento da cultura humana. Quantas revolugoes não terao começado por um livro'. Quantas des­ cobertas científicas nao terao sido divulgadas pelo livro! Quantos não terao sofrido pelos livros que escreveram! Quantas obras-primas não te­ riam existido se o livro e o papel seu suporte, não tivesse aparecido. Mas isto 5 apenas um pormenor da importância da árvore, porque sem a ár­ vore podemos dizer que não existiria o homem, que só existe graças I ‘ acção purificadora da árvore, que absorvendo o dióxido de carbono liber­ ta o oxigénio imprescindível ao Homem. A árvore que nos dá a sombra e o , fresco nos dias de calor. Que permite que a desertificaçao não avance i com o seu manto de miséria e morte. Que impede que a camada mineral do solo seja arrastada para os rios e para o mar. Que permite o sustento a muitos pequenos agricultores por esse mundo fora. Que nos dá a resina de importância económica para esses mesmos agriculto­ res e para o País.

É tudo isto qúe a árvore nos dá, isto e muito mais, e que recebe em troca apenas a destruição selvática e sem nexo, que vai desde o abate indiscri­ minado ati aos fogos postos nas florestas por mãos criminosas, que terão de ser severamente punidos, senão arriscamo-nos daqui a meia dúzia de anos, não haja mais incêndios nas florestas porque não haverá mais nada pa­ ra arder. E e de mau agoiro que poucos dias antes do DIA DA ÃRVORE E DA FLORESTA apareçam os primeiros fogos na Serra de Sintra e na zona da Guar­ da de origem criminosa. . Se não queremos ver essa enorme riqueza destruída, chegou o momento de o Governo e seus organismos directamente ligados ao Ambiente e Qualidade de Vida, Serviço de Protecção Civil, Serviços Florestais, Autarquias Locais, Bombeiros (esses grandes sacrificados) e Organizações de Protecção do Am­ biente se unam e construam uma barreira para impedir a destruição de algo tão importante e necessário ao País que é a Defesa do Nosso Património Natural. ,,, Destruir i muito fácil principalmente quando aquilo que destruimos nao i nosso. Mas construir, conceber, isso é mais difícil e prolongado. No en­ tanto as florestas que são destruidas não pertencerão a todos nós, como património comum que i a todos os portugueses! Penso que sim, porque tal como não se pode considerar os Jerõnimos pro­ priedade dos Lisboetas assim como a Torre dos Cligos propriedade exclusi­ va dos Portuenses. Não ê também a floresta algo que permanece e perdura para além da vida dum povo e e se torna património universal.

Ati quando assistiremos a este estado de coisas? Até quando assistiremos *ao abate de esplcies indígenas, para em seu lugar plantar eucaliptos e outras espécies que apenas esgotam o solo, em nome de interesses económi­ cos? Ati quando os fogos postos com destruição de bens e por vezes vidas? *Até quando o deixar andar sem serem tomadas medidas concretas de ordena­ mento do território? Até quando o desaparecimento ou o abandono dos espa­ ços verdes nas cidades? Até quando resistirá a árvore a tudo isto? Até quando o Homem quiser? Ate quando? (extraído do Boletim Informativo n°3/82-MAR/ABR/82 - NPEPVS/Porto)

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f* COMO PARTICIPAR NA CAMPANHA PARA ANGARIAÇÃO DE NOVOS SÕCIOS Em folha separada pode encontrar - 3 fichas de inscrição de novos sócios *********************************************************************** 1 - explique ao candidato a novo sócio, o que ? o Núcleo Português de Estudo e Protecção da Vida Selvagem/Delegaçao dos Açores e quais as suas actividades e objectivos; 2 - entregue aos novos sócios as fichas de inscrição que, depois de preenchidas deverão ser prontamente enviadas para a Delegação. No verso dessa ficha escreva o seu nome e número de sócio; 3 - cada novo sócio deverá pagar, no acto da inscrição, a quota anual no valor de 500$00, que poderá ser enviada em dinheiro, vale postal ou cheque bancário; 4 - logo que chegue ao NPEPVS/DA uma ficha de inscrição de um novo só­ cio, enviaremos o respectivo cartão de-.6Õcio; 5 - todo o sÓcio receberá grátis e trimestralmente o boletim informati­ vo do NPEPVS/DA, bem como várias circulares que serao editadas ao longo do ano; 6 - mensalmente enviaremos circulares, informando do andamento da cam­ panha ; 7 - ao Consócio que mais sÓcios angariar, receberá um prémio; 8 - para mais informaçoes, contacte a nossa sede.

CARO CONSÕCIO, A TUA COLABORAÇÃO É INDISPENSÁVEL CONTAMOS CONTIGO!


A VIDR NR CIDRDE Sabias que as pessoas que vivem na cidade sao menos saudáveis do que aquelas que vivem no campo? E porquê? ... Uma das razões i que na cidade há muito mais poluição que vai afectar directamente o organismo das pessoas. Os vários tipos de Poluição, e suas principais fontes, que podemos encontrar numa cidade são: A POLUIÇÃO SONORA, que afecta o sistema nervoso das pessoas, sendo causada, principalmente, pelo ruido estrondoso dos avioes que passam, pelo buzinar constante, e por vezes abusador, dos automobilistas, pelo barulho do motor dos carros e das motos e muito mais... A POLUIÇÃO DO AR, que prejudica o sistema respiratório e ê causado pelos fumos intoxicantes, libertados pelas fábricas e escapes dos automóveis e motos... A POLUIÇÃO DO SOLO, que pode prejudicar grandemente a vida das pessoas sendo causada pelos produtos (lixo) que, ao lançarmos fíjra, podem originar o aparecimento de microorganismos que, pela alimentação, por contacto directo ou por qualquer outra forma, afectam a feaúde do Homem... A POLUIÇÃO VISUAL, que, como o nome indica, afecta o sistema visual, pelo mau aspecto que apresenta, por exemplo, uma rua com muito lixo, uma parede com coisas escritas, etc., etc. .

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Como nao podemos evitar que haja poluição, pois as fábricas têm que trabalhar, os automóveis tem que andar e o lixo vai continuar a surgir vamos ao menos chamar a atençao das pessoas responsáveis para que evitem ao máximo a poluição do meio ambiente, pois nunca te esqueças que VIVER NUM“ MEIO AMBIENTE LIMPO e VIVER EM SAÜDE. Tambem tu podes contribuir um pouco para que, o MEIO em que vives esteja o mais limpo possível, e duma maneira muito simples: - o simples gesto de pôr um papel no caixote de lixo, em vez de o lançar ao chao, já e um. meio de defesa contra a POLUIÇÃO. ROL â a DO CABRAL Div. Ambiente SRES

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TRABALHAR CONNOSCO


PELA NATUREZA


A comunidade vegetal costeira é dominada por ervas, geralmente pela en­ démica Festuaa patraea. A vegetação ao longo das costas é dispersa e pos­ sui um ritmo lento de sucessão, mudando bruscamente devido a erosão ma­ rítima ou a uma erupção vulcânica. As numerosas espécies introduzidas recentemente estão na sua maior parte localizadas nas zonas costeiras, habitando até aos 300 metros de altitude. Acima dos 500 metros de alti­ tude a vegetação natural dos Açores é uma floresta arbustiva e densa de Louro e Cedro. As árvores dominantes são Juniperus brevifolia, Erica asorica e Laurus azoriea, todas endemicas.

0 nível de sucessão desta floresta é extremamente lento. 0 ecossistema ^ natural no seu todo, necessita duma forte humidade e quantidade importan­ te de precipitação que lhe permite um desenvolvimento contínuo, sendo portanto muito rico em espécies de musgos que crescem em vários substra­ tos. Os troncos das arvores são geralmente cobertos por espessos tapetes de musgos frequentemente colonizados por fetos. As plantas vasculares crescem geralmente em comunidades dispostas em mosaico, consoante a topo­ grafia do terreno. Sobre as correntes de lava existe uma variaçao das condições ecológicas entre as cavernas, grotas ou blocos de rochas tor­ nando assim a vegetaçao muito variável, mesmo sobre um pequeno territorio.

0 impacto da actividade humana na floresta de nuvens, como atras foi dito, fez diminuir consideravelmente estas áreas. Continua a existir uma redução em consequência da procura da madeira para combustível, construção e constituição de pastagens. 0 stock dos animais existentes nos Açores é dominado pelos bovinos. As ilhas de São Miguel, Pico e Ter­ ceira possuem actualmente as mais vastas zonasdesta floresta única de Louro e Cedro. Nas outras ilhas, os recônditos são muito fracos e prin­ cipalmente localizados nos campos de.lava, em caldeiras e profundas ra­ vinas. A floresta natural i igualmente reduzida, em virtude da construcao de estradas e, sobretudo, derivado a plantação de árvores exóticas, como por exemplo a Cryptomevia japoniaa. Certas plantas introduzidas, nao são mais do que uma ameaça para a floresta natural. Neste caso, a mais importante espécie é sem dúvida a Conteira (Hè-dyahiwn), primeira­ mente introduzida para fins ornamentais. A vegetação costeira é uniforme em todo o Arquipélago dos Açores. As co­ munidades das zonas de nuvens são igualmente similares nas tiove ilhas. Ha contudo diferenças flonsticas entre ilhas. Especies dominantes em varias comunidades de plantas nao são sempre as mesmas nos grupos oci­ dental, central e oriental. As principais diferenças da vegetação entre as ilhas, devem ser atribuídas is influencias climáticas. 0 aumento da precipitaçao de oeste nas ilhas dos Açores, justifica por si a presença da floresta de Louro e Cedro a altitudes mais baixas a oeste do que a este. Tais diferenças, como a zonaçao de vegetaçao em cada ilha, sao valiosas para a investigaçao sobre um estudo da correlaçao entre a ve­ getaçao e os factores ambientais. Tais investigações nos Açores justifi­ cam a sua continuaçao, uma vez que estas ilhas encontram-se ainda peran­ te a ausência de factores perturbadores, como ê o caso da poluição do ar e da água. ERIK SJOGREX Prof. Doutor Universidade de Uppsala

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PLANTAS E SAUDE

a sai_sa Com a fi e a esperança - e a certeza derivada da experiência, também que se tem nas ervas, para solução de alguns dos nossos achaques, há uma tendência para se irem procurar fora de casa as plantas aconselha­ das para o uso que se pretende, tendo muitas vezes i porta o remédio eficaz. Santos ao pe da porta ... Está neste caso a SALSA, companhia diária na cozinha, remédio insuspeitado sempre presente. Já antes de GALENO vinha sendo utilizada para uma gama notável de afecções, pois a sua composição é muito completa em princípios activos. como a Vitamina C e provitamina A, alem de enxofre, um alcalóide, um éster, apiol, etc. Celebrado*desde sempre como diurético - a raiz em especial - é eficaz na retenção da urina, e quando há inchaços consequentes de doenças de fígado e baço. Na maioria das dores de dentes devidas a cárie, pisando um pouco de salsa, a que se junta uma gota de azeite e uma pitada de sal, a dor vai desaparecendo. Na hemorragia nasal, dá resultado introduzir no nariz uma bolinha de algodao embebida no sumo da planta pisada. Quem sofrer de azia e outros incómodos do estomago, sentir-se-ã alivia­ do com uma infusão de sementes (uma pitada para uma chávena de água), no fim das refeições. Esta infusão também ajudará a baixar a tensão arterial. A infusão mais fraca, tem efeitos carminativos, isto é, livra-o dos gases intestinais, tal como o funcho, o anis. o endro. Se as maes que amamentam necessitam parar a secreção d$ leite, basta aplicarem no seio uma cataplasma da planta amachucada. Uma receita muito antiga diz que aplicando a planta nos sovacos, tèm o mesmo efeito. As suas propriedades emanagogas, sao muito notáveis e referidas desde a antiguidade. 0 chá das sementes regula o fluxo menstrual e atenua as dores com bastante eficácia. Se tem filhos a estudar, ajude-os dando-lhe com abundância salsa nas comidas e nas saladas. Tem efeito de relevo na memória. A cataplasma da planta, fervida, beneficia as feridas e úlceras rebel­ des. Os olhos também beneficiam da sua acçao desinfectante e desinflamatõria, se usarmos uma infusão fraca da planta. Como tal, podemos empregá-la também, mas crua e pisada, nas picadelas de insectos. Há, até, regiões da Europa, onde a empregam no tratamento dos cálculos da bexiga. Apesar de tanta utilidade, faço-lhe no entanto, um aviso: nao a dê a Papagaios ou Piriquitos, pois é mortal para eles! DALBERTO T. POMBO C.J. Naturalistas

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PPfiGRR 0 FOGO Q U E I M H N D O

C O M

CINZfl

Branco com branco com cinza e branco, e branco, e branco com cinza... e branco. A cinza vulcânica que legislativamente queima o branco apagando o fogo da paleta das sete cores, deixa o arco-íris sem alvará de pintura, e o céu azul dos dias de Verão. Incomparavelmente Fora de lei, perante o paisagisticamente bem enquadrado nevoeiro, que da Londrina.tradiçao, e hoje o nosso puro Folclore» Bonito é o branco porque nao nos fere a vista (ou o ponto de vista); calmo e o cinza porque do preto e do branco e Filho; Belo e o preto porque com os outros dois sao neutros e assim, nao criam, nao propoem, não contrastam, não lutam, apenas estao onde podiam, sem prejuízo, nao estar. É certo que perante tanta cor e tons que a pródiga natureza nos dotou sintamos dificuldades em controlar o Fogo diverso que o circulo cromá­ tico nos presenteia, e por isso nos deixemos levar pela facil medio­ cridade da neutralidade. Somos assim uma especie de Van Gohg que por ser daltonico sè limita a fotografar a vida com rolos a preto e branco. Brincar com o Fogo queima, mas a cinza fria não nos aquece o inverno. JOSÉ KUFKI SRES

Com o intuito de melhor dar a conhecer aos nossos estimados consocios e publico em geral, passamos a partir deste número e editar desenhos acompanhados dum pequeno texto capazes de elucidarem todos quantos se interessam pela FLORA ENDÉMICA DOS AÇORES. Os desenhos sao de autoria do nosso consócio PEDRO ALBERGARIA LEITE PACHECO e o texto da nossa consócia MARGARIDA MEDEIROS.

Família: COMPOSITAE ± ASTERACEAE Planta herbácea, rasteira. Rizoma vivaz. Caules filiformes produzindo estolhos. Folhas obovadas. Flores brancas agrupadas em capítulos. Os frutos são aquenios. Especie existente nas ilhas de São Miguel, Terceira, São Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo, nao havendo indicaçao de alguma vez ter sido encontrada em Santa Maria nem na Graciosa. Geralmente acima dos 600 metros de altitude.

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WORLD WILDLIFE FOUND

No proximo número, daremos a conhecer ao nossos estimados consócios e público em geral, o que é o World Wildlife Found, esta prestimosa organização internacional ao serviço da Conservaçao da Natureza em todo o mundo.


NOTAS ORNITOLÓGICAS Observações ornitológicas efectuadas na nossa Região e que julgamos ser de interesse para todos quantos se dedicam a especialidade: -

no dia 18 de Janeiro de 1984 foi observado um jovem Falcao das Camarinhas - Sao Miguel.

Fclco

cut'us sobrevoando a zona do Pico -

de 24 a 313 de Janeiro de 1984, 3 Gralhas Ccrvus frugilegus (dafam dos Corvos) frequentarem as pastagens situadas no Cento de Bovinicultura - Arribanas - Sao Miguel. Informaçao dada pelo pessoal de serviç; naquele centro.

- AVES MARINHAS - este ano tem sido muito forte a abundância nas costas da Ilha de Sao Miguel das pequenas gaivotas chamadas Gaivotas tridáctilas Rissa tridactyla, e como de cos­ tume no interior, da ilha surgem bandos de Guinchos Larus ridibunãus. Também é digno de menção a presença nc alto mar e durante o Inverno do Ganso-patola Sula bas-

sana. - informaçao chegada até nós através do Senhor GOMES VIEIRA de Santa Cruz das Flores, dã-nos conta que foi capturado um Guincho anilhado na Noruega. A ave foi capturada em Santa^JD.ruz. 0 mesmo Senhor informa-nos da presença dô Pardal Passer domestzeus naquela ilha

OCORREU EM VILA FRANCA DO CAMPO - SÃO MIGUEL No passado mes de Janeiro foi um Milhafre Buteobuteo atingidp.(por malvadez, supomos) numa asa e perna, o que por conseguinte o impediu de voar e ao mesmo tempo alimentar-se. ■"? Foi-nos o mesmo entregue pelo Senhor JOÃO DE' LIMA e administrados os primeiros socorros. Ao fim de tres semanas de intenso trabalho eis que a bela ave de rapina superou todos os seus sofrimentos e voa de novo fazendo a sua vida de caçador de ratazanas que bastante mal fazem ao homem. A propósito de tao abominável crime, convém aqui perguntar? Será que a pessoa ou pessoas que tentaram abater aquela magnifica ave, entendem o que significa DEIXAI VIVER AS AVES DE RAPINA. Caca ave de rapina come anualmente cerca de 1500 ratos. Quanto mais rapinas existirem, menos ratos haverá. Ê de todo o interesse salvaguardar e proteger uma das maisirr.ponentes aves da nossa Região. Aqui fica o apelo.


, MANADAS - SÃO JORGE Segundo nos informa de Sao Jorge a nossa consocia MARIA JOSÉ SILVEIRA, deu à costa (baía da Calheta) o corpo de um cachalote jovem, e com a cabeça decepada. Depois de indagar junto de um pescador local, foi a nossa consócia informada que o mesmo deveria ter um ano de idade e provavelmente teri sido atingido pela hélice dum barco.

Igualmente nos informa a MARIA JOSÉ SILVEIRA de que as lapas que haviai desaparecido da costa sul da ilha de Sao Jorge começaram a surgir, mas de tamanho mais reduzido. Podera provavelmente tratar-se de novas gera­ ções fixadas recentemente.

GRUPO DE INVESTIGAÇÃO DO NPEPVS/Delegação dos Açores

Foi recentemente criado no NPEPVS/DA um grupo de investigação para as aves de rapina (GIAR), chefiado pelo nosso consócio Dr. GÉRALD LE GRANI do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores. Este grupo iniciou a sua actividade sobre o estudo do Milhafre Buteo buteo e Asio otus. Foram já levados a cabo vários trabalhos de campo

na ilha de São Miguel que permitiram avaliar o número destas belas ave; existentes na ilha.

Solicitamos a todos os nossos consócios espalhados pelas diferentes ilhas o favor de enviarem informaçoes sobre a existência de aves de ra­ pina. Um número aproximado e distribuido por localidades serã o sufi­ ciente, quer para o Mocho quer para o Milhafre. Serao benvindas outras informaçoes sobre a presença na nossa Região de outras aves de rapina que esporadicamente possam surgir. Todas as informaçoes deverão ser enviadas para: Grupo de Investigação das Aves de Rapina N.P.E.P.V.S./Delegação dos Açores Rua Padre Pires, 11-13 9680 VILA FRANCA DO CAMPO

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EXPOSIÇÃO - POVOAÇÃO - SAO MIGUEL

Teve lugar, no dia 16 de Dezembro de 1983 na Vila da Povoação - São Mi­ guel, uma exposição do NPEPVS/Delegaçao dos Açores com o intuito de sensibilizar o público para a necessidade da completa preservação do meio ambiente na nossa Região. A exposição teve lugar no Externato MARIA ISABEL DO CARMO MEDEIROS e contou com a presença de cerca de 500 pessoas. Passaram-se dois filmes e houve uma projecção de slides alusivos ao meio ambiente, seguida de debate. Foram distribuídos imensos panfletos sobre a protecção das aves de ra­ pina, quer diurnas quer nocturnas.

l~ agradecimento muito especial, vai para o Senhor Director do Externa­ to e para o grupo de alunos do 9°-A. Ao Ser.hor VICTÜR GARCIA MIRANDA e todos quantos, directa ou indirectamente deram a sua colaboração, vão os nossos reconhecidos agradecimentos.

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EXPOSIÇÃO - PICO DA PEDRA - SÃO MIGUEL Cor, o objectivo de sensibilizar a populaçao para a necessidade e o de­ ver de proteger o meio ambiente em que vive, o NPEPVS/Delegaçao dos Aço­ res, levou a efeito mais uma exposição. Desta vez teve lugar na fregue­ sia do Pico da Pedra - Sao Miguel e esteve patente ao público durante os dias 30 e 31 de Dezembro de 1983 e 1 de Janeiro de 1984. Visitaram a exposição cerca de 110 pessoas. A RTP/Açores deu a devida cobertura, transmitindo imagens no dia 30/DEZ/ 1983. Para realização da mesma foi solicitada a sede da Junta de Fregue­ sia local, bem como pedidos de divulgaçao junto da populaçao, Presidente da Casa do Povo, Director da Escola Primária, Jornais Açoriano Oriental e Correio dos Açores. Um agradecimento muito especial ao Senhor JOSÉ VENTURA ALMEIDA que ama­ velmente cedeu material vário e horas extraordinarias de serviço para que fosse possível a concretizaçao da mesma. Igualmente agradecemos a prestimosa culaboração de: LÚCIA MARIA OLIVEIRA VENTURA, MARIA JOSÉ AL­ MEIDA, MARIA DE LURDES OLIVEIRA VENTURA e PAULA MARIA OLIVEIRA ALMEIDA.

AUSÊNCIA Informamos os nossos estimados consócios e público em geral que, em virtude de o nosso colaborador JOÃO ANTÔNIO C. TAVARES se encontrar au­ sente em França, onde prossegue os seus estudos, nao nos ? possível neste boletim dar continuidade ao trabalho sobre ENTOMOLOGIA. Logo que regressado o mesmo, prometemos voltar ao assunto.

* ----- HORÃRIO DA SEDE----------------------Rua Padre Manuel Jose Pires, 11-13 9680 VILA FRANCA DO CAMPO ^ dias úteis: das 19H00m as 20H30m domingos e feriados: das 15H00m as 16H30m ------VISITE A SEDE - USE A BIBLIOTECA------

VISITAS Ã SEDE No passado dia 19 de Janeiro do corrente ano, foi a nossa sede visitads por 3 gruposde Escuteirosda Ilha de Sao Miguel. A saber: - CORPO NACIONAL DE ESCUTAS: agrupamento número 107 Ponta Delgada agrupamento número 433 Arrifes agrupamento número 436 Vila F. do Campo - COMPANHIA ASSOCIAÇÃO DAS GUIAS DE PORTUGAL Foram efectuadas duas pequenas palestras sobre o NPEPVS/DA e respecti­ vas actividades levadas a efeito ati a data.

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COMO IDENTIFICAR

OS AVES por GEOFFREY COX Quando descobrem uma nova ave, os principiantes nao sabem, muitas vezes, quais os promenores que devem notar para poderem identifica-la, especialmente se ela e visível apenas por um momento. Aqui sugerimos alguns desses pormenores. Tenta fixa-los enquanto a ave esta a tua frente. TAMANHO e do tamanho de

um pardal

um melro

um corvo

ASPECTO e comprida e fina como uma Alvéola

.. .* ou atarracada e rechonchuda como uma codorniz?

COR quais sao as suas principais cores' 3IC0 E PATAS tem o bico e patas curtos como o Santantoninho

... ou o bico e pata sao longos como o Maçarico-real

VOO ;oa em linha recta como o Estorninho ... ou subindo e descendo como o Tentilhão

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1 ASAS E CAUDA ss asas sac longas e es­ treitas cc-.c as ao Andori­ nhão

... ou curtas e arredondadas çomo as da Car­ riça?

,.. arredondada como a de um Cuco,

a cauda e bifurcada como a da Andorinha

MARCAS

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... ou direi­ ta na ponta, como a de um estorninho?

1

ou nas asas

tem barras junto aos olhos ... de cor branca no uropigio ou nas penas da cauda HÁBITOS

%

tem o peito raiado ou serapintado?

trepa pelas arvores como o Pica-pau ^ ... agita a cauda como a Alvéola ... alimen.tá-se no solo como a Ferreirinha ... ou no ar como a Andorinha? VOZ qual o seu canto ou pio de chamada? ONDE FOI OBSERVADA? na agua

^

... em campos de cultivo

... em sebes

... ou em bosques? QUANDO FOI OBSERVADA? durante todo o ano... ... só no Verao como o Andorinhão ... ... ou só no Inverno como o Tentilhão?

RSPB A todos os interessados, informamos: Se, por acaso, observarem alguma ave cujas características nao esteja.-; explícitas no esquema apresentado, anotem todos os pormenores observa­ dos e enviem-nos de seguida para a nossa sede que, prontamente terao a resposta.

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Por exemplo ha noticias de que: — há 2.300 anos PLATÃO fazia ver a necessidade de reflorestar as colinas da Ãtica, a fim de regular o aprovisionamento da agua e prevenir a erosão; j - na índia, onde talvez os exemplos de conservação serão os mais * dignos de reconhecimento, estabeleceram-se as chamadas "Abayaranya", áreas naturais reservadas para a total protecção das aves e outros animais que ai podiam viver livremente e sem temor algum do homem;

j- os Incas castigavam com a pena de morte aquele que matasse aves I marinhas, pois estas, ao produzirem o guano, contribuíam com o adubo altamente valioso para a agricultura. A título de curiosidade podemos referir que: — a primeira reserva de caça foi estabelecida na Suiça em 1569, no cantao suiço de Glaris, mantendo-se actualmente, o que lhe da uma existência de mais de 400 anos; — em 16 de Abril de 1576 o príncipe de Orange e Holanda tomou medidas no sentido de manter perpectuamente intacto o bosque de Haya; — CORNELIUS HEDGES, jovem advogado do estado de Montana (USA), ao integrar-se num grupo de exploradores que percorriam a região de Yellowstone, declarou posteriormente que "parece-me que Deus fez esta região para que todo o povo e todo o mundo a veja e se regozige para sempre. É impossível que álguêm possa pensar que poderia apropriar-se de algo desta terra como sua propriedade e proveito. Este grande bosque nao nos pertence, senao que todo ã América: nunca deve ser mudado, obrigando-nos a mantê-lo sagrado, como se vê agora, a fim de que os americanos possam saber como foi primitiva­ mente esta America de explendor ionita e maravilhosa.*', resultando daí, em 1872 e por lei, a criaçao do primeiro Parque Naciojtal do Mundo, o famoso Parque Nacional de Yellowstone; — em 1875 foi fundada a primeira Instituição no mundo com finalidade proteccionista - a Associação Alema para a Protecção das Aves, a que se seguiram outras com intenção semelhante.

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i Felizmente que hoje a maioria dos governos, uns mais outros menos, estao já sensibilizados para tomarem medidas tendentes a proteger E conservar a Natureza nas suas manifestações expontaneas que, fcnbora muita gente possa pensar que isto constitui como que um travao progresso, provocando por vezes certas reacções de protesto, e ser. duvida a unica solução que têm ao seu alcance para evitar, de •futuro, consequências graves para as gerações que nos hao-de seguir, se rer que estas medidas esteja- ainda longe do IDEAL em muitos países. ROLANDO CAüRAL Div. Ambiente

SRES


fl IMPORTÂNCIA DOS ESPAÇOS VERDES NOS CENTROS URBANOS

Tendo em conta que, nos nossos dias, e grande o desenvolvimento urbano, ha que nao esquecer o papel preponderante que a vegetaçao desempenha nestes mesmos centros urbanos. Para tal ha que haver um planeamento coerente e com legislaçao adequada de modo a por cobro a chamada "ex­ plosão urbana", nao dominada e nao controlada, atingindo espaços que, nao tendo sido considerados em face da sua aptidao e valor, sao submer­ gidos como que por um vasto lençol de lava, desordenado e irracional, avançando indeferente a vales e colinas tendo apenas em vista um lucro maior e imediato. Nem mesmo os terrenos agrícolas de alta aptidao sao poupados. Embora tenha conhecimento que na nossa Região jã vai sendo preocupaçao (a nível governamental) a organizaçao dos espaços verdes, e sempre util lembrar e até insistir sobre o papel que desempenham os espaços verdes, especialmente nos centros urbanos.

1 - EFEITO TERMO-REGULARIZADOR As superfícies revestidas de vegetação têm maior poder reflector para as radiações solares de elevado comprimento de onda - justamen­ te aquelas que sao portadoras de maior; energia térmica: as infra-vermelhas - do que as superfícies inèrtes dos edifícios e pavimen­ tos. Se por um lado possuem maior podej: absorvente para as radiações vermelhas, portadoras ainda de alguma energia térmica o certo é, que esta é bem compensada pelo calor levado pela evoporação da agua da transpiração. Daí resulta que nos períodos de maior insolação as temperaturas das massas de ar que contactam com .as superfícies verde sao muito mais baixas do que aquelas que envolvem os edifícios e os pavimentos expostos ao sol. Devido ao facto de se encontrarem massas diferentemente aquecidas, dao correntes de convecção que, fazendo elevar na atmosfera as massas de ar mais quente em contacto com os edifícios, determinando a estes as massas de ar mais fresco prove­ niente dos espaços verdes e das camadas superiores da atmosfera.

2 - ACÇÃO PURIFICADORA DA ATMOSFERA URBANA As poeiras que se depositam sobre a vegetação sao retidas nos tegu­ mentos foleares e depois arrastadas para o solo pela água das chuvas e do orvalho, enquanto que as poeiras se depositam sobre as superfí­ cies inertes dos arruamentos, telhados sao constantemente enviadas para a atmosfera pelos ventos e pelo movimento das pessoas e veícu­ los. Alem disso, os maciços verdes dao origem, na orla de contacto com as zonas mais aquecidas S formaçao de correntes verticais de convecção, fazem com que os gases e poeiras mais finas que andam em


suspensão nas camadas baixas da atmosfera urbana sejam arrastados para as camadas altas e substituídos pelas massas de ar mais frio e puro coadas através dos maciços vegetais. 3 - PODER ABSORVENTE DAS VIBRAÇÕES SONORAS 0 seu elevado poder absorvente das vibrações sonoras faz com que seja atenuada a poluição sonora, interceptando muitos ruídoç e atenuando outros mais fortes. 4 - CORTINAS DE ABRIGO A vegetação ainda pode ser usada como um elemento imprescindível do espaço urbano contra os ventos, quando convenientemente estabe­ lecidas, desviando o vento nao so em altura, mas também atenuando-o através das suas bolsas interiores. Para além de todas estas vantagens que os espaços verdes oferecem aos meios urbanos, sao ainda recintos confortáveis, repousantes ou próprios para o relaxamento nervoso de que tanto necessitam as populaçoes citadinas, assim como para um salutar desenvolvimento fí­ sico e psíquico das crianças.

MARIA B. FURTADO Div.Ambiente SRES '. --------------X *----------------"STATUS" E DISTRIBUIÇÃO DA AVIFAUNA NIDIFICANTE KO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES por: GERALD LE GRAND Apesar do fraco número de espécies de aves nidificantes nos Açores, os conhecimentos sobre o "Status" e a distribuição de certas espécies en­ contram-se muito fragmentados, em particular para as fspécies pelágicas da família dos Cagarros. "% 0 quadro que se apresenta, representa o balanço dos nofisos conhecimentos actuais. As espécies estao citadas por ilha com o seu respectivo"status" cujo código e: C - comum: espécie abundante não em perigo; P - especie em perigo de extinção com populaçoes muito reduzidas e loca­ lizadas dependendo dum habitat particular. Necessita de urgentes me­ didas de conservação; 1 - indeterminada: o "status" destas espécies é impreciso, apenas índices de nidificaçao possível sao conhecidos, mas não possuimos dados recer tes; R - raro; espécie muito localizada com fracos efectivos em perigo de ex­ tinção se medidas de conservaçao nao forem tomadas; V - vulnerável; espécies nao em perigo, mas sensíveis a deteorizaçao do do seu habitat ou a pressão da caça; ? - o "status" destas espécies como nidificantes, é muito duvidoso .ou os índices sao muito fracos. Este quadro é provisório e todas as informaçoes complementares sereo serpre benvindas a fim de se poder definir as prioridades da conservaçao ca avifauna do arquipélago dos Açores. Quadro na página 38

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AJUDE

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ARTIGOS PARA VENDA 0 NPEPVS/Delegação dos Açores possui para venda uma serie de artigos que poderão ser enviados a quem os solicitar, mediante encomenda atra­ vés dos CTT. Introdução ao Estudo e Observação das Aves, por OLIVEIRA, N.G. AUTOCOLANTES LPO (Papagaio-do-mar) Grande ............. .............. . CCPO (Pisco-de-peito-ruivo) Médio ...................... ...... CCPO (Pisco-de-peito-ruivo)Grande ................. ....... . CCPO (Pintassilgo) Grande ................... ................ CCPO (Pintassilgo) Pequeno ................... .......... . CCPO (Tentilhão) Grande ..................................... CCPO (J'aime la Nature ... Je ne suis pas chasseur) ....... . FIR (Falcão) .................................................. FIR (Falcao peregrino) ....................................... Take pictures, not lives ........ ................ ............ CODA .......................................................... NPEPVS/DA Proteja as Aves Marinhas ..... ..................... NPEPVS/DA Salvemos as Aves Rapinas .... .*’ 1 .............. . Dia Mundial do Ambiente (4 modelos diferentes) ........ ......

200$00 250$00 50$00 150$00 50$00 25$00 50$00 50$0û 50$00 150$00 50$00 50$00 10$00 10$00 40$00

Os pedidos deverão ser dirigidos â sede do NPEPVS/DA, Rua Padre Manuel Jose Pires, 11-13, 9680 VILA FRANCA DO CAMPO, acompanhados de cheque, dinheiro ou vale postal no qual sejam incluidas as despesas de envio por correio, a calcular a proximadamente pelo consocio que fizer a en­ comenda, tendo em conta que um autocolante paga 16$00, mas 10 autoco­ lantes pagam o mesmo (menos de 20grs.).


ALERTA a nossa flora corre perigo Sao as seguintes as plantas existentes nos Açores que vêm incluidas na "LIST OF RARE AND THREATENED PLANTS OF MACARONESIA" editada em Outubro de 1980 pelo "Threatened Plants Committee" da UICN (Uniao In­ ternacional para a Conservaçao da Natureza). nome cientïfico

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Dracaena draco Ile x perado ssp. perado Spergularia azorica B e ilis azorica Lactuca watsoniana Microderis f i l l i i Microderis rigens Senecio m alvifolius Tolpis azorica Aichryson villosum Cakile êdentula Cardamine caldeirarwn Daboecia azorica Erica scoparia ssp. azorica Euphorbia azorica Euphorbia stygiana Festuca jubata Ocotea foetens Persea indica Lotus azoricus Vicia dennesiana Smilax divaricata Picconia azorica Platanthera micrantha Rumex azoricus Prunus lusitanica ssp. azorica Rubus höchsteteronan Euphrasia azorica Veronica dabneyi Arnmi trifoliation Chaerophyllun azoricicn Melanoselinwn decipiens Sanicula azorica

família

AGAVACEAE AQUIFOLIACEAE. CARIOPBYLACEAE COMPOSITAE Ç0MP0SITAE C0I4P0SITAE COMPOSITAE COMPOSITAE COMPOSITAE CRASSULACEAE CEUSSIFERAE CRUSSIFERAE ERICACEAE' ERICACEAE EUPBORBIACEAE EUPEORBIACEAE GRAMINEAE LAURACEAE LAURACEAE LEGUMINOSAE LEGUMINOSAE SMILACACEAE OLEACEAE ORCMIDACEAE POLYGOMCEAE

ROSACEAE ROSACEAE SCROPEULARIACEAE SCROPEULARIACEAE UMBELIFERÃE UMBELIFERAE UMBELIFERAE UMBELIFERAE

Alem destas, outras plantas que consideramos ser de importancia a sua preservaçao, sao:

Smilax azor^ca Azorina viâalii Critrsrw^. rioritirm ov

Isoetes azorica

SMILACACEAE CAMPANULA CEAE UMBELIFERAE ISOEIACEAE

0 Endemic; MARGARIDA MEDEIROS Div. Ambiente SRES

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RAPINAS Como temos vindo a anunciar, hi já longo tempo, iniciaremos a CAMPANHA PARA A PROTECÇÃO DAS AVES RAPINAS no começo da Primavera. Para tal, contamos com a ajuda e colaboraçao dos nossos estimados con­ sócios espalhados pelas diferentes ilhas do Arquipélago. Esta campanha terá como objectivos prioritários: - proteger as aves de rapina, quer diurnas quer nocturnas na Região; - defender e melhorar os meios indispensáveis a sua sobrevivência; - agrupar e ajudar as pessoas conscientes para a necessidade de pro­ tecção das aves de rapina; - encorajar a reconstituição das populaçoes de rapinas por diferentes meios. Mais pormenores sobre este tema, serao brevemente enviados a todos os nossos consócios através de circular informativa a editar ainda este


PRIOLO PRIÔLO - Boletim do NPEPVS/Delegaçao dos Açores n° 2/19S4 - Inverno de 1984 - Março/1984 Direcção: DUARTE SOARES FURTADO Propriedade: NPEPVS/Delegaçao dos Açores Sede: Rua Padre Manuel José Pires, 11-13 - 9680 VILA FRANCA DO CAMPO Composição: NPEPVS/Delegaçao dos Açores Impressão: Universidade dos Açores e Duplipelago Tiragem desta ediçao: 200 exemplares

Os artigos e trabalhos aqui publicados, são da inteira responsabilidade dos seus autores.



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