Priolo nº1 primavera de 1983

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PRIÔLO

N?

boletim para a conservação da natureza nos

EDITAL

PRiCLO é o nome do nosso boletim. E porquê PHIÔLO? Como é uso dizer-se, os editoriais não são para falar, mas sim para opinar sobre uma ou outra questão. Sem impedimen­ to, aqui estamos perante quantos se interessam por saber o "quando” e o "porquê" deste boletim. Entendeu-se escolher o nome "PHIÔLO" para o nosso boletim, dado o mesmo se tratar do nome duma ave endémica doa A^orea e única no mundo, bastante ameaçada de extinção, se, nao forem tomadas as medidas necessarias a sua real pro­ tecção. Crermos que este nome, há bem pouco tempo relembra­ do na memória de muitos e muitos açoreanos, possa trazer a juventude de hoje um despertar de interesse e atenção para a sua defesa e salvaguarda. Ê bastante importante deixar-se as gerações vindouras algo que a tempo e horas conseguimos salvar. Eis o motivo que nos levou a intitular o nosso boletim de "PRIÔLO".

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Outros motivos mais, obrigaram à formação deste boletim. A actual situação das especies vegetais e animais, o patrimonio, a paisagem e outros, ercontram-se bastante ameaçados. Ha que fazer muito neste campo para que, amanhã, possam ao menos ter um pedaço do que foram as nossas ilhas em tempos idos. Estamos pois conscientes de que o nosso boletim poderá ser muitíssimo mais perfeito e completo se todos quiserem co­ laborar nesta iniciativa. Contra nossa vontade, foi-nos impossível convidar a cada uma das pessoas e organizações interessadas no Estudo e Protecção da Vida Selvagem. Não dispomos duma redacção fi­ xa, mas sim através da colaboração de vários elementos dos diferentes grupos similares existentes na Região. A todos, muito obrigado. A partir deste momento, brindemos pois as nossas primeiras páginas a todos quantos recebem o "PRiOLO" e decidiram co­ laborar na nossa iniciativa. Duarte Furtado n ^e p v s /da

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ENTOMOLOGIA

da idade média ao século xix

Remota à Idade Media 03 primeiros conhecimentos sobre os insectos, encontrando-se pintados e esculpidos nos vários monumentos do Egipto. LATREILLE (1819) cita entre outros a abelha, o sphex e o escaravelho rolador de bolaa de excremento, sendo este último altamente venerado pelos egípcios, ao qual atribuiam uma multidão de virtudes reais ou simbólicas. No livro do êxodo encontramos que os Hebreus foram muitas vezes obrigados a alimentarem-s'e de gafanhotos, durante as suas peregrinações através dos desertos da Arábia. Também uma das dez pragas do Egipto mencionadas no Antigo Testamento, a decima delas, outra coisa não e senão uma das temíveis invasões de gafanhotos. Segundo LACORDAIRE (18J4“38) é somente na Grécia e no tempo de Aristóteles (384-322 a.c.) que a Entomologia começa a adquirir uma forma aproximada de ciência. Aristóteles menciona nos seu3 escritos, 47 insectos, desi­ gnando—os apenas pelo nome do género, sendo actualmente impossível voltar a saber a que espécies actuais conrespondem.

Os romanos, por sua vez preocupados unicamente com o comér­ cio e as guerras, não se interessaram pelo estudo das ciên­ cias naturais; foi uma longa noite da Idade 'tédia sobre a Entomologia e demais ciências. Todavia um nome aparece nes­ se grande período de inactividade científica, o de ALBERTO 0 GRANDE (ll93“1280) que consagrou um livro inteiro de suas obras a historia dos insectos, uma verdadeira copilação dos escritos de Aristóteles. E assim foi até à Renascença, período da história da Huma­ nidade, caracterizado pela renovação científica, artística


e literária, realizada nos séculos XV e XVI, e fundada era grande parte, na imitação da antiguidade. A invasão da imprensa e a descoberta do Novo ram o início duma revolução geral e profunda humano. Alguns naturalistas discrentes com a escritos de Aristóteles tentam na observação Natureza a solução de certos problemas.

Mundo iftarca-' do espírito grandeza dos directa da

ALDROVANDI (1522-16Ó7) nos seus trabalhos sobre insectos não se consegue libertar completamente da influência do filósofo grego. Na obra de Aldrovandi encerra-se um pri­ meiro esboço de classificação. GOEDART (1662-67) no seu trabalho de metamorfoses e histó­ ria natural dos insectos, e quem praticamente dá início de renovação. REDI (1626-97) que» apoiado sobre um dos guias mais segu­ ros, qual seja o método experimental, disfere o primeiro golpe de morte contra as estéreis especulações da antigui­ dade.

Com a descoberta dos primeiros instrumentos de aumento, uma nova era se abre as Ciências da Natureza. Até então, todos os estudos indicam unicamente sobre os caracteres exteriores dos insectos, tomando-se possível de agora em diante estuda-los aos detalhes de sua organização interna.

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continua na pág. 18


TALVEZ UMA NOVA ESPÉCIE PARA OS AÇORES

Pintassilgo CARDUELIS

CARDUELIS

LUGRE C A R D U ELIS

C a n á rio SERINUS CANARIA

CARDUELIS SP/NUS

SPINUS

todos machos Algumas semanas atrás, um grande bando duma nova espécie de ave para os Açores, surgiu na ilha de São Miguel, no­ meadamente na cidade de Ponta Delgada e arredores. Trata-se do LUGRE Carduelis spinus, que muito se assemelha a um Pintassilgo Carduelis caxfdãelis, mas sem apresentar o encarnado nas faces. Cora o formato semelhante ao Canárioda-terra Serinus canaria e com uma corôa preta tal e qual a Toutinegra Sylvia atricapilla. S


Seria muitíssimo interessante sabermos se outras pessoas observaram esta especie noutros pontos da ilha ou noutras ilhas do nosso arquipélago. A espécie em causa, nidifica normalmente em florestas de coníferas no norte da Europa. 0 bando que arribou aos Açores está provavelmente refugiado nas florestas de alti­ tude onde certamente poderá encontrar meios de sobrevivên­ cia. Investigaremos todas as informaçoes que nos sejam enviadas sobre esta nova espécie. Contactem com o NPEPVS/DA, TJniver sidade dos Açores, Rua da Mãe de Deus, 24 - 9500 PONTA DEL íADA, ou através do telefone 27118. Agradecemos desde já toda a vossa colaboração. C-érald Le Grar.d Ecologista NPEPVS/DA

NOTÍCIAS IJpupa epops - POUPA Segundo nos informa de Santa Maria o Sr. DAL3ERT0 POMBO, foi visto um par deste belo exemplar na zona habitacional do Aeroporto (Brasília). Chamamos a atençao para a presença desta ave nas nossas ilhas e especialmente durante os finais dò inverno e começo da primavera. Calonectris diomedea - CAGARRO Segundo informaçoes colhidas pelo nosso Consócio Daniel de Melo junto dos pescadores da freguesia dos Mosteiros, Sao Miguel, a chegada desta espécie de ave marinha veri­ ficou-se na noite de 23 de Fevereiro de 1 9 8 3 . Pede-se a populaçao em geral, caso encontre algum exemplar por terra, nao o maltrate e entre em contacto com o NPEP7S /DA o u algum militante nosso gue prontamente serão tomadas todas as medidas necessarias a recuperação do mesmo. Desde ja vão os nossos agradecimentos.

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Scolopax rusticola - GALINHOLA

Segundo informações obtidas dos lavradores que labutam na zona denominada Salto do Cavalo/são Miguel pelo nosso ConDaniel de Melo, parece existir um casal de Galinholas na zona das Alagoinhas. De madrugada frequentam um charco ali perto e posteriormente refugiam-se num vale para Nordeste. Aguardamos que mai3 informações sobre esta especie nos se­ jam fornecidas, em virtude da mesma ter sido pouco obser­ vada nos últimos anos na Ilha de São Miguel. Pede-se aos Senhores Caçadores que não abatem essa especie óu outras citadas na lei, pois corre-se o risco do seu desaparecimen­ to total. Sterna hjrundo - GARAJAU Informamos todos os nossos Consócios e Militantes de que estamos muito proximos da data de chegada desta especie. A mesma deverá arribar às nossas ilhas ainda este mês ou princípios de Abril, pelo que seria de toda a utilidade para nós NPEPVS/DA registar a data da chegada. DETECÇÍO DE ATES MARINHAS MORTAS JUNTO ÂS COSTAS Informamos todos os nossos Consócios que levaremos a cabo uma operação para a detecção de aves marinhas mortas. Para tal sera brevemente divulgado o calendário e instrucções. 711 JORNADAS ORNITOLOGICAS

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Realizam-se de 29 de Março a 3 de Abril de 1983 em Gandarrio (Galiza) as VII Jornadas Espanholas de Ornitologia, organi­ zadas pela Sociedade Espanhola de Ornitologia. Entre muitos e variados temas, serão abordados os seguintes: -

Aves de Rapina Aves Marinhas Aves Aquáticas e Zonas Húmidas Anilhamento e Muda Censos de Aves e Atlas Ornitológico Projectos e Estudos sobre Espécies em Perigo Conservação dos Espaços Naturais

Informamos todos os nossos Consocios e pessoas interessadas em obterem informaçoes sobre as conclusões destas Jornadas que poderão escrever para: Comision Organizadora VII Jornadas Ornitológicas Espanolas Sociedade Galega de História "aturai Apartado 35^ PERROL Coruna - Espana <


BALEIAS !

ELIMINADA.A AMEAÇA DE EXTINCAO ?


Sabemos que, na Terra, houve mamutes, dinossauros, etc., mas nunca os vimos. A baleia, <jue já tivemos a oportunida­ de (e facilidade) de ver, não e ainda um animal extinto. Mas se o massacre, de que são vítimas, continuar, apesar de a Comissão Baleeira Internacional (IWC) haver proibido a sua caça a partir de 1985» a ameaça de extinção de algu­ mas espécies importantes de baleias continua latente. Sabe-se que desde o século XVIII os nossos mares foram pal co de capturas por parte de veleiros americanos. Entre nos, a indústria baleeira só começou a ser explorada a partir de 1886, em São Miguel (desconhecemos se a nível Ajores) por iniciativa do Sr. AMANDIO JtÍLIO CABRAL. A caça a baleia, na Região, após ter sido incrementada, neste moraento, esta condenada a desaparecer por si, felizmente, sem trazer gran des problemas à economia regional, como poderemos ver adian te. Das 13 baleeiras existentes em 1974» hoje apenas restam 7, 5 no Pico, 1 no Faial e 1 nas Flores. A pesca da baleia, entre nós, continua a ser feita de um modo que se pode considerar primitivo. Embora tal método não çermita grandes capturas como o permite a utilização de métodos sofisticados, e, sem sombra de dúvidas, uma das formas mais crueis de matar um animal; só ao fira de 2 a 5 horas de agonia e sofrimento, bem como o seu esvaiamento em sangue a baleia morre. Como já foi referido pela imprensa, a Comissão Baleeira Internacional decidiu proibir, a partir do próximo nês de Outubro, a utilização dos chamados "arpões frios", utili­ zados, tambem, pelos nossos pescadores, que provocam uma morte lenta e dolorosa e recomendou que na caça à baleia sejam utilizados explosivos de modo a que a morte seja rá­ pida. Ira tal decisão ser acatada? Esperamos que, no mais breve espaço de tempo, o Governo Regional tome as medidas ade­ quadas. Do ponto de vista económico, as razoes para a continuação do massacre das baleias são inexistentes. Para todos os produtos extraídos das baleias existem subs­ titutos sintéticos, a preços mais compensadores. Hoje, dos cachalotes capturados nos Açores extrai-se óleo de fraca qualidade e de difícil venda. Existem na Região 800 tone­ ladas de óleo a espera (até quando) de melhores preços. Sabendo—se que sao, apenas, 7 os países que podem comprar o oleo açoreano sem correrem o risco de infrigirem as posiçoes que tem tomado no seio da IWC, quem estará interes­ sado em comprar o nosso óleo?


No dizer de Ze Lima e Gerald Le Grand, em artigo publicado na revista "SOBREVIVER", o verdadeiro lucro e o que resul­ ta do tráfico ilegal dos dentes de cachalote. 0 que faz lembrar o sinistro destino dos elefantes africanos, massa­ crados cara que os turistas de todo o mundo pudessem ter direito ao seu "souvenirzinho"...". No que toca ao número de pessoas ligadas ao sector, pode­ mos acrescentar que e tao diminuto que, facilmente, pode­ rão ser encaminhadas para outras actividades tarabem lucra­ tivas.


0 jornal "AÇORIANO ORIENTAL" de 5 de Junho de 1981, num artigo publicado a propósito do Dia Mundial do Ambiente, referia-se às possibilidades de reciclagem da indústria baleeira, citando a dado passo; ”... A MAIOR PARTE DAS EM­ BARGA çCÍES UTILIZADAS NA CAÇA 1 BALEIA, PODEM SER EMPREGUES IMEDIATAMENTE NOUTRAS FORMAS DE PESCA. AS USINAS DE TRATA­ MENTO DE CACHALOTES SKO TODAS MUITO VELHAS (apenas 1 fun­ ciona realmente) E A SUA TRANSFORMAÇSO Ê URGENTE. SERIA MUITO MAIS TÍTIL PARA A REGIÍO MONTAR USINAS DE TRATAMENTO DE PEIXE DO QUE RENOVAR UMA INDÚSTRIA QUE DESAPARECER! DENTRO DE 10 OU 15 ANOS, LOGO QUE NlO HAJAM MAIS BALEIAS. E ISTO NUMA ALTURA EM QUE SE DESENVOLVE 0 SECTOR DAS PES­ CAS NA REGIXO... 0 DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DOS AÇORES ESTiC NA SUA JUVENTUDE E AS BALEIAS PODEM CONTRIBUIR PARA 0 SEU SURTO. NlO HÍ MUITAS REGlOES DO MUNDO ONDE SE POSSA ENCONTRAR AS BALEIAS, FOTOGRAFE-LAS E OUVI-LAS CANTAR. 0 EXEMPLO DA FLÓRIDA E DO SEU ARQUIPÉLAGO DO HAWAI MOSTRA QUE TAL ACTIVIDADE Ê PROCURADA E REIITXVEL. . ." Esperamos que o Governo Regional cumpra o que vem no Plano de Médio ^razo (1981/84), nomeadamente o vo em que se propõe a defesa das espécies animais cuperação de sistemas com vista à preservação das emJviáa de extinção.

expresso objecti­ e a re­ espécies

É urgente começar-se, desde já, a pensar na reciclagem da indústria baleeira, para que em 1985 Portugal não esteja incluido na lista dos países responsáveis pelo extremínio das baleias. — .« g u Apesar do regozijo com que foi recebida, pelos ecologistas, a proposta apresentada pelas Seyshelles proibindo a partir de 1985 toda^a caça comercial da baleia, pensamos <^ue tal medida podera funcionar como arma de dois gumes, ja que não foi aceite por unanimidade. Segundo o "EXPRESSO” de 31 de Julho de 1982, "AO APROVAREM A PROIBIÇlO TOTAL DA CAÇA DA BALEIA A PARTIR DE 1985, OS PAÍSES DE IWC PODERÃO TER, DE FACTO, COLOCADO UM TRAVÍO NO EXTERMÍNIO NO 'TAIOR ANIMAL VIVO DA TERRA. MAS, AO MESMO TEMPO, P0DERÎ0 TER ABERTO CA­ MINHO A QUE AS MAIORES POTÊNCIAS BALEEIRAS SE DESOBRIGUE?-! DAS DECISÕES DA C0MISSÎ0 E PASSEM A EXERCER A CAÇA SEM QUALQUER CONTROLE INTERNACIONAL. E, NESSE CASO, SEM OUTRO TRAVÍO A ESSA PRÁTICA QUE 0 DAS HABITUAIS CONDENAÇÕES VER­ BAIS, NffO PODERIAM ESTAR EM MAIOR RISCO OS POUCOS MILHARES DE BALEIAS QUE AINDA HOJE EXISTEM ESPALHADAS PELOS ''ARES". Teófilo Braga membro de: GRUPO LUTA ECOLÓGICA AMIGOS DA TERRA

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0 MILHAFRE

BUTEO BUTEO

NOSSA ÚNICA AVE RAPINA DIURNA

DE

A constante procura de algo de novo pode levar o homem a executar as mais diversas tarefas. Foi, em parte, devido a esta negação e à monotonia, que a cerca de meio milénio se acrescentou mais nove ilhas ao mapa. Além de apresentarem paisagens muito peculiares, nelas deambulavam magestosas aves de rapina, as quais foram denominadas Açores, pois se pareciam muito com as que ja eram conhecidas pelo mesmo nome. As suas silhuetas atraíram de tal modo a atenção dos primeiros habitantes que o novo arquipélago passou a chamar-se Açores, embora tivessem sido propostos outros nomes. Estas aves continuaram a ser o símbolo dos Açores, mormente, aquando da visita régia do Rei Dom Carlos e da Rainha Dona Amélia em 1901. 0 jornal "AÇORIANO ORIENTAL", fundado há 1 3 0 anos, possui um cabeçalho ilustrado com uma dessas aves. Os autores das primeiras propostas de autonomia, passaram a dar-lhes uma conotação política. Outras conotações lhes foram atribuidas, como por exemplo, a da destruição dos recursos alimentares de homem. Pelo contrario, e apesar do seu porte ameaçador, são aves muito pacíficas que só caçam quando necessitam de alimento. 0 seu único inimigo é o homem. Trata-se duma espécie vulgarmente conhecida nos por MILHAFRE ou QUEIMADO e cujo nome científico buteo. Como o nome vulgar pode variar de região a especie em questão e denominada no Continente -de-asa-redonda.

Açores é Buteo para região por iCguia-

Distribui-se pela Europa, Euroásia, Norte d ’África e Ilhas Mediterrâneas. É a ave de rapina mais frequente nestes locais, o que decerto contribui para colonizar naturalmente o nosso arquipélago« Enquanto nos continentes descreve rotas migratórias, nos Açores reside todo o ano. Vive em todos os tipos de floresta onde existem algumas zonas de campo aberto, em areas cultivadas, nas zonas montanhosas e em encostas rochosas.

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Ê vulgar verem-se os seus voos planados e em aspirai, executados com as asas quase sempre em posição horizontal e com as penas primárias exteriores separadas como se fossem dedos ligeiramente curvados. A cauda tem forma de um leque meio aberto. Tem o corpo robusto cujas partes superiores são castanhas e as inferiores são mosquiteadas ou listadas com castanho e branco. A quantidade de branco


das partes inferiores varia consideravelmente. Alem de voar ao sabor das correntes de ar quente, sem o mais pequeno movimento de asas, durante longos períodos de tempo, subindo ou descendo de altitude, tambem possui outras modalidades de vôo. Quando se encontra poisado e é incomodado por algum intruso (homem), utiliza um vôo vagaroso e pesado e um bater de asas elaborado, mas uma vez reposto do susto, este voo pode ser intercalado com descidas súbitas. Muitas vezes projecta-se lá do cimo, com as asas fechadas, a grande velocidade, cora o fim de apanhar uma presa. Enquanto caça paira num lugar^durante breves períodos cora persistência considerável. Fá-lo em campo aberto, em rochedos, ou em alguma árvore firme. 0 seu modo desajustado de se deslocar no solo contrasta

com a sua grande agilidade em vôo. Não costuma viver em bando3 , mas em certos locais pode ver-se meia dúzia ou mais a voarem juntamente. As suas cordas vocais produzem um miado prolongado. 'Ta época de reprodução o par flutua em círculos perto do local onde nidificará. As duas silhuetas enfrentam-se, estando o macho em posição superior a da fêmea. As suas caudas adquirem uma forma de leque mais pronunciada e as asas mantêm-se imóveis mas com ângulos diferentes do vôo normal. As vezes ostentam-se um perante o outro proje­ ctando-se em direcção ao solo com as asas meio fechadas, raao quando chegam a meio caminho, voltam a lançar-se em sentido contrário. As primeiras ostentações ocorsem em Janeiro, mas podem também ser observadas no Outono. Cônstroem ninhos volumosos em saliências rochosas, em árvores, ou na base de colinas abrangidas por arbustos. Estes ninhos são constituidos por musgos, fetos, juncos, cascas de arvores, ervas, hera, folhas de pinheiro e cedro bem como por ramos variados. Poera geralmente 2 a 3 ovos de cor branca salpicada com marcas castanhas cuja quantidade varia. A época de repro­ dução vai de Abril a Maio. A incubação começa com a postura do l9 ovo. Os ovos sãp postos com 3 a 4 dias de intervalo. Ambos os sexos tomam parte na incubação com maior incidência por parte da femea. Quando nascem as crias, o macho traz alimento para o ninho e seguidamente a fêmea encarrega-se de alimentar os filhotes. Depois de uma semana, ambos os sexos caçam quantidades enormes de mantimentos em relação as necessidades das crias. Estas ficam dependentes dos pais 2 meses apos ensaiarem os seus primeiros voos com finalidade de aprenderem a caçar.

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Antes da chegada do homem a este arquipélago, eram prova­ velmente insectívoros, uma vez que nessa altura não existiam pequenos mamíferos. Com a introdução pelo homem de ratos e coelhos, estas aves passaram a inclui-los na sua alimentação. No entanto, só se,jiutrera dos que estão moribundos, doentes ou até envenenados pelas grandes quantidades de produtos químicos utilizados nas campanhas de desratização. Este último facto faz baixar alarmantemente as populações de milhafres em locais onde essas campanhas sao levadas a cabo. Por tudo isto, é necessário lançar um apelo.

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- SALVEMOS 0 MILHAFRE; - APRENDAMOS A VIVER EM HARMONIA COM 0 AMBIENTE NATURAL QUE NOS RODEIA; - LEMBREMO-NOS DE QUE NÓS, COMO QUALQUER SER VIVO, SOMOS PARTE INTEGRANTE DA NATUREZA. Fatima Melo

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A designação de Paisagem Protegida "propõe-se salvaguardar áreas rurais ou urbanas onde subsistem aspectos caracte­ rísticos na cultura e hábitos dos povos, bem como nas cons­ truções e concepção dos espaços, promovendo-se a continua­ ção de determinadas actividades (agricultura, pastoreio, artesanato, etc.), apoiadas num recreio controlado e orien­ tado para a promoção social, cultural e economica das po­ pulações residentes e em que estas participam activa e conscientemente." Entre as diversas definições aplicadas a áreas onde haja todo o interesse em se tomarem medidas especiais de defesa e conservação previstas no Art®. 29 do Dec-lei n9. 613/73 de 27 de Julho, a que acima transcrevemos permite-nos a protecção de determinadas paisagens que, embora não possuin do um valor natural virado essencialmente para o campo científico, apresenta contudo um grande interesse paisagís­ tico e/ou cultural.

PAISAGENS PROTEGIDAS Este conceito de classificação deve ser aplicado em zonas que, devido as suas característicafã físicas, se destinem essencialmente a serem apreciadas pelo Homem, no seu esta­ do o mais natural possível, uma vez que nessas mesmas zonas e permitida a intervenção humana, embora controlada pelos respectivos diplomas regulamentares que adoptam medidas restritivas visando sobretudo impedir a adulteração do as­ pecto natural da paisagem, adulterações estas que podem advir, principalmente, das grandes movimentações de terras que, por vezes, mudam por completo a topografia local, da construção de edifícios cuja volumetria não esteja minima­ mente integrada na topologia e/ou ambiente da zona, entre outras possíveis intervenções humanas susceptíveis de en­ trarem em "conflito” com a paisagem natural, á errado pensar-se que a classificação como Paisagem Pro­ tegida de determinada zona, especialmente se habitada, pressupõe uma estagnação do desenvolvimento sócio-económico dessa mesma zona, uma vez que aqui as populações têm papel de primordial importância, que, sem dúvida, se irá repercurtir na concretizaçao dos objectivos que se tomaram em consideraçao aquando de todo o processo preliminar da classificação.

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Assim, chamando as populações a colaborarem directamente na protecção da paisagem, DA SUA PAISAGEM, de modo que ela seja admirada e disfrutada, tanto por aqueles que procuram um saudavel repouso como pelos que a olham com um sentido pedagogico, e baseados na ideia de que "não se modela aqui­ lo que não se ama e não se ama aquilo que não se conhece", da-se a essas mesmas populações a possibilidade de melhora­ rem a sua vida social e económica, além de lhes mostrar que serão elas as primeiras e unicas a beneficiarem de tal cla_s sificação. En resumo: "as populações deverão orgulhar-se, em todos os aspectos, da zona onde vivem". Foi seguindo estes critérios de classificação que, na Região Autónoma dos Açores, também ela preocupada em preser­ var o seu rico património paisagístico, foram criadas as três Paisagens Protegidas que hoje se encontrara regulamen­ tadas, nomeadamente: Paisagem Protegida do Monte da Guia - Decreto Regional ne. 3/ 8 o/a de 31 de Janeiro. A zona protegida compreende o conjunto Monte-Queimado/Monte da-Guia/Caldeira do Inferno, localizada a sudoeste da Horta, na Ilha do Faial. As razões que levaram à sua protecção situam-se "na notá­ vel beleza e extraordinária panorâmica que dos seus cimos se disfruta sobre a cidade da Horta e sobre a baía do Porto Pim aliadas ao interesse científico que apresenta pelo fa­ cto de aí existir, além duma espécie botânica rara, a Iporsoea stolonifera J.F.Gmel.in L., apenas num local muito restrito, junto ao Monte-Queiaado, alguns exemplares da flora macaronesia que começam a rarear no arquipélago aço­ reano, que ainda se podem encontrar* na Caldeira do Inferno. Paisagem Protegida das Sete Cidades*- Decreto Regional ne. 2/ 8 O/A de 7 de Fevereiro. Localizada na parte ocidental da Ilha de São Miguel, toda a cratera vulcânica, onde se situa a freguesia das Sete Cidades, cuja arquitectura importa conservar, rodeada pelo conjunto das lagoas Azul, Verde, Rasa, Santiago, além de outras que ficam já fora da cratera principal, bem como as Caldeiras do Alferes e Seca, mereceu classificação devido, principalmente, à alta sensibilidade paisagística que pos­ sui e que deve ser objecto de uma cuidada conservaçao.

Paisagem Protegida do Monte Brazil - Decreto Regional n°. 3/ 8 O/A de 7 âe Fevereiro.


"Constituindo uma península sobranceira à cidade de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, este morro com crateras de antigos vulcões, no qual está implantada uma das mais vas­ tas e importantes fortalezas do século XVI construidas no nosso país, o Castelo de 3ao João Baptista, constitui um verdadeiro Parque Natural da cidade, cora espécies arbóreas e arbustivas de interesse e com excelentes miradouros, tan­ to sobre o aglomerado urbano como sobre grande parte da costa sul da Ilha Terceira e ilhas situadas a ocidente". Por tudo isto e ainda por ser "uma zona impregnada pelos eventos históricos açoreanos dos últimos quatro séculos, muitos dos quais se desenrolaram dentro das muralhas da sua fortaleza", o Monte Brazil merece bera ser alvo das medidas de protecção expressas no Decreto Regional que as regulamenta. Rolando Cabral Divisão do Ambiente o.iioociai

ENTOMOLOGIA: DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XIX (continuado da página 4 ) MALPIGHI (1628-84) publica em 16 6 9 , o primeiro trabalho sobre anatomia dos insectos. Segúfido RÉAMUR, o trabalho de Malpighi e "um tecido de descobertas, onde se pode apanhar mais conhecimentos sobre a drftirávèl composição dos inse­ ctos, que em todas as demais obras em conjunto, que a pro­ cederam”.

SWAMMERDAM (I63 7 -I68 O) consegue superar os importantes trabalhos de Malpighi. Formula a teoria da preformação; "e o introdutor dos processos de técnica experimental em micrografia, imagina o método da injecções, emprega pela primeira vez os reactivos e endurecedores para tornar fá­ cil 0 estudo das partes moles dos orgãos, e finalmente foi um verdadeiro artista na arte de preparar insectos, sobre­ tudo lagartas por insuflação".


0 estudo do ciclo de diversas espécies de insectos tomou-se conhecido através de LEWENHOECK e VALLISNERl(l66l-I73 O). Ate agora, somente os estudos descritivos e anató­ micos despertara a atenção da maioria dos cientistas entomologistas. Mas um autor, entretanto, apareceu e se salien tou nesta epoca, adquirindo posteriormente fama e glória quase imortáveis. Chamava-se RÉAMÜR (1683-1757), era físi­ co, matematico e naturalista, tornando-se conhecido com a publicação de sua obra "Memórias para servir à História Natural e a Anatomia dos Insectos", 1737» consequência do seu talento como observador e resultado das engenhocas ex­ perimentais que realizou neste campo de actividades. Entretanto, a glória de ter fundado os métodos e fixado as regras de nomenclatura pertencera a LINNEU (1707-78). A maioria das ordens dos insectos aceita pelos entomologistas sistematas actuais são ainda as mesmas, atribuídas ini­ cialmente por Linneu, com excepção da Ortóptera, criada por DE GEER e a supressão da ordem Aptera e algumas peque­ nas modificações de detalhe na classificação primitiva. DE GEEH (1720-78) distinguç-se como um hábil anatomista, excelente observador e sistemata. 0 período anatómico do Século XVIII pode ser encerrado com os estudos de PIERRE LYONET (1707-89). A partir desta épo­ ca tomam-se tão variados e numerosos os trabalhos sobre entomologia que de uma maneira geral é impossível citá-los ou apreciá-los e, mais difícil compara-los entre si.

Sao entretanto, e durante muito tempo, predominantes os estudos de sistemática. Com o desapontar do Século XIX uma nova era se abre para a entomologia. LATREILLE (1762-1883) pode ser considerado como um dos maiores estudiosos da Entomologia. Foi quem primeiro teve a ideia de grupar os insectos em famílias, dando a e s s e s agrupamentos nomes conrespondentes à sua origem. Condensado por J0£0 TAVARES Do livro ENTOMOLOGIA GERAL de ZILKAR C. MARANHÍO - 1976 .


CONTRA A ENXAQUECA á frequente ouvir dizer—se que os detritos radioactivos das centrais nucleares equivalera a 1 aspirina por ano e por pes­ soa cuja electricidade lhe é fornecida pela3 respectivas centrais. 0 erro mais flagrante desta analogia é a Toxicidade e nâo o volume que é importante no caso destes detritos. Se uma aspirina poderia ser uma óptima comparação, deveria ser de cianeto - e mesmo assim não se daria conta da actual toxicidade dos produtos residuais. Além disso, uma aspirina por pessoa está muito longe de dar uma imagem correcta, mesmo no que respeita ao volume. Se os detritos altamente radioactivos duma central de tratamento deveriam ser solidificados na sua forma, a mais concentrada possível, o volume resultante duma central LWR de 1000 MW por ano seria de 2,5 a 3 metros cúbicos. Se uma tal central trabalhando a uma taxa optimista de 75% da sua capacidade total pode fornecer electricidade para 7 5 0 . 0 0 0 americanos (consumo de 1975)* casa, comércio e indústria, o volume de detritos com alto nível de radioactividade por pessoa seria de 3»3 a 4 centímetros cúbicos. 0 volume duma aspirina é mais ou menos de 0,4 centímetros eúbicos, então os detritos seriam do tamanho aproximado de 10' aspirinas. 0 * Isto e somente o cimo do ICEBERG. A maior parte dos detritos de alto-nível não estão ainda solidificados e as leis em vi­ gor geralmente autorizam prazos que ultrapassam os lt) anos apos a sua criação. 0 volume das formas líquidas antes da solidificação e 10 vezes superior ao sólido (temos portanto 100 aspirinas por pessoa), '*ais, existem os restos altamen­ te tóxicos e radioactivos do combustíveis utilizados (2 me­ tros cúbicos por reactor e por ano, ou 5 aspirinas suplemen­ tares por pessoa). E ainda ha mais. 0 programa de retratamento dos detritos produzido anualmente para cada reactor de 1000 MV, é à volta de 25 metros cúbicos de detritos líquidos radioactivos (con­ taminados entre 10.000 e 1.000.000 de vezes a concentração máxima autorizada "C’^") e 1.200 metros cúbicos de líquido de radioactividade (10 a 10.000 vezes a CMA). Estes detritos conrespondem a um total de é0 a 3000 outras aspirinas por pessoa, respectivamente. 0s detritos fracamente radioactivos do retratamento e do reactor conrespondem de 30 a léO me­ tros cúbicos por ano (200 a 400 aspirinas a "’ .ais por pessoa)


Estes detritos contêm rádio-isótopos que emitam raios alfa de muito longa "meia-vida". Todas essas adendas conrespondem a um .jeelume i* 500 a 3.600 aspirinas por ano e por pessoa servida em energia. Se tomarmos em conta o aumento da reciclagem do Pleutónio, se­ rão pois 340 metros cúbicos suplementares de detritos conta­ minados pelo Pleutónio por reactor e por ano que são elabo­ rados aquando do fabrico do combustível = mais 850 aspirinas A desmontagem da central e os outros ciclos no fim da sua vida, aumentarão ainda os detritos, pelo menos 500 metros cúbicos por ano ou 1 . 2 0 0 aspirinas. 0 total aproximativo de 2.000 centímetros cúbicos por ano e por pessoa. Estes cálcu­ los estão baseados sobre o consumo medio em electricidade do americano em 1975« Estamos em 1983 e não creio que o consu­ mo vá diminuir. Mas, »lembrem-se bem, que é a toxicidade deste produto que é verdadeiramente importante. Este exemplo refere-se às nsrmas humanas de tolerância quando se trata de largar em pleno oceano longe de zonas habitadas, milhares de toneladas de detritos cujo condicio­ namento está muito longe de tomar em conta a nossa ignorân­ cia.


PLANTAS E A ACÁCIA

SAÚDE

0 homem de hoje, o homem da cidade, habituado como esta a viver rodeado de paredes e de obstáculos que o impedem de olhar plenamente o Universo que o encerra, e que lhe da a vida, olha direito e para baixo, como se todo o "progresso” que criou fossè algo semelhante aos antolhos que utiliza com anguns animais que ele depreciativamente chama de quadrupedes... Assim, e comprovando um pouco esse facto, ele habituou—se a remédios para os seus achaques mais nas ervas que nas arvo­ res, que geralmente estão acima da sua altura. 0 que o faz levantar a cabeça, é apenas um Deus que, comodamente para o homem, está lá em cima num lugar inacessível, para onde olha rá apenas em altura de grande aflição, desejo ardente de um ser infeliz e cobarde, sem a coragem de 0 procurar era si me£ mo, a morada de sempre d'Aquele que procura. As árvores, pois, como as ervas dos caminhos e dos campos, têm também o seu valor medicinal, cora a vantagem de maior gama de utilidade, na maioria dos casos: frutos, flores, folhas, cascas e raízes. Chamou-nos já a atenção a presença, em algumas povoações do nosso distrito, por veze3 em pleno local das feiras, de uma árvore que, além da boa madeira, tem utilidade muito apreciavel, pela natureza das suas propriedades farmacológicas: a Robinia ou Acacia-espinhosa..ou ainda Acácia-bastarda. De folhas verdes, flores branca3 em perfumados cachos, a Na­ tureza deu a esta planta duas propriedades opostas: laxante e adstringente. Produto duma sábia Inteligência, cujos cál­ culos fogem a nossa percepção. As flores secas, em infusão, têm propriedades adstringentes, pelo que darao grande ajuda nos casos normais de diarreia. As folhas e a casca, têm excelente actuação como laxantes. Como sempre neste tipo de utilização fitoterápica, não abuse das quantidades de. plantas para que o chá faça mais efeito! Comece com pouca quantidade e vá corrigindo a dose. Habitue-se a conhecer o seu organismo, certo de que o descuido co­ modista no tratamento da sua doença e, com certeza, prejuizo Dalberto Teixeira Pombo CEMTRO DE JOVENS NATURALISTAS Aeroporto - Santa ”aria 9580 VILA DO D0RT0

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A MENTE HUMANA Criaste o mundo dos sprays Perfumes e desodorizantes Tornaste o mundo cheiroso Atraente e delicioso ’■ias destruíste também 0 ozono da camada gasosa Criaste lindas ilusões Poemas contos e histórias Criaste a bomba de neutrões Para o homem e sua glória Criaste alegria e beleza Na imagem dos pintores E destrois a Natureza Prometendo tempos melhores No átomo buscaste energia Que nos aquece e dá luz E criaste a bomba atjómica Que ao nada nos redúz Criaste contos de fadas Ilusões de felicidade Mas destrois a atmosfera Para teres electricidade Criaste a Paz e o Amor Mas também criaste... a Guerra Mário Pinhal GRUPO ECOLÓGICO DA UNIVERSIDADE DOS AÇORES


PRIOLO 41 ♦ PBIÔLO - BOLETIM DO N.P.E.P.V.S./D.Ajsorea n2.l/83 - PRIMAVERA DE 1983 Direcção: DUARTE SOARES FURTADO/Propriedade:NPE?VS/DA Sede: RUA PADRE PIRES, 11-13, 9680 VILA FRANCA DO CAMPO Composição: TTPEPVS/DA: Impressão: SERVIÇOS GRÁFICOS DA UNIVERSIDADE DOS AÇORES e DUPLIPÉLAGO /Tiragem: 100 ex.

com o apoio da U J^kçores

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