Problemas ecológicos e atividades desportivas teófilo braga 1998

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ESCOLA SECUNDÁRIA G/B DAS LARANJEIRAS Seminário DESPORTO E ECOLOGIA

PROBLEMAS ECOLÓGICOS E ACTIVIDADES DESPORTIVAS

Teófilo José Soares de Braga Ponta Delgada, 23 de Abril de 1998


Desporto e Ecologia

1- Problemas ecológicos

Antes de mais, gostaria de referir que ao falarmos em ecologia por vezes estamos a referir-nos a coisas distintas. Com efeito, podemos distinguir duas vertentes do conceito de ecologia: a científica e a social.

O termo ecologia foi usado pela primeira vez, em 1886, pelo biólogo alemão Emst Haeckel. Segundo ele, a ecologia é a “investigação das relações totais do animal tanto com o seu ambiente orgânico como inorgânico”.

A interacção existente entre sociedade e natureza fez com que a ciência, aos poucos, se tomasse em actividade de intervenção política e social , em ecologismo termo criado por Dominique Simonnet, em 1979, para distinguir ciência de intervenção social.

Apontar causas para os problemas ecológicos é tarefa que não é fácil. Contudo, muitas vezes, atribui-se a responsabilidade à “mentalidade tecnológica” e ao crescimento demográfico, o que quanto a nós não faz qualquer sentido. Tal como Murray Bookchin, acreditamos que “as forças que contribuem para a destruição planetária têm as suas raízes na economia mercantil do “cresce ou morres”, num modo de produção que tem de expandir-se enquanto sistema concorrencial”. Sobre o mesmo assunto, Delgado Domingues refere que: “ Crescimento económico tem sido sinónimo de acumulação de capital construído pelo homem, criando a ilusão de que esse capital pode substituir o capital natural, que são os recursos naturais, e não pode. E por isso que este tipo de crescimento é impossível e insustentável”.

Rejeitamos, categoricamente, a campanha oficial que pretende fazer crer que “todos somos responsáveis”, quando, quanto a nós, é à ordem social dominante no nosso


planeta, que se rege pela lógica do crescimento ilimitado, que deve ser imputada a causa primeira dos principais problemas ambientais e sociais existentes. Mas, tal como Emmanuelle de Lesseps, achamos importante que o cidadão “deixe de ser cúmplice do ciclo infernal produção-consumo” e aprenda a “ economizar os recurso naturais, boicotar o sobreconsumo, lançar as bases dum novo modo de vida”.

2- Desportos e ambiente.

Nas últimas duas décadas os desportos de ar livre têm sofrido um crescimento que por muitos é considerado avassalador. Não só apareceram novas modalidades como o BTT ou o parapente, como desenvolveram-se algumas que estavam “esquecidas” como a espeleologia, a escalada, o montanhismo, etc.

De acordo com o Guia dos Desportos Aventura, da autoria de Incitare/João Matos, há que distinguir o desporto-aventura do denominado desporto radical. Assim, o desporto radical implica para alguns praticantes uma filosofia de vida cuja característica principal é o viver intensamente cada momento, numa “ busca contínua de sensações fortes, de adrenalina, onde os limites individuais são testados a cada passo” ao passo que o desporto aventura, embora não ponha de parte a emoção e alguma adrenalina, não vai muito além de “ uma pausa na rotina do dia-a-dia, de preferência num ambiente calmo, despoluído e em contacto com a natureza”.

As modalidades desportivas ligados à natureza, não só passaram a fazer parte dos currículos escolares, como, nalguns casos, são encaradas como uma ferramenta de formação, tendo como área preferencial o desenvolvimento organizacional.


Muitas são as vantagens atribuídas aos desportos de ar livre. Destas destacaríamos as relacionadas com a formação dos jovens e a protecção do ambiente:

- Desenvolvem as capacidades de adaptação; - Asseguram uma certa autonomia; - Despertam o interesse pela actividade física; -Contribuem para despertar o interesse para a riqueza da flora, fauna e actividades humanas; - Oferecem uma oportunidade para a reflexão acerca dos problemas ecológicos.

Apesar das muitas vantagens que as actividades desportivas na natureza possam ter, elas poderão, também, contribuir para a degradação do patrirpónio natural. Assim, as diversas actividades, feitas sem o mínimo de respeito para com o meio, poderão contribuir para: - Aumentar a presença humana nos habitats mais sensíveis; - Dispersar os lixos; - Interferir com a fauna selvagem; - Destruir a flora ;

E, no caso das actividades motorizadas, para além do que vimos, são também responsáveis por:

- Incrementar a erosão dos solos;


- Perturbar e causar estragos em propriedades, sobretudo dos lavradores; - Destruir caminhos usados sobretudo pelos lavradores; - Aumentar o ruído; - Destruir os fimdos aquáticos de lagoas ou lagoeiros.

Terminaria com a apresentação de um extracto de um quadro onde se faz uma classificação do impacto ambiental de algumas actividades de ar livre, proposta pela Revista Integral ( n°163, Julho de 1993). Gostaria de salientar que a classificação apresentada é muito subjectiva e que algumas actividades à partida mais hostis para com o ambiente podem causar menor impacto se forem seguidas determinadas normas de conduta ao passo que, outras tido como ecológicas, poderão ter um impacto bastante negativo se forem realizadas de modo irresponsável.

Actividade

Classificação (de zero a cinco) 0- maior impacto 5- menor impacto

Observações

Andar a pé

5

Motocross

0

Impacto erosivo, ruído, etc.

Ciclismo

5

Escalada e montanhismo

3

As bicicletas todo o terreno não devem abandonar os atalhos. Há que respeitar a fauna.

Espeleologia

3

Surf e windsurf

5

Canoagem

5

Observação de aves

5

Há que deixar as grutas tal como elas forem encontradas.


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