Caderno de resumos

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PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO:

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Relação dos GTs: GT- 01 Teologia e Tradição Oral Prof. Dsc. Irene Dias e Profa. Maria Elise Rivas GT- 02 Identidade, Memória e Cultura Prof. Dsc. Luiz Assunção, Prof. Msc. João Luiz Carneiro e Profa. Érica Jorge GT- 03 Meio Ambiente e Espiritualidade Prof. Dsc. Yuri Tavares e Prof. Esp. Rivas Neto

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GT- 01 Teologia e Tradição Oral Coordenadores: Profa. Dsc. Irene Dias e Profa. Maria Elise Rivas Composição das Mesas: Dia 24/11 Mesa 1. Horário: 11:30hs as 12:30hs 1. A Oralidade nas Religiões Afro-Brasileiras, um caminho para a Formação e o Equilíbrio do Ser na Singularidade e na Pertença da Identidade Humana. Autor: Jaci Ferfila. 2. Como a Teologia pode contribuir para uma nova visão sobre as Religiões afro-brasileiras. Autor: Arthur Ranieri, João Carneiro, José Ferfila. 3. Linguagem simbólica do Sagrado nas Religiões Afro-brasileiras: celebração da essência divina nos Pontos cantados na Escola de Síntese. Autor: Benedita Regina Aparecida Freitas. 4. Presença Simbólica Bantu. Autor: Roberto Francisco de Oliveira. Mesa 2. Horário: 12:30hs as 13:00hs 5. Teologia do Santo Rio São Francisco. Autor: Maria Socorro Isidório. 6. Religiões Afro-brasleiras - Teologia Ori/Bará. Autor: F. Rivas Neto. Dia 25/11 Mesa 3. Horário: 10:30hs as 11:30hs 1. Umbanda Escola da Vida, uma visão da doutrina do Caboclo Mirim no Estado de São Paulo. Autor: Marcelo Nascimento dos Santos. 2. A Iniciação como meio para a preservação e manutenção da Tradição Oral nas Religiões Afro-brasileiras. Autor: Emerson Batista Alves. 3. Um olhar teológico sobre a organização social do terreiro. Autor: Maria Elise Rivas, Sumaia M. Gonçalves. 4. Possíveis contribuições de Walter Benjamin para a Tradição Oral. Autor: João Henrique Cândido de Moura. Mesa 4. Horário: 11:30hs a s12:15hs 5. Múltiplos olhares sobre as religiões afro-brasileiras. Autor: Maria de Lourdes Paixão Fiorino. 6. A cosmovisão no Candomblé. Autor: Pedro Antônio P. Nogueira. 7. Exu entre os Orixás e Internet entre os Terreiros: Símbolos paradoxais em diálogo no século XXI. Autor: João Luiz Carneiro, Athus Rivas.

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GT- 02 Identidade, Memória e Cultura Coordenadores: Prof. Dsc. Luiz Assunção, Prof. Msc. João Luiz Carneiro e Profa. Érica Jorge Composição das Mesas: Dia 24/11 Mesa 1. Horário: 11:30hs as 12:30hs 1. “Vestimenta de caboclo é samambaia”: abordagem teológica de uma espécie vegetal do grupo das Pteridófitas. Autor: Wandir Vieira Leal Santos. 2. Diversidade religiosa, identidade, memória e música: entrecruzamentos narrativos através de histórias de vida e pontos cantados. Autor: Virginia B. de Souza Barbosa. 3. Identidade e Ética a partir da análise de Arquétipos e repetição, baseados no Mito do Eterno Retorno e sua manutenção através dos tempos. Autor: Maria Elvira Stefanelli e Silvino Paixão da Silva. Mesa 2. Horário: 12:00hs as 12:30hs 4. A peregrinação e seus enigmas: o desvendamento na memória do encontro do devoto com o santo vivo. Autor: Marcelo João Soares de Oliveira. 5. Benzer é minha paga – a sobrevivência da memória e das práticas das benzedeiras nos espaços urbanos. Autor: Rosângela Paulino de Oliveira e Maria de Fátima Santos Desombergh. 6. Por uma linhagem mantenedora da Tradição. Autor: Rosângela Paulino de Oliveira, Márcia Medeiros de Lima e Rosângela Estevão da Rocha. Mesa 3. Horário: 12:30hs as 13:00hs 7. O "Lugar" das Religiões Afro-Brasileiras na Esfera Pública. Autor: João Carneiro, Felipe Nestrovsky e José Carlos Barbosa. 8. A memória religiosa afro-brasileira nos museus da cidade de São Paulo. Autor: Marcus Vinícius Rios Barreto. 9. Toda lagarta vira borboleta: O processo da identidade via metamorfose. Autor: Gisele Nallini

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Dia 25/11 Mesa 4. Horário: 10:30hs as 11:00hs 10. Sob o signo da esquerda: o feminino entre pombagiras, mestras e bruxas. Autor: Marcos Alexandre de Souza Queiroz . 11. Repensando as categorias magia e religião para o campo religioso afrobrasileiro: clientelismo ou consulentelismo? Autor: Érica Ferreira da Cunha Jorge. 12. Quando Yemanjá encontra Nossa Senhora: a aproximação de dois mundos na forja da identidade brasileira. Autor: Reinaldo da Silva Júnior. Mesa 5. Horário: 11:00hs a 12:00hs 13. Apartheid Multiculturalista: um debate necessário. Autor: Antonio J. V. da Luz 14. Ritual e Simbolismo, uma analogia entre as sociedades ditas tradicionais e a Civilização Ocidental, com ênfase no estágio de liminaridade, nas Tradições Afro-Brasileiras. Autor: Antonio Carlos Mendonça Viana 15. Escolas Umbandistas: As neutralizadoras das desigualdades. Autor: F. Rivas Neto Mesa 6. Horário: 12:00hs a 12:40hs 16. São Jorge e Ogum: Um percurso do Romanceiro Português aos pontos de Umbanda em João Pessoa. Autor: Roncalli Dantas Pinheiro. 17. A Voz da Jurema. Autor: Marinaldo José da Silva. 18. Identidade: religião e memória. Acomodação e resistência. Autor: Célio de Paula Garcia. 19. O transe entre senhores e caboclos. Autor: Thaís de Lima Lins.

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GT- 03 Meio Ambiente e Espiritualidade Coordenadores: Prof. Dsc. Yuri Tavares e Prof. Esp. Rivas Neto Composição das Mesas: Dia 24/11 Mesa 1. Horário: 11:30hs as 12:30hs 1. Sítios ou Espaços Sagrados nas Religiões Afro Brasileiras. Autor: Maria Elvira Stefanelli e Maurício Marcelino da Silva. 2. O corpo na Umbanda Omolocô. Autor: Maria Elise Rivas, Érica Jorge, Sumaia M. Gonçalves. 3. O Meio Ambiente nas Religiões Afro-Brasileiras. Autor: José Luis Rojas Vuscovich. 4. O conceito de natureza não é natural. Autor: Erick Sasahara, Monize Giraldeli. Mesa 2. Horário: 12:00hs as 12:30hs 5. A Flor do Girassol e seus aspectos magísticos sob a ótica de Marcel Mauss. Autor: Rosângela Paulino de Oliveira e Rosângela Estevão da Rocha. 6. Perda da etnobiodiversidade - Movimento homgeneizante. Autor: Sérgio Cardoso. Dia 25/11 Mesa 3. Horário: 10:30hs as 11:45hs 7. Uma visão do Iniciando/Iniciado das Religiões Afro-Brasileiras sobre o Meio Ambiente e a Espiritualidade. Autor: Osvaldo Olavo Ortiz Solera, Jociane Neves Negrão. 8. Um olhar teológico para as Leis da Natureza: a visão Einsteiniana sobre religiosidade. Autor: João Henrique Cândido de Moura. 9. Sacrifício nas Religiões Afro-Brasileiras. Autor: Fernanda Leandro Ribeiro. 10. Ética da interdependência: A relação do homem com a natureza nas Religiões Afro-brasileiras. Autor: João Luiz Carneiro 11. Saúde e Doença: Cosmovisão nas Religiões Afro-brasileiras. Autor: F. Rivas Neto.

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RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES GT- 01 Teologia e Tradição Oral Coordenadores: Profa. Dsc. Irene Dias e Profa. Maria Elise Rivas A Oralidade nas Religiões Afro-Brasileiras, um caminho para a Formação e o Equilíbrio do Ser na Singularidade e na Pertença da Identidade Humana Autor: Jaci Ferfila Percorrendo investigações de Jean Piaget; Vygotsky; alguns de seus colaboradores e as de outros pesquisadores, sobre as origens e as relações existentes entre a linguagem e a formação do Ser, este trabalho tem como objetivo, situar a oralidade como elemento de formação da singularidade de cada pessoa. Recurso que lhe viabiliza se colocar em seu contexto amplo do humano e na diversidade com a qual ele se relaciona. Esse elemento vai estimulando a formação do pensamento do Ser, possibilitando a compreensão entre signo e significado, em cada etapa do seu crescimento humano. É também, determinantemente terapêutico para a integralidade de cada Ser. Rollo May o coloca como a manifestação do pensamento, que media a experiência do pensamento e da ação, embasando o movimento da vida, realizando a sua manutenção saudável, na diversidade da realidade. Sendo a religiosidade um dos caminhos para a elevação da condição humana (Angerami), as religiões afro-brasileiras, em sua tradição oral, oportuniza importantes vivências terapêuticas, com poder curativo, realizando a Terapia do Diálogo, em tempo circular, gerando condições para a integralidade do Ser. (Mestre Rivas Neto). Como a Teologia pode contribuir para uma nova visão sobre as Religiões afrobrasileiras. Autor: João Carneiro, Arthur Ranieri, José Ferfila Definir religião contemplando toda a sua complexidade é praticamente inviável. Mesmo para as religiões “ocidentais”, portanto institucionalizadas, as várias áreas do saber acadêmico encontram dificuldades. Quando aproxima de uma posição de Oralidade, os problemas são potencializados. Fazendo uso de uma abordagem transdisciplinar, serão discutidos alguns conceitos clássicos de “religião”.

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Paralelamente, especificamente no Brasil, as Religiões Afro-brasileiras representam uma importante abertura no campo teológico. A partir desta constatação, a presente comunicação tem como objetivo cotejar as contribuições para o conceito de religião com a proposta teológica das Religiões Afro-brasileiras expressa na ideia de Escolas. Linguagem simbólica do Sagrado nas Religiões Afro-brasileiras: celebração da essência divina nos Pontos cantados na Escola de Síntese Autor: Benedita Regina Aparecida Freitas A linguagem simbólica de comunicação com o Sagrado se faz presente, não só na arte representada nos meios literários do setor acadêmico, na inspiração de poetas simbolistas, mas também nas Religiões afro-brasileiras, na letra dos pontos cantados na Escola de síntese. Essas Tradições religiosas, ao reverenciar o Sagrado utilizam uma linguagem simbólica rica em seu significado, atendendo aos diversos níveis de percepção do divino. E a profundidade, o caráter celebrativo da linguagem simbólica dos pontos cantados, leva o adepto das Religiões afro-brasileiras, a ir além das complexidades aparentes, e nas coisas simples estabelecer o encontro consigo mesmo e com o cosmo divino e essencial, o coletivo. Presença simbólica bantu Autor: Roberto Francisco de Oliveira Os pioneiros da historiografia e etnografia nacionais imaginaram uma pacífica adesão dos negros ao cristianismo, por uma assimilação dos dominados à religião dos dominantes. Esse processo de esvaziamento da cultura original e preenchimento com a cultura alheia foi facilitado, segundo esses pesquisadores, pela inferioridade da cultura africana. Implanta-se, pois, o mito da conversão bantu aos componentes cristãos. Nossa pesquisa nega essa teorização, procurando afirmar a preservação do imaginário bantu pelos recursos da ressignificação e resistência. Desprovidos de instituições, de legitimação social, de templos, os escravos, pela tradição oral, perpetuaram parte significativa de seu patrimônio cultural-religioso nos trópicos. Teologia do Santo Rio São Francisco Autor: Maria Socorro Isidório Sob o céu noturno do sertão das gerais, navegando nas águas do São Francisco, velhos pescadores artesanais travam contato com o sagrado através de formas simbólicas que bordam o manto celeste, dando-lhe brilho e encantamento. Estas experiências místicas vividas espiritualmente junto ao

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rio nos mostram uma teologia elaborada sincreticamente com tramas do cristianismo, da cultura ribeirinha e seus mitos fantásticos do rio, entrelaçados a mistérios de Deus, ao cuidado com o rio e a natureza conduzidos pela via da tradição oral como uma forma reprodução e sobrevivência da religiosidade de homens e mulheres que se encontram às margens de instituições religiosas. Neste trabalho versaremos sobre experiências profundas de encantamento, invocação e sentido de proteção de Deus vivenciadas junto à natureza, Livro sagrado. Umbanda Escola da Vida, uma visão da doutrina do Caboclo Mirim no Estado de São Paulo Autor: Marcelo Nascimento dos Santos A Umbanda, religião brasileira, possui em sua formação ao longo do tempo, diversas escolas que contribuíram fundamentalmente para sua consolidação e propagação em nosso país como em outros países da América latina e por que não dizer em outros continentes. Dentre as escolas existentes e em formação no Estado de São Paulo, encontramos a doutrina do Caboclo Mirim, que foi estruturada no Rio de Janeiro nos anos vinte e trazida para São Paulo por Felix Nascentes Pinto nos anos cinquenta através da fundação da Associação Espírita Luz e Verdade, Tupã Oca do Caboclo Arranca Toco. Fundamenta em hierarquias da língua tupi guarani, propõe aos seus seguidores uma visão em que a Umbanda é coisa séria para gente séria e que quer se tornar séria, utilizando conceitos próprios de vestimenta, sacramentos, coroação, ritualização e denominação para médiuns em transe mediúnico ou não. O trabalho em questão propõe uma análise da doutrina estabelecida pelo Caboclo Mirim, sua influência regional, a forma como foi difundida e adaptada no Estado de São Paulo e como continua agregando seguidores. A Iniciação como meio para a preservação e manutenção da Tradição Oral nas Religiões Afro-brasileiras Autor: Emerson Batista Alves A teologia pode ser entendida como o discurso sobre as coisas divinas, e falar em Religiões Afro-brasileiras é tratar da diversidade e pluralidade, da fusão e sincretismo entre as várias formas de manifestações, idéias, caminhos, culturas, pensamentos e imaginários populares para traduzir o sagrado, a divindade. A tradução e expressão das Religiões afro-brasileiras se dão através da Tradição Oral, por meio de testemunho direto, de geração para geração perpassando pelas experiências e vivências ancestrais. Assim podemos

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destacar o papel fundamental da Iniciação como meio para a preservação e manutenção da Tradição Oral nas Religiões Afro-brasileiras. Religiões afro-brasileiras - Teologia Ori/Bará Autor: F. Rivas Neto A Teologia das religiões afro-brasileiras tem como objeto de estudo o pensamento, a cosmovisão e os fenômenos sócio-culturais e espirituais das religiões de matriz afro-brasileiras ou simplesmente brasileiras. As religiões afro-brasileiras têm como característica fundamental a Tradição Oral, ou seja, o conhecimento se encadeia na herança deixada e transmitida de geração a geração, constituindo os núcleos epistêmicos, social, ético e principalmente da fé e rituais que expressam os mitos e as crenças. Nestas tradições religiosas o conceito fundamental é calcado na vivência coletiva e individual das divindades sobrenaturais – Orixás (no conceito JejêNagô) tidos como Pais ou Genitores Divinos ou dos Ancestrais – Pais de Linhagens. Um olhar teológico sobre a organização social do terreiro Autor: Maria Elise Rivas, Sumaia M. Gonçalves. Este artigo analisa a organização da comunidade terreiro em sua ação ritoliturgica. Descreve o espaço físico necessário para que se realize o ritual e as diversas funções dos membros participantes da comunidade, como sacerdote, curimba, cambonos, médiuns de transe, ogãs, enfatizando a importância dos mesmos e suas inter-relações, bem como o valor das mesmas dentro da ritualística. Dento dos aspectos litúrgicos a umbanda apresenta um complexa estrutura desde os pés descalços, a dança, vestimentas, guias ou ilekês, defumações, ervas frescas, pontos riscados, ponteiros, velas, charutos entre outros, que serão descritos considerando a função dos mesmos na execução do rito. Possíveis contribuição de Walter Benjamin para a Tradição Oral Autor: João Henrique Cândido de Moura Dentro do universo das religiões afro-brasileiras a Tradição Oral é de suma importância, uma vez que muitos saberes são transmitidos através dela. Na academia, um autor de destaque da Escola de Frankfurt é Walter Benjamin. Nos seus escritos, Benjamin disserta sobre a Arte de Narrar e o quanto a Modernidade Capitalista contribuiu para o seu apagamento. Assim, o contar histórias, ouvir o outro são pontos importantes na obra desse autor. Sendo

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assim, a partir dos trabalhos do referido autor pretende-se neste artigo realçar a dimensão da narrativa para a produção de conhecimento, tecendo relações, contribuições para o conceito-macro da Tradição Oral. Múltiplos olhares sobre as religiões afro-brasileiras Autor: Maria de Lurdes Paixão Fiorino Pretendo o presente artigo refletir acerca do processo de aquisição do conhecimento, partindo para isso de uma abordagem sobre o período chamado de “Iluminismo” (séculos XVII e XVIII), que segundo Karen Armstrong (Uma História de Deus, 2008), não trouxe ao mundo apenas a cientificidade racional dos testes empíricos destituída de qualquer religiosidade, mas também pensadores que encontraram naquele período de transição uma forma de crer e pensar. Há nos momentos de crise, digamos, um impulso que move o homem desde seu interior, algo que o mobiliza, transforma a energia em círculos tirando esse ser da sua zona de conforto, tirando-o da passividade, e por conta desse impulso muitas vezes o ser humano extrai o melhor de si desde seu interior. Acreditamos neste trabalho que o ajuste de caminho só é possível quando nos encontramos diante de crises, de limitações, que permitem e até exigem o enfrentamento, a transformação, a mudança, a chamada entropia. A Cosmovisão no Candomblé Autor: Pedro Antonio P. Nogueira O presente artigo não tem a pretensão de esgotar o tema, mas introduzi-lo de maneira a estimular a pesquisa sobre outras maneiras de se entender o universo. Aqui, trazemos de forma sucinta a cosmovisão dos Iorubas através do candomblé - uma visão complexa, cheia de simbolismos e profundamente dialética. Exu entre os Orixás e Internet entre os Terreiros: Símbolos paradoxais em diálogo no século XXI Autor: João Luiz Carneiro, Athus Rivas Os mitos existentes nas religiões afro-brasileiras tratam Exu de múltiplas formas. Uma delas, e talvez a mais importante, seria o elo de comunicação de todos os Orixás e, consequentemente, de todo o sistema. Esta função permite conectar realidades naturais e sobrenaturais de maneira ampla. Concomitantemente, a rede mundial de computadores tem ocupado um papel fundamental na conexão entre terreiros de diversos lugares do Brasil e do mundo, bem como oriundo de diferentes tradições. Parece que novamente

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Exu atua ressignificando suas ferramentas face à tecnologia do terceiro milênio. A presente pesquisa procura introduzir algumas relações deste aparente paradoxo.

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GT- 02 Identidade, Memória e Cultura Coordenadores: Prof. Dsc. Luiz Assunção, Prof. Msc. João Luiz Carneiro e Profa. Érica Jorge “Vestimenta de caboclo é samambaia”: abordagem teológica de uma espécie vegetal do grupo das Pteridófitas. Autor: Wandir Vieira Leal Santos O presente trabalho em sua etnografia religiosa pretende destacar aspectos morfológicos de uma planta conhecida como samambaiaçu. O conjunto de folhas da planta, ordenados em círculo já nos remete a elementos do vestuário indígena, presentes no imaginário popular. Na representação litúrgica da entidade espiritual que se manifesta como caboclo na Umbanda, os cocares de penas são associados à matriz indígena que habita nas matas; os ancestres das terras brasileiras. Nossa inspiração veio inicialmente do tradicional ponto cantado em diversos terreiros cuja letra menciona o caboclo, sua vestimenta e a referida planta. Em nosso trabalho de campo selecionamos material botânico para aprofundarmos o estudo que nos deu como resultado a possibilidade de estabelecermos relações que ampliaram nossos conhecimentos do vegetal, associados à simbologia que envolve saberes científicos, artísticos e teológicos. Diversidade religiosa, identidade, memória e música: entrecruzamentos narrativos através de histórias de vida e pontos cantados Autor: Virgínia B. de Souza Barbosa Este trabalho é resultado parcial de uma pesquisa em andamento desenvolvida no âmbito do Grupo de Estudo Numera, linha 2, Identidade, memória e cultura, cujo projeto de pesquisa intitula-se Diversidade (da e) na memória musical afro-brasileira. Este artigo é um “exercício etnográfico entrecruzado”, reflete a natureza do campo de estudos que escolhido, tanto do ponto de vista prático quanto teórico. O objeto de estudo é a umbanda, mas não a umbanda consensualizada por uma maioria de adeptos, ou mais reflexivamente, pelo esforço de suas federações e pela “imparcialidade” de dados censitários. Pretendo apresentar algumas das teorias defendidas por especialistas e adeptos em relação a diversidade religiosa, extraídas tanto de leituras localizadas no âmbito das ciências sociais e da religião, quanto de relatos de história de vida e trajetória religiosa de pessoas que tem a umbanda como religião, obtidos através de trabalho de campo recente.

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Identidade e Ética a partir da análise de Arquétipos e repetição, baseados no Mito do Eterno Retorno e sua manutenção através dos tempos Autor: Maria Elvira Stefanelli, Silvino Paixão da Silva Este Artigo tem por objetivo iniciar um estudo sobre o que caracteriza a identidade do homem religioso, sua crença e ética, focadas no princípio de arquétipos, repetições e o mito do eterno retorno. Como surge essa identidade? O que diferencia um homem religioso do não religioso? Como se processa esse sentimento de nostalgia desse regresso contínuo ao tempo mítico – tempo cíclico-, e como este processo ritimou o desenvolvimento dessas culturas que, mesmo sofrendo influências das normatizações impostas aos vários padrões de conduta social por pensamentos, filosofias e políticas, ainda persiste no âmago de todos os seres, fazendo com que busquem conexão nas religiões, independente da linha de fundamentação destas. O porquê de uma resistência à chamada história, ou às marcações de Tempo do tempo concreto, histórico- linear. Como as características culturais, ontológicas, das sociedades denominadas “arcaicas”, “a-históricas” se estabeleceram e mantem-se ao longo dos séculos Para o estudo, utilizamos como ponto de partida, os livros “ O Mito do Eterno Retorno” e “O Sagrado e o Profano” – de Mircea Eliade, e a vivência no Templo da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino. A peregrinação e seus enigmas: o desvendamento na memória do encontro do devoto com o santo vivo Autor: Marcelo João Soares de Oliveira A peregrinação tem revelado enigmas que podem ser intuídos nos gestos e expressões dos peregrinos, o que coloca um novo desafio a ser alcançado pelos pesquisadores que se sujeitam a investigar as peregrinações no contexto da memória de um relacionamento afetivo. Nas peregrinações, em Canindé, CE, os peregrinos procuram o santo Francisco que, segundo os devotos, se encontra vivo e escondido na cidade. Esse enigma é o elemento fundamental da memória desses devotos. Na medida em que os peregrinos falam de seu santo protetor, os seus enigmas refletem o seu cotidiano e a condição social em que vivem e qual realidade desejam alcançar. Esses enigmas funcionam como teias invisíveis, que agregam os desagregados, nutrem a identidade de indivíduos e grupos sociais e consolidam um sentimento de pertença ao grupo.

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Benzer é minha paga – a sobrevivência da memória e das práticas das benzedeiras nos espaços urbanos Autor: Rosângela Paulino de Oliveira, Maria de Fátima Santos Desombergh Segundo a teóloga Ivone Gebara (2006) as mulheres são seres para os outros. E os homens são seres para si mesmos. É com este pensamento que começamos a narrar à história das benzedeiras e rezadeiras das periferias de São Paulo. De regiões caracterizadas pela forte concentração de população negra e pobre. As entrevistadas mulheres que fazem da sua vida uma profissão de fé e a mais tempo do que se lembram acordam todas as manhãs com pessoas batendo a sua porta em busca de uma benção para os mais diversos tipos de problemas. Benzem, rezam, firmam pontos, fazem trabalhos para fechar o corpo, para curar o corpo e a “alma” e não cobram nada. Oriundas de diversos estados e regiões do Brasil legitimam seu saber a partir do local de origem e carregam a sina de ter que transmitir esses saberes para seus descendentes, mesmo com os desafios que a modernidade lhes impõe. Por uma linhagem mantenedora da Tradição Autor: Márcia Medeiros de Lima, Rosângela Estevão da Rocha, Rosângela Paulino de Oliveira Este trabalho tem como objetivo apresentar um breve relato acerca da linhagem e tradição nas religiões afro-brasileiras a partir da vivencia no espaço terreiro através da presença do Babalorisà ou Ìyálórìsà (Pai ou Mãe de Santo), que são os guardiões dos segredos e mistérios e mantenedores da raiz ali plantada. Raiz esta que se manifesta através da linhagem por meio da transmissão de forma ética e ininterrupta de conhecimentos, sentimentos e bênçãos passadas pelos Guardiões aos seus filhos e filhas, ou seja, aos iniciados. Os fundamentos da tradição são transmitidos de forma oral através dos ritos, mitos, pontos cantados, vivências nos sítios vibratórios da natureza, com o objetivo de propiciar a conexão com os Òrìsàs e diminuir a distância entre Aye (Terra) e Orum (espaços siderais). Identidade: religião e memória. Acomodação e resistência Autor: Célio de Pádua Garcia Este artigo propõe uma análise, embora sucinta, da inserção do negro e negra nas comunidades e a constituição de sua identidade manifesta através da esfera social, cultura e religião. Entendemos que a identidade dos povos é eminentemente social e se faz através da linguagem (FAIRCLOUGH, 2001), da religião, dentre outras formas, e se manifesta de forma social-étnica e ou

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cultural, ora acomodando, ora resistindo. A manifestação e a percepção que os homens e mulheres negros têm de sua identidade depende das condições materiais de vida e da natureza das múltiplas vozes que constituem sua consciência e sua atuação. O candomblé se manifesta como a voz que congrega homens e mulheres afrodescendentes a se firmarem como etnia, cultura e religiosidade nas comunidades em que se encontram. O transe entre senhores e caboclos Autor: Thaís de Lima Lins Este artigo tem por objetivo analisar a performance corporal da experiência extática nos rituais do Tambor de Mina, manifestação religiosa de origem africana presente no norte do Brasil, sobretudo no Maranhão e no Pará. O momento do transe é a ocasião em que as entidades se manifestam nos médiuns, e estabelecem consultas aos fiéis ou dançam ritualmente. Pretendo realizar descrição densa dos rituais do Tambor de Mina realizando pesquisa de campo no Terreiro de Mina Nagô Nossa Senhora da Batalha, situado no bairro do Guamá, Belém/PA. Estabelecerei a distinção existente do transe de Senhores (nobres gentis nagôs, voduns e orixás) e Caboclos (turco, juremeiro, codoense, bandeirantes), a partir da noção de técnicas corporais, de Marcel Mauss e dos conceitos de transe em Ioan Lewis e performance de Victor Turner. O "Lugar" das Religiões Afro-Brasileiras na Esfera Pública Autor: João Carneiro, Felipe Nestrovsky, José Carlos Barbosa A emergência de um espaço, no qual, assuntos de interesse geral seriam expostos, mas também controvertidos, debatidos, criticados, para, então, dar lugar a um julgamento, síntese ou consenso é, segundo Habermas, um dos conceitos aceitos sobre esfera pública. No presente trabalho, analisaremos o conceito de esfera pública partindo do autor, buscando situar as religiões afro-brasileiras. Para tal análise, apresentaremos como as tradições orais conquistaram seu espaço em um ambiente onde a escrita é tida como forma privilegiada de poder (academia) e entender como a teologia da tradição oral das religiões afro-brasileira permite a inclusão destas religiões na esfera pública simplificando no simbolismo de Exu.

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A memória religiosa afro-brasileira nos museus da cidade de São Paulo Autor: Marcus Vinícius Rios Barreto A proposta de comunicação remete a uma pesquisa, em andamento, cujo objetivo é analisar a questão da memória no âmbito das religiões afrobrasileiras, a partir de coleções museológicas existentes na cidade de São Paulo. O antropólogo Raul Lody, na obra O negro no museu brasileiro: construindo identidades (Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005), aponta algumas metodologias possíveis para esse tipo de análise. Historicamente, a cultura material das religiões de matriz africana foi preservada, no Brasil, tanto em espaços convencionais - museus propriamente ditos - quanto naqueles que ultrapassaram a convenção institucional, ampliando o conceito de museu. Nessa linha de raciocínio, o Museu Afro Brasil e o Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-brasileiras são os paradigmas para a pesquisa mencionada. Sob o signo da esquerda: o feminino entre pombagiras, mestras e bruxas Autor: Marcos Alexandre de Souza Queiroz A comunicação procura refletir sobre a simbólica da "esquerda" presente no contexto juremeiro de Natal/RN, em relação a entidades femininas pombagiras, mestras da Jurema e bruxas. Na literatura sobre os cultos afrobrasileiros e na vivência etnográfica, percebi que a "esquerda" se expressa através de imagens socialmente condenáveis. Uma serie de elementos compõem esse aspecto dos cultos, que sob o prisma cristão, é reprovado. Por outro lado, pombagiras, mestras da Jurema e bruxas colocam em reflexão experiências de vida de mulheres lançadas a marginalidade. Minha intenção é mostrar como o meio religioso, ciente da imagem que possui na sociedade envolvente, utiliza da mesma simbólica na constituição do cenário para afirmação dos poderes dessas entidades da "esquerda". Repensando as categorias magia e religião para o campo religioso afrobrasileiro: clientelismo ou consulentelismo? Autor: Érica Ferreira da Cunha Jorge Uma das marcas históricas das religiões afro-brasileiras associa-se à magia. Não por acaso um dos temas fundamentais da antropologia e sociologia da religião clássicas foi a categorização dos conceitos opostos magia e religião, vide os trabalhos de Max Weber (1904), Marcel Mauss (1904) e Durkheim (1912).

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A proposta deste trabalho é repensar esses conceitos tendo como objeto o atual campo religioso afro-brasileiro, particularmente o umbandista. Farei uma breve revisão na literatura sobre como estes conceitos foram apresentados e analisar se eles ainda servem para uma análise atual. Nesse sentido farão parte das discussões questionamentos sobre a configuração da religião umbandista na atualidade, as estratégias de relacionamento entre terreiros seja de visibilidade nacional seja como fortalecimento interno da comunidade e ainda uma breve análise de como a relação pai(mãe)-de-santo e filho(a)-de-santo se estabelecem, ora como clientelista ora como consulentelista. Quando Yemanjá encontra Nossa Senhora: a aproximação de dois mundos na forja da identidade brasileira Autor: Reinaldo da Silva Junior Duas representações do sagrado feminino – Yemanjá e Maria – histórias míticas que trazem em suas narrativas a imagem afetiva que a figura feminina representa para seus povos. Estes significados simbólicos, carregados de emoção e sentimentos próprios, se encontram nas terras brasileiras e se identificam, uma identidade que vai para além das particularidades que os separava. Este elo é o arquétipo do feminino e suas características fenomenológicas. Este estudo procura encontrar vestígios desta hipótese na experiência religiosas dos crentes e na investigação fenomenológica destas duas figuras em suas tradições. Procurar compreender o que construiu a ligação entre Yemanjá e Maria ultrapassando o discurso sociológico que nos remete á perspectiva do sincretismo como estratégia política, penetrando nas raízes psicológicas e espirituais deste vínculo, este é o percurso que o texto pretende traçar na análise do tema. Apartheid Multiculturalista: um debate necessário Autor: Antonio J. V. da Luz Se a mestiçagem foi um fato social incontestável na formação e na constante reconstrução da identidade do povo brasileiro, na arena das idéias ainda existem dissonantes interpretações de seu valor. O encontro das três etnias se deu no contexto do globalizado mercantilismo escravocrata, foi inicialmente estimulada como política de Estado para ocupar o território colonial. Posteriormente rechaçada pelo eugenismo científico por produzir degenerações, mais tarde, enaltecida na “fábula das três raças” e criticada como utopia de “democracia racial” pelos multiculturalistas e racistas diferencialistas. No campo religioso afro-brasileiro a tradição de convivência e

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de diálogo entre estas diversidades podem servir de contraponto à ideologia multiculturalista, que é antiutópica, porém, também é um discurso de apartheid. Ritual e simbolismo, uma analogia entre as sociedades ditas tradicionais e a civilização ocidental, com ênfase no estágio de liminaridade, nas tradições afro-brasileiras Autor: Antonio Carlos Mendonça Viana Este trabalho visa fazer uma analogia entre os estudos feitos pelos Antropólogos Arnold Van Gennep e Victor Turner a respeito de Rituais de passagem de povos tradicionais mostrando as fases dos mesmos, a fase de transição que os indivíduos passam desde o início, durante e depois dos Rituais. Depois faremos uma analogia entre esses Rituais e os de nossa sociedade, levando em conta textos publicados pela Antropóloga Mariza Peirano e minhas próprias ideias, mostrando a similaridade entre as civilizações, associando com os Rituais das tradições afro-Brasileiras, dando ênfase a fase liminar ou de liminaridade do indivíduo envolvido nesses Rituais (Neófito). Escolas Umbandistas: As neutralizadoras das desigualdades Autor: F. Rivas Neto Na Umbanda, pela diversidade dos seus adeptos, há também uma diversidade de rituais e de formas de transmissão do conhecimento. A essas várias formas de entendimento e vivência da Umbanda denominamos Escolas Umbandistas. Todas as Escolas Umbandistas estão baseadas na Tradição Oral. No mundo pós-moderno em que na academia tudo é Tradição Escrita, como podemos referenciar a Tradição Oral? Não é referenciar, mas sim entender o processo. Tudo começa na ideação (imanifesto) que se manifesta no pensamento (1ª instância), para a seguir se apresentar como verbalização (oralidade – 2ª) e, finalmente, a escrita (a 3ª). Sim, da ideação à escrita temos três fases de manifestação. Toda lagarta vira borboleta: o processo da identidade via metamorfose Autor: Gisele Nallini Interligando a história pessoal a dinâmica histórica, podemos destacar o processo da construção da identidade buscando através de representações, a articulação da igualdade e da diferença onde encontramos a metamorfose identitária nas relações entre os tempos – presente, passado e futuro. Para

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tanto, buscamos as características individuais sendo coletivizadas na construção dessa identidade. Demonstrando que o que era singular, portanto, individual, passa por uma metamorfose e se torna universal ao ser coletivizado. Em via de processo sincrético, a identidade é forjada na objetividade do indivíduo, pautando-se na subjetividade de suas escolhas, tornando-se objetivo ao se concretizar. Há, portanto, uma troca, tanto do que era individual, quanto do que era coletivo. A história pessoal modificando a história coletiva como via de mão dupla. O sincretismo da identidade metamorfoseada pelas escolhas. São Jorge e Ogum: Um percurso do Romanceiro Português aos pontos de Umbanda em João Pessoa Autor: Roncalli Dantas Pinheiro O mito sempre vincula elementos da materialidade da voz a uma ação corporal de memória, a um rito, em que a expressão extrapola a condição de signo e transforma-se em objeto modificador da realidade referencial da comunidade. Os arquétipos que fornecem os elos míticos de força, conquista e proteção entre São Jorge e Ogum do catolicismo popular cristão à Umbanda promovem um deslocamento de expectativas do devoto ou iniciado para um espaço-tempo futuro, de empreendedorismo. Este artigo propõe uma discussão sobre o desenvolvimento deste imaginário fixado anteriormente em textos do Romanceiro tradicional Português e atualmente nos pontos cantados em Umbanda, com o objetivo de fornecer dados sobre o percurso desta simbologia, fornecendo elementos para a compreensão identitária local. A Voz da Jurema Autor: Marinaldo José da Silva Trataremos de questões da identidade cultural da voz em meio aos Mestres na Jurema, enquanto manifestação mágico-religiosa e ritualística. É essencialmente relevante dizer que os Mestres, aqueles que exercem com destreza o seu ofício no ritual e que incorporam nos seus „cavalos‟, filhos de jurema, são responsáveis por todo o processo da cerimônia. Utilizaremos alguns resultados de pesquisa de campo sobre a Jurema. A base da exposição será nos pontos cantados de Jurema, na sequência do ritual, que obedecem a uma ordem de chamada das entidades que compõem o universo Desses encantados, nas bebidas oferecidas a Eles, no figurino utilizado, na fumaça do cachimbo, nas oferendas, até onde poderemos revelar, já que a “Jurema é um pau encantado, é um pau de ciência que todos querem saber”.

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GT- 03 Meio Ambiente e Espiritualidade Coordenadores: Prof. Dsc. Yuri Tavares e Prof. Esp. Rivas Neto Sítios ou Espaços Sagrados nas Religiões Afro-Brasileiras Autor: Maria Elvira Stefanelli, Maurício Marcelino da Silva E ste trabalho tem por objetivo procurar definir o que é sítio ou espaço sagrado para as religiões afro-brasileiras. Compete-nos antes, definir o que seja sagrado, espaço (ou sítio), o que são locais sagrados para as demais religiões e para as religiões afro- brasileiras. Entendemos por sagrado a manifestação de um aspecto do poder divino; aquilo que manifesta, a experiência do divino, do numinoso (Rudolf Otto). Sagrado é tudo aquilo que não é profano. Segundo Mircea Eliade, o sagrado pode se dar nas coisas, nos objetos, tal como uma pedra, uma árvore, um cálice de vinho, um local, seja ele uma gruta ou uma casa, uma igreja, um templo. Sendo o sagrado a realidade objetiva (absoluto), o local em que ele se manifesta é o único que é, o único que realmente existe. O sagrado se manifesta a partir da instituição de um ponto-fixo primordial, de um centro que permite a orientação, e que possa servir de guia em meio ao caos. Para as religiões afro-brasileiras, os sítios ou locais sagrados são núcleos elementais ou eletromagnéticos, cuja força vibratória entra na função de receber, levar e devolver trabalhos de qualquer natureza. As montanhas, os campos, as matas, as praias, o mar, as cachoeiras, as pedreiras e os rios, entre outros muitos lugares, são locais em que se reverenciam ao ar livre os ancestrais e se fazem pedidos de luz, saúde, paz, alegria e espiritualidade. Esses espaços são reverenciados como mananciais da energia vital, axé, força geradora e mantenedora de toda a existência. Além disso, representam a manifestação do poder de seres sagrados denominados orixás. Saúde e doença: cosmovisão nas religiões afro-brasileiras Autor: F. Rivas Neto A saúde é um processo. A não efetivação do processo promove doença. Não há saúde ou doença, há sim indivíduos saudáveis ou doentes. O processo da saúde está relacionado ao trânsito normal de equilíbrio enquanto o processo da doença relaciona-se ao trânsito anormal ou desequilíbrio da parte psíquica (mente), afetiva, física e social. O equilíbrio mencionado relaciona-se ao indivíduo sadio (corpo fechado), imune às doenças psicossomáticas e mesmo as sobrenaturais. A grande diferença com outras propostas de cura, como a da medicina tradicional, é que para as religiões afro-brasileiras saúde se

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relaciona à boa articulação do axé, conceito definido como o princípio e poder de realização (energia vital). O corpo na Umbanda Omolocô Autor: Maria Elise Rivas, Sumaia Gonçalves, Érica Jorge O corpo na umbanda é compreendido em sua totalidade e encerra em si os símbolos do natural e sobrenatural. Ele é a face visível da espiritualidade a expressão do universo na versão microcósmica. Um patrimônio espiritual que reconstrói em si a ancestralidade individual e coletiva por meio dos processos rituais. Desta forma, o corpo na umbanda é sagrado, sendo um meio e fim para a expressão da espiritualidade. As práticas rituais que envolvem o corpo e as relações interpessoais que são estabelecidas nos terreiros possibilitam o reconhecimento da tradição, a sabedoria e o conhecimento, que são próprios da religiões afro-brasileiras. O conceito de natureza não é natural Autor: Erick Sasahara, Monize Giraldeli O propósito desta comunicação é realizar uma leitura da relação do homem com a natureza, na qual, remonta o problema da crise climática atual e suas ameaças com uma abordagem com o foco na Espiritualidade. Mesmo buscando uma visão ampla sobre espiritualidade, em muitos momentos o autor demonstra sua visão de mundo, dual – certo e errado, céu e inferno. Para essa abordagem, o autor chama atenção para o fato de que apesar das diversas descobertas do homem, ele somente enxergou a Terra como algo finito a partir da década de 1960 com a chegada do homem ao espaço. Somente quando olhou a Terra de fora, o homem se deu conta que de fato faz parte do planeta. Segundo análise elaborada, Boff chega ao seguinte caminho para a “salvação” da humanidade: Ética e Espiritualidade. Ética foi trabalhado na ótica da compaixão, do respeito, da responsabilidade, da cooperação e, sem Espiritualidade, a Ética não se sustenta. A Flor do Girassol e seus aspectos magísticos sob a ótica de Marcel Mauss Autor: Rosângela Paulino de Oliveira e Rosângela Estevão da Rocha Este trabalho tem como objetivo apresentar brevemente os aspectos magísticos e ritualísticos da Flor do Girassol, devido à sua utilização nas Religiões Afro-Brasileiras pelos Sacerdotes e Sacerdotizas responsáveis pela manipulação das plantas em seus aspectos magísticos, aspectos esses, a serem

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analisados sob a ótica de Marcel Mauss. A Flor do Girassol coloca-se na posição do nascente, antes do Sol surgir na abóbada celeste e acompanha seu trajeto até que se ponha, girando toda a planta com ele. Durante a noite sob os raios sub-lunares, a planta gira em sentido contrário, do poente ao nascente e coloca-se novamente a espera do nascimento do astro rei. Seu movimento é belo, é mágico e repete-se diuturnamente até que a planta entra em processo de maturação quando se fixa na posição do nascente. Perda da etnobiodiversidade – movimento homogeneizante Autor: Sérgio Cardoso O desenrolar civilizatório estabeleceu ao longo do tempo a padronização das relações humanas intrínsecas e extrínsecas. Esse processo sempre foi desenvolvido como um movimento homogeneizante, impactando profundamente o meio ambiente, tanto biológico como social. Práticas humanas de apropriação do mundo exterior prejudicam não só para a biodiversidade, como o fortalecimento da indústria agropecuária, mas também para a etnodiversidade. Esta última que está intimamente ligada a primeira, apresenta-se de modo menos explicito. Mas quem poderia negar que o fortalecimento do poder sempre exigiu que houvesse uniformização comportamental do “homem”? Esse processo de dominação está relacionado com perda da etnobiodiversidade? É possível estabelecer relações entre a multiplicidade religiosa e a etnobiodiversidade? Uma visão do Iniciando/Iniciado das Religiões Afro-Brasileiras sobre o Meio Ambiente e a Espiritualidade Autor: Osvaldo Olavo Ortiz Solera e Jociane Neves Negrão Dentro das religiões afro brasileiras, preparam-se seres humanos para uma nova visão sobre a espiritualidade por meio de um trinômio : Método, Epistemologia, Ética. Toda a vivência do iniciante/iniciado é profundamente marcada pelo estudo aprofundado, pela vivência com um pai espiritual ou mestre e pela ritualização destes processos. Por meio deste trinômio, o iniciante/iniciado é levado a uma experiência de sentido novo, e não de um saber codificado. Tudo tem a ver com a experiência profunda do ser humano, com seu mergulhar nas raízes últimas da realidade, antes que estas se organizem em ordem e sistema, em saber e instituição, constituindo o campo da experiência do espírito, donde vem espiritualidade. Esta experiência é única e o iniciando/iniciado passa a ter uma relação com o meio em que vive de forma mais responsável e ética. O contato com a natureza vem com a

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certeza de que tudo é perpassado do divino, do natural para o sobrenatural, do imanente para o transcendente. Um olhar teológico para as Leis da Natureza: a visão Einsteiniana sobre religiosidade Autor: João Henrique Cândido de Moura Partindo de uma visão macro sobre o conceito de Meio Ambiente (conjunto de princípios físicos, químicos e biológicos relacionados com os mecanismos reguladores da vida) e considerando Religião e Ciência campos indissociáveis, assentamos o artigo na premissa de que as Leis da Física são princípios científicos fundamentais para o entendimento da natureza, mas não suficientes. Assim, o Cartesianismo e a Racionalidade Técnica representam uma possibilidade de compreensão do mundo, mas não se esgotam em si mesmos. Portanto, a dimensão do Espiritual revela-se importante à incessante busca do homem que culmina em saberes diversos. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo central tratar as posições acerca da religião de um dos mais proeminentes cientistas que a humanidade já conheceu: Albert Einstein. Sacrifício nas Religiões Afro-Brasileiras Autor: Fernanda L. Ribeiro O sacrifício ou oferenda é um elemento muito importante dentro das religiões afro-brasileiras. É por meio desta ação ritual que se transmite o axé de um animal para uma pessoa, uma comunidade ou um assentamento visando seu fortalecimento e re-equilíbrio. Ele é também ofertado aos ancestrais e Divindades como meio de restituição. Se entendermos que na visão de mundo das religiões afro-brasileiras todas as coisas são interligadas e interdependentes, torna-se possível compreender que não se trata de um ato de morte, mas sim de transferência de vida entre os seres, visando à manutenção de um sistema amplo que inclui: Divindades, Ancestrais, a humanidade e todo o universo. O Meio Ambiente nas Religiões Afro-Brasileiras Autor: José Luis Rojas Vuscovich Sabe-se que é fundamental e primordial conservar os recursos naturais, proteger a natureza e viver em harmonia com o que está em torno de nós, já que não temos outra Terra, nem como recuperar recursos e espécies que já extinguimos. Hoje em dia, muitos artigos, estudos e pesquisas abordam o

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tema do meio ambiente como parte fundamental em todas as áreas de conhecimento: na economia, na ecologia, na psicologia, na geografia e na saúde, tanto do individuo quanto da Terra. Além disso, o meio ambiente também desempenha papel fundamental em muitas religiões. Este trabalho pretende apontar e conhecer, em termos gerais: o que é o meio ambiente; como as religiões afro-brasileiras percebem o meio ambiente; as relações e aproximações destas com a natureza; e, como ele é incorporado nas práticas litúrgicas das religiões afro-brasileiras e seus adeptos. Ética da interdependência: A relação do homem com a natureza nas Religiões Afro-brasileiras Autor: João Luiz Carneiro Adela Cortina classifica de forma didática a Ética em três grandes momentos: “éticas” do Ser, “éticas” da consciência e “éticas” da linguagem. A presente comunicação utilizará estas categorias vis-à-vis com possibilidades de compreensão da ética exercitada nas religiões afro-brasileiras. Como chave de compreensão para as religiões afro-brasileiras, será utilizada a ideia de interdependência aplicada objetivamente ao meio ambiente quando considerado a realidade natural, sobrenatural e social.

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