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Governo Lula da Silva completa 4 meses. E...
from J3 NEWS EDIÇÃO 335
by terceiravia
..., ‘E... e E...’ Pois é! A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está completando quatro meses e, salvo melhor juízo, as reticências predominam. Sugerem uma espécie de vazio governamental, surpreendente para um país com uma agenda repleta de demandas e, sobre as quais, praticamente nada de objetivo, efetivo e eficaz se fez ver.
Não se pode desconsiderar que, de cara, a primeira movimentação no tabuleiro trouxe dificuldades que precisaram ser enfrentadas e equacionadas: a criação de 14 novos ministérios.
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Simples: se do dia para a noite uma casa de 23 cômodos passa a ter 37; ou se uma loja acrescenta 14 departamentos aos 23 com que vinha trabalhando; ou, ainda, se um fábrica aumenta em mais de 60% o número de setores com os quais produzia, é evidente que tudo fica mais difícil.
Por óbvio, se a residência, a loja ou a indústria iria sofrer enorme impacto com mudança tão abrupta, imagine-se, então, todo o sistema administrativo do país, que bem o mal funcionava com 23 pastas, e em 24h passou para 37.
Não se entra no mérito se para vencer a eleição pela apertada diferença de 1,8% dos votos – a menor da história recente do país –a candidatura petista precisou buscar apoios de ‘A’ a ‘Z’. O que se afigura claro é que não restou outra opção senão acomodar os aliados de ocasião em ministérios.
Tampouco se discute se a estratégia adotada, em que os fins justificam os meios, seja mister ou não do jogo político. Só não há como negar que a manobra gerou ruidosa turbulência.
Início improdutivo
De imediato, o período de transição foi desperdiçado com desentendimentos internos e incoerência. As falas inoportunas do presidente sacudiram o mercado e trouxeram incertezas.
As discordâncias dos principais economistas do país não passariam em branco e logo no início do governo a economia mostrou-se frágil. Desnecessário salientar – quadro que perdura até hoje – o fechamento de lojas comerciais, fábricas e unidades dos mais diferentes setores em velocidade assustadora.
A desavença com o Agronegócio – carro-chefe da economia nacional – foi irracional; bem como a sugestão de rever a autonomia do Banco Central.
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Entre esquisitices e erros
Pode até ser verdade. Mesmo porque nem sempre o documento mais perfeito, a história mais condizente e os detalhes mais completos, são os verídicos. Mas o depoimento do ex-presidente Bolsonaro, prestado à Polícia Federal, de que a famigerada postagem feita dois dias após os ataques às sedes dos Três Poderes foi “por engano” é, no mínimo, esquisita.
O ex-mandatário disse que no período de 8 a 10 de janeiro ficou internado num hospital de Orlando e estava sob efeito de remédio (morfina) quando da postagem. A publicação questionava o resultado das urnas.
Bolsonaro falou, ainda, que viu o vídeo no Facebook de uma “pessoa desconhecida” e que tentou enviar para seu próprio whatsApp para assistir depois. Contudo, por equívoco, acabou publicando na própria rede social.
Paulo Amador Bueno, advogado de Bolsonaro, afirmou que tanto não passou de engano que, quando advertido, imediatamente retirou a postagem.
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Para aliados próximos, segundo divulgou O Globo, “o ex-presidente, que enquanto estava no poder tinha ao menos quatro assessores cuidando de suas redes sociais, poderia ter apontado um responsável pela publicação e expli-
Noutra face, em tempos que exigem austeridade nas despesas, o governo gasta R$ 65 mil com sofá e R$ 42 mil em cama para o Alvorada. A falta de nexo não está no dinheiro em si, mas na política que deveria ser de contenção. Segundo se divulgou, a primeira-dama ainda queria uma mesa de R$ 200 mil – o que foi negado pelo Chefe da Casa-Civil, Rui Costa.
Cenário recente
No cenário internacional, a situação é desfavorável. A Alemanha cancelou exportação de blindados no Brasil, enquanto e os EUA criticaram o país por estar “papagueando propaganda russa e chinesa” sobre a Ucrânia.
Também a União Europeia lamentou as declarações de Lula sobre a guerra e a visita a Portugal foi marcada por protestos. Enquanto isso, o presidente voltou a reclamar, em palco internacional, dos juros no Brasil. Ou seja: o próprio chefe da nação transmite desconfiança junto aos investidores estrangeiros.
Em outra frente de desencontro, ao criticar as privatizações, Lula da Silva abre uma nova porta de insegurança para o capital de fora. A noção presidencial sobre privatizações pare- cado que, ao perceber o conteúdo inoportuno, apagou em seguida”.
Mudando de assunto, porém dentro do mesmo círculo de bizarrices, a questão dos kits de joias presenteados pelo governo da Arábia Saudita é – na ausência de melhor definição –algo rigorosamente inapropriado.
Se o ex-presidente agiu de má-fé, não há nem o que discutir. Seria a reedição ainda mais vulgar do que ficou conhecido como o ‘mensalinho’ de um ex-presidente da Câmara dos Deputados, que renunciou ao cargo.
Logo, se Bolsonaro pretendeu levar vantagem, deve responder por seus atos. E ponto. Mas, como não há comprovação de má-fé, seria leviano, por ora, fazer essa ou aquela afirmação.
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Repare o leitor... repito, ‘repare o leitor’, não se está fazendo juízo de valor sobre a legalidade ou regularidade do tema. Não. Mas, na melhor das hipóteses, o simples descuido, o desleixo do ex-presidente em não ter esclarecido a questão no devido tempo, é inaceitável.
Deveria, particularmente quando soube que as joias haviam sido apreendidas pela Receita Federal, ter trazido a público o imbróglio e determinado que fosse esclarecido com toda transparência. Caberia designar quem de direi- to para deixar tudo em pratos limpos. ce ultrapassada.
O mesmo vale para a reforma agrária, fundamental para que se distribua a terra a quem trabalha, produz e dela tira o sustento de sua família. Todavia, ‘ambientalizada’ aos dias atuais, não na forma rudimentar de 50 anos. Tanto que as invasões aumentaram – o embate entre produtores rurais e o MST também – por falta de critério, qual seja: melhor avaliação e distinção do que seja terra devoluta ou improdutiva, daquelas que produzem e aproveitam cada metro quadrado.
Inflação – Em recente pronunciamento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a inflação é o “imposto mais perverso que existe” e que estaria em 10% se os juros não fossem mantidos. Campos Neto disse, ainda, que o BC não é culpado pelas mazelas no Brasil. Fechando o momento de dissabor no cenário econômico, Armínio Fraga, um dos mais respeitados economistas do país, lançou duras falas ao arcabouço fiscal. Disse que a “aritmética” não fecha e que o Brasil corre o risco de “desembocar em grande fiasco”. Resta torcer que daqui por diante a matemática seja outra e o país encontre o caminho certo.
O presente fora dado a ele, como ‘pessoa privada’, ou ao chefe do executivo? Se ao presidente, o que diz a legislação? A quem pertence? A Jair Bolsonaro, ou ao acervo da Presidência da República?
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Que incumbisse o ministro da Justiça, Procuradoria, MPF, Receita Federal – fosse qual fosse o órgão competente –, que esclarecesse com absoluta publicidade o trâmite dos presentes.
Uma vez tendo conhecimento das joias sauditas – tenha sido em dezembro de 2022, ou antes – teria que cuidar da questão com todo zelo e divulgação. Contudo, não foi assim. Bolsonaro devolveu o terceiro kit de joias mais de 3 meses após ter deixado o governo. E agora surge o embaraço do 2º kit, que teria sido entregue à ex-primeira-dama no Palácio Alvorada.
Ainda que a Michelle tenha agido com lisura, apenas recebendo o kit masculino no Alvorada – porque era lá que ela morava – nada disso deveria ter acontecido.
Enfim, até que se comprove o contrário, o ex-presidente a sua mulher não podem ser acusados de crime algum. Mas, só a palavra ‘devolver’, é um horror.
Jair Bolsonaro