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O 22/ABRIL que não é feriado
from J3NEWS EDIÇÃO 333
by terceiravia
“Agente político”
Então... chega mais
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A saraivada de críticas sobre o governo Lula – que vai da política à economia alcançando quase todos os setores do Planalto – talvez (apenas talvez) possa engrossar o que já é bastante ruidoso.
É possível que tenha passado relativamente despercebido fala do presidente Lula que, em entrevista à CNN de algumas semanas, [referindo-se ao aniversário do PT] disse que o ex-ministro José Dirceu não tem que “andar escondido”.
Acrescentou, ainda, que Dirceu precisa que colocar a cara pra fora e brigar: “É um agente e militante político da maior qualidade e está voltando a participar [dos eventos petistas]”.
Certamente que o presidente deve ter feito esse tipo de comentário também durante a campanha. Ou será que não?
(*José Dirceu foi o arquiteto do mensalão quando ministro da Casa Civil, cargo do qual pediu demissão logo que o escândalo foi revelado. Depois, teve o mandato de deputado cassado.
No processo do mensalão, foi condenado a 7 anos de prisão. Como era réu primário e se encaixava nos pré-requisitos do decreto chamado indulto natalino, obteve o perdão da pena.
O ex-ministro, contudo, permaneceu preso devido à condenação em processo da Operação Lava Jato).
Otema já foi abordado e, salvo engano, em mais de um texto do autor. Mas vale revisitá-lo para que a data do descobrimento do Brasil não fique por aí rolando, feito alma penada.
Não deixa de ser curioso que num país tão afeito a feriados, o 22 de abril, que em 1.500 colocou o Brasil no ‘mapa-múndi’, não tenha sido agraciado com o mesmo status conferido a outras datas.
Mereceram a honraria o 21 de Abril, da Inconfidência; o 7 de Setembro, da Independência; e o 15 de Novembro, da República. Mas nada se atribuiu ao feito do navegador português, Pedro Álvares Cabral. Por outro lado, cabe refletir que a falta de reverência à data não é, de todo, um descuido. Primeiro, porque o território onde aportou a esquadra de Cabral já estava ocupado por povos indígenas. Segundo, como o comandante lusitano não nos deu identidade política mas, bem ao contrário, conquistou terras para Portugal, é lá que deveria ser feriado.
Depois de protagonizar episódios ridículos – como andar de tratorzinho na ciclovia da Niemeyer e, depois, a “construção” cair novamente, o ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella, está na ‘pontinha’ de ficar inelegível por oito anos e, consequentemente, impedido de disputar cargos eletivos.
Crivella teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Município e dificilmente vai conseguir que 34 vereadores – dos 51 da Câmara – lhe salvem a pele. Uma possível condenação não impede que o hoje deputado federal permaneça no cargo até 2026.
Tem sentido? Parece que não. Mas o PL aumentou o salário de Michelle Bolsonaro, presidente nacional do Partido Liberal Mulher, de R$ 39,2 mil para R$ 41.650.
Por outro lado, se em tão pouco tempo a ex-1ª dama apresentou trabalho de qualidade tal que justifique o reajuste, é lá com eles.
De mais a mais, estamos no país que ama aumentar salário de quem não precisa.
Homenagem – De toda sorte, para que o sábado próximo não passe em branco, reproduz-se, abaixo, linhas da carta do escrivão Pero Vaz de Caminha, enviada ao rei Dom Manoel:
“(...) Andam nus, sem cobertura alguma. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
Davam-nos daqueles arcos e setas em troca de sombreiros e carapuças de linho, e de qualquer coisa que a gente lhes queria dar”.
Praticamente todos os supermercados estão cobrando pelas sacolinhas que o consumidor usa para colocar as compras. Nada mais que oito centavos.
Algo ínfimo. Mas não tão insignificante assim quando multiplicamos por centenas ou milhares que, em horas ou dias, entram no caixa. Mas a questão não é essa. O problema é que qualquer pro- duto que pese o correspondente a um litro de refrigerante, ou uma embalagem de desinfetante, de verduras, ou de uma infinidade de outras coisas, precisa ser colocado em duas sacolinhas para não rasgar.
Então, já que cobram, que ao menos disponibilizem sacolas com um mínimo de qualidade para que a compra não vá parar no chão.
Se o reajuste para Michelle foi de pouco mais de R$ 2 mil – nada, assim, absurdo – por outro lado o de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, estourou a boca do balão: 298%.
No início de abril, a Assembleia Legislativa de MG aprovou o novo salário do mandatário mineiro, que de R$ 10.500 passou para R$ 41.845.
Mas, como no Brasil é comum a gente ouvir “...é dinheiro público”, como algo fictício, que surge por mágica, tá tudo certo!
Ex-ministro José Dirceu
E agora?
É inaceitável que a sociedade conviva com tantos equívocos e reviravoltas. O ex-governador Pezão, condenado a 99 anos de cadeira por sentença do juiz Marcelo Bretas, acaba de ser absolvido.
Pezão chegou a ficar preso um ano por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. E agora o TRF-2 corrige o suposto erro e o absolve de todas as acusações.
Pergunta-se: como fica a situação de um político inocente, privado da liberdade por um ano? Como fica sua honra e dignidade? Como compensar quem foi retirado do convívio da família e dos amigos injustamente?
Tudo se resume ao juiz Marcelo Bretas ter sido afastado de suas funções? Absurdo.
Ocorre que por estas bandas de 2º mundo, ninguém dá a mínima – ou sequer sabe – da lição deixada por Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido por 11 anos, em que a “Dama de Ferro” enfatiza o verdadeiro significado de “dinheiro público”.
Jamais se esqueçam, que não existe dinheiro público. Todo dinheiro arrecadado é tirado do orçamento doméstico da mesa das famílias.