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Esporotricose felina: número de casos cresce quase 40% em 2022

CCZ e projeto de extensão da Uenf atuam em parceria no combate à doença

Foram espirros frequentes e um inchaço no focinho do gato

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Zé que chamaram a atenção do tutor, o servidor público Ricardo da Costa Araújo, para a saúde do animal. No Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) veio o diagnóstico: esporotricose. Segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campos, a ocorrência da doença entre felinos aumentou 37% entre 2021, quando foram registrados 79 casos, e 2022, com 108. Desde o início de 2023, já são nove diagnósticos positivos no Município. Causada pelo fungo Sporothrix schenckii, a esporotricose é uma micose subcutânea que pode afetar tanto humanos quanto animais, ocorrendo especialmente entre gatos. O veterinário Marcelo Maeda, responsável técnico pelo CCZ, explica que a manifestação clínica mais comum entre felinos são “lesões ulceradas na pele, se apresentando de forma localizada ou em diferentes pontos do corpo”.

No Município, a assistência a animais infectados é feita pelo CCZ, em parceria com os pesquisadores e profissionais vinculados ao projeto de

Alerta | Esporotricose é uma micose subcutânea que pode afetar tanto seres humanos quanto animais extensão “Esporotricose em Campos dos Goytacazes: diagnóstico, controle e prevenção”, que é coordenado pela professora Adriana Jardim de Almeida, do Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Uenf (CCTA/Uenf).

É por meio do projeto de extensão que Zé vem recebendo atendimento desde que teve diagnosticada a esporotricose. Atualmente, ele passa por um segundo tratamento.

“Zé ficou bem por alguns meses, mas voltou a apresentar sintomas. Retornamos à Uenf e reiniciamos o tratamento, mais longo agora. Ele está respondendo bem e faltam uns 10 dias

Doença tem cura para o retorno à veterinária. Esperamos que, desta vez, ele fique curado em definitivo, pois é um tratamento longo e estressante para o animal. Ele precisa ficar isolado de outros animais e dos cuidadores pelo fato da doença ser altamente transmissível”, conta Ricardo.

O CCZ atua em colaboração com a equipe da professora Adriana Jardim, fornecendo antibióticos a animais encaminhados pelo projeto de extensão. A medicação é distribuída prioritariamente a cães e gatos abandonados, protetores de animais, pessoas que recebem benefício social e, por fim, à população em geral. São cerca de 1 mil comprimidos ao mês. Adicionalmente, o CCZ faz o recolhimento de animais infectados ou com suspeita de infecção encontrados em via pública e cujos tutores não podem ser identificados. “O contato pode ser feito pelas redes sociais ou pelo próprio telefone do CCZ, 22 98173-0471”, orienta o responsável técnico Marcelo Maeda. O veterinário reforça que a esporotricose tem cura e afirma que o abandono de animais infectados faz com que eles se transformem em focos de transmissão da doença. “Gatos são vítimas da doença, não causadores. Cabe aos responsáveis por sua tutela não permitir a saída deles e nunca abandoná-los à própria sorte, pois dependem da nossa consciência e cuidados. Se um animal de estimação manifestar quaisquer lesões de pele, a medida necessária é buscar atendimento médico veterinário”, finaliza.

O tutor recorda que Zé se infectou fora do ambiente doméstico: “Ele morava na casa da mãe da minha companheira. Apesar dele ser castrado, ele tinha acesso à rua. Em uma dessas saídas, acabou pegando o fungo, ou no ambiente ou de algum outro animal”.

Diagnóstico, controle e prevenção São justamente as “saidinhas” dos gatos que fazem aumen - tar entre eles a incidência da esporotricose, uma doença que, se não tratada, pode ser letal para os felinos. A coordenadora Adriana Jardim conta que foi o aumento do número de animais infectados que motivou, em 2017, a criação do projeto de extensão “Esporotricose em Campos dos Goytacazes: diagnóstico, controle e prevenção”. O projeto tem como objetivo o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos e oferece consultas, exames e revisões gratuitamente. “Os atendimentos são realizados pelas médicas veterinárias auxiliadas pelos alunos após agendamento no hospital veterinário, pelo telefone 22 2739-7313. Durante a consulta, o material é coletado para análise laboratorial e confirmação do diagnóstico. Após esta etapa, o tratamento é prescrito, com as orientações necessárias aos tutores e acompanhamento do tratamento”, explica Adriana. A iniciativa é financiada por meio de bolsas, mas, de acordo com a coordenadora, a equipe precisa contornar dificuldades para manter o trabalho. “Atualmente, temos apoio da Uenf com as bolsas de universidade aberta e extensão e da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, por meio do programa Mais Ciência. Porém, ainda temos dificuldades para arcar com os custos dos insumos, como luvas, swabs e material laboratorial”, diz.

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