Jornal Terceira Via ed 263

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Saúde

21 A 27 DE NOVEMBRO DE 2021

Novembro Azul chama atenção para cuidados com a saúde do homem No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele

Cíntia Barreto O cuidado diário com a saúde é essencial tanto para o homem quanto para a mulher. Mas algumas campanhas realizadas ao longo do ano trazem mais visibilidade a algumas doenças, como a do novembro azul, que é realizada mundialmente com o intuito de trazer informação sobre o câncer de próstata e, acima de tudo, alertar os homens sobre a importância do diagnóstico precoce. Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de próstata é o mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele, que atinge ambos os sexos. Embora seja uma doença comum, muitos homens ainda possuem dificuldade não só de conversar sobre o assunto, mas também de procurar um especialista regularmente e realizar os exames de rotina. Segundo o Psicólogo Sharlys Jardim, em geral, os homens possuem dificuldade de ir ao médico, seja qual for sua especialidade. Há também uma cultura enraizada de que o homem precisa ser sempre forte. “O homem é visto por diversas culturas como super-homem, a pessoa que é responsável pela família, pela casa, então, ele traz em si essa resistência no aspecto cultural”, esclarece Sharlys. Além disso, o psicólogo explica sobre o rito de passagem que o homem e a mulher vivenciam de forma diferente, o que contribui no processo de autoconhecimento e autocuidado. “A mulher vai ao ginecologista desde nova, quando menstrua pela primeira vez. Nesse processo, ela também começa a

Fique de olho!

Recomendação | Dr. Gustavo Araújo aconselha que os homens fiquem mais atentos à saúde e façam exames regulares

conhecer seu corpo. Já o homem, não. Não existe uma marcação na história do homem, nem na cultura, principalmente brasileira, de que ele precisa desde cedo procurar um médico. E, mesmo quando sente alguma coisa, ainda existe certa resistência de procurar ajuda, muitas vezes por ter medo de descobrir alguma doença”. A campanha do novembro azul também objetiva quebrar tabus, trazer à luz questões enraizadas na sociedade. O exame clínico (toque retal), por exemplo, ainda é visto de forma preconceituosa por muitos homens e, em consequência disso, preferem não procurar o urologista, fazendo com que o diagnóstico seja realizado tardiamente. Nesse caso, as chances de cura diminuem consideravelmente. “Quando a gente pensa em prevenção, no diagnóstico de um paciente ainda em fase assintomá-

tica, as chances de cura são muito altas. Quando o paciente já está em fase avançada da doença, com sintomas, a gente não tem a mesma expectativa”, frisou o urologista Gustavo Araújo. Fatores de risco Gustavo Araújo explica que os fatores de risco crescem de acordo com a idade do homem. “A gente costuma dizer que o câncer de próstata aumenta sua incidência a partir dos 40 anos. Quanto maior a idade, maiores são os fatores de risco. Outro fator importante é o genético, onde os pacientes que apresentam parentes de primeiro grau, como pai, tio, primos, acometidos pelo câncer de próstata, têm maior chance de desenvolver a doença. Além disso, o sobrepeso e a obesidade também podem influenciar, por isso é tão importante manter hábitos saudáveis de vida”, es-

clareceu o urologista. Dr. Gustavo Araújo ainda ressaltou que os homens negros, devido ao fator genético, precisam estar ainda mais atentos. A recomendação, segundo o médico, é para que todo paciente que possua fator de risco procure o urologista para a prevenção do câncer de próstata de forma mais precoce, aos 45 anos. Já os demais, aos 50 anos. Mas, independente da idade, é importante que o homem esteja atento à sua saúde e faça exames regularmente. É necessário salientar a importância do toque retal, mesmo o paciente estando em dia com o exame de sangue (PSA). “Um não exclui o outro. Quando a gente decide fazer o PSA associado ao toque retal, a gente aumenta a forma de diagnóstico, assim evitamos que algum caso passe despercebido no consultório”, orienta o urologista.

Segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2019 foram 15.983 mortes no país causadas pelo câncer de próstata. Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal. Para tratar a doença localizada (que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos), cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos. Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Para doença metastática (quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.


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