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PÁGINA 06 16 A 22 DE OUTUBRO DE 2022

Campos

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Moradores e comerciantes da Pelinca pedem melhorias na área nobre

Alagamentos frequentes, depredação de equipamentos públicos, calçadas desniveladas e insegurança são queixas frequentes

Ocinei Trindade

Nas últimas décadas, a região que abrange os bairros Dom Bosco e Tamandaré, próximos à Avenida Pelinca, em Campos dos Goytacazes, se tornaram uma das áreas mais valorizadas da cidade para moradia e investimentos comerciais. A área conta com cinco shoppings de diferentes portes e estilos, além de lojas de alto padrão. Por conta do endereço nobre da Pelinca, todo seu entorno passou a ser identificado com o mesmo nome. A Pelinca desperta admiração, mas também é alvo de críticas, pois está cheia de problemas em relação à infraestrutura, equipamentos públicos depredados, insegurança e alagamentos frequentes. Assim como no Centro, a área também carece de intervenções públicas. Três quiosques que funcionam na Praça da Bandeira, ao lado do Palácio da Cultura, estão funcionando, mas em péssimo estado de conservação. Um dos permissionários, que preferiu não se identificar, diz que está fazendo obras de reformas. As paredes estão pichadas e o telhado apresenta mau estado de conservação. Um cliente do quiosque, que também preferiu não se identificar, considera como problema maior no local o banheiro público que está fechado há anos e também em péssimo estado. “Cada quiosque tem seu banheiro, mas não é fácil usar, mesmo sendo cliente”, comenta. A reportagem identificou entulho e lixo espalhados no entorno. A região da Avenida Pelinca passou por revitalização ainda na gestão da ex-prefeita Rosinha Garotinho (2009-2016). Uma das obras que mais se destacou foi a construção de dois chafarizes no cruzamento com a Rua Voluntários da Pátria. Os dois equipamentos foram abandonados ao longo do período e estão completamente depredados, sem as peças que compunham as fontes, com buracos que acumulam lixo e água parada, o que compromete a saúde das pessoas. Logo em frente fica o prédio da Santa Casa de Misericórdia. A estudante de geografia no IFF, Layra Porto, passa sempre pelo local. Ela se queixa também da segurança no lugar. “Eu costumo ver lixo espalhado em alguns pontos, além de cheiro forte de esgoto. É um bairro bom, mas precisa melhorar algumas questões. Acho inseguro caminhar muito cedo ou muito tarde nas ruas daqui. Quatro pessoas que estudam comigo foram assaltadas perto do IFF só este ano”, comenta. A comerciante Guilhermina Borduam tem uma loja em um dos shoppings da Pelinca. Ela também se preocupa com a questão da segurança. “O número de pessoas em situação de rua aumentou muito. São muitos pedintes de dinheiro. Creio que por ser uma área mais nobre e pela crise financeira, isso tenha aumentado. O bairro também sofre com alagamentos em dias de chuva mais forte”, diz. Para o taxista Jorge Luis, alagamentos e assaltos são problemas que mais o incomodam no bairro. “Já testemunhei vários pequenos assaltos na rua. Isto melhorou e diminuiu bastante com o programa Segurança Presente. A gente se preocupa com chuvas fortes. A água logo acumula e dificulta o trânsito”, comenta.

Mais reclamações

Bem próximo dali, na Rua Voluntários da Pátria, a reportagem flagrou uma língua de água suja misturada ao esgoto que escorria pela via. Uma comerciária, que não quis se identificar, contou que semanalmente a água é despejada por um dos edifícios residenciais. “Não sei o motivo, mas isto se repete com frequência. Acho que a galeria não comporta e se mistura ao esgoto”, conta. Muitas pessoas que circulam de bicicleta pela Pelinca não têm onde deixar o veículo. Um bicicletário foi improvisado em frente a um dos shoppings, ocupando parte da calçada. Outras bicicletas costumam ser acorrentadas aos postes. Caminhar pelas calçadas do bairro é outro problema. Há muitos desníveis e falta de padronização, o que pode provocar incidentes. O aposentado Edson Miranda, de 75 anos, diz que redobra a atenção para não tropeçar ou cair. “Eu tento me cuidar, mas não é fácil caminhar nessas calçadas”.

ACIC e CDL sugerem melhorias

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Fernando Loureiro, considera que o poder público deve dar maior atenção à manutenção das ruas da Pelinca. “É preciso recuperar os chafarizes. Queremos entregar ao prefeito propostas sobre essa adequação das calçadas. A Guarda Municipal poderia dar mais atenção no período da noite e na madrugada aos equipamentos públicos municipais. As galerias de águas pluviais precisam de manutenção. O Palácio da Cultura está sem aproveitamento. Ele precisa voltar a funcionar de modo pleno para atrair mais pessoas para a região”, opina. O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, Edvar Chagas Júnior, também considera o mau aproveitamento do Palácio da Cultura um problema para o bairro e comércio da região da Pelinca: “Ele precisa ser ativado. É o principal ponto da Pelinca, tem anfiteatro, auditório, espaço para galerias, movimentação artística. Pode ajudar a movimentar bastante o comércio e valorizar ainda mais a região”, considera. Para Edvar Junior, a cidade toda carece de “banho de loja” e cuidados básicos. “Além do Centro, a Pelinca é outra região importante que necessita de muita atenção por parte do poder público. Nós estamos recebendo asfalto, mas precisamos de continuidade, programação visual, informações de como chegar aos principais pontos da cidade, sobretudo os turísticos. Falta sinalização adequada. O governo está com grandes ações, mas é preciso ter mais atenção. O Centro perde para a Pelinca porque não tem tanto morador. Na Pelinca, há a vantagem de ser residencial. Há muito interesse por essa área em movimentação comercial. A Pelinca precisaria ter horário de atendimento prolongado, como nos shoppings. Há um potencial de alto padrão e diferente. Temos um evento no dia 3 de dezembro, o Pelinca Fashion Day para valorizar o mercado de moda, antecedendo o Natal para vendas. É preciso criar eventos em parceria com o setor público. Eventos podem acontecer em todos os lugares de Campos”.

Prefeitura se manifesta

Por meio de nota, a Secretaria de Obras e Infraestrutura informou que vem fazendo um trabalho de desobstrução da rede de forma preventiva para o período de chuva no verão. A ação, em conjunto com a Águas do Paraíba acontece na Avenida Pelinca com a rua Barão de Lagoa Dourada. “A pasta esclarece que o trabalho de limpeza das galerias seguirá atendendo a todo o Parque Tamandaré. Sobre o calçamento, já existe um projeto que está em processo licitatório para recuperação e execução. O projeto prevê a intervenção em várias regiões da na cidade. Com relação aos chafarizes, a Secretaria de Obras e Infraestrutura está avaliando a melhor forma de aproveitar o espaço, que já foi vandalizado em diversas ocasiões”, conclui.

Fotos: Silvana Rust

Quiosques | Banheiro público está fechado e em péssimo estado de conservação em um dos endereços mais nobres da cidade de Campos

Layra Porto| Assaltos constantes

Várias reclamações | Lixo, chafarizes depredados, calçadas desniveladas e falta de bicicletário na Pelinca

Jorge Luis| Muitos alagamentos

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