Jornal Terceira Via 230

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Especial

04 A 10 DE ABRIL DE 2021

Crise faz doações despencarem

Entidades que prestam auxílios assistenciais não têm recebido ajuda suficiente para atender aos que mais precisam Fotos: Divulgação

Priscilla Alves Desde o início da pandemia do coronavírus, o mundo se viu diante de muitas mudanças. Além da nova rotina de cuidados e isolamento social, a crise financeira também impactou uma grande parcela da população. Um dos efeitos dessa nova realidade é que as instituições e grupos que fazem trabalhos voluntários registraram queda no recebimento de donativos em comparação ao início da pandemia, em 2020. Por este motivo, a ajuda tem deixado de chegar a quem mais precisa. Por outro lado, houve também quem, percebendo as dificuldades financeiras do coletivo, começou a praticar atos solidários isolados durante a pandemia. Felipe Bicudo é um dos exemplos de quem não se acomodou e decidiu contribuir com o próximo. Ele é idealizador do projeto De Coração Aberto que foi criado no ano passado, já durante a pandemia, e doa cestas básicas para famílias necessitadas. “Nós queremos levar solidariedade em forma de alimento para o máximo de famílias necessitadas da nossa cidade. Tivemos essa ideia logo após o início da pandemia, justamente porque percebemos que existiam muitas famílias que ficaram em situação ainda mais difícil nos últimos meses. Sobrevivemos de doações avulsas de amigos e pessoas que tomam conhecimento do projeto e se identificam com a vontade de ajudar”, contou o idealizador do projeto. Desde abril de 2020, o 'De Coração Aberto' já entregou oito toneladas de alimentos para famílias carentes de mais de 15 localidades diferentes de Campos. E para ajudar o projeto a continuar alimentando famílias necessitadas não é preciso muito, afirma Bicudo. “Uma simples ajuda, seja através da doação de uma cesta básica ou até mesmo da divulgação do projeto, é suficiente para propagar o bem e amenizar, mesmo que por um momento, a fome de famílias inteiras”. Como ajudar o De Coração Aberto O instagram do projeto é o @de.coracao.aberto e o telefone é o (22) 99944-6414 para quem quiser conhecer mais o trabalho e ajudar o grupo. Ajuda para pets abandonados diminuiu na pandemia O autônomo Hugo Teixeira acumula uma dívida de R$ 15 mil contraída nos últimos meses por causa do trabalho voluntário que promove ao resgatar e acolher animais abandonados e vítimas de maus tratos nas ruas de Campos. Ele faz campanhas nas redes sociais para receber doações e conseguir pagar às clínicas veterinárias onde os animais são tratados. Além disso, o projeto social dele, Conservis Resgate, necessita do básico para os pets: alimentos, produtos de higiene, medicamentos para tratamento de saúde dos bichos, além de tempo e carinho para dispensar aos animais. “No início da pandemia, muitas pessoas ajudavam com doações ou oferecendo mão de obra para mutirões de limpeza no nosso espaço, por exemplo. No entanto, nos últimos meses,

De coração aberto | Grupo de apoio assistencial

registra baixa na arrecadação de alimentos

Despensa vazia| Após vídeo de apelo viralizar, sociedade de sensibilizou

Eliete Rosário|Presidente da Liga Espírita que mantém hospital psiquiátrico defende constância nas doações

as doações caíram em 60%”, afirma Hugo acrescentando, ainda que, atualmente, enfrenta dificuldades para manter o trabalho funcionando. “Antes, a gente conseguia desenvolver nossas ações com a ajuda que recebíamos, mas quando as pessoas começaram a sentir as dificuldades econômicas trazidas pela pandemia, aí realmente as doações reduziram muito. Por aqui temos, hoje, 13 animais e, só com ração, a gente gasta em média 30 quilos

por semana”, explicou. Além do custo com alimentação, há ainda uma grande demanda por medicamentos para tratar da saúde dos animais vítimas de maus tratos. “Temos uma cadelinha aqui com sarna, que deve ficar até cinco meses em tratamento. Com a falta de doações, a gente está tendo que tirar do nosso bolso, eu e minha esposa porque o animal quando precisa de veterinário, precisa na hora, não dá para esperar. Sem contar que todo

medicamento pet é muito caro e ainda temos os custos em clínicas veterinárias com serviços de internação, cirurgias e outros cuidados. Por causa dessas demandas, atualmente, a gente está com uma dívida de cerca de R$ 15 mil”, contou. Como ajudar a Conservis Resgate O instagram @conservisresgate traz mais informações sobre o trabalho e também o telefone de contato. Doações também podem ser feitas pelas contas: Itaú

(Agência 1628, conta corrente 37264-9) e Santander (Agência 1471, conta corrente 010656502). Ambas em nome de Victor Hugo Teixeira Ferreira. Corrente do bem no João Viana No início de março de 2021, viralizou nas redes sociais um vídeo em que uma profissional do Hospital Psiquiátrico João Viana mostra a despensa vazia e pede ajuda. O apelo surtiu efeito e, poucos dias depois, a direção da instituição veio a público agradecer pelas doações. Mas um novo alerta foi feito: a necessidade constante por alimentos e outros produtos. Foto: Silvana Rust

Hugo Teixeira | Mantém um projeto social que recolhe e abriga animais de rua ou maltratados mas por falta de doações, contraiu dívida de R$ 15 mil

Procurada pela reportagem, Eliete Rosário, presidente da Liga Espírita mantenedora do Hospital Psiquiátrico João Viana, informou que as doações foram reduzidas em cerca de 70% durante a pandemia. “Estávamos enfrentando uma situação difícil com essa diminuição da ajuda”, lamentou. A presidente da Liga Espírita lembrou ainda que na ocasião da campanha por alimentos, como a instituição recebeu muitas doações, doou parte para outras instituições filantrópicas “Temos esse hábito de quando a gente recebe muita coisa que a gente sabe que não vai consumir em tempo adequado, a gente logo doa para ajudar mais pessoas”. Apesar de também poder dar continuidade à corrente do bem, Eliete destaca a importância da constância nas doações. “A nossa gratidão é muito grande pela aceitação da comunidade com os nossos apelos, mas eu gostaria de pedir que as pessoas se lembrem das entidades que sobrevivem com muita dificuldade. Nosso consumo diário é muito grande. Só de arroz são 15 quilos por dia, sem contar outros alimentos. São cinco refeições diárias que oferecemos para uma média de 70 pacientes, por isso pedimos para as pessoas não pararem”. Como ajudar o João Viana Os interessados em ajudar podem fazer contato pelas redes sociais do hospital (Facebook e Instagram) e no próprio abrigo, que fica na Rua Machado de Assis, 49, no Parque Rosário. O telefone da instituição é (22) 2723-5629.


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