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Natal - RN | Ano VII | Edição 43 | ESPECIAL | Setembro de 2013 | R$ 6,00
gESTÃO Como o administrador de empresas pode ajudar no sucesso do seu negócio
VEÍCULOS Natal ganha uma nova concessionária Mahindra Rise, marca indiana
Liquida Ainda dá tempo de depositar os cupons e concorrer aos prêmios
SALVE a pesca indústria de pesca do RN sofre duro golpe e precisa reagir para se manter viva setembro de 2013 < <1 presidente da fiern, Amaro Sales, fala sobre desenvolvimento sustentável 7
Editorial
O administrador O bom administrador pode salvar seu negócio. Esta é a lição ministrada pelos especialistas ouvidos pela Revista Negócios.net. No mês do administrador, a reportagem especial de capa desta edição destaca a importância deste profissional dentro de uma empresa. E apresenta ainda a importância das pessoas, dos funcionários, dentro de uma organização produtiva. E o administrador é como um técnico de futebol que ensina o caminho da vitória a sua equipe. A Revista Negócios apurou, em extensa reportagem, o episódio da apreensão, pelo Ibama, de três embarcações de pesca do Rio Grande do Norte com 600 toneladas de atum armazenadas. O fato ensejou um grande debate sobre a espetacularização das operações
do órgão ambiental e ressuscitou a temática da insegurança jurídica no país. Os barcos da Atlântico Tuna, empresa potiguar responsável por 85% das exportações brasileiras de atum, foram presos mesmo estando de acordo com as leis e regras vigentes no país, acarretando um prejuízo imediato de cerca de R$ 30 milhões para a empresa. Na seção especial Veículos, conheça a nova concessionária Mahindra do Rio Grande do Norte, inaugurada no início deste mês de setembro. Confira também nesta edição as melhores informações da economia na coluna Negócios em Pauta e as novidades do mercado imobiliário e do turismo potiguar. Boa leitura!
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pESCA SOB RISCO Pólo atuneiro do Estado atravessa grave crise gerada por uma operação suspeita
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ENTREVISTA Luciana Hosser, proprietária do Wise Up Natal, fala sobre ser empreendedora Liquida Natal Consumidores ainda têm até o dia 27 de dsetembro para depositar cupom
Administração A presença de um bom profissional de administração é a chave do seu negócio
Negócios em Pauta Confira todas as novidades da economia e das empresas do Rio Grande do Norte Sustentabilidade Presidente da Fiern fala, em artigo, sobre a necessidade responsável de desenvolver
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expediente
Fotografia
Reportagens Lissa Solano e Jean Valério
Direção Executiva Jean Valério
Diagramação - Terceirize www.terceirize.com
jeanny damas
E-mail jeanvalerio@gmail.com jeanny.damasceno@gmail.com
Comercial (84) 8856-1662 (84) 9451-4577
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demis roussos |JANY AMORIM
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Tiragem 6 mil exemplares
As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da Revista Negócios.Net
Endereço Av. Romualdo Galvão, 773, Sala 806 8º andar Edifício Sfax - Tirol - Natal-RN Fone: 84-3201-6613 - Site: www.negocios.net
Índice 12 Negócios
Natal Shopping ganha novas lojas e um monte de desafios para se manter vivo
23 TURISMO
Confira melhores e mais recentes notícias do turismo do Rio Grande do Norte
34 imóveis
Promoção viaje pelo mundo Capuche e as novidades do mercado imobiliário
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Luciana Hosser - Wise Up natal
Chapéu
A arte do empreender
na prática
Criar empresas ou novos produtos e serviços, identificando oportunidades. Este seria apenas o resumo de mais um dos vários conceitos aplicados ao termo “empreendedorismo”, palavra de origem francesa, mas que exerceu forte influência na construção de um negócio na língua inglesa em Natal. Em abril de 2003, o casal Alessandro (na foto à direita) e Luciana Hosser, 41 e 40 anos, trouxeram ao RN uma das marcas mais valorizadas no mercado de escolas de idiomas do Brasil e até do exterior: Wise Up, patrocinadora oficial da FIFA para a Copa do Mundo 2014. A falta de experiência forçou o casal a aprender a arte do empreendedorismo na prática. “Foi difícil. Não tinha experiência nenhuma como empresário. Trabalhava na área de informática”, confessa Alessandro, que foi ‘forçado’ a investir na carreira de empresário. “Não tinha outra opção. Luciana (esposa) teve a ideia de montar uma franquia da Wise Up em Natal e apostei tudo nisso. A crença na marca e a situação me 6>
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forçou a aprender a empreender na prática”, conta Alessandro, que é diretor de relacionamento e atendimento da Wise Up Natal. No início, ninguém acreditava. Talvez, até a própria Luciana não acreditasse totalmente. Mas, com determinação, uma virtude que lhe é peculiar, ela encarou o desafio sem nunca ter dirigido uma empresa antes. “Foi difícil no começo, é verdade. Mas, o momento de melhor aprendizado é o de maior dificuldade. Nunca tive medo do novo. Acreditei, apostei e aqui estamos”, lembra Luciana. “Nunca pensei em ser empresária”. Segundo ela, a intuição mandou um recado durante um passeio e outro pelo litoral potiguar, nas férias do verão de 2003. E o espírito empreendedor levou a então coordenadora de franquias da Wise Up, no Rio de Janeiro, a lançar a ideia e montar uma unidade da escola em Natal. “Vi que tinha todos os cursos de línguas em Natal e vi que tinha potencial. Liguei para o dono e disse: ‘Flávio (Augusto,
presidente do Grupo Ometz, da qual faz parte a marca Wise Up), Natal não tem uma Wise Up, vou abrir uma unidade Wise Up lá’”. Cereja do bolo
Para completar o “time campeão” da franquia de Natal, o casal Hosser contou com o reforço, no mesmo ano de fundação (2003), do executivo comercial Márcio Prates Figueira (na foto à esquerda), 43. “O Márcio foi a cereja no bolo”, costuma brincar Luciana, apontando para a importância do diretor comercial na unidade potiguar. “Ele exerce uma função fundamental na empresa”, completa. Márcio gerencia a equipe de vendas das duas unidades: Tirol e Cidade Jardim.
Na definição de quem também aprendeu a empreender na prática, “empreendedorismo significa correr riscos. O empreendedor tem que ter foco e determinação. É o cara que faz uma ideia acontecer, que não
Entrevista Chapéu tem medo de se lançar para que o negócio tenha sucesso”, diz Márcio, do alto de 24 anos de experiência no departamento comercial de escolas de inglês. “Estou neste negócio desde os 19 anos de idade. Sempre trabalhei nos departamentos comerciais de escolas de inglês e já estou na Wise Up há bastante tempo. Minha experiência no NEGOCIOS.NET - O que é empreendedorismo? Acho que tem a ver com venda e execução de ideias, analisar riscos. É o acreditar, porque o difícil sempre existe, e isso pode gerar sucessos ou fracassos. Empreendedorismo é, principalmente, compartilhar experiências com pessoas. É motivar pessoas.
mercado foi importante para desenvolver meu trabalho aqui em Natal”, revela. Em abril deste ano, a Wise Up Natal completou 10 anos de fundação esbanjando saúde e vitalidade, com duas unidades, uma no bairro do Tirol e outra em Cidade Jardim, e projeto de expansão pelo Estado. “Quando chegamos com a franquia ninguém sabia sequer
O fato de sermos a escola oficial da Copa do Mundo da
pronunciar o nome da escola. Hoje em dia, não precisamos mais soletrar a palavra Wise Up, que já conquistou o respeito e a credibilidade do mercado natalense”, explica Luciana. “E o fato de sermos a escola oficial da Copa e ter sido adquirida pelo Grupo Abril Educação só fortaleceu a marca”, destaca Luciana, jornalista de formação, com MBA em Gestão Empresarial. NEGOCIOS.NET - Como a Wise Up surgiu na sua vida? Em 1997, havia uma seleção para profissionais das áreas de Direito, Economia, Administração e Psicologia. Eu era jornalista, mas encarei. Nunca tive medo do novo. De mais de 400 candidatos, ficaram apenas dez e eu fui a primeira contratada. No meu caso, o inglês foi fundamental. Eu já era fluente em inglês. E lá eu fiz de tudo um pouco, como falei.
NEGOCIOS.NET - A marca Wise Fifa Brasil 2014 só Up está consolida da no mercado potiguar? O que é NEGOCIOS.NET - Qual é seu esa Wise Up hoje? tilo de gestão? fortaleceu a Hoje a gente não precisa mais soletrar o Eu adoto um tipo de gestão diferenciada, nome. Hoje a gente conquistou um resonde existe hierarquia, tem autoridade, mas peito na cidade, as pessoas nos conheonde o respeito não falta. Eu não abro mão nossa marca cem. Todos querem fazer parte. O que de um ambiente agradável, onde o funcionájá conquistamos ao longo destes dez anos rio pode produzir e crescer se sentindo bem. de credibilidade foi respaldado recenteA gente quer formar gente. Pessoas são o mente pelo fato de fazer parte do Grupo Abril Educação. grande centro da questão. O capital humano é o que diferencia. Através de muito trabalho e de pessoas estratégicas conseguimos nos estabelecer em Natal. A gente quer deixar um legado. NEGOCIOS.NET - Qual a sua missão? Eu quero fazer a diferença. Essa é a missão na Wise Up. Quero NEGOCIOS.NET - Como tudo começou? deixar um legado. Temos sempre que estar fazendo o melhor Estou há 16 anos no grupo e durante esse tempo eu fiz de tudo e seguir sempre buscando o melhor. Pessoas que passaram por o que você possa imaginar. Participei intensamente da parte aqui e que estão em outros projetos sempre se remetem a mim administrativa, da parte pedagógica, de mudança de material como uma pessoa que fez a diferença para elas. Eu quero isso, e, na época (final da década de 1990), eu cuidava da abertura que é uma coisa muito forte em mim. de franquias na sede do Rio de Janeiro. Numa viagem de férias a Natal, em janeiro de 2003, vi que a cidade tinha potencial. NEGOCIOS.NET - Que mensagem você daria Quando eu voltei das férias, eu já tinha escolhido o ponto, já para quem ainda pensa em falar em inglês? tinha um coordenador. De abril a julho eu fiquei vindo perioPagar o preço. A pessoa tem que estabelecer prioridades e dicamente. Foi um período muito complicado. Até que em traçar seus objetivos. Na hora de decidir falar inglês você tem agosto vi que precisava me dedicar a franquia de Natal. Então, que definir como prioridade, pagar o preço. saí do Rio e assumi a escola. Eu tinha largado minha carreira na franqueadora e começado a empreender numa empresa. Em NEGOCIOS.NET - Como projeta a Wise Up 2006, saímos do prédio da Avenida Prudente de Morais, onde daqui a dez anos? a Wise Up nasceu, e nos mudamos para a unidade de Tirol. Pergunta difícil (risos). Daqui a dez anos o Rio Grande do Em 2011, abrimos a unidade de Cidade Jardim. Norte vai estar muito pequeno pra gente.
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Negócios em Pauta< jeanvalerio@gmail.com
Novo Natal Shopping e seus desafios Finalmente foi reinaugurado, reformado e ampliado, o Natal Shopping Center. O shopping comemora o que chama de “nova fase” com lojas como Fantasia (Disney), Jorge Bischoff, Vinhedos, Osklen, Massa Mia, Swarovski, Mahogany, Tip Top, Lilica e Tigor. Infelizmente, grandes marcas especuladas, como Zara e Outback, desistiram do shopping. Optaram pelo Midway. Falta jogo de cintura para flexibilizar as negociações, alegam alguns lojistas. As âncoras já são conhecidas dos natalenses: Rio Center, Renner, Americanas e C&A. O cinema ainda não abriu. O novo prédio ficou bonito e imponente. E o grande desafio dos administradores, que não são de Natal, será recuperar o fluxo de clientes, em decadência. Outro problema, ainda não abordado publicamente, é o trânsito no entorno. Especialistas defendem que a obra não poderia ter sido autorizada sem um estudo aprofundado de impacto de trânsito e ainda intervenções compensatórias para equilibrar a nova demanda de transeuntes.
Carnatal em novo local Daqui a alguns dias, quando anunciar o novo modelo de negócio do Carnatal, seu principal produto, a Destaque Promoções ministrará uma aula de como se reinventar para manter-se viva e produtiva. O evento será forçado a mudar de local este ano por conta das obras de mobilidade em Lagoa Nova, no entorno da Arena das Dunas. O prolongamento da Avenida Prudente de Moraes, entre os bairros de Candelária e Cidade Satélite, deve ser o novo percurso dos blocos. Boa sorte aos craques Roberto e Ricardo Bezerra, Paulinho Freire, Gustavo Carvalho e Cia Ltda.
Novo Chaplin
Na onda dos negócios que se reinventam, o empresário Paulo Galindo, a exemplo do que fez Paulo Macedo (dono do restaurante Guinza Blue) ao criar o Guinza Eventos, inaugurou a nova casa de recepções de Natal, o Chaplin Recepções, na Praia dos Artistas. Galindo também é dono da casa de carnes e frutos do mar Fogo & Chama, localizada na ponta do morcego, mesma rua do Chaplin.
RN terá seu primeiro campo de golfe A Destaque Promoções e o empresário Flávio Anselmo (TAM Viagens) não são mais sócios do Lago das Garças, empreendimento de campo lançado em 2009, na cidade de Ceará-Mirim. O projeto, com toda a sua carteira de clientes, foi vendido ao Grupo Montana Construções, que firmou parceria com o empreendedor do mercado imobiliário Lauro Leite. O empreendimento agora será duplicado, ganhará novas dimensões e o primeiro campo de golfe do Rio Grande do Norte, a ser entregue já em dezembro próximo. A Montana é proprietária de extensa área de mais de 250 hectares que fazia fronteira com o projeto original. O Lago das Garças, “parte II”, será anexado ao “antigo”. A expectativa dos investidores é de que os lotes iniciais (motivo inclusive de demandas judiciais por conta do atraso na entrega) tenham valorização de mais de 300% após o lançamento da segunda etapa, quando o campo de golfe estiver funcionando. 8>
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Shopping Cândido
O empresário Agnelo Cândido, do Grupo A. Cândido, delegou aos filhos a tarefa de concluir o projeto para construção de um novo shopping em Natal, na entrada da cidade, BR 101, em terreno onde funciona hoje vitrine de usados das suas concessionárias Volkswagen. Na foto Agnelo recebe troféu das mãos do então presidente da Câmara de Natal Edivan Martins.
Pólo de franquias
Arena mais bela do Brasil As obras do estádio Arena das Dunas atingiram 88,05% de conclusão, avanço que permitirá testes no local para a Copa antes do prazo de entrega, marcado para 30 de dezembro. Além de carregar o título de arena de menor custo, arrisco afirmar que será a mais bela do país. No Mundial de 2014, a Arena das Dunas terá capacidade para 42 mil torcedores, com acréscimo de arquibancadas provisórias exigidas pela FIFA. A capacidade real será de até 32 mil espectadores. A obra recebeu vistoria do ministro do Esporte Aldo Rebelo e governadora Rosalba Ciarlini, acompanhados do secretário Demétrio Torres (SECOPA) e do diretor da OAS, Charles Maia.
Gestão e Estratégia
Já passam de trinta a quantidade de empresas do Rio Grande do Norte que almejam expandir atuação através da transformação do negócio em franquia. Este número representa apenas empresários que buscaram orientação através do especialista Alexandre Barreiros, da consultoria Boutique de Franquias. Barreiros enxerga enorme potencial no mercado potiguar e acredita que o Estado será futuramente um pólo exportador de franquias do Nordeste.
Em outubro de 2013, a K&M Seminários realizará a 3ª edição do Fórum Internacional de Gestão, Estratégia e Inovação, evento concolidado no calendário empresarial nordestino. Em 2 dias de programação, Natal receberá a presença de conferencistas de renome internacional. O público estimado é de 3.000 participantes. Entre os nomes confirmados estão: Mark Thompson (EUA- CEO e co-fundador da Virgin Unite Mentors, autor de best-sellers e consultor especialista em Liderança de Alta Performance); Lauren Anderson (Austrália - Diretora de Inovação da Collaborative Lab. Suas palestras estão focadas em como a colaboração tecnológica influenciará a maneira que vivemos, criamos e consumimos); Dom Peppers (EUA - Reconhecido por mais de 20 anos como uma das maiores autoridades do mundo em marketing e estratégias de negócios focadas no cliente); Amália Sina (Brasil - Empresária do setor de cosméticos e Diretora Executiva do Sina Studio, empresa focada em fotografia, vídeo e marketing pessoal)
Mais outback
A receita de bares e restaurantes caiu 20% no primeiro semestre desde ano, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Mesmo assim a rede de restaurantes Outback vai abrir oito unidades em 2013 e chegar ao fim do ano com 59 lojas no Brasil. O Brasil é o país mais rentável para a Outback, que ainda não confirmou abertura de uma unidade no Rio Grande do Norte..
Ponto de Venda A TOTVS, brasileira líder no desenvolvimento de softwares de gestão, lançou nova versão de sua solução de Ponto de Venda (PDV). A ferramenta tornou-se mais ágil, robusta e intuitiva, garantindo ao varejista eficiência em uma das áreas críticas de negócio: o caixa. O novo PDV foi projetado para atender melhor a venda do autosserviço e finalização das operações assistidas. As soluções da fornecedora de software para varejo estão presentes em mais de 2.500 clientes.
Dona da UNP ganha o Brasil
Uma das instituições de ensino superior privado mais cobiçadas do mercado, a paulistana FMU, foi vendida, por R$ 1 bilhão, para a rede americana Laureate, que em São Paulo já é dona da Anhembi Morumbi e, no Rio Grande do Norte, é detentora da UNP, que já foi do empresário Paulo de Paula. Essa foi a maior transação realizada no setor desde a fusão que criou, em abril, o maior grupo de educação superior do mundo, com a união de Kroton e Anhanguera. Essa é a 12ª aquisição da Laureate no Brasil. setembro de 2013 <
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Chapéu Administração
o bom Administrador é a chave do negócio Especialistas apontam: a empresa moderna precisa ser gerida por um bom administrador. valorizar as pessoas também é um dos segredos do sucesso
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Chapéu O lucro é o que mais importa em um negócio? Esse é o questionamento feito na nova concepção de gestão de empresas. Em um mundo cada dia mais competitivo, especialistas em Administração afirmam que é preciso se voltar para as pessoas, deixando de lado as estratégias que visem apenas os números, ainda que o foco seja a garantia de bons resultados. Segundo o doutor em Administração e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Manoel Moreno, a maior dificuldade na gestão está em mudar e motivar as pessoas. “Não adianta você ter as melhores tecnologias, se não tem quem possa operá-las. Os homens não devem estar a serviço das máquinas. São as máquinas que devem estar a serviço das pessoas”, explica Moreno. O especialista afirma que esse problema é um resultado dos modelos de administração que foram impostos na sociedade e quem está estudando essa matéria é que deve frear esta realidade. Manoel Moreno afirma que a intenção de trabalhar de uma forma mais próxima a sua equipe e ao seu público é na verdade uma técnica antiga. “No Rio Grande do Norte temos exemplos de empresários que utilizam essa forma de trabalho e que conquistaram um sucesso impressionante de suas empresas, como Nevaldo Rocha, do grupo Guararapes. Ele conhece seus funcionários, aperta a mão de cada um, pergunta como está e sabe o que se passa com eles. O bom administrador tem que colocar harmonia na organização, o que significa respeitar cada pessoa na sua forma de pensar e trabalhar, mas mobilizando esse grupo para atuarem juntos na busca pelo resultado”. Para ele, está faltando no mercado perfis com espírito de liderança. “Um administrador é como um técnico de futebol que ensina a sua equipe para eles alcancem a vitória. São eles que vencem por ele, esse é o verdadeiro líder”, conclui. O coordenador do curso de Administração da Universidade Potiguar, Cristiano Dourado, concorda que o diferencial com-
petitivo está no capital intelectual da empresa. “Só fica no mercado de trabalho hoje quem for o melhor. E as empresas que tem os melhores profissionais são as que se destacam”, explica. Dessa forma, Dourado afirma que o especialista em Administração é imprescindível na consultoria dos negócios, desde as Microempresas, até as médias e grandes. Pois, são eles que detém o conhecimento sistêmico, dando condições da empresa se organizar através da gestão de pessoas, de mercado, da qualidade dos produtos, das questões financeiras e de marketing suficientes para elevarem a rentabilidade de uma organização. “O grande problema das empresas hoje é a falta de gestão. Existem muitas empresas sendo abertas baseadas em tendências de mercado, mas a maioria delas fecha pouco tempo depois por falta de um plano de negócio, que só pode ser elaborado por quem tem conhecimento específico na área. No Brasil, essa falta de planejamento é uma questão cultural”, afirma o professor. A coordenadora de Administração da Facex, Ana Járvis, afirma que a falta de profissionais da área administrativa é uma grande falha cometida pelas organizações. “Geralmente os empresários entendem do negócio, mas não da administração comprometendo o resultado da empresa. Por isso, o índice de mortalidade das empresas é tão grande”, explica. Para a mestre em Administração, no caso das microempresas em que as condições financeiras são mais restritas, manter o profissional da categoria seria ainda sim uma atitude compensadora. “Em todas as categorias de empresa há a necessidade de um administrador. Em principio eu digo que esse profissional garante um retorno financeiro. Pois, se os processos estão bem controlados, com redução de desperdícios, otimização de tempo e custo, provavelmente ele vai ter um retorno mais rápido, o que manteria esse profissional. A grande questão é ver e saber se o empreendedor tem esta visão”, concluí.
Cristiano Dourado (UNP): diferencial está no capital intelectual da empresa
Ana Jarvis (Facex): organizações precisam de bons administradores
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Administração Número de administradores sempre crescente no Estado
Kate Maciel, presidente do CRA: "Não dá mais para gerir uma empresa pelo feeling"
O Rio Grande do Norte possui 4.500 profissionais de administração registrados. Segundo a presidente do CRA/RN, Kate Maciel, no Estado a maioria das empresas são familiares, fato que torna mais lenta a percepção pela necessidade de aderir à gestão profissional. “Atualmente, administrar um negócio, um processo ou pessoas requer muito conhecimento, experiência e uma visão de cenários muito aguçada. A empresa que não insere o profissional de administração, em áreas de gestão, estão mais propícias a cometer erros fatais para o negócio”, afirma. Por outro lado, Kate Maciel acredita que as empresas já percebem esta necessidade, pois muitos dos alunos de Administração nas instituições de ensino são oriundos de empresas familiares e procuram o curso para aprender sobre gestão. Outro dado que aponta essa mudança é que atualmente, Administração é o curso que tem maior número de alunos matriculados no RN e no Brasil. “A evolução dos tempos de-
monstra que não é mais possível gerir uma empresa pelo “feeling”. Estamos na era do conhecimento e da tecnologia, onde a velocidades das informações e mudanças ditam as regras do jogo”, conclui. REMUNERAÇÃO Segundo dados da pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Administração (CFA) sobre o Perfil Nacional do Administrador, a renda individual com maior incidência de respostas foi observada na faixa entre 5,1 e 10,0 salários-mínimos. Considerando-se os pontos médios das faixas, a renda média aproximada do Administrador apurada foi de 11,51 salários-mínimos, sinalizando uma renda média individual aproximada de R$ 4.028,00 (maio/2006). De acordo com o Conselho Regional de Adminsitração (CRA), no Rio Grande do Norte atualmente a média salarial para a categoria iniciante é R$ 3.390,00 e com experiência no mercado está entre 6 e 8 salários mínimos.
PESQUISA APONTA que ter um ADMINISTRADOR é pré-requisito para alcançcar o SUCESSO Uma pesquisa do Sebrae Nacional informa que o Rio Grande do Norte tem a quarta menor taxa de sobrevivência de empresas do país, com 62%, enquanto a média nacional é de 73%. Outro levantamento do Sebrae/RN, com dados da mesma época, mostra a escolha de um bom administrador foi apontada pela maioria (45%) dos empresários como o principal fator na logística operacional para o sucesso entre as empresas ativas. “A empresa 12>
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muitas vezes deixa de crescer porque não tem uma gestão apropriada. E isso passa a ser ou um fator para a mortalidade da empresa, ou um fator limitante ao crescimento da empresa”, explica o Gerente da Unidade de Orientação Empresarial, Edwin Aldrin Januário da Silva. De acordo com ele, as empresas têm patamares diferentes e em cada tamanho tem que ser feito um processo de gestão diferente. “Quando você tem uma empre-
sa pequena você anota as coisas em um caderno, quando ela cresce você precisa de um sistema de gestão. Isso é um processo natural. O problema é que muitos empresários não enxergam isso como evolução e acham que o mesmo modelo de gestão de 10 anos atrás, só porque deu certo, pode ser aplicado na empresa no momento que ela está crescendo, e não é assim. É ai onde entre a necessidade de um profissional”, explica Edwin Aldrin.
Chapéu Identificar erros e acertos ajuda no crescimento dos negócios A geração “Y” foi responsável pela abertura de novos serviços no mercado. Em Natal, a Maxmeio é referência no seu segmento. Atuando há 10 anos no mercado, é responsável principalmente pelo gerenciamento e criação de sites para muitas empresas e instituições da cidade. Dentre a vasta carteira de clientes, a agência de comunicação digital detém o serviço para quatro shoppings da cidade, o que é considerado pelo proprietário, Flávio Sales, um feito histórico. Antes de consolidar o sucesso da empresa, o empresário e publicitário, conta que errou muito. “No início eu ficava sentido com a saída de funcionários. Achava que era um problema pessoal. Hoje, eu acho muito normal porque vejo que muitas pessoas que passaram por aqui conseguiram grandes oportunidades”, disse Flavio Sales. Administrar equipe jovem e capacitada para ser absorvida no mercado, na visão de Flávio, é o maior problema enfrentado na gestão de um negócio. Para conseguir vencer esse e outros desafios, a Maxmeio contratou um administrador há dois anos. Com isso, foi
incorporada dentro da empresa uma política de estímulos planejada pelo proprietário juntamente com o administrador, provocando diversas mudanças na agência. A principal: a abolição do ponto eletrônico, para que os funcionários trabalhem por produtividade; Também passou a ser oferecido refeição aos funcionários, sem custo; A remuneração hoje varia entre R$1.5000 a R$7.500, o que é considerado acima da média no mercado local; O destaque é para a reunião de planejamento, realizada na última sexta-feira do mês, em que toda a equipe se reúne em um churrasco para apresentar inovações tecnológicas e ideias para o crescimento da empresa. “No início eu só pensava no lucro e no crescimento da empresa. Esquecia muitas vezes que aqui nós não temos máquinas, nós temos seres humanos. E eu preciso investir na qualificação e satisfação deles para que eles se sintam bem”, comenta Flavio Sales sobre a lição apreendida sobre administração de pessoas. Atualmente, na Maxmeio o administrador tem total autonomia nas decisões financeiras. O publicitário está focado
agora na criação e na venda dos produtos da empresa. Essa decisão tem mostrado uma evolução. Somente este ano, a empresa atingiu a meta financeira em agosto e novas metas estão sendo traçadas. “Sem dúvidas se eu tivesse um administrador desde o começo da Maxmeio, teríamos evitado muitos dos problemas. Por eu não ter uma segunda voz que me orientasse, eu achava que sabia de tudo e que estava fazendo sempre o certo. Mas fui humilde para reconhecer em tempo a importância desse profissional na empresa”, conclui o empresário.
Flávio: Maxmeio foca na criação de produtos
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Administração
POR DENTRO DAS EMPRESAS
O Hospital do Coração está entre os dez maiores contribuintes de ISS (Imposto Sobre Serviços) em Natal. Ele foi o sétimo maior contribuinte em Natal em 2012, e o primeiro da categoria hospitais. O hospital conquistou o título de referência em Saúde em mais de 10 anos de avanços, investindo em tecnologia de ponta. Hoje, com um universo de 750 funcionários e 500 médicos cadastrados, administrar a unidade é um grande desafio. O diretor Administrativo do Hospital do Coração, Nelson Solano, afirma que, desde o início das operações do Hospital, eles trabalham com uma admi14>
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nistração profissionalizada seguindo os padrões da governança corporativa, formada por uma direção executiva, conselho de administração e o administrador - que é quem concentra a supervisão de todas as rotinas hospitalares. O administrador do HC, Reinaldo Medeiros Marques, explica que existem diferenças na administração de um hospital. Para ele, na indústria o grande cliente é o consumidor final, já no hospital não é o paciente o primeiro cliente. Mas, o médico. “Quem traz o cliente para o hospital é o médico. Porque os pacientes só vêm para um hospital
quando precisam do atendimento. E o médico quer atender seu paciente com segurança, conforto e sabendo que tem uma estrutura hospitalar que vai atender as suas necessidades, trabalhando com excelência”, ressalta. Reinaldo explica que para conquistar a satisfação dos médicos e pacientes, seu trabalho é pautado na missão do hospital. “Se você tem uma direção de uma missão da empresa, como o Hospital do Coração, que visa melhorar cada vez mais com ferramentas e técnicas novas, você desencadeia um mundo para buscar as soluções para a empresa crescer”, justifica o administrador.
Chapéu
Hospital do Coração: boa gestão baseada na valorização das
Reinaldo Marques está no Hospital de o hospital. Administrar pessoas é sempre a Coração desde 2011. Trouxe a sua experi- grande chave de um negócio”, conclui Reiência na administração do Hospital Sírio naldo. Uma política implantada na empresa Libanês em São Paulo, onde foi responsável que está tendo um grande efeito é a valoripelo início da profissionalização de hospi- zação dos profissionais que se destacam, pertais. “Ao final dos anos 80, os hospitais do mitindo a mobilidade dele dentro da empreSul e Sudeste perceberam a necessidade de sa. O diretor Administrativo, Nelson Solano, organizar e profissionalizar a sua gestão. explica esse trabalho. “Os dois últimos setoHoje em todo o Brasil, contamos com mo- res criados com o objetivo de melhorar e dar dernos softwares que auxiliam na melhor mais eficiência no atendimento ao cliente gestão do negócio”, explicou o administra- foram os setores de Atendimento ao Cliente dor. O Hospital do Coração utiliza ferra- externo e a Ouvidoria. Nossa ouvidora hoje mentas avançadas em computação para é uma funcionária que trabalhava na nossa otimizar os trabalhos recepção há 10 anos e e diminuir as perdas formou-se em Assisem todos os setores. tência Social. Ela vem At ua l mente , por mostrando um bom exemplo, todos os resultado e agregan“servir à comunidade, promoprontuários são eledo valor ao nosso vendo saúde e melhoria da qualidatrônicos e permitem serviço”, ressalta Nelde de vida, com o atendimento ver a evolução do pason Solano. humanizado, avançada tecnologia ciente on-line. Todos O Hospital do e recursos humanos qualificados”. os materiais utilizaCoração pla neja dos pela estrutura para o ano de 2014 a também são cadastraampliação dos leitos dos em programas de computador que uti- de UTI’s, pronto socorro, apartamentos, lizam um sistema integrado, em que o que além do desenvolvimento de novos servio médico prescreve, é enviado eletronica- ços. Atualmente a estrutura hospitalar mente para a farmácia para ser retirado do conta com duas UTI’s e um centro cirúrestoque e cadastrado na conta do paciente. gico com os mais avançados equipamentos, Além da tecnologia, o hospital investe na além de 111 leitos, sendo 26 de UTI’s, 40 qualidade dos funcionários. “Qualificamos de enfermagem e 45 apartamentos. Em nossos profissionais oferecendo bons treina- 2012 foram realizadas 5.392 intervenções mentos, por meio de educação continuada. cirúrgicas, 90.2141 atendimentos ambulaBem como fazendo um bom recrutamento, toriais e 46.206 pacientes foram atendidos buscando pessoas que se comprometam com no Pronto-socorro.
Missão:
Recrutar, treinar e valorizar pessoas é um caminho para o êxito
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Administração Boa Gestão ajuda microempresas a ganhar mercado A Massa Mia, microempresa de massas congeladas, está se firmando no mercado potiguar como referência em qualidade e praticidade para quem quer ter ou oferecer em casa uma boa receita italiana sem nenhum tipo de conservantes. A marca está em processo de expansão, com a meta de chegar ao final do ano com seis franquias e até o final de 2014, com 20 lojas. A matriz está instalada no bairro de Petrópolis em Natal - que reúne área de produção e loja-, uma franquia está em Lagoa Nova e uma nova loja será aberta no Natal Shopping. Com 20 anos no mercado, a consolidação veio por meio da administração experiente da proprietária Monica Torres que divide a responsabilidade em parte da administração com o diretor de franquias e seu filho, Caio
Empresa apostou na gestão e hoje conta com apoio de consultor
Lima. “Quando entramos para a sociedade do Massa Mia, não havia organização financeira alguma”, explicou o diretor de franquias da Massa Mia, Caio Lima. Mesmo com a experiência em negócios da gestora Monica Torres, a Massa Mia requisitou a assessoria de um administrador em diversos momentos. Segundo o diretor, o crescimento paulatino foi um dos fatores que contribuíram para que a empresa tivesse o sucesso consolida-
do. “Durante 15 anos, pelo menos, o atendimento era feito pela Monica, que ficavam em contato direto com os clientes. Acho que esse fator também contribuiu para que tomássemos conhecimento do nosso mercado. Os ajustes foram feitos aos poucos”, revela Caio. De acordo com ele, com o projeto de expansão da marca, a necessidade de buscar a ajuda de um administrador foi inevitável. Hoje a marca conta com ajuda de um consultor de Franquias.
TECNOLOGIA AJUDA NO AVANÇO DA GESTÃO Tornar-se mais competitiva e com maior velocidade de decisão é o objetivo de toda empresa moderna. O investimento crescente em tecnologias, tem estimulado o surgimento de empresas de software, que oferecem soluções que organizam, disciplinam, definem e impõem processos, armazenam dados, geram
informação e auxiliando na gestão. Líder absoluta no Brasil, com 55,4% de participação de mercado e também na América Latina, com 35% (segundo o instituto Gartner), a Totvs é a maior fabricante de softwares aplicativos sediada em países emergentes e a 6ª maior do mundo. A unidade potiguar da TOTVS foi fundada
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em 1999, ainda sob a marca Microsiga. Com a aquisição da operação da RM Sistemas de Natal em 2008, transformou-se em Distribuidor Regional Global (DRG) da TOTVS para todo o Rio Grande do Norte. No Estado a empresa trabalha com seis segmentos, escolhidos entre 10 oferecidos pela marca, planejado de acordo com a demanda do mercado: varejo, construção, educação, manufatura, distribuição e serviços. O varejo é o segmento que mais busca o serviço no Estado. No total, a marca possui 150 CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) utilizando seus sistemas. “Hoje o software de gestão é a ferramenta principal para o administrador. E com a modernização dessas empresas desenvolvedoras, somos nós que apresentamos para o profissional o modelo de programa que vai suprir a necessidade dele”, explica o gestor de atendimento e relacionamento da Totvs, Maury Duarte.
Chapéu Pesca Especial
Salve a
pesca
indústria de pesca: entre a vida e a morte
Pesca industrial do Rio Grande do Norte expande as fronteiras oceânicas de atuação. Estado lidera o Brasil pescando com tecnologia e sustentabilidade. Isso tem incomodado concorrentes do sul do Brasil. Nesta reportagem, veja como uma medida unilateral do Ibama poderá afetar o futuro da indústria de pescado potiguar e até do país.
Operação “midiática” pode gerar colapso no mercado Como se não bastassem as dificuldades enfrentadas pelo segmento, no início do mês de agosto, o Ibama do Rio Grande do Sul, baseado no que dizem ter sido uma “denúncia anônima”, pode ter dado o tiro de misericórdia que faltava para a morte da indústria de pesca de alto mar do Rio Grande do Norte e até do Brasil. Numa operação “midiática”, porém fracassada (pois a maior parte da mídia entendeu que o assunto não merecia destaque), o Ibama, com apoio da Polícia Federal e Marinha, prendeu a embarcação de pesca Kinsai Maru 58, um dos três barcos internacionais sob a responsabilidade da empresa
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Atlântico Tuna, sediada no Rio Grande do Norte e hoje uma das pioneiras na aplicação da tecnologia à pesca em alto mar, responsável por 85% das exportações brasileiras de atum. Foi o primeiro capítulo de uma extensa novela, com roteiro baseado em injustiças. Uma trama que retrata a real situação de escassez de segurança jurídica não apenas do setor industrial pesqueiro, mas de todo e qualquer empreendedor brasileiro que deseja produzir, gerar empregos e divisas para o país. Depois do primeiro barco preso, baseado na denúncia, “anônima”, o Ibama mandou prender outras duas
Chapéu por Jean Valério Que o Rio Grande do norte é um Estado vocacionado para a atividade de pesca e para a aqüicultura não é segredo para ninguém. A começar pelos atributos naturais e geográficos, como temperatura e a proximidade da Europa e África. Do ponto de vista de produção aquática, o Estado pode ser dividido em três macroregiões marítimas: a primeira é a macroregião marítima oceânica, onde operam em alto mar os barcos que pescam atuns e afins; a segunda é a macroregião costeira, que envolve a captura da lagosta, pargo, entre outras espécies, e a maricultura. Por fim temos as nossas águas interiores, competitivas na produção de tilápia. O Rio Grande do Norte está ainda estrategicamente localizado na região do Mercosul entre a União Européia e o Nafta. O encontro das correntes marítimas do Brasil e com a corrente que vem da Austrália atrai, por gravidade e condições da água favoráveis, cardumes migratórios. Viram presas atrativas para os barcos de pesca do território potiguar. Apesar de todos estes atributos naturais e da possibilidade de avanço nesta atividade, o cultivo da chamada “pecuária pesqueira” anda está engatinhando no Brasil. Com oito mil quilômetros de costa marítima, o maior reservatório de água doce do mundo, um oceano sem fim e clima favorável, o país ainda é um dos grandes importadores de pescado do mundo. A insegurança jurídica, somada à atuação ditatorial de órgãos ambientais, são os maiores entraves. A falta de uma política de governo eficaz voltada para a pesca (que pelo menos defenda o setor ou não atrapalhe seu desenvolvimento) contribui para tal quadro negativo. O resultado é uma evolução pífia da produção pesqueira, que não consegue acompanhar a crescente demanda nacional por pescado e a conseqüente importação deste produto, que deveria ser tão abundante no país, alimentando a população e contribuindo para a geração de emprego e divisas. Isso também gera ainda a sazonalidade na indústria de beneficiamento, que nem sempre tem uma demanda contínua viável.
embarcações que ainda encontravam-se em alto mar. Mas como poderiam prender barcos que estavam pescando em alto mar, com todas as licenças e autorizações expedidas, baseado numa acusação “anônima”? Esta é a primeira pergunta que os fiscais do Ibama terão que responder perante aos seus superiores e à Justiça, que também já se debruça sobre os autos tendo inclusive liberado dois dos barcos (até o fechamento desta edição) e mercadoria apreendidos, embora sob o pagamento de fiança. Por traz da apreensão dos barcos do Rio Grande do Norte, circulam nos bastidores histórias difíceis de acreditar, sendo a principal delas a da forte influência dos empresários do sul do país (estariam insatisfeitos
com o avanço da pesca industrial nordestina) frente a alguns profissionais do órgão ambientalista. Se verdade for esta versão somente a justiça terá o poder de reparar o erro que está custando muito caro a toda indústria que produz milhões de toneladas de pescado no Nordeste. Uma produção que alimenta o pobre, o rico, gera empregos e contribui para equilibrar a balança comercial brasileira. Até o dia 15 de setembro, o prejuízo da Atlântico Tuna já ultrapassava os R$ 30 milhões, entre mercadoria, barco sem operar, custo de estaleiro, energia, advogados, entre outras despesas. Os proprietários aguardam agora o posicionamento da justiça, em quem depositam todas as suas esperanças.
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Especial Pesca Chapéu
Pescado estava lacrado pelo Ibama e preso na câmara fria do barco
Ibama narra detalhes da apreensão dos barcos do rn A Revista Negócios.net teve acesso a uma nota do Ibama que narra a versão do órgão. O comunicado informa que os três navios pesqueiros de bandeira japonesa foram apreendidos e multados durante operação do Ibama com apoio da Polícia Federal e da Marinha do Brasil, entre julho e agosto deste ano. Os petrechos de pesca usados pelas embarcações, defende o Ibama, não estavam de acordo com a Instrução Normativa do Ministério da Pesca e Aquicultuta e Ministério do Meio Ambiente (INI MPA/MMA) 04/2011. No dia 30 de julho, o barco japonês Kinei Maru nº 108 foi apreendido, no porto de Rio Grande (RS). A empresa arrendatária, a Atlântico Tuna, recebeu a primeira multa de R$ 4.007.800,00 e a carga de atum es-
timada em 195.390 quilos foi apreendida. Além do Kinei Maru, outros dois barcos arrendados pela Atlântico Tuna também foram apreendidos depois: A embarcação Shoei Naru nº 7 foi abordada dia 13 de agosto no mar da zona costeira do estado de Pernambuco e conduzida ao porto de Natal. A carga era estimada em 163.737 quilos pescado. A empresa levou mais uma multa de R$ 3.374.740,00. O terceiro pesqueiro, o Kinsai Maru Nº 58, foi abordado em Maceió e dirigido ao porto de Salvador. O Ibama alega que medidas obrigatórias para embarcações que operam com espinhel pelágico não foram observadas. A carga apreendia no Kinsai Maru é de 194.909 quilos de atuns. A multa foi de R$ 3.998.180,00.
Órgão anunciou doação de pescado de propriedade privada O Ibama, nos seus comunicados oficiais, informava sempre que a carga apreendida na embarcação fiscalizada no Rio Grande do Sul seria doada ao Ministério de Desenvolvimento Social para programas sociais do governo federal. Mas uma decisão liminar a justiça suspendeu a intenção. E o pescado apreendido ficou estocado nos refrigeradores das embarcações até que a destinação seja definida. Em nota, o próprio Ibama admite que “a Instrução Normativa Interministerial MPA/MMA nº 04/2011 estabelece as medidas de proteção às aves marinhas capturadas acidentalmente nas 20 >
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operações de pesca. Estas medidas são discutidas na Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico – ICCAT e recomendadas aos países integrantes, entre eles o Brasil”. EDITAIS SUSPEITOS O instituto alega que as operações de fiscalização de pesca que estão ocorrendo em todo o país fazem parte do PNAPA, Plano Nacional Anual de Proteção Ambiental, planejamento anual prévio das ações de fiscalização. O que o Ibama não explicou ainda, e poderá explicar, é por qual motivo o órgão
chegou a publicar um edital, em tempo recorde, vendendo o atum apreendido e comprando atum enlatado, provavelmente de empresas do sul do país, onde concentram-se as indústria de enlatados da pesca. Na prática, seria a troca do atum in natura da empresa Atlântico Tuna por atum enlatado. Esta será mais uma explicação que os fiscais e técnicos responsáveis pela operação deverão prestar à Justiça. É importante reforçar que o Ibama insistiu nos editais, ignorando as decisões judiciais que proibiam a venda do pescado apreendido nas embarcações de pesca do Rio Grande do Norte.
Chapéu
Perguntas que precisam de respostas do Governo brasileiro A Atlântico Tuna, empresa sediada no Rio Grande do Norte e que há três anos vem agregando novas tecnologias de pesca, responde hoje por 85% das exportações nacionais de atum. A empresa está sendo acusada de infringir as normas ambientais brasileiras, em razão do entendimento específico do Ibama a respeito das medidas mitigadoras de captura acidental de aves marinhas. A Revista Negócios.net pesquisou o tema e chegou a uma conclusão que deveria, ao menos, fazer o Governo Brasileiro se questionar: Métodos de pesca utilizados pela Atlântico Tuna evitam muito mais a morte de pássaros exóticos do que aqueles exigidos pelo Ibama. Estaria o Ibama, então, insistindo numa lei ultrapassada, que regula métodos atrasados e nocivos inclusive ao trabalhador da pesca, apenas para manter uma decisão contra uma única empresa brasileira? Sobre o método de pesca, a divergência está num só ponto: o Ibama alega que linhas secundárias do espinhel utilizado pela embarcação não eram confeccionadas com peso – segundo a IN N.4/2011, do MPA e MMA - que trata de método que visam minimizar a captura incidental de aves marinhas. As autoridades concluíram que a pesca era ilegal e o barco estaria usando petrechos proibidos. Mas não levaram em consideração que a empresa, apesar de não adotar o peso nas linhas (o que segundo especialistas pode causar acidentes aos trabalhadores), realiza a largada noturna (pesca à noite, horário de menor atividade das aves) associada ao uso de toriline (linha espanta pássaros), medidas que estão de acordo com recomendações da ICCAT, Comissão que implementa a Convenção Internacional para Conservação do Atum do Atlântico, da qual o Brasil é signatário. O Ibama parece ignorar, mas os barcos japoneses arrendados à Atlântino Tuna seguiram a recomendação número 11-09 da ICCAT. Em resumo, o Brasil faz parte da Convenção Internacional para a
Conservação do Atum e Afins do Atlântico, internalizada pelo Decreto nº 65.026, de 20 de agosto de 1969, e por isso deve obediência às normas estabelecidas pela ICCAT. Esta Convenção estabelece em seu artigo VIII, 2, que o Brasil tem até 6 meses - contados da data do recebimento da comunicação transmitindo a recomendação do ICCAT - para se adequar às normas editadas. Este prazo venceu, há mais de uma ano, sem que os Ministérios da Pesca e do Meio Ambiente tivessem editado a nova IN adotando a recomendação da ICCAT. É inevitável que, em alguns dias, tais ministérios editem uma nova IN, regulamentando orientações para novos métodos de pesca permitidos. Curioso é que tais métodos são justamente os que já são praticados pela Atlântico Tuna. Estaria então a empresa norte-rio-grandense pagando o preço pela incompetência, reconhecida, do Governo Federal? Pela maneira ditatorial e intransigente que foram realizadas as operações de apreensão das embarcações japonesas que trabalhavam no país, nada serviria de consolo para a empresa brasileira arrendatária prejudicada. Porém, a Atlântico Tuna aplicava ainda medidas mitigadoras além daquelas estabelecidas pelas maiores autoridades internacionais no assunto. Utilizava na pesca o multifilamento ou linha traçada, que tem mais peso e afunda mais rapidamente o espinhel. Além disso, suas linhas secundarias têm aço dentro para pesar e também afundar mais rapidamente. Some-se o fato de toda a tripulação estar legalizada com seus vistos publicados em Diário Oficial da União. Os barcos estão cadastrados por edital no Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e possuem todas as licenças e autorizações para operação. E para dirimir ainda mais dúvidas, os mapas de bordo podem testemunhar se houve ou não morte de aves além do permitido. De acordo com a empresa, a captura incidental de aves, segundo os mapas, ficou abaixo das ocorrências médias. setembro de 2013 <
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Exportações de pescado despencam em 10 anos Nos últimos 10 anos, o Rio Grande do Norte esteve situado entre os três Estados brasileiros que mais exportam pescado. O ano de 2003 foi o melhor para as exportações brasileiras de pesca. Entre 2004 e 2013, O Estado se revezou com o Ceará e o Pará na liderança da produção e exportação de pescado. Em 2004, o Brasil chegou a exportar US$ 406.296.725, equivalente a quase 98.183.310 quilos de pescado. Neste mesmo ano o Rio Grande do Norte exportou um quarto do país contabi l i za ndo US$ 102 .745.932 ou 25.891.789 (kg). Para se ter uma idéia da queda no volume exportado pelo país, no ano de 2009, as exportações brasileiras de pescado somaram US$ 167.878.025, equivalente a 29.895.920 (kg). As remessas de pescado do Rio Grande do Norte para o exterior neste ano renderam US$ 28.736.793 ou 7.066.907 (kg). No ano passado (2012), o Rio Grande do Norte exportou apenas US$ 19.499.623 ou 2.921.838 (kg). Observa-se, em 6 anos, uma redução de mais de 270% nas exportações de pescado a partir do Rio Grande do Norte. Muitos fatores podem justificar esta drástica redução no volume exportado. O principal deles foi a crise internacional e a desvalorização da moeda brasileira frente aos ajustes realizados nos preços de mercado do Euro e do Dólar, por exemplo. Vender para o mercado interno foi uma solução emergencial encontrada. A comercialização interna tem seus benefícios, mas não preenche o vácuo deixado pela lucratividade da exportação e sua contribuição para o equilíbrio da balança comercial brasileira. A saída foi buscar alternativas de pesca competitivas, investir em tecnologia e na captura de peixes com demanda no mercado externo. A pesca em alto mar de espécies migratórias, com ênfase no atum, foi o caminho trilhado por empresas de ponta do Rio Grande do Norte. A exemplo do que foi feito entre 2002 e 2005, com a chegada dos barcos espanhóis e a conseqüente absorção de tecnologia, empreendedores do Estado trouxeram do Japão a tecnologia mais apropriada e competitiva para atuar no oceano que os rodeiam.
Chapéu
Peixe importado invade o Brasil A entrada de pescados no mercado brasileiro bateu recorde de janeiro a maio. Foram 198,6 mil toneladas importada nos cinco meses deste ano. Os maiores vendedores ao mercado brasileiro são China, Chile e Vietnã. Na contramão, mantendo o ritmo lento dos últimos anos, as exportações tiveram recuo - 14 mil toneladas, menos de um terço do que o país vendia há dez anos. O presidente do Conepe (Conselho Nacional das Empresas de Pesca), empresário Armando Burle, credita esta realidade ao envelhecimento da frota de pesca e dificuldades na liberação de parques aquícolas. A ampliação do volume de pescado importado vai de encontro ao que prega o Ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, quando defende ampliação da produção para atender a demanda.
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Ministro da Pesca defende empresas do RN O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, elogiou a atuação das empresas de pesca do Rio Grande do Norte, reconheceu que o Brasil precisa ampliar seu esforço pesqueiro e defendeu o modelo de arrendamento de embarcações por edital público. “Não existe irregularidade. Existe preocupação do Ministério da Pesca de podermos capturar nossas cotas de pescado. Se nós não fizermos isso, se nós formos indiferentes. Se formos displicentes, a nação não nos perdoará. Precisamos passar este patrimônio para a próxima geração. Este é um sonho”, destacou o ministro, em Brasília, durante reunião do Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura (CONEPE). A política de cotas para arrendamento de barcos estrangeiros foi defendida pelo ministro, que criticou a ação do Ibama contra embarcações arrendadas pelas empresas do Rio Grande do Norte e ironizou uma reportagem da revista Carta Capital, sob o título “Máfia do Atum”, que tentava colocar em cheque os barcos arrendados. “Não existe máfia. Ao contrario existe desejo enorme de que a gente possa cumprir com nosso destino que é de ser um dos maiores produtores de pescado do mundo. Já foram no passado dezesseis arredamentos e hoje são apenas três. Portanto se esta máfia existe é das mais incompetentes na história dos novos tempos brasileiros. O arrendamento é concedido em edital. Edital público em que todos podem concorrer. Não sei qual é a outra máfia que já adotou a política de edital”, afirmou o ministro da Pesca.
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Crivella: Brasil precisa pescar mais O ministro da Pesca Marcelo Crivella lamenta o fato do Brasil precisar importar peixe para consumo interno e admite a necessidade da ampliação da produção nacional: “O fato é que nós precisamos, com sabedoria e inteligência, pescar mais e melhor. Depende de melhorarmos o esforço de pesca. É uma imoralidade importar. Precisamos produzir. A presidenta Dilma desonerou, descomplicou e financiou. Queremos incentivar consumo de peixe no nosso país. Sem precisar importar”, defendeu. A simplificação de licenciamentos para atividades de pesca, de acordo com Marcelo Crivella, também será perseguida. Ele disse que vai procurar apoio do Ministério do Meio Ambiente para tratar da fiscalização. “Sou daqueles que defendem que o Ministério da Pesca faça parte da fiscalização. E mais: Acho até que cabe ao ministério a fiscalização de apetrechos. Esta parte do ordenamento cabe a nós. As políticas de ordenamento concebidas na Pesca, sempre com atuação do Meio Ambiente, dá resultado ao país”, reivindicou o ministro.
Abraão (CNPA): defesa da pesca
Amaro (Fiern): apoio aos industriais
FIERN defende pesca sustentável O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales, defendeu a importância da atividade industrial pesqueira para o Rio Grande do Norte. “A pesca industrial merece destacada atenção de todos, particularmente, do governo federal que exerce a prerrogativa de fiscalização e controle na faixa marítima brasileira e é signatário de vários acordos internacionais que disciplinam a pesca oceânica. As empresas de pesca do Estado – sou testemunha – patrocinaram medidas e altos investimentos para cumprirem a legislação e esperam contar com o apoio de todos que desejam e apostam em um Brasil mais próspero”, declarou Amaro Sales. O desenvolvimento que é defendido pela indústria do Rio Grande do Norte, acrescentou, "é sustentável, respeita o meio ambiente e contribui com a justiça social. Todos reconhecem a importância da sustentabilidade como estratégia, modo de operação, conceito de atuação social”. A pesca industrial, avalia Amaro, investe em sustentabilidade. “Temos um programa de treinamento da tripulação brasileira feito em parceria do SENAI com as empresas de pesca do Estado. É preciso olhar com atenção este setor tão
importante para a economia potiguar”, reiterou o presidente. Amaro Sales foi além da defesa do setor da pesca e analisou que o ambiente favorável à produção precisa contar com o esforço de “todas as instituições em torno da viabilidade dos investimentos – públicos e privados – no Rio Grande do Norte”. Para ele, isso pode ser um diferencial a favor do desenvolvimento potiguar. “Não estamos em campos opostos. Podemos convergir em muito e, na convergência, além de ampliarmos a atuação educativa e preventiva do Ibama, podemos melhorar a velocidade das decisões minimizando custos pela eventual demora”, concluiu. O presidente da Fiern se comprometeu em levar os industriais norte-rio-grandenses da pesca, representados pelo Sindicato da Indústria de Pesca do RN (SINDIPESCA) a uma reunião na CNI (Confederação Nacional da Indústria), e ao Congresso Nacional junto ao deputado federal Henrique Alves. A intenção é conseguir a intermediação de uma audiência no Ministério do Meio Ambiente, com objetivo de buscar a solução pacífica que poderá apontar o futuro da pesca industrial do Rio Grande do Norte e de todo o Brasil.
Professor Cortez lamenta obstáculos
CNPA denuncia “discriminação” ao Nordeste A Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores (CNPA), entidade que representa as diversas categorias de trabalhadores envolvidos na pesca, denunciou o que chamou de “ação discriminatória" contra as empresas e os trabalhadores da região Nordeste. A CNPA avaliou o caso da apreensão dos barcos de pesca japoneses e, em entrevista à Revista Negócios.net, manifestou preocupação com a medida “ditatorial” do Ibama que pode levar a uma crise sem precedentes em toda a cadeia produtiva da pesca industrial, principalmente no Rio Grande do Norte. “Está claro que trata-se de uma ação orquestrada que prejudica e discrimina a região Nordeste. Isso porque o Nordeste está assumindo a ponta, está dominando a tecnologia de pesca em alto mar. Por incrível que pareça, essa tecnologia que agride muito menos o meio ambiente do que a que normalmente é utilizada”, destacou o presidente da CNPA, Abraão Lincoln. “As empresas do Nordeste estão apostando no novo. As empresas do sul do país precisam abrir os olhos para novo, sair do passado, enviar navios capacitados pro mar. Isso que o Rio Grande do Norte faz e devia servir de exemplo”. setembro de 2013 <
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Brasil perde empregos, recursos e tecnologia Para o presidente da CNPA, Abraão Lincoln, a justiça deverá corrigir o que considera “uma das maiores injustiças em toda a minha história de vida atuando na pesca brasileira”. “É inconcebível. São navios capacitados que vão pro mar. Que respeitam regras e leis. Temos 600 toneladas de atum presas. Três barcos deixando de produzir. Sabe o que vai acontecer? O Brasil deixará de pescar suas cotas no Atlântico. E outros países vão ocupar o espaço. Vamos deixar de alimentar o povo, de exportar e gerar empregos”, desabafou. Se o Brasil pensa em ser competitivo e liderar a indústria pesqueira do Atlântico Sul, na avaliação de Abraão Lincoln, é preciso antes de tudo absorver novas tecnologias e ensinar aos trabalhadores brasileiros as habilidades de pesca. “Se não trouxermos barcos modernos quando vamos aprender? Espero que o governo federal, não só o Ministério da Pesca, que já tem feito muito pelo setor, tome as providências. O Ministério do Meio Ambiente deve ter sensibilidade”, conclui o presidente da Confederação. 26 >
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Lei que regulamenta a pesca é DEFASADA A Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores (CNPA) prega a correção do “equívoco” na lei que define o compartilhamento da gestão entre o MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura) e MMA (Ministério do Meio Ambiente). A ação em conjunto vem dificultando a execução das políticas públicas em face da demora nas tramitações processuais entre dois Ministérios para se chegar a consensos. A Lei nº 11.958, de 26 de Junho de 2009 (* descrita abaixo), na visão do presidente da CNPA, Abraão Lincoln, é atrasada quando tira do MPA a sua maior razão de existir: Fomento às atividades de pesca do país. “O Brasil precisa de uma política desenvolvimentista para o setor. Os brasileiros estão aumentando o consumo de pescado. Defendemos que a fiscalização seja feita integramente pelo Ministério da Pesca, que é quem entende de pesca”, classificou Abraão. * Lei nº 11.958, de 26 de Junho de 2009 § 6º Cabe aos Ministérios da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente, em conjunto e sob a coordenação do primeiro, nos aspectos relacionados ao uso sustentável dos recursos pesqueiros: I - fixar as normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento do uso sustentável dos recursos pesqueiros, com base nos melhores dados científicos e existentes, na forma de regulamento; e II - subsidiar, assessorar e participar, em interação com o Ministério das Relações Exteriores, de negociações e eventos que envolvam o comprometimento de direitos e a interferência em interesses nacionais sobre a pesca e aquicultura.
Tripulação do RN passa por treinamento para absorver tecnologia de pesca
Absorção de mão de obra e tecnologia: objetivo perseguido A insuficiência de mão-de-obra qualificada é, de fato, o principal entrave para o desenvolvimento do projeto de modernização da frota pesqueira do Brasil e do Rio Grande do Norte e ainda dos métodos de pesca utilizados. Este é também o argumento da qual se utilizam alguns presidentes de associações de trabalhadores para se posicionar contra a política de arrendamento de barcos de pesca internacionais. Tecnologia e habilidade de pesca moderna só se adqui-
rem praticando. A empresa Atlântico Tuna, em parceria com o SENAI e a FIERN, trabalha para absorver tecnologias internacionais através de cursos e capacitação de trabalhadores brasileiros. É justamente com o objetivo de reverter a carência de mão-de-obra nacional, devidamente treinada para o trabalho a bordo das embarcações japonesas de pesca (detentoras de tecnologia de captura por espinhel profundo e congelamento a -60C), que a Atlân-
tico Tuna também apoio da JAPAN TUNA, empresa japonesa com know how reconhecido, para o desenvolvimento do Programa de Treinamento de Tripulantes Brasileiros, de capacitação para essa atividade de pesca específica. A primeira etapa foi realizada entre janeiro a março de 2011, no Centro de Treinamento Aluízio Alves do SENAI/ RN, em Natal. E promoveu curso de aperfeiçoamento de tripulantes brasileiros. A estratégia para a seleção dos tripulantes brasileiros visou identificar aqueles com maior experiência na pesca de espinhel no modelo americano-espanhol, cuja média de idade ficou em 34 anos. Foram treinados 57 tripulantes, dos quais 44 foram contratados imediatamente para a primeira etapa das operações de pesca. Os demais ficaram de reserva e quase todos foram aproveitados quando da necessidade de substituição aos brasileiros que não se adaptaram à pesca e tecnologias utilizadas. Um Memorando de Entendimento da OFCF (Overseas Fishery Cooperation Foundation) do Japão, Governo do RN e Atlântico Tuna, deu ainda mais credibilidade ao processo. O documento possibilitou o envio de técnicos japoneses que auxiliaram instrutores brasileiros no processo de treinamento. As aulas contemplaram introdução das técnicas de pesca utilizadas pelas embarcações japonesas, bem como, aulas de conversação básica em japonês.
Nacionalizar a frota é um dos objetivos da empresa Como havia assumido o compromisso de substituir gradativamente a tripulação estrangeiros por brasileiros, a Atlântico Tuna investiu na Segunda Fase do programa de Treinamento, mais abrangente e de caráter periódico. Entre Outubro de 2011 e Fevereiro de 2012, o SENAI/RN, em Santa Cruz, cidade distante cerca de 120 quilômetros de Natal, sediou o Programa de Formação e Treinamento de tripulantes nacionais, que teve como objetivo promover, de forma permanente, a formação de tripulantes brasileiros, com duração média de 2 meses (270 horas). A missão perseguida é criar uma frota pesqueira oceânica genuinamente nacional. A estratégia foi formar do zero uma nova geração de tripu-
lantes nacionais, capazes de desenvolver a pesca oceânica de atuns no modelo japonês – tecnologia que demonstrou excelentes resultados para a produção e exportações brasileiras de atuns. Por meio de edital público, foram inscritos mais de 120 candidatos, que passaram por testes de matemática e português, bem como provas de natação e exame médico, com vistas a se adequarem às futuras exigências da Marinha do Brasil, quanto à escolaridade e condição física. Infelizmente, com as três embarcações paralisadas pelo Ibama, todo este trabalho poderá ser perdido, prejudicando a ainda uma série de novos empregos e a renda de inúmeras famílias do RN. setembro de 2013 <
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O sonho do PÓLO ATUNEIRO Análise dos principais recursos de atuns e afins no Oceano Atlântico - 2010 Espécie MSY – Limite Máximo Capturas Totais (Tons) Capturas do Brasil (Tons) % do Brasil / MSY Sustentável (Tons) Albacora Branca
56.964
38.549
271
0,5%
Albacora Bandolim
92.000
75.833
1.151
1,2%
Albacora Laje 144.600 TOTAIS 293.564
107.546 221.928
3.617 5.039
2,5% 1,7%
Espadarte 28.730 TOTAIS 322.294
24.720 246.648
2.926 7.965
10,2% 2,4%
Fonte: ICCAT
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Especial Pesca
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“Quanto à vocação do Rio Grande do Norte para a atividade pesqueira não tenho dúvida; quanto ao ímpeto do empresariado na luta pelo desenvolvimento, também não; quanto ao interesse de certos segmentos governamentais, geralmente sediadas no Planalto Central do País e com capilaridade nacional, sinto-me bastante cético. Isto por ter vivenciado e acompanhado ao longo de quase duas décadas as lutas de empreendedores norte-rio-grandenses pela modernização de métodos que tornassem mais eficientes as pescarias, por nova dinâmica à produção pesqueira oceânica do Estado”. O desabafo é do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN, do Departamento de Economia, Antonio-Alberto Cortez, ex-secretário de Pesca do Estado e especialista do segmento. Ele lembra com saudosismo do início do conglomerado pesqueiro, no bairro da Ribeira. Relembra ainda o lançamento, em 2001, do “Complexo Industrial Pesqueiro/Pólo Atuneiro do Rio Grande do Norte”. E destaca a importância de empresas como Norte Pesca, Mucuripe, Produmar, Pesqueira Nacional, Raymi, Pescmar, SPFish, Europesca, Blueocean, Transmar, Atlântico Tuna Natal Pesca, entre outras. “Todas colocaram o Estado como importante centro de pesca oceânica. Atuns e espadartes passaram a ser uma
marca do RN em vários países”, pontuou. O especialista da UFRN explica que a chegada de novas tecnologias ampliou as áreas de ocupação do Brasil no Oceano Atlântico, oportunizando ao Rio Grande do Norte pescar ao Sul do país. Na avaliação dele, este é o motivo maior das ações contra a empresa Atlântico Tuna. “A “joint-venture” associa interesses de brasileiros e japoneses e permite a pesca moderna. Com novas esperanças e propostas de recuperação, o modelo da Atlântico Tuna tornou-se uma das pilastras do Pólo Atuneiro contribuindo para a redinamizar o setor pesqueiro industrial quanto às exportações, adicionando à frota norte-rio-grandense embarcações detentoras das mais avançadas tecnologias de captura de atuns em bases sustentáveis”, destaca. O professor entende que o Estado passou a reunir possibilidades de promover a verticalização do segmento com a proposta de uma planta para processamento do pescado. “Importante ressaltar que as espécies alvo das capturas da empresa autuada pelo Ibama são Albacoras branca, laje e bandolim, cujos estoques estão devidamente equilibrados, isto é, sem indicativos de que correm risco de extinção. O Ibama comete equívocos aparentemente voluntários, proporciona desgastes, ignora acordos internacionais”, critica o economista.
Análise dos principais recursos de atuns e afins no Oceano Atlântico - 2011 Espécie Exportações Brasil
Exportações Atlântico Tuna
% Expo ATuna / Expo Brasil
Albacora Branca US$ 4.904.879,00 US$ 4.271.603,00
87,09%
Albacora Bandolim US$ 3.420.677,00 US$ 2.947.808,00
86,2%
Albacora Laje US$ 2.244.561,00 US$ 1.924.010,00 TOTAIS US$10.570.117,00 US$ 9.143.421,00
85,7% 86,5%
Espadarte US$ 6.716.671,00 US$647.494,00 TOTAIS US$ 17.286.788,00 US$ 9.790.915,00
9,6% 56,6%
Fonte: AliceWeb/Mdic
* Inclui todas as posições de NCMs referentes às espécies
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“Trabalhamos com respeito às leis” No final deste mês de setembro, completarão dois meses que a Atlântico Tuna luta para não sobreviver. Administrativamente no Ibama e junto a Justiça brasileira, a empresa espera a liberação das embarcações e seus quase 100 tripulantes para poder voltar a pescar e tentar sanar o prejuízo a que foram submetidos. Por traz desta luta, está o empreendedor, pioneiro e entusiasta da pesca em alto mar, Gabriel Calzavara. Mesmo cansado, aparentemente decepcionado por entender que respeita rigidamente todas as leis deste país e mesmo assim estar sendo punido, Calzavara conversou com a reportagem da Revista Negócios.net. Confira a entrevista:
Desabafo de Gabriel, empresário que luta a duras penas para desenvolver a pesca industrial no Brasil
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Entrevista ARRENDAMENTO É INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO TRANSITÓRIO. VAMOS AMPLIAR OS BRASILEIROS Negocios.net - O que levou a sua empresa a aderir ao edital para arrendamento de barcos estrangeiros? O que isso representa para a pesca do país? Precisávamos sair de uma situação de estagnação que vive a atividade pesqueira. Temos persistência em identificar formas e tecnologias que permitam que a nossa frota nacional saia desta situação de sucateamento e crise. O arrendamento faz se necessário porque eles detém a melhor tecnologia. Identificam, pescam e armazenam a -60C. Nossa proposta é transferir tecnologia. Pescar e absorver este aprendizado, que está sendo repassado aos brasileiros. Negocios.net - Há críticas ao arrendamento, principalmente pelo fato dos barcos serem operados por tripulação estrangeira... A leitura que se faz deste projeto não pode ser aquela de tripulantes japoneses e tripulantes brasileiros. A leitura correta é a de buscar condições para que nós possamos realmente manter e ampliar nosso nível de emprego. Temos um programa com o SENAI para capacitar a mão de obra da tripulação brasileira. Isso é desenvolver. Agregar valor aos nossos profissionais. Absorver conhecimento e tecnologia. Há dez anos, para quem não se lembra, arrendamos barcos espanhóis e tínhamos apenas dois tripulantes brasileiros. Hoje toda a tripulação destes barcos é brasileira inclusive o comando. 32 >
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Negocios.net - Quanto ao sistema de arrendamento de barcos, como explicar tanta resistência no Brasil? Nós tivemos preocupação com este arrendamento quando fizemos. E adotamos uma atitude diferente quando observamos críticas e resistência. A empresa participou, após sete editais lançados desde o ano de 2003. Apresentamos o projeto e a empresa foi selecionada. Convidamos todas as instituições e representantes dos trabalhadores. Construímos tudo na maior transparência. Este é um instrumento de desenvolvimento transitório. E está dentro da mais clara legalidade. A maior crítica é em relação ao percentual de brasileiros. Queremos ampliar número de brasileiros na tripulação. Mas hoje é impossível rentabilizar a operação com tripulação 100% nossa. Isso está claro. Por isso fomos ao Ministério do Trabalho com sugestão e período transitório para utilizar esta mão de obra. E foi aceito. Negocios.net - O que então pode estar por traz de tanta resistência? O que tem por traz não sei. Mas o que está em jogo não é simplesmente a questão do arrendamento. É a sobrevivência de uma atividade que se dá em cima de um recurso que não é nosso. Trabalhamos com estoque internacional. O que dá identidade ao atum e aos grandes migradores é a presença do país que o captura. Temos uma série de situações que agravam a situação deste recurso. 500 mil toneladas são objeto de captura de cotas. Estes barcos japoneses nos indicaram que esta é a tecnologia. O atum está aqui. E olhe que não estamos cumprindo nem nossas cotas. O mais fácil é não fazer nada. Nós estamos persistindo de maneira transparente. Negocios.net - Sua empresa é acusada de usar métodos de pesca nocivos. E tentar enganar a fiscalização. O que dizer sobre isso? Antes do nosso barco entrar no porto (o primeiro apreendido, em Rio Grande), conclamamos as entidades. Não driblamos. Ao contrário. Enviamos documentos para o Ibama e Ministerio da Agricultura, dizendo: Estamos
entrando e vamos desembarcar tantas toneladas. Entregamos mapas de bordo em todas as atividades. E estes mapas de bordo provam que é insignificante o número de aves prejudicadas. Ainda assim continuamos abertos ao diálogo. Reforço que esta é uma iniciativa legítima de empresas que querem fazer com que o Brasil continue pescando e ocupe espaço que é seu. Vejam: Os números que pescamos são ridículos em relação ao que podemos pescar. Negocios.net - E porque então estão sendo acusados de crime ambiental? As entidades de proteção às aves marinhas pediram ao governo brasileiro que apresentasse nova proposta de conservação e proteção das espécies. O governo dava a opção de utilizar dois métodos de pesca e a ICCAT, Comissão que implementa Convenção Internacional para Conservação do Atum do Atlântico, aceitou por unanimidade, fazendo a recomendação ao Brasil. Dos três métodos autorizados pelo ICCAT, optamos pela largada noturna e pela utilização do toriline. Entendemos que estes são os métodos mais adequados de proteção e aceitos no mundo inteiro. Há um decreto do Governo Brasileiro que regulamenta isso que estou falando. Negocios.net - O Ibama alega que deveriam utilizar um peso (chumbo) na linha de pesca para que esta afunde mais rápido... Vamos imaginar linha com chumbo pesado e peixe de 80, podendo chegar a até 200 quilos tencionando a corda. Se o peixe solta o chumbo vira uma bala. Imagine o risco pro pescador. Imagine três mil anzóis por dia. É uma exposição da tripulação ao risco. Temos histórico de acidentes. Isso não se usa mais. Os barcos japoneses e seus equipamentos já são pesados, o que dispensa o uso do chumbo. Apesar de estarmos sofrendo, quero que nosso caso sirva de exemplo, para que ninguém sofra o que estamos sofrendo.
a PRODUÇÃO BRASILEIRA HOJE DE ATUM É IRRISÓRIA EM RELAÇÃO AO QUE PODEMOS AVANÇAR Negocios.net - Porque não pescar com barcos brasileiros? Porque não somos detentores desta tecnologia. Os barcos japoneses estão aqui para nos mostrar um caminho. E o caminho é: Espinhel de profundidade e congelamento a menos de 60C. Precisamos ocupar os espaços no oceano senão vamos perder e outros países cumprirão este papel. Veja a quantidade de produção dos países africanos. Nos últimos quatro anos, observamos crescimento assustador da África. O Brasil não terá mais, dentro da ICCAT, legitimidade de pedir cotas contra Espanha, China e Taiwan. Temos que ocupar o Atlântico Sul juntos. Com barcos, tecnologia e gestão pública de apoio. Negocios.net - Com a tripulação e os três barcos paralisados, de quanto já é o prejuízo da Atlântico Tuna? São 600 toneladas de atum. Veja que no ano passado inteiro pescamos 2 mil toneladas. Temos custos imensos com portos, com energia, matéria prima, alimentação e com os profissionais parados. Entra combustível, advogados, logística, entre outras despesas. Montamos operações em três estados para resolver a questão dos três barcos. Só de mercadoria falamos em 10 milhões de reais. Este prejuízo ultrapassa os 30 milhões de reais. E não estou falando de valores intangíveis como a imagem da empresa.
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Entrevista o nORDESTE cOMEÇA A CONSTITUIR UMA INDÚSTRIA FORTE COM TECNOLOGIA DE PONTA E BASE OPERACIONAL Negocios.net - Há espaço para crescer no Brasil atuando neste mercado da captura do atum em alto mar? Com certeza. Estamos trabalhando há três anos fortalecendo a oferta atum para o mercado brasileiro que cresce. Qualquer restaurante ilha de sushi, sashimi, tem hábito de consumo de pescado crescente. Isso está se consolidando. Acreditamos no mercado consumidor brasileiro. O Nordeste começa a constituir uma indústria forte com tecnologia de ponta e base operacional consolidada. É um indicativo de que a tecnologia é viável. Num futuro próximo. Todos vão entender que abrimos caminho para a pesca de alto mar. Negocios.net - Qual percentual de participação no Brasil na pesca de atum no mundo? E como podemos crescer? A Produção do Brasil hoje representa 5% do que é capturado de atum. A produção é irrisória com relação que se pode avançar. Podemos chegar a 10 mil toneladas sem agredir estoques. O Brasil não tem nem cota porque a captura é pequena. Países africanos estão crescendo e precisamos crescer. O atlântico sul precisa ser ocupado por países ribeirinhos. O Rio Grande do Norte vem se candidatando a sediar um projeto macropesqueiro. Já foi pioneiro quando agregou a tecnologia dos barcos espanhóis. Hoje sabemos que o Japão tem a tecnologia, localiza o peixe, pesca por 30 dias com lua ou sem, e armazena em condições ideais para validade dois anos.
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> Mercado & Imóveis
CHIARA TEIXEIRA (mercadoimoveisrn@gmail.com)
TORINO
A CIMA Engenharia, empresa com forte atuação no Paraná e em Minas Gerais e que chegou a Natal para tocar as obras de reforma do aeroporto Augusto Severo, está concluindo a obra do Residencial Torino; empreendimento localizado em Lagoa Nova, próximo ao Hospital da Unimed. O residencial tem apartamentos com 95m² sendo 3 dormitórios mais dependência e oferece duas vagas de garagem. As vendas das últimas unidades estão com a Companhia do Imóvel. Mais: www.torinoln.com.br
OESTE
Com operações em João Pessoa, Campina Grande e em Mossoró, a Massai Construções segue com a linha Spazio e lançou recentemente na terra de Santa Luzia, o Spazio di Genebra; residencial de alto padrão com unidades de 89 a 91m², sendo 3 unidades por andar. Preço médio do M² chega a R$ 3,300,00. Tabela de Setembro/13.
MOSTRA BRASIL
Moura Dubeux , BSPar e Constel foram as empresas com produtos expostos na Multifeira Brasil Mostra Brasil. Segundo Caio Fernandes, responsável pelo estande, tanto a procura por imóvel na planta como as vendas , supereram as expectativas.
NOCAUTE
A PDG também entrou na onda dos feirões próprios e lançou a campanha “Nocaute PDG – quero ver quem bate”, que trouxe o Minotauro como garoto propaganda. Durante a primeira semana de Setembro a construtora realizou feirão exclusivo da marca com ofertas de mais de 1.600 unidades em 50 empreendimentos, todos com facilidades e descontos que chegam até R$150 mil. Isso em São Paulo. Em Natal a empresa tem o Vila Park, mas , ao que consta, essa ação não chegou por aqui . Ainda.
Chapéu NOVA APOSTA
Depois do sucesso do Lake Side, a Ecocil segue apostando em condomínios horizontais. No início do mês o Ecocil Ecoville foi apresentado aos corretores em evento realizado no Vila Hall. Trata-se de um condomínio em Parnamirim, localizado próximo ao Green Club, com 469 lotes a partir de 200m². Segundo o projeto, todas as ruas serão entregues pavimentadas, dotada de campo de futebol, quadras, piscinas, salões para festas, ginástica e crianças. Já no primeiro dia a empresa comemorou a boa aceitação do empreendimento e contabilizou a venda de 200 unidades.
PELO MUNDO
Seguem as promoções da Capuche. Na compra de uma unidade da linha Sun Rise, o cliente ganha duas passagens para Buenos Aires ou para Santiago. Quem optar por uma unidade do Residencial Mirante dos Ventos o bônus é um vale viagem no valor de R$ 10.000,00. Promoção por tempo limitado.
INCC
MRV A empresa volta a anunciar vantagens para aquisição do primeiro imóvel, mas antes a MRV precisa resolver os muitos problemas criados desde o início das operações aqui no RN. Por último a juíza Thereza Cristina Costa Rocha Gomes, da 14ª Vara Cível de Natal, determinou à MRV Engenharia e Participações S/A que, até o dia 5 de cada mês, a começar por outubro deste ano, deposite em juízo o equivalente a 1% do preço do imóvel (R$ 91.562,00), a título de ressarcimento por aluguel, em prol de dois clientes, sob pena de multa por dia de atraso ou descumprimento de R$ 5 mil, até o limite máximo de R$ 50 mil.
NOVOS SÓCIOS
Beto Horst, Fernando Albuquerque e Ricardo Setto – ex-proprietários da Agra e ex- executivos da PDG Realty – assumiram 50% da rede de franquias imobiliárias REMAX Brasil por R$ 25 milhões. No RN a REMAX já soma 27 operações.
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E SPE C IA L
MOTORES
Mahindra estaciona em Natal
Ter um carro forte e confortável não é sinônimo dirigir um veículo pesado. Essa confirmação se traduz com a chegada da marca indiana Mahindra em Natal. A concessionária já está funcionando na Av. Prudente de Morais, Lagoa Nova, em frente à lanchonete Pittsburg. A empresa, que hoje atinge por volta de US$ 4,5 bilhões em vendas no mundo, está presente em setores diversos, além do automotivo, como o da tecnologia da informação, infraestrutura, comércio e equipamentos agrícolas. O Grupo Mahindra é empresa de relação estreita com o progresso industrial de seu país. A origem da Mahindra se deu com a visita que K. C. Mahindra fez aos Estados Unidos como presidente de missão da Índia. Ele conheceu Barney Roos, inventor do jipe. Como resultado desse primeiro encontro nasceu o questionamento de saber se este veículo criado para todos os tipos de terreno poderia ser útil na Índia e às estradas rurais 36 >
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Hélder (no centro com a esposa) recebe dirigentes nacionais da Mahindra
de Kutch. A resposta? Em 2 de outubro de 1945 K. C. Mahindra e seu irmão, J. C. Mahindra e Ghulam Mohammad, receberam a licença para levar o jipe para a Índia com a empresa Mahindra e Mohammad. Hoje, a marca Mahindra possui uma
frota de carros robustos, resistentes e que não abre mão do conforto e do refinado design que tanto tem valor na cultura ocidental. A concessionária Mahindra foi inaugurada este mês de setembro em Natal, pelo empresário Hélder.
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Tecnologia > Turismo & Viagens
airton bulhões (airton.bulhoes@gmail.com)
BRA pretende recomeçar hotel
Temporada dos cruzeiros em Natal Depois de dois anos sem receber navios turísticos de passageiros, a BCR (Brazilian Cruises Representation), pioneira neste serviço, está anunciando o retorno das viagens ao Nordeste, escolhendo Natal como principal escala e agora como ponto de embarque e desembarque de passageiros e tripulantes e de abastecimento (combustível, água, alimentos, bebidas e produtos em geral). A empresa confirmou o fretamento do navio “Louis Aura” para realizar os cruzeiros marítimos. Os cruzeiros com saída de Natal iniciarão no dia 05 de dezembro deste ano e seguirão até março de 2014 com a rota partindo de Natal; Fernando de Noronha; Cabedelo, na Paraíba; Recife e volta a Natal, no período de 5 dias. Para o secretário de turismo de Natal, Fernando Bezerril, o início desses cruzeiros regulares será muito importante para o turismo da cidade. “Pela primeira vez, nós teremos cruzeiros regulares com saída e chegada a Natal e esse fluxo será muito importante para o desenvolvimento do turismo e economia da região. Além disso, os turistas irão conhecer as belezas da cidade de outro ângulo, como por exemplo, a queima de fogos na Ponte Newton Navarro, na virada do ano”, explica Bezerril.
O presidente da rede de hotéis INFINITY, Walter Folegatti disse que se submete a todas as regras do Plano de Diretor para concluir o seu hotel na Via Costeira - o chamado hotel da BRA. O empresário confirmou essa decisão durante reunião o secretário de Turismo de Natal, Fernando Bezerril e o consultor de Turismo, Carlos Sodré, realizada em São Paulo, durante a realização da 4’º ABAV e Feira das Américas. Folegatti afirmou que aceita as modificações necessárias, exigidas pelo Plano Diretor da cidade, no projeto do hotel da Via Costeira e irá demolir o ultimo andar do imóvel e as obras do lado direito, viabilizando uma praça que será aberta para a população, constituindo-se no único espaço público da Via Costeira que permitirá aos moradores e visitantes da cidade a contemplação do morro do careca, do Parque das Dunas, além de mirante com estacionamento. Walter Folegatti demonstrou também o interesse em adquirir o Hotel dos Reis Magos e reformá-lo mantendo as mesmas linhas arquitetônicas com que foi construído, devolvendo a Natal um dos primeiros ícones do turismo da cidade.
formação profissional
O presidente da FecomércioRN, Marcelo Queiroz, confirma que através do Senac na parte de qualificação profissional, foram formadas 372 pessoas entre fevereiro e junho de 2012, com cursos gratuitos na área de Turismo e Hospitalidade. Foram 28 turmas em cursos como de “Manipulação Segura de Alimentos”, “Decoração de Bolos”, “Culinária Light e Diet”, entre outros. Através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), até o final do ano o Senac qualificará 230 pessoas, nos cursos que iniciaram em maio, nas modalidades de Almoxarife, Frentista, Operador de Caixa, Manicure e Pedicure, entre outras.
CTI Nordeste lança revista A CTI Nordeste lançou a revista Curta Nordeste. A publicação é um dos produtos de um projeto macro de divulgação das nove capitais nordestinas de forma unificada no Brasil e exterior. O evento foi realizado durante a 41ª Feira da ABAV - maior feira nacional do turismo, promovida pelos agentes de viagem, no Parque do Anhembi, em São Paulo. “Esta revista é uma publicação bilíngue, dentro de um projeto macro composto por Fanpage, site, aplicativo, guia, prêmios para agentes e operadores de turismo e concurso jornalístico. O objetivo é divulgar, integrar, potencializar e incentivar ações que visem consolidar o Nordeste e seus Estados como destinos turísticos internacionais. E é bom frisar que cada Estado terá o seu ‘CURTA’, dando ênfase às suas potencialidades”, ressaltou Renato Fernandes, também vice-presidente da CTI Nordeste – Conselho que reúne os nove secretários de Turismo do NE. 38 >
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Sorte grande
Liquida Natal Consumidor ainda tem até dia 27 para depositar cupons A Liquida Natal 2013 chegou ao fim. A diretoria da Câmara de Dirigentes Lojista de Natal, (CDL Natal) comemora o sucesso da promoção. Os consumidores foram as compras, e aproveitaram, os descontos . Nos 11 dias da promoção, mais de 4 milhões de cupons foram distribuídos, agora é esperar o dia do sorteio para conhecer os grandes ganhadores da 12ª edição da Liquida Natal. As urnas para depositar os cupons já foram retiradas dos shoppings e centros comerciais. Mas os consumidores ainda têm até o dia 27 para depositar seus cupons nas urnas localizada na sede da CDL Natal, na rua Ceará- Mirim, 322, Tirol. O sorteio dos prêmios ocorrerá no dia 28 de setembro, às 18hs, no Anfiteatro do Campus Universitário da UFRN, e será aberto ao público. O presidente da CDL Natal, Amauri da Fonseca Filho, destaca a importância do preenchimento correto do cupom, para o consumidor não correr o risco de perder o prêmio sorteado. “Os consumidores precisam preencher todos os campos do cupom da promoção, não esquecer de colocar nenhuma informação. Todos os anos acontece de na hora do sorteio, cons-
tatarmos que falta o número do CPF, ou da loja onde comprou, ou até mesmo o número do cupom fiscal, infelizmente invalidamos o cupom, e sorteamos outro. Então para que isso não aconteça novamente, nós da CDL Natal estamos orientando os consumidores a ter mais atenção” enfatizou o presidente.
O sorteio dos prêmios do Liquida Natal 2013 será realizado no dia 28 de setembro, às 18 horas, no Anfiteatro do do Campus Universitário da UFRN. O evento será aberto ao público
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Artigo Chapéu
Amaro Sales de Araújo| Industrial e presidente da Fiern
Sustentabilidade e perspectivas O círculo virtuoso da economia é, mais ou menos, a soma do investimento privado - que cria oportunidades de trabalho e renda – com um ambiente de negócios favorável à produção que, por sua vez, exige uma gestão pública que estimule o empreendedorismo, a segurança jurídica dos contratos e das relações comerciais. Neste último aspecto, atualmente, o ambiente pode ser melhor ou pior de acordo com o posicionamento e atuação dos órgãos de licenciamento ambiental. Se o órgão for apenas um departamento de “negativas”, o ambiente será o pior possível. Se o órgão ambiental for célere na análise e sensato na inserção de “cláusulas condicionantes”, o círculo virtuoso da economia se revigora! No Rio Grande do Norte, apesar das significativas melhoras no IDEMA, o próprio órgão ambiental reconhece que existem 6 mil processos em análise que, aprovados, viabilizariam R$40 bilhões em investimentos, dentre iniciativas públicas e privadas. Não seria esta, de pronto, a maior agenda positiva para o Rio Grande do Norte? Aliás, não deveria ser esta a bandeira comum das autoridades e lideranças potiguares, ou seja, viabilizar – em curto prazo - R$40 bilhões em investimentos já planejados? 40 bilhões, em qualquer moeda, em qualquer lugar do mundo, significa um grande investimento! E não adianta, com o devido respeito, esperarmos apenas dos Poderes Executivo e Legislativo. O ambiente favorável à produção precisa contar com o engajamento do Ministério Público e da costumeira serenidade do Poder Judiciário. O esforço de todas as instituições em torno da viabilidade dos investimentos – públicos e privados – no Rio Grande do Norte pode ser um diferencial a favor do desenvolvimento potiguar, aliás, fator identificado, nos últimos anos, no crescimento de Estados como Pernambuco e Ceará.
Também neste esforço conjunto desejamos que algumas Prefeituras aceitem o desafio de constituírem seus órgãos municipais de licenciamento e, em consequência, ajudem a diminuir o acervo atual de 6.000 processos pendentes no IDEMA que anunciou, para os próximos dias, a adoção de um modelo simplificado de solicitação de licença para micro e pequenas empresas, inclusive, utilizando-se pelo meio eletrônico. Esperamos e vamos acompanhar que logo se efetive a implantação deste novo sistema. O mesmo e necessário esforço deve ser feito em relação ao IBAMA que, recentemente, tem feito algumas reuniões com os industriais do Rio Grande do Norte que sinalizaram melhorias no relacionamento com os empreendedores locais. A postura do IBAMA nos anima a acreditar em tempos melhores de boa convivência com aquela instituição. Evidentemente o desejo de celeridade não deve ser confundido com irresponsabilidade. Esta não é a tese do segmento produtivo. Bem ao contrário. A celeridade na análise deve ser criteriosa. Não deve ser preconceituosa, estigmatizada contra o empreendedor. O desenvolvimento que defendemos é sustentável, isto é, respeita o meio ambiente e contribui com a justiça social. Penso que podemos até simplificar todo o debate em um conceito prático: o empreendedor deseja ser tratado pelos órgãos licenciadores como cliente. Sim, como cliente! Pagamos os impostos e taxas que, enfim, sustentam as atividades estatais. Sem impostos e taxas, o aparelho estatal também não se viabilizará. Um cliente deseja, em síntese, um atendimento célere, com qualidade e resolutividade. Ademais, não adianta discutirmos o presente olhando apenas para as razões do passado. Precisamos enfrentar os problemas vislumbrando o interesse coletivo que, no caso presente, é cristalino: desobstruir o desenvolvimento do Rio Grande do Norte em, pelo menos, R$40 bilhões, possibilitando o surgimento de novas oportunidades de trabalho, renda e esperança!
Desenvolvimento
que defendemos é sustentável,
respeita o meio ambiente e
contribui com a justiça social
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>>SETEMBRo setembrode de2013 2013