Os alunos do curso EFA-Secundário Noturno/ Ação Educativa,
da
Escola
Secundária
de
Estarreja,
abraçaram o desafio de organizar a 2.ª edição da exposição VISTAS ANTIGAS, OLHARES MODERNOS, com o intuito de demonstrarem como as construções e lides antigas vão subsistindo ao progresso ditado pela urbanização. Estes são olhares atentos sobre os contrastes que enunciam
a
resistência
dos
traços
rurais
nas
geografias urbanas e periurbanas do nosso quotidiano.
A edição da exposição apresenta-se exclusivamente em formato digital, em virtude da suspensão das atividades letivas em março de 2020.
Trabalho desenvolvido pelos formandos do Curso EFA DC Técnico de Ação Educativa – Escola Secundária de Estarreja, no âmbito da área de competência de CLC (UFCD 6 - Culturas de Urbanismo e Mobilidade), Ambientes rurais e ambientes urbanos - traços arquitetónicos de integração/rutura paisagística - Ano letivo 2019-2020 -
À espera de melhores dias A fotografia acima representada foi tirado no Caramulo. É um dos sanatórios do Caramulo, alguns tiveram destinos bem diferentes deste. Tirei esta foto como prova de que as pessoas deixaram o rural para poderem ter uma vida melhor na cidade, daí este edifício ter ficado esquecido com o tempo.
Arquitetura moderna no meio do nada Esta imagem foi tirada na serra do Caramulo. Representa como o rural se vai transformando e podemos observar o contraste do verde da paisagem com a arte moderna. As próprias eólicas e as casas já de arquitetura moderna dão um ar mais modernizado à serra.
Ninhos elétricos
Esta imagem foi capturada na Murtosa. Nela temos um poste de alta tensão e podemos apreciar uma cegonha no alto a observar o seu ninho, onde por engano foi parar ao local errado. O que podemos concluir desta imagem? Será uma batalha entre a força da corrente e um simples desafiante animal!
Antigo infiltrado no moderno
Esta foto foi tirada em Estarreja. Retrata bem o antigo (o espigueiro) a servir de decoração na era moderna (as casas). Os nossos antepassados ainda não estão esquecidos e que ainda se mantêm as tradições na memória.
Pesos pesados na rotunda
Na rotunda da zona industrial, em Estarreja, vemos algumas grandes máquinas que, em tempos, fizeram parte das fábricas químicas daqui. São um pesado testemunho do avanço tecnológico, que as tornou obsoletas, autênticas peças de museu a céu aberto. Fábricas que deram emprego e salário a muitos homens desta terra e a muitos que, de longe, para cá vieram e se fixaram com as suas famílias, ajudando assim ao desenvolvimento deste concelho. Cumpriram durante o tempo devido a função que lhes era destinada e, agora, já fora de uso, preenchem devidamente o grande espaço de circulação onde foram colocadas. Assim, lembram a todos os que por ali passam como é importante a produção industrial desta região. Uma verdadeira Rotunda da maquinaria pesada.
Depois da faina, um passeio à cidade
Outrora mergulhados na água da nossa ria, agora presos na relva, por entre o asfalto e o comércio da cidade de Estarreja. Estão ali os moliceiros, gozando o merecido descanso, entre a pastelaria e o banco, o restaurante, a ótica e outras lojas, embelezando e dando cor a este ponto de passagem para tantos, e para diversos destinos.
Charrua, cântaros e cordeirinhos A charrua lavrava os campos, os cordeiros pastavam e os cântaros de barro mantinham a frescura da água, que refrescava as gargantas de quem ao sol intenso trabalhava. Agora, repousa tudo no jardim da mesma casa que, no seu interior, tem o espigueiro e muitas coisas mais, na Rua do Cabeço em Canelas. A charrua já não espera as mãos e a força de quem a empurre para trabalhar. Agora, já só adorna e faz parar as pessoas que passam, para apreciar. Mas este arado parece que continua à espera de poder cumprir a missão para que foi feito.
O contentor ali tão perto
Com o contentor do lixo ali tão perto, era bom que fosse possível enfiá-la para dentro... Degradada, como se vê, está esta casa na rua da Mata, em Canelas. É exemplo claro da desruralização. As pessoas mais idosas vão desaparecendo e, por vezes, porque os descendentes herdeiros não se entendem quanto à divisão e partilha dos bens, as velhas habitações chegam a este ponto. Noutros casos, é porque os herdeiros por razões de trabalho vão para longe, ou por dificuldades económicas não conseguem recuperá-las ou pô-las à venda, enquanto ainda possam interessar a alguém. Na rua que atravessa Fermelã em direção ao Sobreiro, são muitas as casas que ali estão para venda, identificadas com as placas das empresas imobiliárias.
Areia lavrada
Um trator que é usado na maior parte das vezes nos campos, também é usado na praia para puxar as redes de pesca. Esta foto foi tirada na praia da Torreira, que fica na vila da Murtosa.
Jardim lavrado à mão
Escolhi este objeto por ser muito antigo - já foi rural e agora é urbano. Esta charrua já lavrou muitos hectares de terreno nos campos, noutras épocas, e agora está a adornar um jardim. Foi dos meus sogros terem lavrado muitos terrenos. A foto foi tirada no jardim da minha casa, situada na vila de Salreu.
Engenho náutico
O engenho de tirar água com os bois era muito usado antigamente para se fazer regas de campos, e agora passou a adornar os jardins. A casa parece ter sido construída onde havia campos e o poço e o engenho ficaram a adornar a vivenda. Perderam a grandeza dos campos e ficaram aprisionados no jardim. Esta foto foi tirada na vila de Salreu.
T0 com jardim Todos os que param neste sinal de stop veem o belo T0 com um jardim, um belo ninho de cegonha. Esta foto foi tirada na Nacional 109, em Salreu.
Anda, Mimosa!
Esta é a imagem de uma canga, usada para colocar nas vacas, para puxar o carro. Esta e as outras fotografias foram tiradas por mim e na minha casa. São objetos que tenho em casa, que eram, antigamente, bastante utilizados na agricultura. Tenho-os todos em exposição, na minha garagem, pois gosto de reviver os tempos antigos dos meus avós, e, por outro lado, dar valor àquilo que tenho hoje.
Semear para colher
Esta foto mostra um semeador, usado manualmente na agricultura, para semear diversos cereais.
O passado recente
Dos cestos de palha, que davam para transportar quase tudo, incluindo o farnel para levar para as terras, aos ferros a favor, para passar a roupa a ferro, e à panela de três pernas, para fazer a comida ao lume, bem mais saborosa que nos dias de hoje... Todos estes objetos perderam a sua utilidade específica, abandonaram o campo e a vida rural, passaram a ser objetos de decoração e de memórias familiares. Hoje em dia, nada disto se utiliza. Apenas se veem alguns exemplares como estes em museus, em exposições e em casas particulares daqueles que gostam de manter as peças antigas.
Lagar cheio
O lagar que tenho em minha casa, utilizado pelos meus avós, ambos falecidos, fez muito vinho. Aquando das obras que fiz, dei-lhe um ar moderno, mas nunca me quis desfazer dele, porque me faz lembrar o meu avô e o quanto fui feliz ao lado dele, pois a minha avó faleceu quando eu tinha um ano de idade. Agora, além de arrumação, serve também de garrafeira. Tenho um especial gosto pelas coisas antigas que me trazem boas recordações. Se antigamente, este aparelho era muito utilizado, hoje em dia, já se vê muito pouco, até porque agora é tudo elétrico/industrializado.